A LBI capitula ao chavismo nas eleições venezuelanas

O último prego no caixão
A LBI capitula ao chavismo nas eleições venezuelanas

Rodolfo Kaleb
8 de abril de 2013

Aqueles que acompanham as publicações da Liga Bolchevique Internacionalista (LBI) podem ter sido surpreendidos pelo recente anúncio de que ela está dando apoio eleitoral para Nicolas Maduro. Maduro é o sucessor de Hugo Chávez e candidato a presidente pelo partido nacionalista-burguês PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) nas próximas eleições:

No dia 14 de abril, data das eleições presidenciais venezuelanas, a vanguarda do proletariado deve adotar uma política de ‘estimular’ as tendências de radicalização do setor popular e camponês do nacionalismo burguês, estabelecendo uma unidade tática eleitoral com o chavismo contra a candidatura de Capriles [da oposição de direita burguesa] e sua ‘oposição unificada’ dos ‘esquálidos’, arquitetada e dirigida desde a Casa Branca, unidade tática que deverá ser materializada no apoio crítico à candidatura de Maduro, sem capitular politicamente ao ‘chavismo’ e seu programa.”

Editorial do Jornal Luta Operária # 253, 19 de março de 2013. Disponível em:

Em outros trechos do artigo a LBI fala de uma “frente única eleitoral” com os chavistas. Trata-se de uma tentativa de enganar os incautos. Frente única é o nome que os revolucionários dão à unidade de ação entre duas ou mais forças políticas para lutar por um objetivo pontual comum que seja vantajoso para a classe trabalhadora, tal qual uma campanha de greve, um protesto de massas por uma questão específica, ou uma luta contra determinada medida reacionária do Estado burguês, por exemplo. É claro que mesmo em frente única os revolucionários não deixam de se diferenciar das organizações oportunistas de todo tipo e das outras forças políticas envolvidas.

Mas qual seria o nobre propósito da “frente única eleitoral” da LBI com o chavismo? A eleição do sucessor de Chávez daria garantia de alguma conquista significativa para a classe trabalhadora? Enfraqueceria decisivamente os reacionários de direita que os chavistas toleram? Golpearia seriamente a exploração estrangeira que os chavistas (apesar de seus conflitos ocasionais com os imperialistas) permitem que aconteça? Não.

Mais importante: a “tática eleitoral” da direção da LBI não traria a classe trabalhadora para mais perto da independência política de classe, que é o pré-requisito básico para uma luta pelo poder, mas muito pelo contrário. A experiência do proletariado chileno com Allende indica que esse tipo de “tática” não é muito útil para defender o proletariado contra as investidas de uma direita golpista.

O único resultado certo de tal “frente única eleitoral” (caso a LBI tivesse peso real para influenciar um setor da população venezuelana) seria fortalecer o aparato chavista à frente do Estado burguês e a classe que ele protege. A direção da LBI diz que vota em Nicolas Maduro “sem capitular politicamente ao chavismo e seu programa”. Mas ao votar no candidato do chavismo, está dizendo para a classe trabalhadora que ela faz bem em depositar seu voto em uma plataforma burguesa que mantém o país dependente do imperialismo e ameaçado por um golpe da direita. E certamente uma plataforma que garante a manutenção da sua exploração. A LBI continua:

“Os marxistas devem se apoiar na tendência de giro à esquerda do movimento operário, utilizando os próprios instrumentos concretos construídos pela luta de classes, ainda que não sejam absolutamente ‘puros’, do ponto de vista de uma estratégia classista. A nova conjuntura iniciada com a brutal ofensiva imperialista de ‘ajuste’ contra suas semicolônias e o covarde assassinato do maior símbolo contemporâneo da resistência nacionalista a esta ofensiva imperial, obriga os marxistas a estabelecer cada vez mais a tática da frente única, que neste caso venezuelano aplica-se no terreno eleitoral.”

Idem.

A LBI insinua que votar no candidato chavista serviria para proteger a Venezuela contra um fortalecimento da direita golpista, que com a ajuda do imperialismo realizou uma investida em 2002. É claro que no caso de uma tentativa de golpe “preventivo” contrarrevolucionário da direita apoiada pelo imperialismo, os revolucionários tomariam o lado militar contrário no confronto, usando métodos de luta da classe trabalhadora, que iriam desenvolver a consciência e a auto-organização das massas. Mas isso não é o mesmo que apoiar eleitoralmente o governo que está, ele próprio, preparando o terreno para a direita. Esta última ação só cria ilusões na classe trabalhadora e secundariza a sua ação direta diante da expectativa eleitoral no chavismo. A oposição intransigente dos revolucionários à candidatura e ao governo burguês do PSUV é um elemento essencial para preparar a classe trabalhadora venezuelana contra a direita. O que desarma os trabalhadores venezuelanos não é a falta de votos dos chavistas, mas precisamente as ilusões dos proletários de que os “líderes bolivarianos” vão defendê-los, enquanto na verdade estes deixam o terreno livre para o imperialismo e a reação. Há menos de um ano atrás, a própria LBI afirmou isso.

“É necessário preparar o terreno para a construção de um genuíno partido revolucionário capaz de enfrentar a onda de reação ‘democrática’ ou mesmo a direita fascista no caso de um novo golpe ‘cívico-militar’, fazendo um combate programático completamente oposto à cantilena pregada por toda sorte de revisionistas de que está em curso uma ‘revolução’ na Venezuela, cabendo agora mais do que nunca segundo estes senhores, com a doença do ‘comandante’, cerrar fileiras em apoio eleitoral ao governo burguês centro-esquerdista de Chávez. Como marxistas revolucionários, alertamos que este é o caminho da derrota sangrenta nas mãos da direita reacionária. Longe dessa senda suicida, cabe aos trabalhadores defenderem pela via da ação direta suas conquistas e forjar um programa comunista proletário para a conquista do poder político sobre os escombros do Estado capitalista.”

Os que defenderam a frente única com Kadaffi para derrotar os ‘rebeldes’ da OTAN na Líbia devem ‘votar em Chávez contra o imperialismo’ na Venezuela?, 9 de agosto de 2012. Disponível em:

Como será que votar no candidato chavista, o que a LBI há menos de um ano considerou ser o “caminho da derrota sangrenta nas mãos da direita reacionária”, se transformou repentinamente em uma forma de evitar o crescimento da reação burguesa ou de elevar a consciência de classe dos trabalhadores venezuelanos?

Existe ainda outro giro dramático por trás dessa nova posição da LBI. Ela ganhou notoriedade por defender fórmulas absolutamente delirantes de “boicote” generalizado às eleições burguesas em momentos nos quais não havia a menor conjuntura para aplicação dessa tática (como nas eleições brasileiras do ano passado). Ela também defendeu por bastante tempo que as eleições não passam de um grande teatro, onde a burguesia encena uma possibilidade de escolha, mas na verdade manipula os resultados nos bastidores, fraudando a eleição do começo ao fim:

“A burguesia nacional é apenas a ‘operadora’ de um processo eleitoral fraudulento desde a origem (mídia, pesquisas, debates, etc.) até a contabilização do último sufrágio.”
A farsa eleitoral entre o judice da máfia dos tribunais e a fraude da urna eletrônica, agosto de 2010. Disponível em:

“Esta esquerda comprometida com as ‘reformas possíveis’ está muito longe de estabelecer a denúncia da democracia dos ricos e dos próprios mecanismos eletrônicos fraudulentos do atual processo institucional, que determina que os ‘vencedores’ sejam ‘eleitos’ por um seleto grupo de empreiteiras.”
Começa o circo eleitoral da ‘democracia’ dos ricos, julho de 2012. Disponível em:

E não apenas no Brasil:

“O milionário mórmon Mitt Romney disputa pela segunda vez a indicação republicana à Casa Branca. Desta vez ganha em ‘casa’ e perde ‘lá fora’, faz parte do script previamente acordado entre os diversos trustes e os rentistas de Wall Street.
Burguesia ianque já ‘elegeu’ Mitt Romney para ser derrotado por Obama, ex-‘banana’!, janeiro de 2012. Disponível em:

Compartilhamos a visão de que as eleições são um “jogo de cartas marcadas” apenas no sentido de que não decidem nenhuma questão central para a luta de classes, não mudam qual classe detém o poder político, e dessa forma iludem a população de que esta teria algum “poder de escolha”.

Porém, a não ser em ocasiões específicas [1], não acreditamos que as eleições sejam completas fraudes (incluindo uma total manipulação na contagem dos votos) realizadas pela burguesia, de forma que fosse decidido de antemão qual dos seus candidatos ganha e qual perde. Se fosse assim, porque tantos empresários fariam investimentos de campanha não apenas em um, mas em vários candidatos que concorrem ao mesmo cargo? Segundo a teoria da conspiração que a LBI usa como substituto para uma análise marxista da realidade, tanto desperdício de dinheiro em doações de campanha seria apenas para dar “veracidade” a toda essa fraude eleitoral. [2]

Mas parece que todo o esquema mirabolante da direção da LBI não seria verdade na Venezuela, onde as eleições cumpririam o papel de ser um “instrumento concreto construído pela luta de classes”, supostamente capaz de ajudar o proletariado contra a direita golpista. Como as eleições podem ser uma completa fraude no Brasil e nos Estados Unidos, mas na Venezuela um instrumento útil para a classe trabalhadora se defender contra a reação burguesa?

A partir de tamanha incongruência ficamos com a forte impressão de que a afirmação da LBI de que as eleições burguesas não passam de fraudes, parte da noção (ou talvez os tenha levado à conclusão, não podemos ter certeza de qual veio antes) de que, sob o capitalismo, eleições não-fraudulentas apresentam um risco muito maior às classes dominantes do que poderíamos pensar. Daí sua atual posição acerca das eleições venezuelanas, que eles arbitrariamente decidiram que não é uma fraude.

Como Lenin constantemente afirmava, as eleições burguesas em particular e a democracia burguesa em geral são ótimas formas de esconder a verdadeira natureza das relações de classe e, na maior parte dos casos, são a maneira mais eficiente de dominação da burguesia. Por detrás (ou talvez enquanto fruto) das constantes teorias da conspiração da LBI sobre todas as eleições serem fraudadas de antemão, parece residir certo grau de ilusão socialdemocrata acerca da natureza e das possibilidades de eleições não-fraudadas.

A direção da LBI também tentou “justificar” a sua capitulação ao chavismo tagarelando sobre inúmeras posições ao longo da história do movimento trotskista (desde o entrismo realizado na socialdemocracia, até a defesa de nacionalizações realizadas pelo governo Cárdenas nos anos 1930). A única coisa que tais posições tem em comum é que nenhuma delas tem a ver com a atual capitulação da LBI. Não se trata aqui de adentrar como tendência aberta em um partido operário-reformista com influência de massas para disputar suas bases para um programa revolucionário, nem de defender nacionalizações que limitam (ainda que muito parcialmente) a penetração do capital imperialista em uma nação oprimida. Nós também defendemos as nacionalizações de Chávez contra o imperialismo, mas não damos nenhum apoio eleitoral ao projeto do PSUV, que é manter uma Venezuela capitalista e dependente.

Em várias ocasiões anteriores, a LBI não poupou acusações (muitas vezes merecidas) a organizações que votaram em coalizões burguesas enquanto faziam um discurso de esquerda. É bastante irônico que ela esteja agora saindo abertamente em defesa de votar no herdeiro político do regime que mais gera ilusões na esquerda latino-americana. Também no ano passado, a LBI apontou que:

“Para os revisionistas mais esquecidos, lembremos que o governo Chávez tem sido abertamente conivente com o assassinato de sindicalistas, principalmente aqueles que fazem oposição a seu governo, como foi o caso de três dirigentes operários da central venezuelana União Nacional dos Trabalhadores (UNT) que tiveram suas vidas ceifadas em 2008, ou os companheiros da Mitsubishi em 2009. A guarda nacional chavista reprime as greves e age em apoio aos grupos armados contratados pelos patrões para atacar os trabalhadores, principalmente nas greves que paralisam a produção de empresas transnacionais como Pepsi-Cola, Mitsubishi Motors Corporation… Se o critério ‘teórico’ para definir o caráter do regime político como proimperialista for os contratos com as transnacionais do petróleo, então o governo Chávez seria por esta tese um dos mais fiéis aliados de Obama no continente!”

Os que defenderam a frente única com Kadaffi para derrotar os ‘rebeldes’ da OTAN na Líbia devem ‘votar em Chávez contra o imperialismo’ na Venezuela?, 9 de agosto de 2012. Disponível em:

Hoje ouvimos da direção da LBI que Chávez, que antes podia ser considerado “um dos mais fiéis aliados de Obama no continente” (o que, diga-se de passagem, foi um exagero quantitativo) passou a nada mais nada menos que “o maior símbolo contemporâneo da resistência nacionalista a esta ofensiva imperial”. Também a LBI pode ser incluída entre os “revisionistas mais esquecidos”. Além de esquecer as lições da teoria da Revolução Permanente, esqueceu o que ela própria escreveu há poucos meses. Esse é o resultado quando se opta por substituir o marxismo por sandices.

A Frente Brasil Popular de 1989

Enquanto nós esperamos que a maior parte da esquerda não vá se manifestar sobre a mais recente capitulação da LBI, acreditamos que ao menos vão querer se pronunciar os seus ex-companheiros da Liga Comunista (LC), atualmente associada à Tendência Militant Bolchevique (TMB) argentina e ao Socialist Fight britânico de Gerry Downing. A LC rompeu com a LBI em 2010, acusando a direção da LBI de se tornar “cética” sobre as capacidades de um pequeno grupo revolucionário se desenvolver e por ter uma atividade de cunho inteiramente virtual-literário. Até agora, a LC não abordou a capitulação da LBI ao chavismo. Se o fizer, talvez ela busque apresentar essa posição como um grande giro que transforma abertamente a LBI em uma organização oportunista pouco diferente das demais.

Mas esta não foi a primeira vez que a LBI adotou uma posição de apoiar eleitoralmente uma candidatura burguesa, ao mesmo tempo em que nutria profundas ilusões sobre seu potencial para ir contra o imperialismo. Na verdade, uma posição que a LBI reivindica, e que até o momento a LC não declarou publicamente se mantém ou não, foi o apoio à frente popular encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores em 1989. No editorial em que declara apoio a Nicolas Maduro, enquanto tentava justificar sua atual capitulação, a LBI citou essa posição como um precedente político:

“Mais recentemente, o apoio crítico dado pelos revolucionários [sic] à candidatura Lula em 1989, diga-se de passagem, reivindicado por absolutamente todas as correntes políticas que se reivindicam trotskistas em nosso país [sic], também pode explicar como é possível apoiar criticamente no terreno das eleições um candidato reformista ou nacionalista burguês, se em determinado momento as massas usam esta candidatura para expressar, ainda que deformadamente, sua luta contra o imperialismo. Não porque se tratava de se depositar confiança ou ilusões em Lula, ao contrário, compreendia-se perfeitamente seus limites programáticos e de classe. Porém, era no momento o que representava concretamente o apoio da parcela mais consciente da vanguarda no país, expressava a radicalidade (contida) e o ascenso das massas exploradas como produto da falência do antigo regime militar-civil de Sarney.” (ênfase nossa)

A aliança de Lula com Bisol (latifundiário e senador eleito pelo PMDB, que depois foi para o PSDB e finalmente para o PSB, todos partidos burgueses) revelava o caráter de classe inequivocamente burguês da frente popular de 1989. A pergunta é como essa frente poderia ter servido para que as massas supostamente expressassem sua luta contra o imperialismo? Em um debate dos candidatos a presidente (assista ao vídeo), respondendo uma provocação de Mario Covas (PSDB), Lula define como “imbecil” qualquer pessoa “tentar evitar a participação do capital estrangeiro na economia de um país” e prossegue defendendo que é necessário apenas “regular a remessa de lucros tal como se dá hoje”. Isso é, no máximo, um programa que reivindica uma migalha a mais para a burguesia brasileira enquanto mantém a subordinação do país ao capital imperialista, nem de perto um programa de “luta contra o imperialismo”. Por sinal, nessa mesma ocasião Lula aproveitou para lembrar que esteve em muitas discussões para convencer os membros da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) de suas propostas e Mario Covas declarou seu acordo geral com a política econômica de Lula.

Completamente contraditória ao falar da candidatura petista de 1989, a LBI apontou, em um artigo publicado em 2007, que tal coalizão era “progressiva” e que “canalizava de maneira torpe as tendências à independência de classe do proletariado” (Há 5 anos da ruptura com Causa Operária: um breve balanço político). Isso só é possível, evidentemente, se a direção da LBI considera que setores da burguesia brasileira pudessem ser “progressivos” e que a aliança direta com a classe dominante tivesse representado (ainda que de forma “torpe”) a “independência de classe do proletariado”. Essa contradição fica explícita em outro trecho do mesmo documento:

“A constituição da Frente Brasil Popular, em 89, teve a função de sufocar e sepultar os traços políticos timidamente classistas do PT, disciplinando a candidatura Lula no marco da estabilidade e salvaguarda do regime burguês. Neste sentido, em 89, apoiamos criticamente a candidatura presidencial de Lula, porque, além de agrupar a vanguarda mais combativa e consciente do movimento operário e popular, representava uma referência política de luta e de classe para a população trabalhadora.”

Há 5 anos da ruptura com Causa Operária: um breve balanço político, junho de 2000. Publicado no Jornal Luta Operária nº 149, junho de 2007. Disponível em:

Isso demonstra a confusão completa da LBI sobre essa questão. Se a candidatura de Lula era uma “referência de luta” para a população trabalhadora em 1989, era papel dos revolucionários combater o que se tratava de uma ilusão, ao invés de “apoiar criticamente” essa traição. Se não fosse uma ilusão a identificação dos trabalhadores com Lula, como poderia a sua candidatura ter tido “a função de sufocar e sepultar os traços políticos timidamente classistas do PT, disciplinando a candidatura Lula no marco da estabilidade e salvaguarda do regime burguês”? Numa situação como essa, os revolucionários não devem dar nenhum apoio (nem mesmo “crítico”) à frente popular e sim reivindicar o rompimento de todos os setores da classe trabalhadora com a burguesia. O apoio eleitoral crítico ao PT só poderia ser condicional ao seu rompimento com os setores burgueses da Frente Brasil Popular.

A LBI também deixa clara a sua inconsistência ao criticar recentemente outros grupos na esquerda precisamente por darem “apoio crítico” a frentes populares.

“Uma política classista para as eleições burguesas nada tem a ver com a defesa do ‘apoio crítico’ a projetos de mini frente popular, como fazem os Morenistas entusiastas apologistas da intervenção da OTAN nas guerras civis da Líbia e Síria.”

Afundando a todo vapor, Haddad e outros companheiros petistas esperam por ‘boletins médicos’ para se manterem vivos na corrida eleitoral às principais prefeituras do país, 8 de agosto de 2012. Disponível em:

Mas se devemos combater os revisionistas que dão apoio crítico a “projetos de mini frente popular”, o que dizer daqueles que deram apoio crítico a uma frente popular grande e forte, como foi a candidatura petista de 1989? Podemos acrescentar que ao menos alguns dos grupos oportunistas contra os quais a LBI constantemente esbraveja suas “polêmicas” não chegarão a capitular tão abertamente ao chavismo quanto ela própria está fazendo nas atuais eleições venezuelanas.

Também é sintomático que uma organização como a LBI, que tem sempre feito questão de esclarecer suas diferenças com as demais organizações na esquerda, esteja tentando justificar o seu apoio à Frente Brasil Popular de 1989 se escondendo atrás da afirmação de que tal apoio foi supostamente “reivindicado por absolutamente todas as correntes políticas que se reivindicam trotskistas em nosso país”. Além do mais, tal afirmação é mentirosa. Essa é uma posição consensual apenas entre os revisionistas, dentre os quais se inclui a LBI. Os trotskistas consistentes não reivindicam o “apoio crítico” a nenhuma frente popular. Nós do Reagrupamento Revolucionário reivindicamos que em 1989 os revolucionários deveriam ter se oposto à Frente Brasil Popular. Qualquer apoio eleitoral crítico deveria ser condicional a um rompimento prévio do PT com os seus aliados burgueses. Uma organização predecessora do Reagrupamento Revolucionário, que desde então se degenerou burocraticamente [3], defendeu certa vez que:

“O frentepopulismo (ou seja, um bloco programático, normalmente pelo poder governamental, entre organizações de trabalhadores e representantes da burguesia) é traição de classe. Os revolucionários não podem dar nenhum apoio, nem mesmo ‘crítico’, a participantes de frentes populares.”

Pelo Trotskismo!, programa adotado pela Tendência Bolchevique Internacional (TBI) em novembro de 1986. Disponível em:

Além disso, nós temos conhecimento de outras organizações que reivindicam o trotskismo que, embora não revolucionárias, também não defendem a posição de apoio eleitoral à frente popular de 1989 e que não merecem ser difamadas pela falsa afirmação dos líderes da LBI de que “absolutamente todas as correntes políticas que se reivindicam trotskistas em nosso país” compartilharam da sua capitulação.

Embelezando Kadafi na guerra imperialista contra a Líbia

Outro precedente significativo para a atual posição da LBI foi em 2011, durante a guerra imperialista conduzida pela OTAN e seus assessores nativos contra a nação oprimida da Líbia. Apesar de reivindicar corretamente a defesa militar da Líbia contra o bloco Rebeldes/OTAN, a LBI fez questão de tentar blindar Kadafi, ao defender contra a realidade que este não era nenhum tipo de “ditador” ou “tirano”, como nós comentamos em uma breve polêmica de novembro de 2011 [4]. Nessa época, a LBI também fez elogios pouco merecidos a Kadafi, como a afirmação de que ele “lutou bravamente” contra as tropas imperialistas:

“Kadaffi morreu lutando bravamente contra forças infinitamente superiores, do ponto de vista bélico. Dirigiu a resistência militar à ocupação de seu país até o limite de sua própria vida, ao contrário dos que afirmaram que Kadaffi fugiria como um rato, como fazem os ‘ditadores’ ou ‘democratas’ covardes no enfrentamento direto com o imperialismo.”

OTAN assassina Kadaffi que comandava bravamente os combates contra ocupação de Sirte pelos mercenários do imperialismo, 20 de outubro de 2011. Disponível em:

Ao mesmo tempo em que os revolucionários combatiam as mentiras da OTAN (de que supostamente intervia na Líbia para “proteger” a população contra o ditador), era também necessário que a classe trabalhadora internacional tivesse clareza de quem era Kadafi e do porque os revolucionários tomavam o seu lado militar no conflito (sem lhe dar nenhum apoio político) apesar do seu regime ditatorial burguês. 

A LBI não apoiou apenas militarmente o regime de Kadafi nessa guerra (o que significaria denunciar completamente seu caráter político ditatorial burguês e de colaboração com o imperialismo). Apesar de que Kadafi combatia as tropas imperialistas contra sua vontade inicial e pelos seus próprios interesses burgueses, era do interesse do proletariado internacional a derrota militar da OTAN e a defesa da Líbia. Ainda que uma vitória bélica de Kadafi não significasse uma conquista direta para a classe trabalhadora, ela teria sido uma derrota monumental para os imperialistas. Mas com a vitória da OTAN, ainda mais correntes passaram a sufocar o proletariado líbio. 


A LBI aproveitou essa ocasião para tentar livrar a cara de Kadafi pelos seus 40 anos de opressão ditatorial contra o proletariado líbio, que garantiram que a classe trabalhadora não pudesse se organizar em partidos de esquerda, em sindicatos e nem ter outras liberdades democráticas. Para a LBI, falar a verdade de que Kadafi era um ditador de alguma forma atrapalhava a resistência contra o imperialismo. Talvez para os interesses de Kadafi, mas não para os interesses do proletariado.

A posição da LBI em 2011 tem muitas semelhanças com a sua atual capitulação ao chavismo. Mais uma vez, ela não se ateve aos interesses do proletariado, que exigem tomar um lado militar em investidas imperialistas (como em 2002) ou defender as parciais nacionalizações que Chávez realizou. Ela também está dando um apoio político ao nacionalismo-burguês, gerando assim ilusões na capacidade e na vontade dos dirigentes “bolivarianos” de defender efetivamente os trabalhadores. Os revolucionários genuínos dizem aos trabalhadores para se organizarem de forma independente e com seu próprio programa, sem confiar ou votar nos chavistas.

Não devemos nos esquecer, também, que o próprio Chávez apoiou Kadafi politicamente, semeando ilusões de que regime sanguinário não seria uma ditadura. Ao menos nesse ponto vem à tona alguma coerência (ainda que oportunista) nas sandices da LBI.

Conclusão

Nas eleições venezuelanas de 14 de abril, os revolucionários devem aproveitar para intervir com as ideias essenciais do marxismo revolucionário de nossa época, o trotskismo. Isso inclui explicar que as eleições não alteram significativamente a balança das forças de classe do país, que se trata de uma enganação da burguesia para tentar legitimar o seu regime de exploração e opressão. Que o verdadeiro combate à burguesia, à direita golpista e ao imperialismo se dá nas fábricas, nos campos e nas ruas. Que é só por meio da luta direta que um genuíno governo proletário pode ser estabelecido. Por esse motivo é preciso fazer campanha contra as candidaturas burguesas, não apenas a da odiosa direita golpista, mas também a do chavismo.

Se houver candidatura de alguma organização da classe trabalhadora (mesmo reformista ou centrista) que se oponha abertamente às coalizões com a burguesia e se recuse a aceitar qualquer tipo de apoio (político e financeiro) capitalista, os revolucionários podem dar apoio crítico a tal candidatura como forma de defender um voto de classe contra os patrões. Mas ao mesmo tempo em que explicam a importância da independência de classe, tal voto crítico implica fazer todas as críticas necessárias a tal candidatura, com o objetivo de também ganhar para o programa revolucionário os apoiadores que tenham ilusões nos líderes reformistas ou centristas. Se não existir nenhuma candidatura com essas características, os revolucionários não devem apoiar nenhum candidato e demarcar a posição política do proletariado em oposição a todas as frações burguesas.

A LBI está claramente procurando substitutos nacionalistas burgueses para proteger os trabalhadores contra o imperialismo, como classicamente fazem os revisionistas. Este tipo de giro político repentino (como a própria LBI reconheceu ser) geralmente é uma causa de rachas em organizações com uma vida interna democrática. Enquanto nós não descartamos completamente essa possibilidade, nós achamos improvável que ocorra na LBI um racha com base numa luta fracional organizada.

Os dramáticos giros políticos da LBI são uma prova considerável de que sua direção não é composta de marxistas sérios, mas sim de gente que não merece a menor confiança política do proletariado ou de sua vanguarda. A quantidade de mudanças, sandices e de outros traços duvidosos demonstram que essa organização não passa de uma seita, cuja direção substituiu o marxismo por teorias da conspiração, falsificações grosseiras e coisas do tipo [5]. Dessa forma, a direção da LBI já há muitos anos pavimentou o caminho para esse último giro recente, que provavelmente não vai gerar fortes reações em seus membros de base e que definitivamente sepultou a falsa imagem de ortodoxia que a LBI criou para si.

Ainda assim, seria extremamente positivo se ao menos alguns militantes que, ao contrário da liderança da LBI, ainda sejam politicamente saudáveis, deixassem o grupo em repulsa a tal giro e a tudo que ele representa. Convidamos aqueles que estejam procurando sinceramente por uma linha revolucionária que considerem as críticas e as posições do Reagrupamento Revolucionário e deixem imediatamente o barco já quase naufragado que é a LBI.

NOTAS

[1] A título de exemplo, podemos citar o escândalo do Proconsult, uma fraude ocorrida na contagem de votos nas eleições para governador do Rio de Janeiro em 1982 e que tinha a intenção de dar a vitória para o candidato herdeiro da Arena, Moreira Franco, ao invés de Leonel Brizola (PDT). Apesar do uso atual de urnas eletrônicas, não temos motivos para nos sentirmos mais seguros, pois diversos estudos já apontaram para a possibilidade delas serem violadas. Mas para isso são necessários indícios ou evidências de fraude, que não podem existir apenas nas cabeças de dirigentes políticos que não fazem a menor questão de justificar suas afirmações.

[2] Inclusive, seguindo a mesma linha de abobrinhas conspiratórias, a LBI alega que Chávez teria sido “covardemente assassinado”:

“Por isto, diante do ascenso multitudinal das massas venezuelanas após a morte provocada de Chávez (desde a Guerra Fria a CIA vem trabalhando com afinco para desenvolver substâncias que podem matar líderes ‘inconvenientes’ de países não-alinhados sem deixar qualquer vestígio ou provas de envenenamento), as ameaças declaradas do monstro imperialista e da ‘oposição’ golpista a soldo da Casa Branca e uma possível ‘mobilização democrática’ organizada pela CIA, nada mais correto do que os genuínos revolucionários lançarem a palavra de ordem de acompanhar o apoio a Maduro sem capitular ao chavismo.” 


― Editorial do Jornal Luta Operária # 253, 19 de março de 2013. Disponível em:
http://lbi-qi.blogspot.com.br/2013/03/leia-o-editorial-do-jornal-lutaoperaria_19.html


Ou a direção desse grupo tem acesso a informações privilegiadas que nenhum outro grupo na esquerda possui, ou ela definitivamente vive no seu próprio mundo de fantasias.


[3] Para uma avaliação desse processo de degeneração, conferir A Tendência Bolchevique Internacional “Explica” sua Falência, de março de 2012. Disponível em:

[4] Conferir Um Tirano sem Aspas, de novembro de 2011. Disponível em:

[5] Ao longo do artigo já citamos algumas das bizarrices que tal grupo produziu recentemente: alegar que toda eleição é fraudada desde o seu início, que Chávez foi assassinado por ser “o maior símbolo contemporâneo da resistência nacionalista” ao imperialismo, e que o regime de Kadafi não era uma ditadura. Porém, a lista é grande e podemos incluir mais alguns fatos que marcam bem as características de seita deslocada da realidade que a LBI carrega: em 2001 justificaram seu apoio ao atentado ao World Trade Center em 11 de setembro alegando que não havia trabalhadores no prédio, apenas agentes da CIA e “yuppies”; em 2008 adulteraram uma foto de um ato de Primeiro de Maio ocorrido em Fortaleza, adicionando digitalmente montes de bandeiras da LBI (inclusive na mão de militantes de outras organizações!) e publicando com a legenda “Coluna da LBI no ato da Conlutas em Fortaleza”; em 2011 acusaram o Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (ILAESE) de servir de ponte entre o PSTU e um suposto financiamento do Departamento de Estado dos EUA, sem apresentar nenhuma prova para tal afirmação (!). Sem dúvidas aqueles com paciência (e estômago) para procurarem mais fatos do tipo encontrarão farto material no site da LBI.

Arquivo Histórico: Cuba

Convidamos nossos leitores a conferirem as novas publicações do nosso Arquivo Histórico. Estes são importantes artigos publicados pelos predecessores políticos do Reagrupamento Revolucionário sobre o tema da Revolução Cubana e do Estado operário deformado que ela criou. O primeiro foi um dos artigos escritos pela Tendência Revolucionária do SWP norte-americano (TR precursora da Liga Espartaquista) em 1961, poucos meses após a expropriação da burguesia cubana. Num momento de grande confusão para os que se reivindicavam trotskistas, o documento da TR se destacou por sua clareza em descrever o processo de criação do Estado operário deformado e pela consistência de suas posições políticas trotskistas em oposição ao stalinismo e ao castrismo. O segundo foi escrito pela Tendência Bolchevique Internacional (TBI) em 1992, logo após a queda do bloco soviético, e discutiu alguns dos temas ainda relevantes hoje em dia sobre o isolamento cada vez maior do Estado operário deformado cubano depois da destruição contrarrevolucionária da URSS.

Bloques podridos hacen añicos al Secretariado Unificado

Bloques podridos hacen añicos al Secretariado Unificado

Traducido de Workers Vanguard No. 245, 7 de diciembre de 1979. Esta versión fue impresa en Spartacist en español No. 8, agosto de 1980.

Durante la última década y media la principal atracción del “Secretariado Unificado” (SU) ha sido su pretensión de ser la IV Internacional. Aun cuando, desde lados opuestos de las barricadas sus fracciones en guerra se lanzaban epítetos públicamente en torno a Portugal en 1975, el SU seguía atrayendo a militantes subjetivamente revolucionarios gracias a su pretensión de representar la encarnación organizativa del partido mundial de la revolución socialista fundado por León Trotsky. Y ¡ay de aquel disidente en el SU qué disputara este mito! A lo largo de los años, oposiciones de izquierda dentro del SU han sido sumariamente botadas por cometer tal sacrilegio.

Pero en los últimos dos meses, el SU ha sido desgarrado por la cuestión de Nicaragua, formándose dos bloques (cada uno un matrimonio de conveniencia, bien en conformidad con la tradición del SU), los dos reclamando el título. Para Ernest Mandel, la escisión hizo añicos sus sueños de presentar un SU “unido” como una casa de contratación internacional para la “extrema izquierda amplia”  Los expulsados y sus nuevos aliados son ahora tan agresivos como el SU en presumir de hablar a nombre del “movimiento mundial”. Pero los bloques opuestos son profundamente inestables, compuestos los dos por aventureros de habla centrista (Mandel y Moreno) en convivencia con aparatos nacionales reformistas socialdemócratas endurecidos (el SWP norteamericano y la OCI francesa, respectivamente).

Dentro del SU, en su “XI Congreso Mundial” recién concluido, se definieron tres tendencias principales expresadas claramente en tres mociones contrapuestas sobre el carácter del actual gobierno sandinista/burgués en Nicaragua. El ala derecha en torno al SWP de Jack Barnes aclamó a la junta dirigente actual como gobierno obrero y campesino; para congraciarse con el FSLN (explícitamente aprobado como “dirección revolucionaria”), el SWP sirve de soplón y asesor político de la policía secreta sandinista contra supuestos “ultraizquierdistas” (incluyendo a sus “camaradas” morenistas de antaño).

En el centro se encontraba el grupo alrededor de Mandel, diciendo de forma típicamente centrista, que el carácter del régimen nicaragüense todavía es indeterminado. Y luego estaba la cubierta “izquierdista” de Mandel, una mezcolanza que consiste del IMG británico, sectores del KAF sueco y la tendencia Matti en la LCR francesa. Estos “oposicionistas leales” designaron a la junta sandinista de régimen burgués de colaboración de clases, pero en lugar de llamar por un partido trotskista para organizar, una oposición proletaria independiente en Nicaragua, ellos aceptaron la política liquidacionista del SU de entrar en el FSLN bonapartista pequeñoburgués.

En el otro campo, la nueva unión entre la OCI francesa de Pierre Lambert y la Fracción Bolchevique (FB) de Nahuel Moreno es una de las alianzas más perversas de la historia. Cuando Vishinsky vociferaba contra un “bloque de derechistas y trotskistas” durante los juicios de Moscú, era una calumnia estalinista, pero la OCI y Moreno han logrado algo aun peor; ¡Trotsky y Bujarin tenían más en común que este par! La organización de Lambert es conocida entre los que se reclaman del trotskismo en Europa: su política estalinofóbica socialdemócrata la indujo a dar apoyo entusiasta al candidato del frente popular francés, el dirigente socialista Mitterrand, en las elecciones presidenciales de 1973. Para 1975, el deslizamiento de la OCI en la vía del reformismo fue sellado por su apoyo a los socialistas portugueses “democráticos” mientras que estos, con fondos suministrados por la CIA, encabezaban una movilización de masas contrarrevolucionaria anticomunista.

La corriente morenista es mucho más contradictoria. Moreno también era reformista en Argentina, pero perdió su base reformista, el vínculo directo con su “propia” burguesía. Separado a la fuerza del terreno nacional del reformismo argentino, sin nada que vender y sin Perón a quien vendérselo, Moreno, basándose ahora en el PST colombiano, decidió lanzarse en una aventura izquierdista en Nicaragua. Buscando ahora consolidar los beneficios de su renovada reputación de combatividad, Moreno salió en un curso centrista. Su Fracción Bolchevique ha sido construida en base a una crítica de izquierda de la respuesta de los mandelistas al “eurocomunismo” y del SWP sobre Portugal y Angola. Sobre estas cuestiones las posiciones de la FB tienen una extraña semejanza a las de la tendencia espartaquista internacional ― pero es un fraude; Moreno es un charlatán consumado. Lo podemos probar, y lo hemos probado en el Moreno Truth Kit (La verdad sobre Moreno).

Hacía tiempo ya que este bandolero político argentino había estado persiguiendo furtivamente a Mandel, corriendo a escondidas en el matorral y luego refugiándose tras las faldas de un grupo mayor, para luego romper con éste desde la “izquierda” cuando se presenta una oportunidad propicia. Primero con el SWP (1969-75) en la reformista, seudoortodoxa “Fracción Leninista-Trotskista” (que en el fondo era una oposición reformista al guerrillerismo de café mandelista), luego de manera informal en un bloque con Mandel. Cada vez ha extendido su influencia: primero al resto de América Latina y luego estableciendo una avanzada en el flanco sur de Europa. Mientras tanto, su política a escala nacional seguía siendo ultra-reformista (declaraciones por escrito de apoyo al régimen peronista, identificación de guerrilleros de izquierdas con los escuadrones de la muerte fascistas, etc.).

Ahora Moreno vuelve a la obra, esta vez con la OCI, y el bloque actual es aún menos estable que las maniobras anteriores. Los componentes ni siquiera pueden llegar a un acuerdo acerca de si deberían declararse por la “reconstrucción”, la “reorganización”, o la “reunificación” de la IV Internacional. Moreno mismo ha confesado que su “Comité Paritario” con la OCI no es más que un “frente único” de defensa ― pero uno que supuestamente procederá a la construcción de “partidos trotskistas”, a pesar de estar en desacuerdo sobre cuestiones políticas fundamentales. El “Comité Paritario” no es sino un cínico intento de poner en jaque a los mandelistas con la carta de “la unidad” y, naturalmente, el SU está invitado a incorporarse.

El alboroto sobre Nicaragua ha creado un tumulto entre los elementos de izquierdas dentro del SU. Muchos están siendo absorbidos por el bloque Moreno/OCI, que sobre esta cuestión se encuentra a la izquierda de la profunda liquidación del SU. En Francia particularmente, varios izquierdistas se han incorporado a la nueva Ligue Communiste Internationaliste (LCI), a pesar del cinismo y de la lealtad a la OCI de sus dirigentes. En otros países estos elementos siguen amarrados al SU (Inglaterra, Suecia). En España así como en Italia, grupos escindidos del SU han formado organizaciones morenistas relativamente grandes, pero cuya práctica política ha demostrado ser claramente derechista.

Pero tanto el bloque del SU como el de Moreno y la OCI de pronto están dando señales de mayor vulnerabilidad a la tendencia espartaquista. Han reaccionado con una repugnante oleada de infamias, calumniándonos de policías, y con violencia física en la peor tradición estalinista. La LCR y la OCI usaron recientemente sus servicios de “orden” para intentar silenciar a la Ligue Trotskyste de France. Pero con esta política les está saliendo el tiro por la culata. En Alemania Occidental, cuatro días después de que el comité local del GIM (sección del SU) en Köln expulsara a nuestros camaradas de la Trotzkistische Liga Deutschlands de una conferencia pública, el grupo del GIM en Tübingen declaró el 27 de noviembre, en una reunión pública sobre Irán, su acuerdo, con la oposición proletaria de la TLD a la reacción clerical en Irán. No es de extrañar que Mandel dijera en la última conferencia del GIM que, en cuanto al futuro de la sección alemana, “sólo podemos rezar”.

Nosotros podemos hacer más que rezar. A lo largo de los años, militantes serios de izquierdas dentro del SU que buscaban una alternativa al impresionismo pequeñoburgués y al frentepopulismo se han reagrupado bajo el auténtico programa trotskista de la tendencia espartaquista internacional. Desde la Revolución Cubana hasta las movilizaciones clericalistas de masas en Irán y la rebelión en Nicaragua, nuestra tendencia ha opuesto a la liquidación pablista del SU la lucha por partidos trotskistas. Ahora de nuevo, la crisis que rodea al SU ofrece oportunidades de reagrupar a militantes subjetivamente revolucionarios del SU en una formación internacionalista que lucha por el renacimiento de la IV Internacional de Trotsky.

Reagrupamiento Revolucionario (español) No. 1

Es con alegría que anunciamos a nuestros lectores la primera edición de la publicación en español del Reagrupamiento Revolucionario.
Reagrupamiento Revolucionario No. 1
 

 

A crise do SWP britânico e o feminismo

Muitos de nossos leitores estão cientes da recente crise que abalou o Socialist Workers Party (SWP) britânico, associado ao falecido dirigente Tony Cliff. Além das alegações de estupro contra um membro de liderança do grupo e da subsequente cobertura burocrática de qualquer investigação consistente, também vieram à tona protestos dos membros de base a respeito da tradicional hostilidade do SWP ao feminismo. Em resposta a isso, a liderança da International Socialist Organization (ISO) dos Estados Unidos (que também tem raízes históricas no rompimento antissoviético de Tony Cliff com o movimento trotskista) decidiu, em um ato bastante transparente de pânico burocrático, renunciar a sua semelhante hostilidade prévia com relação ao feminismo por medo de que a crise atingisse sua própria organização. Diante desses fatos, nossa polêmica de março de 2009, sobre a oposição que muitas organizações que se consideram trotskistas fazem ao feminismo, merece renovada atenção. Por esse motivo, nós sugerimos aos nossos leitores esse artigo no Dia Internacional da Mulher Trabalhadora de 2013.
30 de março de 2009

Arquivo Histórico: Dia Internacional da Mulher Trabalhadora

Por um 8 de Março classista e de luta!  

Dia Internacional da Mulher Trabalhadora 
Originalmente publicado na edição de número 14 do jornal Hora de Lutar (março de 2010) pelo então revolucionário Coletivo Lenin. 
Ascenso operário, greves e revolução 
Foi num momento de grandes conquistas e ascenso de lutas da classe operária, o começo do século XX, que se ouviu falar pela primeira vez de um dia internacional da mulher trabalhadora. Desde a metade do século XIX, a entrada em massa de mulheres na indústria (sempre muito mais exploradas que os homens, com menores salários, etc.) criou a consciência, entre os comunistas, de que a luta por melhores condições de trabalho para a mulher deveria ter um papel de destaque. Em fevereiro de 1909, as operárias das indústrias têxteis de Nova Iorque fizeram um chamado às mulheres de todo o mundo a se rebelarem contra a exploração capitalista, realizando uma greve no setor. Frequentemente este é reconhecido como o primeiro dia internacional da mulher, embora não houvesse uma data definida.

Em 1910, a revolucionária alemã Clara Zetkin propôs haver um dia para lutar e protestar pela questão específica (e central) das mulheres trabalhadoras. Isso ocorreu no Fórum de Copenhagen da Internacional Socialista, organização herdeira do marxismo até capitular ao apoio à Primeira Guerra mundial. Apesar de aprovada a proposta, nenhuma data foi definida. Mesmo assim, no ano seguinte, milhões de trabalhadores foram às ruas pela questão da mulher, no dia 19 de março.  Poucos dias depois, um incêndio numa indústria em Nova Iorque matou 146 trabalhadoras (em sua maioria costureiras). Para muitas fontes do imaginário coletivo, foi este o evento que levou ao estabelecimento de um dia internacional da mulher.

Na verdade, não havia um dia definido até 1917. A primeira vez que o dia 8 de março surge na história é com as tecelãs da cidade russa de Petrogrado, que entraram em greve para lutar contra o czarismo, três anos de guerra mundial e escassez geral de suprimentos. Essa greve acabou dando início a um movimento de massas que culminou com a revolução russa de “fevereiro” (23 de fevereiro no antigo calendário juliano russo e 8 de março no calendário gregoriano ocidental). Trotsky certa vez escreveu: “Em 23 de fevereiro estavam planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, as operárias têxteis deixaram o trabalho de várias fábricas e enviaram delegadas para solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a greve foi de massas. Mas não imaginávamos que este ‘dia das mulheres’ viria a inaugurar a revolução”. Em 1920, o dia 8 de março se tornou o dia internacional da mulher trabalhadora na URSS, em referência às tecelãs de Petrogrado. Apenas no final do século XX, a ONU adotou também o dia 8, sob um aspecto de “celebração”. 
O que dizia Clara Zetkin 
A proposta de um dia internacional da mulher (mesmo antes de o dia 8 de março ficar marcado na história pelas operárias russas) jamais foi um dia para simplesmente comemorar. É um dia de luta coletiva de todos os trabalhadores por um dos setores mais explorados da nossa classe. Zetkin (amiga e colaboradora próxima de Rosa Luxemburgo) acreditava ser impossível chegar ao socialismo sem organizar e mobilizar as trabalhadoras do mundo. Isto está diretamente ligado ao papel que elas cumprem na produção capitalista.
Além de serem superexploradas nas empresas, as mulheres ainda estão presas ao trabalho doméstico, que não é remunerado no capitalismo apesar de ser socialmente necessário. Essa é a principal base para a dependência econômica que leva à reprodução do machismo. A maioria das mulheres enfrenta uma dupla jornada de trabalho, dentro e fora do lar. Por isso, a luta contra essas condições e a capacidade das mulheres trabalhadoras deve ser entendida, antes de tudo, como um motor propulsor de grandes transformações sociais, como a história já demonstrou diversas vezes. 
A esquerda e a questão da mulher 
Apesar disso, o modo como as organizações de esquerda em geral tratam a questão da mulher é totalmente periférica. Dizer que uma questão é específica não significa discutir o assunto em ocasiões específicas (ou “dias de festa”, como tratam o 8 de março). Pelo contrário, significa discutir e lutar contra a exploração da mulher com atenção particular em TODAS as oportunidades e ocasiões. Significa não manter o assunto em fóruns fechados específicos, mas incorporá-lo ao cotidiano das manifestações da classe trabalhadora, discutindo a questão nas assembleias gerais.
Nós do Coletivo Lenin temos certeza de que construir um mundo melhor é impossível sem abordar no dia-a-dia essa questão fundamental que é a opressão e exploração das mulheres trabalhadoras. Por isso, este é um dia para fazer algo mais além de homenageá-las. É um dia para estar presente em todas as lutas defendendo as bandeiras contra aqueles que reproduzem essa sociedade de exploração e opressão, um dia de dar um passo nas lutas para criar um mundo socialista. E também, um dia para lembrar (seguindo o exemplo de grandes revolucionários) de que essa é a nossa tarefa, não no dia 8 de março, mas em cada dia do ano.

El Marxismo, el Feminismo y la Liberación de la Mujer

El Marxismo, el Feminismo y la Liberación de la Mujer

[Traduccion de 1917 No. 19, 1997 Copiado de http://www.bolshevik.org/espanol/womenlib_es.html ] 

Nuestra crítica contemporánea (disponible en portugués) de este documento

A pesar de todas las conferencias internacionales y de las “declaraciones universales” a favor de la igualdad de la mujer, la vida de la mayoría de las mujeres en todas partes del mundo sigue estando restringida por los prejuicios y la opresión social. La forma en que la supremacía masculina se impone varía considerablemente de una sociedad a otra (y dentro de las diferentes capas sociales de una misma sociedad), pero en todas partes se les enseña a los hombres a que se consideren superiores y a las mujeres se les enseña a aceptar esta desigualdad. Muy pocas mujeres tienen acceso al poder y a los privilegios como no sea a través de su conexión con algún hombre. La mayoría de las mujeres en la esfera laboral asalariada están sometidas a la doble carga de la esclavitud de las tareas domésticas y de la esclavitud a un salario. De acuerdo a las Naciones Unidas, las mujeres realizan las dos terceras partes del trabajo de todo el planeta y producen alrededor del 45% de la comida, sin embargo, reciben a penas el 10% de los ingresos y son dueñas de sólo el 1% de las propiedades (citado por Marilyn French en The War Against Women (La Guerra Contra las Mujeres), 1992).

Desde su concepción, el movimiento marxista ha promovido la igualdad y los derechos de las mujeres, a la vez que ha considerado que la opresión de las mujeres (ya sea racial, nacional o cualquier otra forma de opresión) no puede ser erradicada sin antes derrocar el sistema social capitalista que la alimenta y la mantiene. Los marxistas aseguran que la libración de la mujer esta ligada a la lucha contra el capitalismo porque, a diez de últimas, la opresión de la mujer sirve a los intereses materiales de la clase dominante.

Aunque los marxistas y las feministas se encuentren del mismo lado en muchas de las luchas por los derechos de la mujer, tienen dos puntos de vista completamente diferentes. El feminismo es una ideología que parte de la premisa que la división fundamental de la sociedad humana es la división entre los dos sexos, y no entre clases sociales diferentes. Consecuentemente, las ideólogas feministas ven la lucha por la igualdad de la mujer como algo separado de la lucha por el socialismo, al cual muchas consideran como otra forma de dominio “patriarcal”.

En las últimas décadas, las escritoras y académicas feministas han llamado la atención a la variedad y diseminación de las prácticas de la supremacía masculina en nuestra sociedad contemporánea. Ellas han descrito el mecanismo a través del cual se inculca, se normaliza y se refuerza la subordinación femenina partiendo de cuentos infantiles y llegando hasta comerciales televisivos. Las feministas han tomado el liderazgo en exponer muchas de las manifestaciones patológicas de esta discriminación sexual en la vida privada: yendo desde el acoso sexual hasta la violación y la violencia doméstica. Antes del resurgimiento de los movimientos de las mujeres a final de los años ’60, los críticos liberales o de izquierda no prestaban atención a estos temas. Las feministas también han estado activas en las campañas internacionales en contra de la mutilación genital de las mujeres en África, el infanticidio femenino en Asia y la imposición del uso del velo en el mundo islámico. Pero, aunque frecuentemente el análisis feminista es útil para resaltar la prevalencia de la discriminación sexual en la sociedad capitalista, inevitablemente falla en hacer la conexión entre la supremacía masculina y el sistema de dominación de clases que lo sustenta.

Los marxistas opinan que el conflicto de clase es la fuerza motora de la historia y rechazan la idea de que hay diferencias irreconciliables entre los intereses de las mujeres y de los hombres. Pero, nosotros no negamos que los hombres sean los agentes de la opresión de la mujer, ni que dentro del marco de las relaciones sociales existentes los hombres se “beneficien” de ello, tanto en términos materiales como psicológicos. Sin embargo, los beneficios que la mayoría de los hombres obtienen de la desigualdad de la mujer son escasos, vacíos y transitorios, mientras que el costo es considerable.

El excluir las mujeres y el “job-trusting” (empleos exclusivos a hombres), el desvalorar el trabajo “femenino” y la diferencia de salarios basado en el sexo, aunque parezca beneficiar a los hombres ya que son mejor pagados y tienen una mejor seguridad laboral, de hecho ejerce una presión que hace descender los salarios en general. Este fenómeno fue explicado por Freída Miller, directora del Buró de la Mujer de los Estados Unidos, poco tiempo después de la Segunda Guerra Mundial:

 Es un axioma de la teoría de los salarios que cuando en un momento dado una gran cantidad de trabajadores son empleados con salarios por debajo de los salarios mayoritarios, la competencia de esas personas por obtener trabajo tiene como consecuencia el desplazamiento de los trabajadores mejor pagados o que éstos acepten un salario menor. Durante un cierto tiempo esta presión tiende a disminuir todos los niveles de salario y a menos que el curso normal sea desviado por acciones directas el resultado será la disminución del poder adquisitivo de todos con la consecuente reducción de la capacidad de compra y de los estándares de vida. Como consecuencia de la guerra las mujeres han adquirido nuevas habilidades y destrezas que las coloca, como nunca antes, a merced de empleadores inescrupulosos que las utilicen para disminuir los salarios.

—Buró de las Mujeres de Estados Unidos, Boletín No. 224, 1948 (citado por Nancy Reeves en “Women at Work” (Las Mujeres en el Trabajo), en American Labor in Mid-Passage, 1959)

Lo mismo ocurre con la discriminación salarial contra los inmigrantes, los jóvenes, las minorías raciales o cualquier otro sector de la fuerza laboral. Además de bajar los salarios el chovinismo masculino—igual que el racismo, el nacionalismo, la homofobia y demás ideologías atrasadas—oscurece los mecanismos de control social y divide los que están debajo incitándolos unos contra otros, y de esta manera salvaguarda un sistema social jerárquico e intrínsicamente opresivo.

La estrategia marxista de unir todos los explotados y oprimidos por el capitalismo está agudamente contrapuesta a la utopía reaccionaria de una “hermandad femenina” universal que una a las mujeres a pesar de las diferencias de clase. Aunque es cierto que la opresión de las mujeres es un fenómeno que atraviesa las clases porque afecta atodas las mujeres, no solamente aquellas que son pobres o que pertenezcan a la clase trabajadora, también es cierto que el grado de opresión y de sus consecuencias son cualitativamente diferentes para las mujeres de diferentes clases sociales. Los privilegios y beneficios materiales que disfrutan las mujeres de la clase gobernante les brinda un poderoso interés en preservar el orden social existente. Su consentida existencia es pagada por la sobreexplotación de sus “hermanas” en las factorías del Tercer Mundo. De la única manera que se puede construir la unidad de las mujeres atravesando las clases sociales es subordinando los intereses de las pobres mujeres negras trabajadoras a favor de los intereses de sus “hermanas” burguesas.

Orígenes de la “Segunda Ola” del Feminismo

Las feministas de hoy en día se refieren a sí mismas como pertenecientes a la “Segunda Ola” —las feministas de la “Primera Ola” fueron las que lucharon por el acceso a la educación superior, iguales derechos sobre la propiedad y por el voto, antes de la Primera Guerra Mundial. A la “Segunda Ola” del feminismo frecuentemente se le da fecha de origen a partir de la publicación del bestseller “The Femenine Mystique” (La Mística Femenina) de Betty Friedan en 1963, que contrapuso a la ideología de la “feminidad” con la realidad de la vida de las mujeres. En 1966 Frieden fundó la Organización Nacional de Mujeres (National Organization for Women, NOW), una organización liberal por el derecho de la mujer basada en mujeres profesionales y de carrera dedicada a “traer a las mujeres a participar en la sociedad norteamericana en forma completa, ahora…” (juego de palabras entre now-ahora y las siglas de la organización) NOW es aún la mayor organización feminista en Estados Unidos pero su atractivo es limitado por el rol que juega como grupo de presión y de auxiliar no oficial del partido Demócrata.

Otra veta más radical de feminismo contemporáneo surgió del Movimiento de Liberación de la Mujer al final de los años ’60. Muchas líderes destacadas de este movimiento de mujeres de la Nueva Izquierda eran veteranas del Movimiento de Derechos Civiles contra la segregación racial en los estados del sur. Se encontraban entre los miles de jóvenes idealistas que habían ido al Sur para participar en los “Veranos de Libertad” de la mitad de la década del ’60 y sufrieron una radicalización al ser expuestos a la brutal realidad del capitalismo en los EE.UU.

Al final de los ’60 muchas mujeres de la Nueva Izquierda comenzaron a protestar porque la reclama retórica por la liberación, la igualdad y la solidaridad de sus camaradas hombres contrastaba radicalmente con su experiencia en el “movimiento”. Estos sentimientos fueron expuestos por Marlene Dixon, una radical joven profesora de sociología como:

“Las mujeres jóvenes han incrementado su rebeldía no sólo contra la pasividad y la dependencia en sus relaciones, sino también contra la idea de que deben funcionar como objetos sexuales, de ser definidas en términos sexuales en vez de humanos y de ser obligadas a empaquetarse y venderse como mercancía en el mercado sexual.”

“Los mismos estereotipos que expresan la convicción de la sociedad en la inferioridad biológica de la mujer evocan las imágenes utilizadas para justificar la opresión de los negros. La naturaleza de la mujer, igual que la de los esclavos, se expone como dependiente, incapaz de un pensamiento racional, infantil en su simplicidad afectuosa, mártir en su rol de madre y mística en el rol de compañera sexual. En su versión benevolente, la posición inferior de la mujer deriva en un paternalismo; en su versión malevolente, deriva en una tiranía doméstica que puede llegar a ser increíblemente brutal.”

— “ Why Women´s Liberation (¿Por qué la Liberación de la Mujer?)”, Ramparts, Diciembre 1969

Gloria Steinem: La Hermandad Femenina y la CIA

En los primeros días del Movimiento de Liberación de la Mujer surgió una división entre las que veían la lucha por la igualdad de la mujer como un aspecto de una lucha más amplia contra todo tipo de opresión y aquellas que enfatizaban la solidaridad femenina y la necesidad de permanecer políticamente y organizativamente “autónomas” respecto a otras fuerzas sociales.

Mientras muchas líderes de la “Segunda Ola” habían tenido sus experiencias políticas iniciales en el Movimiento por los Derechos Civiles y en la Nueva Izquierda otras tenían un pasado menos honorable. Gloria Steinem, la editora original de Ms., la revista feminista de mayor circulación en Norteamérica, había trabajado para la CIA en los años ’50. Ella estuvo involucrada con la operación de un grupo pantalla “que financiaba a los norteamericanos que asistían a los festivales mundiales de la juventud, dominados mayormente por la Unión Soviética”. Según Sheila Tobías, una participante inocente en uno de estos viajes (que más tarde enseñó en la Universidad de Cornell estudios sobre la mujer), la CIA:

 “estaba interesada en espiar los delegados norteamericanos para descubrir quién era trotskista o comunista en los Estados Unidos. Así que resultó que nosotros éramos una pantalla.”

 —Marcia Cohen, The Sisterhood (La Hermandad Femenina), 1988

Cuando el pasado de la Steinem fue revelado, ella optó por enfrentarlo:

“Cuando la prensa reveló que la CIA había financiado la agencia que Gloria había co-fundado al final de los ’50, ella admitió que la organización recibía fondos de la CIA, negó haber sido un agente y calificó a esos festivales de la juventud en Helsinki como ‘los mejores momentos de la CIA’”

 —Ibíd.

Sólo las feministas más militantes como las “Redstockings” (Mediasrojas) con base en Boston (cuya dirigente Roxanne Dunbar era veterana del Movimiento por los Derechos Civiles) denunciaron a la Steinem por haber estado involucrada con la CIA. En su mayoría, las feministas comunes ignoraron el tema de su conexión con la principal agencia de la contrarrevolución imperialista, o lo consideraron irrelevante. Esto de por sí habla mucho de la política de “la hermandad femenina”.

Feminismo Radical y Determinismo Biológico

Otra feminista que comenzó su carrera política en el Movimiento por los Derechos Civiles fue Shulamith Firestone. En su libro de 1970 The Dialectic of Sex (La Dialéctica del Sexo), ella intenta dar una base teórica al feminismo radical argumentando que la subordinación de la mujer tenía un origen biológico y no socio-histórico. La división sexual de la humanidad en “dos clases biológicas diferentes” era, según ella, el origen de todas las demás divisiones sociales. Parafraseando a Marx ella escribió:

 “La organización sexual reproductiva de la sociedad siempre nos da las bases reales, solamente a partir de las cuales podemos descifrar la explicación absoluta de toda la superestructura de instituciones económicas, jurídicas y políticas, así como de las ideas religiosas, filosóficas y otras de un período histórico dado.”

Si la raíz de la opresión de la mujer está en la anatomía, razonaba Firestone, entonces la solución debe estar en la tecnología—incrementar el control sobre la concepción (anticonceptivos) y finalmente de la gestación fuera del útero. Firestone mantenía que su análisis era “materialista”. Es cierto que era en cierta forma un materialismo, pero uno crudamente biológico. Mientras ella vislumbraba una conclusión histórica de la opresión de la mujer, las soluciones que ofrecía eran utópicas y a fin de cuentas, apolíticas. Su libro ha seguido teniendo influencia—a lo mejor porque ella fue una de las primeras en llevar el punto de vista radical feminista de que la biología es un destino hasta su conclusión lógica.

Aunque no apoyaba las soluciones de Firestone, el “Redstockings Manifesto (Manifiesto de las Mediasrojas)” de 1970 estaba de acuerdo con la aseveración de que las mujeres constituyen una clase social:

 “Las mujeres son una clase oprimida…Nosotros identificamos los hombres como los agentes de nuestra opresión. La supremacía masculina es la forma de dominación más antigua y básica. Todas las demás formas de explotación y opresión (el racismo, el capitalismo, el imperialismo, etc) son extensiones de la supremacía masculina: los hombres dominan a las mujeres, algunos pocos hombres dominan al resto. Todas las estructuras de poder a lo largo de la historia han sido dominadas y orientadas por y para los hombres. Los hombres han controlado todas las instituciones políticas, económicas y culturales y han respaldado este control con la fuerza física. Ellos han utilizado su poder para mantener a las mujeres en una posición inferior. Todos los hombresreciben beneficios económicos, sexuales y psicológicos de la supremacía masculina. Todos los hombres han oprimido a las mujeres… Nosotras no nos preguntaremos qué es lo ‘revolucionario’ ni qué es lo ‘reformista’, sólo qué es lo que es bueno para las mujeres.”

 —“Redstocking Manifesto (Manifiesto de las Mediasrojas)” en Sisterhood is Powerful (La Hermandad Femenina es Poderosa), 1970

Los argumentos de las feministas radicales se asemejan a los de los socio-biólogos más reaccionarios, que arguyen que la desigualdad social está “en nuestros genes” y que por lo tanto, intentar luchar contra ello es fútil. Las feministas radicales frecuentemente abogan por el separatismo y algunas van tan lejos como para sugerir que las mujeres que continúan durmiendo con el “enemigo” deben ser vistas como sospechosas. En Lesbian Nation: the Feminist Solution (La Nación Lesbiana: la Solución Feminista) (1973), Jill Jonson aseveró que:

 “La satisfacción sexual de la mujer independientemente del hombre es el sine qua non de la revolución feminista… Hasta que todas las mujeres sean lesbianas no habrá una verdadera revolución política.”

Socialismo y Sexismo

En un ensayo de 1970 intitulado “The Main Enemy (El Enemigo Principal)”, Christine Delphy presentó una versión de “feminismo radical basado en principios marxistas” en el cual los hombres (y no el capitalismo) se identificaban como el enemigo principal (republicado en Close to Home (Cerca de Casa), 1984). Delphy aseveraba que, sin una revolución independiente de las mujeres, incluso en un estado de trabajadores post capitalista, los hombres seguían teniendo un interés material en hacer que las mujeres realizaran la mayoría de las tareas domésticas.

La idea de que la opresión de las mujeres continuaría como una forma de vida dentro del socialismo, parecía obvio a aquellas radicales de la Nueva Izquierda que veían los estados de trabajadores económicamente atrasados, nacionalmente aislados y deformados de Cuba, China, Vietnam del Norte, Corea del Norte y Albania como sociedades socialistas en funcionamiento. Aunque las mujeres tuvieron muchos logros importantes dondequiera que el capitalismo había sido derrocado (un hecho dramáticamente subrayado por el devastador efecto que tuvo sobre la mujer la contrarrevolución capitalista en el antiguo bloque soviético), la parásita burocracia gobernante (abrumadoramente masculina) en estos estados policíacos estalinistas promocionaban el rol “natural” de la mujer como reproductora, madre y creadora del hogar. León Trotsky apuntó en La Revolución Traicionada) que la maquinaria estalinista era un obstáculo para el desarrollo del socialismo y criticó “el interés social de los medios dirigentes en enraizar el derecho burgués” en relación con sus intentos de fortalecer la familia “socialista”.

El pesimismo feminista con respecto a las posibilidades de la mujer bajo el socialismo (en oposición a las posibilidades bajo el estalinismo) refleja la inhabilidad de comprender los orígenes históricos de la opresión de la mujer. También revela su falta de apreciar las inmensas posibilidades de reorganizar las prioridades sociales y de transformar cada aspecto de las relaciones humanas que el socialismo facilitaría al eliminar la escasez material. La expropiación revolucionaria de las fuerzas productivas y el establecimiento de una economía planificada global garantizaría que las condiciones básicas de la existencia (comida, abrigo, trabajo, servicios de salud y educación) estuvieran aseguradas para todas las personas del planeta.

Al cabo de unas pocas generaciones, la socialización de la producción podría brindar a todos los ciudadanos una calidad de vida y un grado de independencia económica que hoy en día solamente disfruta la elite. El acceso a centros de recreo, campamentos de veraneo, facilidades deportivas, culturales y educacionales y otras instituciones que en estos momentos están fuera del alcance de muchas personas, enriquecerían inmensamente la vida de la mayoría de la población. A medida que la sociedad escape de la tiranía del mercado, que sólo promociona actividades que produzcan ganancias al sector privado, las personas tendrán una rango más amplio de opciones para poder organizar sus vidas. Las tareas domésticas pudieran reducirse sustancialmente si la sociedad provee guarderías infantiles, restaurantes y lavanderías de alta calidad. Con el tiempo, a medida que la competitividad, la ansiedad y la inseguridad de la vida dentro del capitalismo van quedando en el pasado lejano, el comportamiento social se irá transformando.

La condición de garantizar condiciones materiales para una vida plena para todos, imposible bajo los dictados de maximización de las ganancias, será sencillamente una decisión racional en una economía planificada. Al igual que el invertir en programas de inmunización y en sistemas de saneamiento subsidiados por fondos públicos resulta de beneficio para todos los miembros de la sociedad, el asegurar una existencia segura y productiva para cada individuo mejorará la calidad de vida de todos, eliminando muchas de las causas del comportamiento anti-social, de las enfermedades mentales y de otros padecimientos.

Puede objetarse que incluso dentro de la elite actual, que ya disfruta de una abundancia material, los hombres oprimen a las mujeres. Los marxistas reconocen que aunque la ideología refleja los intereses materiales de una clase social particular, también tiene cierta autonomía relativa. La condición de las mujeres de cuidadoras de niños y trabajadoras domésticas sin remuneración sólo puede ser justificada dentro del marco de un punto de vista sexista que afecta negativamente a las mujeres, incluso las de la clase capitalista.

El resultado de estas ideas y prácticas sociales no desaparecerá automáticamente ni inmediatamente después que las condiciones que las hicieron surgir se revoquen. Tendrá que existir una lucha cultural e ideológica en contra del legado de atraso e ignorancia recibida del pasado. Pero si la sociedad de clases promueve y refuerza la supremacía masculina, el racismo, etc. en todo momento, en un mundo igualitario donde se asegura una existencia confortable y segura para todo el mundo, el proyecto de erradicar el prejuicio se hace finalmente viable.

El Feminismo Socialista: Un Paso Intermedio Efímero

El feminismo radical de Firestone, las Mediasrojas y Delphy representaban un ala del Movimiento de Liberación de la Mujer al principio de los años ’70. En el otro extremo del espectro cientos de las mejores militantes se inscribieron en varias organizaciones ostensiblemente marxista-leninistas. Aquellas que caían más o menos en el medio frecuentemente se identificaban a sí mismas como “feministas socialistas”. Esta corriente, que al final demostró ser un efímero paso intermedio, fue bastante influyente durante la década del ’70, especialmente en Gran Bretaña. Como rechazaban el determinismo biológico del feminismo radical, las feministas socialistas rumiaban con desarrollar un modelo de “sistema dual”, que considerara al capitalismo y al “patriarcado” igualmente como enemigos, pero separados. Las feministas socialistas ampliamente consideraban lo apetecible de un análisis partiendo de un “sistema dual”, pero las dificultades surgieron cuando se intentó encontrar una explicación plausible de cómo estos dos sistemas de opresión, supuestamente discretos pero paralelos, interactuaban. Otro problema espinoso fue cómo el análisis del racismo, del “edadismo” y de las múltiples otras formas de opresión se integraban al modelo dual capitalismo/patriarcado.

Las feministas socialistas tampoco pudieron ponerse de acuerdo en como definir exactamente el sistema de “patriarcado” ni de ¿cuáles eran sus causas: la tozudez masculina?, la envidia?, la envidia del útero y la consecuente obsesión masculina por mantener un control estricto sobre las funciones reproductoras de la mujer?, el lenguaje?, las estructuras psico-sexuales?, los privilegios materiales? La lista es extensa y diferentes teóricas del patriarcado destacaban o combinaban todas las anteriores y otras más.

La actividad política de las feministas socialistas, suponiendo que ésta existió, generalmente tenía un sesgo mayor hacia apoyar la clase obrera que el apoyo brindado por las feministas radicales, pero de otra forma fue muy similar a la de estas últimas. Los marxistas tradicionalmente han apoyado la creación de organizaciones socialistas de mujeres ligadas a la clase obrera y a otros movimientos de los oprimidos, a través del apoyo de un partido revolucionario compuesto por los militantes más concienzudos y dedicados de cada sector. Este movimiento de mujeres sería “autónomo” y separado de los reformistas, los capitalistas y de los líderes vendidos de los sindicatos, pero estaría organizativamente y políticamente ligado a la vanguardia comunista. Las feministas socialistas por el contrario, apoyan la insistencia de las feministas radicales de que sólo un movimiento autónomo de mujeres(en el sentido de que estuviera completamente separado de organizaciones que incluyen a hombres) puede librar una auténtica batalla por la liberación de la mujer.

Pero esto también presentaba problemas cuando se aplicaba al mundo real. Es imposible concebir un movimiento que intente lanzar un reto al dominio capitalista sin intentar movilizar el apoyo de todos los elementos posibles de entre los explotados y oprimidos. El excluir a la mitad de la población desde el mismo comienzo, simplemente sobre la base del sexo, es garantía segura del fracaso. Es más, si uno quiere distinguir entre amigos y enemigos solamente sobre la base del sexo, entonces ¿qué actitud se debe tomar con las mujeres que se alistan en movimientos de derecha o que se incorporan a las filas de los policías y de las rompehuelgas? ¿Y qué decir de las mujeres que pertenecen a la clase dominante? No parece que éstas sean aliadas naturales en la lucha por el feminismo socialista.

Algunas feministas radicales pretendieron “resolver” estos problemas sencillamente declarando que las mujeres que actúan como los hombres (es decir que actúan egoístamente) no son “verdaderas” mujeres. Pero esta no era una opción para las feministas socialistas que aspiraban a desarrollar un punto de vista más científico. Una década después del colapso del movimiento de las feministas socialistas, Lise Vogel, una de sus más claras exponentes, republicó un ensayo que había aparecido originalmente en 1981 intitulado “El Marxismo y el Feminismo: Un Matrimonio Infeliz, Una Separación de Temporal o Algo Más?” En su versión original la Vogel había coqueteado con el espinoso tema de cómo tratar los enemigos de clase femeninos, pero en la versión de 1995 lo enfrentó:

 “Las feministas socialistas sostienen, en contra de ciertas opiniones de la izquierda, que las mujeres pueden ser organizadas con éxito y enfatizan la necesidad de organizaciones que incluyan mujeres de todos los sectores de la sociedad… Es precisamente el carácter específico de la situación de la mujer lo que requiere que tengan una organización separada. En esto las feministas socialistas se encuentran frecuentemente en contra de gran parte de la tradición socialista teórica y práctica. La teoría feminista socialista toma para sí la tarea esencial de desarrollar un marco que guíe el proceso de organizar a las mujeres de diferentes clases y sectores en la creación de un movimiento autónomo de mujeres.”

 —Lise Vogel, Women Questions: Essays for a Materialist Feminism (Los Problemas de las Mujeres: Ensayos para un Feminismo Materialista), 1995

Con esto, la Vogel (hija de padres comunistas, que 30 años antes se había dirigido al sur como una trabajadora por los Derechos Civiles) prácticamente admitió que es imposible reconciliar “feminismo” con “socialismo” —dos ideologías fundamentalmente contrapuestas—utilizando solamente una pleca.

Mientras que los marxistas criticaban las implicaciones del colaboracionismo inter-clases de la llamada a la “unión” de todas las mujeres, las feministas radicales las atacaban desde la otra dirección como “políticas identificadas con los hombres”. Cathrine MacKinnon, una destacada teórica del feminismo radical y colaboradora de Andrea Dworkin, señaló la contradicción política fundamental del feminismo socialista:

 “Los intentos de crear una síntesis entre el marxismo y el feminismo, el llamado feminismo socialista, no ha reconocido ni la integridad de cada teoría por separado ni la profundidad del antagonismo entre ellas.”

 —Toward a Feminist Theory of the State (Hacia una Teoría Feminista del Estado), 1989

El feminismo socialista se desintegró como movimiento político porque la incoherencia de sus postulados impidió a sus seguidoras desarrollar ni un programa, ni una organización, capaz de empeñarse en una lucha social seria. En el mundo real, sencillamente no hay espacio político entre el programa de solidaridad femenina independientemente de las diferencias de clases sociales y el programa de solidaridad proletaria independientemente de las diferencias sexuales. Por ejemplo, las feministas socialistas estaban de acuerdo conque las mujeres trabajadoras llevaban el mayor peso de las reducciones de los programas sociales. Los gobiernos pro capitalistas de cualquier tono político sostienen que el estado ya no puede sufragar el costo de cuidar a los niños, los ancianos o los enfermos; por el contrario, esta responsabilidad es de la familia, es decir, fundamentalmente de las mujeres. ¿Cuáles serían los afiliados naturales para luchar contra estas reducciones? Las mujeres burguesas generalmente apoyan la austeridad del gobierno y la redistribución resultante de las riquezas. Su preocupación primaria es la de no sobrecargar la acumulación privada de capital con el financiamiento público de las necesidades sociales. Por otra parte, los hombres de la clase obrera son los aliados naturales en la lucha contra las reducciones de los subsidios de las guarderías, pensiones por edad, seguros médicos y demás, porque estos programas los benefician a ellos.

Hoy en día, entre los académicos izquierdistas de moda, el analizar la supremacía masculina dentro del marco de la perspectiva materialista pasó de moda; frecuentemente se desprecia el marxismo como irrelevante y su lugar lo toma el “post-modernismo” de Jaques Derrida, Julia Kristeva, Luce Irigaray, Michel Foucalt y Jean Baudrillard. Aunque a veces se identifican ampliamente con la izquierda política, los post-modernistas de hecho representan un regreso al pesimismo histórico reaccionario de Friederich Nietzche, el cual fue acertadamente caracterizado por Jurgen Habermas como el “dialéctico de la Contra-Iluminación”. El post-modernismo ha brindado el fondo pseudo teórico para un nuevo tipo de conservadurismo apolítico de izquierda que rechaza la idea, que es central tanto para la Iluminación como para el Marxismo, de que la sociedad puede ser reconstruida sobre la base de la razón humana: ¡una noción “humanista” en bancarrota según los post estructuralistas y los post modernistas! Michel Barret, una exponente británica del “feminismo socialista” que una vez fue muy influyente, es un ejemplo de este “descenso al discurso”. En la introducción a la reedición de 1988 de su libro Women’s Oppresion Today (La Opresión de las Mujeres Hoy) de 1980, ella escribió:

 “el discurso del post-modernismo tiene como premisa una negación explícita y argumentada de los grandes proyectos políticos que por definición son, tanto el “feminismo”, como el “socialismo”… Los argumentos del postmodernismo representan ya, pienso yo, la posición clave alrededor de la cual probablemente girarán los trabajos teóricos sobre el feminismo en el futuro. Sin duda alguna, este sería el lugar por donde este libro empezaría, si yo lo estuviera escribiendo hoy.”

El ‘Feminismo Cultural’ y el Rechazo a la Política

Muchas feministas en los países imperialistas se han retirado, en un intento de escapar del sexismo de las principales corrientes de la sociedad, a través de la creación de una contra-cultura femenina que involucra al teatro, la música, la “herstory” (historia contada a través de personajes femeninos) y la literatura. El crecimiento del “feminismo cultural” al final de los años ’70 se reflejó en la creciente popularidad de los escritores que contrastaban los supuestos valores femeninos de cuidar, compartir y calidez emocional con las características “masculinas” de avaricia, agresión, ego y lujuria. A diferencia del Movimiento de Liberación de la Mujer de los ’60 —que sacó por primera vez muchos aspectos de la opresión de la mujer del ámbito privado al público—las grandes sacerdotisas del feminismo cultural de los ’90 invocan a “La Diosa” para re-envasar las nociones tradicionales de la esencia femenina, que mercadean con su discurso sobre el “empoderamiento”.

La industria de la “herstory” nos da un ejemplo de esta regresión política. En 1970, cuando una de las principales revistas del movimiento de las mujeres norteamericanas publicó una edición especial sobre “Women in History (Las Mujeres en la Historia)”, su portada proclamaba:

 “Nos han robado nuestra historia. Nuestras heroínas murieron al dar a luz de peritonitis, exceso de trabajo, opresión, y de rabia contenida. Nuestras genios nunca fueron enseñadas a leer ni a escribir.”

 —Women: A Journal of Liberation (Mujeres: Una Revista de Liberación), primavera 1970

Las “herstorians” (historiadoras del papel de las mujeres en la historia) contemporáneas, como Dale Spender, rechazan esto y afirman por el contrario que los historiadores masculinos han sacado de la historia a importantes mujeres artistas, escritoras, científicas y filósofas:

 “cuando aseguramos que la razón de la ausencia de las mujeres [de los registros históricos] no es culpa de las mujeres sino de los hombres, que no es que las mujeres no hayan contribuido, sino que los hombres han ‘manipulado los registros’, entonces la realidad sufre un cambio notable.”

 —Women of Ideas and What Men Have Done to Them (Mujeres de Ideas y Lo que los Hombres Han Hecho con Ellas), 1982

Si el estudio de las contribuciones que las mujeres han hecho en el pasado puede ciertamente inspirar a aquellas inmersas en la lucha hoy en día, el intento de edulcorar la horrible verdad tan sólo puede minar la urgencia de terminar con el orden social responsable de la perpetuación de la opresión femenina. El relegar a las mujeres a la esfera “privada” de las tareas domésticas significa su exclusión, en todos los casos con la excepción de algunos pocos, de la posibilidad de ser participantes principales en el desarrollo histórico de su tiempo. El énfasis en la exclusión de la mujer de los libros de historia sólo sirve para minimizar el tamaño de la herida. Las feministas culturales predican la abstinencia, en vez de la participación, en la actividad política, sobre la base de que inevitablemente conduce a entrar en el dominio masculino:

 “el “tokenism” (falsa política de integración de minorías) – que comúnmente se disfraza como Igualdad de Derechos y nos entrega victorias pírricas – desvía y crea cortocircuitos en la ginergía (energía femenina) y de esta manera el poder femenino, galvanizado bajo consignas engañosas de hermandad femenina, es tragado por La Fraternidad. Este vampirismo del Ser Femenino socava a las mujeres porque les da la ilusión de los éxitos parciales…

 “Este “tokenism” destruye insidiosamente la hermandad femenina, porque distorsiona doblemente el aspecto guerrero de la alianza de Amazonas, cuando lo exalta y cuando lo minimiza. Exalta la importancia de la “lucha de retribución” al punto de hacerla devorar al “ser trascendente” de y en la hermandad femenina, reduciéndolo a una copia de la camaradería. Al mismo tiempo minimiza el aspecto guerrero de Amazona conteniéndolo, desviándolo y cortando su lucha.”

 —Mary Dalky, Gyn/Ecology (Gin/Ecología), 1978

El mismo concepto de opresión, así como la necesidad de luchar contra éste, se desdeña como nociones “masculinas” que deben ser trascendidas:

 “El punto no es salvar la sociedad ni enfocarse en escapar (lo cual sería mirar hacia atrás) sino soltar el Manantial de Ser-en… Si no nos perturban, somos libres de encontrar nuestra propia concordancia, de escuchar nuestra propia armonía, la armonía de las esferas.”

 —Ibíd.

Esta bobada reaccionaria es una repetición feminista de la desmoralización política que llevó a miles de pequeños burgueses de la generación del boom natalicio de los’60 de la Nueva Izquierda a la Nueva Era.

A medida que el progreso material de las mujeres se ha detenido, las feministas que celebran la pasividad y la abstención política prometen la salvación en otro mundo diferente de aquel donde ocurre el verdadero sufrimiento. Esto tiene una cierta lógica ya que, si la opresión de la mujer se deriva de una eterna e inmutable disparidad entre la naturaleza de los sexos, entonces no hay razones para esperar que nada de lo que se haga produzca un cambio significativo. Así que, en vez de participar en la lucha para transformar las instituciones y las relaciones sociales que determinan la conciencia, las feministas de la Nueva Era exhortan a las mujeres a que se embarquen en un viaje espiritual personal hacia el espacio interior. Mary Daly indica que el camino hacia una realización psíquica puede encontrarse en las discusiones con otras mujeres en un lenguaje “escogido” en el cual los significados “masculinos” se revierten:

 “El cortar los lazos/ barreras de la falocracia requiere irrumpir hacia el poder radiante de las palabras, para que al liberar las palabras podamos liberar a nuestro Ser.”

 —Pure Lust (Lujuria Pura), 1984

Mientras se imaginaban a sí mismas embarcadas en un audaz replanteamiento feminista de todo el curso de la existencia humana, las feministas culturales en realidad solamente reflejaban las tendencias conservadoras que eran populares en ese momento entre los intelectuales burgueses. El nuevo feminismo abarca muchas de los planteamientos clave del postmodernismo, incluyendo un enfoque idealista del lenguaje y el “discurso” y menospreciando la significación de la actividad económica y política.

El ‘Trabajo de Mujeres’

Incluso las feministas que no han abandonado del todo la actividad política han abandonado la retórica anti-capitalista del principio de los ’70. Muchas están ocupadas en dirigir clínicas de abortos, centros de terapia por violación y albergues de mujeres. Estos servicios son ciertamente beneficiosos para aquellas mujeres que tienen acceso a ellos y les da a las que los dirigen la satisfacción de hacer algo “práctico”. Sin embargo, estos centros sólo se ocupan de los efectos, no de las causas, de la opresión de las mujeres.

Algunas feministas están también involucradas en campañas para aumentar la representación femenina en trabajos no tradicionales en oficios, profesiones y la administración corporativa. Aunque esto ha creado oportunidades para algunas, y ha ayudado a romper con algunos estereotipos, ha tenido poco efecto en las condiciones en que se encuentran la mayoría de las mujeres, que permanecen atascadas en empleos tradicionalmente “femeninos”.

Se le ha dado mucha significación a la disminución de la diferencia entre los salarios de mujeres y hombres en Estados Unidos en los últimos años: entre 1955 y 1991 los salarios de mujeres trabajando a tiempo completo aumentaron de un 64% a un 70% del salario de los hombres. Pero esto es mayormente resultado de la reducción sufrida en los salarios de los hombres debido a la disminución de empleos de obreros sindicalizados. Los marxistas apoyan la lucha de las mujeres por obtener iguales salarios e igual acceso a todas las categorías de empleo, mientras que reconocen que la maleabilidad del prejuicio sexual en el proceso laboral capitalista impedirá que las mujeres alcancen una verdadera igualdad.

En la mayoría de los casos no hay una base objetiva para designar los empleos como “masculinos” o “femeninos”. La única diferenciación importante entre los sexos en términos de su capacidad de trabajo es que los hombres son, en promedio, más fuertes físicamente que las mujeres. Sin embargo, entre los hombres, aquellos empleos que requieren fuerza física no son particularmente bien remunerados – la pericia, la destreza, la habilidad mental y de organización tienen un mayor peso. La razón por la que los empleos de ejecutivos, de médicos y de pilotos de aerolíneas son predominantemente ocupados por hombres, mientras que los de secretario, enfermeros y aeromozas son ocupados por mujeres tiene mucho que ver con actitudes sociales sexistas y nada que ver con ninguna disparidad de habilidades. En su ensayo de 1959 Nancy Reeves nos da un ejemplo sorprendente del carácter arbitrario de los trabajos de “hombres” y de “mujeres”:

 “en el Medio Oeste [Norteamericano] las “cornhuskers” (las que quitan las hojas al maíz) son tradicionalmente mujeres, mientras que los “trimmers” (los que quitan los granos a las mazorcas) son casi siempre hombres. En el Lejano Oeste ocurre lo contrario.”

El sesgo hacia la supremacía masculina en la sociedad capitalista es tan abarcador y tan maleable, que cuando las mujeres obtienen acceso a ocupaciones previamente reservadas para hombres, rápidamente surgen nuevas barreras, tanto abierta como encubiertamente:

 “En 1973 sólo el 8% de los títulos de abogado [en los Estados Unidos] eran obtenidos por mujeres. En 1990 este por ciento se había incrementado al 42%. Esto es una feminización considerable de una profesión prestigiosa. Sin embargo, el por ciento de mujeres es mucho mayor en los empleos menos remunerados dentro de los abogados, como por ejemplo en clínicas legas, y ellas parecen no poder alcanzar la cima incluso en las áreas más lucrativas de las grandes firmas legales.”

 —Joyce P. Jacobsen, The Economics of Gender (La Economía del Género), 1994

Este mismo fenómeno se observa en el comercio:

 “Los estudios realizados por las Universidades de Columbia y Stanford de las mujeres con títulos de Master en Administración Comercial (MBA) muestran que los salarios iniciales son similares para ambos sexos, pero al cabo de 7 años el salario de las mujeres está un 40% por debajo del de los hombres.”

 —Ibíd.

Incluso entre los bibliotecarios, una de las escasas profesiones “femeninas”, un por ciento desproporcionado de los mejores empleos (posiciones de administradores principales en las bibliotecas de investigación) son ocupados por hombres. Jacobsen apunta que es:

 “difícil encontrar un ejemplo de ocupaciones verdaderamente integradas, donde la proporción de mujeres se acerque a la de su representación en la fuerza laboral, en la que el cambio en la razón de género sea pequeña y en la cual las mujeres no estén segregadas en ghettos.”

Los empleos que con el tiempo han cambiado de ser ocupadas predominantemente por un sexo hacia el otro nos dan otra indicación de la naturaleza sistémica del problema. Uno de los pocos empleos que ha cambiado de ser “femenino” a ser “masculino” es la de recibir los alumbramientos. En 1910 las comadronas recibían la mitad de todos los bebés que nacían en los Estados Unidos, pero este número ha descendido hasta menos del 1% de los nacimientos. Cuando el alumbramiento pasó a ser un suceso que tenía lugar en hospitales bajo la supervisión de médicos (predominantemente hombres) el estatus y la remuneración de este trabajo creció dramáticamente.

Por el contrario, cuando los empleos cambian de hombres a mujeres, el resultado es una disminución tanto del estatus, como del dinero:

 “Aunque antes de la Segunda Guerra Mundial casi no había mujeres cajeras de bancos, en 1980 más del 90% de los cajeros lo eran. A la vez, los salarios y las oportunidades de mejorar la carrera descendieron estrepitosamente. Las profesiones de empleados de oficina en general eran predominantemente masculinas cuando surgieron en grandes cantidades por primera vez como resultado de la necesidad de la revolución industrial de tener personas que procesaran papeles; todos estos empleos son ahora dominados por las mujeres y generalmente se le consideran como un ghetto femenino de empleos.”

 —Ibíd.

Uno de los ejemplos más espectaculares de una mujer irrumpiendo en una categoría de empleo tradicionalmente masculina fue la ascensión de Margaret Thatcher al puesto de primer ministro de Gran Bretaña. No hay duda alguna de que la “Dama de Hierro” logró su ascenso al puesto más alto porque era mejor que sus competidores, sin embargo también es bien sabido que durante su mandato los trabajadores en Gran Bretaña y los pobres (que son, por supuesto desproporcionadamente mujeres) tuvieron que enfrentar ataques de una virulencia sin precedentes. El éxito de la Thatcher puede haber debilitado algunos presupuestos sobre la supremacía masculina y haber inspirado a algunas jóvenes británicas ambiciosas a lanzarse hacia la cima, pero la verdadera lección que nos brinda su carrera es que la base de la opresión social está en la lógica interna del sistema capitalista y no en el sexo del que opera sus palancas.

Feministas Anti-Pornografía

Entre las iniciativas más directamente políticas (y más reaccionarias) llevadas a cabo por las feministas radicales en los últimos años está la campaña para prohibir materiales explícitamente sexuales. (véase “Pornography, Capitalism & Censorship (Pornografía, Capitalismo y Censura)”, 1917 No. 13). A pesar de los desmentidos ocasionales de que ellas no comparten la mojigatería de los grupos de extrema derecha y sus valores familiares, las feministas anti-pornografía se han aliado gustosamente con los extremistas que quieren hacer del aborto un crimen, perseguir a los homosexuales y prohibir la enseñanza de la evolución y de la educación sexual en las escuelas. En muchas jurisdicciones donde las autoridades que hacen valer las leyes han utilizado una propaganda “pro-mujeres” para defender la censura estatal, el blanco principal de las redadas anti-pornográficas ha sido la población gay y lesbiana.

Las feministas que están a favor de la censura arguyen que la opresión de la mujer es producto de la inmanente identidad masculina centrada en una sexualidad inherentemente brutal. Andrea Dworkin, la campeona de las feministas pro-censura en Norteamérica alega que “el sexo y el asesinato están fundidos en la mente masculina, de tal forma que una sin la posibilidad inmanente de la otra es imposible y no puede concebirse.” (“Taking Action” (Actuando) en Take Back the Night (Retomemos la Noche), 1980). Por lo tanto, la pornografía debe ser censurada porque es una manifestación de la “conciencia masculina”.

Además de las feministas pro-censura, hay también feministas pro-maternidad que se distinguen por su obsesión en contra del desarrollo de nuevas tecnologías reproductoras. La “Feminist International Network of Resistance to Reproductive and Genetic Engineering (Red Internacional Feminista de Resistencia a la Ingeniería Genética y Reproductiva)” lanzada en 1984 sostiene que el tema central de las mujeres es la campaña contra el desarrollo de la inseminación artificial y la fertilización in vitro. Si Shulamith Firestone imaginó que los avances en la tecnología de la reproducción allanarían el camino hacia la liberación de las mujeres, estas paranoicas lo ven como el sitio potencial de una nueva esclavitud:

 “Al igual que nos repele la posibilidad de las consecuencias de una guerra nuclear, también nos repele la visión de un futuro en el que los bebés ni se llevan ni nacen, o en el cual las mujeres son obligadas a procrear sólo hijos varones y a matar a sus hijas en estado fetal. Las mujeres de China y de la India ya están transitando este camino. El futuro de las mujeres como grupo está en riesgo y debemos asegurarnos que hemos considerado todas las posibilidades antes de apoyar una tecnología que pudiera significar la muerte de la hembra”

 —Robyn Rowland en Man-Made Women (Mujeres Hechas por Hombres), 1987

Al igual que sus hermanas anti-pornografía, Rowland y otras a favor de la maternidad no han puesto peros a aliarse con la derecha tradicional: “las feministas tendrían que considerar el alinearse con amigos de alcoba extraños: como posiblemente las mujeres de la ultra derecha” (Ibíd.) Los “amigos de alcoba” de Rowland incluyen al racista confirmado Enoch Powell. En 1985 cuando Powell propuso (sin éxito) su “Ley de Protección de los Niños sin Nacer” para prohibir la investigación en embriones y restringir severamente la fertilización in vitro, Rowland habló en una conferencia de prensa para apoyarlo (vea de Marge Bere “Breeding Conspiracies and the New Reproductive Technologies (Las Conspiraciones de Procreación y las Nuevas Tecnologías de Reproducción)” en Trouble and Strife (Problemas y Enfrentamientos), Verano 1986)

La Reacción de Susan Faludi

El centro de gravedad de la escena feminista se ha movido hacia la derecha de los años ’70 hacia acá, pero muchas feministas todavía se identifican con la izquierda, y muchas se han opuesto radicalmente a la cruzada anti pornografía y a muchas otras adaptaciones hacia la derecha. Uno de los libros feministas más influyentes de los `90, el libro de Susan Faludi Backlash: The Undeclared War Against Women (La Reacción, La Guerra No Declarada Contra las Mujeres) (1991) documenta una década de reacciones “a favor de la familia” y pregunta:

 “¿Si las mujeres ahora son tan iguales, entonces por qué tienen muchas más probabilidades de ser pobres, sobretodo después del retiro? … ¿Por qué la media de las mujeres trabajadoras, tanto en Gran Bretaña como en Estados Unidos todavía gana un poco más de dos tercios de lo que los hombres reciben por el mismo trabajo?…”

 “¿Si las mujeres son tan “libres”, entonces por qué sus libertades de reproducción están más amenazadas hoy que hace una década? ¿Por qué las mujeres que quieren posponer el tener hijos hoy tienen menos opciones que las que tenían 10 años atrás?”

Este no es el tipo de pregunta que los medios capitalistas promocionan, como dice Faludi. Su libro nos da muchos ejemplos de cómo la “opinión pública” se crea y se manipula para aislar a las mujeres que se atreven a aspirar a la igualdad social.

Faludi critica a las feministas que rechazan la actividad política para buscar su “crecimiento personal” y claramente apoya la perspectiva de una acción colectiva. Sin embargo, ella es incapaz de explicar los orígenes de los desenvolvimientos reaccionarios que critica, ni de proponer un programa que se les oponga. En vez de esto, ella presenta el rechazo como lamentable, pero a lo mejor parte inevitable, de un gran ciclo de la existencia:

 “Un rechazo contra los derechos de la mujer no es nada nuevo. Es más, es un fenómeno recurrente: regresa cada vez que las mujeres comienzan a tener algún progreso en dirección a la igualdad, parece ser una inevitable helada temprana al fugaz florecimiento del feminismo. ‘El avance de los derechos de la mujer en nuestra cultura, a diferencia de otros tipos de ‘avances’, siempre ha sido extrañamente reversible’ ha dicho Ann Douglas, catedrática de literatura Americana.”

Los logros ganados por las mujeres en los años ’60 y ’70 fueron un producto directo de la lucha política. Pero las concesiones que se les hicieron bajo la presión de las movilizaciones políticas de masas pueden sufrir una inversión cuando surge una configuración diferente de las fuerzas sociales. La lucha por la igualdad de la mujer, al igual que la batalla contra el racismo y contra otras formas de opresión social nunca puede ser totalmente ganada dentro del marco de la sociedad capitalista porque el mantenimiento de los privilegios y de la desigualdad es un corolario inevitable de la preponderancia de la propiedad privada de los medios de producción.

La deficiencia más sobresaliente del libro de Faludi es su tendencia a tratar el rechazo contra los derechos de la mujer en forma aislada. La campaña contra los derechos de la mujer en Norteamérica es sólo uno de los frentes de un asalto reaccionario multilateral. Las técnicas de propaganda que Faludi describe tan bien han sido empleadas también contra otros objetivos de la clase dominante—desde la asistencia social, los sindicalistas, hasta Saddam Hussein.

En una nota al pie de su descripción de la resistencia internacional a los fanáticos contra el aborto “Operation Rescue (Operación Rescate)”, Faludi apunta: “En Nueva Zelanda en 1989 se vieron choques frente a una clínica de Wellington cuando una escuadra de los del Rescate llegó y encontró allí a 30 mujeres que ya habían llegado e intentaban dejar entrar a las mujeres.” Contrariamente a la información de Faludi, los defensores de la clínica incluían tanto a mujeres como a hombres (incluyendo algunos de nuestros camaradas de Nueva Zelanda). Nuestros partidarios jugaron un rol importante en la organización de la defensa de la clínica de Parkview a través de “Choice” —una red de respuesta rápida militante y no excluyente, abierta a todo aquel que esté preparado a defender el derecho al aborto. Una de las lecciones de este trabajo fue la importancia de trazar una línea política y no sobre la base del sexo, en la lucha por los derechos de la mujer.

La Liberación de la Mujer a Través de la Revolución Socialista

El relegar a la mujer al entorno doméstico ha permitido históricamente que muchos asuntos de los derechos de la mujer se descarten como problemas meramente personales. El Movimiento de Liberación de la Mujer de finales de los ’60 vivió una proliferación de “grupos de despertar la conciencia” que exploraron las múltiples vías en que las mujeres habían interiorizado su opresión como un asunto personal y hasta donde la sociedad trata la subordinación de la mujer como una condición “natural” de la existencia.

Las restricciones legales e institucionales al acceso al aborto, el control de la natalidad, la asistencia médica y el empleo son todas claramente problemas “políticos”. Pero la opresión de la mujer también comprende las actitudes y presupuestos sociales y psicológicos con profundas raíces resultado de miles de años de dominación masculina. Las niñas aprenden desde el comienzo de su vida que no pueden aspirar a todo lo que los varones pueden aspirar. Los presupuestos misóginos están tan profundamente inscritos en nuestra cultura que muchos aspectos de la opresión de la mujer son prácticamente invisibles, incluso para personas comprometidas con la lucha por la liberación de la mujer. Por ejemplo, cuando las feministas propusieron la introducción de un lenguaje que fuera neutral respecto al genero (es decir, el uso de Ms en vez de Mrs. o Miss…) algunas publicaciones marxistas del ala izquierda resultaron ser más resistentes al cambio que la prensa burguesa de línea media.

La vida de muchas mujeres son truncadas o deformadas por el acoso sexual, la violación o la violencia doméstica a manos de los hombres. Aunque tiene lugar entre individuos, este comportamiento patológico, igual que otras formas de opresión de la mujer, son problemas sociales. No pueden ser eliminados hasta que el sistema social que los produce, y hasta cierto nivel los anima, es reemplazado por uno que cree las condiciones materiales para el surgimiento de una cultura imbuida de valores fundamentalmente diferentes. La liberación de la mujer no puede ser alcanzada dentro de la arena de nuestra vida personal. No es suficiente el compartir las labores domésticas más equitativamente dentro de la familia – lo que se necesita es que las guarderías, la limpieza del hogar, la preparación de comidas, etc. se transformen de responsabilidades individuales a responsabilidades sociales. Pero esto no es posible a menos que se logre una reconstrucción total de la sociedad – el reemplazar la anarquía capitalista por una economía socialista planificada administrada por los mismos productores.

Al igual que la liberación de la mujer está inexorablemente ligada al resultado de la lucha de clases, de la misma manera el destino de una revolución social depende de la participación y el apoyo de las mujeres pobres y de las trabajadoras. Como señaló Karl Marx en una carta del 12 de diciembre de 1868 a Ludwig Kugelmann: “Cualquiera que sepa algo de historia sabe que una gran revolución social es imposible sin el fermento femenino.” Los revolucionarios tienen que participar activamente en las luchas sociales para defender y promover la igualdad femenina. También es necesario impulsar el desarrollo de líderes femeninas dentro del movimiento socialista, porque sólo a través de la participación en la lucha para virar al mundo al revés es que las mujeres pueden abrir el camino de su propia emancipación y crear las circunstancias materiales para erradicar el hambre, la explotación, la pobreza y los efectos de miles de años de supremacía masculina. Esta es una meta por la que vale la pena luchar.

La Opresión de la Mujer—No Está en Nuestros Genes

La opresión de la mujer, la forma de opresión social más universal y profundamente enraizada, es característica de la sociedad capitalista, pero al contrario de la opresión racial, antecede al capitalismo. En su significativo estudio de 1884 El Origen de la Familia, la Propiedad Privada y el Estado, Frederick Engels anotó que en las sociedades que se basan fundamentalmente en la caza y la recolección, donde todos los miembros de la tribu trabajaban, y en las que la propiedad era común, las mujeres no tenían un estatus de segunda clase. Anotó además que la subordinación de la mujer surgió paralelamente al desarrollo de clases sociales diferentes basadas en la propiedad privada. La conclusión que Engels sacó de esto fue que la supremacía masculina, que de diferente forma ha caracterizado a todas las civilizaciones conocidas, no es producto de diferencias biológicas predeterminadas entre los sexos, sino un fenómeno históricamente determinado.

La capacidad única a la mujer de gestar al hijo/a y amamantarlo/a dio lugar a una división natural del trabajo a lo largo de líneas sexuales en la sociedad primitiva, pero esta distinción no se tradujo automáticamente en un estatus inferior. Sólo con el advenimiento de las clases sociales fue que las mujeres fueron gradualmente excluidas de una participación plena en las actividades económicas y políticas principales y relegada al hogar. Si la forma, el grado y la intensidad de la opresión de las mujeres ha variado en las diferentes sociedades y en períodos históricos diferentes, siempre ha estado firmemente ligado al rol de la mujer de ser reproductora de la siguiente generación. Esto a su vez es finalmente moldeado por los requerimientos del modo de producción que prevalece y la estructura social que lo acompaña.

La subyugación de la mujer bajo el “libre mercado” capitalista está enraizada en su rol central dentro de la familia como suministradora sin paga de los servicios domésticos necesarios para el mantenimiento de la sociedad. Estas funciones incluyen la responsabilidad primaria de la comida, la ropa y la limpieza; el cuidado de los muy jóvenes, los ancianos y los enfermos; y la de satisfacer las variadas necesidades emocionales y psicológicas de todos los miembros del hogar. La familia suministra estos servicios en forma más barata para la clase dominante (tanto en términos económicos como políticos), que cualquier otra alternativa. La necesidad de mantener la familia como unidad básica en las sociedades divididas en clases constituye de esta forma la base material para la subordinación de la mujer.

Mientras Engels escribía esto, la investigación de las sociedades primitivas humanas estaba en pañales y el material empírico en el cual se basa su recuento era limitado y en algunos aspectos importantes, equivocado. Pero esto no resta en nada la importancia de su anotación de que la opresión de la mujer es una creación social. Hasta hace relativamente poco tiempo, la mayoría de los científicos sociales burgueses veían la dominación masculina como una norma universal, y generalmente presumían que tenía una base biológica. Sin embargo, durante las ultimas décadas muchos antropólogos han comenzado a aceptar la idea de que por cientos de miles de años existieron sociedades cazadoras y recolectoras que eran esencialmente igualitarias con respecto a los sexos.

Esto tiene claramente implicaciones políticas de largo alcance, pero casi nunca se informa en los medios masivos. Una excepción fue la edición del 29 de marzo de 1994 del New York Times en el que se publicó un pequeño trabajo titulado “Sexes Equal on South Sea Isle (Igualdad de Sexos en Isla del Mar del Sur)” donde se discutía los trabajos de la Dra. María Lepowsky, una profesora de antropología de la Universidad de Wisconsin. En su libro de 1993,Fruit of the Motherland (Los Frutos de la Patria), Lepowsky describía la isla de Vanatinai, una isla aislada al sureste de Nueva Guinea donde “no hay una ideología de la superioridad masculina y no hay un poder coercitivo masculino ni una autoridad formal sobre las mujeres.” En Vanatinai:

 “Hay mucho solapamiento entre los roles y las actividades de las mujeres y los hombres, con las mujeres ocupando roles públicos que generan prestigio. Las mujeres comparten el control de la producción y la distribución de los bienes valiosos y heredan propiedades. Las mujeres, al igual que los hombres, participan en el intercambio de bienes, organizan fiestas, ofician en rituales importantes como los de la siembra de la yuca o la curación, aconsejan a sus parientes, hablan y son escuchadas en reuniones públicas, poseen un conocimiento mágico valioso y trabajan a la par en la mayoría de las actividades de subsistencia.”

El rol prominente que juegan las mujeres en la isla se dice que es “taubwaragha”, que se traduce como “el camino de los ancestros”. En Vanatinai se espera que los hombres ayuden en el cuidado de los hijos/as e inclusive el lenguaje es neutro respecto al género – no hay pronombres como “él” o “ella”. En las conclusiones de su libro Lepowsky comenta:

 “El ejemplo de Vanatinai nos sugiera que la igualdad sexual se facilita por una ética general de respeto y de igual tratamiento de todos los individuos, la descentralización del poder político, la inclusión de todas las categorías de personas (por ejemplo, mujeres y minorías étnicas) en posiciones públicas de autoridad… El ejemplo de Vanatinai muestra que la subyugación de las mujeres por los hombres no es universal a lo humano y no es inevitable.”

BOLETIN TROTSKISTA Nº 5: LCI vs. TBI

BOLETIN TROTSKISTA Nº 5:

LCI vs. TBI

El texto completo del panfleto de la LCI: ” ¿QUÉ ES LA TENDENCIA BOLCHEVIQUE INTERNACIONAL? Con la replica punto por punto.

[Copiado de http://www.bolshevik.org/espanol/TB/tb5_extractos.html]

ACLARACIÓN AL LECTOR

La presente son extractos del BOLETIN TROTSKISTA Nº 5, “LCI VS. IBT”, publicado por la Tendencia Bolchevique Internacional que reimprime la totalidad del contenido de un material de la Liga Comunista Internacional (LCI, encabezada por la Liga Espartaquista de los EEUU) intitulado ” ¿Qué es la Tendencia Bolchevique Internacional?, y la replica punto por punto.

Hemos traducido una porción del intercambio con la LCI referida la Cuestión Rusa ( puntos 18-28) y en poco tiempo más ser traducida al español el contenido total del Boletín Trotskista Nº5.-

INTRODUCCIÓN

León Trotsky, el gran revolucionario Ruso, remarcó que los centristas tendían a despreciar a los revolucionarios por su “preocupación activa por la pureza de principios, claridad de posición, consistencia política y organizativa”. Nosotros tomamos estas cosas seriamente. Un panfleto reciente de la Liga Comunista Internacional (LCI, centrado en la Liga Espartaquista de James Roberston), intitulado: ¿ QUE ES LA TENDENCIA BOLCHEVIQUE INTERNACIONAL?, procura demostrar que la “TBI es un animal político de una clase dudosa y bizarra”. A pesar del sectarismo histérico y carente de principios políticos de los seguidores de Robertson, nosotros proponemos responder a cada uno de las críticas hecha por la LCI. Lenin una vez remarcó que en cualquier disputa política es necesario:

” Estudiar calmadamente y con gran objetividad, primero la sustancia de las diferencias de opiniones, y luego de ello, el desarrollo de las luchas en el interior del partido. Ninguno de ello se puede hacer si no hay documentos publicados de ambos lados. Aquel que toma la palabra del otro es un idiota sin esperanzas, que se puede disponer con el simple gesto de la mano”

Tenemos por lo tanto que reimprimir cada párrafo del panfleto de la LCI con una respuesta. Consideramos que la LE ha sido un grupo políticamente muy importante- indudablemente vital en la cadena de la continuidad revolucionaria. En el primer número de nuestro periódico 1917 nosotros declaramos:

 “Nosotros nos basamos en los documentos de los cuatros primeros congresos de la Internacional Comunista, en la lucha de la Oposición de Izquierda contra la contrarrevolución política del estalinismo, en los documentos fundacionales de la Cuarta Internacional y en las tradiciones revolucionarias del Partido Socialista de los Trabajadores (PST) liderada por James Cannon desde los ¨30 hasta los ¨50. La dirección del PST abandonó la lucha por la construcción de una vanguardia Trotskista a principios de los ¨60 a favor de la confianza en el proceso objetivo de la historia (personificado, en primera instancia, por Fidel Castro). La Tendencia Revolucionaria, progenitor de la Liga Espartaquista (LE) nació en la lucha contra las implicaciones liquidacionistas del sucedáneo castrista de la mayoría del PST. A través de los `60 y `70 la herencia programática del trotskismo fue representada por la Tendencia Espartaquista. Esta tradición la reclamamos como nuestra.”

La actitud de la Liga Espartaquista hacia la TBI( y nuestro predecesor Norte Americano, la Tendencia Externa de la Tendencia Internacional Espartaquista (TR/TIE)), ha fluctuado considerablemente en los años. Inicialmente la dirección de la LE estaba preparada en entrar en un intercambio político escrito de manera sustantiva con nosotros ( dos de los cuales fueron publicados como Boletines Trotskistas) Después de un tiempo la dirección de la LE/TIE dejó las polémicas políticas y procuró, en su lugar, crear una línea dura contra nosotros, combinando la intimidación física y las calumnias. La dirección de la LCI continúa criticándonos políticamente por un lado, y por el otro, denunciándonos como anti-comunistas amargados: y con una “obsesión antinatural” con la LE, y por ende ” dudosos e incluso ” como COINTELPRO”. Internamente, la considerable atención fue pagada, endureciendo a su militancia contra nosotros. No rechazamos la atención política que nosotros le hemos dado a la LE/TIE. La LE se mantiene como un importante competidor político a nivel internacional, no solamente por razones históricas, sino porque, a primera vista, se asemejan a nosotros, porque tienen políticas sustancialmente similares a las nuestras. En suma, a la variedad de polémicas, nosotros hemos producido muchos artículos, evaluando críticamente la historia de la LE/TIE, en particular de octubre de 1982: “Declaración de la Tendencia Externa de la TIE” y en 1985 un artículo intitulado “El camino a Jimstown”( publicado en el cuarto y último número del Boletín de la Tendencia Externa de la TIE). Nosotros también publicamos una extensa entrevista a Geoff White, uno de los dirigentes originarios de la TR/LE en ” 1917″. La actitud de la dirección de la LE/LCI hacia nosotros es sumamente contradictoria. Ellos han escrito más polémicas contra nosotros que con ninguna otra tendencia, pero somos el único grupo izquierdista que ellos rehúsan debatir en público. Ellos obviamente sienten que un intercambio libre y completo no puede ser ventajoso para ellos.

Nosotros, por lo tanto, nos hallamos en la posición inusual de dar la bienvenida la publicación de este ataque. A pesar de las manipulaciones y de las tergiversaciones de los hechos (como también las mentiras), ensambla las principales posiciones de su polémica contra nosotros en un solo documento. Esto nos permite a nosotros presentar una respuesta detallada a cada uno de los cargos y deberíamos, esperamos, permitir al lector interesado a sopesar los méritos de los argumentos de ambos lados.

– Febrero de 1996

*****

Hemos numerado cada uno de los párrafos del panfleto de la LCI en el orden en que aparecen con nuestros comentarios intercalados. cada palabra de los textos de la LE es reproducido abajo exactamente como fueron publicados. Nótese que en la edición de la web, a los efectos de la claridad, los textos del panfleto de la LCI esta en negritas, mientras que la respuesta de la TBI esta hecha sin negritas. También cada sección de los párrafos numerados con el texto original de la LCI y de la TBI está marcada por una línea horizontal.

¿ QUE HACE MARCHAR A LA IBT? ANTI-SOVIETISMO

 Desde su inserción, la TB reclaman sostener muchas posiciones en común con nosotros. Por ejemplo, ellos levantan también la consigna ” Parar la contrarrevolución de Solidaridad en Polonia”. Pero cuando la cuestión de parar a Solidaridad se tornó más urgente, ellos se volvieron locos con relación a nuestra declaración que los estalinistas del Kremlin intervinieran militarmente, en la manera necesaria y brutal, y que nosotros apoyaríamos esto, y tomaríamos la responsabilidad por cualesquiera que sean las atrocidades que pudieran cometer. La posición Trotskista de defensa incondicional de los estados obreros deformados y degenerados significa exactamente, por ej: sin condiciones. Para la TB esto era simplemente la evidencia de nuestra supuesta “Stalinofobia”.

Nº18

Este párrafo es de una perversión statinofóbica de la posición trotskista de defensa militar incondicional de los estados obreros burocratizados. Como hicimos notar en el Boletín de la Tendencia Externa Nº1:

“Los trotskistas dan un apoyo militar incondicional a los regímenes estalinistas en su batalla contra la contrarrevolución interna ( ej. Solidaridad) o contra las fuerzas capitalistas externas (ej. Finlandia en 1940). Esto es una cuestión bastante diferente que extenderse al apoyo político a los estalinistas. Nosotros no asumimos la responsabilidad por los crímenes de los estalinistas contra la clase obrera- sea en el curso de la defensa militar de las formas de propiedad proletariado de otra características. Apoyo militar es extensivo a pesar de dichos crímenes”

La voluntad de la LE de ” tomar la responsabilidad por cualesquiera de las atrocidades que los ( estalinistas) pudieran cometer” es precisamente lo opuesto de la posición llevada adelante por León Trotsky en el contexto de la defensa de la URSS contra la Alemania nazi en la Segunda guerra Mundial :

“Mientras armas en mano ellos intentar hacer volar a Hitler, los Bolcheviques- Leninistas al mismo tiempo conduciremos la propaganda revolucionaria contra Stalin preparando su derrocamiento en un próximo y quizás un periodo cercano.

“Esta clase de ” defensa de la URSS” naturalmente se diferenciara, como el cielo lo hace de la tierra, de la defensa oficial que ahora es conducido por la consigna “Por la Patria y por Stalin”. Nuestra defensa de la USSR es llevada a cabo bajo la consigna ” Por el Socialismo. Por la Revolución Mundial. Contra Stalin”

En Defensa del Marxismo( énfasis original)

La consigna contra Stalin, significa que en vez de ” tomar la responsabilidad por los crímenes de los burócratas contra la clase obrera, la Cuarta Internacional se opone a dichas atrocidades cometidas por Stalin y la casta que él representaba

En una veta similar, ellos aúllan en una declaración publicada en Vanguardia Obrera, después de la repentina muerte del entonces líder de la USSR, Yuri Andropov, que se lee lo siguiente: ” El buscó cambiar los peores excesos de la burocracia. El procuró aumentar la productividad de las masas Soviéticas. El no traicionó a favor del imperialismo. El no era amigo de la libertad”. La TB condenan esta declaración equilibrada como una ” eulogía” estalinofóbica. Es que la TB tomó tal declaración como una ofensa, lo que simplemente no es más que su propia capitulación a la Guerra Fría antisoviética. Mientras ellos sostienen posiciones que no es más que una visión distorsionada de nuestra propia Cuestión Rusa, no solamente nosotros, pero la totalidad de la izquierda del frente popular anti-soviético saben que la TB no es serio ( esto fue evidenciado por el hecho que la TB es bienvenida a las protestas radicales, reuniones y marchas, donde los espartaquistas regularmente son excluidos)

 Nº19

El origen de nuestros intercambios extensos acerca de Yuri Andropov ( ver Boletín Trotskista Nº 1) fue la decisión de la dirección de la L.E. de nombrar a uno de sus contingentes en las demostraciones anti- fascistas en Washington DC en 1982, la “Brigada Yuri Andropov”. Como hicimos notar en nuestra carta originaria ( 13 de diciembre de 1982) al respecto: ” En los niveles más generales, Andropov y los burócratas, como él representa a todo lo contrapuesto por lo que luchó Trotsky: ” Nosotros les recordamos a la LE que ” Uno de los fundamentos del Trotskismo es que la efectiva defensa de la Unión Soviética está estrechamente ligada a la necesidad de la revolución política proletaria contra Andropov y su casta…”

Cuando Andropov falleció, y Vanguardia Obrera colocó un obituario con su foto en la primera plana, nosotros comentamos:

“Notamos que Andropov alcanzó el 75% de aprobación en su casilla fúnebre de Vanguardia Obrera Nº 348. Tres de cada cuatro no está mal. Pero nosotros no lo aprobamos tan elevadamente. El fracaso de Andropov de hacer cualquier “traición manifiesta a favor del imperialismo” puede atribuirse propiamente al corto tiempo que estuvo en el poder. El, ciertamente no envió mas MIG a Nicaragua o AK47 a los izquierdistas salvadoreños que su predecesor. El deseaba elevar la productividad – pero gran cosa, también lo deseaba Stalin, Krushchev y Breshnev.( En cualquier caso, los Trotskistas debemos observar cualquier esquema diseñado por la burocracia escépticamente, desde que usualmente tiene un carácter anti- obrero. Trotsky nunca apoyo el Stajovismo) Cualquier burócrata sensible se va a interesar en cambiar ” los peores excesos de la burocracia a efectos de aumentar la eficiencia, seguridad y estabilidad del régimen. Vuestra pequeña homilía por Andropov, esta focalizada en sus intenciones subjetivas, mas que la inevitabilidad objetiva, e incluso necesidad, de corrupción e ineficiencia en una economía planificada llevada a cabo por los jerarcas burocráticos y la policía secreta. Uds. adoptan una postura semi- deutscheriana y, aparecerá, una conclusión semi – deutcheriana. ” La clase obrera no perdió nada cuando falleció Yuri Andropov. A pesar que su carrera como burócrata estalinista estaba concluida por una enfermedad renal, mas bien que una clase obrera soviética insurgente, determinada a aplastar el dominio de los Brezhnevs, Chernenkos y Andropovs y retomar la senda de Lenin y de Trotsky”.

 Carta a la LE 22 de abril de 1984, reimpresa en BTE Nº3.

Durante los últimos tiempos como jefe de la KGB, Andropov, vigorosamente suprimió la vida política en la URSS, Vanguardia Obrera del 13 de febrero de 1976 publicó un artículo intitulado: “Paren la Tortura Psiquiátrica Estalinista”. La entonces revolucionaria LE no tenía dificultad alguna de denunciar ” las atrocidades repulsivas de la burocracia estalinista”. En su temprana carrera, en 1956, Andropov jugó un rol clave en la represión del movimiento obrero Húngaro, un punto que hicimos saber a la LE en nuestra carta de abril de 1984. Nosotros citamos a Bill Lomax, una autoridad del levantamiento Húngaro:

“Lomax observa que: ” en los primeros meses de supresión militar directa de la revolución, Andropov era efectivamente el jefe Soviético … Era en el período de los últimos remanentes en que la resistencia armada fue arrasada, y las organizaciones obreras e intelectuales destruidas, y decenas de miles de Húngaros arrestados e internados…” Esto es una poderosa acusación de la decisión de la dirección de la LE/EEUU de deshacerse de su herencia Trotskista por la asociación con este no lamentado burócrata estalinista.”

Finalmente, nosotros mismos a menudo somos sujetos de exclusiones políticas por las diversas corrientes seudo izquierdistas ( como lo es la LE) , una de las razones de la particular impopularidad de la LE es en razón de lo que surge de la memorable frase de Alexander Cockburn, ellos comúnmente actúan como “estúpidos”. Nosotros levantamos las tradiciones de la democracia obrera y constantemente nos hemos opuesto a la exclusión de la LE ( o de cualquier otro grupo de izquierda) de eventos en el movimiento obrero.

En una temprana polémica contra la entonces Tendencia Externa, nosotros remarcamos: ” Si la TE fuera más honesta, ellos admitirían que odian cuando vivamos a la intervención militar del Ejército Rojo Soviético en Afganistán ( ver ” La Tendencia Externa: De pastelitos de crema a envenenamiento de comida” Vanguardia Obrera Nº 349, Marzo 2 de1984) Cuatro años después, ellos finalmente renunciaron abiertamente y denunciaron nuestro llamado: “Viva el Ejército Rojo en Afganistán” arguyendo que ese no era ” una consigna Trotskista porque le decía a los obreros que confiaran en los estalinistas, pongan su fe en los estalinistas, viven a los estalinistas”.

 Al contrario, nuestras vivas a la intervención del Ejército Soviético estaba basada en el reconocimiento que, cualesquiera de las intenciones de los burócratas venales del Kremlin, esta ación militar ofrecía la posibilidad de extender los logros de la Revolución de Octubre a Afganistán. Muchos soldados Soviéticos se vieron a sí mismos cumpliendo un deber internacionalista luchando para derrotar a las fuerzas de la reacción Islámica financiada por el imperialismo. Pero para que dicho internacionalismo fuera completo requería, como lo puntualizamos, una revolución política que expulsara a los burócratas estalinistas del Kremlin y retornarán al programa del internacionalismo proletario del Partido bolchevique de Lenin y de Trotsky.

Nº 20-21

Uno difícilmente pueda adivinar de la lectura de la polémica de la LE, que nosotros lo que propiciamos es sustituir la consigna “Victoria Militar al Ejercito Soviético” en Afganistán, en vez del llamado de la LE de: “Viva el Ejército Rojo”. Solamente en forma ocasional, la LE hizo mención de la necesidad de una revolución política para desalojar a los ” burócratas corruptos del Kremlin” (incluyendo, presumimos a Yuri Andropov) En los primeros años de existencia, la Tendencia Externa de la TIE abrazó la consigna ” Viva el Ejército Rojo” como una declaración enfática de que lado nosotros estábamos en el conflicto. Con las correcciones consiguientes, mantuvimos nuestra posición de apoyo militar a los Soviéticos y sus aliados Afganos contra los reaccionarios mujaidines respaldados por la CIA, mientras se definía la mejor formulación para comunicar esto. Nosotros explicamos nuestras razones en un artículo intitulado: “Doblando el palo muy lejos….Sobre la Consigna “Viva el Ejército Rojo!”:

 “El problema con la consigna ” Viva el Ejército Rojo en Afganistán” es que falló en distinguir entre el apoyo político y militar. El Ejército Soviético ( que oficialmente no se llama Ejército Rojo” desde 1946) es el brazo militar de la burocracia del Kremlin. Las políticas para el ejército son los de la burocracia. Su rol, por lo tanto, es contradictorio, como de la burocracia misma. En cuanto a que el ejército Ruso defienda la Unión Soviética contra el imperialismo ( y este fue por ende el propósito de ir a Afganistán), estamos militarmente de su lado. Si destruye estructuras sociales opresivas y las reemplazan con la propiedad colectivizada en las áreas bajo su control ( y esta fue indudablemente una de las probabilidades de la intervención soviética), apoyaremos dichas medidas. Pero apoyar acríticamente al Ejército Soviético ( ej. vivarlo) nos pondría en la posición de tenernos que disculpar cuando los estalinistas se acomoden al status quo social o realicen una cobarde retirada. Y, no es sorprendente, que esto es lo que exactamente han hecho en Afganistán.

“….LE, deliberadamente avanza en esta formulación angular a cara de la ola de anti- sovietismo que estaba arreciando en los EEUU. Loable como este impulso pudo haber sido visto , no hay nada alrededor acerca del hecho que tomándolo literalmente dicha consigna y por si mismo, la misma puede llevar a adoptar políticamente el rol Soviético en Afganistán.

“…El llamado por ” La Victoria Militar del Ejercito Soviético” corresponde a la situación concreta en Afganistán, porque nos coloca del lado soviético en la batalla, pero sin responsabilizarnos por las traiciones de los Estalinistas”

1917 Nº 5.

En otra polémica, la LE procuró defender dicha posición expresando que los Trotskistas habían ” vivado” a las tropas Soviéticas durante la segunda Guerra Mundial. Nosotros replicamos lo siguiente en 1917 Nº 7:

” La cuestión de ” vivar” a las tropas Soviéticas es de 1939, durante la lucha histórica fraccional en el Partido Socialista de los Trabajadores de los EEUU, contra la oposición revisionista, liderada por Max Shachtman, quien no deseaba defender a la USSR. Shachtman tenía una agenda diferente que sus contemporáneos de la LE, pero él comparte sus mismos intereses en borrar la línea entre apoyo político y militar a la USSR en conflictos con estados capitalistas. Es así que aquel preguntó: si la USSR continuaba siendo aún un Estado Obrero, “por qué la mayoría no propone en vivar el avance del Ejército Rojo en Polonia..” como lo hicieron los revolucionarios en los días de Lenin. En respuesta, Trotsky explicó bastante claramente porque la Cuarta Internacional no propuso “vivar” al Ejército Rojo de Stalin:

” Lo nuevo en la situación (comparado a 1920) es la bancarrota de la Tercera Internacional, la degeneración del estado Soviético, el desarrollo de la Oposición de Izquierda, y la creación de la Cuarta Internacional…Y todos estos eventos explica suficientemente porque hemos cambiado radicalmente nuestra política hacia el Kremlin, incluyendo su política militar”

En defensa del Marxismo-

En la polémica contra nosotros en este punto, la LE manifiesta que, llamando por ” victoria militar ” mas bien que ” vivar” a la intervención soviética, estamos dirigiéndonos directo al Tercer campo. Nosotros respondimos en una carta de fecha 8 de abril de 1988 proponiendo ” un debate público sobre esta cuestión – sea en Nueva York o en Toronto- en la fecha más próxima conveniente para ambos”. Pero la LE no mostró interés . Ellos estaban advertidos que la retirada Soviética de Afganistán subrayaba el problema con las ” vivas” a la intervención de Brezhnev en primer lugar.

La retirada Soviética de Afganistán en 1989 – ordenada en nombre de la ” coexistencia pacífica” con el imperialismo- fue el paso que abrió a la contrarrevolución capitalista que engulliría a la Unión Soviética unos pocos años después. Interesados de quitarse de encima la ” Cuestión Rusa” y las posiciones nominales de ser defensistas soviético en el tiempo del contragolpe de Yeltsin en agosto de 1991, el BT se apresuró a proclamar que el estado obrero degenerado soviético había sido destruido. Ellos alegremente escribieron como adelanto ( pero a la lejanía y ciertamente no en ruso) la imposibilidad que cualquier acción decisiva de la clase obrera pudieran arrasar a Yeltsin y sus partidarios y abrir el camino para una revolución política contra la panoplia completa de la burocracia estalinista, que estaban muy ocupada vendiendo al país a los capitalistas.

Mientras que reconocíamos que el poder estatal había sido decisivamente fracturado por los eventos de Agosto, la LCI miraba para encender la chispa de las acciones defensivas de la clase obrera y en defensa de la propiedad colectivizada. Nosotros distribuimos decenas de miles de volantes:” Obreros Soviéticos: Derrotar la Contrarrevolución de Yeltsin- Bush” en toda la Unión Soviética. Fue así cuando estuvo totalmente claro que la clase obrera no se iría a moverse contra Yeltsin, quien rápidamente consolidó un aparato estatal capitalista, nosotros reconocimos que el estado Obrero Soviético había sido definitivamente destruido.

N° 22-23

Los cargos de la LE hacia nuestro reconocimiento en aquel entonces del significado de la victoria de Yeltsin sobre los decrépitos golpistas Stalinistas de Yanayev, era el resultado de nuestra ” voluntad de quitarse de encima a regañadientes la Cuestión Rusa”. Pero esto difícilmente puede explicar porque los caciques imperialistas , los miembros del ejército Soviético y la mayoría en el resto del mundo llegó a la misma conclusión que nosotros llegamos sobre el significado del golpe abortado.

Nosotros no estamos “felices” de ” no escribir” el estado obrero degenerado Soviético, pero, como Trotsky dijo, los Marxistas “tienen que mirar a la realidad directamente” y ” hablar al verdad a las masas, sin importar cuan amarga que esta pueda ser”. Y lo hicimos. En nuestra declaración de septiembre de 1991 acerca de la victoria de Yeltsin (intitulada “Defender el estado Obrero Soviético contra el ataque de Yeltsin – La Contrarrevolución Triunfa en USSR”) observamos:

 ” La victoria de la corriente abiertamente pro-capitalista alrededor de Boris Yeltsin después del colapso del golpe destruyó el poder estatal creado por la revolución de Octubre de 1917. Esto representa una derrota catastrófica no solo a la clase obrera soviética, sino también al resto de los obreros.”

 …

“El momento hacia la restauración capitalista ha sido edificada en la Unión Soviética en los últimos años. Toda la evidencia disponible nos lleva a concluir que la derrota del golpe y la asunción al poder de los elementos comprometidos en la reconstrucción económica sobre bases capitalistas constituye cualitativamente el punto culminante.”

Nosotros también remarcamos:

 ” Nada se ha perdido por parte de la clase obrera Soviética. Los gobiernos pro-capitalistas que ellos alzaron al trono son extremadamente frágiles, y todavía no han consolidado sus propios aparatos estatales de represión. La mayoría de la economía permanece en manos estatales, y los Yeltstinistas encaran la formidable tarea de restaurar el capitalismo sin el apoyo de una clase capitalista nativa. La resistencia obrera a los ataques a sus derechos y bienestar, involucran, por lo tanto , a un gran numero de elementos en defensa del status quo socio-económico. El régimen burgués embrionario formándose ahora en la ex USSR puede ser barrido mucho más fácilmente que un estado capitalista maduro

 ” Nada de ello, sin embargo , puede cambiar el hecho que ahora los obreros deberán pelear en un terreno fundamentalmente desventajoso para ellos. Ellos no se han constituido como fuerza política independiente, y se mantiene extremadamente desorientada. El aparato estalinista – el cual tenía un interés objetivo en mantener la propiedad colectivizada- ha sido destruido. Mas resistencia por parte de los estalinistas , no es probable, desde que fracasaron en el examen político decisivo, y aquellos camaradas que intentaron resistir, ahora están en retirada forzada, en la cárcel o muertos. En corto tiempo, el mayor obstáculo para la consolidación de un estado burgués ha sido efectivamente removido. Antes del golpe, la resistencia masiva de la clase obrera a la privatización hubiera divido a la burocracia estalinista y sus defensores armados. Ahora la lucha obrera para revertir a los restauracionistas están frente ” a cuerpos de hombres armados” dedicados a los objetivos de los capitalistas occidentales y sus aliados internos. Este poder estatal incipiente debe ser desarmado y destruido por los obreros”.

Por contraste, la LE dijeron que el estado obrero Soviético fue “decisivamente fracturado” , pero que se mantiene vivo. Esto resulto en un titular de otoño de 1992 del “Espartaquista de Australasia”, que dice:” La USSR Está Pendurando”.

Un joven de la TBI, que fue miembro de la LCI en el tiempo del golpe , puntualizó en una carta abierta a la LE( reimpresa en 1917 Nº 16) que, “después de más de tres años desde Agosto de 1991, la LE no puede decir que la USSR ha cesado de existir como estado obrero”. El puso el dedo en el problema metodológico de la posición de la LE:

“La LE escribe que Yeltsin llevo a cabo un ” trozo de consolidación del estado capitalista”(WV No. 564) . En la práctica esto puede significar que Rusia era 80% un estado obrero y el 20% restante un estado capitalista, después un 40% de estado obrero y un 60% de estado capitalista, etc. Esto es ridículo! Revolución y Contrarrevolución no son trozos de procesos . Esto es ir contra las enseñanzas Marxistas acerca del Estado. Solamente una clase puede detentar el poder estatal al mismo tiempo, la clase obrera o la clase capitalista…

“La posición de la LE implica que…la USSR bajo Yeltsin fue inicialmente un estado obrero con un gobierno burgués, que gradualmente fue transformándose hasta llegar a ser más adelante en un estado burgués en un punto desconocido?

“Si, como dice la LE, el programa genera teoría , que programa puede haber generado la teoría de un trozo de contrarrevolución en la USRR? Trotsky lo hubiera denunciado como ” reformismo al revés”. La respuesta esta en Agosto de 1991, cuando la contrarrevolución realmente triunfó, la LE se abstuvo en el momento decisivo por ej., no dio apoyo militar a ninguno de los lados… Lo que hace más dificultoso a la LE admitir estar equivocada, máxime por hecho de que uno de sus competidores principales en el movimiento obrero la Tendencia Bolchevique Internacional, estaba en lo correcto de apoyar a los golpistas estalinistas en defensa de los logros de Octubre, y reconocer su derrota como la muerte del estado obrero Soviético.

En adoptar una postura combativa para la vanguardia proletaria en el período siguiente al golpe de Yeltsin, nosotros estamos siguiendo la metodología de la Cuarta Internacional de Trotsky en los primeros meses de 1933, después de que Hitler fuera designado canciller en Alemania. Lejos de proclamar . “Todo esta perdido” ,la C.I. siguió adelante en la campaña de apoyo internacional a la esperada resistencia proletaria a Hitler en el poder. Trotsky más tarde explicó la necesidad de la adopción de una perspectiva combativa:

 ” La ausencia completa de resistencia en una parte de los obreros alemanes ha provocado ciertos problemas dentro de nuestras filas. Nosotros esperamos que en la marcha del peligro fascista será superando no solamente a la política pérfida de los reformistas, pero también del sabotaje ultimatistas de los estalinistas . Estas esperanzas no se confirmaron. ¿Eran falsas nuestras expectativas? Esta cuestión no puede colocarse en esta manera tan formal. Nosotros estábamos obligados a proceder basado en el curso de la resistencia y hacer todo a nuestro alcance para su realización. Conociendo a priori la imposibilidad de resistencia hubiese significado no empujar al proletariado hacia adelante , pero introducir un elemento desmoralizador suplementario”

 – Trotski ,” Alemania y la USSR”, 17 de marzo de 1933, En la Lucha contra el Fascismo en Alemania 

Nº 24

La insistencia de la LE que Yeltsin encabezó un estado obrero durante su primer año en el poder, no tiene nada en común con la anticipación de Trotsky acerca de la resistencia a la asunción del poder de Hitler . De hecho , la dirección de la LCI rehusó tomar conocimiento de la verdad acerca de la victoria de Yeltsin (condenando aquellos que si lo hicieron), acercándose a la respuesta dada por los estalinistas al desastre alemán.

“No hay necesidad de recordar los insultos que nos lanzaron los estalinistas de todos los países. L’Humanité, incluso después dela victoria definitiva de Hitler , se mantuvo diciendo en ejemplar tras ejemplar: ” No hubo derrota en Alemania”, “Solamente los renegados pueden hablar de derrotas”… No hay nada sorprendente en el hecho que esta ampulosidad criminal en cara de una de las catástrofes históricamente más grande, siga desmoralizando las otras secciones de la Internacional Comunista: una organización que ha perdido su capacidad de aprender de sus propias derrotas esta irrevocablemente condenada”.

 León Trotsky, ” Una vez más, adonde va Francia?” 28 de marzo de 1935

Trotsky no negó que Hitler había tomado el poder – el reconoció que ese era un momento, pero no irreversible, de la victoria de la contrarrevolución. Esto es exactamente la postura que adoptamos en relación a la victoria de Yeltsin frente ” la línea dura” del PCURSS.

 “Yeltsin se mantiene en el poder en forma frágil, pero esto no cambia el hecho que Yeltsin y sus contrapartes republicanas están utilizando el poder recientemente adquirido para desencadenar una contrarrevolución social. El Imperialismo, los millonarios de la Perestroika y la mafia del mercado negro ahora cuentan los tantos en el Kremlin. Muchos ex burócratas estalinistas se están apropiando de grandes pedazos de la propiedad ESTATAL. Los hombres de Yeltsin sostienen las posiciones militares claves…Un año atrás el GOSPLAN, continuaba planificando las directivas y las patrullas conjuntas militares y policiales estaban en las calles atacando a los especuladores del mercado negro , y arrestando y confiscando la propiedad de los beneficiarios de la Perestroika. Ahora el GOSPLAN no existe más y los beneficiarios y millonarios están en el trono.

 “La contrarrevolución social esta lejos de haberse consolidado totalmente, pero es victoriosa. Un proletariado resurgente luchando por el poder tendrá mucha menos resistencia hoy en Rusia, la que tendría en un estado capitalista maduro.”

 1917 Nº11

Los intentos de la TBI de revestir su derrotismo en Agosto de 1991 declarando apoyo militar a los complotados en el golpe estalinista – una posición viciosa, ya que los golpistas , estaban comprometidos a la restauración capitalista como Yeltsin, y no iban a emprender esta clase de movilización política y militar requerida para montar una oposición seria. En su caso, la posición de la TB es “esta todo acabado”, si propagado en la Unión Soviética en dicho tiempo, puede solamente tener el efecto de desmoralizar y paralizar cualquier oposición proletaria naciente a la toma de poder de Yeltsin   

Nº25

Nosotros tomamos lados en Agosto de 1991- con los estalinistas contra los Yeltsinistas. La LE, que clama ser el partido de la Revolución Rusa, no apoyó la victoria de aquellos – lo que significa ser neutral. La LE esta incomoda con esta caracterización, pero la lógica de su disputa esta contenida que:

 “apoyo militar para los golpistas estalinistas es una posición ridícula, ya que los golpistas , estaban comprometidos a la restauración capitalista como Yeltsin, y no iban a emprender esta clase de movilización política y militar requerida para montar una oposición seria”

Todas las contradicciones de las posiciones de la LE están contenidas en el pasaje arriba citado. Si de hecho los Yaneyevistas estaban ” justamente comprometidos a la restauración capitalista como Yeltsin” entonces porque los Trotskistas se preocuparon acerca si realizaron o no una movilización política y militar? Si los burócratas estalinistas (incluyendo a la cabeza de la KGB y de las fuerzas armadas) estuvieran ” comprometidos ” a la restauración capitalista como los amigos de la CIA que se juntaron alrededor de Yeltsin en la Casa Blanca, entonces no tendría nada de importancia en juego en agosto de 1991. Todavía, si uno asevera que Yanayev y todos estaban ” comprometidos a la restauración capitalista” como Yeltsin, entonces sigue que en algún punto previo al 19 de agosto de 1991 la burocracia de la PCURSS se había transformado en una formación que era contrarrevolucionaria de cabo a rabo.

Si el triunfo de Yeltsin fue meramente, la victoria de una banda contrarrevolucionaria sobre la otra , si el 19 de agosto de 1991 la contrarrevolución social había tomado lugar, entonces el golpe y contra-golpe fue meramente una riña sobre los despojos. Por eso, una posición tal entraría en conflicto con la igualmente absurda aseveración de la LE, que Yeltsin , el líder histórico de la contrarrevolución capitalista, ejerció el poder por más de una año sobre un estado obrero hasta, que en punto indescifrable a finales de 1992, Jim Roberston decidió que “estaba claro que la clase obrera no se iba a movilizar contra Yeltsin”. Si el contragolpe victorioso de Yeltsin abría los “torrentes de la contrarrevolución”, como Vanguardia Obrera manifestó, entonces la hubiera tomado un lado (ver la polémica extensiva en esta cuestión en 1917, Nº11 y 12).

En nuestra declaración de septiembre de 1991, después notar la bancarrota política de los líderes golpistas, nosotros expresamos:

 “Pero la posición trotskista de defensa incondicional de la Unión Soviética siempre quiso decir defensa del sistema de propiedad colectivizada contra el peligro restauracionistas, a pesar de la conciencia, o las intenciones subjetivas de los burócratas. El status quo que la ” línea dura” procuró proteger , sin embargo en forma incompleta, incluye el estado de propiedad de los medios de producción – una barrera objetiva al retorno de la esclavitud capitalista.”

Es por ello, que los Trotskistas, no somos neutral en la confrontación entre el aparato estalinista y los Yeltsinistas.

Abajo, la posición de la TBI refleja un derrotismo completo sobre la capacidad de la clase obrera soviética de luchar. Ellos tienen una postura idéntica hacia la naciente revolución en el ex estado obrero deformado de Alemania oriental después de la caída del Muro de Berlín, por ej., han declarado que no hay ninguna posibilidad de una revolución política proletaria. Correspondientemente, ellos denuncian a la LCI por movilizar nuestros recursos internacionalmente para intervenir con un programa Trotskista en los eventos del ex estado obrero de Alemania Oriental en 1989-1990. En su declaración fundacional , incluso reclaman que nuestra intervención en la RDA ” hizo obvio que la LCI, no podía ser considerada una organización revolucionaria, pero más bien un obstáculo a la revolución”

Nº26.

Para un comentario compresivo acerca de los eventos en la RDA, ver 1917 Nº 8 y10. En enero de 1990, en un suplemento especial en idioma alemán de 1917 nosotros dijimos:

” Al momento existe un vacío político en la RDA. Si no se organizan los consejos obreros que establezcan sus propios órganos de administración , este vacío en corto tiempo será llenado para desventaja de la clase obrera a través del recientemente electo parlamento de la RDA.”

Nuestra declaración de marzo de 1990 apoyó críticamente los candidatos de la LCI en las elecciones de la RDA, haciendo notar que:

“La aseveración del PSD/LCI que la RDA se halla hoy en el medio de una revolución política obrera, es simplemente falsa…Nosotros urgentemente esperamos que los obreros de la RDA tomen el camino de la revolución política proletaria- pero no es bueno equivocarse entre nuestros deseos subjetivos con la realidad”

    traducida en 1917 Nº8

Nuestro comentario, de que la intervención de la LCI en la RDA que, ” es obvio que la LCI… es un obstáculo para la revolución” viene del siguiente pasaje:

 “La actividad de la LCI en la crisis de la Republica Democrática de Alemania(RDA) a finales de 1989 y principios de 1990 revelo agudamente la naturaleza de la operación Espartaquista . Con inyecciones prodigiosas de miembros y de dinero, los Espartquistas fundaron una nueva sección, el Partido Espartaquista Alemán, que brevemente obtuvo logros significantes. Estos fueron rápidamente despilfarrados como resultado de la pesada intervención de Nueva York. Más aún, la intervención Espartaquista tuvo una falla fundamental por su adaptación política a secciones de la burocracia estalinistas, y por el absurdo de proclamar que la RDA estaba en el medio de una revolución política proletaria.”

    –1917 Nº 9

Un pequeños grupo de propaganda en una situación como en la RDA en Enero de 1990, tendría serias dificultades en hacer una cabeza de plaza . Pero el problema fundamental de la LCI procedía del carácter particular de su dirección burocrática, hiper- centralizada y ansiosa de encontrar un camino corto hacía el éxito, a través de una suerte de acomodamientos con una sección del aparato estalinista. A pesar de que los camaradas de la LCI subjetivamente deseaban ver una revolución política, y trabajaron enérgicamente como pudieron para crear las condiciones para una, la dirección demostró en la practica que la LCI es un obstáculo centrista para la revolución, y no una formación revolucionaria.

Que la restauración capitalista en la RDA y la Unión Soviética, y en todo el Este Europeo, fuera lograda sin una guerra civil, estaba por sobre todas las cosas condicionada por una falta de actividad de un polo proletario combativo que defendiera la propiedad colectivizada. Pero la ausencia de tal polo, no era ni necesario ni inevitable. En ambos casos, la RDA y la URSS, la LCI tenía fuerzas activas en el campo. Nosotros no prejuzgamos cual podía ser el porvenir de nuestros esfuerzos de forjar un partido y una dirección requerida para defender los estados obreros y abrir el camino para la necesaria revolución política que reemplazara el régimen desacreditado de la casta burocrática estalinista con órganos genuinos de la democracia obrera.  

Pero en ambos casos la TB prejuzgó – la revolución política proletaria era imposible- y otras cosas más, las consecuencias ellos son forzados a negar la realidad. En el caso de la RDA, ellos niegan que hubiera posibilidades que la profunda crisis social el cual hundió al pais en ocubre de 1989 a marzo de 1990- campaña en los comienzos por demostraciones de masas reclamando ” defensa del socialismo” y reforma del gobernante partido estalinista , hubiera podido resultar en cualquier cosa que restauración capitalista. En el caso de la USSR, ellos proclaman que los golpistas estalinistas actualmente lideran una lucha creíble contra la contrarrevolución capitalista. Lo que une estas dos posiciones es la negación que la intervención de los Trotskistas puede ser un factor decisivo en traer un porvenir diferente. Lo que es una negación de la base misma de la Cuarta Internacional: ” La crisis histórica de la humanidad se reduce a la crisis de la dirección revolucionaria”.

Nº27-28

Aquí la LCI utiliza una de sus técnicas de polémicas favoritas – endilgar una posición a un oponente y después atacar la invención. Nosotros ciertamente no argüimos que la revolución política proletaria era imposible en la RDA- simplemente que, al contrario de las aseveraciones de la LCI, no estaba en camino. “Las consecuencias” es la LCI, y no nosotros, que debemos ajustar las posiciones. Es fácil entender el porque de las posiciones “optimistas” de la con respecto a la revolución política proletaria de la RDA es una que ellos preferirían enterrar silenciosamente.

En el caso de la confrontación de agosto de 1991 en Moscú, nosotros aseveramos simplemente que los golpistas estalinistas era el menos malo – y eso que ellos se oponen en forma incompleta a los Yelstinistas . La postura necesaria de los revolucionarios en los últimos días del estado obrero soviético fue por lo tanto un bloque militar con los remanentes estalinistas contra los restauracionistas del campo de Yeltsin apoyado por los imperialistas. Otra vez la LCI, intenta re-escribir nuestra posición: nosotros nunca expresamos que Yanayev y todos ” actualmente lideran una lucha creíble contra la restauración capitalista”, meramente ellos favorecería la preservación del status quo contra la contrarrevolución social representada por los Yeltsinistas. La posición Trotskista de defensa incondicionalde la URSS no depende en la ” credibilidad” de las fuerzas atrincheradas contra la oposición capitalista.

La intervención de los Trotskistas con raíces en una sección del proletariado pudo haber sido decisivo en ambos lugares – RDA y la URSS – pero solo si hubiese sido apto en aproximarse en una evaluación correcta de la situación objetiva y avanzado con una respuesta programática adecuada. Una formación seudo- trotskista que interviene sobre la base de deseos ( como lo hizo la LCI en la RDA) o espera o que calibra la ” credibilidad” militar de sus aliados antes que tomar lados ( como lo hizo la LCI en Moscú en agosto de 1991) no puede ser un factor decisivo, a pesar del trabajo serio y duro de sus camaradas.

Capitalismo y Homofobia

El Marxismo y la Lucha por los Derechos de los Gay y las Lesbianas

Capitalismo y Homofobia

[Traduccion de 1917 No. 15, 1995. Copiado de http://www.bolshevik.org/espanol/gayrgt.html ]

Los que están a favor de la revolución deben intentar entender la cuestión de los homosexuales, tanto por razones científicas como programáticas. Los marxistas siempre han intentado entender la sociedad como un todo y desarrollar un análisis materialista histórico de todos los fenómenos sociales—desde las relaciones de producción a la religión, la familia y demás. Lenin apuntó en ¿Qué Hacer?, que no es suficiente el prestarle atención solamente a aquellas cuestiones que afectan inmediatamente al proletariado:

“la conciencia de las masas obreras no puede ser una verdadera conciencia de clase si los obreros no aprenden –basándose en hechos y acontecimientos políticos concretos y, además, actuales sin falta—a observar a cada una de las otras clases sociales en todas las manifestaciones de su vida intelectual, moral y política; si no aprenden a hacer un análisis materialista y una apreciación materialista de todos los aspectos de la actividad y la vida de todas las clases, sectores y grupos de la población..”

Nosotros sostenemos la concepción de Lenin de que el partido del proletariado debe ser la “tribuna del pueblo” que busca liderar a la clase trabajadora en su lucha contra todas las formas de opresión bajo el capitalismo y enlazar las luchas de los oprimidos a la lucha por el gobierno de la clase trabajadora. Los marxistas se oponen a toda opresión capitalista, y en este espíritu se oponen a la persecución de los homosexuales masculinos y femeninos así como de cualquiera que sea oprimido sobre la base de sus preferencias sexuales como son los trasvestis, los transexuales, los sadomasoquistas, etc. Siempre y cuando haya consentimiento expreso entre los participantes, nos oponemos categóricamente a la intervención del estado.

El capitalismo no concentra el dolor que causa en una sola clase identificable como una fuerza única y de fácil movilización. Si éste fuera el caso nuestra labor sería simple. El capitalismo distribuye el dolor en patrones aparentemente caóticos, dejando que sus víctimas luchen por sus intereses en forma aislada, cada grupo separado de los otros—los discapacitados, los inmigrantes, las minorías religiosas, los ancianos y los jóvenes. Es tarea del partido revolucionario ser adalid de los intereses de todos los oprimidos y organizar sus luchas tomando como eje la revolución proletaria.

Tribuno del Pueblo

Como explicó Lenin, un marxista debe ser:

“…arbitrariedad de opresión, dondequiera que se produzca y cualquiera que sea el sector o la clase social a que afecte; que sabe sintetizar todas estas manifestaciones en un cuadro único de la brutalidad policíaca y de la explotación capitalista; que sabe aprovechar el hecho más pequeño para exponer ante todos sus convicciones socialistas y sus reivindicaciones democráticas, para explicar a todos y cada uno la importancia histórica universal de la lucha emancipadora del proletariado.”

¿Qué Hacer? 

Esta concepción no era meramente una pose táctica temporal adoptada por un Lenin inmaduro; la defensa de los oprimidos y de los derechos democráticos era una línea integral del bolchevismo. Lenin estaba en explícito desacuerdo con la idea de que los marxistas “sólo tenían que ocuparse de su propia clase” y rechazaba el consejo de los mencheviques de “abandonar los ‘sueños del Blanquismo’ de liderar todos los elementos revolucionarios del pueblo…” (Obras Completas, V16)

El caso clásico en el cual se evidenció el tema de la vanguardia marxista como tribuno del pueblo fue el Caso Dreyfus. En 1894 el Capitán Alfred Dreyfus, un oficial judío del estado mayor general de los franceses, fue sometido a consejo de guerra por traición, degradado y enviado a prisión. Cuando posteriormente se puso en claro su inocencia, los clericalistas, los de derecha y el estado mayor anti-semita hicieron lo posible por impedir que se conociera la verdad. Durante 1898-1899 hubo encuentros frecuentes en las calles entre los partidarios de Dreyfus ( intelectuales, socialistas y burgueses radicales) y la derecha francesa. Aunque algunos izquierdistas argumentaban que no era interés de la clase obrera defender a un oficial de la burguesía militar, que no tenía ninguna relación con el movimiento de los trabajadores, este conflicto conmocionó a la Tercera República casi hasta sus cimientos. La mayoría de los socialistas franceses comprendieron que era importante apoyar los derechos democráticos y relacionar esta lucha con el movimiento en contra del gobierno capitalista.

Históricamente la homosexualidad ha sido perseguida por ser “antinatural” y porque supuestamente ofrece un peligro a la reproducción de las especies. Estas dos racionalizaciones están de hecho fuertemente relacionadas, porque lo que se presupone como “antinatural” de la actividad homosexual es el hecho de no ser reproductora. De hecho no hay base para pensar que la homosexualidad tenga mayor impacto en las estadísticas de la reproducción de la que puedan tener las relaciones heterosexuales recreativas, la masturbación, o el celibato.

Es sencillamente imposible saber con certeza como las condiciones sociales y las orgánicas interactúan para determinar la preferencia sexual, si bien aún no se ha demostrado la función biológica de la unidireccional sexual, está claro que en la sociedad contemporánea hay una presión social considerable hacia una orientación sexual exclusivamente heterosexual. Una atmósfera social más tolerante puede llevar a un aumento del comportamiento homosexual, pero no implica necesariamente un aumento en la proporción de personas con preferencia homosexual, ni una disminución en el comportamiento heterosexual significativamente reproductivo. Ciertamente la necesidad de reproducir la población humana no está amenazada por la homosexualidad; la cantidad de actividad heterosexual necesaria para propósitos reproductivos es una pequeña fracción de toda la actividad que tiene lugar en realidad.

La Homosexualidad Antes del Capitalismo

La intensidad del prejuicio social y las sanciones legales contra el comportamiento sexual masculino y femenino ha variado considerablemente de un lugar a otro en diferentes momentos históricos.

En general, la homosexualidad (dentro de patrones específicos) era aceptada en la antigüedad clásica. En 1980 un profesor de la Universidad de Yale, John Boswell, publicó Christianity, Social Tolerance and Homosexuality(Cristiandad, Tolerancia Social y Homosexualidad), que describía cómo desde mediados del siglo XI hasta mediados del siglo XII en la Europa católica hubo un verdadero florecimiento en el clero de la actividad homosexual explícita y de los escritos homosexuales, incluyendo la poesía erótica. Esto se correspondió con la aplicación de la prohibición del matrimonio de sacerdotes que hasta ese momento había sido permitido (al igual que se permite hoy en la Iglesia Oriental). Los sacerdotes homosexuales fueron los que más fuertemente apoyaron la prohibición del matrimonio heterosexual, pero la base fundamental de este cambio fue la necesidad de la Iglesia de adaptarse al modo de producción feudal. En la mayoría de las sociedades feudales la tierra era heredada por el mayor de los hijos varones y ese principio podría haber disminuido rápidamente las tierras de la Iglesia. Por lo tanto, era necesario impedir que el clero se casara y tuviera hijos varones. El decretar fuera de la ley la actividad heterosexual en el clero implicaba o la aceptación de la homosexualidad como norma, o, por el contrario, prohibir también la actividad homosexual. Este asunto se decidió en el Tercer Concilio Lateranense en 1179, el que impuso sanciones contra la homosexualidad. La decisión no se reflejó inmediatamente en los códigos legales, pero entre 1250 y 1300 la sodomía pasó de ser legal, a ser penada con la muerte en la mayoría de los países de la Europa feudal. Aunque sus orígenes fueron los requerimientos dentro de la Iglesia, no es de sorprenderse que la doctrina de la sodomía como un pecado particularmente malévolo se aplicó universalmente, o de que rápidamente se convirtiera en un crimen eclesiástico para toda la población y más tarde un crimen según las cortes del rey. Tampoco puede sorprendernos de que de tiempo en tiempo existiera una tendencia desigual a que esta prohibición perdiera fuerza.

El Capitalismo y la Familia Nuclear

La persecución de los homosexuales disminuyó entre los siglos XIV y XIX y después aumentó abruptamente en los años finales de los 1800s. Este arranque de homofobia estuvo claramente relacionado con el hecho de promoverse la familia nuclear como norma social y consecuentemente la prohibición del sexo fuera del matrimonio. En elManifiesto Comunista de 1848 Marx y Engels describieron a la familia proletaria (diferente de la familia burguesa) como una institución remanente y en decadencia. Sin embargo, en unas pocas generaciones la familia nuclear se estableció firmemente como la forma característica de la vida doméstica del proletariado en el capitalismo.

El modo de producción capitalista no requiere de ninguna forma particular de organización doméstica de la clase trabajadora. Siempre que haya una cantidad suficiente de nuevos trabajadores dispuestos a vender su fuerza laboral, no debe importarle a los burgueses, al menos en teoría, la forma en que la clase trabajadora se reproduce. En los primeros tiempos de la revolución industrial la vida doméstica de los proletarios se caracterizaba por formas decadentes pre-capitalistas de una familia multi-generacional. La transición del campo a la fábrica fue traumática, marcada por un desajuste social masivo y desórdenes domésticos (asociados con alcoholismo, abuso infantil, etc.). El emplear a hombres, mujeres y niños en largas jornadas con sueldos que sólo garantizaban la subsistencia demostró ser un impedimento para el desarrollo de una familia nuclear. Esto es lo que el Manifiesto describió como “la trampa burguesa… de la intimidad de las relaciones entre padres e hijos” cuando el desarrollo de la gran industria significó que “los lazos familiares de los proletarios y convirtiendo a los hijos en simples mercancías y meros instrumentos de trabajo.” La ausencia, en los primeros proletarios, de una estructura doméstica que siguiera un patrón firmemente establecido no era beneficiosa para el capitalismo. No era cosa fácil integrar el embarazo, el amamantar los bebés y la cría de los hijos a las fábricas y demás empresas. Con el paso del tiempo, la sociedad burguesa aceptó que estas funciones como mejor podían llevarse a cabo eran fuera de las fábricas. Esta es la base material de la familia nuclear proletaria. Este es su origen y hasta el día de hoy esto es lo que la sostiene.

El desarrollo histórico de la familia estaba condicionado por la necesidad de socializar a los proletarios jóvenes, de cuidar a los ancianos y de cuidar la salud material y emocional de la población trabajadora. Se diseñó siguiendo la práctica de la clase dominante (la cual se había desarrollado antes para satisfacer sus propias necesidades). La familia nuclear también proveía una cierta medida de cohesión social y de estabilidad para el orden burgués. Un proveedor de salario masculino, menospreciado en su trabajo, aceptará su destino más fácilmente si en su casa, donde él es “el que manda”, sus necesidades son satisfechas. De esta manera él se convierte en un importante moldeador de la próxima generación de trabajadores para que acepten la naturaleza jerárquica de la sociedad de clases. Al mismo tiempo sus responsabilidades domésticas refuerzan el poder de aquél que lo emplea—un trabajador tendrá entonces que tener en cuenta que su esposa e hijos dependen de él antes de darle un golpe al capataz o votar a favor de la huelga.

A pesar de toda su utilidad, fue difícil instaurar la familia nuclear en el proletariado y requirió de un considerable apoyo ideológico, legal y material. En Inglaterra se utilizaron todo un repertorio de respaldos—desde el “Factory Acts” (Leyes de las Fábricas) que limitaba las horas de trabajo de las mujeres y los niños, al énfasis en la castidad, la templanza y el auto sacrificio de los plebeyos promulgado por varias denominaciones no conformistas cristianas. Al final del siglo XIX, a medida que la hegemonía de la familia nuclear se establecía gradualmente, se prolongó la infancia, la maternidad se promulgó como la ocupación a tiempo completo más apropiada para las mujeres, la prostitución se convirtió en una ocupación para desclasados y los homosexuales fueron victimizados y odiados.

La Familia Nuclear Proletaria y la Homofobia

La familia burguesa discutida por Marx y Engels se basaba en la premisa de que un individuo burgués masculino debía tener acceso sexual exclusivo a su esposa (para garantizar que sus propiedades fueran heredadas por descendientes de su propia sangre). Para esto no era necesario prohibir la actividad sexual extra marital (ya fuera homosexual o heterosexual) del esposo. Estas actividades no amenazaban la línea de sucesión de propiedades, así que no había una necesidad obvia para prohibirlas. Sin embargo, el establecimiento de la familia nuclear como la institución social doméstica primaria para el proletariado y otros estratos plebeyos requería de estos tabúes.

En parte era sólo una cuestión de suprimir alternativas que no fuera la familia nuclear, con efectos potencialmente perjudiciales. Cuando se está intentando convencer al pueblo de que la felicidad consiste en que el hombre trabaje en una fábrica con la mujer cuidando de cinco hijos en la casa—lo cual no es una tarea sencilla para empezar—entonces no ayuda el permitir configuraciones domésticas más agradables. Las parejas homosexuales o los grupos de solteros con acceso a prostitutas, o cualquier otra combinación bohemia, pueden verse como alternativas más interesantes, más satisfactorias, o con más comodidades materiales, que ser parte de una familia proletaria.

Existe otra tendencia más de la génesis de la homofobia moderna. Bajo el capitalismo del siglo 19 el factor central que condicionaba la vida doméstica proletaria era considerar que el costo total de criar a la próxima generación era una responsabilidad individual y no una responsabilidad social. Los niños no podían sostenerse a sí mismos económicamente, ni tampoco podían hacerlo los que los cuidaban. La familia nuclear requería que la madre y los hijos fueran sostenidos económicamente por un hombre, que fuera lo suficientemente productivo para ganar un salario que cumpliera con este propósito. Esto implicaba que se retrasara la tenencia de hijos, lo cual, con la ausencia de la tecnología moderna de planificación familiar, requería de los adolescentes una gran dosis de abstinencia sexual. Esto no se conseguía con facilidad. Tenía como consecuencia un cierto nivel de frustración y de tensión social y requería el apoyo de la autoridad religiosa, así como de la intervención estatal a través de leyes que fijan la edad de consentimiento y otras.

Se crean dificultades si se prohíben las relaciones heterosexuales de los adolescentes a la vez que se permiten las homosexuales, a menos que esta homosexualidad adolescente sea cuidadosamente institucionalizada, como se da en las escuelas públicas inglesas. Consecuentemente, durante los últimos años del siglo 19, había el temor de que si no se ejercía la debida presión para contrarrestarlo, los libidinosos adolescentes masculinos canalizarían sus energías en dirección al homosexualismo. El miedo de que la heterosexualidad sucumba al asalto homosexual frecuentemente se da como la justificación de las medidas en contra de los homosexuales en este período. El miedo a que “la juventud se corrompiera” junto a la importancia de mantener el poder del padre en la familia contra cualquier contendiente homosexual eran temas esgrimidos por los fiscales, jueces y periodistas durante los juicios contra Oscar Wilde en los años 1890s, los cuales fueron cruciales en la articulación y estructuración de la moral anti-homosexual en Gran Bretaña y en otras partes (vea por ejemplo, H. Montgomery Hyde, Oscar Wilde, 1976).

A las mujeres se las veía con menos significación social y esencialmente asexuales. Por esto, sus vidas sexuales no fueron sometidas a una persecución tan activa. Las jóvenes eran mucho más supervisadas que los hombres y en gran mayoría eran mantenidas dentro de sus casas. El mayor éxito obtenido en la supresión de la sexualidad adolescente femenina significa que el lesbianismo era mayormente ignorado, en general, el prejuicio homosexual extremo se restringía a los hombres. Generalmente se describía la actividad lesbiana como mujeres que tenían un comportamiento “masculino”.

Los Primeros Socialistas y la Homofobia: el Caso Schweitzer

Hay una considerable historia de oposición del movimiento de los trabajadores a la opresión de los homosexuales, particularmente en Alemania, sede del movimiento socialista más grande y de mayor influencia del período antes de la Primera Guerra Mundial. En agosto de 1862 dos señoras mayores, que estaban disfrutando de un paseo por un parque público en Manheim, se encontraron con un talentoso joven abogado de nombre Jean Baptiste von Schweitzer y otro joven no identificado en una situación altamente comprometedora. Como resultado de esto Schweitzer pasó dos semanas en la cárcel y fue expulsado de la profesión. Se sugirió que este incidente lo imposibilitaba de pertenecer a la Asociación General de Trabajadores Alemanes de Ferdinand Lassalle (vea James D. Steakley, “The Homosexual Emancipation Movement in Germany (El Movimiento de Emancipación Homosexual en Alemania), 1975). Lasalle defendió a Schweitzer diciendo:

“Lo que Schweitzer hizo no está bien, pero yo no puedo considerarlo un crimen. De cualquier manera, no podemos permitirnos el perder a alguien con tanta habilidad, una persona realmente fenomenal. En última instancia, la actividad sexual es un asunto de gustos y debe ser la elección de cada persona, siempre y cuando no afecte los intereses de la otra persona. Aunque yo no dejaría que mi hija se casara con un hombre como ese.”

—John Lauritsen and David Thorstad, The Early Homosexual Rights Movement (1864-1935) (Los Inicios Del Movimiento del Derecho de los Homosexuales), New York, 1974

En 1864 Lassalle murió como resultado de un duelo (por una mujer) Y Schweitzer se convirtió en el dirigente de los Lassallistas durante los siguientes ocho años. Aunque los de Eisenache, un grupo que estaba apoyado por Marx y Engels, sostuvieron muchas discusiones políticas con los de Lassalle, estas polémicas públicas no parecen haber estado contaminadas con epítetos homosexuales. En mayo de 1875 los dos grupos se fundieron para crear el Partido Social Demócrata Alemán (SPD), que se convirtió en la sección líder de la Segunda Internacional (Socialista).

El SPD y la Cuestión Homosexual

August Bebel (líder de los de Eisenacher y líder eminente del SPD) habló en el Reichstag muchas veces en defensa de los homosexuales y en contra de las consideraciones penales del código criminal. Se dice que en una ocasión dijo:

“Pero señores, no tienen idea de cuantos hombres respetables, honorables y valientes, incluso en las posiciones más altas, son llevados al suicidio año tras año, algunos por la vergüenza y otros por miedo a un chantajista.”

—Lauritsen y Thorstad, op cit. 

Un caso defendido por los marxistas alemanes fue el de Oscar Wilde en Inglaterra, procesado en 1895 bajo la enmienda Labouchere de 1885 la cual declaraba como ilegales las actividades homosexuales. Eduardo Bernstein, principal teórico del ala derecha del SPD, escribió un artículo enjundioso defendiendo a Wilde en las ediciones de abril y mayo de 1895 del Die Neue Zeit. Bernstein comentó que:

“Aunque el tema de la vida sexual parezca de poca prioridad para la lucha económica y política de la Social Democracia, esto sin embargo no significa que no es obligatorio encontrar una norma para juzgar este aspecto de la vida social, una norma que se base en un punto de vista científico y en conocimientos, en vez de en conceptos morales más o menos arbitrarios.”

—Lauritsen y Thorstad, op cit.

Él rechazaba la idea de que la actividad homosexual fuera perseguida como “antinatural” y anotó que muy pocas de las cosas que los seres humanos realizan son “naturales” —incluyendo el sostener discusiones por escrito. Él decía que los juicios emitidos sobre lo que es natural o antinatural para los seres humanos son reflejo del nivel de desarrollo de la sociedad, en vez del de la Naturaleza, y apuntó que “las actitudes morales son fenómenos históricos”.

Bernstein anotó que en la mayoría de las grandes civilizaciones de la antigüedad (los egipcios, los griegos y los romanos) se practicaba libremente el amor homosexual y dijo que: “las relaciones sexuales entre individuos del mismo sexo son tan viejas y están tan diseminadas que no hay etapa de la cultura humana de la cual pueda decirse que estuvo libre de este fenómeno”. Él denunció que las teorías que consideraban la homosexualidad como una enfermedad, eran otra forma de moralismo, punto este que fue retomado por otro social demócrata, Adolf Thiele, en el debate sostenido en el Reichstag en 1905 sobre el tema. Karl Kautsky, que representaba el ala izquierda del SPD, también se pronunció contra la opresión de los homosexuales. Sin embargo, a pesar de las declaraciones públicas de muchos de sus representantes más prominentes, el partido como un todo no tomó una posición respecto al tema. Los fundadores del movimiento marxista compartían muchos de los prejuicios de su época sobre la homosexualidad. Aparentemente Marx se refirió al tema por escrito una sola vez, aunque en 1869 le había pasado a Engels un libro sobre el tema escrito por K.H. Ulrich, que fue la primera persona que trabajó seriamente en la liberación de la ley de la homosexualidad. No hay la certeza de que Marx haya leído el libro (con casi toda seguridad el Die Geschlechtsnatur des mannliebenden Urnings) que le prestó Wilhelm Strohn, un comunista alemán que vivía en Bradford. En carta a Engels de fecha 17 de diciembre de 1869 Marx le dice: “Strohn va a regresar a Bradford y quiere que le devuelvas el Urnings, o como quiera que se llame el libro del pederasta.” Engels había comentado el libro a Marx en una carta del 22 de junio de 1869. Antes de sus comentarios se quejó de que Wilhelm Liebknechtt, el alemán que pensaba como ellos, estaba siendo demasiado conciliatorio con los Lassallistas, que eran liderados por Schweitzer:

“El Urnings que me mandaste es una cosa muy curiosa. Estas son revelaciones extremadamente antinaturales. Los pederastas están comenzando a contarse y están dándose cuenta de que son un poder en este estado. Sólo les faltaba organización, pero según esta fuente aparentemente ésta ya existe en secreto, Y como tienen hombres tan importantes en los viejos partidos, e incluso en los nuevos, desde Rosing a Schweitzer, no pueden menos que triunfar. . ‘Guerre aux cons, paix aus trous-de cul’ será el slogan ahora [traducido por los editores de las Obras Completas de Marx-Engels como ‘Guerra a las vulvas, paz a los anos’] Es una suerte que nosotros, personalmente, seamos demasiado viejos para temerle a que, cuando este partido gane, tengamos que pagar un tributo físico a los vencedores. ¡Pero y la generación más joven! A propósito, sólo en Alemania puede suceder que un hombre como este pueda venir y convertir esa basura en una teoría y ofrecer la invitación introite [de entrar], etc. … Si Shweitzer es útil para algo es para sacarle a este honorable hombre los detalles de otros pederastas en puestos claves, lo cual ciertamente no le sería difícil puesto que son hermanos de alma.”

En los trabajos que publicó, Engels sólo hizo tres comentarios moralistas y convencionales (todos dentro de una pequeña sección del segundo capítulo de su innovador Origen de la Familia, la Propiedad Privada y el Estado).

La Homosexualidad en la Rusa Zarista

En Rusia bajo los zares, el clima era relativamente liberal. Rusia no había experimentado la ola feudal de homofobia que había pasado por Europa Occidental. La dinastía de los Romanov a finales del siglo 19 estaba intentando implantar la industria capitalista, pero no estaba intentando implantar la familia nuclear proletaria. Había sólo dos artículos en el código criminal zarista que se relacionaban con la homosexualidad: el artículo 995 que prohibía el sexo anal (pero no otras actividades homosexuales) y el artículo 996 que tenía que ver con la violación homosexual de niños menores u hombres con retraso mental (vea Simon Karlinsky, Hidden from History: Reclaiming the Gay and Lesbian Past (Ocultos para la Historia: Reclamando el Pasado Gay y de las Lesbianas), Londres, 1989). Un historiador citado por Karlinsky alega que el único caso procesado bajo estos artículos en los años de 1890s estaba relacionado con un maestro de escuela que sedujo a un alumno de trece años—a los cinco años el maestro regresó a su trabajo.

En los 1890s hubo varios grupos destacados gay en Rusia. El pomposo Gran Duque Serguei Alexandrovich llevaba frecuentemente a sus amantes de turno a funciones públicas. El grupo centrado en Diaghilev no escondía su homosexualidad y había también un grupo importante de literatos gay que incluía a celebridades nacionales como Kuzmin y Kliuev. “Todas las personas conocían de su homosexualidad y esto no les traía problemas en sus vidas sociales o profesionales” (Karlinsky, obra citada). En este clima relativamente liberal, los bolcheviques (al igual que Marx y Engels anteriormente) no estuvieron obligados a tener en cuenta el tema de la opresión de los homosexuales y ni Lenin ni Trotsky se conoce que hayan escrito nada sobre este tema ni antes ni después de la Revolución de Octubre. Está claro, sin embargo, que Trotsky tenía una actitud relajada y tolerante hacia el tema. EnLiteratura y Revolución, publicada en 1924, escribió una crítica literaria de algunas poesías abiertamente homosexuales sin ningún tipo de prejuicio. También escribió una nota necrológica benévola—casi tierna—en la edición de Pravda del 19 de enero de 1926, sobre Serguei Esenin, un poeta abiertamente bisexual (vea Leon Trotsky on Literature and Art (Leon Trotsky sobre el Arte y la Literatura), Nueva York, 1972).

La Homosexualidad después de la Revolución Rusa

Después de la Revolución Rusa, el régimen repudió toda las leyes zaristas que se decía eran “contradictorias a la conciencia y a la legalidad revolucionaria” (Decreto sobre asuntos judiciales del Consejo de los Comisarios del Pueblo, 5 de diciembre [22 de noviembre] de 1917). Esto implícitamente eliminaba el carácter criminal de la homosexualidad y cuando se promulgó el nuevo código criminal en 1922 después de la Guerra Civil, se eliminó toda alusión a la homosexualidad.

Esta actitud progresista del nuevo régimen hacia la homosexualidad se materializó cuando se designó en 1918 a Georgui Chicherin, un conocido homosexual, como Comisario del Pueblo para las Relaciones Exteriores. Ningún estado burgués hubiera colocado a un hombre como ese a cargo de las relaciones exteriores. (La relación anterior y la correspondencia continua de Chicherin con el eminente poeta homosexual ruso Mijail Kuzmin fue documentada en: “Mijail Kuzmin: A Chronicle of His Life and Times (Mijail Kuzmin: Una Crónica de su Epoca y su Vida)” [en inglés] y en el volumen III de la colección completa de la poesía de Kuzmin Sobranie stikhotvoenii [en ruso], editada por Malmsted y Vladimir Markov, Munich 1977. Un relato sobre su forma de vestir poco convencional y de su estilo de trabajo como Comisario de Asuntos Exteriores puede encontrarse en One Who Survived: The Life Story of a Russian under the Soviets (Uno que Sobrevivió: La Vida de un Ruso bajo los Soviéticos), Nueva York, 1945).

La opinión científica en los comienzos de la Unión Soviética no estaba determinada por la “línea general”, muchos sexólogos soviéticos de esa época parecen haber tenido una actitud progresista respecto a la homosexualidad. En 1923 el Dr. Grigorii Batkis, director del Instituto de Higiene Social de Moscú, escribió la siguiente descripción aprobatoria del nuevo código legal:

“La legislación soviética se basa en el siguiente principio: declara una total ausencia de interferencia del estado y de la sociedad en los asuntos sexuales, siempre y cuando no se afecten los intereses de ninguna otra persona.

“Con respecto a la homosexualidad, la sodomía y diversas otras formas de gratificación sexual, que en la legislación europea se consideran ofensas a la moralidad pública—la legislación Soviética las trata de la misma forma que el llamado coito “natural”. Sólo cuando se utiliza la fuerza o la coacción, como en general cuando hay un daño o menoscabo de los derechos de otra persona, es que se llevará a cabo un procedimiento legal.”

Die Sexualrevolution in Russland (Berlín, 1925, aparentemente una re- publicación de un original en ruso de 1923, citado por Lauritsen y Thorstad, obra citada).

Al mismo tiempo, sin embargo, había otros profesionales que consideraban la homosexualidad como una enfermedad grave. En Sexual Life of Contemporary Youth (La Vida Sexual de la Juventud Contemporánea), publicada por la Editorial Estatal en 1923, Izrael Gelman afirmaba que:

“La ciencia ha establecido ahora con una precisión que no deja dudas [que la homosexualidad] no es mala voluntad o crimen, sino enfermedad… El mundo de un homosexual masculino o femenino está pervertido, es ajeno a la atracción sexual normal que existe en una persona normal.”

—citado por Karlinsky, obra citada.

Con el tiempo, a medida que la burocracia estalinista tomó poco a poco el poder dentro del estado soviético de los trabajadores, este punto de vista sobre la homosexualidad cobró influencia. Un síntoma del deterioro de la situación de los gay fue el rápido declinar de la influencia de Chicherin después de la muerte de Lenin en 1924. Cuando se publicó la Gran Enciclopedia Médica en 1929, la homosexualidad había sido totalmente ‘patologizada’. Los homosexuales se perseguían cada vez más—la revolucionaria alemana Clara Zetkin intervino a favor de alguna de las víctimas.

Finalmente, en 1933-34, la homosexualidad fue considerada formalmente como criminal. La re-introducción de una homofobia apoyada por el estado, al igual que los ataques al derecho de las mujeres que lo acompañaron (e.g. se volvió a considerar el aborto como actividad criminal) estuvieron dirigidos a reforzar la familia nuclear como la unidad básica de un orden social conservador.

Stonewall y Después

En las últimas décadas la visibilidad y el poder político de la población homosexual ha crecido considerablemente, particularmente en Europa, América del Norte y Australasia. Un factor importante de esta nueva situación ha sido las batallas políticas militantes que se han sostenido a favor de los derechos de los homosexuales, comenzando por los disturbios de Stonewall en la Greenwich Village de Nueva York en 1969. El movimiento de liberación de los gay de principios de los 1970s, agresivo y con mucha auto-afirmación, se desarrolló dentro del contexto de un movimiento general hacia la izquierda política y de una liberación de las actitudes respecto a la sexualidad en general. El crecimiento explosivo del movimiento de liberación de las mujeres durante este período cuestionó la legitimidad de la familia patriarcal “normal”. Algunos elementos del movimiento de las mujeres adoptaron el lesbianismo (“mujeres identificadas con mujeres”) como la expresión más consistente del feminismo.

El limitado progreso conseguido por los gays y las lesbianas está totalmente conectado con los cambios operados en la familia nuclear. El crecimiento del sector de trabajadores de oficina con empleos que pueden ser realizados por ambos sexos, la expansión masiva de la fuerza laboral femenina y la imposibilidad de mantener el estándar de vida con un solo salario (masculino) socavaron los estereotipos tradicionales del “lugar correcto” para los hombres y las mujeres en todo el mundo. Otro cambio importante—conectado con el aumento de la eficacia de las técnicas anti-conceptivas—fue el liberar la fuerza sexual de los adolescentes. Una actividad heterosexual generalizada de los adolescentes reduce el “peligro” de que los apetitos, que se han derivado hacia la actividad heterosexual, se deriven hacia la homosexualidad, y obvia la necesidad de medidas especiales para contrarrestar este “peligro”. La actividad homosexual sigue siendo potencialmente un ejemplo contra la familia nuclear, pero en las sociedades donde se tolera el sexo extra marital ese peligro es sencillamente uno entre muchos.

Sin embargo, la familia nuclear sigue siendo una institución poderosa en la sociedad capitalista moderna. Es allí donde se supone que se satisfagan las necesidades emocionales más importantes del individuo (el amor, la intimidad y la seguridad emocional). Incluso para aquellos cuya experiencia de la familia es sólo de dolor y alienación, el mito continúa ejerciendo una influencia considerable. Con la erosión de los estándares de vida de la clase trabajadora, el colapso de los servicios sociales y el incremento de los niveles de desempleo crónico dentro del corazón de las metrópolis imperialistas, la familia proletaria también se ha convertido en una fuente importante de apoyo para una parte sustancial de jóvenes adultos que de otra forma estarían desamparados. Es más, el control de los padres sobre una herencia potencial, al menos dentro de las clases trabajadoras y de la pequeña burguesía con suficiente afluencia económica como para tener propiedades o cualquier otra ventaja material, opera como un mecanismo disciplinario en forma muy parecida a como opera dentro de la burguesía.

Los logros registrados por los gay y las lesbianas en las últimas décadas son sustanciales, pero también son frágiles y reversibles. El sexo extra-marital y particularmente la homosexualidad todavía son ferozmente condenados por los fundamentalistas clericales y los conservadores seculares. La feroz oposición del Pentágono (y de la mayoría del Congreso) a los intentos de Bill Clinton de permitir que los gay y las lesbianas sirvieran en el ejército sirvió de recordatorio de cuán precarios son los derechos de los homosexuales. En agosto pasado el Senado de los Estados Unidos votó por inmensa mayoría a favor de “reducir el dinero federal para enseñar en las escuelas la aceptación de la homosexualidad como una forma de vida” (New York Times, 2 de agosto de 1994). Uno de los objetos citados como “material obsceno y ofensivo” entregado a los alumnos era un libro sobre una pareja lesbiana intitulado “Heather Has Two Mommies (Heather Tiene Dos Mamás)”.

A medida que la lógica de la competencia económica global obliga a los capitalistas a incrementar continuamente la presión sobre los niveles de vida de la clase trabajadora, los lazos que una vez unieron a las personas a la familia nuclear se estiran casi hasta romperse o más allá. Los homosexuales, los “humanistas seculares”, los que están a favor del derecho al aborto y las feministas, son tomados como chivos expiatorios de la destrucción de la “vida familiar” a medida que la recuperación de los “valores familiares” se convierte en el llamado de la reacción social.

Las zonas donde coinciden las campañas contra el aborto, la pornografía y los gay son el terreno natural para reclutamientos fascistas, que en estos momentos están en alza en Europa y Norte América. El ataque a homosexuales frecuentemente se utiliza como una herramienta organizativa para los fanáticos defensores de la irracionalidad y la desigualdad capitalista.

La Pandemia Mundial del SIDA

La epidemia del SIDA ha dado paso a una ola de pánico moral utilizada para alimentar el prejuicio contra los gay, para promover el miedo generalizado al sexo y reforzar la religión. La prevención, el cuidado y la investigación sobre el VIH/SIDA ha sido escandalosamente poco financiado por los gobernantes capitalistas del “Nuevo Orden Mundial”. Al igual que cualquier otro mal bajo el capitalismo, el SIDA afecta mayormente a aquellos que se encuentran en el punto más bajo de la escalera social. En el corazón del imperialismo los que más dependen de los servicios públicos de salud Nuevo Orden Mundial los pobres y las minorías oprimidas Nuevo Orden Mundial son los que más sufren. Las desesperadamente pobres neo-colonias, por supuesto, han sido mucho más afectadas que los países imperialistas y tienen discapacitados o moribundos un número creciente de la población de los grupos de edades productivas.

En años recientes los gays y lesbianas militantes han hecho campañas agresivas para recaudar más recursos para luchar contra el SIDA y han sacado a la luz algunos de los ejemplos más evidentes de la negligencia y el abuso. Nosotros respetamos el considerable valor mostrado por estos activistas al enfrentarse a la institución de los médicos y al estado y buscaremos oportunidades para trabajar en común con ellos en el futuro. Es de vital importancia que las capas sociales más profundas se involucren en estas luchas y que particularmente las organizaciones de la clase trabajadora acojan estos temas como una parte clave de la lucha por una asistencia de salud universal, gratis y con calidad.

Los marxistas reconocen, sin embargo, que no hay nada inherentemente revolucionario sobre la homosexualidad, ni en la lucha contra el SIDA. Los logros alcanzados por las lesbianas y los gay en las últimas décadas han llevado al desarrollo de una casta versátil y ascendente de profesionales homosexuales (muchos asociados con la industria del SIDA) que buscan desesperadamente la respetabilidad burguesa

Las Tácticas en el Movimiento Gay

Las tácticas de los grupos gay militantes varían considerablemente respecto a su efectividad. Un punto de vista, que involucra las muestras ostentosas de afecto entre gays en lugares inesperados, pretende choquear a los heterosexuales para que cambien su conciencia. Esto es inofensivo y ciertamente apoyamos el derecho de los homosexuales de no esconder su orientación sexual. Pero, como estrategia política presupone que la raíz de la homofobia se encuentra en la conciencia de los individuos en vez de en los requerimientos del orden social capitalista.

Otra táctica es la de pedirle a las lesbianas y a los gay que “salgan” en formas menos ostentosas—que sean desinhibidos respecto a su sexualidad en las actividades normales de su vida. Esta “salida” es considerada por la mayoría de los gay no tanto una estrategia política sino un paso personal hacia la autoestima y el ajuste personal, que debe realizarse por cada individuo en particular dependiendo de sus circunstancias. Todavía hay muchos homosexuales que tienen miedo de exponerse, que valoran su derecho a su privacidad y que no quieren salir.

Inevitablemente algunos funcionarios burgueses son homosexuales escondidos y muchos de ellos apoyan las políticas más homofóbicas. En años recientes los activistas gay han comenzado a realizar “salidas”, i.e. revelando públicamente las identidades sexuales de algunos homosexuales escondidos prominentes en la derecha. Esta táctica no es nueva. Era conocida en el primer movimiento por el derecho de los homosexuales en Alemania como “caminando sobre los cadáveres” y fue utilizada en los primeros años de los 1900s con resultados desfavorables (vea Steakley, obra citada, y Oosterhuis y Kennedy, Homosexuality and Male Bonding in Pre-Nazi Germany (La Homosexualidad y las Uniones Masculinas en la Alemania Pre-Nazi), New York, 1991).

Aunque los marxistas comparten el disgusto de los liberales gay con respecto a la mayoría de los elegidos para ser expuestos, así como la sensación de frustración por la falta de progreso respecto a los derechos de los gay, en general estamos en contra de esta táctica. Tiende a sumarle al miedo de ser expuesto, la carga de los homosexuales ocultos inofensivos y crea un clima que favorece el peor tipo de periodismo homofóbico y muchas reacciones contra los gay.

La Lucha Contra la Homofobia en la Clase Trabajadora

Es tarea del partido marxista inculcar la conciencia científica y guiar al proletariado a trascender el moralismo y la mistificación. Esto significa oponerse a la propuesta estalinista de la “familia socialista” y a las actitudes retrógradas respecto a las mujeres y a los homosexuales que le acompañan.

La homofobia, al igual que cualquier otro prejuicio de la sociedad capitalista, sirve para dividir, desmoralizar y disciplinar al proletariado y minar su capacidad de comprender sus propios intereses históricos. La participación común en la lucha de clases y la batalla por la justicia social y económica puede reducir la homofobia en la clase trabajadora y en otras capas de los oprimidos. Un partido revolucionario tiene que encarnar la conciencia científica de la sociedad como un todo. Debe tratar de incorporar a las personas que sienten la opresión del capitalismo en cualquiera de sus formas y conectar sus luchas a la necesidad de subvertir el sistema social del que se deriva la opresión. De igual forma que es útil tener camaradas de diferentes generaciones, con historias políticas diferentes y de diferente ascendencia cultural, las formas particulares de alineación de los hombres gay y de las lesbianas les da una variedad de perspectivas respecto a la sociedad burguesa que enriquecen significativamente la conciencia marxista colectiva de la vanguardia proletaria.

Contra el Sectorialismo y a favor de las Organizaciones Transicionales

Los marxistas luchan contra cualquier forma especial de opresión (ya sea de la mujer, de los negros, de los jóvenes, de los aborígenes o de los homosexuales) sin perder de vista que la raíz de toda opresión es la sociedad de clases. Los revolucionarios apoyan toda reforma que mejore la situación de los oprimidos, pero saben que al final la opresión social sólo puede ser eliminada a través de la lucha por una sociedad socialista—una sociedad basada en producir para satisfacer las necesidades humanas y no para obtener ganancias. Los marxistas reconocen, a diferencia de los sectorialistas, que debido a su posición económica estratégica, la clase trabajadora es el factor decisivo en la lucha por un cambio social fundamental. El intento de organizar los gay como gays, las mujeres como mujeres o los negros como negros inevitablemente nos lleva a cruzar las barreras de clases y a restringir la lucha dentro de la estructura de la racionalidad capitalista. Pero la opresión de los gay y de las lesbianas (en común con otras formas de opresión) sólo puede ser enfrentada con éxito a través de un programa que trascienda los límites del orden social existente.

Un partido revolucionario necesita organizaciones transicionales que enfoquen la lucha de los oprimidos y que alisten los elementos más políticamente avanzados a la lucha por el poder de los trabajadores. Donde exista la posibilidad de intervenir en una arena política significativa de los gay o las lesbianas, el partido revolucionario debe intentar crear una organización transicional para este trabajo. Las actividades de dicha organización, que sería parte de un movimiento revolucionario común con una disciplina común, estaría centrada en luchar contra la opresión de los gay y de las lesbianas además de proponer un programa que ligue a estas luchas con la necesidad de un gobierno de la clase trabajadora.

La Importancia Relativa de la Problemática Homosexual

El hecho de que los marxistas luchen contra todas las formas de opresión del capitalismo no implica que todas ellas sean igualmente importantes para la estrategia revolucionaria. La opresión de los gay y de las lesbianas no es del todo igual a la opresión de los negros en los Estados Unidos, por ejemplo, o a la de las mujeres. Los gay y las lesbianas no se concentran en zonas particulares o cruciales de la clase trabajadora, no constituyen una membresía numerosa o de fácil organización y además, la orientación sexual no es tan inmediatamente visible como la raza o el sexo. Es más, en general, no hay un componente económico importante relacionado con la opresión de los homosexuales—aunque sí hay una ventaja económica en no tener hijos, que en el clima social actual es frecuentemente concomitante con el hecho de ser gay o lesbiana.

No importa el progreso que se haya alcanzada en las décadas recientes, la homofobia sigue siendo un “punto caliente” para la derecha reaccionaria y una herramienta de poder para la defensa del status quo. Es vital que los marxistas abracen la problemática de la opresión de los hombres y mujeres homosexuales, pero no es un punto estratégico para la revolución socialista—como lo es, por ejemplo, la problemática de la mujer. La opresión de los homosexuales tiene sus raíces en los requerimientos del sistema capitalista y se puede alcanzar su liberación sólo a través de un empleo racional de la inmensa capacidad productiva de la humanidad para eliminar la pobreza, la ignorancia y la desigualdad social. En una sociedad sin clases, el estado, y junto a él la familia nuclear, comenzarán a marchitarse y a ser reemplazados por formas de asociación de los seres humanos que sean más libres y voluntarias, en las cuales la sorprendente plasticidad de la sexualidad humana pueda expresarse sin temor, prejuicio, ni la ansiedad con la que la sociedad capitalista patriarcal ha tratado tradicionalmente a las “desviaciones” sexuales.

La Contrarrevolución triunfa en la U.R.S.S

Defienda a los trabajadores Soviéticos de los ataques de Yeltsin!

La Contrarrevolución triunfa en la U.R.S.S.

(lA tendencia bolchevique publicó la siguiente declaración en septiembre de 1991: copiado de http://www.bolshevik.org/espanol/espanol_1917_1_2.html ]

El malogrado golpe de estado de agosto 19 a 21 en Moscú fue tan mal planeado y ejecutado que casi no se llevó a cabo. Aunque se recordará como a uno de los hechos más decisivos de la historia del Siglo veinte. Después del atentado golpe al estado las fuerzas procapitalistas que rodeaban a Boris Yeltsin acabaron con el poder de estado creado por la revolución de 1917. Esto representa una derrota enorme no solamente para la clase trabajadora soviética sino también para los trabajadores del mundo.

Los acontecimientos de agosto son el resultado de luchas por el poder dentro del Kremlin y el país. Pero en términos generales son el acto final en la degeneración de la burocracia estalinista- clase privilegiada dentro del estado soviético a mediados de los años veinte. En lugar de los trabajadores soviéticos democráticamente elegidos en 1917, los estalinistas implementaron un estado autoritario. La política del internacionalismo proletariado de Lenin y Trotsky fue reemplazada por la doctrina de “socialismo en un País” lo cual justificó la traición de otras revoluciones para ganar pequeñas ven tajas diplomáticas. Aún, con todos sus crímenes, la burocracia estalinista se basaba en la economía colectiva creada por la Revolución de octubre y, en su propia manera distorsionada frecuentemente intentó de defender estas bases económicas de la presión imperialista y la contrarrevolución nacional. El fallecido atentado de agosto acabó con el poder de esta elite burocrática y fue reemplazada por un grupo de regímenes nacionalistas determinados a desmantelar la economía estatal y reimponer el gobierno de capital.

Hace más de medio siglo, el líder de la Oposición Izquierdista León Trotsky advirtió que a la larga un sistema social basado en propiedad colectiva no puede ser desarrollado ni defendido con métodos de política burocrática. El estancamiento de la economía soviética durante los años de Brezhnev representó una confirmación poderosa de este pronóstico. Con la intención de mejorar la economía soviética, Mikhail Gorbachev introdujo sus celebradas reformas de mercado. El caos económico y político causado por la perestroika polarizó a la burocracia soviética y las divisiones dentro de ella se hicieron más agudas durante el año pasado. Por una parte un campo de la elite gobernante–identificada con su ex-jefe del partido de Moscú Boris Yeltsin abiertamente aceptó la restauración capitalista. Por otra parte una alianza de militares, partidarios y burócratas, los llamados “extremistas” vieron la tendencia hacia el mercado y a la desintegración nacional como una amenaza a su poder. Gorbachev actuó como un intermediario entre estas dos facciones alternando su apoyo entre los “reformistas” y los “extremistas.”

Los zig-zag de Gorbachev

A principios de octubre de 1990, los “extremistas” llevaron a cabo una ofensiva dentro del partido Comunista Soviético. Obligaron a Gorbachev a abandonar el plan de Shatalin de 500 días para la privatización de la economía. Enviaron las unidades “gorros negros” para imponerse sobre los gobiernos secesionistas pro-capitalistas de las repúblicas bálticas. Crearon una desorganización en lo más alto del partido y obligaron a Gorbachev a que retirara a los “reformistas” de puestos importantes dentro del partido y de cargos gubernamentales para ser reemplazados con sirvientes leales del aparato burocrático. Estas acciones condujeron a varios “reformistas” al campo Yeltsinista, más notablemente al ministro de exterior Eduard Shevardnadze y causó difundidas especulaciones en los medios de comunicación occidentales tales quienes pensaron que Gorbachev se había retirado de la perestroika.

A pesar de haberse visto careado con gigantes manifestaciones Yeltsinistas en Moscú a principios de la última primavera y con temor de que los imperialistas no fueran a prestar ayuda económica, Gorbachev alteró su posición y de nuevo buscó compromisos con las fuerzas Yeltsinistas. Rechazó llevar la intervención báltica a su conclusión lógica para destituir a los gobiernos de allí. De nuevo él comenzó a promover el mercado libre. Más sorprendente que todo para el punto de vista “extremista”, aceptó el acuerdo “nueve más uno'” para transferir la mayoría de los poderes gubernamentales a las quince repúblicas de la URRSS. Los intentos de conciliación de Gorbachev solamente sirvieron para fortalecer a Yeltsin quien respondió con una serie de decretos expulsando al partido comunista de la fuerza policial y de las fábricas en la república rusa. Los “extremistas” concluyeron que la posición ocupada por Gorbachev iba desapareciendo rápidamente y que ya no podía depender de él para resistir a Yeltsin. Esto sirvió como plataforma para la formación del comité de Emergencia y la detención del presidente soviético en la mañana de agosto 19.

La clase trabajadora habla tomado partido

En vista de la vil derrota del golpe, parecería que la discusión sobre las posiciones de las facciones rivales es un ejercicio académico sin mucho sentido. Sin embargo al adoptar una orientación correcta con relación a los eventos pasados, es posible para la clase trabajadora armarse para las luchas futuras. El intento del golpe de estado del mes de agosto fue una confrontación en la cual la clase trabajadora había tomado partido. Una victoria para los líderes del golpe no hubiera rescatado a la USSR del estancamiento económico causado por el estalinismo, como tampoco hubiera quitado el peligro de la restauración del capitalismo. Sin embargo, hubiera podido disminuir el peligro restauracionista, aunque fuera temporalmente, y así ganar valioso tiempo para los trabajadores soviéticos. El colapso del golpe por otro lado, llevó inevitablemente a la contrarrevolución que se encuentra en este momento en pleno fervor. Sin dejar de exponer la bancarrota política de los líderes del golpe, la obligación de los revolucionarios marxistas fue la de ponerse del lado de ellos, contra Yeltsin y Gorbachev.

No es inesperado que la mayor parte de la izquierda reformista y centrista se ha puesto del lado de Gorbachev y de Yeltsin. Estos seudo-marxistas tienen tanto temor de ofender a la opinión liberal burguesa, que uno puede tener siempre la certeza de que ellos tomarán el partido de la “democracia”, aún cuando los eslóganes democráticos en realidad sean un camuflaje para la contrarrevolución capitalista. Lo que es aún más desconcertante son los argumentos de los grupos centristas, quienes reconocen a Yeltsin como a un restauracionista y cuyo triunfo fue una grave derrota para la clase trabajadora, y sin embargo, rehúsan tomar partido en el golpe. Los defensores de ésta posición de que “un lado es tan malo como el otro”, incluyen a la Liga Espartaquista de los EE.UU. y sus satélites internacionales en la Liga Comunista Internacional, que durante años habían proclamado ser los más ardientes defensores de la Unión Soviética.

Los partidarios de una posición neutral sostienen que los líderes del golpe estaban tan comprometidos a lograr una restauración capitalista como Gorbachev y Yeltsin. Algunos señalan los pasajes en la declaración principal del Comité de Emergencia en la cual sus líderes prometieron honrar los tratados existentes con el imperialismo y respetar los derechos a empresas privadas en la USSR. Sin embargo, los trotskistas nunca han basado su actitud política sobre los pronunciamientos oficiales de los estalinistas, pero más bien sobre la lógica interna de eventos. Cualquiera que alegue que no hubo una discrepancia esencial entre las facciones opuestas, tendría grandes dificultades de explicar por qué los lideres del golpe decidieron en primer lugar tornar un riesgo tan desesperado. Cuando una facción de la burocracia arresta al presidente, intenta suprimir a los principales restauracionistas capitalistas y envía los tanques a la calle; cuando los principales miembros de esa facción llevan a cabo pactos suicidas con sus esposas y se ahorcan cuando fallan, es obviamente claro que hay mucho más en juego que un sofisma sobre tácticas.

Los motivos de las acciones de los líderes del golpe son obvias. Ellos representaban a la facción estalinista que terna más que perder de un regreso al capitalismo. Vieron la agresividad de Yeltsin, el poder creciente de los nacionalistas pro-capitalistas y la postración de parte de Gorbachev frente a esas fuerzas, como un peligro mortal a la maquinaria centralizada de la cual dependían sus privilegios y su prestigio. Actuaron, aunque lo hicieron a medias y a último momento, para detener a la marea.

No hay ninguna duda de que los de ‘línea dura” estaban muy desmoralizados: habían perdido la fe en cualquier tipo de futuro socialista, compartían muchas de las mismas nociones pro-capitalistas como sus adversarios, y estaban más que dispuestos a rebajarse al Gran chauvinismo Ruso, e inclusive a una actitud antisemítica para proteger su monopolio político. Pero la posición trotskista de defensa incondicional de la Unión Soviética siempre significó la defensa del sistema de propiedad colectiva contra las amenazas restauracionistas sin tener en cuenta el conocimiento o intenciones subjetivas de los burócratas. El statu quo que los de “línea dura” trataron de proteger, a pesar de su incompetencia, incluyó la propiedad por parte del gobierno de los medios de producción-que actuaba como barrera objetiva contra un regreso a la esclavitud capitalista de salarios. El colapso de la autoridad central del estado, limpió el paso para la reacción, que ahora rueda por el territorio de la antigua USSR. Para lograr parar los avances de ese armatoste, los revolucionarios tuvieron que estar preparados a hacer una alianza táctica militar con cualquier sección de la burocracia, que por cualquier motivo, estuviera parada delante de sus ruedas.

Derrotar a la Contrarrevolución

No está todo perdido para la clase trabajadora en la Unión Soviética. Los gobiernos pro-capitalistas que se “han trepado a la montura” son todavía extremadamente frágiles, y no han consolidado todavía sus propios mecanismos estatales represivos. La mayor parte de la economía permanece en manos del estado, y los Yelsinistas deben de enfrentar la enorme tarea de restaurar el capitalismo sin el apoyo de una clase capitalista nativa. La resistencia de parte de los trabajadores a los ataques inminentes a sus derechos y bienes, implicará una defensa de importantes elementos del statu quo social económico. Los regímenes burgueses embrionarios que se están formando actualmente en la ex USSR pueden ser barridos de lado con mucho más facilidad que estados capitalistas maduros.

Nada de esto cambia el hecho de que ahora los trabajadores se verán forzados a pelear en un terreno que ha sido fundamentalmente modificado a su desventaja. Todavía no se han constituido en una fuerza política independiente, y permanecen extremadamente desorientados. El aparato estalinista-que tenía un interés objetivo en mantener la propiedad colectivizada – ha sido deshecho. Es poco probable que haya más resistencia por parte de los estalinistas, ya que han fallado en una prueba política decisiva, y aquellos mandos que intentaron resistir, se encuentran en retiro obligatorio, en la cárcel, o están muertos. En resumen, el mayor obstáculo para la consolidación de un estado burgués ha sido removido de una manera efectiva. Antes del golpe, una resistencia masiva a la privatización por parte de la clase obrera hubiera dividido a la burocracia stalinista y sus defensores armados. Ahora los trabajadores que luchan para dar marcha atrás a la campaña restauracionista, se enfrentarán a “cuerpos de hombres armados” dedicados a los objetivos del capitalismo occidental y a sus aliados internos. Este incipiente poder de estado debe ser desarmado y destruido por los trabajadores .

La transición de un estado obrero degenerado a un estado burgués hecho y derecho no es algo que pueda suceder en un mes o un año. En 1938 Trotsky predijo lo siguiente:

 “Si llegara a triunfar una contrarrevolución en la USSR, el nuevo gobierno deberá basarse durante un largo periodo sobre su economía nacionalizada. Pero qué es lo que significa este tipo de conflicto entre la economía y el estado? Significa una ‘revolución’ o ‘contra-revolución’. La victoria de una clase sobre otra significa que se reconstruirá la economía en el interés de los triunfadores.”

-“Un Estado No Trabajador y No Burgués?’

Era claro para él, como lo es para nosotros, que ese tipo de transformación solamente puede ocurrir como resultado de un ‘proceso’ en el cual el estado obrero es minado gradualmente. La tarea analítica es la de localizar el punto decisivo en esta transformación, quiere decir, el punto aquel en el cual no se le puede dar marcha atrás a la tendencia prevaleciente sin destruir el poder del estado. El ímpetu hacia la restauración capitalista había ido creciendo durante varios años en la Unión Soviética. Toda la evidencia que tenemos nos lleva a concluir que la derrota del golpe y el ascenso al poder de los elementos dedicados a la reconstrucción de la economía de base capitalista constituye un punto decisivo cualitativo.

No se puede emprender la actividad revolucionaria basándose en ficciones agradables. La lucha por el futuro socialista requiere la habilidad de enfrentar la realidad de frente y “decir la verdad a las masas, no importa lo amarga que sea”. La victoria de los Yelsinistas es una enorme derrota para la clase obrera. El intento de re-imponer al capitalismo en la Unión Soviética tendrá como consecuencia ataques a los intereses más básicos de decenas de millones de trabajadores. Sin embargo, resistiendo estos ataques, los obreros Soviéticos pueden redescubrir sus propias tradiciones heroicas. Las ideas revolucionarias del Bolchevismo, que por sí solas corresponden a la necesidad histórica del progreso de la humanidad, pueden vencer cualquier obstáculo. Pero estas ideas solamente se convierten en un factor histórico por medio de un partido del tipo que dirigió la revolución en 1917-un partido educado en el espíritu revolucionario irreconciliable de Lenin y Trotsky. La lucha por este partido, un renacimiento de la Cuarta Internacional, es la tarea central de nuestro tiempo.

Arquivo Histórico: Década de 2000

Convidamos nossos leitores a conferirem as novas publicações do nosso Arquivo Histórico. Estes artigos foram originalmente publicados pela então revolucionária Tendência Bolchevique Internacional nos anos 2000. Eles tratam dos eventos políticos do início da década, como as intervenções imperialistas no Iraque e no Afeganistão, debatendo com concepções oportunistas na esquerda, assim como de assuntos mais gerais, como a política de imprensa revolucionária e importância da tática de reagrupamento revolucionário.

La partición de Palestina

La partición de Palestina

[Primera vez publicado: “La partición de Palestina”, editorial de Cuarta Internacional, noviembre-diciembre 1947. Copiado de http://www.marxists.org/espanol/tematica/palestina/documentos/externos/4inter-editorial-1947.htm

Después que los “tres grandes” llegasen a un acuerdo sobre la partición de Palestina, el voto en las Naciones Unidas sólo era ya una mera formalidad. El imperialismo británico se retira del Oriente Próximo a una segunda línea de defensa comparable a la levantó con la división de la India. En el seno de los dos estados, el judío y el árabe, Gran Bretaña preserva lo esencial de sus posiciones económicas y financieras. La Legión Árabe del hipotético estado árabe y la Hagana operarán en estrecha relación con el Ministerio de la Guerra británico, al igual que en el caso de los ejércitos hindú y musulmán en la India. Y, también como en la India, la partición se ha demostrado como el mejor medio para desviar hacia un combate fratricida la lucha de las masas árabes y la cólera de la población trabajadora judía.

Las maniobras del imperialismo británico han sido necesarias a causa de la disminución de sus recursos. Esta disminución obliga a los imperialistas a rebajar sus “compromisos internacionales” a fin de economizar a la vez dólares, fuerza de trabajo y armamento. Esto se presenta incluso de forma aun más hipócrita en el caso específico de Palestina. De hecho, la creación de un estado árabe independiente en Palestina es muy poco probable. Por ello, el rey Abjdalá de Transjordania, el agente número uno de la City de Londres en el mundo árabe, podrá de hecho lograr integrar el este de Palestina en su reino y alcanzar, así, la primera etapa de la formación del imperio de la Gran Siria, objetivo final de su dinastía y de la burguesía británica en el Oriente Próximo. Londres continuará reinando sin que le cueste ni un penique al contribuyente inglés. El único pueblo que sufrirá las consecuencias será, sin lugar a dudas, el mismo pueblo palestino.

Para el imperialismo estadounidense, como para la burocracia soviética, la aceptación de la partición significa sobretodo la liquidación del mandato británico y la apertura de la lucha por la herencia de las posiciones abandonadas. El Kremlin se felicita por la apertura de un período de desórdenes en el Oriente Próximo, aprovechándose de ellos hará lo posible para debilitar las posiciones inglesas y preparar su propia penetración, ya sea bajo cobertura de una “Comisión Mixta de la ONU” ya sea bajo la de una “tutela de los Tres Grandes” sobre Jerusalén. El imperialismo estadounidense se ve enfrentado en Palestina, como anteriormente en Grecia, al problema de encontrar una solución de recambio a la tutela imperialista que los británicos no pueden ya asumir. Tras la evacuación de la tropas inglesas, la Hagana será la única fuerza militar que disponga de una equipamiento moderno, una fuerza extraña al mundo árabe y que servirá, si es necesario, para combatir una insurrección autóctona o una amenaza rusa sobre los pozos petrolíferos. No deberíamos, pues, sorprendernos a partir de ahora si el imperialismo estadounidense, bien bajo forma de una “Liga Judía” o bien financiándola, intenta tener una influencia predominante en el Oriente Próximo. Pero sigue siendo evidente que un estado judío, igual que el movimiento sionista que le ha precedido, sólo es considerado por las grandes potencias como un peón de sus maniobras en el seno del mundo árabe. Semejante estado, lejos de recibir una “protección” abierta y permanente de no importa cuál de estas potencias, se encontrará siempre en una posición precaria e incierta y para su población se abrirá un período de privaciones, terror y terrible tensión que se agudizarán a medida que se desarrollen las fuerzas en lucha por la emancipación del mundo árabe.

La partición de Palestina y el claro cambio de las posiciones sionistas frente al imperialismo británico (incluyendo aquellas de la mayoría de los extremistas) han descargado un golpe mortal sobre todas las teorías impresionistas que crecieron con las bombas del Irgún. La solidaridad fundamental de la Hagana e incluso del Irgún con el imperialismo y contra las masas árabes ha quedado demostrada de la forma más clara. El carácter criminal del sionismo aparece claramente en el hecho que, en razón de su papel reaccionario, los primeros movimientos de masas árabes a favor de una Palestina unida e independiente se han dirigido contra la población judía y no directamente contra el imperialismo. Los ultra reaccionarios jefes del Comité Árabe a favor de Palestina tienen, así, la ocasión de dar nuevo brillo a su blasón vertiendo la sangre de los desdichados judíos que son víctimas de la política sionista.

Los dirigentes sionistas de todo el mundo han festejado la proclamación del estado en miniatura como una gran victoria. ¡Miserable error! La trampa que es Palestina para los judíos, según las palabras de Trotsky, se ha vuelto a cerrar.

Sin cambio radical en la situación mundial y sin reflujo del sionismo en el movimiento obrero judío de Palestina, el exterminio completo del pueblo judío tras la erupción de la revolución árabe será el precio pagado por los judíos por su triste éxito en Lake Success. Y, por una ironía de la historia, el establecimiento de un estado judío independiente, que, según los brillantes teóricos sionistas, está destinado a erradicar el antisemitismo en el mundo ha sido saludado por el estallido de una oleada progromista salvaje en Adén y una nueva oleada de antisemitismo en el mundo.

La posición de la Cuarta Internacional frente a la cuestión palestina continúa siendo tan clara como en el pasado. Estará en la vanguardia del combate contra la partición, a favor de una Palestina unida e independiente, en la que las masas determinaran soberanamente su destino mediante la elección de Asamblea Constituyente. Contra los efendi y los agentes imperialistas, contra las maniobras de las burguesías egipcia y siria que tratan de desviar la lucha por la emancipación de las masas en lucha contra los judíos, llamará a la revolución agraria, a la lucha anticapitalista y antiimperialista, que son los motores esenciales de la revolución árabe. Pero sólo puede llevar adelante este combate con posibilidades de éxito con la condición que tome posición, sin equívocos, contra la partición del país y el establecimiento de un estado judío.

Más que nunca es necesario llamar al mismo tiempo a las masas trabajadoras de Estados Unidos, Gran Bretaña, Canadá y Australia, la pueblo trabajador de cada país a luchar por la apertura de las fronteras de sus países respectivos a los refugiados, a las personas desplazadas, a todos los judíos deseosos de emigrar, sin discriminación. Sólo si llevamos adelante seriamente, efectivamente y con éxito este combate podremos explicar a los judíos porqué no hay que caer en la trampa palestina. La experiencia terrible que espera a los judíos en el estado en miniatura crea al mismo tiempo las premisas de la ruptura de amplias masas con el sionismo criminal. Si tal ruptura no se produce a tiempo, el “estado judío” se ahogará en sangre.

PCO, Partido Obrero e as frentes populares

PCO, Partido Obrero e as frentes populares

Rodolfo Kaleb, fevereiro de 2013

No ano passado, o Partido da Causa Operária (PCO) foi uma das organizações na esquerda brasileira que criticou a candidatura de colaboração de classes do PSTU com PCdoB e PSOL em Belém do Pará [1]. O PCO caracterizou esse bloco como uma frente popular e mostrou a subordinação dos seus componentes à burguesia, criticando especialmente o PSTU (a “ala esquerda” dessa coalizão) pela sua permanência na frente mesmo após a denúncia de que Edmilson Rodrigues (PSOL), o candidato a prefeito, recebia dinheiro de grandes empresas para financiar sua campanha. O problema com essas críticas do PCO é que elas tentam enganar o leitor deixando a entender que este grupo apresenta uma alternativa consistente de oposição às frentes populares, o que está muito longe de ser verdade.

A frente popular — um bloco programático, normalmente pelo poder governamental, entre organizações de trabalhadores e representantes da burguesia — é uma das questões fundamentais que separam os trotskistas do reformismo socialdemocrata, stalinista e das muitas variantes do centrismo (inclusive aquelas que indevidamente se reivindicam “trotskistas”). Os trotskistas autênticos não consideram a frente popular uma “tática”, mas sim um crime contra o proletariado. Ela necessariamente atrela a classe trabalhadora a um setor ou outro da burguesia e impede a preparação do proletariado para o exercício de seu poder como classe em oposição aos patrões e seus partidos.

Por seu caráter e pelo papel que cumpre, é fundamental por parte dos revolucionários uma oposição firme à política de colaboração de classes da frente popular. Não à toa, dentro das fileiras da Quarta Internacional essa era uma questão de princípios, de “vida ou morte” para os que tinham por objetivo final a revolução socialista. No Brasil, as frentes populares não são um fenômeno de forma alguma novo, mas muitos dos grupos que reivindicam ser genuinamente revolucionários em nosso país já cometeram capitulações relacionadas a dar apoio político (às vezes “crítico”, às vezes entusiástico) a frentes populares.

As frentes populares do PT

Desde o fim dos anos 1980, o Partido dos Trabalhadores encabeçou várias frentes com políticos e partidos da burguesia até conseguir ser eleito em 2002, quando passou a desempenhar o papel de representante principal da burguesia brasileira nos ataques à classe trabalhadora. É inegável que a frente popular do PT passou por transformações ao longo dos anos. O discurso e a propaganda do PT foram tornando-se cada vez mais moderados para agradar a setores mais amplos da classe dominante. Isso se refletiu num crescimento da sua coalizão burguesa: se em 1989 a candidatura petista agregava apenas alguns setores minoritários da burguesia, desde 2002 ela incluiu alguns dos maiores partidos burgueses do país e, inclusive, tendências de extrema direita dessa classe (como o Partido Progressista de Jair Bolsonaro). Mas essas transformações são quantitativas e não mudam o fato de que, ao menos desde 1989, as candidaturas petistas eram dominadas politicamente pela burguesia.

Em um artigo de 2009, o PCO reconheceu o caráter de todas as candidaturas petistas desde 1989 como frentes de colaboração de classes:

A Frente Brasil Popular de 1989, para o movimento operário, ou seja, para uma política de classe, revolucionária, não se distingue na sua essência das posteriores. Todas foram uma aliança com a burguesia, com um programa capitalista e proimperialista. Para os partidos pequeno-burgueses o que importa na definição da sua política não é a natureza de classe dos fenômenos políticos, mas a sua aparência, o que revela o caráter completamente antimarxista da sua doutrina e da sua política prática.”

Lula e a cúpula petista, juntamente com seus aliados burgueses, buscaram canalizar todas as expectativas das organizações operárias para o terreno eleitoral, para estrangular todo o movimento grevista. A palavra-de-ordem do PT foi a de que ‘as greves atrapalham a candidatura de Lula’. Assim, elaboraram explicitamente uma política de acordo com toda a burguesia, um compromisso de manter a disputa no terreno estabelecido pela própria burguesia, num terreno controlado pela própria burguesia.”

O Significado da formação da Frente Brasil Popular, 13 de setembro de 2009. Disponível em 
http://www.pco.org.br/conoticias/imprimir_materia.php?mat=16934

Ao criticar atualmente as posições frentepopulistas do PSOL e do PSTU, o PCO tenta passar uma imagem “ortodoxa” de oposição em geral às frentes de colaboração de classes. Mas o atual discurso do PCO contradiz os seus próprios atos passados. Os famosos slogans do PCO, “Trabalhador vota em trabalhador” e “Quem bate cartão não vota em patrão”, nem sempre foram seguidos à risca por Rui Costa Pimenta e seus companheiros. De fato, o PCO apoiou as candidaturas frentepopulistas do PT de Lula nos anos 80 e 90 e nutriu enormes ilusões sobre o caráter supostamente “operário” dessas frentes em seus primeiros anos.

O PCO afirma atualmente que a Frente Brasil Popular de 1989 “não se distingue na sua essência das posteriores”, mas continua sustentando a posição que teve na época, de apoio eleitoral e participação (como corrente interna do PT) nessa frente popular. Na verdade, o PCO sequer parece ter problemas em reproduzir suas notas da época, o que demonstra a sua total falta de coerência interna ao criticar a mais recente traição do PSTU.

PCO: falta de coerência e ausência de autocrítica

Em uma de suas declarações sobre a frente de Belém, o PCO acusou o PSTU de realizar vários “malabarismos” para justificar o seu apoio a uma frente popular. Mas muitos desses mesmos “malabarismos” estavam também presentes na própria política da tendência Causa Operária nas frentes populares dos anos 80 e 90. O PCO criticou o PSTU, por exemplo, por identificar a candidatura de Edmilson Rodrigues, financiada pela burguesia, com a classe trabalhadora:

O PSTU, no entanto, apresentou a candidatura de Edmilson como uma candidatura representante dos operários: ‘A candidatura de Edmilson Rodrigues canaliza hoje um sentimento de oposição de esquerda ao governo federal e também de experiência com a prefeitura do PTB, que levou a cidade à beira da destruição (…). Algumas pesquisas apontam 37%. Na classe operária, que tem grande simpatia por Edmilson, esse percentual é ainda maior’.”

O elevado número de votos em Edmilson não seria porque este é um candidato da burguesia de Belém, para o PSTU, mas porque a classe operária tem grande simpatia por ele. A questão que fica é como um candidato que é da classe operária poderia ter sua campanha financiada por empresários. Por que os empresários financiariam um candidato que iria se opor a eles caso viesse a se eleger?”

Depois de eleger vereador, PSTU vira ‘crítico’, 27 de outubro de 2012. 
Disponível em: http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=38711

Uma excelente pergunta. Mas eis o que Causa Operária escreveu em 1989, diante da candidatura petista de aliança com a burguesia:

Da mesma forma que nas eleições municipais – e com maior intensidade – o PT tende a expressar no terreno das eleições presidenciais as tendências combativas e classistas das massas”.

Este é um fenômeno objetivo. Agruparam-se em torno da candidatura de Lula o conjunto dos ativistas sindicais e populares urbanos e o explosivo movimento dos trabalhadores rurais. Suas lideranças veem na candidatura de Lula a expressão política mais geral da luta reivindicativa que desenvolvem no dia a dia. Esperam que esta candidatura dê uma perspectiva de resolução do seu ponto de vista, do ponto de vista da luta dos operários e rurais ao problema dos salários, da terra, das condições de vida, da dívida externa etc.”.

A candidatura de Lula tende a tornar-se, portanto, a expressão objetiva dos multitudinários movimentos de luta dos últimos anos, colocando-os no centro da cena política, na disputa pelo governo federal, dando-lhes naturalmente um caráter nacional e unitário e colocando-os diretamente e explicitamente em relação ao poder do Estado”.

Causa Operária No. 83, 1ª quinzena de janeiro de 1989. Citado em
http://www.pco.org.br/conoticias/imprimir_materia.php?mat=16934

Pode-se, com razão, perguntar ao PCO “por que os empresários financiariam um candidato” (Lula) que supostamente “tendia a expressar no terreno das eleições presidenciais as tendências combativas e classistas das massas”? Tomando em consideração a afirmação atual do PCO de que a frente popular de 1989 representava “uma aliança com a burguesia, com um programa capitalista e proimperialista” e o fato de que ela foi apoiada por setores da burguesia (como o candidato a vice-presidente e latifundiário José Paulo Bisol), então aparentemente o PCO acredita que possa haver um programa e uma coalizão burgueses que sejam, ao mesmo tempo, “expressão objetiva dos multitudinários movimentos de luta”. Caso contrário, teria realizado uma autocrítica de quando assumiu postura semelhante àquela do PSTU, que hoje ataca com ares de ortodoxia trotskista. Mas, na ausência de tal autocrítica, a autoridade do PCO como crítico da traição cometida pelo PSTU em Belém cai por terra, junto com a coerência de seus argumentos.

Diferente desse “malabarismo” utilizado pela Causa Operária em 1989 e com o qual o PCO parece estar confortável até os dias de hoje, Leon Trotsky defendia uma perspectiva absolutamente diferente em relação a blocos de colaboração de classe:

A Frente Popular nos diz, não sem revolta, que não é um cartel, em absoluto, mas um movimento de massa. É verdade que não faltam definições pomposas, mas elas não mudam as coisas. O objetivo do cartel sempre foi o de frear o movimento de massa, orientando-o para a colaboração de classes. A Frente Popular tem exatamente o mesmo objetivo. A diferença entre eles – e não é pequena – é que o cartel tradicional foi aplicado nas épocas de estabilidade e de calma do regime parlamentar. Hoje, com as massas impacientes e prontas a explodir, tornou-se necessário um freio mais sólido, com a participação dos ‘comunistas’. Os atos comuns, as marchas espetaculares, os juramentos, a união da bandeira da Comuna [de Paris] com a bandeira de Versalhes, a gritaria, a demagogia, tudo isso não tem mais que um objetivo: conter e desmoralizar o movimento de massa.”

A França na Encruzilhada, março de 1936.
https://www.marxists.org/portugues/trotsky/1936/03/28.htm

A “tática” do apoio crítico: mais malabarismos

Em suas polêmicas com o PSTU, o PCO também comentou o fato de que depois do primeiro turno das eleições (e de ter elegido um vereador enquanto coligado com PSOL e PCdoB), o PSTU se retirou da frente de Belém, mas seguiu chamando “voto crítico” nessa frente popular, dizendo que fazia isso “contra a burguesia”:

O PSTU chama então voto ‘crítico’ em Edmilson ‘para derrotar a burguesia’, apesar de a burguesia estar com Edmilson.”

Acordo eleitoral com o ‘governista’ PCdoB expõe a farsa do PSTU, 4 de julho de 2012. Disponível em

http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=37023

Mas o que o PCO fez nos anos 80 e 90? Nessas ocasiões, o PCO “apoiou criticamente” a candidatura burguesa de frente popular do PT ao mesmo tempo em que dizia lutar contra a colaboração de classes (!). Ao comentar sobre suas posições políticas daquela época, o PCO tentou justifica-las dizendo que:

Em 1989, Causa Operária chamou a votar em Lula e no PT, mas com um programa de luta que se opusesse a todas essas alianças com a burguesia…”.

O PT e a Frente Brasil Popular de 1989, 30 de julho de 2009.Disponível em http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=15797

Em 1994, o PCO apoiou criticamente a candidatura de Lula com seu programa socialista e revolucionário, tendo como eixo um governo operário e denunciando a frente popular como uma política de traição à classe operária.”

Nota sobre a história do Partido da Causa Operária, sem data. Disponível em http://www.pco.org.br/pco/notas.htm

Como é possível apoiar eleitoralmente a Frente Brasil Popular levantando um “programa de luta que se opusesse a todas as alianças com a burguesia” se a coligação era precisamente uma aliança com a classe dominante? Por que “apoiar criticamente” a candidatura de Lula ao mesmo tempo em que se afirma abertamente que essa frente popular era uma “política de traição à classe operária”? Essas “justificativas” são idênticas às que são atualmente sustentadas pelo PSTU com relação à frente de Belém. A única diferença é que a candidatura do PT era muito mais poderosa e agregava mais setores da burguesia e que o PCO está, pela sua atual localização na esquerda brasileira, menos inclinado nesse momento a entrar em uma frente popular. Mas fica claro que a “oposição” do PCO à frente popular não é uma questão de princípios, o que não impede que ela se repita no futuro.

Novamente, diferente dos malabarismos aos quais recorre o PCO, a política de Trotsky, que nós reivindicamos como a correta, com relação a esse tipo de aliança com a burguesia não era de “apoio crítico”, nem eleitoral, nem “tático” e nem “técnico”:

“A questão das questões atualmente é a Frente Popular. Os centristas de esquerda procuram apresentar esta questão como tática ou mesmo como uma manobra técnica, a fim de poder vender as suas mercadorias na sombra da Frente Popular. Na realidade, a Frente Popular é a questão principal da estratégia da classe operária nesta época. Também confere o melhor critério para diferenciar o menchevismo do bolchevismo.”

A seção holandesa e a Internacional, julho de 1936.

Ainda mais malabarismos: embelezando a frente popular

Em um de seus artigos recentes, o PCO criticou o PSTU por esconder o caráter de classe da sua frente popular de Belém ao embelezar os seus companheiros de bloco:

O PSTU mostra isso sim, como uma organização que se diz ‘revolucionária’ e ‘socialista’ pode fazer uma aliança com um partido burguês nas eleições: basta dizer que ele não é um partido burguês! Assim os ‘revolucionários’ do PSTU pretendem justificar suas presepadas, tanto no movimento operário, quanto nas eleições burguesas. Ou é disso que se trata, ou todos seriam obrigados a acreditar na existência de um partido ‘sem classe’, mas que governa para a burguesia.”

Acordo eleitoral com o ‘governista’ PCdoB expõe a farsa do PSTU, 4 de julho de 2012. Disponível em

http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=37023

Mas as posições do PCO sobre a candidatura petista de 1989 também contém uma tentativa similar de definir setores da burguesia que compunham a frente popular como algo “sem caráter de classe”. Hoje em dia, o PCO afirma sem rodeios o caráter de classe do candidato a vice-presidente da frente de 1989:

Na edição de Causa Operária desta semana, seguindo as comemorações dos 30 anos do jornal, iremos mostrar como o PT se integrou totalmente ao regime burguês com a aliança com o político burguês Paulo Bisol e a criação da Frente Brasil Popular de 1989 que foi fundamental em criar as condições para o ataque das duas últimas décadas contra os trabalhadores e suas condições de vida” (ênfase nossa).

O PT e a Frente Brasil Popular de 1989, 30 de julho de 2009. Disponível em http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=15797

Mas na época, o jornal Causa Operária escreveu que:

O senador José Paulo Bisol é uma sombra da burguesia, não a burguesia ela mesma. Ele não representa a burguesia, mas também não tem representatividade entre a classe operária e as massas populares. É um nada político.”

Causa Operária No. 83, 1ª quinzena de janeiro de 1989. Citado no mesmo artigo.

Sombra da burguesia” foi o termo que Trotsky usou para se referir aos elementos burgueses na Frente Popular durante a guerra civil espanhola. A burguesia enquanto classe apoiou Franco quase inteiramente, mas os stalinistas e socialdemocratas fizeram tudo ao seu alcance para manter alguns representantes políticos e ideológicos da classe dominante na sua aliança. Isso foi feito como uma garantia por parte de Stalin aos seus futuros aliados imperialistas de que a Espanha teria um futuro burguês. A questão era que, mesmo sendo pequeno o seu peso social, a “sombra da burguesia” era decisiva. A escolha do termo pelo PCO em 1989 é oportunista sob esse ponto de vista, pois busca minimizar a influência e o caráter burguês da coalizão de frente popular dizendo que Bisol “não representa a burguesia”.

Bisol representava muito mais que um “nada político”. O PCO talvez devesse aplicar a si mesmo a sua crítica com relação aos “revolucionários” que (ao embelezar os componentes capitalistas desta) se esquivam de caracterizar inequivocamente a frente popular como uma coalizão burguesa.

Algumas conclusões

Em um dos seus artigos recentes sobre a questão das frentes populares, o PCO sustenta a visão de que:

Ainda hoje, inúmeros grupos que se consideram revolucionários fazem uma distinção entre aquela frente de colaboração de classes [de 1989] e as posteriores realizadas pelo PT, tomando a aparência pela realidade. Muitos que apoiaram a candidatura de Lula em 1989 recusaram-se a apoiá-la nos anos posteriores, revelando que são partidários de uma política de colaboração de classes com um verniz esquerdista, mas não de uma política de independência de classe.”

O Significado da formação da Frente Brasil Popular, 13 de setembro de 2009. Disponível em

http://www.pco.org.br/conoticias/imprimir_materia.php?mat=16934

De acordo com os próprios critérios do PCO, só podemos concluir que seus dirigentes são “partidários de uma política de colaboração de classes com um verniz esquerdista”, mas não de uma política consistente de independência da classe trabalhadora.

O PCO nunca realizou um balanço da sua política de apoio às primeiras frentes populares do PT e segue (de forma um tanto quanto confusa) reivindicando seu apoio eleitoral e suas ilusões da época ao mesmo tempo em que acusa de oportunistas aqueles que fizeram precisamente o mesmo. Essa posição esquizofrênica é uma tentativa de encobrir a identificação oportunista que o PCO fez entre a frente popular e os interesses da classe trabalhadora e, ao mesmo tempo, permitir à organização posar como uma alternativa mais militante em suas críticas atuais aos seus adversários na esquerda.

Como dissemos, os trotskistas se opõem por princípio às frentes populares e à colaboração política com a classe dominante. Para o PCO, entretanto, parece que o apoio ou não a uma frente popular é algo que depende da “aparência” mais ou menos radical que ela apresente e dos seus interesses organizativos mais imediatos, o que revela (segundo suas próprias palavras citadas acima) “o caráter completamente antimarxista da sua doutrina e da sua política prática”.

As raízes políticas do PCO e o legado revisionista sobre a frente popular

Se a questão da frente popular era, na época de Trotsky, a “questão principal da estratégia da classe operária”, ela possui hoje importância equivalente. Ironicamente, a maior parte das organizações surgidas após a destruição da Quarta Internacional pelo revisionismo retrocedeu às mesmas concepções combatidas por Trotsky em seu tempo: identificar a frente popular com a classe trabalhadora, defender o apoio eleitoral a elas como algo “tático”, e mesmo tornar-se parte integrante de algumas. A tradição política da qual se original o PCO não foge disso.

Ela remonta ao dirigente do Partido Obrero (PO) argentino, Jorge Altamira, com cuja “internacional” o PCO rompeu relações há poucos anos atrás. Até hoje, nem o PCO nem a “Coordenação pela Refundação da Quarta Internacional” (CRQI, liderada pelo PO) esclareceram publicamente os motivos do seu racha. Se existem razões político-organizativas relevantes para o fim de uma relação internacional que durou por décadas, então qualquer grupo que afirme lutar para reconstruir a Quarta Internacional em tantos países quanto possível deve explicar porque abandonou seus companheiros brasileiros (no caso da CRQI) ou o agrupamento internacional do qual fazia parte (no caso do PCO). Mas não: o CRQI lançou o seu novo grupo brasileiro (que publica o jornal “Tribuna Classista” e ao qual é ligado o professor da USP Osvaldo Coggiola) sem explicar direito porque abandonou seus velhos amigos; o PCO até hoje não falou sequer uma palavra sobre o assunto publicamente. Seja qual tenha sido a razão para o rompimento, o silêncio de ambos os lados indica uma forte tendência a minimizar a importância da questão da Internacional e de que o CRQI não é uma “internacional” centralizada em torno de políticas concretas, mas uma federação de grupos reunidos por conveniência.

Assim como o PCO não explicou suas razões mais imediatas para romper com Altamira, ele também não buscou fazer nenhum tipo de balanço crítico do legado deste dirigente, nem com relação à questão da frente popular, nem com qualquer outro tema relevante para os que se reivindicam trotskistas.

Como muitos pseudotrotskistas, o grupo de Altamira já realizou diversas polêmicas com outras correntes da esquerda denunciando-as por apoiar frentes populares [2]. Porém, no que pode ser considerado um precedente para a atual posição contraditória (e hipócrita) do PCO, a corrente altamirista também jamais foi consistente em defender uma política de independência da classe trabalhadora.

Muitos anos antes das eleições brasileiras, a corrente de Altamira já reivindicava posições frentepopulistas, como aquela aplicada por seus então parceiros internacionais do POR (Partido Operário Revolucionário) boliviano (associado ao dirigente histórico Guillermo Lora) em 1971. Na situação potencialmente revolucionária em que vivia a Bolívia naquele momento, o partido de Lora realizou um bloco com a fração burguesa dirigida pelo General Torres, que havia sido deposto do cargo de presidente, sob a fachada de uma suposta “frente revolucionária anti-imperialista”. Essa “frente revolucionária” com o “general patriótico” e ex-presidente do regime burguês, ainda que não fosse durante uma disputa eleitoral, se tratava de uma frente popular. Ela serviu igualmente bem para iludir os trabalhadores mais avançados sobre o caráter supostamente “anti-imperialista” desse setor da burguesia boliviana. Essa política foi apoiada pelo grupo argentino de Altamira, então chamado Política Obrera, que se reuniria com Lora em uma “Conferência Latino-americana” no ano seguinte. Os dois dirigentes só se separariam no fim dos anos 1980.

Logo Altamira daria um exemplo de como seria uma “frente anti-imperialista” em seu próprio terreno nacional. Durante a redemocratização argentina no início dos anos 1980, a corrente altamirista (já chamada de Partido Obrero) fez um chamado recorrente pela formação de uma “frente anti-imperialista de toda a esquerda” para as eleições de 1983. Essa frente incluiria, além do partido stalinista pró-moscou, do partido socialdemocrata e de correntes maoístas, também a “ala de esquerda” do movimento peronista (nacionalista burguês). Essa “esquerda peronista” incluía personagens e partidos historicamente comprometidos com a classe dominante e com a manutenção do capitalismo. Essa frente não chegou a se realizar porque nenhum desses setores quis entrar em negociações com Altamira e lançaram suas próprias frentes eleitorais burguesas. Mas isso deixou claro que, mesmo antes do apoio e participação na frente popular brasileira de 1989 (e em diante), a corrente de Altamira já visava aplicar uma política de conciliação de classes.

Um exemplo mais recente do apoio a coalizões burguesas foi quando Altamira defendeu votar por Evo Morales nas eleições bolivianas de 2005. A Bolívia vivia novamente um momento de lutas de classe incandescentes, que haviam levado à queda de um presidente e à convocação de eleições antecipadas. Nesse contexto, a candidatura do MAS (Movimento ao Socialismo) de Morales cumpria um papel claro de contenção social dos protestos do proletariado, dos camponeses pobres e povos indígenas, buscando manter os limites do capitalismo ao mesmo tempo em que sustentava uma retórica nacionalista/indigenista. A candidatura do MAS buscou o apoio de setores da burguesia e reivindicou a construção de um “capitalismo andino” com algumas reformas e nacionalizações dentro dos marcos capitalistas. Morales também se identificava com os governos burgueses de Lula e Kirchner. Apesar de reconhecer isso, o PO de Altamira defendeu votar em Morales como uma forma de supostamente “golpear o imperialismo”. Esses eventos ocorreram quando o PCO ainda estava associado com Altamira e o grupo brasileiro seguiu seu mentor nessa capitulação, embora hoje evite falar muito sobre o assunto [3].

(Para uma discussão mais fundamentada sobre essas posições, leia o apêndice ao final deste artigo).

Nós não temos a menor expectativa de que os dirigentes do PCO estejam interessados em fazer um balanço honesto da sua contribuição e seu seguidismo dos erros e desvios da corrente de Altamira ao longo dos anos. Eles preferem manter um silêncio com relação a todo esse histórico de capitulações, assim como sobre o motivo imediato de seu rompimento. Altamira teve um papel chave no desenvolvimento e na história do PCO (inclusive por influenciar suas decisões de votar pelas frentes populares brasileiras), mas, ao manter suas posições dessa época sem nenhum balanço crítico, com o objetivo de sustentar as aparências, os dirigentes do PCO não se mostram melhores do que ele. Consequentemente, não podemos ver na ruptura entre os dois uma guinada minimamente relevante do PCO à esquerda de seus antigos companheiros.

Os militantes e apoiadores mais conscientes do PCO, que prezem pela coerência da oposição trotskista à colaboração de classes, devem enxergar através da “cortina de fumaça” montada pelos dirigentes de sua organização. Uma atitude mais do que comum entre as correntes centristas é usar uma questão de princípio da política revolucionária para criticar seus adversários na esquerda quando é conveniente, ignorando ou escondendo que a própria corrente que faz a crítica lidou de forma similarmente revisionista com tal questão em outras ocasiões. Além de oportunista, esse método contribui para disseminar uma enorme confusão entre os militantes honestos que reivindicam o trotskismo.

Sem um estudo prévio mais profundo da história das organizações que se usam dessa prática, um militante que se opõe à frente popular pode ser levado, por exemplo, a enxergar sinceridade em uma “crítica” contra a frente popular por parte de um Moreno, de um Altamira ou de um Rui Costa Pimenta. Todos eles denunciaram capitulações de outros grupos a frentes populares (algumas vezes entre si), mas todos também capitularam a frentes populares em determinados momentos. Por isso, um importante trabalho dos revolucionários é mostrar a falsidade e o oportunismo de tais posições, expondo as contradições dos seus autores. Somente assim é possível reunir o melhor da vanguarda que se reivindica revolucionária sob uma bandeira e um programa que representem de forma consistente a perspectiva trotskista (que tem como uma de suas marcas a independência da classe trabalhadora). Esse é um requisito indispensável para as futuras vitórias do proletariado.

Notas

[1] Para a crítica e análise do Reagrupamento Revolucionário, conferir “A Frente de Belém na Lógica do Morenismo”, de agosto de 2012. Disponível em:  https://rr4i.milharal.org/2012/08/25/a-frente-de-belem-psol-pstu-pcdob-na-logica-do-morenismo/

[2] A corrente de Altamira muitas vezes reivindicou uma posição ortodoxa sobre a frente popular sem que isso a impedisse de tomar posições oportunistas em outros momentos. Em várias ocasiões, denunciou outras correntes na esquerda por capitular a frentes populares, como foi o caso do efêmero bloco entre as correntes de Nahuel Moreno (liderada pelo PST argentino) e Pierre Lambert (cuja seção principal era a OCI francesa). O “Comitê Internacional” Moreno/Lambert (1980-81) recebeu, dentre outras, a seguinte crítica do Partido Obrero argentino no fim dos anos 90:

A base política de sua unificação foi o apoio à frente popular, encabeçada na França por Mitterrand. Nesse sentido, o ‘recorde’ do Comitê Internacional é verdadeiramente impressionante considerando que apenas subsistiu por nove meses: apoio à frente popular francesa encabeçada por Mitterrand (à qual a OCI dizia que pretendia destruir a V República, quer dizer, lhe atribuía um objetivo revolucionário); apoio à frente com a burguesia na Nicarágua; pediu o ingresso (do PST) à ‘multipartidária’ dos principais partidos patronais da Argentina; a reivindicação de que a Constituinte peruana (quer dizer, o parlamento burguês — no qual uma frente única que integrava os partidos do CI havia conseguido 12% dos votos) tomasse o poder para ‘resolver as contradições do povo explorado’. A lista segue: Bolívia, El Salvador, Brasil…”.

La cuestión del programa, Luís Oviedo, EDM No. 16, março de 1997

[3] Em um sumário da edição especial do jornal Causa Operária de dezembro de 2005 (http://www.pco.org.br/causaoperaria/2005/412/sumario.htm) há um artigo intitulado “Chamamos a votar em Evo Morales e no MAS”. O curioso é que, apesar dessa declaração explícita de apoio à candidatura de Evo Morales (em consonância com a linha dos seus então parceiros internacionais do Partido Obrero), o artigo em questão não estava disponível no site do PCO e também não é possível encontrar nenhuma declaração online do PCO à época sobre esse tema, como se o assunto tivesse sido sutilmente posto debaixo do tapete nas publicações do PCO na internet.

Apêndice

A trajetória de colaboração de classes do Partido Obrero argentino

Reunimos a seguir, na forma de apêndice, uma breve discussão sobre momentos da trajetória do Partido Obrero argentino de Jorge Altamira, ao qual o PCO esteve até recentemente ligado e ao qual deve em grande parte as suas origens políticas – das quais até hoje não foi capaz de realizar um balanço crítico. Esse resumo tem por objetivo apresentar ao leitor uma compilação das principais capitulações cometidas pelos “altamiristas” no que diz respeito à política traidora da colaboração de classes.

(1) A associação ao POR boliviano e sua “frente revolucionária anti-imperialista” (1971)

Em julho de 1972 foi celebrada uma “Conferência Latino-americana”, que reuniu o Partido Obrero Revolucionário, associado a Guillermo Lora e o grupo liderado por Jorge Altamira (então chamado Política Obrera) com a corrente dirigida por Pierre Lambert e a OCI francesa (que então publicava o periódico La Vérité). Uma das bases da formação desse agrupamento foi o apoio dessas correntes à política adotada pelo POR boliviano em 1971. Inclusive a OCI, que antes tinha críticas à linha do POR, deixou-as de lado com o objetivo de formar uma “Internacional” com bases políticas extremamente oportunistas. E qual foi a política do POR boliviano que serviu de base a essa fusão?

Em 1971, o então presidente da Bolívia, o general “patriótico” J. J. Torres, foi derrubado por um golpe militar reacionário. Durante a organização da resistência ao golpe, o POR (uma das poucas organizações trotskistas que possuiu influência de massas) desempenhava um papel de destaque na esquerda boliviana. Entretanto, a sua política não foi de denúncia implacável da burguesia nacional (incluindo Torres) e dos seus aliados reformistas, como o partido stalinista. Ao invés de adotar tal política principista, Lora e seus companheiros formaram um bloco com os reformistas — uma frente popular que subordinava a resistência proletária ao ex-presidente burguês, disfarçada sob a alcunha de “frente revolucionária anti-imperialista”.

Mesmo antes do golpe, o POR apoiou a perspectiva de criar um governo “anti-imperialista” com o general Torres. Isso foi uma expressão do típico etapismo menchevique/stalinista de criar um governo reunindo todas as classes supostamente “progressivas” e “anti-imperialistas” (incluindo a burguesia nacional) como um requisito prévio à luta pelo socialismo. Em um conjunto de teses aprovadas pela COB (principal central sindical dos trabalhadores bolivianos) antes do golpe, escritas pelos próprios dirigentes do POR e nas quais o partido votou, está escrito que:

Para poder atingir o socialismo, parece ser necessário, antes de tudo, realizar uma unidade de todas as forças revolucionárias anti-imperialistas. A revolução popular anti-imperialista está ligada à luta pelo socialismo. A frente popular é uma aliança de classes relacionadas, e o instrumento unitário para fazer a revolução. A expulsão do imperialismo e a realização das tarefas nacionais e democráticas vão tornar possível a revolução socialista.”

Traduzido da versão citada pela revista teórica da OCI, La Vérité, de outubro de 1970. Citado em “Centrist Debacle in Bolivia”, Workers Vanguard No. 3, dezembro de 1971. Disponível em:

https://rr4i.milharal.org/2010/05/21/desastre-centrista-na-bolivia/

Depois do golpe, a COB (que era largamente influenciada pelo POR) impulsionou uma “Assembleia Popular” que o POR considerou um embrião de duplo poder soviético, o que demonstra a gravidade da situação. Mas a linha do POR era de colaboração com o presidente do regime burguês deposto, não de independência da classe trabalhadora. Em uma declaração assinada juntamente com o Partido Comunista (stalinista), com os grupos nacionalistas de esquerda e pelo próprio general Torres, o POR declarou que:

Portanto, a necessidade é inegavelmente construir uma unidade de luta de todas as forças progressivas e democráticas para que a grande batalha possa começar em condições de oferecer uma perspectiva real para um governo nacional e popular…”.

Esta não é uma batalha que diz respeito a apenas um setor do povo explorado, ou apenas uma classe, instituição ou partido (…). Qualquer forma de sectarismo é contrarrevolucionária. Sejamos dignos do sacrifício daqueles que caíram em 21 de agosto defendendo a Bolívia.”

Traduzido da versão citada na edição de 6 de dezembro de 1971 de Intercontinental Press. Citado em “Centrist Debacle in Bolivia”, Workers Vanguard No. 3, dezembro de 1971.
https://rr4i.milharal.org/2010/05/21/desastre-centrista-na-bolivia/

Na sua luta inconsistente contra o frentepopulismo do bloco Moreno-Lambert (montado depois que a OCI lambertista se separou de Lora e Altamira no fim dos anos 70), Altamira reivindicou a política do POR em 1971 como se ela não significasse uma subordinação à burguesia nacional e o POR não tivesse realizado “nenhuma concessão” que comprometesse a luta revolucionária das massas. Ao mesmo tempo, disse que um partido revolucionário não deveria de forma alguma chamar as massas romper com “as forças frentistas aliadas”:

(…) Mas o que não é puramente ocasional é a tática de Frente Única Anti-imperialista, dirigida a todas as organizações que se encontrem sob a pressão das massas, com vistas a uma luta revolucionária comum.”

O comando político da COB (outubro de 1970) durou três meses, e o POR defendeu que, em vista da radicalização das massas, ele estava esgotado, e que devia lançar a consigna soviética de Assembleia Popular.”

A oportunidade da tática da FUA está relacionada com uma situação em que o imobilismo das massas já foi sacudido e, por isso, se abriu a perspectiva, com avanços e retrocessos, de uma prolongada luta anti-imperialista.”

Na Frente Anti-imperialista, o partido operário deve manter por inteiro a sua independência política. Não pode fazer nenhuma concessão que comprometa a luta revolucionária das massas apenas para manter seus aliados na frente comum. O partido revolucionário não entra na frente na qualidade de seita, mas sim de partido e por isso não tem por finalidade a ruptura, nem se empenha tampouco em uma campanha para que as massas rompam com as forças frentistas aliadas (…). A vigência de uma forma determinada da Frente Anti-imperialista (por exemplo, um bloco de partidos dirigindo uma luta de massas ou uma campanha eleitoral) e sua passagem a outras (sovietes de trabalhadores, camponeses, soldados e nacionalidades oprimidas) incluídas as rupturas, dependem da experiência mesma das massas e das mudanças de conjunto na situação política”.

Las ‘tesis’ del Comité Internacional, por Jorge Altamira e Júlio N. Magri, Internacionalismo No. 3, agosto de 1981. Reimpresso em “No fue un martes negro más” pág. 343.

https://ia802702.us.archive.org/9/items/poYElPeronismolaRevolucinBoliviana2003-2006noFueUnMartes/AltamiraJorge-NoFueUnMartesNegroMas.pdf

É chocante o quão distante do trotskismo são estas posições. Trotsky chegou a afirmar que “Não há maior crime do que uma coalizão com a burguesia em um período de revolução socialista” (O Trotskismo e o PSOP, julho de 1939). O revolucionário russo explicou detalhadamente a política dos bolcheviques com relação a esse tipo de frente popular em uma situação revolucionária:

Esquece-se frequentemente que o maior exemplo histórico de Frente Popular é o da revolução de fevereiro de 1917. De fevereiro a outubro, os mencheviques e os socialistas-revolucionários, que constituem um bom paralelo com os ‘comunistas’ e os socialdemocratas de hoje, fizeram uma aliança estreita e em coalizão permanente com o partido burguês dos ‘cadetes’, com os quais eles formaram uma série de governos de coalizão. Sob o emblema de Frente Popular, se encontrava toda a massa do povo, inclusive os sovietes dos operários, dos camponeses e dos soldados. É claro que os bolcheviques participaram dos sovietes. Mas eles não fizeram nenhuma concessão à Frente Popular. Eles exigiam a ruptura com essa Frente Popular, a destruição da aliança com os cadetes, e a criação de um verdadeiro governo operário e camponês”. 

A seção holandesa e a Internacional, julho de 1936, ênfase no original.

Desde essa época, a “frente revolucionária anti-imperialista” (ou “frente única anti-imperialista”) tornou-se um dos fios condutores, quase como um guia, da política das correntes de Lora e de Altamira. O significado dessa política é nada menos do que a traição frentepopulista à independência da classe trabalhadora, o atrelamento do proletariado a um projeto de manutenção da ordem burguesa capitalista.

(2) O chamado pela construção de uma frente popular na Argentina (1983)

Nas eleições argentinas de 1983 e ainda depois do seu término, a principal demanda do Partido Obrero foi pela formação de uma “frente anti-imperialista de toda a esquerda”, que tinha o objetivo de reunir o PO com os stalinistas, socialdemocratas e principalmente com a “esquerda peronista”:

A questão mais importante de tudo isso é que o que está acontecendo seja denunciado aos trabalhadores; que se ponha em evidência a conexão política reacionária da cúpula peronista, e que assim compreenda a esquerda peronista. Para essa tarefa é fundamental que se estruture no país uma frente anti-imperialista de toda a esquerda.” (ênfase nossa).

El Partido Obrero y el Peronismo”, Edições Prensa Obrera, setembro de 1983, pág. 117.
https://ia802702.us.archive.org/9/items/poYElPeronismolaRevolucinBoliviana2003-2006noFueUnMartes/PoYElPeronismo.pdf

O Partido Obrero também explicitou quais organizações compunham a “esquerda” a qual se direcionava a “frente anti-imperialista”:

As coisas são claras: os eleitores peronistas são chamados a votar por dois colaboradores da ditadura. Tanto um como outro gozam do favorecimento do imperialismo e do clero (este último em particular). A Intransigência Peronista, a tendência em que militava Cambiaso e tantos outros, é chamada a votar pelos colaboracionistas e encobridores do sistema e do aparato dos assassinos de Cambiaso e de outros. O Partido Intransigente, o PC, os socialistas autênticos e populares, os partidos do Trabalho e da Nova Democracia – todos os quais prometeram votar pelo peronismo ou pela primeira minoria no colégio eleitoral – são chamados a votar pelos candidatos do imperialismo e do Vaticano. E disseram que o fariam. É necessário apurar o veneno até a última gota.”

As posições políticas da maioria dos partidos de esquerda são claras, mas comportam uma contradição. (…) A posição da maioria da esquerda reflete a posição da pequena-burguesia que busca evitar a passagem a uma luta revolucionária junto ao proletariado, e que segue sonhando em por de pé o sistema democrático sobre as bases tradicionais do regime capitalista.”

O chamado a uma frente anti-imperialista de toda a esquerda, efetuado pelo Partido Obrero, tende a lutar contra essa confusão política e, significativamente, tem tido uma grande repercussão entre os ativistas da esquerda.” (ênfase nossa)

Idem, págs. 120 e 121.

É necessário esclarecer quem são esses grupos com os quais o Partido Obrero desejava fazer uma frente comum “de esquerda”. A fração “Intransigência Peronista”, dirigida por Vicente Saadi, era parte do Partido Justicialista (peronista). Saadi foi senador e governador da província de Catamarca, na qual sua família dominou a política por décadas. Quando Saadi foi eleito senador na redemocratização em 1983, liderou os peronistas no Congresso. Já o Partido Intransigente (um filhote da União Cívica Radical) havia sido fundado uma década antes das eleições de 1983 por Oscar Alende, um político burguês de longa trajetória que colaborou com vários governos militares. Durante a ditadura burguesa argentina de 1955-58, por exemplo, Oscar Alende foi parte de uma “Junta Consultiva Nacional” para assessorar os militares no poder. O PC stalinista dispensa apresentações diante dos rios de sangue que separam o stalinismo do trotskismo.

Era com esses senhores (e mais alguns outros), em razão da popularidade que tinham no movimento de massas, que o Partido Obrero queria uma “frente anti-imperialista de toda a esquerda”. É até desnecessário argumentar sobre o caráter reacionário de indivíduos e grupos com essa ficha política. Como o PO pretendia “colocar em evidência a conexão política reacionária da cúpula peronista” estando aliado com alguns membros “de esquerda” dessa cúpula (como Saadi) e alguns outros partidos “democráticos” mergulhados até o último fio de cabelo na lama do Estado burguês? O mais irônico de toda essa história é que o PO contrapunha a sua “frente anti-imperialista” a outras iniciativas de colaboração de classes:

O PI [Partido Intransigente] aparece claramente como um pivô de uma futura ‘frente popular’ (frente patronal de conciliação com o imperialismo), que submete a classe operária através de um setor da burocracia e do PC. Mas é precisamente pela existência de uma tendência ao frentepopulismo que se deve reivindicar a frente anti-imperialista revolucionária, para opor à ‘unidade anti-imperialista’ dirigida pela burguesia (de conciliação com o imperialismo e de subordinação da classe operária), a unidade anti-imperialista que permita a luta consequente contra a opressão nacional e que facilite para a classe trabalhadora a conquista da hegemonia na revolução.”

Idem, pág. 153.

Parece que, com esse jogo de palavras, tudo muda da água para o vinho; basta adicionarmos alguma retórica “revolucionária” e, é claro, incluirmos o Partido Obrero. Nesse esquema, uma frente com partidos da burguesia poderia ser tanto uma “frente popular” nociva ao movimento dos trabalhadores, quanto uma que permitisse uma “luta consequente” do proletariado.

Trotsky combateu severamente a ideia de que “acordos” ou “combinações” com a burguesia poderiam impedir que, em uma frente como essa, a burguesia desempenhasse o papel dominante. Uma frente popular (mesmo que seja indevidamente rotulada de “anti-imperialista”) inclui formações que dependem da manutenção da ordem burguesa para sua existência (como era o caso do Partido Intransigente, da Intransigência Peronista e outros). Por isso, nenhuma frente como essa pode ajudar o proletariado a perceber a demagogia do Estado burguês, mas apenas tentar iludi-lo a apoiar uma ou outra variante do regime burguês. O proletariado não pode dominar uma frente composta pelos seus exploradores, nem mesmo ficar em pé de igualdade. “Um homem montado num cavalo não é um ‘bloco neutro’ entre o homem e o cavalo”, como defendeu Trotsky. O proletariado só pode vencer se estiver em oposição a todos os setores que querem mantê-lo como uma classe explorada sob um regime de opressão. Mas essa lição foi esquecida pelo Partido Obrero.

(3) O chamado para votar em Evo Morales (2005)

Na época das eleições bolivianas de dezembro de 2005, o Partido Obrero argentino afirmou que:

O confuso programa do MAS é a expressão de seu impasse político, ou seja, da pretensão de amalgamar as violentas contradições sociais do país. Constitui um intento da raquítica pequena-burguesia profissional, que tende a ser cooptada pelas multinacionais ou suas dependências secundárias, de impor a sua saída às massas do Altiplano, que vivem na miséria. Em definitivo, não intenta mais do que teorizar uma transição do período revolucionário a uma etapa de características democratizantes, tutelada pelas burguesias dos países vizinhos e o imperialismo”.

Llamamos a votar por Evo Morales y el MAS, El Obrero Internacional No. 4, dezembro de 2005. Reimpresso em “La Revolución Boliviana 2003-2006”, pág. 40.

https://ia902702.us.archive.org/9/items/poYElPeronismolaRevolucinBoliviana2003-2006noFueUnMartes/bolivia.pdf

Tal caracterização, entretanto, não impediu o PO e sua “internacional”, o CRQI, de apoiar e comemorar a vitória eleitoral do MAS e de dizer, no mesmo texto, que a sua ascensão ao Estado burguês seria um “golpe no imperialismo” ao supor que uma vitória eleitoral de Morales fortaleceria as demais nações oprimidas da América Latina contra as potências:

Uma vitória do MAS seria um golpe no imperialismo, inclusive se esse golpe está condicionado às perspectivas que abre essa vitória. Chamamos a votar pelo MAS. Não amplia as margens de manobra de governos como os de Lula e Kirchner, mas os coloca de cara com a luta dos trabalhadores de seus países. Alarga o campo da luta de classes na América Latina. Reforçaria sim o governo de Chávez frente ao imperialismo, porque Chávez se encontra em um choque com o imperialismo, mas não o fortaleceria em seu propósito de reduzir a atividade independente das massas venezuelanas.”

Idem, pág. 41.

É claro que a perspectiva do PO de uma vitória do MAS que iria supostamente “alargar o campo da luta de classes na América Latina” se mostrou absolutamente falsa. Essa vitória só serviu para colocar no poder um governo que foi “cooptado pelas multinacionais ou suas dependências secundárias” e que certamente foi o pivô de uma “transição do período revolucionário a uma etapa de características democratizantes, tutelada pelas burguesias dos países vizinhos e o imperialismo” e que enganou as massas bolivianas. Isso foi demonstrado tanto pelo curso dos eventos quanto confirmado pelo próprio Partido Obrero em ocasiões posteriores. Mas, como é de costume, isso não o fez reavaliar criticamente a sua posição de dezembro de 2005.

¡Libertad para izquierdistas en cárceles sandinistas!

¡Libertad para izquierdistas en cárceles sandinistas!

Esto fue impreso en Spartacist en español No. 8, agosto de 1980.

Reproducimos a continuación extractos de una octavilla repartida por la Spartacist League/U.S. en un discurso pronunciado por Jaime Wheelock, un comandante del Frente Sandinista de Liberación Nacional (FSLN), el 7 de diciembre de 1979 en Nueva York. Wheelock, dirigente de la Tendencia Proletaria del FSLN, tiene a su cargo la reforma agraria la cual ha sido limitada a los bienes del depuesto dictador Somoza. Él ha justificado esta política diciendo: “Debemos mantener solidaridad con aquellos miembros del sector privado que apoyaban el derrocamiento de Somoza” (citado en el New York Times, 5 de agosto de 1979). En la conferencia, Wheelock confirmó que el régimen sandinista había encarcelado a izquierdistas por haber instigado huelgas obreras.

En este momento, están en las cárceles sandinistas miembros del Movimiento de Acción Popular, del Frente Obrero y de la Liga Marxista Revolucionaria. Al llegar al poder, el FSLN expulsó del país y entregó a la policía panameña del General Torrijos a los militantes de la Brigada Simón Bolívar, seguidores del aventurero reformista argentino Nahuel Moreno. De una manera muy clásica, el FSLN calumnió de “agentes de la CIA” a tales críticos de izquierda, mientras Wheelock denunciaba de contrarrevolucionarios a “los trotskistas y todos los que quieren acelerar la evolución del régimen de Nicaragua” (Le Monde, 21 de agosto de 1979). Un partido reformista norteamericano, el Socialist Workers Party, se ha hecho cómplice de la campaña del FSLN para atacar a los “ultraizquierdistas” e incluso ha actuado, asquerosamente, de soplón de la junta contra sus propios “camaradas” del “Secretariado Unificado de la IV Internacional”. Este crimen ha sido el detonador que ha hecho estallar este bloque podrido internacional de falsos trotskistas.

A pesar de la intención declarada de la dirección sandinista en el sentido de integrar “la nueva Nicaragua” al orden imperialista-burgués, el futuro de la revolución aún no está decidido. El aparato del antiguo estado capitalista fue hecho pedazos con la derrota de la Guardia Nacional de Somoza. Las masas, radicalizadas y en su mayoría empobrecidas por la guerra civil devastadora, ni pueden ni quieren vivir como antes vivían. En Nicaragua se necesita un partido trotskista revolucionario para encabezar la lucha de los obreros y campesinos contra el sistema capitalista podrido.

No cabe duda que esta noche oiremos a Jaime Wheelock y a los comandantes del FSLN hablar como si, de la estrategia actual de colaboración de clase, la lucha nicaragüense llevará espontáneamente al paraíso socialista. ¡Esta ilusión es la más peligrosa! Sólo hay dos caminos que escoger ― o el de la revolución proletaria o el de la consolidación del capitalismo con un aumento de represión contra las masas nicaragüenses.

La tendencia espartaquista internacional exige: ¡Libertad incondicional para Mario Miranda, Rodrigo Ibarra y todos los demás militantes de izquierda que están en las cárceles sandinistas! ¡Por tribunales populares para juzgar a los criminales de la Guardia Nacional! ¡Por una asamblea constituyente! ¡Por la expropiación de todas las haciendas, de la industria y de los comercios importantes, incluyendo los de la burguesía “antisomocista”! ¡Por la centralización en soviets de los sindicatos y organizaciones obreras y campesinas de masas ― Por un gobierno obrero y campesino! ¡Por los Estados Unidos Socialistas de América Latina! ¡No al nacionalismo pequeñoburgués del FSLN ― sí a un partido trotskista, sección nicaragüense de una IV Internacional renacida, para luchar por la revolución proletaria!

EL MR-13 y el criticismo histérico-‘marxista’

EL MR-13 y el criticismo histérico-‘marxista’

Originalmente publicado en ESPARTACO Vol. 1 No. 2, Diciembre 1966

No ha transcurrido mucho desde que ciertos accidentales panfletarios nos pintaban al MR-13 (Movimiento Revolucionario 13 de Noviembre) como la revolución socialista guatemalteca en persona. Pero los eventos ocurridos recientemente prueban exactamente lo contrario, y aún más, desploman por completo las ilusiones fabricadas alrededor de la teoría de “las guerrillas socialistas.”

Huberman y Sweezy, de Monthly Review, el histérico guevarista Posadas y el escritor Adolfo Gilly se destacaron como los más insignes mecenas del MR-13, perpetuando una farsa que, se ha derrumbado costosa y cruelmente.

El fracaso del MR-13 confirma la necesidad crítica de la construcción de un partido leninista en Guatemala. La llamada “lucha armada” ha probado ser estéril contra la ofensiva criminal imperialista en Latinoamérica, poniendo a la orden del día la esencial lucha de clases, o sea la lucha que sólo puede ser enarbolada por el proletariado contra la burguesía y el imperialismo. Esta lucha de clases fue decapitada docenas de veces por los estalinistas latinoamericanos en los pasados 30 años, traiciones que ahora tratan de ser expiadas a través de las luchas del campesinado y de las guerrillas. Pero las penitencias no han servido de nada aunque si señalan el único camino posible: levantar al proletariado latinoamericano, construir la vanguardia leninista que enfrentará a la burguesía y abrirá las puertas al socialismo en Latinoamérica.

Nos limitaremos aquí a tratar sobre el MR-13 y no a las FAR (Fuerzas Armadas Rebeldes), puesto que estas son simplemente un instrumento del PGT (partido comunista guatemalteco) y lógicamente a servicio de la burocracia cubana y la del Kremlin. El MR-13, en cambio, representa un caso aparentemente diferente, el caso de una guerrilla guevarista. Es su fracaso el que nos interesa pues sus objetivos eran honestos y socialistas, pero su programa, tácticas y substancia no eran fundamentalmente diferentes que los de las FAR.

¿Por qué fracasó el MR-13 en organizar a los obreros y campesinos guatemaltecos? Por la razón de que el MR-13 jamás cauterizó sus filas de tanta falsificación teórica, producto relacionado con la ausencia física del proletariado, ausencia que no podía ser sino irremediable dado el programa y la base del MR-13. La falta de teoría infecta a la práctica, y la práctica centrista a su vez infecta a la teoría. De esta elemental ley política el MR-13 no se salvó, sellando así su sepultura revolucionaria.

Si el MR-13 pensaba emular a Cuba se olvidó de analizar los orígenes y resultados de la Revolución Cubana. El triunfo del M-26 cubano ocurrió debido a la tremenda corrupción de la burguesía cubana y debido a la gran ofuscación imperialista, inepta para reaccionar ladinamente frente a esta situación en particular. Es necesario recordar también que el proletariado cubano no tomó parte alguna en el triunfo de la Revolución. Había sido castrado ya muchas veces por los Blas Roca, los Escalante y los Rodríguez. Como resultado, el proletariado no tiene voz en el gobierno cubano, dependiendo del paternalismo obtuso de la burocracia en vez de regir su propio destino al mando del estado. El programa del MR-13 no prometía sino una repetición de esta clase de revolución: una burocrática, deforme y despótica para los obreros. Pero es exactamente esto lo que los marxistas debemos de evitar que se repita en Latinoamérica, pues semejantes revoluciones son aisladas y fáciles víctimas del imperialismo yanqui.

El deber ineludible de los marxistas, ya sea en los E.U. o en Latinoamérica, es el de luchar por la dictadura del proletariado, por el auténtico internacionalismo proletario. En Guatemala, el gobierno obrero y campesino es el slogan necesario, es la realidad requerida por la situación. El MR-13 usó este slogan, aunque con la intención de transformarlo en un partido,  no gobierno, de obreros y campesinos.

Pero esto es absurdo y suicida, pues no es posible moldear al proletariado conforme al campesinado, y esto es lo que un partido biclasista quiere decir. Trotsky, en 1928, repetía lo que en ese entonces era conocido por todos los marxistas: “Para llegar a una alianza revolucionaria con el campesinado, y esto no ocurre gratuitamente, es necesario antes que nada separar a la vanguardia proletaria, y de ese modo a la clase obrera toda, de las masas pequeñoburguesas. Esto puede ser logrado sólo entrenando al partido proletario en el espíritu de inconciliabilidad inmovible de clase… El partido de obreros y campesinos sólo puede servir como una base, una pantalla y un trampolín para la burguesía.” (La Tercera Internacional después de Lenin)

Y el MR-13 servía de trampolín cuando decía: “El punto de vista guatemalteco (el del MR-13) considera que el rol de las guerrillas es organizar a los campesinos y convertirse en su instrumento revolucionario” (Palabras de Huberman y Sweezy, impresas en el órgano del MR-13 y jamás desmentidas por el mismo, Revolución Socialista, N. 16 año II.)

Pero si un movimiento se dedica a organizar y a representar los intereses sólo de los campesinos, no puede ya hacerlo con los obreros, pues se transforma en un partido campesino, con intereses propios de clase. El partido de los obreros puede sostener alianzas con el de los campesinos y puede contener campesinos en sus filas, pero la política del partido debe de ser obrera, basada en la hegemonía obrera. El partido del proletariado debe de tener las manos libres y debe de dar el carácter al estado. El gobierno, entonces, aunque democrático, tendría la preponderancia clasista de la vanguardia obrera. La última palabra sería siempre el derecho del proletariado. Cualquier otro camino terminaría en una guerra civil entre el proletariado y el campesinado o en una vuelta de la burguesía. Estamos hablando de estados obreros y no de utopías agrarias. Quien no comprenda qué quiere decir la dictadura del proletariado debe de abandonar su careta de “marxista” y encerrarse en el armario en donde la historia guarda a las reliquias revolucionarias.

El programa del MR-13, proclamado en el Frente Guerrillero Edgar Ibarra, en diciembre-enero 1965, exponía: “El objetivo estratégico de nuestra revolución es… la instauración de la dictadura del proletariado en un estado obrero y campesino…” ¡No era, entonces, sólo un partido biclasista, ni un gobierno democrático de obreros y campesinos lo que el MR-13 tenía como propósitos, sino también un estado formado por dos clases!

Aunque ésta era tal vez la “fórmula guatemalteca” del MR-13, semejante aberración no tiene base social alguna para existir ni en Guatemala y ni en ninguna parte del mundo ya que las únicas clases capaces de mantener estados en esta época del ocaso imperialista, son la burguesía (el statu quo) y el proletariado, pues tienen base social y económica, formada en la sociedad clasista, para existir. Decir que el proletariado debe formar un estadocon los campesinos significa pensar que el proletariado es una clase igual al campesinado. Pero ésta es  una profunda equivocación, típica de aquéllos que han abandonado el programa de la IV Internacional.

El campesinado es una clase revolucionaria sólo cuando sigue al proletariado. No estamos aquí hablando meramente de tomar, de agarrar el poder. Cualquiera pude de hacer eso si las circunstancias históricas le son favorables. Pero para cambiar la naturaleza del estado capitalista es necesario que el proletariado intervenga, al menos simbólicamente cuando un liderazgo pequeñoburgués toma medidas antiimperialistas. En un estado obrero deforme, como Cuba, el proletariado dio el apoyo a la burocracia cuando ésta se vio forzada a tomar medidas socialistas debido a las presiones del imperialismo. En este caso su apoyo figuraba en el segundo plano, pero vital aún. Si el proletariado toma el poder con su partido y organizaciones proletarias como los soviets (como en la Revolución Rusa de 1917), su presencia en el primer plano consolidaría directamente la construcción de un estado obrero sano, con metas internacionalistas. De cómo se llega al poder determina qué desarrollo tomara: una revolución. El campesinado no puede realizar el socialismo sin la pía del proletariado y por lo tanto es ridículo pensar que el campesinado puede ser el catalizador de una revolución socialista por sí sólo. La esencia del campesinado debido a su modo productivo, es pequeñoburguesa; su aislamiento de los centros urbanos forma en los campesinos una ideología similar.

Naturalmente que el problema de la tierra debe de ser solucionado en Latinoamérica, pero éste es un problema burgués que sólo puede ser enfrentado de manera revolucionaria por el proletariado. Sólo el proletariado puede proteger las demandas de mejor vida que hace con todo derecho el campesinado, sólo él puede realizar una reforma agraria socialista y una división industrial de la labor continental que transforme a las paupérrimas economías latinoamericanas.

Pero de la misma manera que el campesinado no puede llegar al socialismo sin la guía del proletariado, éste no puede tomar el poder sin la ayuda revolucionaria del campesinado, sin tener tras de sí a los millones de campesinos latinoamericanos. Sin esta alianza revolucionaria no es posible hablar de socialismo en América Latina.

La degeneración del MR-13 se hizo aparente después del ataque alevoso que le hizo el sardanápalo de Castro en la Tricontinental en la Habana. En esta conferencia Castro defendió miserablemente a las FAR y a su enfant gâté, Luis Turcios, presentándolo como la promesa del futuro guatemalteco. En realidad sus deseos se concretizaron pronto: Turcios no atacó al gobierno títere de Méndez Montenegro, limitando a las FAR a atacar a “la extrema derecha.” Al servicio del PGT, las FAR no estaban interesadas en tumbar a la burguesía y cuando Turcios murió en un accidente “misterioso”, “un cierto “impasse” existía entre Méndez y las FAR.

El MR-13 no pudo resistir la acometida de la burocracia cubana, y el New York Times y el National Guardianreportaron que el MR-13 había capitulado frente a las FAR en la segunda mitad de 1966. Así terminaban las ilusiones de “las guerrillas socialistas,” capitulando frente a la servil y menchevique FAR.

El gobierno del “popularmente electo” Méndez se ha lanzado recientemente a aplastar brutalmente a las guerrillas en Guatemala, pues la burguesía guatemalteca se encuentra en severo estado de sitio debido a su total bancarrota política, social y económica, siendo la represión uno de los caminos para desviar la atención de las masas del país. Pero el MR-13 no podrá responder; se replegará en la esterilidad del terrorismo y el derrotismo y la oportunidad de responder efectivamente a la histeria de la burguesía guatemalteca se escurre de sus manos. Su programa le impide sacar ventajas de esta situación que el MR-13 mismo ha ayudado a crear, o sea, aumentar el alocado desasosiego de una burguesía históricamente condenada.

Si el MR-13 falló en su intento de dirigir la Revolución Guatemalteca, el proletariado guatemalteco y sus hermanos centroamericanos no fallarán en cercenar la cabeza de la rapaz burguesía local y del imperialismo yanqui. Pero para que esta tarea se consume, tomando una armadura indestructible, los cuadros leninistas latinoamericanos tendrán que ser organizados. ¡Es ahora o nunca!

continuará: Fidelismo y Guevárismo en Guatemala

La careta de izquierda de Moreno

Eurocomunismo, Portugal y Angola

La careta de izquierda de Moreno

Traducido del folleto Moreno Truth Kit [La Verdad Sobre Moreno], noviembre de 1979. Reproducido en Spartacist No. 11, diciembre de 1982

En otras partes de este cuaderno, reproducimos varios extractos de materiales documentando la apología que durante décadas ha hecho Nahuel Moreno del peronismo en su Argentina natal; su apoyo oportunista a generales con posturas populistas, desde Velasco del Perú hasta Torrijos del Panamá; sus camaleónicos cambios de coloración política, de guerrillerista entusiasta a socialdemócrata llorón; y sus manipulaciones financieras escandalosas. Pero eso no explica el izquierdismo aparente de los documentos de su Fracción Bolchevique y su predecesor, la Tendencia Bolchevique (FB/TB). Veremos que en el caso de Moreno, el contraste entre la teoría y la práctica es tan dramático que ha desarrollado un “método” capaz de justificar a casi cualquier traición.

Durante casi toda una década, desde 1968 hasta 1977, el Secretariado Unificado estaba desgarrado por luchas fraccionales entre una Tendencia Mayoritaria Internacional (TMI) centrista dirigida por Ernest Mandel y la reformista Fracción Leninista-Trotskista (FLT) dirigida por el Socialist Workers Party (SWP) norteamericano de Joe Hansen/Jack Barnes y (al principio) el PST argentino de Moreno. Mientras que los mandelistas corrían tras “una nueva vanguardia de masas” maoísta/guevarista en Europa y América Latina, la FLT utilizó argumentos seudoortodoxos para atacar el guerrillerismo desde la derecha (igual como hicieron los PC pro Moscú). Después de que Barnes y Mandel disolvieron las fracciones en 1977, aún subsistieron las diferencias subyacentes pero se consiguió una unidad temporal en el timón del S.U. Así que al no moverse mientras que la ex TMI se precipitaba a la derecha, Moreno de repente aparece como un crítico “desde la izquierda” del “reunificado” bloque podrido:

“Antes, ella [la TMI] se plegaba al izquierdismo de una vanguardia radicalizada con preponderancia estudiantil. Ahora se plega a la presión del eurocomunismo y de una vanguardia sindical y de clase media, los cuales sirven como correas de transmisión para la ideología liberal y la opinión pública de los países imperialistas….

“Esta capitulación es lo que ha hecho posible la convergencia entre la ex TMI y los líderes del SWP, es decir, la ex FLT.”

—“Declaration and Platform of the Bolshevik Faction” International Internal Discussion Bulletin [del SWP], Julio de 1979

Un lector no prevenido bien podría confundir tales frases con la crítica trotskista del revisionismo del S.U. por parte de la tendencia espartaquista internacional (TEI). Claro, la TEI y sus precursores han denunciado el Secretariado Unificado como bloque podrido desde sus comienzos en 1963, mientras que Moreno parece haber descubierto este hecho sólo en los últimos dos años (después de participar durante una década y media en cada traición y maniobra sin principios del S.U.). Y hay el hecho revelador de que la FB/TB consistentemente ha tachado a la mayoría mandelista de “ultraizquierdistas” mientras que nosotros les calificamos de centristas. Pero la diferencia sobresaliente es que el ataque morenista hacia la dirección del S.U. consiste únicamente de cuentos de atrocidades organizativas y pruebas de un revisionismo al nivel teórico más global. Las traiciones políticas concretas, cuando su línea resulta en una derrota para la clase obrera, casi nunca se mencionan.

La Fracción Bolchevique ha emitido una crítica áspera de la resolución del S.U. en 1977 sobre “Democracia socialista y dictadura del proletariado”. En un documento aprobado por la FB, Moreno dice que el S.U. “ha revisado por completo la posición marxista revolucionaria sobre la dictadura del proletariado”. Mandel, dice Moreno, “llena de contenido y programa eurocomunista el concepto marxista de revolución obrera y dictadura del proletariado…” (La dictadura revolucionaria del proletariado [1979]). Seguro, ¿pero dónde están las denuncias de los morenistas al S.U. por su capitulación ante el eurocomunismo en la lucha de clases? ¿Qué, por ejemplo, del apoyo electoral a los frentes populares por parte tanto del SWP y de la ex TMI, quienes piden el voto por los partidos obreros reformistas dentro de tales coaliciones de colaboración de clases? La FB ni siquiera finge la menor crítica porque su propia política electoral es igualmente rastrera (si no peor aún).

Quizás el mejor ejemplo de como la “ortodoxia” morenista en lo abstracto se convierte en el oportunismo concreto es el caso de Portugal en 1975. Durante la primavera y el verano la situación se polarizaba rápidamente: el Movimiento de las Fuerzas Armadas (MFA) que gobernaba con sus aliados estalinistas intensificaron su retórica de izquierda, en parte para cercar a los comités de fábrica embrionarios y las granjas colectivas que empezaban a brotar. Por el otro lado el Partido Socialista de Mario Soares se alineó con los oficiales más conservadores y civiles reaccionarios para lanzar una movilización de masas anticomunista. La respuesta del SWP fue de acudir incondicionalmente a la defensa del PS portugués financiado por la CIA. No queriendo comprometerse con esta profana alianza derechista, Moreno empezó a alborotar en el seno de la Fracción Leninista-Trotskista y por fin rompió con ella sobre el documento del SWP, “Cuestiones claves de la revolución portuguesa” (octubre de 1975). Así nació la Tendencia Bolchevique.

Los futuros militantes de la TB criticaron duramente al SWP acusándole de creer “que existe la posibilidad de que el PS rompiera con la burguesía y tomara el poder hoy día en Portugal”, y que el PS “ya no es contrarrevolucionario” (“Letter from Former LTF Members to the International Executive Committee,” [SWP] Internal Information Bulletin, marzo de 1977). La “Declaración de la Tendencia Bolchevique” desafió a la FLT porque ésta “no indicó una sola tarea ni consigna en relación a las ‘comisiones obreras’,” y condenó a Joe Hansen (del SWP) por “su negativa categórica a plantear la política y la consigna de centralizar a estos comités”. El SWP, resumió la TB, tenía “un programa esencialmente democrático-burgués” para Portugal ([SWP] [IDB, enero de 1977). Esta misma crítica se hizo en las páginas de Workers Vanguard (periódico de la Spartacist League/U.S.) repetidamente y con más nitidez — (por ejemplo, “SWP/OCI Tail Counterrevolution in Portugal,” Workers Vanguard No. 75, 29 de agosto de 1975).

Pero WV subrayó sobre todo la necesidad de luchar contra la “colaboración de clases — que ata a los obreros a la oficialidad de las fuerzas armadas burguesas”. En la cuestión de los soviets, dijimos que para un auténtico partido trotskista el punto clave era “llamar por la independencia de las comisiones obreras y las asambleas populares del MFA” (“Soviets and the Struggle for Workers Power in Portugal,” Workers Vanguard No. 82, 24 de octubre de 1975). El programa de Moreno y Cía. Era exactamente lo contrario. Una vez abandonado el campo socialdemócrata (a principios de verano favorecía la participación en las manifestaciones anticomunistas del PS), Moreno cambió bruscamente de caballo y apostó al MFA. Así que en una polémica larga contra Gus Horowitz del SWP, alegó que esta fracción del cuerpo de oficiales del ejército capitalista no era clásicamente bonapartista y que  en cambio sí era “kerenskista” y pequeñoburguesa (N. Moreno, “Revolución y contrarrevolución en Portugal”, Revista de América, julio-agosto de 1975).

Los correligionarios de Moreno del PRT portugués fueron aún más lejos y en un artículo titulado “Una rectificación necesaria: el MFA y la revolución en Portugal” (Combate Socialista, 10 de julio de 1975) descubrieron un “sector semi-soviético” de la casta de oficiales burgueses. Pero no llegaron a esta revisión peligrosa del marxismo sin ayuda. En un informe para el comité nacional del PRT fechado en abril de 1975, Moreno mismo se refirió al MFA como “la expresión superestructural del comienzo de la formación de soviets en el ejército”, diciendo que quizás pueda ser “un movimiento pequeñoburgués que refleja el proceso revolucionario” — y en este caso, “Tenemos que luchar dentro de este proceso, y comprender que hay diferenciaciones dentro del mismo Movimiento de las Fuerzas Armadas” ([PRT] Boletín Interno de Discusión No. 2). Así que mientras ataca correctamente al SWP por correr tras Soares y plantear un programa exclusivamente democrático-burgués para Portugal, Moreno habla de soviets… y corre tras los populistas del MFA con su palabrería demagógica de “poder popular”.

Moreno ha convertido esta política de doble faz en una verdadera ciencia. En cuanto a la segunda cuestión por la cual rompió con el SWP —Angola— acusa severamente a sus antiguos mentores de no llamar por una victoria militar para el MPLA durante los meses cruciales después de noviembre de 1975, cuando éste se veía atacado por Sudáfrica y la coalición financiada por la CIA del FNLA y UNITA. Moreno trazó un paralelo entre Angola y Vietnam (erróneamente porque en el caso de Angola trató sencillamente de una invasión imperialista, mientras en Vietnam ésta se agregaba a una guerra civil en la que dos campos de clase se enfrentaban). Pero esta comparación pone problemas para Moreno porque en Vietnam el SWP tampoco llamó por la victoria militar para el FLN. Al contrario, su línea fue una de pacifismo burgués, acudiendo al ala derrotista del Partido Demócrata. Y el PST clamorosamente defendió la política “antiguerra” del SWP cuando eran socios de bloque dentro de la FLT. (Moreno también tronó entonces contra los “ultraizquierdistas sectarios” de la Spartacist League porque denunciamos las coaliciones del SWP como micro-frentes populares, y fuimos los únicos que levantaron la consigna “¡Toda Indochina debe ser comunista!”)

¿Qué hacer? Para un veterano como Moreno la estafa era simple: llamar por la victoria militar para el FLN era una “estrategia mundial” mientras que “Bring Our Boys Home” (“Que vuelvan nuestros muchachos [los soldados estadounidenses] a casa”) era una adaptación táctica a la atrasada conciencia de clase de las masas norteamericanas. Dice Moreno, “Algunos camaradas de la TMI criticaron duramente al SWP por no levantar en EE.UU. la consigna ‘Victoria del FLN’. Estaban en un error porque identificaron la política internacional con la táctica y las consignas nacionales” (N. Moreno, Angola: La revolución negra en marcha [1977]). De manera que si votan por una resolución del S.U., la cual en todo caso está enterrada en la sección documental del Intercontinental Press (y por lo cual nadie puede hacerlos responsables, siendo que el SWP y el PST sólo están relacionados “fraternalmente” al S.U.), está permitido negarse a llamar por la derrota de su “propio” imperialismo. Alabado sea…, el bloque con el Senador Demócrata Vance Hartke es principista, y no hay que ser golpeados por trabajadores pro guerra al distribuir propaganda derrotista frente a las fábricas (como les sucedió a los bolcheviques durante la Primera Guerra Mundial). Muy conveniente. ¿Por qué no se le ocurrió esto a Jack Barnes?

A Moreno se le ocurrió un subterfugio semejante años atrás cuando la FLT peleó con la TMI sobre la cuestión de quién apoyó al frentepopulismo: la FLT inculpó a Mandel y sus amigos por su apoyo a la Unión de la Izquierda francesa; la TMI señaló a Hansen/Moreno porque sus partidarios uruguayos pidieron el voto al Frente Amplio. (Conclusión: ambos apoyan al frentepopulismo.) Moreno sostuvo que los uruguayos habían cometido “un error, no una traición.” Es más, “fue un paso provechoso entrar en el Frente Amplio porque ayudó a nuestro trabajo en el movimiento de masas.” Es decir, “Sería claramente una traición apoyar electoralmente a un frente popular o a un movimiento nacionalista burgués sin denunciarlo como traicionero del movimiento obrero. Es decir: el votar en sí es para nosotros una cuestión táctica y no de principios” (N. Moreno, “A Scandalous Document — A Reply to Germain,” [SWP] IDB, enero de 1974).

Pero este subterfugio tampoco lo inventó Moreno. El autor es Andrés Nin. Aun después de que el POUM español participó en la coalición del Frente Popular durante las elecciones de febrero de 1936, Nin, su dirigente más a la izquierda, siguió denunciando al Frente Popular en lo abstracto. Por ejemplo:

“De aquí que la política del Frente Popular, al presentar el problema como una lucha entre la democracia burguesa y el fascismo, siembre funestas ilusiones entre las masas trabajadoras y las desvía del cumplimiento de su misión histórica, preparando, por ello mismo, la victoria del fascismo.”

—“La acción directa del proletariado y la revolución española” (julio de 1936) en A. Nin, Los problemas de la revolución española (1931-1937)

No suena mal — en el papel. Pero el POUM contribuyó a elevar el Frente Popular al poder, y después funcionó como su cola izquierda articulando consignas abstractas tipo “socialismo o fascismo”. Y cuando llegó el momento de la verdad en las Jornadas de Mayo de 1937 en Barcelona, Nin se negó a movilizar a los obreros para derrocar al frágil Frente Popular, de ese modo “preparando la victoria del fascismo”. Presumiblemente Nin también creía que “el votar es una cuestión táctica.”

Pero no así la tendencia espartaquista internacional. Para nosotros la oposición a la colaboración de clases sí es una cuestión de principios. Esto nos distingue no sólo de la mal nombrada “Fracción Bolchevique”, sino del pantano entero del Secretariado Unificado. Aunque el estafador cínico Nahuel Moreno recurre al “método” ecléctico del centrismo — el cual Trotsky llamó “confusión cristalizada” — sus verdaderos apetitos y programa son de un reformista empedernido. En cualquier caso, como vemos en el ejemplo de Nin, el resultado es el mismo, y es la clase obrera que sufre el castigo.

Reagrupamento Revolucionário n. 04

É com felicidade que anunciamos aos nossos leitores o lançamento do quarto número de nossa revista Reagrupamento Revolucionário. Disponível em formato PDF ou com nossos militantes. Boa leitura!

Nova publicação no Arquivo Histórico

A Escola Stalinista de Falsificação Revisitada
Uma Resposta ao Guardian
Chamamos a atenção de nossos leitores para a nova publicação disponível em nosso Arquivo Histórico: um conjunto de artigos escritos em 1973 pela então revolucionária Liga Espartaquista e publicado na forma do livro A Escola Stalinista de Falsificação Revisistada. Os artigos foram escritos em resposta a um ataque contra o trotskismo publicado no jornal maoísta Guardian e são uma excelente introdução aos conceitos essenciais do combate revolucionário contra o revisionismo stalinista/maoísta. A tradução para o português foi realizada pelo Reagrupamento Revolucionário em dezembro de 2012.

Desmoronamento e enchentes no estado do Rio de Janeiro

O fenômeno é natural, a catástrofe é social 
Desmoronamento e enchentes no estado do Rio de Janeiro
Ante as chuvas que voltam a afetar drasticamente a população pobre do Rio de Janeiro, publicamos como parte de nosso Arquivo Histórico este artigo escrito por Rodolfo Kaleb e originalmente publicado no Hora de Lutar No.15 (abril de 2010), órgão do então revolucionário Coletivo Lenin.

No começo do mês de abril, fortes chuvas atingiram o estado do Rio de Janeiro. Na noite do dia 5 deste mês, caiu em apenas 12 horas o volume de água esperado para dois meses. Essa chuva causou uma catástrofe devido à ausência de uma infra-estrutura urbana planejada para atender às necessidades dos trabalhadores, mas feita para reduzir os custos dos patrões e do Estado.


Vários bairros da cidade sofreram com enchentes dos rios ou simplesmente inundações pluviais. Até agora foram registradas mais de 200 mortes em todo o estado do Rio e o número aumenta sem parar. Além dos mortos, cerca de 500 pessoas saíram feridas e mais de seis milhões foram afetados de alguma maneira. O número total de desabrigados (aqueles que tiveram que deixar suas casas e não tinham onde ficar) passou dos sete mil. O número de desalojados (os que tiveram que deixar suas casas, mas encontraram abrigo com amigos ou parentes) chegou aos vinte e cinco mil. Em um dos locais mais atingidos, o Morro do Bumba, em Niterói, cerca de 50 casas foram completamente destruídas por um desmoronamento na encosta.

Diante dessa situação, a resposta dos governos foi unânime: pôr a culpa da tragédia na chuva e nos trabalhadores pobres que, sem opção, vivem em locais de risco, como o Morro do Bumba. O Governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), expressou de maneira clara sua opinião: “Não é possível a construção irregular continuar. Se você pegar essas pessoas que morreram, quase todas estavam em áreas de risco”, disse ao prometer medidas duras contra as ocupações existentes. Para o Governador, é preciso ampliar as medidas de “limpeza” urbana como desocupação de favelas e o Choque de Ordem realizado pelo Prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes (também do PMDB). Uma opinião semelhante foi proferida por Lula quando voltava de sua viagem ao Rio.


A Catástrofe é programada socialmente pelos governos

A ocupação desordenada do espaço urbano e a falta de infra-estrutura necessária, tanto no dia-a-dia quanto para evitar esse tipo de tragédia, são situações socialmente programadas. No que diz respeito à ocupação de morros e encostas, obviamente não é uma ação baseada na imprudência, ou na irresponsabilidade ingênua. Ninguém mora em condições como essas porque quer! No Brasil, o déficit habitacional urbano ultrapassa sete milhões de moradias. Esse é o número de lares que seriam necessários para retirar pessoas das ruas, de locais de risco, de habitações sem infra-estrutura básica, condições impróprias e de locais onde o gasto com aluguel ultrapassa 30% da renda das famílias. 

Assim, todos os anos milhares de pessoas são forçadas a ocupar esses territórios devido ao desemprego, o aumento da miséria e, sobretudo, da exclusão da população mais pobre de áreas destinadas à especulação imobiliária (valorização de bairros luxuosos, expulsando trabalhadores mais pobres). Nas mais de mil favelas do Rio de Janeiro, já moram cerca de um milhão e trezentos mil pessoas, número de cresceu 22% na última década. Nos últimos oito anos, o número de favelas em Niterói cresceu 200%. Um exemplo de como a especulação imobiliária causa essas relações é que a prefeitura do Rio tem planos de realizar obras no Centro da cidade com o objetivo de construir um pólo turístico para as Olimpíadas, com hotéis de luxo e grandes empresas. Para fazer isso, Eduardo Paes pretende acabar com ocupações de prédios fora de uso, onde vivem trabalhadores sem-teto, moradias populares e de baixa renda, e pequenas empresas familiares. Isso vai ser feito seja através da força, com a repressão policial e jurídica aos sem-teto e camelôs, seja pelo aumento do custo de vida dos moradores do Centro. O Governador também já prometeu o despejo de moradores de inúmeras favelas até o ano de 2012. Dessa forma, haverá irremediavelmente uma debandada de milhares de trabalhadores que, sem outra opção para viver perto do Centro, onde fizeram sua vida e onde trabalham, irão ocupar novas áreas impróprias. 

O mesmo objetivo está por trás da política do Choque de Ordem: expulsar trabalhadores pobres das suas casas e dos seus locais de trabalho (no caso dos camelôs) para favorecer a especulação imobiliária. Esse é o interesse daqueles que realmente mandam na prefeitura e em todo o Estado, os donos das grandes empresas (inclusive as de turismo, imobiliárias e de construção civil) pouco se preocupando com os trabalhadores vitimados por tais ações. Não ouvimos falar em nenhuma passeata puxada pelo Governador ou pelo Prefeito para exigir que o dinheiro dos royalties do petróleo do Rio de Janeiro seja empregado em habitação e saneamento. Isso ocorre porque a gigantesca maioria dos recursos não é usada para trazer uma vida melhor aos trabalhadores, mas para aumentar o lucro dos empresários, ainda que a custa das vidas dos primeiros. 

Em Niterói a situação dos recursos públicos não é diferente. Muito se falou da incompetência da Prefeitura de Jorge Roberto da Silveira (PDT) para justificar a catástrofe no Morro do Bumba e em outras localidades. Essas críticas estão em parte corretas, mas não se trata de uma questão de incompetência, e sim dos interesses do Prefeito, que são perpetuar o funcionamento do sistema. Ao longo do ano de 2009, aprefeitura de Niterói gastou menos de 1% do seu orçamento com saneamento básico. Dos mais de dois milhões previstos para a área de habitação, foram gastos 2,8% (66 mil reais). Somente com as despesas da câmara legislativa, foram gastos três vezes mais. Como atesta a nota do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação de Niterói (SEPE/Niterói): “… a dimensão da disparidade entre a prioridade dada aos aliados políticos da Prefeitura, e os investimentos sérios nas áreas em que nossa população realmente precisa, é gigantesca”. 

A ciência permite, mas o capitalismo impede a solução!

Hoje em dia, a gigantesca maioria dos fenômenos naturais que ocorrem com frequência pode ser inofensiva à ocupação humana. O que é necessário é ter estrutura física preparada para resistir. Enchentes de rios são fenômenos que tem um papel natural importantíssimo, inclusive, na agricultura [em certas regiões do mundo], por que as terras inundadas nas margens se tornam extremamente férteis no período logo após a enchente. Nas cidades, basta existir uma estrutura de escoamento suficientemente grande para evitar que as enchentes causadas pelas chuvas alaguem bairros inteiros. O mesmo pode-se dizer sobre desmoronamentos. Não haveria razão para que pessoas construíssem casas em locais de risco quando se pode determinar com precisão a segurança das instalações. Somente um sistema segregacionista como o capitalismo obriga os trabalhadores a viver nessas condições. A ciência e a técnica nos permitem uma dominação sem precedentes sobre os efeitos danosos dos fenômenos naturais, mas as condições em que somos mantidos pelo capitalismo não conseguem resolver nossa situação. 

Mesmo quando falamos de terremotos, países como Japão têm modelos de construção anti-sísmica capazes de resistir até mesmo a tremores de nível médio para alto sem nenhum dano grave. Com a estrutura necessária, a tragédia no Haiti [seguida ao terremoto de 2010] poderia ter sido evitada quase por completo. A “ajuda internacional” do exército de invasão da ONU liderada pelo Brasil e agora pelos Estados Unidos, entretanto, parece nunca ter se preocupado com isso.

A verdade é que essas tropas cumprem no Haiti um papel semelhante ao que os Estados Unidos têm no Iraque e no Afeganistão: manter a ordem política e social que lhes interessa (ou seja, a ordem que permitirá à suas empresas realizar investimentos para explorar o trabalho do povo haitiano com um mínimo de direitos e condições de vida para gerar menos custos aos capitalistas). Por isso as tropas lutam contra os trabalhadores organizados em resistência ao golpe que derrubou a frente popular do país, do presidente Bertrand Aristide. Esse era um governo “populista”, como o de Lula, que permitia ao capital explorar sem piedade os trabalhadores haitianos, mas lhe dava algumas migalhas, acelerando um pouco a distribuição precária de terras aos camponeses e realizando medidas assistencialistas como o vale-roupa. Nem isso a direita haitiana, em aliança com os interesses do imperialismo americano, pôde aceitar pagar. E realizou um golpe, seguido de resistência popular, cujas tropas da ONU foram combater sob o slogan de “manter a paz e a ordem”. 

A origem social da falta de infra-estrutura

O problema central quando falamos da catástrofe causada por fenômenos naturais que sofremos ao longo dos anos é a condição social que permite a destruição e que direciona seus efeitos de forma desigual. Com isso queremos dizer que tragédias como a que atingiu o estado do Rio de Janeiro são questões sociais e que, portanto, têm caráter de classe. Como mostramos, já existe técnica suficiente para prevenir grande parte de catástrofes de origem natural. Essa técnica não é aplicada hoje, imediatamente, por interesses da classe dominante na sociedade capitalista: a burguesia, composta pelos patrões e banqueiros. 

Em todos os países capitalistas, os gastos com a infra-estrutura produtiva (transportes, energia, esgoto, escoamento, saúde, educação) são em grande parte financiados pelo Estado burguês. Ao contrário do que possa parecer, isso não é uma vantagem para os trabalhadores, mas uma forma de a burguesia (que necessita dessa infra-estrutura para a produção) dividir, com os trabalhadores o seu custo através dos impostos. Não estamos dizendo que não devemos lutar para que o Estado gaste mais com melhoria da saúde e da educação, pois isso interessa aos trabalhadores, mas sim que a origem social destes gastos é a incapacidade da burguesia de financiá-los por si própria. Ela faz isso para diminuir o gasto com o capital constante (a quantidade de dinheiro gasta obrigatoriamente na manutenção de máquinas, transportes e na vida dos trabalhadores) e aumentar o lucro. Portanto, é impossível resolver os problemas de infra-estrutura por completo sem que o modo de produção mude, acabando com o lucro e expropriando a burguesia, garantindo gastos maiores com as condições de vida dos trabalhadores. Ou seja, só é possível resolver o problema por completo no socialismo! 

O caráter de classe dessas catástrofes fica óbvio quando vemos que são sempre os trabalhadores aqueles os que mais sofrem com elas, sejam eles do Haiti, do Brasil, dos Estados Unidos ou de qualquer outro lugar do mundo. Muitas delas atingem posses materiais da burguesia, como empresas e portos. Isso causa um dano que é de imediato, maior aos trabalhadores, que ficam sem emprego e fonte de renda, do que aos patrões, que têm capital acumulado e podem “sobreviver” por muito mais tempo. E ainda mais porque os subsídios que o Estado normalmente oferece à reconstrução das empresas aos patrões que tiveram perdas são muito maiores que aos trabalhadores, que muitas vezes têm destruídas suas casas e que ficam sem empregos por longo período. 

Conclusão: a necessidade de destruir e superar o capitalismo

Por tudo o que dissemos, somos levados à conclusão de que a única solução real para o problema são obras estruturais de saneamento e construção de moradias nos centros urbanos até que todos possam viver em condições dignas e sem riscos. Um plano de obras como esse poderia, ao mesmo tempo em que resolve o perigo de nova destruição, diminuir o desemprego. São essas as demandas que os trabalhadores devem buscar através de seus sindicatos e centrais, organizações de moradores e de trabalhadores sem-teto. Devem todos estar juntos nessa luta e se valer de protestos e greves para buscar esse interesse comum. Caso isso aconteça, serão levados à conclusão, cedo ou tarde, da incapacidade do Estado burguês e do capitalismo brasileiro de resolver tal problema. Apenas um governo direto dos trabalhadores, comandado por assembléias, poderá direcionar a riqueza produzida nas empresas para a construção das sete milhões de moradias urbanas que os trabalhadores brasileiros precisam, além de realizar as obras de infra-estrutura para impedir novas situações trágicas como a que vivemos este mês. 

Diversos sindicatos, organizações estudantis e associações de moradores convocaram um ato para o próximo dia 15 de abril às 16 horas em frente à prefeitura de Niterói. Essa manifestação irá reunir largos setores da classe trabalhadora, para protestar contra o descaso e os ataques dos governos. 

São essas as exigências que chamamos os trabalhadores a buscar até as últimas consequências neste ato, pois só elas irão resolver a questão:

Pela construção, sob supervisão de assembléias de moradores, de novas moradias em locais adequados para TODAS as vítimas, desabrigados e desalojados por causa da catástrofe! 

Imposto progressivo a cada ano sobre as grandes empresas para pagar um plano de infra-estrutura e obras públicas!

Que o lucro das empresas que exploram o petróleo brasileiro, além dos royalties, seja fortemente taxado para garantir habitação digna e bem localizada, com acesso a saúde e educação de qualidade para todos os que precisam! 
Pelo fim do Choque de Ordem! Que as organizações e assembléias de trabalhadores sem-teto tenham total liberdade para usar como habitação improvisada prédios públicos e privados que estejam fora de uso!

Postagem de Fim de Ano

A Ordem Reina em Berlim 

Seguindo a tradição, todo final de ano postamos um material histórico de estímulo à determinação e à vontade revolucionária de nossos militantes, leitores e simpatizantes. O presente editorial foi o último artigo conhecido escrito por Rosa Luxemburgo, após a derrota da rebelião Espartaquista e horas antes de sua prisão e assassinato pelas mãos do governo alemão. Originalmente publicado em Rote Fahne em 14 de janeiro de 1919. Esta versão foi copiada de marxists.org.

A ordem reina em Varsóvia, anunciou o ministro Sebastini na Câmara francesa quando, depois de um terrível assalto sobre o bairro de Praga, a soldadesca de Suvarov entrou na capital polonesa para começar o seu trabalho de carrascos contra os insurgentes.

“A ordem reina em Berlim!”, proclama triunfalmente a imprensa burguesa entre nós, bem como os ministros Ebert e Noske e os oficiais das tropas vitoriosas, para quem a gentalha pequeno-burguesa de Berlim agita os lenços e emite os seus hurras. A glória e a honra das armas alemãs estão a salvo perante a história mundial. Os que combateram miseravelmente no Flandres e em Argonne podem agora restabelecer o seu nome mediante a brilhante vitória atingida sobre trezentos espartaquistas que lhes resistiram no prédio do [jornal socialdemocrata] Vorwaerts. As primeiras e gloriosas irrupções das tropas inimigas na Bélgica e os tempos do general Von Emmich, o imortal vencedor de Lieja, tornaram-se pálidos ao serem comparados com este das façanhas efetivadas pelos Reinhardt e os seus “camaradas” nas ruas de Berlim. Os delegados dos sitiados no Vorwaerts, enviados como parlamentares para tratarem da sua rendição, foram destroçados a pancadas de garrote pela soldadesca governamental, e isto aconteceu até tal ponto que não foi possível reconhecer os seus cadáveres. Quanto aos prisioneiros, foram pendurados dos muros e assassinados de tal maneira que muitos deles tinham o cérebro fora do seu crânio. Quem lembraria ainda, depois destes fatos gloriosos, nas vergonhosas derrotas impingidas aos alemães pelos franceses, os ingleses e os americanos? Spartacus é o inimigo e Berlim o campo de batalha em que somente sabem vencer os nossos oficiais. Noske, “o operário”, é o general que sabe organizar a vitória ali onde Lundendorff fracassa.

Como não pensar aqui na matilha vitoriosa que impunha anos antes “a ordem” em Paris, nessa bacanal da burguesia sobre os cadáveres dos combatentes da Comuna? Era a mesma burguesia que acabava de capitular vergonhosamente face aos prussianos e que tinha abandonado a capital do país ao inimigo de fora para fugir ela própria como covardes abjetos. Então é que puderam mostrar a sua viril coragem os filhinhos-de-papai e toda a “juventude dourada” que mandava em Versalhes face aos proletários parisienses mal equipados e sem armas, contra as suas mulheres e os seus filhos! Estes filhos de Marte, pregados até o dia anterior ante o inimigo estrangeiro, souberam de repente ser cruéis e bestiais em face de umas vítimas sem defesa, em face de umas centenas de prisioneiros e moribundos.

“A ordem reina em Varsóvia!”, “A ordem reina em Berlim!”. Eis como proclamam as suas vitórias os guardas da “Ordem” através de todos os exércitos que se estendem de um lado para outro da luta histórica mundial. A destituição dos vencedores não indica mais do que o final de uma etapa da “Ordem” que deve ser mantida e proclamada periodicamente, mediante toda a classe de sangrentos assassinos, sem deter-se na sua marcha para o seu destino histórico, quer dizer, para o seu fim.


O quê tem agregado esta semana aos nossos ensinamentos? Em primeiro lugar, ainda no meio da luta e dos gritos vitoriosos da contrarrevolução, os proletários revolucionários puderam chegar a medir os acontecimentos e os seus resultados com a grande medida da história. E isto aconteceu assim porque resulta que a Revolução não tem tempo a perder e, em consequência, persegue a sua vitória por cima das tumbas e por baixo das habituais vitórias e derrotas.

Reconhecer as suas linhas de orientação e seguir os seus caminhos com plena consciência é a tarefa fundamental de todos os que lutam pela vitória do socialismo internacional.

Era possível esperar uma vitória definitiva do proletariado revolucionário, na sua luta contra os Ebert—Scheidemann, para aceder a uma ditadura socialista? Decerto que não, sobretudo se se considerarem devidamente todos os fatores chamados a decidir sobre a questão. O ponto vulnerável da causa revolucionária neste momento é a política imatura da grande massa de soldados que ainda permitem aos seus oficiais que os mandem contra os seus próprios irmãos de classe. De resto, o não amadurecimento do trabalhador-soldado não é mais do que um sintoma da imaturidade geral em que ainda se acha imersa a revolução alemã.

O campo, que é donde procedem a maioria dos soldados, fica tanto depois como antes fora do campo de influência da revolução. Berlim é até o presente, face ao resto do país, algo assim como um ilhéu. Os centros revolucionários da província (os de Renânia, Wasserkant, Brunschwitz, Saxe e Wurtemberg nomeadamente) estão de corpo e alma do lado do proletariado berlinense, mas polo momento falta uma concordância direta na ação, que é a única que pode proporcionar uma  incomparável eficácia ao arranque e a combatividade dos operários de Berlim. Além disso, a luta econômica (que é origem de verdadeiras fontes vulcânicas em que se alimenta a revolução) acha-se ainda numa fase claramente inicial.

Disso tudo pode deduzir-se claramente que não é razoável contar polo momento com uma vitória de tipo decisivo. A luta destas últimas semanas teve como desenlace o resultado das citadas insuficiências. Sempre há um disparo inicial, mas qual era na realidade o ponto de partida da última semana de luta? Como já aconteceu em casos precedentes, como já aconteceu no 6 de Dezembro, como já aconteceu no 24 de Dezembro, desta vez também esteve a origem numa provocação brutal pela parte do governo. Como no caso do assassinato dos manifestantes desarmados, como no caso da matança dos marinheiros, desta vez foi o atentado da Prefeitura da polícia a causa originária de todos os acontecimentos. E é que a revolução nem sempre tem hipóteses de agir seguindo as suas livres decisões, em terreno descoberto e depois de um bom plano de manobras idealizado por algum bom estratega. Os seus inimigos tem também a sua iniciativa, e por vezes inclusive são eles quem a tomam, que por certo é o que se passa geralmente.

Porém, ante o fato da insolente provocação do governo Ebert—Scheidemann, os operários revolucionários estavam forçados a pegarem nas armas. Com efeito, para a revolução, pode dizer-se que era uma questão de honra responder o mais rapidamente possível e com todas as forças ao ataque, porque se assim não fosse teria sido impulsada à contrarrevolução, a uma nova etapa repressiva, com o que teriam resultado comovidas as fileiras revolucionárias e diminuído o crédito moral da revolução alemã.

A resistência surgiu tão espontaneamente, com uma energia tão evidente, do mesmo seio das massas berlinenses, que do primeiro momento pode dizer-se que a vitória moral esteve do lado da rua. Uma lei interior da revolução é a da impossibilidade de esperar na inatividade depois de que se deu um passo para a frente. A melhor manobra é uma boa viragem inesperada e audaciosa. Esta regra elementar de toda a luta é que rege com maior razão todos os passos da revolução. Nesta ocasião haveria de demonstrar, aliás, o são instinto, a força interior sempre fresca do proletariado berlinense e uma combatividade do mesmo que não se limitou a reintegrar Eichorn nas suas funções (como tinha demandado), mas que impulsionou a massa para ir em busca de outros redutos da contrarrevolução, como é a imprensa burguesa, representada de primeira mão pelo Vorwaerts. Se todas estas iniciativas surgiram espontaneamente da massa é porque esta sabia que a contrarrevolução não se havia de conformar com a derrota e que havia de procurar a provocação como fosse uma batalha onde se mediram todas as forças de ambos os combatentes.

Aqui também depararemos com uma das grandes leis históricas da revolução, contra a qual estilhaçam todas as sutilezas próprias dos pequenos maquiavélicos “revolucionários” ao estilo do U.S.P.D., que em cada ocasião de lutar não procuram mais do que o seu correspondente pretexto para se bater em retirada. O problema fundamental de toda revolução (neste caso é o da queda do governo Ebert—Scheidemann) surge em cada caso com toda a atualidade, porque cada episódio da luta descarta, com a fatalidade das leis naturais, todo compromisso com a calmaria ou com as gargalhadas da politicagem reformista, exigindo em todo o  momento o máximo por pouco maduras que forem as circunstâncias… Abaixo o governo de Ebert—Scheidemann! Esta é a palavra-de-ordem que emerge como inevitável de cada episódio da nossa atual crise, tornando na única fórmula capaz de exprimir o senso e o significado de todos os conflitos parcelares, e de levar a luta até o seu ponto culminante.

O resultado desta contradição entre o agravamento do objetivo e as insuficiências prévias para o seu cumprimento tem como concreção o estabelecimento da fase inicial do desenvolvimento revolucionário, no decurso do qual as lutas parciais sempre acabam com uma “derrota” formal. Mas a revolução é a única forma de “guerra” em que (por lei de vida que lhe é própria) a vitória final apenas pode ser atingida através de uma série de “derrotas” prévias.

O quê é que nos mostra se não toda a história das revoluções modernas e do socialismo? O primeiro facho que iluminou a luta de classes na Europa foi a insurreição dos sedeiros de Lyon em 1831, que terminou com uma flagrante derrota. O movimento dos Cartistas na Inglaterra concluiu também com uma derrota. O levantamento do proletariado em Paris, durante as jornadas de 1848, desembocou igualmente numa esmagadora derrota. E a Comuna de Paris teve semelhante desenlace… Todo o caminho do socialismo está efetivamente asfaltado de derrotas, apesar do qual vemos que a história do mesmo avança inexoravelmente, passo a passo, para a vitória que há de ser definitiva. Onde estaríamos hoje sem estas “derrotas” das que tiramos a experiência histórica que nos permite reconhecer a realidade das coisas em toda a sua dimensão? Na atualidade, quando temos conseguido chegar já ao limiar da batalha final, é precisamente quando melhor podemos reconhecer que é sobre todas essas “derrotas” sobre as que nós ficamos em pé. Não podemos prescindir de nenhuma delas, porque cada uma das mesmas faz parte da nossa força atual.

Este é justamente o contraste e a aparente contradição que diferencia as lutas revolucionárias das lutas parlamentares. Na Alemanha contamos com quarenta anos de “vitórias” parlamentares, de forma que pode dizer-se que durante todo este tempo estivemos marchando de vitória em vitória, sendo o resultado a grande prova histórica de 4 de Agosto de 1914: a derrota política e moral mais catastrófica e inesquecível.
As revoluções, polo contrário, não nos tenham achegado mais do que contínuas derrotas, mas inevitáveis estas derrotas são a melhor garantia da nossa vitória final… Claro que isso tudo entranha uma condição! E é a de sabermos em que circunstâncias teve lugar cada derrota, quer dizer, se esta foi o resultado de umas massas imaturas que se lançam à luta, ou de uma ação revolucionária paralisada no seu interior pela indecisão, a fraqueza e a falta de radicalismo.

Dois exemplos típicos de ambos os casos poderiam ser a revolução francesa de Fevereiro e a revolução alemã de Março. A ação heroica do proletariado de Paris em 1848 converteu-se na energia mais vivificadora que cabe para o proletariado de todo o mundo, enquanto os lamentáveis desfalecimentos da revolução alemã de Março, do mesmo ano, viram-se metamorfoseados numa espécie de pesada cadeia para todo o desenvolvimento histórico ulterior da Alemanha, cujos efeitos regressivos podem ser rastejados mesmo nos acontecimentos mais recentes da nossa revolução e na crise dramática que acabamos de viver.

Como será vista, em tal caso, a derrota da nossa Semana de Spartacus à luz da mencionada perceptiva histórica? Como o resultado de uma audaz energia revolucionária perante o insuficiente amadurecimento da situação, ou como o desenlace de uma ação empreendida sem a necessária convicção revolucionária?

De ambas as formas! Porque a nossa crise tem, com efeito, um duplo rosto, o  da contradição entre uma enorme decisão ofensiva por parte das massas e a falta de convicção por parte dos chefes berlinenses. Falhou a direção. Mas este é o defeito menor, porque a direção pode e deve ser criada pelas massas. As massas são com efeito o fator decisivo, porque são a rocha sobre a que será edificada a vitória final da revolução. As massas cumpriram com a sua missão, porque fizeram desta nova “derrota” o elo que nos une legitimamente à cadeia histórica de “derrotas” que constituem o orgulho e a força do socialismo internacional. Podemos ter a certeza de que desta “derrota” também há de florescer a vitória definitiva.

A ordem reina em Berlim!… Ah! Estúpidos e insensatos carrascos! Não reparastes em que a vossa “ordem” está a alçar-se sobre a areia. A revolução se alçará amanhã com a sua vitória e o terror irá pintar nos vossos rostos ao ouvir-lhe anunciar com todas as suas trombetas: ERA, SOU E SEREI!

Arquivo Histórico: Trabalhadores Sacodem o Brasil dos Generais

Terceiro Round: 400 mil metalúrgicos em greve
Trabalhadores Sacodem o Brasil dos Generais

[Originalmente publicado pela Liga Espartaquista em Workers Vanguard No. 256, de 16 de maio de 1980. Acompanha uma nota publicada em Workers Vanguard No. 278, de 10 de abril de 1981. Tradução para o português realizada pelo Reagrupamento Revolucionário em dezembro de 2012]. 
O que foi potencialmente a mais explosiva greve em uma década e meia de regime militar no Brasil encerrou-se em 12 de abril, com dezenas de milhares de trabalhadores metalúrgicos retornando ao trabalho em São Paulo. Seus líderes ainda estão presos e 40 mil encaram a demissão após 41 dias em greve contra gigantes “multinacionais” como Ford, Chrysler, Volkswagen e Volvo.

A batalha começou em 1º de abril, quando 400 mil marcharam no mais industrializado dos estados do país exigindo um aumento de 15%. Vendo o perigo para os generais – esse foi o terceiro round em muitos anos de greves de massas contra a ditadura – de início os militares responderam com uma mão pesada: helicópteros sobrevoando reuniões de greve, veículos blindados para o transporte de tropas patrulhando as ruas, líderes grevistas presos. E a repressão policial cobrou seu preço: primeiro as áreas periféricas do estado voltaram ao trabalho, depois um por um foram os subúrbios industriais de São Paulo, finalmente deixando isolada a fortaleza dos trabalhadores metalúrgicos de São Bernardo. 
A ameaça ao regime autoritário de João Figueiredo foi evidente: a queda do ditador português Caetano em 1975 e a subsequente radicalização da classe trabalhadora em Lisboa continuam frescas na mente de todos. Então, até mesmo antes dos trabalhadores abaixarem seus punhos, surgiram divisões no seio da classe dominante brasileira sobre como lidar com a greve. Apesar de ter sido acordado de os metalúrgicos receberam apenas 1,9 por cento de aumento sob a política salarial do governo, os empregadores ofereceram 5 por cento de imediato e uma mesa de negociação regional ordenou 7 por cento. A mesa também se recusou a declarar a greve ilegal. Mas, em 19 de abril, a polícia invadiu as casas dos líderes sindicais e prendeu Luís Inácio da Silva, o principal líder sindical do país, além de 16 outros. Dois mil protestantes se juntaram para combater a prisão de da Silva, popularmente conhecido como “Lula”, e foram espancados por tropas do exército com equipamentos de choque.
Essa brutalidade não quebrou a força de vontade dos grevistas – 40 mil se juntaram no estádio de futebol para proclamar que a luta prosseguiria: “Ninguém trabalha até que Lula seja solto!”, eles gritaram. No Primeiro de Maio, após um mês de greve, milhares de trabalhadores desafiaram uma proibição do governo para organizarem uma marcha começando na principal igreja de São Bernardo. E, em 5 de maio, quando eles novamente votaram para continuar a caminhada, a polícia atacou violentamente, deixando 53 grevistas feridos. Quando os estádios foram cercados para evitar reuniões de greve, o arcebispo de São Paulo, [Dom Evaristo] Arns, anunciou que as igrejas estariam disponíveis para reuniões de greve. Então o Presidente Figueiredo acusou o cardeal paulista de incitar a greve. Quando o bispo emitiu um chamado por um novo “pacto social”, Figueiredo declarou que a conferência episcopal não mais estava autorizada a falar pela igreja brasileira. Quanto aos interesses do capital, um vice presidente da Ford Motors falou à imprensa que a disputa poderia ser facilmente resolvida se o governo se mantivesse fora dela.
A simpatia pela greve se estendeu muito além da classe trabalhadora. A fábula do “milagre econômico” brasileiro está claramente acabada, e o desencantamento se espalhou para as classes médias e setores da burguesia. Por mais de uma década a ditadura militar se manteve no poder através da repressão brutal dos trabalhadores e da garantia de super-lucros aos capitalistas. Conforme as dificuldades econômicas foram se aprofundando, o regime tentou evitar uma explosão através de uma série de pseudo-reformas políticas e contendo os temidos “esquadrões da morte”. Mas apaziguamento não funcionou. Pelos últimos três anos o país entrou em erupção de novo e de novo, em longas ondas de greve em desafio direto ao governo. O forte proletariado brasileiro de muitos milhões está fervendo e provavelmente irá produzir no futuro próximo uma revolta sindical de grandes proporções, que irá sacudir o continente. O que ele carece é de uma liderança revolucionária capaz de transformar a luta para derrubar a ditadura em uma luta contra a ordem capitalista.
O “milagre econômico” vira fumaça
O presente regime teve início com a derrubada de João Goulart em 1º de abril de 1964 e a instalação de uma junta militar apoiada pelos EUA. A “Revolução de Março” teve lugar com unidades da Marinha e da Força Aérea norte-americana aguardando caso fosse necessário entrar em ação, e foi apoiada por virtualmente toda a burguesia brasileira. Supostamente, ela se deu para salvar o país do comunismo, da corrupção e dos 81% de inflação. Em um primeiro momento, o novo regime buscou desmontar o controle estatal e o protecionismo legal herdado de 30 anos de governos populistas. Essa foi a primeira aplicação por parte de uma ditadura latino-americana das políticas econômicas de direita da “Escola de Chicago”, que posteriormente se tornou notória como conselheira para o programa de fome em massas de Pinochet, no Chile. O Ministro do Planejamento brasileiro, Roberto Campos, era tão pró-americano que ele foi comicamente chamado de “Bob Fields”. Mas o crescimento econômico do período 1964-67 foi pouco mais do que nos anos de crise sob o governo Goulart, quando empresários estavam levando a cabo um boicote.
Então, na década seguinte, a economia brasileira subitamente “decolou” em um ritmo que superou o de todos os outros países capitalistas “subdesenvolvidos”, exceto aqueles baseados em petróleo. De 1968 a 1977, o produto interno bruto brasileiro, ajustado pela inflação, cresceu 10 por cento ao ano. Isso era para ser a história de sucesso do “mundo livre”, confirmando as teorias dos economistas burgueses imperialistas, do keynesiano da CIA, W. W. Rostow, ao monetarista dos generais, Milton Friedman. Mas a economia do “milagre” do Brasil estava longe de um “mercado livre” desembaraçado – as políticas do Ministro da Fazenda, Delfim Neto, seriam melhor descritas como um controle militar tecnocrata do Estado. E a principal fonte de financiamento do boomfoi um massivo influxo de investimentos imperialistas, aumentando por 25% ao ano desde 1970. Consequentemente, corporações “multinacionais” não só controlam totalmente as indústrias automobilísticas e farmacêuticas, como também dominam tradicionais setores do capital brasileiro, como o têxtil, de bebidas e maquinário (Le Monde Diplimatique, janeiro de 1979).
A base fundamental do boom financeiro foi a superexploração de uma classe trabalhadora impedida de se defender da baioneta dos soldados. De 1964 a 1974, os salários reais caíram por 30%, um drástico corte nos padrões de vida. Atualmente o salário mínimo compra apenas metade do que comprava em 1959; e, enquanto a renda da parcela 50 por cento mais pobre da população caiu de 18 para 12 por cento durante 1960-77, os 5 por cento mais ricos aumentaram sua fatia de 28 para 39 por cento (Economist, 4 de agosto de 1979). Mas a economia capitalista só pode ir tão longe através de um contínuo empobrecimento da classe trabalhadora. A crescente população das favelas provêem um reservatório de mão de obra barata, mas não muito de mercado interno. E mesmo que o mago financeiro Delfim Neto tenha agora sido trazido de volta, a inflação nos últimos 12 meses subiu 83 por cento, excedendo o pior ano sob Goulart. Como resultado, setores da burguesia brasileira estão exigindo mudanças fundamentais na política econômica, e alguns não ligariam muito se os trabalhadores metalúrgicos de fato fossem vitoriosos em sua greve.
Revolta operária
O arrocho dos salários reais após o golpe de 1964 foi possível graças à supressão brutal do movimento sindical, então já atrelado ao Estado das mãos aos pés, através da estrutura paternalista estabelecida pelo Estado Novo de Getúlio Vargas nos anos 1940. Moldado segundo a Carta del Lavoro de Mussolini, os sindicatos verticalizados não tinham direito a greve ou negociação coletiva; todas as disputas eram submetidas a tribunais trabalhistas do Governo. De forma semelhante ao regime peronista na Argentina, militantes de esquerda eram duramente expurgados dos sindicatos e substituídos por capatazes do Governo (os pelegos). Os sindicatos eram financiados por uma taxa de desconto obrigatória, mantida em cofres estatais, e seus secretários eram pagos diretamente pelo ministério do trabalho; o governo possuía o direito de dissolver qualquer organização sindical ou remover seus lideres sem reparação. Coroando essa estrutura corporativista, estava o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Vargas, para amarrar politicamente os trabalhadores ao regime populista.
Após a repressão inicial que se seguiu ao golpe de 1964, os militares logo puseram os sindicatos em suas mãos ao colocar seus próprios pelegos nos altos cargos. Os generais também adicionaram novas ajudas legais à patronal, como a rotatividade, através da qual uma empresa poderia demitir toda a sua força de trabalho ao alegar dificuldades econômicas e repô-la com novos trabalhadores, com menores salários. Sem liderança, removida de todos os direitos e morrendo de fome, a classe trabalhadora brasileira conseguiu sobreviver esses primeiros anos apenas através de jornadas de trabalho de 60-70 horas por semana e mandando mulheres e crianças às fábricas. Mas a rápida industrialização provocou um resultado que é potencialmente letal para ditadura: um proletariado em crescimento. E o maior crescimento foi em novas indústrias de produção em massa, tais como a automobilística, onde a força de trabalho não está viciada em uma longa tradição de tutela governamental. Assim, começou a surgir na última década um eclético movimento conhecido como oposição sindical (OS), liderado por uma nova camada de militantes que se opõem ao controle dos pelegos sobre os sindicatos.
As OS tem se concentrado nos trabalhadores metalúrgicos de São Paulo, particularmente no assim chamado cordão industrial do ABC (os subúrbios de Santo André, São Bernardo e São Caetano), e esse setor combativo é onde as séries de greves aguerridas têm explodido recentemente. A primeira onda tomou lugar no final de 1977, após protestos estudantis terem surgido em praticamente todas as principais cidades brasileiras no começo do ano (confira Lutas Estudantis Engolem o Brasil, Young Spartacus No. 56, de julho/agosto de 1977). Os trabalhadores metalúrgicos estavam exigindo um aumento salarial de 34%, e, por volta do começo de 1978, dezenas de milhares estavam em greve em São Paulo e no ABC, o maior centro industrial da América do Sul. O Governo foi incapaz de suprimir os trabalhadores automobilísticos e, por volta de agosto daquele ano, novas greves estavam ocorrendo em uma média de três por dia.
Temendo as consequências de uma forte repressão contra estudantes, grevistas e liberais burgueses, o então presidente Ernesto Geisel inaugurou uma série de falsas reformas em seus últimos meses de mandato. Mas isso apenas aguçou o apetite dos trabalhadores e, quando Figueiredo assumiu em abril de 1979, ele imediatamente se defrontou com uma greve de 215.000 trabalhadores metalúrgicos exigindo 70 por cento de aumento salarial. A administração de apenas 9 dias chamou então a polícia para cercar as sedes dos sindicatos para que oficiais do governo pudessem expulsar líderes sindicais, particularmente Lula, que havia ganho proeminência nacional como o líder das greves de 1977-78. Contudo, quando o regime atingiu um “acordo” com seus pelegos, ele foi rasgado pelo combativo líder grevista Bendito Marchio, presidente do sindicato de metalúrgicos de Santo André. O governo conseguiu uma “trégua” de 4 dias e, em 12 de maio, pôde negociar um “acordo de compromisso”. Os trabalhadores metalúrgicos não conseguiram seu aumento; contudo, o governo anunciou que Lula outros líderes sindicais seriam reempossados.
Os lacaios de Figueiredo espalharam que a “paz social” havia sido restabelecida no ABC, mas isto era apenas uma calmaria no meio da maior onda grevista desde o golpe militar de 1964. Dois dias depois, 200.000 funcionários públicos e professores do estado de São Paulo marcharam para fora de seus locais de trabalho e, conforme as greves se tornavam cada vez mais combativas, o exército e a polícia militar recuaram para os quartéis. Em meados de julho, o governo propôs uma nova política salarial de moderados aumentos trimestrais, mas os trabalhadores não aceitaram. Alguns dias depois, trabalhadores da construção civil em Belo Horizonte votaram entrar imediatamente em greve, em prol de um aumento salarial de 110 por cento. Sob a liderança de Lula, os trabalhadores da construção civil alcançaram uma vitória em 3 de agosto, quando o Tribunal Trabalhista dobrou o salário mínimo, mesmo com a greve tendo sido declarada ilegal. Greves pipocaram por todo o Brasil. Caminhoneiros fizeram bloqueios de ruas em algumas regiões e, em 16 de outubro, cem pessoas se feriram em confrontos entre seguranças e trabalhadores da construção civil no centro metalúrgico de Volta Redonda.
Enquanto a mídia americana e europeia tem minimizado a importância das greves no Brasil, a mídia empresarial está crescentemente alarmada. Business Week (de 17 de março) resumiu: “Em 1979, sindicatos brasileiros realizaram cerca de 300 greves, uma mudança social fundamental em um país onde 15 anos de repressão governamental aos trabalhadores e sindicatos fez das paralisações uma raridade […] Pela primeira vez desde a revolução militar de 1964, corporações operando no Brasil precisam aprender a viver com negociações coletivas oficialmente sancionadas – mas as tensões resultantes sobre a economia do Brasil podem gerar um retorno das medidas repressivas.” E o Economist (de 26 de abril) questionou “Eles Conseguem Calar Lula?”:
“O poder no Brasil continua firmemente centralizado nas mãos do governo. Mas uma tentativa de destruir Lula […] poderia ricochetear. Com pouco ou nenhuma ideologia para lhes dar apoio, sucessivos governos militares tem dependido de progresso econômico para seduzir as classes média e trabalhadora. Agora, com a inflação mordendo mais forte e o desemprego crescendo, uma tentativa de punir um homem muito popular poderia dar bastante errado.”
Abertura” – Maquiagem para a Ditadura
A mídia imperialista tenta apresentar o desmonte da ditadura militar brasileira como um plano por parte dos poderosos de “abrir” o regime à influência civil. Bussiness Week escreveu: “Em uma surpreendente virada, líderes brasileiros estão soltando algumas das amarras sobre o movimento sindical enquanto um passo necessário em seu esforço para estabelecer uma democracia política [!]. […] o processo de liberalização política – chamado de abertura – é um concomitante de reformas econômicas que estão sendo implementadas para transformar o Brasil em uma moderna nação industrial.”.
A tagarelice de abertura por parte da ditadura militar não é nada além de isca para liberais crédulos, e dificilmente qualifica os presidentes Figueredo e Geisel como “oficiais de inclinações democráticas”, como o Economist os classificaria. Ela está em curso desde os anos ‘60, quando o governo permitiu a formação de dois “partidos”, o pró-regime ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e a “oposição” domada, MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Enquanto isso, sob o Ato Institucional nº 5, decretado em 1968, foi permitido ao presidente suspender o Congresso à sua vontade, expedir novas leis, demitir oficiais e suspender os direitos políticos de qualquer um por dez dias. Jornais foram censurados e banidos; críticos do governo foram presos e exilados; esquerdistas foram violentados, torturados, assassinados. Um movimento de guerrilha urbana que surgiu no final dos anos ‘60 foi destruído pelo exército usando os mais brutais métodos de terror à disposição.
Propostas de “liberalização” extensiva só começaram de fato com as agitações estudantis e operárias de 1977-78. Em junho de 1978, Geisel anunciou um pacote de reforma incluindo a abolição do Ato Institucional nº 5, da pena de morte, da prisão perpétua e do banimento político. Enquanto ele se preparava para deixar o gabinete em março seguinte, Geisel declarou o fim das prisões políticas, da tortura, da censura e do poder absoluto do presidente sobre o Congresso e as cortes. (Claro que ele podia continuar fazendo tudo isso através da simples declaração de um estado de emergência). Seu sucessor, Figueiredo, foi ex-chefe do serviço secreto que orquestrou os notórios esquadrões da morte. Uma das frases mais famosas de Figueiredo é “Eu prefiro o cheiro de cavalos ao cheiro das pessoas”. Mas, pelos padrões do exército brasileiro, ele seria qualificado como uma “pomba da paz”. Além de ameaçar delicadamente a onda de greves de 1979, Figueiredo declarou uma anistia geral para exilados políticos (esperando que isso pudesse dispersar a oposição frouxamente aglutinada em torno do MDB). Todos, exceto 200 presos políticos, foram libertados, e 5000 exilados tiveram seu retorno aceito.
O estratagema da anistia não funcionou. Os cavalos de batalha de 15 anos atrás despertaram pouco entusiasmo nas massas brasileiras, e certamente eles não foram de uso algum em tirar dos trilhos os movimentos grevistas. O ex-líder do PTB, Leonel Brizola, o latifundiário milionário e governador populista do Rio Grande do Sul que distribuiu armas para a população para conter um levante do exército contra Goulart em 1961, chegou em setembro virtualmente sem ser noticiado. Quando Brizola apontou para a conciliação com o governo, outro líder populista, Miguel Arraes (ex-governador de Pernambuco), fez nome como um crítico do regime e mobilizou uma multidão de 60.000 em seu retorno. Entretanto, ele chamou a oposição a permanecer unida em torno do MDB, em um momento em que as classes médias estão saturadas de falsos oposicionistas que têm jogado conforme as regras da junta, fazendo nada para ameaçar o mando dos generais, mesmo quando eles haviam ganhado duas vezes as fraudulentas eleições. Havia uma aura de expectativa em torno do retorno do líder do Partido Comunista (PCB), o idoso de 81 anos Luiz Carlos Prestes, mas o PCB alinhado a Moscou chamou pela manutenção da “unidade do MDB”, a válvula de escape do regime!
O movimento do Partido dos Trabalhadores
Enquanto isso, o Partido Comunista está em meio a rachas. Depois de líderes do PCB terem retornado da Europa, uma ala “eurocomunista”, liderada por José Salles (que estava exilado na França), tomou o controle e, em diversas ocasiões, rebateu publicamente declarações do secretário geral Prestes à imprensa, declarando por fim que ele não estava mais autorizado a falar em nome do partido. Salles ganhou notoriedade ao chamar por uma “assembleia constituinte com João [Figueiredo]” – juntando-se aos planos do governo por mais uma falsa cobertura parlamentar para o mando dos militares. Mas, com a classe trabalhadora brasileira cada vez mais direcionada a contestar o regime, Prestes respondeu em uma “Carta aos Comunistas”, no começo de abril, declarando que a política do PCB estava “longe da realidade do movimento dos trabalhadores e do povo de hoje em dia” (O Trabalho, 8-14 de abril). Prestes denunciou a atual liderança do partido de oportunista, carreirista e sem princípios.
A presente situação no Brasil lembra momentos similares da fase de decomposição dos regimes bonapartistas, de Portugal ao Peru. Os PCs locais desenvolvem um modus vivendi com a ditadura (como na Cuba de Batista) e, conforme ela desmorona, os stalinistas se encontraram flanqueados na esquerda por grandes movimentos dos trabalhadores. No Peru, isso levou a um racha no partido em 1978, quando líderes sindicais do PC tentaram se desvincular da junta de Morales Bernardez e suas cada vez mais odiadas políticas de austeridade. Em Portugal, durante os últimos anos do regime de Caetano/Salazar, o PC atuou apenas nos sindicatos verticalizados, logo ele foi deixado para trás em 1974-75 pelas combativas “comissões de trabalhadores”, que surgiram no cordão industrial de Lisboa. No Brasil, o PCB também se recusou a atuar por fora dos sindicatos corporativistas, e nas greves de massas dos trabalhadores metalúrgicos eles emblocaram com os pelegos pró-governo, contra a dominante Oposição Sindical.
Enquanto isso, o movimento grevista foi acompanhado por um crescente movimento pela fundação de um partido operário, o Partido dos Trabalhadores (PT), liderado por Lula e outros militantes das OS. Ao lançar o PT janeiro passado, José Ibrahim, líder da greve de trabalhadores metalúrgicos de 1978, declarou que ele seria “um partido dos trabalhadores, não um partido para os trabalhadores”. Com os stalinistas ainda tentando atrelar os trabalhadores à carcaça do MDB (agora chamado de “PMDB”), e com os herdeiros da tradição de Vargas tentando em vão ressuscitar o “Partido Trabalhista Brasileiro” de araque, a aparentemente entusiástica resposta ao movimento por um partido operário entre os sindicatos combativos indica uma bem-vinda ruptura com décadas de populismo corporativista. Mas qual é a orientação política do novo PT? Acaso ele possui um programa capaz de mobilizar a classe trabalhadora em encarar com sucesso as lutas revolucionárias que esperam por ela? Qual é sua política frente a ditadura?
O manifesto inaugural do novo partido fala apenas de “uma democracia mais profunda”, “igualdade social e econômica” e um “regime multipartidário livre”. Ele sequer chama por “Abaixo a ditadura”! O documento conclui: “o PT pretende chegar ao governo e à direção do Estado para realizar uma política democrática” (Movimento, 14-20 de janeiro). Na melhor das hipóteses, essa é uma variável de direita da social democracia, uma versão insípida criada especialmente para as condições brasileiras. Ele expressa o fato de que o movimento grevista de massas e o nascente PT são liderados por um grupo de militantes sindicais com perspectivas políticas limitadas. (Recentemente, em junho, durante uma reunião das forças de oposição, Lula se opôs a formação de um partido operário). Suas visões se aproximam dos “Economicistas” russos da virada do século, que queriam apenas “emprestar à luta econômica um caráter político”.
Mas, apesar das perspectivas reformistas dos líderes do PT, no contexto da presente convulsão operária no Brasil, um amplo movimento por um partido trabalhista poderia escapar ao seu controle e assumir proporções explosivas. Alguns dos burocratas originalmente associados ao projeto do PT já foram empurrados para fora (Por outro lado, alguns parlamentares do MDB pegaram carona na ascendente estrela do PT). Qual, então, deveria ser a atitude dos proletários revolucionários frente a esse contraditório movimento pelo partido operário? Obviamente os stalinistas, do pró-Moscou PCB ao pró-Albânia PCdoB e vários outros grupos menores, simplesmente deram de ombros, uma vez que seu objetivo é atingir algum tipo de aliança frente-populista com as forças capitalistas.
Entre os que reivindicam o trotskismo, que chamam pela independência da classe trabalhadora perante a burguesia, a resposta tem sido variada. A Convergência Socialista [principal grupo fundador do PSTU], um grupo associado internacionalmente com a Fração Bolchevique de Nahuel Moreno [atual LIT-QI], parece mais interessada em correr atrás dos populistas que restaram. Quando Miguel Arraes aterrissou em Recife, eles carregavam uma faixa que dizia “O povo está com Arraes” – isso para o homem que liderou a repressão contra as radicais Ligas Camponeses de 1963-64 (lembram de Julião? [1])! A Organização Socialista Internacionalista (OSI) [atual Corrente O Trabalho do PT], atrelada internacionalmente à OCI francesa de Pierre Lambert, está promovendo uma política socialdemocrata de esquerda, de pressionar a liderança Lula/Ibrahim do PT. Durante a greve dos trabalhadores metalúrgicos eles simplesmente chamaram o PT a “assumir seu lugar” na liderança.
Mas o centro da política da OSI é sua palavra de ordem de “Abaixo a ditadura! Por uma assembleia constituinte!”. Sequer uma vez nos números mais recentes de O Trabalho, ligado à OSI, eles chamam por um governo dos trabalhadores e camponeses. Seu programa é inequivocamente etapista: democracia burguesa agora – é cedo demais para o socialismo. Isso coloca a OSI apenas marginalmente à esquerda da própria liderança do PT, e certamente não prepara os setores combativos da classe trabalhadora brasileira para as tarefas por vir. Uma genuína liderança trotskista teria, desde o começo da luta dos trabalhadores metalúrgicos, chamado por organizarem concretamente uma greve geral; a OSI só levantou essa demanda quatro semanas depois, e nos mais vagos termos. E, enquanto chamariam por uma assembleia constituinte revolucionária como parte de seu programa pra varrer a ditadura assassina, os bolcheviques alertariam que, enquanto um governo operário e camponês não for estabelecido, sustentado não pelo parlamentarismo burguês, mas por órgãos de poder proletário, o que espera pelos trabalhadores brasileiros é a perspectiva de uma “contrarrevolução democrática”.
O ciclo de greves combativas e o movimento pelo partido operário apontam para uma morte prematura do mando dos generais. Comparado a outros ascensos recentes em setores marginais da América Latina (Nicarágua, El Salvador), a batalha que está se formando no Brasil será centrada nos trabalhadores – em um país de 120 milhões, com o maior proletariado industrial dentre os países de capitalismo atrasado.* As possibilidades revolucionárias são manifestas e a necessidade de um partido trotskista para liderar a luta não poderiam ser mais claras. Isso será conseguido não através da diluição do programa trotskista na consciência sindicalista/socialdemocrata dos atuais líderes, mas através da luta pelo Programa de Transição em sua totalidade e pelo renascimento da Quarta Internacional.
(*) Correção: O artigo Trabalhadores Sacodem o Brasil dos Generais se refere ao proletariado industrial brasileiro como o maior dentre os países de capitalismo atrasado; entretanto, ao menos a Índia excede o Brasil nesse quesito. [Correção publicada em Workers Vanguard No. 258, de 13 de junho de 1980]
***
Líder sindical brasileiro condenado
Tirem as Mãos de Lula!
[Workers Vanguard No. 278, de 10 de abril de 1981] 
Em 25 de fevereiro, uma corte militar condenou o mais conhecido líder sindical do Brasil, Luís Inácio da Silva (“Lula”), a três anos e meio de prisão. Outros dez líderes sindicais também receberam sentenças variando de dois a três anos e meio. Lula foi preso por liderar uma greve de seis semanas de trabalhadores metalúrgicos outono passado, na qual trabalhadores em luta exigiram não só grandes aumentos salariais, como também maior independência de seus sindicatos frente ao aparato estatal.
Os réus e seus advogados boicotaram o julgamento em protesto contra seu anúncio de apenas 48 horas de antecedência e contra as medidas estritamente repressivas que foram tomadas para esmagar qualquer protesto da classe trabalhadora. Esse julgamento de mentirinha não foi nada além de uma nítida tentativa de decapitar a oposição sindical brasileira, que existe por fora da estrutura de controle estatal imposta ao sindicalismo brasileiro pela ditadura de Figueiredo. O julgamento foi também um golpe por parte dos generais direcionado ao recém fundado Partido dos Trabalhadores (PT). Apesar do programa reformista e moderado do PT, os militares temem que o popular Lula e seus partido possam se tornar um ponto de convergência para o explosivo descontentamento dos trabalhadores.
Está sendo erguida uma campanha internacional contra esse ultraje. O New York Times (de 3 de abril) declarou que a repressão contra da Silva está fora de propósito frente à “presente política de gradualmente retornar o país às instituições democráticas”. Não de todo. A política de “abertura” da ditadura de Figueiredo foi formulada visando fornecer uma válvula de escape ao permitir uma limitada liberalização parlamentar, ao mesmo tempo em que mantivesse o movimento sindical sob estrito controle. Mas os trabalhadores enxergaram através disso. Agora Figueiredo se vê forçado a novamente acionar os velhos métodos de flagrante e indisfarçada repressão. Não se pode permitir que a ditadura militar brasileira se safe desse crime! Libertem Lula e os demais líderes sindicais condenados! Pelo direito de greve sem represálias!
Notas da tradução
[1] Francisco Julião, advogado e proeminente liderança das combativas Ligas Camponeses. Foi preso em 1964 e libertado em 1965, quando foi forçado a se exilar. Ao retornar ao Brasil em 1979, se aliou a Brizola na fundação do PDT.

Arquivo Histórico: Portugal 1974

Convidamos nossos leitores a conferirem as novas publicações em nosso Arquivo Histórico. Estes artigos foram originalmente publicados em 1974 em Workers Vanguard, jornal da então revolucionária Liga Espartaquista dos Estados Unidos. Eles foram traduzidos para o português durante as grandes lutas de classe que abalaram Portugal nesse período:
Partido Comunista português se alia com Spínola e contra greves (9 de Junho de 1974) / Derrotada a greve do correio português (25 de Junho de 1974).

Declaración de principios de la Spartacist League

Declaración de principios de la Spartacist League

[Línea general aprobada unánimemente por la conferencia fundadora, 3 de septiembre de 1966. Versión final aprobada por el Buró Político, 8 de noviembre de 1966. Traducción revisada, febrero de 1975. Cuadernos Marxistas No. 1]

1. LA REVOLUCIÓN SOCIALISTA Y LA SPARTACIST LEAGUE

La Spartacist League de los EE.UU. es una organización revolucionaria que, como parte del movimiento  revolucionario internacional, se dedica a la tarea de la construcción del partido que conducirá a la clase obrera hacia la victoria de la revolución socialista en los Estados Unidos.

Solo el proletariado, a través de la toma del poder político y la destrucción del capitalismo en todos los países, puede sentar las bases para eliminar la explotación y resolver la contradicción entre el desarrollo de las fuerzas productivas de la economía mundial y las barreras nacionales estatales. El capitalismo lleva ya mucho tiempo sobreviviendo su papel histórico progresista de crear una economía industrial moderna. Actualmente, para mantener su dominio las clases capitalistas nacionales se ven obligadas a intensificar las diferencias nacionales y raciales, a oprimir a los pueblos coloniales y a empobrecer las masas del mundo entero a través del imperialismo, a lanzarse a guerras continuas para conservar y redistribuir los mercados mundiales con el fin de sostener la tasa de ganancia decreciente y tratar de aplastar la lucha revolucionaria de los obreros dondequiera que estalle. En un último esfuerzo frenético para Conservar su cerrado dominio, la burguesía no vacilará en hundir a la humanidad en un holocausto nuclear o en una opresión totalitaria de una ferocidad sin precedentes. Los Estados Unidos de Norteamérica son hoy la piedra de toque de todo el sistema capitalista internacional.

Por otro lado, la victoria del proletariado a escala mundial pondría al servicio de las necesidades humanas una inconcebible abundancia material, sentaría las bases para la eliminación de las clases sociales, y eliminaría para siempre el impulso bélico intrínseco en el sistema económico mundial del capitalismo. Por primera vez la humanidad tomará las riendas de la historia y dominará su propia creación, la sociedad, resultando en una inaudita emancipación del potencial humano, en la expansión sin límite de la libertad en todas las esferas, y en un gigantesco salto hacia delante de la civilización. Sólo entonces será posible realizar el libre desarrollo de cada individuo como condición previa para el libre desarrollo de todos.

2. LA CRISIS DE LA DIRECCION PROLETARIA

La historia ha demostrado que la auto emancipación de la clase obrera, y con ella la de los oprimidos del mundo entero, gira en torno a la cuestión de su dirección. Desde hace mucho tiempo los prerrequisitos económicos del socialismo han sido realizados. Sin embargo, las contradicciones del capitalismo en su época de decadencia imperialista producen no solamente guerras, sino también oportunidades revolucionarias. El éxito o la derrota de la clase obrera en sus esfuerzos para lograr la victoria en estas oportunidades históricas depende de la organización y de la conciencia científica de las masas en lucha, es decir, de la dirección revolucionaria. Solamente una dirección revolucionaria – el arma indispensable de los obreros – ha demostrado tener la estrategia y la determinación para conducir las masas trabajadores hacia la victoria. La responsabilidad de las derrotas sufridas por la clase obrera y el aborto de las previas oportunidades revolucionarias recae sobre la traición e hipocresía de los dirigentes social demócratas y estalinistas. Pero la voluntad revolucionaria del proletariado sí triunfará! La crisis dé la dirección sí se resolverá! Es la solución de la crisis de la dirección proletaria a la que la Spartacist League dirige su acción.

3. RAÍCES TEORICAS E HISTORICAS DE LA SPARTACIST LEAGUE

La Spartacist League continúa las tradiciones revolucionarias del movimiento internacional obrero ejemplificadas en la obra de revolucionarios tales como Marx, Engels, Lenin, Trotsky, Luxemburgo y Liebknecht. Sobre todo valoramos la experiencia del partido bolchevique que culminó en la Revolución Rusa de 1917, la única revolución hasta ahora llevada a cabo por la clase obrera.

Aspiramos en particular a llevar adelante las perspectivas proletarias internacionales del marxismo cuya teoría fue desarrollada por V. I. Lenin y L. D. Trotsky, y que fueron incorporadas en las decisiones de los cuatro primeros congresos de la Internacional Comunista y en el Programa de Transición y otros documentos adoptados por la conferencia fundadora de la Cuarta Internacional en 1938. Estos materiales constituyen el código documental indispensable del movimiento comunista internacional y el fundamento pe las tareas revolucionarias de nuestra organización.

También buscamos inspiración en el ejemplo de revolucionarios de los EE.UU: tales como F. A. Sorge, Vincent St. John, Daniel De Leon, Louis Fraina y James P. Cannon. La Spartacist League es la continuadora de la herencia revolucionaria del joven Partido Comunista y del Socialist Workers Party (SWP – Partido Socialista de los Trabajadores). Los orígenes inmediatos de la Spartacist League se encuentran en la Tendencia Revolucionaria del SWP que se basaba principalmente en la declaración “In Defense of a Revolutionary Perspective” (“En defensa de una perspectiva revolucionaria”) y en el documento “World Prospect for Socialism” (“Perspectiva mundial para el Socialismo”).

4. PAPEL DE VANGUARDIA DE LA CLASE OBRERA Y VIA AL SOCIALISMO

En el centro de la perspectiva marxista del socialismo mundial está el papel de vanguardia de la clase obrera y particularmente el peso decisivo del proletariado de los países industriales. Sólo la clase obrera tiene el poder social y el impulso de un claro interés objetivo para liberar a la humanidad de la opresión. Al carecer de interés en mantener el régimen burgués, su enorme fuerza se basa en su papel productivo, en su peso numérico y en su organización. El dominio persistente de un puñado de capitalistas es salvaguardado solamente manteniendo ala clase obrera dividida y confusa acerca de su verdadera situación. En los EE.UU. la clase dirigente ha conseguido crear divisiones profundas sobre la base de líneas raciales. Mientras las actitudes racistas sigan deformando las perspectivas de la clase obrera en su conjunto, los obreros negros, doblemente oprimidos como una casta definida por su color y raza, necesitarán formas particulares dé lucha. El socialismo en este país solo se puede conseguir a través de la lucha común de los obreros blancos y negros bajo la dirección de una vanguardia revolucionaria unificada.

La experiencia histórica ha demostrado que la vía hacia el socialismo se abre solamente a través de la intervención de las masas en el curso de la historia y la creación de una dualidad de poder culminado en la destrucción del estado capitalista, la victoria del estado obrero y el desarrollo de un nuevo orden social. El aparato policíaco, militar, burocrático, jurídico y político del viejo régimen será remplazado por la dictadura del proletariado basada en los consejos obreros y sostenida por la fuerza armada obrera. Tal estado se defendería de los esfuerzos contrarrevolucionarios de la clase dirigente dispuesta para volver al poder, y reorganizaría la economía sobre líneas racionales. A medida que las bases económicas de las clases sociales vayan desapareciendo, el estado obrero’ asumirá progresivamente una función puramente administrativa y se extinguirá finalmente con el advenimiento del comunismo sin clases.

5. CARACTER INTERNACIONAL DE LA REVOLUCIÓN SOCIALISTA

El capitalismo es un sistema económico mundial que ha creado una clase obrera internacional con intereses de clase idénticos en el mundo entero. El carácter internacional de la clase obrera le confiere una superioridad potencialmente enorme sobre la burguesía, ya que el capitalismo funciona con métodos anárquicos que enfrentan a una clase capitalista nacional contra la otra y crean continuamente nuevas desigualdades y crisis. Para que esta superioridad del proletariado llegue a ser una realidad se necesita un partido internacional que unifique la clase por encima de las fronteras nacionales y seccionales que la dividen, y que coordine las luchas interdependientes de los obreros de todos los países. Aunque la revolución puede comenzar en un solo país las victorias parciales sólo pueden ser consolidadas por la expansión de la revolución a otros países y por el dominio mundial final de la organización económica socialista. A pesar de su actual desorden organizativo, la Cuarta Internacional es el partido mundial de la revolución socialista, cuyos fines y cuyo programa siguen teniendo hoy en día toda la validez que tuvieron cuando se fundó en 1938. Nos solidarizamos con todos aquellos grupos que buscan el renacimiento de la Cuarta Internacional y, como primer paso, la creación de un verdadero Comité Internacional de trotskistas revolucionarios basado sobre un centralismo democrático vivo y real.

6. NECESIDAD DE UNA CONCIENCIA REVOLUCIONARIA

La clase dirigente tiene a su disposición el monopolio de los medios de violencia; el aparato político y burocrático dominante; una enorme riqueza y relaciones; el dominio sobre la educación, los medios de información y todas las demás instituciones de la sociedad capitalista. Contra semejante fuerza, un estado obrero puede ser edificado solamente por un proletariado plenamente consciente de sus tareas, organizado para llevarlas a cabo y resuelto a defender sus conquistas contra la violencia contrarrevolucionaria de la clase dirigente. La lucha decisiva – la conquista del poder estatal – exige conciencia política. Mediante la adquisición de conciencia política la clase obrera deja de ser simplemente una clase en sí y se convierte en una clase par sí. Semejante conciencia no se engendra espontáneamente en el curso de la lucha de clases cotidiana; debe ser llevada a los obreros por el partido revolucionario. Por tanto la tarea del partido revolucionario es la de constituir al proletariado en una fuerza política adecuada, al inculcarle la conciencia de su situación real, al educarle con las lecciones históricas de la lucha de clases, al templarle con luchas cada vez más profundas, al destruir sus vanas ilusiones, al fortalecer su voluntad revolucionaria y confianza en sí mismo, y al organizarle para el derrocamiento de las fuerzas que se interpongan en su camino hacia la conquista del poder. Una clase obrera consciente es la fuerza decisiva de la historia.

7. FUNDAMENTO BURGUES DEL REVISIONISMO 

En la medida en que no predomina la conciencia revolucionaria entre los obreros, su conciencia será determinada por la ideología de la clase dirigente. Objetivamente el capitalismo domina a través de su capital financiero, de su monopolio de los medios de violencia, y de su dominio sobre todas las instituciones sociales existentes; pero prefiere, cuando es posible, gobernar mediante el dominio de sus ideas entre los oprimidos, alimentando ilusiones vanas y ocultando su significado sangriento. Las ideas de la burguesía penetran hasta los mismos movimientos y organizaciones de los obreros por medio de los “tenientes laborales” pequeñoburgueses, sobre todo las burocracias parásitas social demócratas y estalinistas de los sindicatos, basadas en la capa alta “aristocrática” de la clase obrera. Estos falsos dirigentes, gozando de privilegios denegados a la mayoría de los obreros, traicionan a las masas trabajadoras por su colaboración de clases, su social-patriotismo y su línea de conducta racista o chovinista, que sabotean el entendimiento y la solidaridad proletarias. Si no son remplazados por direcciones revolucionarias, harán que las organizaciones obreras se vuelvan impotentes en la lucha por las necesidades económicas de los obreros bajo las condiciones de la democracia burguesa o que sean destruidas por un fascismo triunfante.

La degeneración y la capitulación de diferentes tendencias dentro del movimiento marxista ha tenido una importancia fundamental para la preservación del dominio imperialista. En repetidas ocasiones el sometimiento ante la presión de la sociedad burguesa ha empujado a corrientes nominalmente marxistas hacia el revisionismo, proceso de negación de las conclusiones esenciales del marxismo. El revisionismo bernsteiniano, el menchevismo, el estalinismo y su variante maoísta, son todos ejemplos de este proceso que constituye un puente hacia prácticas abiertamente reformistas.

Dentro del movimiento trotskista los problemas planteados por las expansiones estalinistas después de 1943 han originado la corriente revisionista del pablismo. El pablismo se caracteriza principalmente por la renuncia al concepto de la necesidad de una dirección revolucionaria y por el sometimiento a las direcciones pequeñoburguesas y estalinistas existentes. Este deterioramiento de la teoría ha llevado a la degeneración de la Cuarta Internacional fundada por León Trotsky y a su desintegración organizativa.

La Spartacist League, al contribuir al esclarecimiento teórico del movimiento marxista y a la reconstrucción de las armas organizativas indispensables para los obreros, sostiene los principios proletarios revolucionarios marxistas y los llevará hacia delante a la vanguardia de la clase obrera.

8. LOS ESTADOS OBREROS DEFORMADOS Y LA REVOLUCIÓN POLITICA

En ciertos países atrasados se han logrado avances históricos con la expulsión del imperialismo y la destrucción de las relaciones de propiedad capitalistas, o sea, el estado obrero degenerado de Rusia y los estados obreros deformados de Europa oriental, China, Corea del Norte, Vietnam del Norte y Cuba. La nacionalización de los medios de producción, la instauración de la planificación económica y el monopolio estatal del comercio exterior han aportado aumentos apreciables en el nivel de vida de las masas, junto con avances en el crecimiento industrial no obstante la hostilidad del imperialismo. Por otro lado, el fallo hasta ahora del proletariado de llevar a cabo con éxito una revolución social en cualquier país avanzado, los niveles culturales y de producción relativamente bajos en comparación con los principales países capitalistas, y el predominio numérico de la clase campesina, han permitido la formación de castas dirigentes burocráticas que excluyen a la clase obrera del poder político, y que son susceptibles de desarrollar tendencias restauracionistas capitalistas. Estas burocracias privilegiadas, en sí mismas un reflejo del prolongado dominio del capitalismo a escala mundial, constituyen un obstáculo a la eliminación de las diferencias de clase dentro de sus fronteras nacionales y a la realización del socialismo a escala mundial. A través de sus crecientes desviaciones nacionalistas, debilitan estas conquistas de la clase obrera frente al imperialismo y abren el camino a una nueva penetración de formas económicas capitalistas.

La Spartacist League está a favor de una defensa incondicional de estos países contra todo intento del imperialismo para restablecer su dominio. Al mismo tiempo reafirmamos la necesidad que tiene la clase obrera de imponer su dominio directo y de tomar en sus manos la defensa de estos estados a través de la revolución política y así barrer los obstáculos internos que se oponen al avance hacia el socialismo. Solamente la expansión de la revolución tanto en el plano interior como internacional puede salvaguardar estas conquistas parciales de los obreros. La construcción de secciones de la Cuarta Internacional en los estados obreros deformados es una necesidad inmediata y urgente para dirigir la lucha de los obreros por el poder político y coordinar sus luchas con las del proletariado de los países avanzados y coloniales.

9. LA REVOLUCION COLONIAL Y LA REVOLUCION PERMANENTE

El carácter parcial de las revoluciones  anticapitalistas en el mundo colonial durante las últimas dos décadas (China, Cuba, Vietnam del Norte, Corea del Norte nos conduce a reafirmar el concepto marxista-leninista del proletariado como clave de la revolución socialista. Aunque los movimientos existentes nacionalistas pequeñoburgueses dirigidos contra el imperialismo han de ser defendidos, la tarea de los comunistas es dirigir la intervención activa de la clase obrera para obtener la hegemonía en la lucha nacional-social. La lucha de la dirección proletaria por la autodeterminación de las naciones oprimidas es un arma poderosa para libertar a las masas de la garra de los dirigentes nacionalistas pequeñoburgueses. La Spartacist League se opone terminantemente a la doctrina maóista, arraigada en el reformismo menchevique y estalinista que niega el papel de vanguardia de la clase obrera para substituirle por la guerra de guerrillas campesina como el camino hacia el socialismo. Movimientos de esta índole pueden bajo ciertas condiciones-es decir, la desorganización extrema de la clase capitalista en el país colonial y la ausencia de una clase obrera que luche por derecho propio por el poder social-destruir las relaciones de propiedad capitalistas. Sin embargo no pueden llevar a la clase obrera al poder político. Al contrario crean regímenes burocráticos antiobreros que suprimen todo desarrollo ulterior de estas revoluciones hacia el socialismo. La experiencia desde la Segunda Guerra Mundial ha confirmado completamente la teoría trotskista de la Revolución Permanente que declara que en el mundo moderno la revolución democrático-burguesa sólo puede ser llevada a cabo por la dictadura del proletariado apoyado por el campesinado. Los países coloniales y semi-coloniales sólo bajo la dirección del proletariado revolucionario pueden lograr la completa y auténtica solución de sus tareas de conseguir la democracia y la emancipación nacional.

10. EL PARTIDO REVOLUCIONARIO: SU PROGRAMA, SU ORGANIZACION Y SU DISCIPLINA

Sin un partido, fuera de un partido, por encima de un partido, o con un substitutivo por un partido, la revolución proletaria no puede vencer. El partido revolucionario no es solamente el instrumento para llevar la conciencia política al proletariado, sino que también es la principal fuerza ofensiva y dirigente por medio de la cual la clase obrera lleva a cabo y consolida la revolución socialista. El partido revolucionario es el estado mayor de la revolución. Sus principales cuadros han sido adiestrados y probados en la lucha de clases; ha ganado la dirección de la clase obrera sobre la base de su programa y de su resolución revolucionaria; ha comprendido la totalidad del pasado con el fin de apreciar la situación presente con una claridad cristalina; reconoce y responde con audacia ante el momento revolucionario cuando éste llega, el momento cuando las fuerzas del proletariado están más resueltas y más preparadas y las fuerzas del viejo régimen están más desmoralizadas y desorganizadas. En el partido revolucionario se cristaliza el anhelo de las masas para obtener su libertad; simboliza su voluntad revolucionaria y es el instrumento de su victoria.

El programa de la Spartacist League, como parte de la Cuarta Internacional, es transicional en carácter. Construye en el curso de las luchas diarias un puente entre las demandas actuales y el programa socialista de la revolución. Formula, sus demandas y sus tareas a partir de la conciencia de la clase obrera de hoy con el fin de llegar ineludiblemente a una conclusión final: la conquista del poder por el proletariado. El frente unido entre diversas organizaciones obreras hostiles, es una táctica primaria en períodos inciertos, tanto para movilizar en la lucha una amplia masa como para fortalecer la autoridad del partido de vanguardia dentro de la clase. El programa de transición conduce a la lucha cada vez más abierta y decisiva contra los fundamentos mismos del régimen burgués, y moviliza a las masas para la revolución proletaria. El principio organizativo de la Spartacist League es elcentralismo democrático, un equilibrio entre la democracia interna y la disciplina de acción. En cuanto organización de combate, la vanguardia revolucionaria debe estar en condiciones de actuar unida y decisivamente en todo momento de la lucha de clases. Todos los miembros deben ser movilizados para ejecutar las decisiones de la mayoría: la autoridad debe ser centralizada en su selecta dirección que interpreta tácticamente el programa de la organización. La democracia interna permite la determinación colectiva de la línea del partido, de acuerdo con las necesidades sentidas por las filas del partido que estén más en contacto con la clase en su totalidad. El derecho a una democracia faccional es indispensable para un movimiento con vida. La existencia misma de tal derecho contribuye a canalizar las diferencias a través de medios de resolución menos absorbentes.

La disciplina de la Spartacist League se desprende de su programa y de su propósito, la victoria de la revolución socialista y la liberación de toda la humanidad.

11. ¡INTERVENDREMOS PARA CAMBIAR LA HISTORIA!

“El marxismo no es un dogma, sino una guía para la acción.” La Spartacist League como sección nacional del movimiento internacional trotskista, se coloca en las primeras filas de la lucha por un futuro socialista. Nuestra preparación cotidiana de la clase obrera y nuestra intervención y dirección en los momentos decisivos de la lucha de clases impulsará la lucha hacia la victoria final. “Mirar la realidad cara a cara; no buscar la línea de menor resistencia; llamar las cosas por sus nombres propios; decir la verdad a las masas por amarga que sea; no temer los obstáculos; ser file tanto en las cosas pequeñas como en las grandes; basar su programa en la lógica de la lucha de clases; ser audaz cuando llegue la hora de la acción – tales son las reglas de la Cuarta Internacional.” Tales son las reglas de la Spartacist League mientras avanzamos en la tarea histórica de conducir a la clase obrera a la victoria del socialismo en los Estados Unidos.

Marxismo e Questão Negra

É com felicidade que anunciamos aos nossos leitores o novo livreto temático do Reagrupamento Revolucionário. Boa leitura!
 

Marxismo & Questão Negra 

(Documentos 1920-1987)

Lenin filósofo

Lenin filósofo

Por Peter Fryer

Primera impresión en Labour Review, septiembre-octubre de 1957. Copiado de http://www.icl-fi.org/espanol/spe/37/fryer.html

El primer número de The New Reasoner incluye un artículo de discusión de E.P. Thompson llamado “Socialist Humanism: An Epistle to the Philistines”. Una de las secciones de este artículo, titulada “Cuestiones de teoría”[1], incluye una referencia a la obra filosófica de Lenin Materialismo y empiriocriticismo. El autor quiere demostrar que varios de los rasgos de la ideología estalinista tienen raíz en la contribución de Lenin a la filosofía marxista, rasgos que pueden ser rastreados hasta ciertas “ambigüedades en el pensamiento de Marx y, más todavía, a las falacias mecanicistas en los escritos de Lenin”, “falacias” que se deben a su “preocupación por la primera premisa del materialismo”. En particular, se acusa a Lenin de postular una teoría del conocimiento “pasiva” y “automática”, de perder el concepto de la acción humana en un “determinismo” “grotesco”, de trasformar la concepción marxista de la relación entre libertad y necesidad en una teoría en la que la “‘libertad’ del hombre se convierte en esclavitud de la ‘necesidad’”, y de dejarse “absorber por sutilezas filosóficas” hasta el punto de “desplazar la causa del cambio social de la acción del hombre a la acción de la necesidad económica”. El ataque de Thompson se resume en estas palabras: “El inspirado genio político de Lenin no tuvo un equivalente en un genio filosófico comparable”.

En mi opinión, lo que Thompson está lanzando aquí, bajo la apariencia de corregir las “falacias mecanicistas” de Lenin, es un asalto general a la filosofía del materialismo dialéctico. Se trata de un asalto contra la teoría dialéctico-materialista del conocimiento, contra el materialismo histórico, contra la concepción marxista de la libertad humana y el modo de obtenerla y, de manera no menos importante, contra el método dialéctico. Muchos asaltos como éste ya se han emprendido en el pasado, y el enfrentarlos ha sido uno de los primeros deberes de los marxistas. No se trata de la cuestión académica de preservar la pureza de una doctrina inmutable, sino de un deber de clase, pues el materialismo dialéctico es sobre todo una herramienta en manos de la clase obrera para remodelar la sociedad, y quien melle el filo de esta herramienta, no importa cuán ligeramente, lo hace en detrimento del movimiento obrero. La clase obrera requiere una perspectiva mundial consistentemente materialista, puesto que sólo una perspectiva así puede enseñarle cuáles son sus tareas históricas y cómo puede llevarlas a cabo. Toda la historia de la lucha entre el materialismo y el idealismo demuestra que incluso la más leve concesión al idealismo, cualquiera que sea el disfraz novedoso y en boga bajo el que se presente —positivismo, pragmatismo, empiriocriticismo o incluso humanismo socialista—, lleva su propia lógica ineludible y fatal que inevitablemente conduce al pantano del subjetivismo y el solipsismo. Entre los diversos matices del idealismo no hay barreras lógicas infranqueables. La única barrera es la que separa al materialismo dialéctico de todas las demás tendencias y escuelas filosóficas, que en última instancia sirven a los intereses de las clases explotadoras al ayudar a justificar, disfrazar y perpetuar su dominio.

Para E.P. Thompson, que ha estado librando una batalla tenaz y admirable contra el estalinismo, estas cosas pueden sonar “duras” y dogmáticas. Pero cuando discutimos sobre el materialismo, el idealismo y el hecho de que no se pueden reconciliar, nos hallamos en el ámbito de los principios básicos, donde las exigencias de la lucha de clases imponen la necesidad de la claridad, la firmeza, la consistencia y la toma de partido más completas. Sería inapropiado en grado sumo trasladar de manera ecléctica los métodos que frecuentemente ocupan un lugar importante en la lucha política —concesiones, desvíos, alianzas— al campo de la filosofía, por miedo a que se nos acuse de “dogmatismo”. Eso no ayudaría ni a la lucha contra el estalinismo ni a la lucha contra el capitalismo, dos luchas que requieren la mayor firmeza en los principios y la mayor flexibilidad respecto a otros temas.

Además de una preocupación por la primera premisa, y otras, del materialismo, que debería animar a todo marxista, otra consideración me impulsó a escribir este artículo. No sólo debe defenderse la filosofía marxista ante sus revisores, sino que también debe defenderse y valorarse plenamente la contribución inmensa y extraordinaria de Lenin, pues Lenin el hombre de acción no puede entenderse cabalmente separado de Lenin el filósofo. No sé hasta qué punto los comentarios de Thompson se deriven del hecho de que hasta ahora no existe una traducción al inglés de los notables Cuadernos filosóficos de Lenin, pero es difícil concebir que escribiera de la manera que lo hizo de haber estado un poco familiarizado con esa obra fundamental.

I. La teoría del reflejo

Según Thompson, la primera falacia de Materialismo y empiriocriticismo de Lenin es “la repetida mezcolanza de ideas, conciencia, pensamiento y sensaciones como ‘reflejos’ de la realidad material”. Y luego añade entre paréntesis: “Pero una percepción sensorial, que los animales comparten con el hombre, no es lo mismo que una idea, que es resultado de procesos culturales extremadamente complejos que le son peculiares al hombre”.

Es importante entender que aquí Thompson no ataca sólo las posiciones de Lenin, sino también las de Marx y Engels. Esto, desde luego, por sí mismo no basta para hacer que Lenin esté en lo cierto y Thompson se equivoque, pero debe quedar claro que la teoría del conocimiento de Lenin no difiere de la de Marx y Engels, y que cuando Lenin escribe que “el espíritu [la mente] es lo secundario, una función del cerebro, un reflejo del mundo exterior”[2], no está adoptando ninguna terminología nueva[3].

Niveles de conciencia

Ahora bien, al acusar a Lenin de hacer una “mezcolanza” de ideas, conciencia, pensamiento y sensaciones como reflejos de la realidad material, el propio Thompson hace, a la ligera, una “mezcolanza” de cuatro categorías muy distintas. Conciencia es el término genérico que se aplica a la relación de los animales (incluyendo al hombre) con el mundo exterior mediante la actividad del cerebro. Ésta incluye las sensaciones, forma elemental de la conciencia; las percepciones (que Thompson omite sin explicación), que son la organización de las sensaciones en una representación compleja pero concreta de las relaciones complejas entre objetos complejos; y las ideas, que reproducen las propiedades de las cosas y las relaciones que hay entre ellas en la abstracción, y son, como dice Thompson, específicamente humanas[4]. Pensamiento es el nombre que damos a esta forma más alta de la conciencia, en donde las ideas se producen y manipulan.

La descripción que hace Thompson de las ideas como “resultado de procesos culturales extremadamente complejos” es una simplificación exagerada y engañosa. Si se comparan con la actividad de los animales, muchos procesos específicamente humanos son sin duda complejos. Pero existen múltiples niveles de complejidad en los procesos culturales (y de otro tipo) humanos, y, correspondientemente, hay una gran cantidad de niveles de abstracción en las ideas (y por lo tanto en el lenguaje), empezando por las ideas (y palabras) elementales, que reflejan directamente la relación de quien piensa con los demás hombres y con los objetos y se refieren a las actividades y las cosas concretas que los sentidos pueden percibir directamente, pasando por conceptos de diversos grados de abstracción, que reflejan actividades y cosas que los sentidos no pueden percibir directamente, así como sus propiedades y relaciones, hasta llegar a reflejos de las relaciones sociales del hombre tan altamente abstractos, y a menudo tan inverosímiles, ilusorios, mistificadores, fantásticos e invertidos, tales como los conceptos religiosos, filosóficos y políticos y su elaboración en ideologías. Pero ni la naturaleza abstracta de las ideas ni su aparente alejamiento de la realidad y la “falsa conciencia” de las ilusiones ideológicas, obstan para que sigan siendo reflejos de la realidad material.

El hecho de que las ideas, así como las sensaciones y percepciones, son reflejo de la realidad material no es un dogma materialista; si bien la ciencia tiene aún mucho por descubrir respecto al cerebro, todo cuanto ha descubierto hasta ahora sirve para confirmar la teoría materialista del conocimiento, y nuevas pruebas siguen acumulándose todo el tiempo. El que quiera demostrar que las ideas, a diferencia de otras formas de conciencia más elementales, no son un reflejo del universo objetivo, no sólo abandona el punto de vista materialista respecto a la relación entre objeto y sujeto; abandona también la ciencia. Tiene derecho a hacerlo, pero ello no le exime de la obligación de explicar en qué sentido las ideas no reflejan el mundo objetivo, de dónde surgen tales ideas y cuál es la función que cumplen.

La naturaleza contradictoria de los conceptos

La confusión de Thompson respecto al modo en que los niveles más avanzados de conciencia se relacionan con los más elementales tiende a desdibujar uno de los aspectos importantes de su relación, un aspecto aparentemente paradójico pero que tiene gran importancia para entender la naturaleza de los conceptos y la génesis del idealismo filosófico. Los conceptos se encuentran más cerca de la realidad objetiva que reflejan, y a la vez más lejos de ella, que las sensaciones y las percepciones. Se encuentran más próximos a la realidad objetiva porque reflejan, naturalmente sólo con una precisión aproximada, la relación interna y esencial de los fenómenos, las leyes de su movimiento. Sin embargo, están más alejados, puesto que entre la naturaleza y el pensamiento abstracto que la refleja opera una serie de mediaciones —el lenguaje, la técnica, etc.— que, lejos de hacer que los conceptos dejen de ser reflejo de la realidad, son indispensables para esa reflexión. Esas mediaciones expresan tanto el poder de la práctica social como sus limitaciones, su relativa falta de poder en cada etapa dada del desarrollo social. De ahí se deriva el carácter dual y contradictorio de la conciencia conceptual, en la que se entrelazan lo verdadero y lo ilusorio, lo científico y lo místico, lo conocido y lo desconocido (o, mejor dicho, lo que aún no se conoce y por ende sólo se adivina, se sueña), lo que se pone a prueba y se demuestra un millón de veces al día y lo que es fantástico y quimérico. El poder que tienen los hombres de cambiar su mundo progresivamente cristaliza el elemento científico de sus conceptos y lo perfecciona; su relativa impotencia, por otro lado, da pie a la tendencia que tienen las ideas abstractas a volar lejos de la realidad y a entretejerse en sistemas maravillosos e internamente coherentes de mito e ilusión, de los que luego se deducen el mundo real y las relaciones reales entre el hombre y la naturaleza y entre el hombre y sus semejantes. Esta mediación de la conciencia humana implica que el sujeto no puede nunca abrazar plenamente al objeto, que los conceptos no pueden ofrecer un reflejo cabal, directo y total de la realidad, no pueden nunca abarcar toda la riqueza de propiedades, cualidades, relaciones y contradicciones que hay en el mundo objetivo. La teoría no tiene por qué ser exactamente “gris”, pero ni la teoría más exacta, espléndida y emocionante puede brillar con la calidez, el colorido y la inmediatez de las sensaciones y las percepciones, cuyo contenido es la apariencia, el fenómeno, y no, como en el caso de los conceptos, el “reflejo fijo”[5] del fenómeno en su esencia, en sus leyes.

La contradicción que existe dentro de los conceptos mismos entre el elemento de conocimiento y el elemento de fantasía e ilusión atraviesa toda la historia del pensamiento humano, y así seguirá siendo mientras los prejuicios de clase o de casta sigan exigiendo mantener el engaño y el autoengaño sistemáticos de la gente. Es una contradicción que se ve continuamente reforzada por la brecha que hay entre el reflejo subjetivo de la realidad en los conceptos y la realidad objetiva que éstos reflejan. Si los conceptos fueran algo más que reflejos de la realidad, nunca podría haber existido ni germinado la semilla del conflicto entre el idealismo y el materialismo, conflicto que ha dominado toda la historia de la filosofía y le ha dado forma.

La conciencia como creadora

La perspectiva materialista dialéctica sobre el origen de las ideas sería en verdad mecanicista si no le atribuyese a éstas un papel activo en la vida. Pero el materialismo dialéctico se opone tajantemente a la posición de que las ideas no son sino un mero epifenómeno, una espuma inútil en la superficie de la actividad humana, y que no cumplen otro papel en la dirección de los asuntos humanos que el que cumple el vapor una vez que sale de la chimenea de las locomotoras. Cuando Thompson usa las palabras “pasivo” y “automático” —“reflejo especular pasivo de la realidad social”, “‘reflejo’ pasivo”, “‘reflejo’ automático”—, comete una grave injusticia contra la teoría del conocimiento de Lenin, que pone un gran énfasis en el papel activo que cumplen las ideas[6].

Podrían ofrecerse muchas citas para demostrar que Lenin no concebía el proceso de reflejo de la realidad en el cerebro humano como algo “pasivo” y “automático”, sino como un proceso complejo, contradictorio, zigzagueante y dinámico, en el que la práctica humana cumple una función capital; en el que la mente pasa, de reflejar la apariencia de las cosas, a reflejar su esencia, las leyes internas de su movimiento; y en el que el conocimiento, puesto a prueba y corregido a través de la práctica, se va haciendo más preciso y más profundo. Me limitaré a cinco citas.

“El conocimiento es la aproximación eterna, infinita, del pensamiento al objeto. El reflejo de la naturaleza en el pensamiento del hombre debe ser entendido, no ‘en forma inerte’, no ‘en forma abstracta’, no carente de movimiento, no sin contradiccione, sino en el eterno proceso del movimiento, en el surgimiento de las contradicciones y su solución”[7].

En otras palabras, la conciencia no es un estereotipo, ni una imagen especular, sino el reflejo dinámico de un universo dinámico que, de no reflejarse, no sería cognoscible. La dialéctica del conocimiento es

“el infinito proceso de profundización del conocimiento por el hombre de la cosa, de los fenómenos, los procesos, etc., del fenómeno [la apariencia] a la esencia y de la esencia menos profunda a la más profunda[8].

“La aproximación del [intelecto] (humano) a una cosa particular, el sacar una copia (= un concepto) de ella no es un acto simple, inmediato, un reflejo muerto en un espejo, sino un acto complejo, dividido en dos, zigzagueante…[9]

“El conocimiento es el reflejo de la naturaleza por el hombre. Pero no es un reflejo simple, inmediato, completo, sino el proceso de una serie de abstracciones, [formulaciones,] la formación y el desarrollo de conceptos, leyes, etc., y estos conceptos, leyes, etc….abarcan [relativamente], aproximadamente, [las leyes universales] de la naturaleza en eterno desarrollo y movimiento. Aquí hay en realidad, objetivamente, tres [términos]: 1) la naturaleza; 2) la cognición humana = el cerebro humano (como el producto más elevado de esa misma naturaleza) y 3) la forma de reflejo de la naturaleza en la cognición humana, y esta forma consiste precisamente en conceptos, leyes, categorías, etc. El hombre no puede captar = reflejar = [reproducir] la naturaleza como un todo, en su integridad, su ‘totalidad inmediata’; sólo puede acercarse eternamente a ello, creando abstracciones, conceptos, leyes, una imagen científica del mundo, etc., etc.”[10].

Y por último —¡y la menos “mecanicista”, “pasiva” y “automática” de todas!— “la conciencia del hombre no sólo refleja el mundo objetivo, sino que lo crea”[11]. Viniendo de Lenin, el autor de “falacias mecanicistas”, esta frase puede resultar desconcertante; pero desde el punto de vista del materialismo dialéctico, está tan lejos de ser una “falacia idealista” como lo está de ser una “falacia mecanicista” la insistencia de Lenin en la naturaleza secundaria y derivada de las ideas. Aquí no hay contradicción alguna. Lenin está llamando la atención sobre el papel que desempeña la práctica humana en el desarrollo del conocimiento, y el que desempeña el conocimiento en el desarrollo de la práctica humana.

Práctica y conocimiento

La práctica social —la producción, los experimentos, la industria, la lucha de clases— es tanto la fuente del conocimiento como su criterio. Para los marxistas, hay una secuencia más o menos como la que sigue. Sobre la base de su práctica social, de su experiencia directa e inmediata de transformar partes de la realidad material (y así transformándose a sí mismos), los hombres elaboran ideas, que en parte son un reflejo veraz y preciso de la realidad y en parte un reflejo falso e impreciso o distorsionado. Sobre la base de estas ideas, los hombres mejoran su actividad práctica, poniendo a prueba y corrigiendo sus ideas y separando la verdad del error, el conocimiento de la ilusión. Esta práctica mejorada da lugar a nuevas ideas, más próximas a la realidad objetiva, a la esencia de las cosas, en una palabra, más científicas. Ése es un proceso inacabable, mediante el cual la conciencia se desarrolla actuando sobre el universo que la produjo, por ello transformando el universo y, en cierto sentido, creándolo.

Es la práctica social lo que le permite al hombre pasar de las sensaciones y percepciones a las ideas, ya que sólo nuestra actividad transformadora de la realidad material nos hace posible obtener conocimiento de ella, penetrar el aspecto superficial de las cosas y llegar a su esencia. Son las ideas, el pensamiento y el conocimiento lo que le permiten al hombre conformar y organizar sus actividades prácticas para transformar la realidad material de manera más exitosa y más fructífera.

La palabra reflejo, tal como la usa Lenin para referirse a la conciencia humana, significa un reflejo activo, que mediante la práctica social penetra más y más profundamente en la vastedad y la riqueza inagotables de la realidad, ofreciendo al hombre pensante la posibilidad de someter la realidad más y más (si bien nunca del todo) a su control consciente.

Cabría preguntar por qué los marxistas llaman a esto “teoría del reflejo”, dado que esta terminología brinda a los críticos una oportunidad de hablar de “imágenes especulares” “pasivas” y “automáticas”, de “la connotación pasiva que a veces [Marx y Engels] vinculan al concepto de ‘reflejo’”.

En primer lugar, la palabra reflejo es la adecuada porque llama la atención sobre el aspecto más esencial de la conciencia. Sin un objeto que reflejar no podría haber reflejo. Sin universo material no podría haber conciencia.

En segundo lugar, la palabra reflejo, entendida dialécticamente, significa, cuando se aplica a la conciencia, la forma específica que adquieren la interacción universal y la dependencia y determinación mutuas de los fenómenos en el caso de los organismos dotados de sistema nervioso. Al hablar del reflejo en general, los marxistas no se refieren meramente a un proceso subjetivo de la conciencia humana, sino en primer lugar a la unidad e interdependencia de cada uno de los aspectos del universo infinito con todos los demás, a la interacción recíproca de todo con todo lo demás. Cada partícula de materia está conectada con el resto del universo en múltiples maneras, en diferentes niveles de organización de la materia, y por sus diferentes formas de movimiento —mecánico, físico, químico, etc.— y por su sujeción a las leyes de estas diferentes formas, refleja la totalidad del universo que la rodea, la condiciona y la determina. Con la transición a la materia viviente, esta propiedad de “reflejo” adquiere cualitativamente nuevas formas, vinculadas con la relación entre el organismo vivo y su derredor: nuevas formas que, sin embargo, continúan en un plano superior, el de la conciencia, esta interacción e interdependencia universales. Cuando Lenin usa la palabra reflejo, lo hace en este sentido más profundo y dialéctico.

II. El ser social y la conciencia social

Thompson cree que “Lenin resbala de la observación de Marx de que ‘el ser social determina la conciencia social’ a la declaración muy diferente (y falsa) de que ‘la conciencia social refleja el ser social’”. El uso del término “reflejo” como “observación respecto al modo en que las ideas del hombre han sido determinadas por el ‘ser social’ en la historia” según él no “se infiere de la primera premisa”, es decir, que “las percepciones sensoriales ‘reflejan’ la realidad material externa que existe independientemente de la conciencia humana”. “El hecho de que las percepciones sensoriales puedan describirse (metafóricamente) como ‘reflejo’ de la realidad material no implica de ninguna manera que la cultura humana sea un reflejo especular pasivo de la realidad social”[12]. Thompson sugiere que Marx y Engels “tendieron…a examinar muy poco el problema de cómo es que se forman las ideas del hombre y dónde yace su campo de acción”[13].

Esto es bastante confuso. Para empezar, Thompson no parece tener muy claro si está criticando a Marx o si está tratando de oponer al “parcialmente verdadero” Marx contra el “incorrecto” Lenin. Debe decirse que esto último no es una empresa muy afortunada. La sugerencia de que Lenin “resbala” de la observación de Marx —“el ser social determina la conciencia social” (la verdadera cita es: “No es la conciencia del hombre la que determina su ser, sino, por el contrario, el ser social es lo que determina su conciencia”[14])— a su propia observación “muy diferente” y “falsa” de que “la conciencia social refleja el ser social” queda instantáneamente demolida si tomamos el libro de donde proviene la cita de Marx y seguimos leyendo un poco. Pronto nos damos cuenta de que Marx escribió respecto a “las formas ideológicas en que los hombres adquieren conciencia de este conflicto [entre las fuerzas productivas y las relaciones de producción] y luchan por resolverlo”. No podemos, añade Marx, juzgar un periodo de transformación social por su propia conciencia; “por el contrario, hay que explicarse esta conciencia por las contradicciones de la vida material”[15].

Una vez más, el que Marx y Engels sostengan la misma opinión y empleen el mismo método para estudiar la historia que Lenin no implica que estén necesariamente en lo cierto y Thompson necesariamente esté equivocado, pero sí que Lenin “resbala” en buena compañía.

El marxismo y la cultura

Si bien el materialismo histórico considera que la conciencia social es un reflejo del ser social, debe aclararse que ningún marxista ha sugerido jamás que la cultura humana sea un “reflejo especular pasivo de la realidad social”. Ésa es una caricatura del marxismo. Es perfectamente cierto que en una carta a Mehring de 1893 Engels dejó claro que él y Marx se vieron obligados a enfatizar la derivación de la ideología de los hechos económicos elementales y que al hacerlo “el contenido nos hacía olvidar la forma, es decir, el proceso de génesis de estas ideas”[16]. Pero esto es muy distinto que haber sugerido que el arte y la literatura son un espejo pasivo de la realidad social. Por el contrario, Marx hizo un esfuerzo especial por enfatizar “la desigual relación entre el desarrollo de la producción material y el desarrollo, p. ej., artístico”:

“En lo concerniente al arte, ya se sabe que ciertas épocas de florecimiento artístico no están de ninguna manera en relación con el desarrollo general de la sociedad, ni, por consiguiente, con la base material, con el esqueleto, por así decirlo, de su organización”[17].

Marx, Engels y Lenin ciertamente consideraban la cultura humana un reflejo de la realidad material, pero un reflejo en el sentido dialéctico, no un reflejo directo, inmediato, mecánico, automático o pasivo. Ciertamente, Lenin escribió un artículo titulado “León Tolstoi, espejo de la Revolución Rusa”, pero casi cada una de sus líneas es una refutación de la concepción del reflejo artístico, “mecánico” y “pasivo” y una poderosa afirmación de su naturaleza profundamente contradictoria.

“¿Por qué llamar espejo a lo que no refleja bien los fenómenos?… Pero, como todo gran artista de verdad, ha tenido que reflejar en sus obras, si no todos, algunos de los aspectos esenciales de la revolución… Las contradicciones en las obras, en las ideas, en las teorías, en la escuela de Tolstoi son, por cierto, evidentes. Por un lado, es un artista genial, que no sólo ha trazado cuadros incomparables de la vida rusa, sino que ha aportado obras de primer orden a la literatura mundial. Por otro lado, es un terrateniente obsesionado con Cristo… Por un lado, una crítica implacable de la explotación capitalista…por otro lado, la prédica fanática del ‘no oponerse por la violencia al mal’…las contradicciones en sus ideas son, en efecto, un espejo de las condiciones contradictorias en que se desenvolvió la actividad histórica del campesinado en nuestra revolución”[18].

Para los marxistas hay, de hecho, una interacción constante y compleja entre todos los elementos de la superestructura ideológica y, lo que no es menos importante, una reacción constante y a menudo extremadamente poderosa de las ideas del hombre sobre las causas económicas que las originan. Engels describía como “necia”[19] la noción de que, dado que los marxistas niegan todo desarrollo histórico independiente a las esferas ideológicas, niegan también que éstas tengan efecto alguno sobre la historia. Él atribuía esta idea a una falta de entendimiento de la dialéctica, a una concepción metafísica de la causa y el efecto como dos polos rígidamente opuestos, al “olvido absoluto del juego de acciones y reacciones”. Es igualmente necia la noción de que los marxistas crean que las obras de arte no son más que reflejos de las necesidades y procesos económicos. De ser así, seguramente tendrían un mayor aprecio —para tomar un ejemplo obvio— por Zola, el escritor de izquierda que creía que una buena novela podía construirse usando los métodos del periodismo, que conscientemente llevó el realismo hasta el punto del naturalismo, hasta el punto de “reflejar de manera directa y mecánica la realidad cotidiana del capitalismo”[20], que por Balzac, el monárquico, el legitimista, el reaccionario. Y Lenin seguro habría estimado más, digamos, a Maiakovsky que a Pushkin. El marxismo ciertamente sería un dogma empobrecido y estéril si su entendimiento del proceso de la creación artística no fuera mejor que el que Thompson le atribuye.

Las ilusiones de la época

Cuando Thompson niega que la conciencia social refleja el ser social, eso plantea inmediatamente ciertas preguntas: ¿Qué refleja la conciencia social si no el ser social? ¿Cuál es el contenido de la conciencia social, de dónde proviene, qué papel desempeña en la vida, si no esencialmente el de dar expresión en ideas a la práctica social que el hombre lleva a cabo en un conjunto dado de relaciones sociales? ¿O acaso la mente del ideólogo, el filósofo, el teólogo, el jurisconsulto o el artista se nutren de algún manantial especial del que fluyen ideas ricas y maravillosas que no reflejan ningún aspecto real del mundo objetivo? ¿Brotan las ideologías de la cabeza de los ideólogos? Y si es así, ¿cómo lo hacen? ¿Y cómo se explica su carácter peculiar?

Thompson no hace ni el menor intento por responder a estas preguntas. Sin embargo, no duda en llevar agua al molino de los muchos oponentes de Marx y Lenin que sobresimplifican o vulgarizan sus posiciones cuando sugiere que Lenin dedujo el reflejo del ser social en la conciencia social del hecho fisiológico de que la conciencia refleja el ser. Los marxistas en efecto hacemos esa generalización —la única consistentemente materialista respecto al origen de las ideologías— a partir de un estudio detallado y concreto de la conciencia social tal como ésta ha evolucionado en los más diversos periodos históricos. Si se estudian los escritos de los propios Marx y Lenin, se verá que sobre esta cuestión no hay “ambigüedades” en el pensamiento del uno, ni “falacias mecanicistas” en el del otro.

Un examen de la historia del pensamiento humano muestra que la práctica social, tal como ésta se determina por cada conjunto específico de relaciones sociales, se refleja en ideologías, no de forma consciente, deliberada ni precisa, sino espontáneamente y a menudo de manera invertida. Espontáneamente, porque las ilusiones ideológicas manan constante e irresistiblemente en la mente de los hombres a partir del suelo de sus relaciones sociales. El ideólogo cree operar con conceptos “puros”; con mucha frecuencia (y tanto más frecuentemente cuanto más alejada está una esfera ideológica particular de la estructura económica de la sociedad) el material de su pensamiento contiene pocos elementos nuevos, y en general es material tradicional tomado de sus predecesores; hablamos de “falsa conciencia” porque la conexión del pensador con las verdaderas relaciones sociales de su propio tiempo o de tiempos anteriores le es desconocida. No lo reprochamos por eso. En general, su intención no es construir un sistema de ideas falsas con el cual engañar a las masas explotadas —y cuando es así, él mismo está, a su vez, profundamente engañado por ideas preconcebidas fundamentales cuyas verdaderas raíces ni siquiera sospecha—. Cada generación de pensadores encuentra en existencia un conjunto de relaciones de producción sin las cuales la sociedad no podría existir y que son independientes de la voluntad de los hombres que conforman la sociedad y de las ideas en la cabeza de los pensadores. Estas relaciones se presentan, no como históricamente determinadas y transitorias, sino como eternas e inmutables. Y, una y otra vez, estas relaciones colorean el pensamiento del filósofo y el artista, por original y brillante que sea, marcan su obra de manera indeleble con el sabor peculiar de una época, se filtran hasta los más remotos y fantásticos canales del pensamiento. Las ilusiones características de cada época[21] son en el fondo el modo en que las relaciones sociales de esa época se refractan a través del prisma de la mente del ideólogo.

En este proceso de refracción, la realidad se invierte. Los hombres creen haber creado sus relaciones sociales a la imagen de sus ideas abstractas, y que sus acciones, instituciones y conflictos son la expresión práctica de esas ideas abstractas. El ser social parece ser el reflejo de la conciencia social. Las amargas verdades de la explotación y el dominio de clase se disfrazan y endulzan con un vasto cuerpo de ideas ilusorias que retratan el estado de cosas existente como justo, decretado por dios y permanente.

Si es “falso” que la conciencia social refleje el ser social, entonces toda una serie de los ejemplos más dramáticos de correspondencias entre el desarrollo de la ideología y el desarrollo de las relaciones sociales exige a gritos su interpretación, explicación y análisis. ¡A trabajar, camarada Thompson! Díganos cuál es su explicación de la filosofía de Heráclito de Éfeso si no es en esencia un reflejo ideológico de la recién surgida producción mercantil. Díganos cómo interpreta la jerarquía divina en Tomás de Aquino si no como un reflejo, en última instancia, de la jerarquía feudal de su tiempo. ¿Qué fue la concepción del mundo del materialismo mecanicista como un conjunto de discretas partículas materiales interactuando de acuerdo a las leyes de la mecánica si no esencialmente un reflejo de la necesidad de la burguesía ascendente de destruir los lazos feudales y desarrollar un mercado libre? ¿Cómo puede entenderse el materialismo y el humanismo de Spinoza si no como la expresión más lógica y más profunda de los intereses de la burguesía revolucionaria del país capitalista más avanzado de Europa en su lucha contra la superstición y el oscurantismo feudales —tan lógica y tan profunda que la clase por la que hablaba lo repudió—? ¿Cuál fue el contenido básico del puritanismo si no el reflejo de un conflicto social contemporáneo en las mentes de la burguesía revolucionaria de Inglaterra?

¿Descuidó Lenin la acción humana?

Pero el materialismo histórico no se detiene ahí, y procura mostrar, en cada caso específico, cómo estos reflejos ideológicos están funcionalmente implicados en el desarrollo ulterior de la estructura social que les dio origen, a menudo determinando en un grado muy alto la forma de una transformación social particular y la velocidad con la que ésta ocurre.

Thompson acusa a Marx y Engels de una tendencia a descuidar el problema del campo de la acción de las ideas humanas, e insinúa que Lenin lo descuidó aun más. Se trata realmente de una acusación asombrosa. ¿De qué diablos se trata el ¿Qué hacer? si no de una polémica contra quienes se postraban ante la espontaneidad del movimiento obrero y desdeñaban el papel de las ideas socialistas? Lenin se alzó en armas precisamente contra quienes decían que el movimiento espontáneo de los obreros origina la ideología socialista. Al contrario —afirmó—, es necesario llevar la conciencia socialista desde fuera a la clase obrera. “Sin teoría revolucionaria, no puede haber tampoco movimiento revolucionario”[22]. Si Lenin “perdió” la concepción de la acción humana y subestimó el papel de la conciencia humana, ¿por qué pasó toda su vida construyendo y educando un partido revolucionario, en vez de sentarse a ver cómo la revolución se hacía sola? Acaso Thompson se refiera a algún otro Lenin: acaso el Lenin que él ataca por “resbalar” hacia la “falacia” de que “un ‘reflejo’ pasivo [puede] iniciar, planear y hacer revoluciones” era un tipo inofensivo “absorbido por sutilezas filosóficas” y sin ninguna relación con el hombre que pasó 30 años cruciales refutando en la práctica las supuestas “falacias” de su homónimo.

Un caso de manipulación de citas

Para lograr algo parecido a un alegato contra Lenin, Thompson no siempre es cuidadoso en su uso de las citas. En un pasaje particular, no sólo cita un resumen que hace Lenin de un argumento de Engels sin decir que la idea es de Engels; luego procede a cortar una cita de Materialismo y empiriocriticismo, ¡para dejar fuera las palabras que toman en cuenta y responden específicamente a la objeción misma que Thompson plantea! He aquí la cita completa de Thompson, (a) para hacerle justicia y (b) para demostrar su técnica de manipulación de citas:

“4) De aquí [es decir, de la afirmación de que ‘la conciencia social refleja el ser social’], resbala a la grotesca conclusión de que ‘el ser social es independiente de la conciencia social de la humanidad’. (¿Cómo es posible que los seres humanos conscientes, que emplean conciencia en cada acto de trabajo, existan independientemente de su conciencia?) 5) De ahí sólo hizo falta dar un pequeño paso para visualizar la conciencia como un torpe proceso de adaptación al ‘ser social’ que existe independientemente. ‘La necesidad de la naturaleza es lo primario y la voluntad y la conciencia del hombre lo secundario. Estas últimas deben, indefectible y necesariamente, adaptarse a la primera’ [OC, T. XIV, p. 179]. ‘La tarea más alta de la humanidad es abarcar esta lógica objetiva de la evolución económica…con objeto de adaptar a ella, tan clara y netamente como le sea posible y con el mayor espíritu crítico, su conciencia social’” (p. 314).

Dos citas, dos ejemplos de manipulación. La primera cita [OC, T. XIV, p. 179] proviene de un pasaje de Materialismo y empiriocriticismo donde Lenin resume un argumento del Anti-Dühring y explica sus premisas epistemológicas con bastante justicia. Las palabras que siguen inmediatamente a las que Thompson decidió citar son: “Engels considera esto hasta tal punto evidente, que no gasta palabras inútiles en el esclarecimiento de su punto de vista”[23]. He aquí una de las falacias “grotescas”, “mecánicas”, “torpes” y “emotivas” a las que “resbala” Lenin —y, sin embargo, nos encontramos con que, después de todo, sólo estaba parafraseando algo que Engels consideraba una obviedad de la concepción materialista del mundo—.

La segunda cita, que Thompson divide en dos sin dejar claro que lo está haciendo, lo lleva a formular la pregunta que cito con énfasis. Ahora, aquí está el pasaje de Lenin completo, con las palabras omitidas por Thompson restauradas y enfatizadas:

“Todo productor aislado en la economía mundial, tiene conciencia de introducir alguna modificación en la técnica de la producción; todo propietario tiene conciencia de que cambia ciertos productos por otros, pero esos productores y esos propietarios no tienen conciencia de que con ello modifican el ser social. Setenta Marx no bastarían para abarcar la totalidad de estas modificaciones con todas sus ramificaciones en la economía capitalista mundial. Todo lo más, se han descubierto las leyes de estas modificaciones, se ha demostrado en lo principal y en lo fundamental la lógica objetiva de estas modificaciones y de su desarrollo histórico, objetiva, no en el sentido de que una sociedad de seres conscientes, de seres humanos, pueda existir y desarrollarse independientemente de la existencia de los seres conscientes (y Bogdánov con su ‘teoría’ no hace más que subrayar estas bagatelas), sino en el sentido de que el ser social es independiente de la conciencia social de los hombres. Del hecho de que vivís, que tenéis una actividad económica, que procreáis, que fabricáis productos, que los cambiáis, se forma una cadena de sucesos objetivamente necesaria, una cadena de desarrollos independiente de vuestra conciencia social, que no la abarca jamás en su totalidad. La tarea más alta de la humanidad es abarcar esta lógica objetiva de la evolución económica (de la evolución del ser social) en sus trazos generales y fundamentales, con objeto de adaptar a ella, tan clara y netamente como le sea posible y con el mayor espíritu crítico, su conciencia social y la conciencia de las clases avanzadas de todos los países capitalistas”[24].

Nótese cómo la pregunta de Thompson queda respondida por las palabras que él mismo omite. Nótese cómo Lenin deja perfectamente claro que no está hablando de la idea burda, de la “bagatela” de que “una sociedad de seres conscientes, de seres humanos, pueda existir y desarrollarse independientemente de la existencia de los seres conscientes”, de que “los seres humanos conscientes, que emplean conciencia en cada acto de trabajo, existan independientemente de su conciencia”, que es como Thompson recoge y blande esta “bagatela” ante todo el mundo, como si Lenin nunca lo hubiera mencionado.

Si los escritos filosóficos de Lenin deben ser mutilados y manipulados para que pueda demostrarse su falta de genio filosófico y sus “falacias”, ¿no será porque estas “falacias” existen sólo en la imaginación del crítico? Nadie quiere insinuar que Thompson haya falsificado deliberadamente lo que escribió Lenin, pero parece haber releído apresuradamente un texto difícil para hallar frases aisladas que confirmaran su impresión de que este texto contiene las semillas del estalinismo. Esta impresión no tiene ningún fundamento real, como cabría esperar que el propio Thompson admitiría si leyera Materialismo y empiriocriticismo y los Cuadernos filosóficos con el cuidado que ameritan.

El ejemplo elegido por Lenin es de gran interés y tiene una gran belleza dialéctica. Desde luego, dice, los hombres que producen e intercambian son conscientes. Sólo un tonto (o quien se deje llevar por “bagatelas”) llevaría la discusión a ese nivel. Pero son conscientes sólo de la apariencia de las actividades en las que participan. La esencia, las leyes objetivas que gobiernan los resultados finales de sus esfuerzos productivos y comerciales, se mantiene oculta a sus ojos (¡precisamente porque la conciencia humana no ofrece un reflejo especular inmediato de la realidad!) y sólo puede salir a la luz a través de la investigación científica. Fue esta investigación científica la que Marx llevó a cabo en El capital. Ahí, mediante la “fuerza de la abstracción”, se revelan las leyes esenciales de la economía capitalista, se logra la transición de la apariencia a la esencia y del fenómeno a la ley, y en consecuencia la conciencia humana se enriquece, se profundiza y se torna más científica. Sólo un tonto o quien se deje llevar por “bagatelas” cuestionaría que los hombres sólo son conscientes de la apariencia de sus actividades económicas; y sólo un tonto o quien se deje llevar por “bagatelas” cuestionaría que, antes de que la ciencia haya incursionado por debajo de la superficie, los hombres son inconscientes —o, cuando mucho, conscientes en el nivel más rudimentario y esquemático— del “ser social” esencial (valor, plusvalía, etc.) que existe independientemente de esta conciencia limitada. Quien no haya entendido la importancia de esa transición “del fenómeno [la apariencia] a la esencia y de la esencia menos profunda a la más profunda”[25], no aprecia en absoluto toda la riqueza, complejidad y valor científico de la metodología dialéctica, y está condenado a dejarse engañar una y otra vez por el impresionismo.

III. Necesidad y libertad

El núcleo del ataque de Thompson contra el materialismo dialéctico es su ataque contra la concepción marxista de la libertad humana y del modo en que ésta se conquista. Una vez más, hay un intento de separar las opiniones de Lenin de las de Marx y Engels. Marx habla con “sentido común”; Lenin “resbala” hacia la “mística”:

“La opinión de Marx, llena de sentido común, de que la libertad humana se amplía con cada nueva ampliación del conocimiento (‘La libertad consiste…en el dominio sobre nosotros mismos y sobre la naturaleza exterior, basado en el conocimiento de las necesidades naturales’, Engels), se transforma en la mística de que la libertad del hombre consiste en que éste reconozca ‘la lógica objetiva de la evolución económica’ y le sirva: su ‘libertad’ se vuelve esclavitud de la ‘necesidad’”.

Uno o dos puntos preliminares. Primero, ya hemos demostrado que una de las citas de Lenin en que Thompson se apoya es una paráfrasis de Engels. Pero, según parece, Engels “resbala” bastante, pues, en segundo lugar, he aquí el pasaje del Anti-Dühring, un poco más completo, del que Thompson cita entre paréntesis sólo la frase final:

“La libertad no consiste en una soñada independencia respecto de las leyes naturales, sino en el reconocimiento de esas leyes y en la posibilidad, así dada, de hacerlas obrar según un plan para determinados fines. Esto vale tanto respecto de las leyes de la naturaleza externa cuanto respecto de aquellas que regulan el ser somático y espiritual del hombre mismo: dos clases de leyes que podemos separar a lo sumo en la representación, no en la realidad. La libertad de la voluntad no significa, pues, más que la capacidad de poder decidir con conocimiento de causa. Cuanto más libre es el juicio de un ser humano respecto de un determinado punto problemático, con tanta mayor necesidad estará determinado el contenido de ese juicio”[26].

Pondere esta última oración, camarada Thompson. ¡He ahí el “sentido común” de Engels llamándonos “esclavos de la necesidad”!

Y, en tercer lugar, en la frase “su ‘libertad’ se vuelve esclavitud de la ‘necesidad’”, Thompson mismo “resbala”, ay, en la más flagrante superstición antropomórfica. Su elección de palabras traiciona la imagen que tiene en mente: la de los seres humanos “esclavizados” por las leyes naturales, como si éstas fueran leyes de un gobierno, y anhelando “liberarse” de ellas. Para Thompson, según parece, el camino a la libertad pasa por acabar con esta “esclavitud”: para los marxistas, el camino a la libertad pasa por reconocer la existencia de las leyes objetivas, aprender todo lo posible sobre ellas y adaptar la práctica social correspondientemente. Por mucho que hable “emotivamente” de “esclavitud”, el camarada Thompson no podrá alterar su propia dependencia a todo un espectro de leyes objetivas: mecánicas, físicas, químicas, biológicas, fisiológicas, sociales, etc., ni tampoco la determinación de sus propias actividades por estas leyes. En la práctica, está sometido a estas leyes las 24 horas; a esto lo llama “esclavitud”. Pues bien, seamos francos: el marxismo no admite la posibilidad de elevarse por encima de la esfera de acción de las leyes objetivas, de violarlas ni de “liberarse” de ellas. Para los marxistas, semejante “libertad” no es posible ni tiene sentido. Sin embargo, sólo el marxismo muestra el camino hacia la conquista de la verdadera libertad humana. Intentemos explicar por qué.

Necesidad

La categoría de necesidad está estrechamente enlazada con la de esencia y la de ley. “La ley —dice Lenin— es el reflejo de lo esencial en el movimiento del universo”[27]. La ley de un proceso de desarrollo natural o social enuncia aproximadamente las regularidades objetivas, las relaciones esenciales y las conexiones necesarias de ese proceso. Las leyes científicas resumen, de manera más o menos precisa, los procesos causales que operan en los sucesos, nos dicen qué características debe presentar un fenómeno particular por su naturaleza misma y expresan la inevitabilidad de su desarrollo de un modo particular bajo condiciones particulares. Reconocer de manera materialista la objetividad del ser y de sus leyes no es aún la libertad, pero sí es un requisito de la verdadera libertad.

Desde luego, es perfectamente cierto que el hombre actúa con fines e intenciones conscientes. Pero ningún intento de explicar la historia humana en términos de fines e intenciones conscientes, en términos de la voluntad y los deseos de los hombres, hará avanzar gran cosa nuestro entendimiento. Los fines de los hombres chocan, y ocurren cosas que nadie había buscado, deseado ni previsto. Por lo tanto, el entendimiento científico del desarrollo social debe partir de las “leyes generales de carácter interno”[28] que en última instancia gobiernan tanto el desarrollo de la sociedad humana como los fines, las intenciones, las ideas y las teorías que hay en la cabeza de la gente.

“Los propios hombres crean su historia, pero qué determina los motivos de los hombres y en particular de las masas humanas, qué provoca los choques de ideas y aspiraciones contradictorias; cuál es el resultado de todos estos choques en las masas de las sociedades humanas; cuáles son las condiciones objetivas de producción de la vida material que forman la base de toda la actividad histórica de los hombres, cuál es la ley de desarrollo de esas condiciones; a todo ello prestó atención Marx e indicó el camino para el estudio científico de la historia, como proceso único, regido por leyes en toda su inmensa variedad y su carácter contradictorio”[29].

Ser libre no significa violar las leyes de la naturaleza y la sociedad, lo cual es imposible. Los hombres no son los hacedores de milagros que pretenden los idealistas (cuando afirman que la libertad es en realidad la independencia de la voluntad humana con respecto a las leyes de la naturaleza y la sociedad, o cuando niegan la existencia de leyes objetivas), ni son tampoco títeres o robots como los consideran los materialistas mecanicistas (cuando sostienen que la necesidad está mucho más allá del alcance de la práctica social, que la conciencia humana no puede tomarla en cuenta y utilizarla, y que el hombre es de hecho un prisionero de las leyes objetivas).

Ser libre, según el materialismo dialéctico, es actuar de conformidad con las leyes objetivas. Cada paso adelante en el conocimiento de estas leyes es potencialmente un paso adelante en la conquista de la libertad. Así como el hombre amplía su libertad en proporción a su conocimiento de la naturaleza, y por lo tanto a su poder sobre ella, de la misma manera amplía su libertad en proporción a su conocimiento de la vida social, y por lo tanto a su poder sobre ella, conforme es capaz de prever con mayor precisión los efectos de su actividad social, en lugar de estar a merced de las leyes que, “ciegas” y no tomadas en cuenta, conducen a las crisis económicas. En la medida en que el hombre planea sus acciones con conocimiento de los factores implicados, se halla en posición de obtener su verdadera libertad.

El ejemplo supremo es la lucha obrera por el socialismo. ¿Le ayuda en algo a la clase obrera ignorar las leyes económicas? ¿No es, por el contrario, mediante la indagación de su propia situación que llega a ser capaz de revolucionar la sociedad para así obtener la libertad, ya que por su propia posición de clase constituye, por sí misma y objetivamente, la disolución de la sociedad capitalista?[30] En otras palabras, ¿es acaso tan terrible decirle a la clase obrera que su responsabilidad suprema es adaptar su conciencia a la realidad objetiva del desarrollo económico “tan clara y netamente como le sea posible y con el mayor espíritu crítico”[31], es decir, para equiparse con el conocimiento de la historia, del funcionamiento del sistema capitalista y de sus propias tareas en la lucha por el derrocamiento de ese sistema? Extraño humanismo aquél que, mientras subraya la importancia de la conciencia humana, le da la espalda a una de las exigencias más elementales de toda lucha exitosa de la clase obrera: el que ésta se base conscientemente en el conocimiento de las realidades de la sociedad, en las leyes del cambio social. Extraño humanismo aquél que desarma a la clase obrera al aconsejarle que no adquiera ese conocimiento.

Lenin muestra el camino a la libertad de los obreros. Enriquezcan su conciencia, les dice, con un conocimiento tan preciso como sea posible de las leyes del desarrollo social. No lo escuchen, grita el camarada Thompson; lo que él quiere es que ustedes se adapten torpemente a los “estímulos económicos”; está absorbido por sutilezas filosóficas…

Lenin sabe perfectamente bien que el nivel de conciencia de la clase obrera no depende automáticamente de su posición de clase. Sabe que la superestructura ideológica de la sociedad burguesa fomenta todo tipo de ilusiones para minar la confianza de los obreros en sus propias fuerzas, para hacerles creer que no hay mucho que puedan hacer para mejorar las cosas, para hacer que apoyen el sistema capitalista. Sabe que la teoría socialista depende del conocimiento de la esencia del capitalismo, no de su apariencia, y que este conocimiento profundo sólo puede llegar a la clase obrera desde fuera, gracias a los marxistas. Por eso llama a los comunistas a que traten de “adaptar” “la conciencia de las clases avanzadas” a los hechos del desarrollo histórico, es decir, a enseñarles, a educarlas, a convencerlas de que “adapten” su conciencia a…la verdad. “Semejante patrón podría construirse dentro de un cerebro electrónico”, se queja el camarada Thompson, expresando, en la mejor tradición del empirismo inglés, su indignación contra una falacia tan grotesca y mecánica, contra semejante absorción en sutilezas filosóficas…

Libertad

Para obtener conocimiento de las cosas no basta sentarse a contemplarlas. Debemos ponerlas al servicio del hombre, someterlas a sus necesidades y fines, trabajar sobre ellas, transformarlas. Llegamos a conocer las leyes de la naturaleza y de la sociedad, no por inspiración divina, sino al actuar sobre ellas. Y nuestro conocimiento de la necesidad, derivado de nuestra actividad práctica, que se aplica, se pone a prueba y se hace más preciso mediante nueva actividad práctica, es la premisa y condición previa indispensable de la libertad humana.

En sí mismo, el conocimiento de la necesidad no basta para conferirnos libertad automáticamente, como Thompson parece pensar en cierto momento (“La opinión de Marx, llena de sentido común, de que la libertad humana se amplía con cada nueva ampliación del conocimiento”). No es, hasta ese punto, más que la expresión teórica de nuestra relación con la necesidad. Sin embargo, cuando establecemos relaciones prácticas con la necesidad, cuando utilizamos nuestro conocimiento en la actividad humana práctica, entonces obtenemos libertad.

“En tanto que ignoramos una ley natural, esa ley, existiendo y obrando al margen y fuera de nuestro conocimiento, nos hace esclavos de la ‘ciega necesidad’. Tan pronto como conocemos esa ley, que acciona (como repitió Marx millares de veces) independientemente de nuestra voluntad y de nuestra conciencia, nos hacemos dueños de la naturaleza. El dominio de la naturaleza, que se manifiesta en la práctica de la humanidad, es el resultado del reflejo objetivo y veraz, en la cabeza del hombre, de los fenómenos y de los procesos de la naturaleza y constituye la prueba de que dicho reflejo (dentro de los límites de lo que nos muestra la práctica) es una verdad objetiva, absoluta, eterna”[32].

La libertad es, pues, la capacidad del hombre de satisfacer sus necesidades y alcanzar sus fines, basándose en el conocimiento de lo que son esas necesidades y esos fines y de cómo se pueden satisfacer y alcanzar. Los hombres carecen de libertad en la medida en que son ignorantes de los factores que afectan la satisfacción de sus necesidades y el cumplimiento de sus fines y por lo tanto son incapaces de controlarlos. Son libres en la medida en que conocen estos factores y por lo tanto los controlan conscientemente en la práctica.

La libertad es un atributo específicamente humano, que los hombres conquistan como seres sociales. En tiempos primitivos, los hombres enfrentaban ciegamente las fuerzas naturales, y por ende estaban a merced de la naturaleza. Alcanzaron la libertad gradualmente mediante la lucha, obteniendo conocimiento de la necesidad poco a poco y aplicando ese conocimiento en lucha ulterior para obtener aun mayor conocimiento, libertad y progreso material.

Durante toda la existencia de la sociedad de clases, los hombres han enfrentado sus relaciones sociales más o menos como se enfrentaban, en su historia temprana, a las fuerzas de la naturaleza. En su mayor parte, las fuerzas sociales han parecido ser totalmente ajenas al control humano, y los grandes acontecimientos sociales, las guerras y revoluciones, el colapso de los imperios, se han presentado como catástrofes tan terribles e incontrolables como las calamidades naturales. Pese al enorme incremento en nuestro conocimiento de las leyes naturales en los últimos cien años, la ciencia burguesa en su mayor parte ha perdido hoy la esperanza de prever, explicar o controlar las guerras y las crisis que periódicamente sacuden a la sociedad capitalista hasta sus cimientos.

Una vez más, el progresivo dominio del hombre sobre la naturaleza no ha repercutido más que limitadamente a favor de las masas humanas, debido a su falta de libertad social. Mientras la sociedad esté dominada por sucesivas clases explotadoras no será posible plantear en toda su complejidad ni resolver el problema de la relación del hombre con la naturaleza. Un sistema social obsoleto está impidiendo la aplicación adecuada del conocimiento científico y técnico del hombre, utilizando sus avanzadas fuerzas productivas para el lucro y la destrucción y obstaculizando el progreso. El camino a la libertad pasa por el derrocamiento de este sistema. Es la tarea histórica de la clase obrera, armada con el conocimiento científico de su verdadera situación y sus tareas —que el marxismo proporciona—, el acabar con las relaciones sociales capitalistas que actúan como freno al libre desarrollo de las fuerzas productivas y como barrera a su utilización para la libre satisfacción de las necesidades humanas. Al llevar a cabo la revolución socialista, establecer la dictadura del proletariado, construir una sociedad socialista y avanzar hacia el comunismo, la clase obrera conquista la libertad social —el pleno dominio del hombre sobre su propia organización social— y posibilita avances gigantescos en su dominio consciente de la naturaleza.

Así, lejos de eliminar al hombre y su actividad, el materialismo dialéctico muestra cómo la sociedad humana se encuentra necesariamente en desarrollo; por qué los hombres actúan como actúan y piensan como piensan; cómo puede alcanzarse la libertad y cuál es la fuerza social que, debidamente organizada, equipada ideológicamente y dirigida, puede obtenerla, conduciendo así a toda la humanidad “desde el reino de la necesidad al reino de la libertad”[33].

IV. El método dialéctico

Al referirse a Lenin, Thompson no emplea la palabra dialéctica. (En otras partes del texto, la escribe entre comillas, en un contexto en el que su significado es equívoco, pero en el que parece equiparar la dialéctica con el “alma”.) Su ataque contra el método dialéctico no se hace nunca explícito, pero está implícito en todo su ataque contra Lenin el filósofo. La teoría del conocimiento a la que se opone es una teoría dialéctica. La teoría de las ideologías a la que se opone es una teoría dialéctica. La teoría de la libertad a la que se opone es una teoría dialéctica. Y dado que la contribución más destacada de Lenin a la filosofía fue en el campo del método dialéctico, las referencias despectivas de Thompson a las “sutilezas filosóficas” difícilmente pueden interpretarse como algo más que un reproche a Lenin por dejarse “absorber” por la dialéctica. Para Lenin, la dialéctica era el “preciado fruto de los sistemas idealistas…, perla que gallos como los Büchners, los Dührings y Cía. (incluyendo a Leclair, Mach, Avenarius, etc.) no supieron extraer del estercolero del idealismo absoluto”[34]. Desafortunadamente, el camarada Thompson no puede reconocer las perlas cuando las ve. Pero Lenin consideraba que la dialéctica era indispensable para que el movimiento obrero entendiera y aprovechara las contradicciones de la sociedad capitalista. No es casual que su principal estudio filosófico haya sido un comentario extenso y casi página por página de la Ciencia de la lógica de Hegel, en el que Lenin pone cabeza arriba el método que Hegel envolvió en idealismo; en este comentario el método dialéctico se desarrolla y se digiere desde una perspectiva materialista y se revela en toda su intrincación, su flexibilidad y, sobre todo, su precisión, como el único método con que el pensamiento humano puede sondear plenamente la complejidad y la multilateralidad del eterno proceso del devenir.

No es casual que Lenin se sumergiera en el estudio de Hegel durante el otoño de 1914, en el momento mismo en que las contradicciones de la sociedad capitalista habían salido súbita y explosivamente a la superficie (y cuando la II Internacional había colapsado en el oportunismo y la traición). Casi aislado en su oposición a la guerra imperialista, Lenin buscó en las “sutilezas filosóficas” de Hegel un método que le permitiera juzgar los acontecimientos no por sus aspectos superficiales, sino por sus contradicciones esenciales, saltos en el desarrollo, revoluciones, negaciones, transiciones más allá del límite, transformaciones en lo contrario. Lenin encontró en Hegel, entendido de manera materialista, la adecuada justificación filosófica de su propio juicio de que las condiciones para la revolución proletaria habían madurado, lo cual se confirmaría, de manera tan palmaria, tres años después.

Estas notas sobre Hegel revelan, como ninguna otra obra de Lenin, el funcionamiento más interno de su mente en el momento en que procesa el pensamiento de un filósofo profundo y difícil y extrae los jugos vitales.

El alcance del presente artículo no me permite más que una referencia esquemática e insuficiente al corazón de los Cuadernos filosóficos: el concepto de contradicción. En la lucha contra el estalinismo, este concepto, tal como lo elaboró Lenin, tiene una importancia triple. El bien conocido folleto de Stalin Materialismo histórico y dialéctico tiene fallas filosóficas más fundamentales y más serias que las que Thompson discute en su artículo (ya que Thompson se concentra en la sección sobre el materialismo histórico) y, curiosamente, para entenderlas y exponerlas se requiere estar familiarizado con las “sutilezas filosóficas” de Lenin. En primer lugar, la sección sobre el método dialéctico enfatiza la lucha de los contrarios, pero pasa por alto su identidad. Esto adquiere particular importancia al considerar las categorías de la lógica dialéctica que, pese a su importancia epistemológica básica, Stalin deja de lado; ésa es la segunda falla del folleto[35]. Y, en tercer lugar, no se menciona la negación de la negación, acaso porque, en 1938, pudo haberse considerado que este concepto podía tener implicaciones políticas incómodas (en 1947, Zhdánov incluso inventó una nueva ley dialéctica, presumiblemente para remplazarlo: la “ley” de la crítica y la autocrítica)[36]. La concepción de contradicción que se expone en los Cuadernos filosóficos demuestra cuán esenciales son para el adecuado entendimiento del método dialéctico estos tres aspectos que Stalin descuida.

Identidad de los contrarios

Para Lenin, la dialéctica era “la teoría que muestra cómo los contrarios pueden y suelen ser (cómo devienen) idénticos; en qué condiciones son idénticos, al transformarse unos en otros, por qué el espíritu humano no debe entender estos contrarios como muertos, rígidos, sino como vivos, condicionales, móviles, que se transforman unos en otros”[37]. Aplicada subjetivamente, esta versatilidad, flexibilidad y elasticidad del pensamiento dialéctico se convierte en eclecticismo y sofistería; aplicada objetivamente, es decir, de manera que refleje la universalidad y unidad del proceso material del devenir, constituye un reflejo preciso y dialéctico del eterno desarrollo del universo[38]. La identidad de los contrarios fue “el reconocimiento (descubrimiento) de las tendencias contradictorias, mutuamente excluyentes, opuestas, [en] todos los fenómenos y procesos de la naturaleza (inclusive el espíritu y la sociedad)”[39]. Este aspecto de la dialéctica, señaló Lenin, por lo general no recibía suficiente atención: la identidad de los contrarios no es la suma de ejemplos, sino una ley del conocimiento y del mundo objetivo[40].

La identidad de los contrarios es por supuesto una abstracción, y una abstracción de nivel extremadamente alto: una de las leyes más generales del devenir universal. La palabra identidad no se usa aquí en su sentido ordinario, sino en un sentido filosófico especial que incluye las nociones de unidad (o inseparabilidad) en un solo proceso, penetración mutua, dependencia mutua y transformación de cada uno en el otro. La identidad de los contrarios implica que la existencia y desarrollo de cada elemento es la condición de la existencia y desarrollo de su contrario; que, bajo ciertas condiciones, todas las propiedades y aspectos se tornan en su opuesto; y que, en el caso de las categorías, ambos aspectos contradictorios están entrelazados a lo largo del universo en cada nivel de movimiento de la materia. Lenin consideraba la identidad de los contrarios como algo condicional, transitorio y relativo, y su lucha como algo absoluto, en el sentido de que el desarrollo y el movimiento son absolutos. El desarrollo era la lucha de los contrarios; esta concepción del desarrollo encierra la clave del automovimiento de todo cuanto existe, de los saltos, las rupturas en la continuidad y las transformaciones en lo opuesto, de la destrucción de lo viejo y del surgimiento de lo nuevo.

Las categorías de la lógica dialéctica

“El hombre está frente a una red de fenómenos naturales. El hombre instintivo, el salvaje, no se distingue de la naturaleza. El hombre consciente se distingue de ella; las categorías son etapas de este distinguirse, es decir, del conocer el mundo, puntos focales de la red, que ayudan a conocerlo y dominarlo”[41].

Así muestra Lenin que estos conceptos tan abstractos, las categorías de la lógica dialéctica (es decir, de la teoría materialista dialéctica del conocimiento) se derivan de todo cuanto es concreto y material en el universo, y se vinculan a ello. Vergonzosamente descuidadas por el estalinismo, supuestamente por su “dificultad”, pero en realidad porque exponen el rígido esquematismo de la famosa exégesis de Stalin, las categorías son indispensables para cualquier pensamiento, cualquier búsqueda y cualquier investigación genuinamente dialécticos. Sin ellas, no podemos pensar de manera adecuada y precisa, no podemos entender la realidad cambiante. Y, más que ningún otro marxista, fue Lenin quien desarrolló este aspecto fundamental del método dialéctico y quien nos dejó indicaciones, sacadas de su propia experiencia como estudioso, del método que debe emplearse para su estudio de manera tal que se revelen los elementos de todas las categorías dialécticas que ya están presentes en toda proposición o fenómeno.

“Comenzar con lo más sencillo, con lo más ordinario, común, etc.; con cualquier proposición: las hojas de un árbol son verdes; Juan es un hombre; Chucho es un perro, etc. Aquí tenemos ya dialéctica…lo individual es lo universal… Por consiguiente, los contrarios (lo individual se opone a lo universal) son idénticos: lo individual existe sólo en la conexión que conduce a lo universal. Lo universal existe sólo en lo individual y a través de lo individual. Todo individual es (de uno u otro modo) un universal. Todo universal es (un fragmento, o un aspecto, o la esencia de) un individual. Todo universal sólo abarca aproximadamente a todos los objetos individuales. Todo individual entra en forma incompleta en lo universal, etc., etc. Todo individual está vinculado por miles de transiciones con otros tipos de individuales (cosas, fenómenos, procesos), etc. Aquí ya tenemos los elementos, los gérmenes de los conceptos de necesidad, de conexión objetiva en la naturaleza, etc. Aquí tenemos ya lo contingente y lo necesario, el fenómeno y la esencia; porque cuando decimos: Juan es un hombre, Chucho es un perro, ésta es una hoja de un árbol, etc., desechamos una cantidad de atributos como contingentes; separamos la esencia de la apariencia, y contraponemos la una a la otra.

“Así, en cualquier proposición podemos (y debemos) descubrir como en un ‘núcleo’ (‘célula’) los gérmenes de todos los elementos de la dialéctica, y con ello mostrar que la dialéctica es una propiedad de todo conocimiento humano en general”[42].

De todas las categorías, Lenin parece haber considerado que las más importantes, ricas y fructíferas son las de apariencia y esencia (con las que están íntimamente vinculadas la de fenómeno y la de ley). La identidad y la lucha entre apariencia y esencia como dos aspectos (o “momentos”) de la realidad material nos llevan de inmediato justo al corazón del método dialéctico, como método para pensar acerca de los procesos de modo que nos aporte un conocimiento mayor y más preciso de sus leyes y relaciones internas. La apariencia oculta la esencia y, al mismo tiempo, la revela, pues “lo que aparece es la esencia en una de sus determinaciones, en uno de sus aspectos, en uno de sus momentos”[43].

Este pensamiento es claro si se medita sobre él un poco. Al analizar un fenómeno cualquiera, pasamos del conocimiento superficial y perceptual, del conocimiento de la apariencia, al conocimiento de la esencia; ésta, a su vez, se nos convierte en una apariencia que a un tiempo nos oculta y nos revela una esencia aún más profunda. Frecuentemente, la solución de un problema político u organizativo —por ejemplo el análisis de una situación, la elaboración de una política, la concentración de fuerzas, etc.— está en descubrir concretamente cómo y por qué en una etapa determinada ciertos sucesos manifiestan la esencia de un proceso particular y ciertos otros la enmascaran. Cuando llegamos a conocer la esencia, podemos entender la apariencia bajo una nueva luz. Lenin da un ejemplo: “el movimiento de un río — la espuma por arriba y las corrientes profundas por abajo. ¡Pero incluso la espuma es una expresión de la esencia!”[44]. Cada esencia, cada ley, cada necesidad que el hombre descubre es para él un grado más en el infinito proceso de adquirir más y más conocimiento del proceso universal del devenir en su unidad, su interconexión y su interdependencia.

Sería erróneo suponer que Lenin simplemente escogió los elementos de Hegel que le eran útiles sin desarrollar su pensamiento en un sentido materialista. La dialéctica de la apariencia y la esencia, por ejemplo, es más concreta y más dinámica, y por ello más dialéctica, en las manos de Lenin que en las de Hegel. Para Hegel, apariencia y esencia se hallan en un estado de coexistencia lógica; para Lenin, una y otra se encuentran en una continua interacción dinámica. En ocasiones las contradicciones esenciales adquieren una súbita expresión —de manera dramática y explosiva— en la apariencia, como por ejemplo cuando las guerras y las revoluciones sacuden a la sociedad capitalista. En otros momentos, la apariencia es la palestra de los cambios lentos y graduales bajo la cual la esencia se mantiene en estado latente. El no entender esta interacción dialéctica está en el meollo de gran parte de la confusión actual respecto a los sucesos de la URSS en la mente de los comentaristas e intérpretes que no ven más que la apariencia de las cosas, que la malentienden y que por ello pierden el equilibrio cada vez que los acontecimientos toman un giro inesperado.

La negación de la negación

La ley de la negación de la negación (“Es un desarrollo que, al parecer, repite etapas ya recorridas, pero las repite de otro modo, sobre una base superior…, un desarrollo, por decirlo así, en espiral y no en línea recta”)[45] es fundamental para un entendimiento adecuado de la naturaleza profundamente contradictoria del desarrollo por etapas, del surgimiento de una contradicción nueva a partir de una vieja, y del modo en que ésta se subsume, llega a trascender, a “eliminar[se]…(al mismo tiempo conservar[se])”[46] en aquélla. No obstante su “abolición” por parte de Stalin, esta ley sigue operando obstinadamente en la naturaleza y la sociedad, incluso dentro de la Unión Soviética.

Lenin consideraba la negación el elemento más importante de la dialéctica:

“Ni la negación vacía, ni la negación inútil, ni la negación escéptica, [ni] la vacilación [ni] la duda son características [de o] esenciales [en] la dialéctica —que sin duda contiene el elemento de negación y en verdad como su elemento más importante—, no, sino la negación como un momento de la conexión, como un momento del desarrollo, que retiene lo positivo, es decir, sin vacilaciones, sin eclecticismos”[47].

Entendida dialécticamente, la negación no es una mera negatividad vacía, la aniquilación o destrucción de algo, sino que es algo “en igual grado positivo…es algo definido, tiene un contenido definido, las contradicciones internas llevan al remplazo del viejo contenido por otro nuevo, superior”[48]. Lo viejo se ve superado una vez que ha producido las condiciones que hacen posible lo nuevo, cuando sus contradicciones internas lo han empujado más allá de sí mismo; por decirlo así, lo han llevado a ser su propia “negación”. Su propio desarrollo lo lleva a negarse a sí mismo; sin embargo, el avance contenido en la vieja etapa no se destruye, queda subsumido, “trascendido”, superado y preservado en la nueva.

El concepto de negación es, por decirlo así, el punto de intersección entre, por un lado, las leyes dialécticas de la identidad y la lucha de los contrarios y, por el otro lado, la de la transformación de cantidad en calidad. Se dice que un proceso ha sido negado cuando la lucha de los contrarios que lleva dentro lo conduce más allá del límite cualitativo. Suele decirse que “en cada cosa están las semillas de su propia destrucción”. Sería más correcto decir “…de su propia negación” —y es probablemente más preciso aún decir “todo contiene su propia negación”—, pues la negación es lo nuevo que crece dentro del vientre de lo viejo y termina por suplantarlo.

Pero este es un proceso interminable. Cada nueva etapa se vuelve vieja con el tiempo, cada negación es en sí la palestra de nuevas contradicciones, el terreno de una nueva negación que lleva inexorablemente a un nuevo salto cualitativo, a una etapa todavía más alta de desarrollo, llevando consigo los avances conseguidos en las etapas previas y con frecuencia aparentando repetir —en un nivel superior, enriquecido por el desarrollo intermedio— una etapa ya superada.

La negación de la negación es, pues, una “trascendencia” ulterior, otro superarse y preservarse de las etapas pasadas en las etapas nuevas. Frecuentemente hay un retorno, en un nivel superior, al punto de partida original.

Con demasiada frecuencia, la negación de la negación se presenta como la “suma de ejemplos”, y a menudo de ejemplos trillados, por cierto. Debe ejemplificarse, sí, pero la ley es una abstracción, y su contenido no se agota ni se clarifica plenamente mediante ejemplos, pues se trata de una ley universal de la naturaleza, de la sociedad y del conocimiento humano.

La aparición de las clases y la posterior destrucción del tejido entero de la sociedad comunista “primitiva” fue una negación de esa sociedad. En muchos sentidos, el comunismo será un retorno, a escala mundial, a las relaciones y actitudes humanas de la sociedad “primitiva” enriquecidas por todas las conquistas y descubrimientos científicos, tecnológicos y culturales de cinco mil años de sociedad de clases: en otras palabras, la negación de la sociedad de clases, la negación de la negación.

El conocimiento viejo se ve continuamente remplazado —negado, no destruido— por el nuevo. Hegel describió bastante bien este proceso. “El conocer”, escribió, “se va desarrollando de contenido a contenido”. El concepto, “en cada grado de ulterior determinación…eleva toda la masa de su contenido precedente y, por su progresar dialéctico, no sólo no pierde nada, ni deja nada tras de sí, sino que lleva consigo todo lo adquirido”[49]. “Este extracto”, comentó Lenin, “no es del todo malo como una especie de resumen de la dialéctica”[50]. Pero donde Hegel veía el autodesarrollo de la Idea, Lenin veía el reflejo del desarrollo de la realidad material en el conocimiento humano, que se encuentra eternamente en un proceso de profundización.

En todo proceso de la naturaleza, la sociedad y el pensamiento, encontramos una u otra forma de esta “repetición en una etapa superior, de ciertos rasgos, propiedades, etc., de lo inferior y el aparente retorno a lo antiguo”[51].

Método

Como estaba “absorbido por sutilezas filosóficas”, Lenin postuló en dos ocasiones, de manera tentativa pero muy sugerente, los elementos del método dialéctico. En “Una vez más acerca de los sindicatos, la situación actual y los errores de Trotsky y Bujarin” (1921), los requisitos de la lógica dialéctica se presentan bajo cuatro rubros. “Primero, para conocer realmente un objeto, debemos considerar y examinar todos sus aspectos, sus conexiones e ‘intermediaciones’… Segundo, la lógica dialéctica exige que el objeto sea tomado en su desarrollo, en su cambio, en su ‘automovimiento’… Tercero, la ‘definición’ completa de un objeto debe incluir toda la experiencia humana como criterio de la verdad y como indicador práctico de su conexión con las necesidades del hombre. Cuarto, la lógica dialéctica sostiene que ‘la verdad siempre es concreta, nunca abstracta’”[52].

En los Cuadernos filosóficos el método dialéctico se resume desde otro ángulo en 16 puntos que, aunque tersos y no ejemplificados, constituyen una presentación altamente dialéctica de este método:

“1)  La objetividad de la consideración (no ejemplos, no [digresiones], sino la cosa en sí).

2)  La totalidad íntegra de las múltiples relaciones de esa cosa con las otras.

3)  El desarrollo de esa cosa [o fenómeno], su propio movimiento, su propia vida.

4)  Las tendencias (y los aspectos) internas contradictorias en esa cosa.

5)  La cosa (fenómeno, etc.) como suma y unidad de los contrarios.

6)  La lucha, el despliegue de esos contrarios, tendencias contradictorias, etc.

7)  La unión del análisis y la síntesis: [el análisis] de las partes separadas y la totalidad, la suma de dichas partes.

8)  Las relaciones de cada cosa (fenómeno, etc.) no sólo son múltiples, sino generales, universales. Cada cosa (fenómeno, proceso, etc.) está vinculada con todas las demás.

9)  No sólo la unidad de los contrarios, sino la transición de CADA determinación, cualidad, rasgo, aspecto, propiedad, a cada uno de los otros (¿a su contrario?).

10)  El infinito proceso del descubrimiento de nuevos aspectos, relaciones, etc.

11)  El infinito proceso de profundización del conocimiento por el hombre de la cosa, de los fenómenos, los procesos, etc., del fenómeno a la esencia y de la esencia menos profunda a la más profunda.

12)  De la coexistencia a la causalidad y de una forma de conexión y de interdependencia a otra forma más profunda, más general.

13)  La repetición, en una etapa superior, de ciertos rasgos, propiedades, etc., de lo inferior y

14)  El aparente retorno a lo antiguo (negación de la negación).

15)  La lucha del contenido con la forma, y a la inversa. El rechazo de la forma, la transformación del contenido.

16)  La transición de la cantidad a la calidad y viceversa (15 y 16 son ejemplos de 9)”[53].

Quienes encuentren demasiado sentenciosas estas 16 “sutilezas filosóficas” encontrarán ejemplos prácticos de su aplicación concreta a lo largo de los escritos políticos de Lenin. “La dialéctica”, escribió, “puede ser definida como la doctrina de la unidad de los contrarios. Esto encarna la esencia de la dialéctica, pero requiere explicaciones y desarrollo”[54]. Esa explicación y ese desarrollo —la dialéctica materialista en acción— pueden verse de la manera más concreta en la construcción del Partido Bolchevique, la realización de la Revolución de Octubre, la conducción del estado soviético e incluso la campaña contra la burocracia que Lenin libró desde su lecho de enfermo hasta que la muerte lo silenció. Quienes estudien el enfoque de Lenin a los problemas que fue enfrentando en el curso de tres décadas de actividad política estarán estudiando la aplicación maestra del método dialéctico en el “análisis concreto de condiciones concretas”.

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Este artículo apenas ha tocado el borde de la obra creativa de Lenin como filósofo marxista. Otros campos de gran interés y actualidad, como sus opiniones sobre la objetividad y la toma de partido y su teoría sobre las formaciones socioeconómicas, tuvieron que ser omitidos, ya que ésta es principalmente una polémica y no un artículo expositivo. A su vez, sólo se discutió una muy pequeña parte de “Humanismo socialista”: apenas un par de páginas de las 38 que lo componen. En las 36 restantes hay muchas cosas sugerentes (y muchas excelentes). Pero el pasaje comentado aquí plantea cuestiones fundamentales para el marxismo, y “una cucharada de alquitrán arruina un barril de miel”. O, como señaló alguien alguna vez, “dejar el error sin refutación equivale a estimular la inmoralidad intelectual”.

Notas

1. The New Reasoner, Vol. 1, No. 1, verano de 1957. Regresar

2. Materialismo y empiriocriticismo (Obras completas, Tomo XIV, Akal Editor-Ediciones de Cultura Popular, México, D.F.: s/f, p. 81). Regresar

3. Ver, por ejemplo, El capital, Dialéctica de la naturaleza, Anti-Dühring. Regresar

4. Sin embargo, la “excepcionalidad” del pensamiento humano no debe exagerarse. En sus niveles de abstracción más elementales, éste no difiere del proceso mental de los animales superiores más que en grado. Regresar

5. Lenin, Cuadernos filosóficos, en Obras completas, Tomo XLII, p. 146. Regresar

6. Aquí Thompson —aunque quizá sin saberlo— no está diciendo nada nuevo. Hace dos años, en su libro Les aventures de la dialectique, M. Merleau-Ponty, profesor del Collège de France, se anticipó a su ataque contra la teoría marxista-leninista del reflejo, a la que llamó “un retorno al realismo ingenuo”. Regresar

7. Cuadernos filosóficos, p. 185. Regresar

8. Ibíd, p. 210. Regresar

9. Ibíd, p. 342. Regresar

10. Ibíd, p. 174. Regresar

11. Ibíd, p. 200. Me parece que ésta y las decenas de citas similares que se pueden extraer de los Cuadernos filosóficos se hacen cargo de la segunda “falacia” que encuentra Thompson: “la repetida declaración, expresada emotivamente, de que la realidad material es lo ‘primario’ y ‘la conciencia, el pensamiento y las sensaciones’ son lo ‘secundario’, lo ‘derivado’”. Thompson comenta: “Esto es cierto en parte; pero debemos prevenirnos contra la emotiva nota callada de que por lo tanto el pensamiento es menos importante que la realidad material”. Estas son palabras de alguien que es “en parte” materialista. La declaración de que la conciencia es secundaria y derivada no implica nada respecto a su importancia; habla sólo de su origen. Regresar

12. Aquí también, Thompson sigue los pasos de…M. Merleau-Ponty, que caricaturiza el materialismo histórico al hablar de “determinismo económico”, de “deducir la totalidad de la cultura a partir de la economía”, de las supuestas exigencias de los marxistas de que la historia de la cultura debe siempre y estrictamente correr “paralela a la historia política” y de que el arte se juzgue por “criterios políticos inmediatos” y por la “conformidad política del autor”. Regresar

13. Lo anterior a pesar de que “la interacción entre el medio ambiente social y la acción consciente…era central en su pensamiento” y aunque el propio Marx consideraba “el pasar por alto la acción” como “la debilidad del materialismo mecánico”. Thompson no intenta siquiera explicar esta evidente paradoja. Regresar

14. K. Marx, Prólogo a Contribución a la crítica de la economía política, Obras escogidas (en 3 tomos), T. I, p. 518. Regresar

15. Ibíd., p. 518. Cf. El capital, T. I, La ideología alemana, T.B. Bottomore y Maximilien Rubel, Karl Marx: Selected Writings in Sociology and Social Philosophy (1956), p. 77; Marx y Engels, Correspondencia; Marx y Engels, Obras escogidas, T. II, etc., etc. Regresar

16. Engels, carta a Mehring, 14 de julio de 1893, en Marx y Engels, Obras escogidas, T. III, p. 523. Cf. también p. 515: “El que los discípulos hagan a veces más hincapié del debido en el aspecto económico, es cosa de la que, en parte, tenemos la culpa Marx y yo mismo. Frente a los adversarios, teníamos que subrayar este principio cardinal que se negaba, y no siempre disponíamos de tiempo, espacio y ocasión para dar la debida importancia a los demás factores que intervienen en el juego de las acciones y reacciones”. Regresar

17. Marx, Elementos fundamentales para la crítica de la economía política (Grundrisse) 1857-1858 (México: Siglo XXI, 1971), p. 31. Regresar

18. “León Tolstoi, espejo de la revolución rusa”, Obras completas, T. XV, pp. 212-216. Regresar

19. Engels, carta a Mehring, Obras escogidas, T. III, p. 524. Regresar

20. G. Lukács, Estudios sobre el realismo europeo. Regresar

21. Cf. Marx y Engels, La ideología alemana. Regresar

22. Lenin, ¿Qué hacer? en Obras completas, T. V, p. 376. Regresar

23. Materialismo y empiriocriticismo, Obras completas, T. XIV, p. 179. Regresar

24. Ibíd., pp. 313-314. Regresar

25. Cuadernos filosóficos, p. 210. Regresar

26. Anti-Dühring (México: Ed. Grijalbo, 1968), p. 104. Regresar

27. Cuadernos filosóficos, p. 147. Regresar

28. Engels, Ludwig Feuerbach y el fin de la filosofía clásica alemana en Marx y Engels, Obras escogidas, T. III, p. 385. Regresar

29. Lenin, “Carlos Marx (Breve esbozo biográfico con una exposición del marxismo)” en Obras completas, T. XXII, pp. 149-150. Regresar

30. “Cuando el proletariado anuncia la disolución del orden social actual, no hace sino enunciar el secreto de su propia existencia, pues él constituye por sí mismo la disolución efectiva de ese orden social”; Marx, “Contribución a la crítica de la filosofía del derecho de Hegel”, publicada en México como Filosofía de la revolución (Ed. Dialéctica, s/f, p. 65). Cf. también Marx, Miseria de la filosofía (México: FCE, 1988), p. 98: “A medida que avanza la historia y con ello va perfilándose más claramente la lucha del proletariado, [los comunistas] ya no tienen que extraer la ciencia de sus cabezas; les bastará con tomar conciencia de lo que ocurre ante sus ojos y convertirse en órganos de ello”. Regresar

31. Materialismo y empiriocriticismo, p. 314. Regresar

32. Ibíd., p. 180. Regresar

33. Anti-Dühring, p. 280. Regresar

34. Materialismo y empiriocriticismo, pp. 232-233. Regresar

35. Tras la muerte de Stalin ocurrió una especie de “rehabilitación” de las categorías dialécticas en la obra filosófica soviética. Ver, por ejemplo, G. Gak, “The Categories of Materialist Dialectics” [Las categorías de la dialéctica materialista], Kommunist, 1954, No. 13, traducido al francés en Recherches Soviétiques [Investigaciones Soviéticas] No. 1, pp. 35-57, 1956. Regresar

36. Estas tres fallas no agotan todas las que se encuentran en la sección sobre la dialéctica. Por ejemplo, los cuatro llamados “rasgos principales del método dialéctico marxista” se presentan esquemáticamente, como si su importancia metodológica fuera la misma, y la cuestión del salto cualitativo se plantea de manera burda y confusa. Por quince años este folleto le ha dado a millones de personas su primera explicación de la filosofía marxista —y a menudo la única—, lo cual es una verdadera lástima. La dialéctica materialista es mucho más dialéctica de lo que la hace parecer el refrito que hizo Stalin a partir de artículos de periódico de 1906. Regresar

37. Cuadernos filosóficos, p. 106. Regresar

38. Ibíd., p. 107. Regresar

39. Ibíd., pp. 327-328. Regresar

40. Ibíd., p. 327. Regresar

41. Ibíd., p. 93. Regresar

42. Ibíd., p. 329. Regresar

43. Ibíd., p. 129. Un “momento” es un factor activo y determinante de todo proceso. Regresar

44. Ibíd., p. 126. Regresar

45. “Carlos Marx”, p. 147. Regresar

46. Cuadernos filosóficos, p. 104. “La palabra Aufheben [eliminar] tiene en el idioma [alemán] un doble sentido: significa tanto la idea de conservar, mantener, como, al mismo tiempo, la de hacer cesar, poner fin”. —Hegel, Ciencia de la lógica (Buenos Aires: Ediciones Solar, 1968), p. 50. Regresar

47. Cuadernos filosóficos, p. 214. Regresar

48. Ibíd., p. 97. Regresar

49. Hegel, op.cit., pp. 488-489. Regresar

50. Cuadernos filosóficos, p. 219. Regresar

51. Ibíd., p. 210. Regresar

52. “Una vez más acerca de los sindicatos, la situación actual y los errores de Trotsky y Bujarin”, Obras completas, T. XXXIV, p. 374. Regresar

53. Cuadernos filosóficos, pp. 209-210. Regresar

54. Ibíd., p. 210. Regresar

Northites Inc.

Northites Inc.: Toeing the Bottom Line

Being Determines Consciousness

[First published in 1917 No.30 2008. Originally posted online at http://www.bolshevik.org/1917/no30/no30-GRPI-WSWS.html ]

In the spring of 2007, the Socialist Equality Party/Inter-national Committee (SEP/IC) was rocked by a public scandal when Scott Solomon, an embittered former adherent, revealed that David North is not only the leading figure of the SEP and IC, but is also CEO of Grand River Printing & Imaging (GRPI), a multi-million dollar business in Michigan. The SEP leadership would apparently prefer to keep its successful commercial venture secret, but it cannot deny the facts.

The GRPI evolved from the in-house printshop that used to produce the Bulletin, the newspaper of the Workers League (WL—the SEP’s predecessor). When the WL/SEP suspended publication of the Bulletin in favor of producing an online daily on its World Socialist Web Site (WSWS), the party print shop was apparently quietly transformed into a full-blown business.

At about the same time, the SEP/IC leadership discarded the traditional Marxist view of trade unions as defensive organizations of the working class and declared that they had become simple agencies of the capitalists. North wrote a lengthy essay on this theme entitled “Globalization and the Unions,” in which he announced the “objective transformation of the AFL-CIO into an instrument of the corporations and the capitalist state.” We polemicized against this in 1917 No. 29 (see “SEP: Defeatist and Confusionist: The Class Nature of the Unions”).

The Northites recently seized upon the squalid deal signed by the United Auto Workers (UAW) in October 2007 with General Motors, which permits the company to offload responsibility for its retirees’ health-care coverage with a contribution of cash and a $4.4 billion convertible note (based on the value of GM common stock) to a Voluntary Employee Benefit Association (VEBA). The deal benefited the bosses by massively reducing their liabilities, while giving the UAW bureaucracy, which gets to manage the fund, a major new source of revenue and influence. The only ones to lose out will be retired autoworkers, whose benefits will be reduced when VEBA’s investment portfolio underperforms.

In a 12 October 2007 statement, the SEP wrote:

“The so-called ‘voluntary employees beneficiary association,’ or VEBA, will turn the union into a profit-making enterprise and make the union bureaucracy full-fledged shareholders in the exploitation of the workers. The UAW bureaucracy will get its hands on a massive cash hoard, including shares in GM, which will ensure its income even as it administers ever deeper cuts in the benefits of retired union members.”

    —“The middle-class ‘left’ and the UAW-GM contract”

Seemingly oblivious to the parallel between the UAW bureaucracy’s relationship to VEBA and the SEP’s to the GRPI, the Northites declared: “The open transformation of the UAW into a business is not a sudden or unexpected development.” But the auto union has not been transformed into a capitalist enterprise; the UAW remains part of the workers’ movement, despite the grotesque, and growing, corruption of its leadership. Leon Trotsky described the tendency of the labor bureaucracy in the imperialist countries to be transformed from mere agents of the bourgeoisie into “stakeholders” in the ventures of the ruling class:

“The intensification of class contradictions within each country, the intensification of antagonisms between one country and another, produce a situation in which imperialist capitalism can tolerate (i.e., up to a certain time) a reformist bureaucracy only if the latter serves directly as a petty but active stockholder of its imperialist enterprises, of its plans and programs within the country as well as on the world arena.”

    —“Trade Unions in the Epoch of Imperialist Decay,” 1940

Yet Trotsky concluded:

“in spite of the progressive degeneration of trade unions and their growing together with the imperialist state, the work within the trade unions not only does not lose any of its importance but remains as before and becomes in a certain sense even more important work than ever for every revolutionary party. The matter at issue is essentially the struggle for influence over the working class.”

When the IC first announced that it was writing off the unions, our German comrades projected that North & Co. might one day “find themselves in a political bloc with the capitalists in their attack on the institutions of the workers’ movement” (1917 No. 20). The SEP’s October 2007 statement does exactly that, declaring: “The Socialist Equality Party would advise workers, should the UAW come to their plant, to vote to keep it out.”

No doubt GRPI management would give similar advice to any employees thinking about unionizing. Socialists, by contrast, believe that workers should be organized. In a case of vice paying homage to virtue, the SEP’s 12 January 2006 statement for the U.S. mid-term elections advocated “a guaranteed right of workers to join a union and control the union democratically; the outlawing of union-busting tactics and wage-cutting.” This was coupled with a peculiar demand for “government support for small and medium-sized businesses.” Even the reformist left has not historically been in the habit of demanding public funding for private capitalists, but then few of them ever owned “medium-sized businesses.”

Sri Lankan Exceptionalism in the IC

The SEP/IC’s October 2007 statement on the UAW makes it very clear that its anti-union stance is not only applicable in North America:

“Two facts demonstrate that the transformation of the UAW is not simply the product of the subjective characteristics of corrupt leaders or misguided policies, but rather the expression of fundamental objective processes rooted in the nature of trade union organizations and the impact of major changes in the structure of world capitalism. The first is the protracted period, now extending over decades, in which the unions have worked openly to suppress the class struggle and impose cuts in workers’ wages and benefits, along with massive layoffs.”

    …

“The second fact is the international scale of the degeneration and transformation of the unions. This is not an American, but rather a world phenomenon, embracing the unions in the advanced capitalist centers of North America, Europe and Asia, as well as those in so-called ‘less developed’ countries. From the American UAW and AFL-CIO, to the British Trades Union Congress, to the German Federation of Unions, to the Australian Council of Trade Unions, to the Congress of South African Trade Unions, the unions have adopted a corporatist policy of labor-management ‘partnership’ and worked to drive down labor costs at the expense of the jobs, wages and working conditions of their members.

“The driving force behind this universal process is the globalization of capitalist production, which has eclipsed the former primacy of national markets, including the labor market, and enabled transnational corporations to scour the earth for ever-cheaper sources of labor power. This has rendered the unions, wedded by dint of their historical origins and class-collaborationist tendencies to the national market and the national state, obsolete and impotent.”

It seems, however, that Sri Lanka is an exception to this “world phenomenon.” It is perhaps not a coincidence that this is the one country in which a leading member of an IC section is also a union president. Unlike North’s role as the boss of a capitalist enterprise, the IC seems proud of their Sri Lankan comrade’s activities. The WSWS report on a 13 November 2007 SEP public meeting in Colombo to denounce the ongoing war against Tamil separatists mentioned that one of the main speakers was “K.B. Mavikumbura, an SEP central committee member and president of the Central Bank Employees Union (CBEU).” The article extensively quoted Mavikumbura’s account of his recent union activities:

“We presented a resolution in the CBEU calling on workers to unite on socialist policies to end the war. We pointed out that the campaign for the withdrawal of the military from the north-east, which is under de facto military rule, is a necessary condition to unite workers….

“Recently I attended a trade union meeting to organise a picket in support of teachers. The government had said it could not increase the salaries of teachers as it had to pay for the war. It took out an order in the Supreme Court to intimidate teachers. I explained that workers should take up a political fight against the government. The central question is to oppose the war, but the trade unions leaders rejected that. Instead they said workers should form an alliance with the opposition United National Party (UNP), which is notorious for attacking workers’ rights. Workers need to build an independent political movement based on a socialist perspective.”

    —“SEP holds public meeting in Colombo to oppose the war in Sri Lanka”

Anyone in the political orbit of the Northites might wonder how Mavikumbura’s activities can be squared with the view that unions are simply agencies of the bosses.

‘Transformation Into a Business’

Does the IC position on the unions simply reflect a loss of confidence in the capacity of the working class to oust the bureaucrats and gain control of its own mass organizations? Or is it a reflection of the social pressures of running a successful business? As Marx observed, being tends to determine consciousness, and for North & Co., the increasing revenues of the GRPI could certainly provide a material basis for the growth of personal/political corruption within the SEP/IC leadership.

Alex Steiner and Frank Brenner, former close associates of North who continue to identify politically with the SEP/IC, hint at this in the conclusion of a lengthy document dated 16 December 2007 which recalls how Gerry Healy (the former head of the IC) accepted large sums of money from various Middle Eastern regimes to act as their left publicist:

“This too was one of the key lessons of the WRP [Workers Revolutionary Party] split—that the ‘unanimity’ of Healy’s leadership group masked all kinds of opportunist relationships based on personal and financial arrangements. We have no doubt that the silence of the rest of the IC leadership is also based, at least in part, on opportunist considerations of a financial and personal nature.”

    —“Marxism Without Its Head or Its Heart”

The IC’s revisionism did not commence with the transformation of the WL printing plant into a business, nor as Steiner and Brenner argue, when North et al abandoned the struggle against “pragmatism.” Gerry Healy’s political-bandit operation (including its American satellite run initially by Tim Wolhforth and later by North) was very distant programmatically from Trotskyism long before they began promoting Colonel Qaddaffi and other Middle Eastern despots.

Leftist organizations that obtain substantial funding from sources outside their field of political activity will inevitably tend to become depoliticized and subject to alien class forces. Trotsky made this point in an 8 October 1923 letter addressing some of the early symptoms of the growing bureaucratization of the Soviet Communist Party:

“There is without question an inner connection between the separate and self-contained character of the secretarial organization—more and more independent of the party—and the tendency toward setting up a budget as independent as possible of the success or failure of the party’s collective work of construction.”

    —The Challenge of the Left Opposition (1923-25)

North et al said essentially the same thing in their major 1986 statement renouncing Healy:

“Moreover, elements among the journalists, actors and actresses who passed from Fleet Street and the West End into the Political Committee of the WRP, without any apprenticeship in the class struggle, provided a physical link to material resources such as the Party had never known. Apart from the day-to-day struggle of the Party membership inside the working class, huge amounts of money were raised. The central leadership thus acquired an independence from the rank and file that destroyed the foundations of democratic centralism.”

    …

“Healy’s high-flying diplomacy and his sudden access to vast material resources, based largely on his opportunist utilization of Vanessa Redgrave as the WRP’s calling card in the Middle East, had a corrosive effect on the Party’s political line and its relation to the working class. Whatever its original intention, it became part of a process through which the WRP became the political captive of alien class force. At the very moment when it was most in need of a course correction, the ‘success’ of its work in the Middle East, which from the beginning lacked a basic proletarian reference point, made it less and less dependent upon the penetration of the working class in Britain and internationally.”

    —“How the Workers Revolutionary Party Betrayed Trotskyism”

The commercial success of the GRPI today gives the SEP leadership far more independence from their ranks than is usually the case in bureaucratized leftist groups where disposable income tends to be closely tied to the size of the dues base. The SEP’s web-centered political activity requires a cadre of talented writers and editors, but the fact that the group conducts very little real public activity means that there are few opportunities for new recruits to develop outside of attending the occasional in-house event. Over time, we would expect the cash flow generated by the GRPI to have much the same effect on the SEP/IC’s upper strata as VEBA will on the occupants of Solidarity House.

The following commentary on the SEP/IC and GRPI originally appeared on the IBT website in May 2007.

In recent weeks reports have surfaced that David North, leader of the ostensibly Trotskyist Socialist Equality Party and its International Committee, also (as David Green) acts as CEO of Grand River Printing & Imaging (GRPI—www.grpinc.com/grandriver-history.html), one of Michigan’s larger printing companies, which reported $25 million in business transactions last year. Like other readers of the SEP’s online daily, we have been waiting to see what the World Socialist Web Site has to say about the flap over the GRPI. It seems that, for the time being at least, North et al have decided that discretion is the better part of valor, and are maintaining radio silence.

Most of the comments printed below were written by our comrade Samuel T., who was recruited to the Workers League (predecessor of the SEP) during Fred Mazelis’ 1989 campaign for mayor of New York City. Sam left the WL in 1991 when it refused to call for the defeat of U.S. imperialism in the first Gulf War (see Trotskyist Bulletin No. 8).

On the weekend of 31 March/1 April [2007] Sam and a couple of other IBT supporters went to Ann Arbor, Michigan to attend an SEP anti-war conference that was advertised as open to “all WSWS readers.” When our comrades arrived, however, they found that supporters of organizations other than the SEP were not really welcome, and the SEP leadership seemed a bit put out by our criticisms of their claim that trade unions are no longer working-class organizations (see 1917 No. 29).

Gerry Healy, the founder-leader of the British Workers Revolutionary Party (WRP) who headed the IC until the mid-1980s, had a well-deserved reputation as a cynical political thug with a penchant for pseudo-dialectical gibberish and crisis mongering. In the late 1960s, along with Ernest Mandel and the Pabloist “United Secretariat” (USec), the IC hailed various Middle East bonapartists as manifestations of a trans-class “Arab Revolution.” The IC also shared the Pabloists’ enthusiasm for Mao Zedong’s “Red Guard” faction during the massive intra-bureaucratic wrangle known as the “Great Proletarian Cultural Revolution.” Today, in a symmetrical deviation, North’s SEP denies that China was ever any sort of workers’ state.

By the 1980s, the political prostitutes of the IC were acting as paid publicists for Libya’s Muammar el Qaddafi and other Arab despots. The most despicable act of these political gangsters was providing intelligence to Saddam Hussein’s reactionary Baathist regime on émigré members of the Iraqi Communist Party. When the WRP/IC imploded in 1985-86, former members came forward and told of being sent to take photographs of leftist exiles at demonstrations, which the WRP leadership then passed on to the Iraqi embassy.

After Healy’s fall, the current IC leadership, headed by David North, sought to adjust the group’s image to something more closely approximating the “anti-Pabloite Trotskyist” tradition it falsely claims to represent. In their disingenuous account of their belated break with Healy, entitled “How the WRP Betrayed Trotskyism,” the WL leadership downplayed their record of years of slavish obedience to Healy’s every pronouncement. The insistence by North et al that they bear no political responsibility for the IC’s crimes, and that everything was Healy’s fault, recalls Nikita Khrushchev’s 1956 attempt to whitewash the crimes of the Soviet bureaucracy by blaming everything on Stalin. People who go back and examine issues of the Bulletin will see for themselves that the Workers League’s uncritical adulation of Qaddafi and the rest of the IC’s bonapartist bankrollers was every bit as enthusiastic as the WRP’s. They will also see that the SEP/IC, like the USec and almost every other pseudo-Trotskyist tendency, consistently supported counterrevolution in the former Soviet bloc, from Lech Walesa’s Polish Solidarnosc in 1981 to Boris Yeltsin’s pro-imperialist rabble in Moscow a decade later. With the passage of time, and an influx of politically raw new members, the SEP/IC leadership has tried to distance itself from its inglorious history. The tone of the WSWS today is far less hysterical than the Bulletin used to be, but the program it puts forward is no more revolutionary.

Some have suggested that the SEP leaders’ role in the GRPI may be connected to their repudiation of the Trotskyist analysis of the trade unions. We don’t claim to know for certain. But it was clear in Ann Arbor that there is a great deal of confusion in the ranks of the SEP on their position regarding the unions. Many newer members seem uneasy with the line, while the older cadres adamantly defend it, even if there is little consistency in the arguments they use, and none of them are able to explain how the AFL-CIO today is qualitatively different than it was in the 1960s and 70s. One senior SEP member ventured that perhaps the destruction of the USSR had somehow transformed U.S. unions into simple tools of the bourgeoisie, commenting: “Well, the collapse of the USSR has changed everything, so why wouldn’t it also change the unions?”

* * *

These comments are from internal discussion in the IBT.

Lenin drew a connection between the 4 August 1914 betrayal of the Social Democrats and the privileged social position of the labor aristocrats who constituted their social base. Trotsky made similar observations regarding the Stalinist bureaucracy, and also traced the Shachtmanites’ [a right-wing split from the then-Trotskyist Socialist Workers Party (SWP)] abandonment of defense of the USSR in 1940 to their petty-bourgeois social composition. In 1953, James P. Cannon argued that the Cochranites’ [a subsequent right-wing faction in the SWP] liquidationist politics reflected the conservatizing effects of relative economic stability on older workers. In 1983, we pointed out that the SL’s [Spartacist League] dive on saving the Marines in Lebanon, and its offer the next year to provide defense guards for the Democratic Party, were related to the desire of [SL leader James] Robertson to cultivate a “respectable” image with elements of the ruling class.

It can be a dangerous thing for a small group with Potemkin village inclinations, which the Northites have always had throughout their history, to accumulate assets out of proportion to their actual social weight. It would be surprising if running a major commercial enterprise did not affect the political consciousness of the SEP leadership—as Marx remarked, “being determines consciousness.”

I was struck by the following passage from the SEP’s 2006 election program:

“To establish the economic foundation for the reorganization of economic life in the interests of the broad mass of the working people, we advocate the transformation of all privately owned industrial, manufacturing and information technology corporations valued at $10 billion or more—companies that, taken together, control the decisive share of the US economy—into publicly owned enterprises, with full compensation for small shareholders and the terms of compensation for large shareholders to be publicly negotiated.”

    …

“Property rights must be subordinated to social rights. This does not mean the nationalization of everything, or the abolition of small or medium-sized businesses, which are themselves victimized by giant corporations and banks. Establishing a planned economy will give such businesses ready access to credit and more stable market conditions, so long as they provide decent wages and working conditions.”

    —“For a socialist alternative in the 2006 U.S. elections,” 12 January 2006 (emphasis added)

How many printing companies in the U.S. are worth more than $10 billion? I notice that Rupert Murdoch is offering $5 billion for Dow Jones (which includes the Wall Street Journal). Would the SEP consider that a “medium-sized business”?

When I was a member, WLers were exhausted by mindless public activity (8-hour shopping mall sales, etc.). I think perhaps the turn away from mass agitation toward a more realistic propaganda perspective where members are not run into the ground accounts for why SEPers now project a more controlled, rational image in public (a high-pressure environment is not good for anyone’s sanity)….

In the old WL there was no escaping getting chewed out at an internal meeting (unless you were in the leadership) for not selling enough papers, doing enough work, contacting enough workers or giving the party enough money—there was no pledge schedule, rather comrades announced how much they were giving that month at a local meeting and then were pressured to give more.

The sense I got from what I was told when I was in, was that the org financed itself almost completely through contributions from members (who were bled dry and encouraged to collect money on the streets, go door to door, borrow from relatives, etc.). The other source was lit sales (which is one reason we’d get screamed at regularly for not selling enough).

I remember as a member asking about Cuba and its class character. When not attacked for raising the question to begin with (on the grounds that it reflected a potential desire to accommodate to Castroism), I was offered a wide range of explanations by different senior comrades. Some gave me a version of the ‘phantom capitalist’ theory (a Lambertiste position, that, as I found out later, was never adopted by the Healyites) [Pierre Lambert, leader of the French Organisation Communiste Internationaliste participated with Healy in the IC until they parted ways in 1971]. Other WLers told me that despite what I had read in books and newspapers, there was indeed significant private ownership in Cuba. They were all improvising, because the IC/WL/SEP to my knowledge always avoided any attempt to seriously explain their position in writing. Members who ask too many questions about touchy subjects like Cuba soon learn not to, as it is taken as displaying an appetite to abandon the working class. I suspect that a similar approach is being used today with those deemed too inquisitive about the GPRI.

On the myspace [website] discussion of the issue, one neophyte supporter of the SEP summed up the explanation he had been given as follows:

   1. the GRPI does not fund the SEP;

   2. the GRPI provides employment for a number of comrades;

   3. no one is getting rich through their involvement with the GRPI;

   4. the GRPI is a successful company and has won awards for being a quality employer.

If I were a member, I would be wondering what the purpose of the GRPI is, if it neither serves the needs of the SEP, nor makes anyone rich. I’d also be curious about which SEP comrades get jobs there and how they get selected. I suppose it’s nice to win awards, but most people would rather work in places where they have union protection instead of having to rely on management goodwill. (I think it is safe to assume that, since “unions have essentially completed their degeneration” they do not represent GRPI’s workforce.)

When the SEP liquidated its printed publications in favor of online publishing, they claimed that doing so was merely recognizing the reality that, in the new age of internet communication, printed matter was becoming obsolete as a way to reach people. It is clear that the SEP has continued to invest tremendous resources to produce its online daily. The WSWS, which is generally pretty well written and covers a wide range of topics from a leftist perspective, possibly has the largest readership of any English-language ostensibly Marxist publication. It gives the SEP a cyberspace presence that far exceeds its weight in the real world.

The existence of the GRPI, and the time and energy that North et al obviously pour into it, makes me wonder if the real motivation for curtailing the production of printed propaganda was to permit the company to reach its full potential. When I was a member we had to buy large numbers of the weekly Bulletin on consignment—each member probably sold around 100 papers a week. The group also printed a monthly Young Socialist, a monthly Spanish publication for immigrants, a monthly or bi-monthly French-language publication sold in Quebec and to Haitian immigrants in New York (amongst whom we had a significant readership), a monthly Canadian newspaper, tons of leaflets, a quarterly theoretical journal, and, most months, a pamphlet or a book. The discovery that paper printing was obsolete (although not for commercial purposes apparently) might also have been a result of a decision that meeting sales quotas by going door-to-door, hanging out at supermarkets, strike chasing and all the other things we used to do, was not an efficient use of members’ political time. It is notable that the change to online from paper publishing, and the transformation of the old party printing plant into a full-blown business enterprise seems to roughly coincide with the change of position on the unions. This may well be a classic case of “program generating theory.”

Marxists have generally seen revisionism as an expression of alien class pressures within the workers’ movement. Small propaganda organizations, with little organic connection to the labor movement, experience that pressure in more indirect ways than mass workers’ parties. In a small leftist group the personal qualities and political appetites of leading members are at least as important in determining the line and the character of its internal regime as the blind social forces that shape mass consciousness.

Marx and Engels wrote a fair number of polemics against the development of personality cults within small socialist organizations, whereas Lenin, Trotsky and Luxemburg, who operated in an atmosphere where socialist ideas were part of the mainstream of the labor movement, tended to dismiss the significance of such behavior.

Ignoring historical context and employing a caricature of the Leninist/Trotskyist analysis of trade-union, social-democratic and Stalinist bureaucracies, the IC has long denounced all other left groups as “petty bourgeois” (while their own social composition is no different) and simultaneously demanded that critics of their highly bureaucratic organization demonstrate upon what materially privileged stratum the IC leadership is based. The recent publicity surrounding the GRPI may lead the IC leadership to be a bit more careful about baiting other groups as “petty bourgeois” for a while.

A small and rigidly hierarchical ostensibly socialist organization, without significant connections to the labor movement or any other mass social movement, that has a largely literary political existence, with little public activity beyond occasionally running candidates in bourgeois elections, is likely to develop some peculiar political deviations. If the leaders of such an organization are also subjected to the social pressures of running a multi-million dollar business, it is hardly surprising that they may come to exhibit indifference to the actual struggles and needs of the working class, or at least find it difficult to connect the limited immediate struggles of the class to the necessity for socialist revolution (i.e., to find the sort of “bridge” that Trotsky outlined in the Transitional Program).

Trotsky saw it as essential for revolutionaries to struggle for the Marxist program within the existing mass organizations of the proletariat, i.e., the unions. The SEP leadership, by contrast, tends to advance a sort of abstract “Sunday Socialism” in which the key operational proposal is often the call to “build the SEP.”

For decades the IC has tended to cater to the backward consciousness of the more privileged sections of the working class and to show little interest in questions of special oppression. Those who insist on the importance of Marxists addressing such questions are attacked for “hating the working class” or being motivated by black-nationalist, bourgeois-feminist or other alien class ideologies. Tim Wohlforth, while still leader of the Workers League, spelled this out with his infamous comment that “The working class hates hippies, faggots and women’s libbers, and so do we!” While far less crude today, the WSWS coverage of the destruction of New Orleans by Hurricane Katrina, for example, was profoundly flawed by the tendency to ignore the blatant racism that characterized capitalist officialdom’s response to the crisis.

The cadres who produce the WSWS can certainly not be faulted for their work ethic—it is an impressive achievement for such a small group to have sustained such a venture for so long. But the value of such a project, from a revolutionary point of view, depends on the political program it advances. The profound revisionism of the SEP on the social revolutions that produced the Cuban and Chinese deformed workers’ states, its support to capitalist restorationists in the Soviet bloc, its defeatist and reactionary position on the trade unions, its historic tendency toward indifference to issues of special oppression and its abandonment of the Bolshevik position of “revolutionary defeatism” in imperialist wars, negates any value the WSWS might have as an instrument for socialist propaganda.

Resenha do Filme “Terra e Liberdade”

O que ficou de fora de “Terra & Liberdade”
Espanha: Guerra e Revolução
A presente resenha sobre o filme Terra & Liberdade foi publicada pela Tendência Bolchevique Internacional em 1917″ No. 18 (1996). Sua tradução para o português foi realizada pelo Reagrupamento Revolucionário em setembro de 2012, a partir da versão disponível em http://bolshevik.org/1917/no18l&f.pdf.

Terra & Liberdade, um filme do diretor Ken Loach sobre a Guerra Civil Espanhola, é memorável ao mesmo tempo pelo seu ponto de vista e pelo assunto que aborda. Ganhador de dois prêmios no Festival de Cinema de Cannes em 1995, o filme dá vida a uma das maiores lutas de classes deste século. Após 60 anos, a Guerra Civil Espanhola retém o seu brilho romântico como uma luta heroica que pôs trabalhadores e camponeses comuns, ajudados por jovens idealistas de esquerda vindos do estrangeiro, contra os exércitos do General Francisco Franco, a classe dominante espanhola e as legiões militares fascistas despachadas por Hitler e Mussolini. É um conflito no qual é fácil escolher um lado.

Durante a guerra civil, os stalinistas se juntaram a socialdemocratas, pacifistas e liberais ao propagandeá-la enquanto uma luta para preservar a “democracia” espanhola. Mas havia muito mais em jogo do que isso – a questão fundamental era se a sociedade seria organizada de acordo com as necessidades dos capitalistas e proprietários de terra da Espanha ou dos seus trabalhadores e camponeses.

Há muitos paralelos entre os eventos na Espanha em meados dos anos 1930 e aqueles que aconteceram na Rússia depois da derrubada do Czar em fevereiro de 1917. As origens imediatas do conflito espanhol podem ser rastreadas até a queda da monarquia em 1931 e a proclamação de uma república encabeçada por uma coalizão de liberais burgueses e socialdemocratas. O líder dos liberais era Manuel Azaña, que Trotsky apelidou de “o Kerensky espanhol” em menção ao chefe do breve Governo Provisório russo. Assim como Kerensky, Azaña não recebeu a confiança dos grandes capitalistas e proprietários, e dependia do apoio de partidos dos trabalhadores (primeiro os Socialistas, e depois também os Comunistas) para se manter no poder. Assim como Kerensky, a base social de Azaña esperava que ele realizasse mudanças muito mais radicais do que aquelas que ele estava disposto a tolerar.

O resultado foi uma crescente série de embates entre os trabalhadores e o Estado ao longo dos anos 1930. Em 1933, um breve levante anarquista em Cádiz foi esmagado. Conforme a luta se aprofundou, esquadrões da morte assassinaram proeminentes líderes dos trabalhadores. Elementos da extrema direita lançaram um partido fascista, a Falange Espanhola. Quando o governo de Azaña foi substituído em 1934 por uma coalizão de direita encabeçada por Alejandro Lerroux, o geralmente legalista Partido Socialista, empurrado por sua ala esquerda, começou a falar em comprar armas para distribuir aos seus membros.

Em outubro de 1934, em meio a uma greve geral contra o governo, os mineiros das Astúrias declararam uma comuna socialista. O governo despachou Franco, à frente do seu Exército marroquino na África, para esmagar o levante. As tropas de Franco massacraram 5.000 trabalhadores e prenderam outros 30.000. Mas isso não acabou com a resistência.

Em janeiro de 1936, Lerroux foi forçado a renunciar em meio a um escândalo financeiro, e novas eleições foram realizadas. Pela primeira vez, os líderes anarquistas da Confederação Nacional do Trabalho (CNT – a maior central sindical da Espanha), que contava com cerca de um milhão e meio de membros, e também a Federação Anarquista Ibérica (FAI – a organização anarquista clandestina) abandonaram seu princípio de abstenção eleitoral e apoiaram os candidatos da Frente Popular, uma coalizão de partidos liberais burgueses com Socialistas e Comunistas. A maré foi tão forte que Partido Operário da Unificação Marxista (POUM – uma aliança de ex-trotskistas liderados por Andrés Nin e o Bloco Operário e Camponês dirigido por Joaquín Maurín), antes mais à esquerda e que previamente havia denunciado tal colaboração de classe, chamou pelo voto em Azaña, e assinou o manifesto eleitoral da Frente Popular. Em um artigo de janeiro de 1936, intitulado “A Traição do POUM”, Trotsky denunciou o apoio deles a essa aliança de colaboração de classes como “uma traição ao proletariado”.

Nos primeiros meses depois da sua eleição, Azaña fez todo o possível para garantir à classe dominante espanhola que a Frente Popular não apresentava nenhuma ameaça aos seus interesses essenciais. Ele se opôs ao armamento dos trabalhadores, ignorou os eloquentes relatos de que direitistas no exército estavam preparando uma revolta, e recusou sugestões de depurar o corpo de oficiais. Essa passividade encorajou os reacionários. Em 17 de julho de 1936 o exército realizou um levante no Marrocos que rapidamente se espalhou para outras guarnições pela Espanha. Ele foi imediatamente apoiado pela Igreja Católica e por virtualmente toda a burguesia. O governo da Frente Popular respondeu tentando conciliar os rebeldes. Azaña rejeitou propostas de armar a população:

“Mas os trabalhadores tinham tirado suas próprias conclusões e, sem dar a menor atenção aos sermões da Frente Popular sobre a autoridade governamental e parlamentar, ajudaram a si próprios. Eles espontaneamente se lançaram nos exércitos rebeldes, ao confraternizar com os soldados, desarmaram-nos e esvaziaram os arsenais e depósitos de armas em Barcelona, Madrid e Valência. Em uma palavra, eles responderam à insurreição fascista organizada pelo exército ‘Republicano’ com uma insurreição proletária.”
― Jean Rous, ‘‘Spain 1936-39: The Murdered Revolution,’’ Revolutionary History Vol. 4, Nos. 1/2

Por toda a Espanha legalista, trabalhadores tomaram fábricas e terras que a burguesia havia abandonado ao fugir para se juntar aos franquistas. Logo a classe trabalhadora começou a organizar a produção sem os patrões. Milícias rapidamente organizadas dos partidos dos trabalhadores foram despachadas para combater no front, enquanto na retaguarda patrulhas de trabalhadores substituíram a antiga polícia.

Em Homenagem a Catalunha, o clássico escrito em 1937 por George Orwell relatando suas experiências na milícia do POUM na frente de Aragão, ele descreve as possibilidades para a humanidade que ele vislumbrou nesse levante revolucionário:

“Eu tinha chegado mais ou menos por acaso na única comunidade na Europa Ocidental em que a consciência política e a descrença no capitalismo eram mais normais que seus opostos… Em teoria havia perfeita igualdade, e mesmo a prática não estava distante disso. Há uma noção de que seria verdade dizer que se estava experimentando uma prévia de socialismo, o que significa que a atmosfera mental que prevalecia era aquela do socialismo. Muitos dos aspectos normais da vida civilizada ― ostentação, apego ao dinheiro, medo do patrão, etc. ― tinham simplesmente deixado de existir. A divisão normal de classe da sociedade tinha desaparecido ao ponto em que é impensável para a atmosfera mesquinha da Inglaterra… Estávamos em uma comunidade onde a esperança era mais natural do que a apatia ou o cinismo, onde a palavra ‘camarada’ significava camaradagem e não, como em muitos países, uma forma de chamar a atenção de alguém. Respirávamos o ar da igualdade… Aquilo que atrai os homens comuns para o socialismo e os faz querer arriscar suas vidas por ele, a ‘mística’ do socialismo, é a ideia de igualdade; para a vasta maioria dos povos, ou socialismo significa uma sociedade sem classes ou ele não significa nada.”

Um dos grandes méritos do filme de Loach é que captura esse espírito. A história é contada através dos olhos de David, um jovem desempregado membro do Partido Comunista de Liverpool, Inglaterra, que viaja para a Espanha para se juntar às Brigadas Internacionais, e acaba por acaso entrando numa unidade militar do POUM. As experiências de David gradualmente transformam as suas visões políticas desde a aceitação acrítica da linha do Partido Comunista para uma compreensão de que, ao manter a luta nos limites aceitáveis para os capitalistas, os stalinistas estavam traindo a revolução e pavimentando o caminho para a vitória de Franco. David aparentemente foi baseado em Stafford Cottman, o membro mais jovem da unidade militar de Orwell, “que tinha entrado na Liga da Juventude Comunista depois de ter saído da Guilda do Partido Trabalhista, mas que apesar de tudo tinha entrado no POUM (as linhas divisórias não estavam muito bem definidas no começo)”. (George Orwell A Life, Bernard Crick). Crick relata qu,e quando Cottman finalmente voltou da Espanha, “havia um piquete na sua casa feito por membros locais do Partido Comunista, que o denunciavam como fascista”.

As questões levantadas pela Guerra Civil Espanhola continuam reverberando hoje em dia. De acordo com Freedom (10 de junho de 1995), uma publicação anarquista britânica, Santiago Carrillo, ex-líder do Partido Comunista Espanhol (PCE), denunciou Terra & Liberdade no jornal de Madrid, El País, no dia antes da estreia do filme. Ele reclamou que ele reduzia “um dos grandes épicos da luta pela liberdade deste século” a um pequeno conflito entre o POUM e o PCE. Loach respondeu apontando que, na época, Carrillo estava entre aqueles que caluniaram o POUM por supostamente estar em colaboração com Franco. Os comentários de Carrillo foram ecoados por Paul Preston, um historiador britânico, na matéria de capa de 16 de fevereiro do New Statesmen. De acordo com Preston, “Terra & Liberdade de Loach deve ser visto como um trabalho marginal, se não perverso” porque ele é mais “um  anti-stalinista do que uma homenagem àqueles homens e mulheres espanhóis e estrangeiros que deram suas vidas na luta contra Franco e seus aliados do Eixo”.

Para o crédito de Loach, ele explica o contexto internacional da política de frente popular de Moscou. Um ponto alto do filme é a discussão, que inclui a unidade da milícia e os camponeses de uma vila que eles tinham libertado, sobre coletivizar ou não a terra. Um stalinista norte-americano intervém, defendendo que a coletivização poderia assustar os potenciais aliados democráticos capitalistas da República Espanhola. E foi de fato em busca de um pacto de defesa com a Grã-Bretanha e a França que Stalin insistiu em sacrificar a Revolução Espanhola no altar da Frente Popular. O principal defeito político da apresentação de Loach, entretanto, é a ausência de críticas às políticas do POUM. Poder-se-ia, com base no seu filme, ter a impressão de que o POUM, oposto aos stalinistas, buscou um curso revolucionário consistente. Não foi bem assim.

Em um artigo escrito duas semanas depois do início da Guerra Civil, Leon Trotsky, líder do vitorioso Exército Vermelho na Guerra Civil Russa, observou:

“Numa guerra civil se combate, todos o sabem, não apenas com exércitos, mas também com armas políticas. De um ponto de vista puramente militar, a Revolução Espanhola é muito mais fraca que seu inimigo. A sua força está na habilidade de trazer as grandes massas para a ação. Ela pode até mesmo tirar o exército das mãos de seus oficiais reacionários. Para conseguir isso, é necessário apenas lançar seria e corajosamente o programa da revolução socialista.”
“É necessário proclamar que, de agora em diante, a terra, as fábricas, e as lojas passarão das mãos dos capitalistas para as mãos do povo. É necessário se mover de uma vez em direção à realização desse programa naquelas províncias onde os trabalhadores estão no poder. O exército fascista não poderia resistir à influência de um programa como esse por 24 horas; os soldados iriam amarrar as mãos e os pés dos seus oficiais e leva-los assim até o quartel mais próximo das milícias de trabalhadores. Mas os ministros burgueses não podem aceitar um programa como esse. Ao conter a revolução social, eles compelem os trabalhadores e camponeses a derramar dez vezes mais do seu sangue na guerra civil. E para coroar isso tudo, esses senhores esperam desarmar os trabalhadores novamente depois da vitória para força-los a respeitar as leis sagradas da propriedade privada. Essa é a verdadeira essência da política da Frente Popular.”
― “A Lição da Espanha”, 30 de julho de 1936

A capitulação do POUM e da CNT/FAI anarquista à Frente Popular ― ou seja, à concepção de que os interesses dos trabalhadores e camponeses tinham que ser subordinados àqueles dos capitalistas “progressistas” ― estabeleceu a base para a derrota da revolução e, em última instância, do lado republicano. Uma vez que os partidos dos trabalhadores aceitavam a necessidade de manter o bloco com os capitalistas “progressivos”, a luta tinha, portanto, que respeitar a propriedade privada e garantir as posses coloniais da Espanha. É por isso que o campo republicano se recusou a  proclamar a independência do Marrocos, apesar do fato de que isso teria tido um poderoso efeito desestabilizador nas tropas marroquinas, que constituíam um importante elemento do exército de Franco. O governo também se recusou a legalizar a expropriação das terras dos latifundiários e se esforçou para tranquilizar os capitalistas ao “regularizar” o aparato estatal, desarmando os trabalhadores e liquidando os órgãos de poder popular que haviam surgido em julho de 1936.

O POUM condenou essas medidas, mas se recusou a romper com a Frente Popular em cima delas. O melhor que Nin pôde fazer foi oferecer um palavreado “revolucionário” em sua aparência. Apesar de suas críticas à esquerda à traição dos stalinistas e da Frente Popular, o POUM capitulou politicamente numa conjuntura muito importante. Ele apoiou a Frente Popular eleitoralmente e, em setembro de 1936, entrou no governo burguês da Catalunha. Uma das primeiras tarefas do novo governo foi dissolver os órgãos de duplo poder proletário que haviam surgido paralelamente aos órgãos oficiais de governo. O Comitê Central das Milícias de Trabalhadores foi dissolvido, e as suas funções foram assumidas pelo Ministro da Defesa, enquanto os conselhos antifascistas locais (dominados pelas organizações de trabalhadores) foram substituídos pelas administrações municipais indicadas pelo governo.

Além disso, enquanto o POUM mantinha o seu portfólio ministerial, a classe trabalhadora estava desarmada. Passou-se uma lei exigindo que todas as armas fossem entregues ao ministério da defesa dentro de 8 dias: “No fim do período citado, aqueles que retenham tais armamentos serão considerados fascistas e julgados com o rigor que a sua conduta exige.” (citado em Revolução e Contrarrevolução na Espanha, de Felix Morrow). O decreto foi publicado na edição de 28 de outubro de 1936 de La Batalla, o jornal do POUM. Tendo emprestado o seu prestígio ao desarmamento dos trabalhadores e à erradicação dos seus comitês, em 12 de dezembro de 1963 o POUM foi de forma pouco cerimoniosa expulso do governo. A CNT, que era bem maior e mais flexível que o POUM, conseguiu ficar no governo até julho de 1937, quando ela também foi descartada.

Conforme a guerra progrediu, o punho stalinista apertou com mais força o aparato de Estado republicano. Dentro do governo de Frente Popular, os Comunistas defenderam os interesses dos capitalistas com uma determinação implacável. Em um discurso de março de 1937 para o plenário do Comitê Central do PCE, José Díaz, o secretário geral do partido afirmou isso sem ambiguidades:

“nós não devemos perder a cabeça e saltar sobre a realidade, tentando realizar experimentos de ‘comunismo libertário’ (anarquista) ou ‘socialização’ nas fábricas ou no campo. O estágio de desenvolvimento da revolução democrática pelo qual nós estamos passando requer a participação de todas as forças antifascistas, e esses experimentos só podem resultar em afastar uma seção muito importante dessas forças.”
“Se no começo as várias tentativas prematuras de ‘socialização’ e ‘coletivização’, que eram o resultado de um entendimento pouco claro do caráter da presente luta, pode ter se justificado pelo fato de que os grandes proprietários de terras e industriais tinham abandonado as suas terras e fábricas e que era necessário a todo custo continuar a produção, agora pelo contrário elas não podem se justificar de nenhuma forma. No presente momento, quando há um governo da Frente Popular, no qual todas as forças engajadas na luta contra o fascismo estão representadas, tais coisas não apenas não são desejáveis, mas absolutamente inadmissíveis.”
― A Internacional Comunista, maio de 1937

Nesse discurso, Diaz antecipou ameaçadoramente a vindoura repressão stalinista. Primeiro, numa clara tentativa de isolar o POUM, ele desmentiu relatos de que a CNT/FAI seria atingida:

“Nossos inimigos lançam rumores de que confrontos sangrentos são inevitáveis entre anarquistas e comunistas, e que a questão de quem vai esmagar o outro vai surgir inevitavelmente. Deve-se declarar que aqueles que espalham tais rumores são nossos inimigos e inimigos dos camaradas anarquistas.”

Ele declarou que era necessário lançar uma “luta implacável contra o trotskismo”, e deixou claro que a eliminação do POUM era uma prioridade máxima:

“Nosso maior inimigo é o fascismo, contra o qual nós concentramos nosso fogo e todo o ódio do povo. Mas o nosso ódio é dirigido com igual força contra os agentes do fascismo, contra aqueles que, como o POUM, esses trotskistas disfarçados, se escondem atrás de uma fraseologia pseudo-revolucionária para melhor cumprir seu papel como agentes do inimigo em nosso país. Para destruir a ‘Quinta Coluna’, nós devemos destruir todos aqueles que defendem os slogans políticos do inimigo. Mas os slogans do nosso inimigo são contraa república democrática, contra a Frente Popular antifascista, contra o governo da Frente Popular…”.

O confronto veio dois meses depois, em maio de 1937, quando os stalinistas lançaram um ataque contra a estação telefônica de Barcelona, controlada pala CNT. Milhares de trabalhadores armados, liderados pelos militantes da CNT e do POUM, responderam a essa provocação saindo às ruas e construindo barricadas. Os trabalhadores tiveram superioridade nos combates iniciais. Centenas de policiais do governo foram capturados e desarmados, e a maior parte da cidade logo estava sendo controlada pelos trabalhadores. Terra & Liberdade mostra essa batalha. O que fica de fora, entretanto, é o fato de que a liderança do POUM foi pega de surpresa – por ambos o ataque dos stalinistas e a resistência dos trabalhadores. E então, ao invés de usar a sua vantagem inicial para expulsar o governo e estabelecer o poder proletário direto, eles tentaram contemporizar com Azaña. Apenas o pequeno Grupo Bolchevique-Leninista, de orientação trotskista, e os anarquistas de esquerda “Amigos de Durruti” chamaram por um rompimento com a Frente Popular e pelo estabelecimento do poder dos trabalhadores. Os trotskistas lançaram um manifesto chamando pelo desarmamento da polícia republicana e pelo armamento dos trabalhadores. Eles alertaram que: “Esse é o momento decisivo. Logo será tarde demais… Apenas o poder proletário pode garantir vitória militar”. Os anarquistas de esquerda lançaram declarações similares. Mas o POUM e os líderes anarquistas concordaram, ao invés disso, a deixar as armas e mandar os trabalhadores para casa em troca da promessa por parte do governo de que não haveria represálias. Dentro de semanas o POUM era posto fora da lei, suas milícias desmontadas, seus quadros presos e seus líderes assassinados.

Longe de fortalecer o lado republicano, o sucesso dos stalinistas em esmagar a esquerda apenas acelerou a vitória de Franco. A questão crítica sobre a qual dependia o resultado final da Guerra Civil era o interesse de classe. A classe dominante espanhola sabia isso desde o início. Eles apoiaram Franco porque eles sabiam que se ele vencesse os sindicatos seriam esmagados, a esquerda aniquilada e uma ditadura militar instalada para garantir o poder capitalista. Mas não havia um apelo de classe equivalente do lado republicano. Os stalinistas exortavam os trabalhadores e proletários rurais a arriscar suas vidas para que, depois da vitória, eles pudessem continuar suas vidas sob o domínio “democrático” desses mesmos capitalistas.

Fenner Brockway, líder do parlamentarista Partido Trabalhista Independente (ILP) não era certamente nenhuma revolucionário. No entanto, depois de visitar a Espanha em junho e julho de 1937, ele concluiu:

“é evidente que o recuo de uma posição revolucionária pelo governo está encorajando a desilusão e mesmo a indiferença quanto à guerra. A experiência da Espanha mostra que uma guerra efetiva contra o fascismo também deve ser uma guerra pela revolução social. Essa é a dinâmica do entusiasmo, e conforme a contrarrevolução na Espanha prossegue, a paixão pela luta contra Franco diminuiu.”
― “Relato Pessoal da Visita à Espanha”, circular mimeografada [1937].

Terra & Liberdade vividamente ilustra quão perto a Espanha esteve em meados dos anos 1930 de uma revolução proletária, e capta a confusão dos militantes diante da situação, a forma como eles lentamente passam a perceber que estão sendo traídos. O desarmamento da unidade militar do POUM de David no clímax é a cena mais dolorosa do filme. No entanto, a ausência de qualquer explicação para a capitulação do POUM e da CNT/FAI pode levar os espectadores a tirar conclusões desnecessariamente pessimistas. Isso porque, a parte da questão da liderança política, a situação na Espanha em 1936 era muito mais favorável do que aquela na Rússia em 1917, quando os trabalhadores triunfaram. O proletariado espanhol de 1936 tinha um peso social muito maior e era politicamente mais avançado do que eram os trabalhadores russos em 1917. Além disso, ao contrário do campesinato predominantemente pequeno-burguês da Rússia, a população rural na Espanha era composta principalmente de proletários sem-terra e semiproletários que se identificavam com os seus pares urbanos. As massas espanholas lutaram magnificamente, mas sem uma liderança revolucionária coerente, foram incapazes de superar a coalizão de membros do POUM, stalinistas, anarquistas e socialdemocratas apoiando a Frente Popular. Nas palavras de Trotsky: “Não pode haver maior crime do que uma coalizão com a burguesia num período de revolução socialista”. Aqueles que aceitam o esquema da frente popular devem necessariamente considerar a revolução socialista como um erro.

A diferença entre a vitória na Rússia e a derrota na Espanha esteve inteiramente na qualidade da liderança política na ala esquerda do movimento dos trabalhadores. Os bolcheviques defenderam Kerensky, o líder do Governo Provisório de colaboração de classes, contra o golpe reacionário do General Kornilov, assim como na Espanha Trotsky chamou pela defesa de Azaña contra Franco. Mas, enquanto Lenin firmemente se recusou a apoiar Kerensky politicamente, e agressivamente defendeu os interesses independentes da classe trabalhadora contra a frente popular, o POUM e o resto da esquerda espanhola se curvaram diante do governo de coalizão para evitar o isolamento.

Os contorcionismos resultantes das tentativas do POUM de conciliar a sua análise formalmente marxista com o seu comportamento oportunista seria difícil de captar em uma produção cinematográfica. Loach ao menos merece o crédito por dizer a verdade conforme ele a conhece. Um dos méritos políticos do filme é que ele indica que a chave para o resultado da guerra Civil Espanhola estava nas lutas por dentro do campo republicano.

Loach não gosta da Frente Popular, mas ele não a explica suficientemente. Nesse sentido, a história completa da derrota da revolução espanhola ainda espera para ser contada para um público de massa. Entretanto, em um período de completo desprezo e cinismo pela política no cinema, Terra & Liberdadeé valioso ao menos por sugerir para uma nova geração que vale a pena considerar algumas das possibilidades históricas não realizadas dessa revolução traída.

¡SUELTEN A ADOLFO GILLY!

¡SUELTEN A ADOLFO GILLY!

Publicado en ESPARTACO Vol. 1 No. 1, por la Spartacist League de los EE.UU. en octubre de 1966.

Pedimos la libertad incondicional de Adolfo Gilly y todos los presos políticos en México. Un ataque contra uno siempre se transforma en ataques contra muchos. No permitamos que el gobierno mexicano se regocije por su estilo de “democracia.” Pedimos a todos los que se interesen por el bienestar y las vidas de los revolucionarios encarcelados en México que demanden su inmediata libertad dirigiéndose a:

Embajada Mexicana
2829 N. W. 16th Street
Washington D. C.

o a las embajadas mexicanas en cualquier país.

Juez Primero de Distrito en Materi
Eduardo Ferrer McGregora Penal
Bucareli 24
México D. F. México

A Marxist Programme for the SLP

A Marxist Programme for the Socialist Labour Party

[Main statement of International Bolshevik Tendency supporters inside Arthur Scargill’s Socialist Labour Party. Reprinted in every issue of Marxist Bulletin from #1 (April 1997) to # 6 (February 1998). Copied from http://www.bolshevik.org/mb/prog.htm ]

1. Labour Party/Election

The basis of the Socialist Labour Party is the need to break with the Labour Party and form an independent organisation to fight for the interests of the working class. Among others, we need to win the left of the Labour Party to this perspective. We need to call on those Labour MPs who criticise the leadership from the left to make a definitive break from the pro-capitalist programme of the Labour Party, and stand in defence of the working class. Only then would we vote for them. We should not support New Labour in any constituency, but should concentrate on standing candidates wherever we can. We should also support other non-SLP candidates who stand on a clear class line, on the side of the workers.

2. Ireland

The occupation of Northern Ireland by British troops is one of the most brutal expressions of British imperialism. We call for the immediate and unconditional withdrawal of the troops. British and Irish capitalists can play no part in assuring peace and social justice for the working class of these islands. We have no illusions that these politicians can solve the problems that they have created. Only united working-class struggle can make fundamental progressive social change possible.

We give our support to the resistance of the oppressed Irish Catholics against the British state. We call for the release of Republican prisoners and the repeal of the Prevention of Terrorism Act and all repressive legislation. The British state is the biggest terrorist in Ireland. However, we are opposed to a forcible unification. In fighting the oppression of the Catholic minority in Northern Ireland we also seek to promote measures that promote the unity of Catholic and Protestant workers in the struggle against a system that is based on oppression and exploitation.

We oppose the undemocratic institutions of the British state, and fight for an end to the monarchy and the House of Lords. We defend the right of Scotland and Wales to self-determination, ie, to establish their own separate state if they so choose. We seek to unite the British and Irish working class in common struggle and in a voluntary union of workers republics.

3. Europe

We reject the Maastricht plan for a European imperialist super-state as well as the Eurosceptics’ alternative, which points to an autarkic, protectionist Britain. We must prepare for aggressive resistance to all capitalist attacks on wages, living standards and social services, whether these are advanced on the grounds of promoting European integration, safeguarding British sovereignty or simply making British industry ‘competitive’. Workers’ struggle across national lines – not nationalist poison – must be our reply to capitalist attacks.

4. International

No country can achieve socialism on its own. Capitalism is an international system – to destroy capitalism and ensure the future survival of humanity, we must be even more international.

We absolutely oppose the military interventions of Britain and its imperialist partners in Bosnia, Iraq and any other non-imperialist countries, including when carried out in the name of the United Nations. We defend the right of self-determination for all nations.

The collapse of the Soviet bloc and the triumph of counter-revolution in the USSR represented a massive defeat for workers around the world. We defend Cuba, China, Vietnam and North Korea against imperialist aggression and capitalist restoration. Only successful workers’ political revolutions in those states can open the road to socialism.

5. Anti-racism

The SLP calls for the scrapping of the Asylum Act; we should extend this to all other immigration laws. We need to actively fight all deportations. Everyone who lives in Britain should have full citizenship rights, including the right to education and all state services in the language of their choice.

Defence against racist and fascist attacks requires the formation of organised defence guards, based on the working class and including members of ethnic minorities and youth. Fascists must not be allowed to march, speak in public or distribute propaganda.

6. Women

Women’s oppression is perpetuated and reinforced by capitalism. While we fight every instance of women’s oppression, we also recognise that it is not possible to get rid of sexism (or racism) under capitalism. Full social equality for women can only be won through destroying this unjust social system and replacing it with socialism. This requires uniting the whole working class (not just its female component) in struggle against all forms of oppression and exploitation.

Women’s oppression in capitalist society is chiefly rooted in their role in the family, the institution through which children are cared for and people’s emotional and social needs are met. Responsibilities as mothers and home-makers contribute greatly to women’s relative poverty and reduced access to educational and work opportunity. Increasing pressures on the family through the reduction of community and social services contribute to domestic violence and sexual abuse. Women need financial independence in order to choose their own living circumstances. We fight for full employment at decent wages, equal pay, decent maternity and paternity leave, free quality childcare day and night, free healthcare (including contraception and abortion), and decent housing for all.

We are opposed to restrictions on sexual expression and sexual choices among all those capable of informed consent. Therefore we fight for: an end to all discrimination against lesbians, gays and other sexual minorities; no age of consent laws; and no state censorship, including of sexual material.

7. Trade Unions

The crucial question in the unions is our response to the anti-union laws. We must fight these through active defiance and solidarity within and between unions wherever struggles occur. This means a fight against those in the union leadership who want to acquiesce to these laws in the futile hope of a better deal from New Labour. We need democracy in the unions, and the right of election and immediate recall of all officers. The key to transforming the unions does not lie through recruiting trade union leaders to the SLP but through building fractions in the unions which understand that every shop-floor fight is part of the larger class struggle which will go on until workers are strong enough to establish our own socialist society.

8. Economics

The purpose of the SLP is to destroy the destructive capitalist system and replace it with socialism, a system based not on profit but on human need. We also fight for immediate demands, such as a shorter working week with no loss of pay; equal pay for equal work; a decent minimum wage; higher benefits and pensions; benefits for youth; free, quality education, healthcare, housing and childcare for everyone. Our task is to build a bridge between these immediate objectives and the socialist society we want to achieve. Therefore, we seek to link such ‘minimum’ demands to a system of demands (sliding scale of wages and hours, massive programme of public works, abolition of commercial and government secrecy, etc) which points the way to the need for working-class state power.

This is only possible by recognising that every gain we make will have to be defended. As soon as our demands begin to pose a serious threat to the wealth and power of the capitalists, they will use every means at their disposal to stop us – the courts, the police, the army, all the forces of the capitalist state. If we achieve any control over the capitalist parliament, they will again use these forces, against us and against democracy. To defend ourselves we need to form mass-based organs of physical defence. We will need to take over our workplaces and join together to take the economy into common ownership. This will necessarily carry over into a fight for a new state power – working class rule, based on democratic organisations at all levels from workplace councils to a workers’ government.

9. The Socialist Labour Party

The victory of the socialist revolution is inconceivable without the existence of a party that unites the most militant and determined fighters into a single disciplined movement capable of providing effective leadership for all those who suffer under the existing capitalist state. We want to build that party. We should get rid of the membership restrictions in the constitution, both the one-year residency clause and the restrictions on membership of other organisations. A healthy mass working class socialist party can only be created on the basis of a high degree of internal democracy, a lively culture of political discussion and the capacity to change its policy as a result of that discussion. This requires that all members are free to argue for their views, individually or collectively, subject only to their willingness to abide by the democratic decisions of the majority.

Israel Out of the Occupied Territories!

For a Socialist Federation of the Middle East!

Israel Out of the Occupied Territories!

[Printed in 1917 #5, Winter 1988-89, originally posted online at http://www.bolshevik.org/1917/no5/no05pala.html

For the past year the Palestinian population of the West Bank and Gaza has been locked in a heroic and unequal struggle against Israeli occupation. Forty years after 700,000 Palestinians were driven from their homeland by Zionist terrorism, the Palestinian intifada (uprising) has focused world attention on the denial of their rights as a people. A new generation of youth, frustrated by the failure of the Palestine Liberation Organization (PLO) and big-power diplomacy to end the brutal occupation of their land, is rising to reassert its people’s long-denied national rights. In the wake of the 1982 Sabra and Shatila massacres, and countless terror bombings of Palestinian and other Arab populations, the intifada has stripped away the myth of Israel as a land of idealistic kibbutzniks making deserts bloom, revealing the brutal reality of the Zionist “Iron Fist.”

Early on in the revolt, when the Israeli Defense Force (IDF) had trouble dispersing crowds of angry, stone-throwing youths with tear gas, soldiers began breaking demonstrators’ hands. When nightly television newsclips of this cold-blooded brutality horrified public opinion around the world, the Zionists emulated their South African allies and “solved” their public relations problem by banning the cameras.

The Israeli regime has tried everything short of a massive genocidal bloodletting to quell the revolt, and yet it shows no signs of abating. The beatings, jailings, mutilations, deportations, and demolitions have failed to break the resistance. Nor have the measures of “collective punishment;” the curfews and restrictions on food, fuel and electricity which are periodically imposed on Palestinian communities. Israeli military tribunals arbitrarily jail anyone suspected of participating in or abetting the intifada. The homes of suspects are routinely demolished, while the army “keeps the peace” by spraying crowds of rock-throwing schoolchildren with automatic weapons fire. To date hundreds of Palestinians have been murdered and thousands more have been wounded. Israeli soldiers have recently been issued with plastic bullets to fire at the demonstrators. Israeli Defense Minister Yitzhak Rabin explained: “Our purpose is to increase the number (of people wounded) among those who take part in violent incidents….Whoever takes part must know that I am not worried by the increased number of casualties” (Toronto Globe and Mail, 28 September). The Israeli authorities have also detained some 10,000 Palestinians, of whom 2,000 languish in internment camps under “administrative detention” without charges or even the pretense of a trial. Dozens more have been arbitrarily and cruelly ripped away from their homes and families and deported to Lebanon.

The pro-Israel lobby in the U.S. likes to portray the racialist Zionist state as an island of democracy in a sea of Arab despotism. But one of the first casualties of the Israeli attempts to crush the intifada has been the pretense of “democracy” in the Zionist fortress. Dozens of Arab journalists and even a handful of leftist Jewish writers have been imprisoned, and several newspapers have been closed down because they dared to print the ugly truth about the measures used against the protestors.

Hussein Suspends the “Jordanian Option”

The United States—patron and protector of the Zionist state since its creation—has been unable to do much more than wring its hands. Israeli Prime Minister Yitzhak Shamir’s hard-line policy has created anxiety in the U.S. State Department over the long-term effect of Israel’s deteriorating public image in America. Therefore, Washington has objected in an unusually blunt fashion to the arrogant Zionist policy of deporting suspected Palestinian leaders to Lebanon, and has even voted for the occasional motion of condemnation in the United Nations Security Council. But the U.S. rulers know that Israel remains its most powerful anti-Soviet ally in the Middle East and an indispensable counterrevolutionary watchdog for the entire region.

Shamir, also cognizant of this fact, has felt free to ignore all U.S. complaints and give Reagan’s Secretary of State, George Shultz, the cold shoulder during the latter’s various “peace missions,” to the Middle East. Shultz only undertook his diplomatic shuttles because he feared that Israel’s naked repression of the Palestinians posed serious strategic problems for the maintenance of the Zionist garrison state. Bowing to the Israeli refusal to negotiate with the PLO, Shultz dutifully scoured the Middle East for Palestinian quislings willing to submit to Israel’s diktat. He proposed to “settle” the Palestinian question by promising eventual Jordanian rule over some of the West Bank and Gaza—a position akin to that advocated by the Israeli “Labor” Party since the 1967 war. But Shultz found no takers among the Palestinians. The proposal was also rejected out of hand by Shamir, whose intransigence was rewarded with a new shipment of American warplanes.

The “Jordanian option” was foreclosed, at least for the time being, when King Hussein, Washington’s “Royal Highness” of Jordan, announced on 31 July that he was giving up all “legal and administrative ties” to the West Bank. Hussein called for the formation of a PLO government-in-exile for the Palestinians of the Occupied Territories. The Hashemite monarch reiterated that “Jordan is not Palestine” and returned full-circle to the proposition that the PLO is “the sole legitimate representative of the Palestinian people,” thus repudiating his U.S.-anointed role as diplomatic proxy for the Palestinians in an imperialist-brokered “peace process.” Ominously, Hussein’s move coincided with heightened Israeli repression in the Occupied Territories, including a campaign by Israel’s intelligence service, Shin Bet, to round up, torture and deport suspected members of the popular committees directing the intifada.

A New York Times editorial of 2 August sermonized that, “Either the P.L.O. will be able to bear the new burden he [Hussein] imposes by changing character, defining attainable goals and taking responsibility for governance of ordinary life. Or it will fail, prompting West Bank residents to clamor for the King to return.” Of course, Israel is not asked to change its character. Yasir Arafat Zionist terrorist Shamir, a former leader of the Stern Gang, which carried out the massacre of 250 unarmed civilians at Deir Yassin in 1948, responded to Hussein’s move with the announcement that: “Israel will prevent in the most determined way any attempt to carry out any idea—to the extent that there are madmen who raise it—of establishing a Palestinian government. Such people will be met with an iron fist that will leave no trace of their attempts.” In line with this policy, Israeli officials decreed that the PLO will not be allowed to fund schools and health services that have lost Jordanian support.

Hussein’s maneuver underscores the danger of Palestinian reliance on Arab diplomacy. Quite possibly Hussein expects that the PLO will be discredited by its inability to improve the lot of the Palestinians on the West Bank. In that case after exiting through the front door, Hussein could get a chance to reenter through the back—over the political corpse of the PLO leadership—and assume the role of Protector of Palestine.

But whatever plots are being hatched behind the scenes, Hussein’s renunciation of any claim over Palestine reflects the will and determination of the popular insurrection in the Occupied Territories. The Palestinians had repudiated his sponsorship for years and Hussein’s move must be seen, at least in part, as a recognition of this. Thus, while the PLO is busy drawing up plans for its bantustan on the West Bank and Gaza, the intifada has introduced a new element into the complex tangle of Middle East politics—one which could create an opening for independent working-class struggle against Zionism, imperialism and the Arab ruling classes.

Contradictions of the Israeli Occupation

While the “revolution of stones” cannot possibly triumph over the armed might of Israel, it has brought the contradictions at the heart of the Zionist behemoth into stark relief. Israel can neither live with the Occupied Territories nor without them. Enforcing the occupation further militarizes the entire society, while simultaneously eroding the morale of the army. Twenty-four Israeli soldiers are currently imprisoned for refusing to serve in the Occupied Territories. A document published last March by the Israeli Socialist Left (Shasi) noted:

 “The prestige of the IDF has suffered a serious blow. It is difficult to square the myths about bravery, efficiency, and resourcefulness with the reality of the brutal, ugly, and vicious actions against a civilian population. The pride about `purity of arms’ and `the moral level’ of the army lies buried under a hill of stones.”

Professional armies are in general adversely affected by being assigned police functions against civilian populations. An article in the Summer 1988 issue of the Journal of Palestine Studies comments on this phenomenon with regard to the intifada:

 “This need to use violence against unarmed civilians may create two kinds of reaction, say the psychologists. On the one end of the continuum a `moral apathy’ may develop, which may lead the subject to resort to violence without discrimination and often without functional justification. On the other end, it may lead to inner agonies such as depression, nightmares, and the propensity to disobey….Both extremes lead to an erosion of military discipline: moral apathy may lead to excessive use of violence even against military orders; the depressive reaction may lead to attempts at `service dodging’ and desertion.”

The occupation also imposes an economic burden which can only be ameliorated by ever greater infusions of U.S. aid, which in 1985 was already running at a staggering $1,250 per capita. The brutal suppression of the Palestinians in the Occupied Territories has widened the already existing rift in American Jewish opinion, and although an overwhelming majority of Israeli Jews have rallied behind the government for the time being, the Zionist consensus within Israel could ultimately be endangered.

Yet the Occupied Territories cannot easily be given up. Zionist ideology holds that the annexation of “Eretz Israel” (Greater Israel, including “Judea” and “Samaria,” the Old Testament names for the West Bank) represents the fulfillment of biblical prophecy. It was in the name of a god-given Jewish mandate that Palestine was colonized and the Palestinians driven from their homeland in 1948. Carrying this mandate to its logical conclusion is thus the overriding imperative of a Zionist state now more than ever in the grip of religious fanatics.

In the course of fulfilling its “destiny,” Israel has also acquired important extra-theological reasons for maintaining the occupation: the income generated by a complex web of taxes, licenses, customs and excise revenues, as well as the lucrative captive market which the impoverished inhabitants provide for Israeli manufacturers and retailers. Equally important is the reservoir of cheap Arab labor supplied by the Occupied Territories. Discriminatory regulations designed by the occupation authorities to destroy Palestinian agriculture and manufacturing have further increased the supply of low-cost labor for Israeli entrepreneurs. Control of the West Bank has also given Israel access to two aquifers, which supply 35 percent of its water. Palestinians have been forbidden to drill new wells, while the government has seized or closed many of those previously operated by Arab farmers. The Zionist settlers have virtually unrestricted access to draw water. The result is that in the West Bank, 60,000 settlers consume more of this precious resource than the 850,000 Palestinian residents! (see Israel Shahak in the July-September issue of Race & Class).

To date over a third of Gaza and 60 percent of the land of the West Bank have been seized and is being parcelled out to Israeli settlers and “developers.” There have been numerous cases of Jewish settlers uprooting olive and almond trees, and even bulldozing topsoil on those lands which are still in the possession of the Palestinian inhabitants. Disputes over land titles are now handled by a military review board which has generally turned a blind eye to the “unorthodox” methods used by their countrymen. The government has pursued a policy of encouraging Jewish colonization (known as the “Judaization” of the territories) with lucrative subsidies. (For an illuminating discussion of the economic aspects of the Zionist occupation see “The Price of Peace” in the March-April issue ofThis Magazine.)

The complaints of Israeli employers that the intifada is interrupting the supply of cheap Arab labor from the Occupied Territories and seriously damaging their businesses, is evidence of the dependency of the Israeli economy on the super-exploitation of these workers. This is a fundamental contradiction for the Zionist ruling class—its attempts to create a “Greater Israel” have meant increased reliance upon Arab labor. The parallel with South Africa is unmistakable. A nationwide strike by Arab workers in Israel last December in solidarity with the uprising in the Occupied Territories demonstrated the growing importance of Arab labor within the Israeli economy, and revealed a weapon far more potent than firebombs or stones. This strike signaled to the Zionists that, should they continue with their “Iron Fist” policies, they risk an uprising by “their own” Arab population.

It is often argued by Zionists and their apologists that peace would be possible in the Middle East if only the Arabs would accept the “right of Israel to exist.” But acceptance of the Zionist state would mean condoning a political entity founded upon what a famous UN resolution correctly described as a form of racism.

All major political factions in Israel, from the fascistic Kach party to the “Peace Now” movement, share the racial-theocratic definition of the state central to Zionist ideology. Israel is legally held to be the exclusive “state of the Jewish people.” Although some 750,000 Arabs are second-class Israeli citizens, first-class citizenship is reserved for those who qualify under traditional Jewish law, i.e., anyone born of a Jewish mother or converted to Judaism by a rabbi. Anyone in the world who meets either criterion automatically qualifies for citizenship under the Law of Return. Thus a Jewish American, who has never been to Israel in his life, has citizenship rights in Haifa, while a Haifa-born Palestinian refugee has no right to live in the land of his birth!

This definition of citizenship also underpins the continuing dispossession of the Palestinian population. As the late Moshe Dayan—the Zionist hero of the 1967 war—brutally admitted:

 “We came here to a country that was populated by Arabs, and we are building here a Hebrew, Jewish state….Instead of the Arab villages Jewish villages were established. You even do not know the names of these villages….There is not a single settlement that was not established in the place of a former Arab village.”

—Haaretz, 4 April 1969

The Jewish National Fund admits that confiscated Palestinian property amounts to 88 percent of the land of Israel(Jewish Villages in Israel, p.xxi, quoted in Lehn and Davis, The Jewish National Fund). All of these properties were vested under the Absentee Property Law of 1950 with the Custodian of Absentee Property to be administered solely for the Jewish people. The fanatical gun-toting Gush Emunim “pioneers,” who today rob the Arabs of their land in the Occupied Territories, are merely continuing the historic act of usurpation in which the state of Israel was conceived. It is precisely because these “settlers” are carrying out the original Zionist mandate that no major faction on the Israeli political spectrum is willing to defy them.

Zionism, which has always insisted that Jews cannot be assimilated into “gentile society,” was a minority current among European Jews, before the Nazi holocaust. It is one of history’s most bitter ironies that Hitler, by inflicting genocide upon the Jews, has posthumously succeeded in converting many of his victims to the twisted logic of racism. The fascist extermination of six million European Jews was an unparalleled and ghastly crime. But it can only be invoked in justification of current Zionist terror by those who have abandoned all hope of overcoming racism through social struggle, and instead look for their salvation to the victory of their own exclusive racial, ethnic or religious grouping. If mutual hatred and slaughter among peoples and nations is an unalterable fact of human existence, the best that one can hope for is to be a victimizer rather than a victim. This is the suicidal reasoning with which the Zionists have led the Jews of Israel into their present cul-de-sac.

Zionist “Solutions” For Palestinians

The intifada has spurred discussion in Israel about possible “solutions” to the “Palestinian problem.” An option favored by many within Shamir’s right-wing Likud coalition is annexation of the West Bank and Gaza with Palestinians formally excluded from citizenship rights. But within the framework of Zionism, population statistics provide the opposition Labor Party with the most cogent argument against this course. Nearly 1.5 million Palestinians now reside in the Occupied Territories, in addition to those within Israel itself. Annexation would therefore bring 2.25 million Palestinians under Israeli jurisdiction. With a birthrate much higher than that of Israel’s 4 million Jews, Palestinians would one day “dilute” the Jewish majority, and hence pose a threat to Israel’s exclusively Jewish character. Annexation would also impose the necessity of permanently repressing a huge and rebellious subject population.

Another proposal being discussed is that of the “resettlement” of the Arab inhabitants of the West Bank and Gaza. It should not be forgotten that talk of “resettlement” was the prologue to Hitler’s “final solution” of the “Jewish problem” in Europe. Proposals of this nature, though commonly associated with Meir Kahane’s fascistic Kach party, are not the exclusive property of the Zionist ultra-right. Israeli “dove” Abba Eban, then Minister of Foreign Affairs, was among those who “proposed that all the [Palestinian] refugees be settled in Arab states, especially in Syria and Iraq” in the wake of the 1967 war (Davar, 19 February, quoted by Israel Shahak in Covert Action Information Bulletin, Summer 1988). Mass expulsion of the Palestinians from the Occupied Territories is now being openly discussed within the Zionist political establishment. No one imagines that such a massive population transfer could be accomplished by friendly persuasion; it would mean a bloodletting beside which the 1982 massacres of Sabra and Shatila would pale in comparison. The very fact that such an option can be seriously considered is an indication of the racist logic of Zionism.

The option considered most “realistic” by every one from Labor Party leader Shimon Perez to the Israeli “doves” of Peace Now, and endorsed by both Washington and Moscow, is “trading territory for peace.” According to this scenario, Israel would relinquish the most densely populated portions of the West Bank and Gaza, which would then be constituted as an independent Palestinian mini-state.

Jerome Segal, the left-Zionist founder of the “Jewish Committee for Israeli-Palestinian Peace” revealed the logic behind the mini-state proposal when he wrote that, “It would win the support of the PLO and is the only likely basis on which the PLO would formally abandon the right to return to the land and villages lost in 1948.” He pointed out that no military supplies could reach the state without passing through either Jordan or Israel. “The foreign policy of such a mini-state would be dominated by its links to the Israeli economy and by its national-security realities” (Los Angeles Times, 16 February).

Such a tiny “Palestinian state” carved out of the West Bank and Gaza (which taken together constitute less than a fifth of the area of pre-war Palestine) would be divided by Israeli territory, sandwiched between Jordan and Egypt, and possess scant economic resources. The notion that it could even physically accommodate 2.5 million diaspora Palestinians—let alone satisfy their national aspirations—is simply absurd. This would be comparable to the black South African masses accepting the phony independence of the bantustans as their share of South Africa. Indeed, even now the Gaza Strip with its 650,000 Palestinians packed into 100 square miles of desert is often compared to Soweto, since many of its workers use it only as a dormitory for work inside Israel. This reality would hardly be eliminated by running up the PLO flag and issuing a new set of postage stamps.

The PLO and the Mini-State

The PLO is currently supporting the proposal for an international peace conference to resolve the Palestinian question. In a 13 September address to the European Parliament in Strasbourg, Arafat suggested that either the UN or a consortium of European imperialists could administer the West Bank and Gaza as a transitional step toward establishing a mini-state on those territories.

In 1971 the Palestinian National Congress was proclaiming its:

“Firm opposition to the establishment of a Palestinian state on any part of the Palestinian Homeland on the basis that any attempt to establish such a state falls within the plans to liquidate the Palestinian question.”

—Free Palestine, April 1971

By 1974 the PLO had changed its tune and proposed to establish a national authority on any territory it could obtain. This retreat was justified by PLO spokesman Abu Iyad by the need to:

“read history so as to extract lessons for ourselves. What were the mistakes of our previous leaders?…Their mistake was adhering to our people’s historical rights without adopting stage-by-stage programs of struggle under the obtaining conditions.”

 —Alain Gresh, The PLO: The Struggle Within 

The “obtaining conditions” Iyad referred to were the result of a series of defeats inflicted on the Palestinians by Zionism, U.S. imperialism and the Arab regimes. Arafat began his political career as a disciple of Gamal Abdel Nasser, the Egyptian military strongman and self-appointed leader of the “Arab revolution.” But in 1970, the very same Nasser abandoned his alliance with the Soviet Union in favor of a rapprochement with American imperialism and accepted the “peace plan” then being touted by William Rogers, U.S. Secretary of State.

The Rogers Plan called on Israel to give back the Occupied Territories to Egypt and Jordan in exchange for recognition of Israel. Nasser and Jordanian King Hussein thought that this deal would lead to the satisfaction of their territorial demands and considered the Palestinians expendable. The massive Palestinian presence in Jordan was a constant threat to Hussein’s regime. Assured that Nasser would not intervene on their behalf, Hussein proceeded to massacre thousands of Palestinians in Jordan during the infamous 1970 “Black September” bloodbath. The Rogers Plan was never accepted by Israel or pursued by the United States.

In 1982 Israel invaded Lebanon (where the PLO had been driven by Hussein) with the object of wiping out the Palestinian camps. In the wake of the Battle of Beirut, a U.S.-sponsored United Nations “peacekeeping force” intervened and persuaded the PLO to withdraw its armed units from Lebanon in exchange for assurances that the “peacekeepers” would protect the remaining Palestinian refugees. The value of these assurances was demonstrated when Israel took advantage of the PLO withdrawal to unleash the reactionary Lebanese Christian Phalange on the refugee camps of Sabra and Shatila.

The lesson to be drawn from these historic defeats is the folly of relying on imperialists or Arab potentates to protect the interests of the Palestinian people. But this is a lesson the petty-bourgeois PLO leadership is incapable of learning. Like even the most liberal and enlightened of his Zionist foes, Arafat simply cannot envision a political reality fundamentally different from the one that exists. He opposes the Middle Eastern status quo of imperialist spheres of influence, rapacious oil sheiks and murderous national hatreds only to the extent that there is no place in it for the Palestinians.

The experience of oppression does not automatically make revolutionaries of its victims. The Zionists argued that there could be no answer to the persecution of the Jews without the support of one or another imperialist power for the establishment of a “homeland.” It is the same “pragmatism” that sends Arafat scurrying from one Arab capital to another, weaving intrigue upon Byzantine intrigue, in the vain hope that some new combination of circumstances and political alignments will remedy the historic crime against the Palestinian people.

The PLO’s authority among the Palestinian masses derives not from its leadership of the uprising (which it did not initiate) but from its symbolic importance as the historic representative of Palestinian national aspirations. The Zionist ideologues, who deny the existence of a Palestinian nation, refuse to negotiate directly with an organization that claims to be its “sole legitimate representative.” Thus, the more the PLO is anathematized by the Zionists, the more its banner is embraced by the Palestinians as a symbol of national identity. Yet the reality does not measure up to the image. While certainly worthy of defense against Zionist persecution, the PLO is in fact led by petty-bourgeois nationalists bereft of any coherent political or social outlook. Arafat himself is famous for his proclivity for changing political alliances and demands in accordance with the shifting sands of war and diplomacy in the Middle East.

Arafat cannot make himself more acceptable to the imperialists without continually giving ground to the Zionist state, which is imperialism’s most powerful regional ally. He has thus responded to each Palestinian defeat by further moderating the PLO’s demands. Contrary to Zionist propaganda, Arafat has on numerous occasions indicated his willingness to accept UN Resolutions 242 and 338. This formula characterizes the Palestinians as “refugees” rather than a nationality, and calls for Arab recognition of Israel’s right to exist on the condition that the Israelis withdraw from the Occupied Territories.

The PLO’s current call for UN control of the territories is more maneuvering of the kind that paved the road to “Black September” and the Lebanese massacres. In time, weariness with Arafat’s fruitless diplomatic shell game is bound to create a crisis of confidence in PLO leadership among the Palestinian masses. Far more sinister forces—Islamic fundamentalists inspired by the example of Khomeini’s Iran—are already raising their heads in Gaza and the West Bank.

For a Trotskyist Party in Israel/Palestine!

The answer to Zionist terror does not consist in the harder Palestinian nationalist line advocated by Arafat’s “rejectionist” opponents within the PLO. The road to Palestinian liberation lies through a common struggle of Arab and Hebrew workers against all capitalist oppressors in the region. Amid the burning national antagonisms of today’s Middle East, such a prospect may appear “unrealistic.” The alternative, however, is a continued cycle of desperate revolt and brutal repression.

The fact that the Israeli economy is already dependent upon a working class comprised of both Arab and Hebrew workers provides the objective basis for their joint struggle. However, such a struggle will not emerge spontaneously. It will require the presence of a consciously revolutionary force—a Trotskyist party—determined to take advantage of every opportunity to forge links between the workers of both nationalities. While siding unambiguously with the Palestinians in their struggle against national oppression, a party aspiring to proletarian leadership in the Middle East must not adapt to the prevailing nationalist consciousness of the Arab workers, but base itself on a firm programmatic foundation of internationalist communism.

In the first place, there must be a clear understanding that no genuine solution to the Palestinian question is possible within the framework of U.S. imperialist hegemony, which is the main prop of reactionary forces around the globe. Israel is not the only regime closely allied with U.S. imperialism in the Middle East today. Egypt, Jordan and Saudi Arabia are all heavily dependent on economic and/or military underwriting from their patron.

At the same time, while they are clients, none of these regimes can be regarded simply as U.S. puppets. Zionism contains an expansive dynamic of its own, the “excesses” of which are a source of embarrassment to Washington. In addition, the continued hostility between Israel and reactionary Arab regimes is a real obstacle to the American aim of cementing an anti-Soviet alliance in the Middle East. But U.S. imperialism, precisely because it is not all-powerful, must form alliances with regimes whose imperatives it does not necessarily share. Zionism will continue to act as an imperialist gendarme in the Middle East only so long as it is assured of U.S. backing for its own racist rule and territorial ambitions. This is the basis of the historic deal between Zionism and imperialism, and Washington realizes that to renege on it would endanger the entire structure of capitalist exploitation in the region.

The Trotskyist approach to the national question in the Middle East is profoundly different from that of petty-bourgeois nationalists and their leftist camp followers. Our program derives from the first four congresses of the Communist International, led by Lenin and Trotsky, and the further elaboration of this question by the international Spartacist tendency of the 1960’s and 70’s, when it was still a revolutionary organization.

Leninists solidarize with all oppressed peoples in the face of national persecution; hence we are on the side of Palestinian resistance to Zionist police-state terror. This includes support for the demand for immediate and unconditional Israeli withdrawal from the Occupied Territories. While we reject the various “mini-state” schemes as incapable of satisfying the legitimate national demands of the Palestinians, we nonetheless defend the right of the Palestinians to establish their own government in the Occupied Territories as a deformed and necessarily inadequate expression of their right to self-determination.

There is no such thing as an inherently “progressive” or “reactionary” people. Today’s victims can easily become tomorrow’s despots, as the history of Zionism attests. And it must be recognized that, within the present boundaries of Israel and the Occupied Territories, there are two distinctive nationalities, one of which speaks Hebrew.

The PLO standpoint is that Israel is merely a settler-colonial state, and the Jews within it are a religious grouping. From this it follows that Moslems, Jews and Christians should simply be merged into a single Palestinian nation. But by any objective historical or empirical standard, the Hebrew-speaking community in Israel is a nation, sharing a common language and a common territory—stolen though it was from the Arabs. One cannot simply wish a nation out of existence.

For Leninists, all nations, including the Jews in Israel, have a right to self-determination. That right, however, belongs to the Jews who currently reside in Israel, and not, as the Zionists maintain, to every descendant of the original Twelve Tribes of Israel throughout the world. It is, in other words, a right of the Hebrew-speaking people of the Middle East, and not a “Jewish” right. Moreover, the state of Israel does not represent the legitimate self-determination of the Hebrew-speaking peoples because it is a living denial of the national rights of the oppressed Palestinians.

The Zionist fortress can and must be destroyed by unleashing the class struggle within it. But the Hebrew-speaking working class can never be broken from Zionism without the assurance that it will neither be “driven into the sea” or itself become part of a subject nationality. Like the Catholics and Protestants of Northern Ireland, the Palestinians and the Israeli Jews are two geographically interpenetrated peoples. Where different peoples occupy distinct regions, self-determination can be exercised by a simple political divorce, creating two different national entities, as Norway once seceded from Sweden. But where two peoples cohabit the same territory, the bourgeois nationalist aim of creating a separate nation-state can only be realized by mass expulsions of one or another of the populations. Israel was consolidated in exactly this way.

The only alternative to this kind of mutual slaughter of peoples is the subordination of national divisions to a common struggle aimed at ridding the region of all oppressors—imperialist, Zionist or Arab. In this context, the victory of the working class of one nationality must be a prelude to the triumph of the class as a whole—not as a victory for one people at the expense of another. The result of such a struggle would be a voluntary association of peoples encompassing the entire region—a socialist federation of the Middle East.

In answer to those practitioners of the “art of the possible” who dismiss such a solution as impractical, we refer them to a concrete example of the implementation of such a program, albeit in a partial and deformed way, in an area of the world that had long been a synonym for national hatred: the Balkans. During the Nazi occupation of this corner of Eastern Europe, Tito forged an army to fight the fascist invaders. In Tito’s army, nationalities that had until a few years before been at each other’s throats—Serbs, Croats, Macedonians, Slovenes and Montenegrins—were welded together into a common fighting force.

It would be useless to speculate on what specific geographical or political form a socialist federation of the Middle East will take. The antagonisms that today divide the proletariat along national lines can never be overcome unless the right of all currently existing national groups to associate or disassociate from other nationalities is fully respected. The socialist federation slogan expresses our confidence that a proletariat aware of its class interests is fully capable of finding a formula that protects the rights of all.

The seemingly implacable national hostilities in Israel/Palestine can only be equitably resolved through the struggle for a bi-national Arab/Hebrew workers state as part of a socialist federation of the Middle East. Such a struggle requires the construction of a Trotskyist party, which upholds the right to national self-determination of the oppressed Palestinians, and is based on a program which links the democratic and economic demands of the proletariat of bothnations to the historic necessity for the overthrow of the racist Zionist state and the reactionary Arab regimes of the region.

FROM NEW YORK TO SRI LANKA: IT IS DESPERATELY NECESSARY TO FIGHT!

FROM NEW YORK TO SRI LANKA: 

IT IS DESPERATELY NECESSARY TO FIGHT! 

A Call to Struggle Against the Degeneration of the iSt

We declare ourselves as part of an external tendency of the iSt. We stand in programmatic agreement with it. However, we, like many others, have been forced from the organization by the present leader­ship which increasingly exhibits hyper-centralist, paranoid and per­sonalist characteristics. These tendencies on the part of the lead­ership have reached the point where they call into question both the possibility of significantly enlarging the organization and of reproducing Trotskyist cadres within it.

Those of us in the San Francisco Bay Area will be supporting the Diana Coleman/Ritchie Bradley Supervisors campaign actively though critically. This campaign will raise a revolutionary socialist al­ternative when it is urgently needed against the twin capitalist par­ties of racism, poverty and nuclear holocaust.

We choose this moment to make ourselves known as an external tendency because the positive political effects of this election cam­paign will be dissipated by the SL’s self-cannibalization just as has occurred with the SL’s trade union and anti-Nazi work.

Most recently, comrades Vetter, Clarkson and Marin among others have been targeted for “rehabilitation” or elimination because of an alleged “…egregious capitulation to Stalinism at the Chicago public meeting, July 10th, of a piece with the political line counterposed to Trotskyism expressed pervasively in our June 27th demonstration, constituting acquiescence to the popular front behind which stands the Democratic Party,…” (Working Proposal of Delegation While in Chicago, attached to PB minutes #11, 27 July 1982). Simultaneously a wholesale blood letting of the WV editorial board occurred. On July 17, 1982 the SL/US PB passed unanimously the motion “To drop Bur­roughs from the WV ed board, retaining him as a staff member of WV…” and “That as soon as feasible, we put comrade Norden (and preferably Salzburg as well) on a fairly lengthy sabbatical at the CC apartment in the Bay Area with key reading lists supplied.” On July 21, 1982, Mark K. offered his resignation from the ed board “In view of the fact that I have not been functioning as a member of the WV editorial board…”. These actions have serious implications for the future propaganda capacity of the iSt. The paper, along with the trade union fractions, has been the backbone and mainstay of the entire iSt for the past decade.

In the past two years, the SL-US/iSt has forced out or lost most of its prominent trade unionists, many local functionaries, virtually all of its Australian CC, the indigenous key component of its Cana­dian CC, and almost 50% of the German section (including founding members/CCers). Only remnants remain of the “fusions” with the Com­munist Working Collective (CWC) and the Red Flag Union (RFU) which initially enriched the SL/US. The organization is qualitatively less stable today than it was in the spring of 1980.

In Factional Struggle and Party Leadership, Cannon said of the Pabloites:

“The leading cadre plays the same decisive role in relation to the party that the party plays in relation to the class. Those who try to break up the historically created cadres of the Trot­skyist parties, as the Pabloites are doing in one country after another, are in reality aiming to break up the parties and to liquidate the Trotskyist movement…”

“Given the program, the construction of leading cadres is the key to the construction of revolutionary parties; and the for­mer requires an even higher degree of consciousness and a more deliberate design than the latter.”

Side by side with the frenzy of self-cannibalization have ap­peared a series of political positions which at minimum represent disorientation and at maximum the abandonment of historic Leninist­Trotskyist-Spartacist stands.

PATCO: a violation of the principle that picket lines mean don’t cross, jeopardizing the SL/US single most valuable piece of political capital, the heretofore unbesmirched record on the Picket line question.

POLAND AND THE GERMAN SECTION: In order to purge the German section, the IEC delegation prepared a surprise for internal ­publication-only motion pledging the TLD to “take responsibility in advance for whatever idiocies and atrocities they [i.e. the Stalinist Red Army] may commit” in case military intervention became necessary to crush the capitalist restorationists of Solidarnosc. Even if this secret position was simply a gross provocation whose purpose was to split and purge the TLD, it represents a Marcyite/proto-Stalinist bulge. Trotskyists sup­port Stalinists against counterrevolution while never for a moment endorsing their anti-working class acts and policies which constantly engender counterrevolutionary currents.

EL SALVADOR: The iSt blurred the edges of the organization’s hard opposition to all forms of popular frontism by carrying the flag of the FMLN which is at best a radical, petty bourgeois formation not even part of the workers movement.

FALKLAND/MALVINES: In the midst of the war, when internation­alists had to mobilize — with due respect for bourgeois re­pression — for revolutionary defeatism on both sides, the SL/Britain liquidated its press for an entire critical month and, judging from Spartacist Britain, they devoted most of their energy to a forum on the black/trade union work in the U.S., not to urgently needed forums on the Falkland/Malvines.

LEBANON INVASION: While taking a literary hard line in WV, in action the organization did virtually nothing. This was most obvious in the Bay Area but judging from WV the SL nationally neither demonstrated nor even held forums after mid-June until the mid-September West Beirut massacre.

In June 1973, WV published an inspiring call to the Chilean working class to act against the first military coup. Now, in a very different situation from the Chilean popular front, with the Israeli working class mobilized by the Israeli bourgeoisie for capitalist war, it is equally urgent to appeal to the Is­raeli proletariat to break from their capitalist masters. Yet not once has WV agitated or even propagandized for the Jewish proletariat “to turn the guns the other way”. Instead of seiz­ing the opportunity presented by the public opposition of sig­nificant sectors of the Israeli military and civilians within two to five weeks of the invasion, (it took U.S. soldiers and civilians two to five years of much bloodier combat during Viet­nam), the SL tilted toward the position that the Israelis are paralyzed with a Master Race psychology and that only qualita­tively more dead Jews could change that. Even after the out­break of truly mass demonstrations the SL failed to raise the call for Israeli workers to strike against the war, a slogan the SL proudly raised throughout the Vietnam war. The SL’s formal posture for “Hebrew and Arab Workers Overthrow Your Rulers” and for an Arab/Hebrew Trotskyist party cannot hide the SL’s passiv­ity toward the revolutionary potential of the Hebrew prole­tariat. Most indicative of the iSt’s abandoning an interven­tionist stance was its sharp de-emphasis at the height of the invasion of the unique transitional call of the iSt for a bi­national workers state in Israel/Palestine, focusing instead and almost exclusively on a socialist Federation of the Near East.

We constitute ourselves a tendency in the hope that it will cause comrades inside to organize to overturn the policies and prac­tices of the present leadership which is disorienting and slowly destroying the iSt from within. We call on those ex-members who still think the rebirth of the Fourth International must be accom­plished on the basis of the Declaration of the Principles of the SL/US and “Seize the Opportunity! REVOLUTIONARY REGROUPMENT” (Spartacist #14 — November/December 1969), not to become demoralized by their experience in the iSt and to join us in this struggle.

Those who founded the Revolutionary Tendency and fought on for two decades to build the iSt have made an invaluable contribution by bringing the program of revolutionary Trotskyism to a new generation of revolutionaries (if only a handful of us) in the U.S., Europe and Asia. Now they are destroying their own work.

“It must be said loud and clear: The slogan of party unity, in the hands of the ruling faction, is more and more becoming an instrument of ideological terror (intimidation and bullying) against the overwhelming majority of the party  …

“Unanimity is produced by the party as a whole through the con­stant renewal and accumulation of collective experience, through a collective effort of thought, on the basis of the party’s pro­gram, rules and traditions, and past experience. This process is inconceivable without differences, criticism, and the clash of ideas… Without centralism, party democracy is the organiza­tional path to Menshevism. Without democracy, centralism is the apparatus road to the bureaucratic degeneration of the party.”

“The organizational policy of the ruling faction has the.same kind of ‘scissors’ as are found in all the rest of its policies: in words, the recognition of party democracy; in deeds, the ever increasing suppression of every manifestation of thought or criticism outside the framework of the closed-in ruling faction at the top.” (emphasis in original)
Challenge of the Left Opposition, 1926-27, “Party Unity and the Danger-oT Splits, pg. 113)

We seek to build a healthy democratic centralist party.

“Iron party discipline is essential for us — as under Lenin. But intraparty democracy is also essential for us — as under Lenin” (“Declaration of the Eighty-Four”. May 1927).

Only an organization — where political debate is welcomed -­where mistakes are learned from, not seized upon — which shows re­spect for its own cadre — which respects the subjective commitment to revolution of other cadre of the workers movement and fights to win them to a genuine Leninist-Trotskyist program — only such an organization can hope to survive this period of reaction, overcome its isolation and grow into the vanguard of the world workers movement.

We would rejoin the organization if guaranteed mutually agreed upon minority rights. For the present, we are making our views known only to members and close supporters of the common movement. We hope that the degeneration of the iSt will be halted before it reaches a point which will force us to carry our criticisms to the workers movement at large.

Bob Edwards
Ursula Jensen
Howard Harlan
Lisa Sommers

October 1982

Revolutionary Regroupment Afterword

This was the first public statement of the External Tendency of the international Spartacist tendency, out which the North American component of the International Bolshevik Tendency developed. The IBT played an important role in maintaining a revolutionary line for a number of years, but we disagree with the decision of remaining part of an external tendency of such a tiny grouping as the iSt. Trotsky’s orientation towards the mass Communist International in the early years was an international one, but he recognized that at least in some countries (where CI sections were small), while a propaganda orientation was still important, narrowly acting as an external tendency to the CI section made less sense. He at one time for instance thought that was true of the US, amongst other countries. This was when these small CI sections were still many times larger than the entire iSt. 

While at that time it made sense to have some orientation to the iSt (though not an exclusively narrow one), it should be recognized that by the time the ET was formed it was rather late in the game. The chances for mobilizing the iSt ranks against their leaders, if not impossible, were small. A split rather than a reform was far more likely. A broader propaganda orientation made more sense at the time (not to speak of now). 

We furthermore disagree with the Cannon quote that “The leading cadre plays the same decisive role in relation to the party that the party plays in relation to the class.” This expressed Cannon’s view of the party leadership maintaining a discpline amongst itself in relation to the ranks, in a similar manner the party does with the general public. The notion of a leadership approaching the rank and file in the manner of a disciplined faction is a bureaucratic one (adherence to which played a factor in the defeat of the Left Opposition in the Soviet Union), but at least Cannon, with all his faults, was at heart subjectively revolutionary and not simply a cynical bureaucrat. That set certain parameters to the potential (and unfortunately at times real) abuses of such a practice. The current IBT leadership, which also approaches the ranks in the manner of a faction, on the other hand is not subjectively revolutionary but cynical and corrupt with fewer parameters inhibiting them.

O Morenismo e a Posição da CST (UIT) na Síria

Movimento dirigido pela oposição burguesa ou “revolução democrática”?
O Morenismo e a Posição da CST (UIT) na Síria

Leandro Torres
Outubro de 2012

Recentemente publicamos uma declaração [1] sobre o conflito que vem se desenvolvendo na Síria entre a ditadura de Bashar al-Assad e as tropas armadas da oposição burguesa organizada no Conselho Nacional Sírio (CNS), que tenta se impor enquanto uma liderança para o país. Em nossa declaração, insistimos na importância fundamental de organizar um movimento da classe trabalhadora, em oposição a todos os setores da burguesia — inclusive os rebeldes dirigidos pelo CNS. Compartilhamos imenso ódio contra a ditadura burguesa de Bashar, mas acreditamos que a vitória de um movimento armado dirigido pela oposição burguesa da Síria não pode representar nenhum tipo de interesse (nem democrático e nem social) para classe trabalhadora.

A Unidade Internacional dos Trabalhadores (UIT) e sua seção brasileira, a Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST) – corrente interna do PSOL à qual é ligado o ex-parlamentar Babá – defendem uma política bem diferente disso. A explicação para essa divergência está no abismo existente entre o programa trotskista e o programa formulado e defendido historicamente pelo dirigente argentino Nahuel Moreno. A UIT surgiu em 1995, a partir de um racha na Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT), a organização internacional dirigida pelo PSTU e fundada por Moreno. A própria CST é um racha mais tardio do PSTU brasileiro e segue reivindicando o legado teórico de Moreno.

A “revolução democrática” morenista

Esse conceito é uma pedra angular da teoria revisionista criada por Nahuel Moreno para justificar seus próprios ziguezagues oportunistas. Em seu livro As Revoluções do Século XX (1984), Moreno realiza uma verdadeira distorção do conceito de revolução, para encaixá-lo em suas próprias necessidades de enxergar nas lutas contra as ditaduras da América Latina (então em desenvolvimento) possíveis “revoluções democráticas triunfantes” que teriam sido lideradas por setores da burguesia. O conceito de revolução defendido por Moreno acaba por esvaziá-lo de seu conteúdo classista e revolucionário:

“O que Trotsky não colocou, apesar do paralelo que fez entre o stalinismo e o fascismo, foi que também nos países capitalistas era necessário fazer uma revolução no regime político: destruir o fascismo para reconquistar as liberdades da democracia burguesa, ainda que fosse no terreno dos regimes políticos da burguesia, do Estado burguês. Concretamente, não colocou que era necessária uma revolução democrática que liquidasse o regime totalitário fascista,como parte ou primeiro passo do processo até a revolução socialista, e deixou pendente este grave problema teórico.”

 As Revoluções do Século XX, Nahuel Moreno, 1984 (ênfase nossa).

Delineando uma estratégia semietapista para o combate às ditaduras em geral e a realidade latino-americana da época em particular, Moreno precisou falsificar deliberadamente o pensamento de Trotsky, que foi muito claro ao lidar com a questão das tarefas dos revolucionários frente a uma ditadura burguesa (no caso, o fascismo). O programa trotskista encarava que a derrubada de ditaduras burguesas deveria se dar através de uma revolução proletária, capaz de erguer um Estado da classe trabalhadora, e de expropriar inclusive os setores “democráticos” da burguesia. Ou seja, nada de “revolução no regime político” como “primeiro passo do processo até a revolução socialista”. O pensamento de Trotsky e da Quarta Internacional eram justamente a antítese de todo e qualquer etapismo:

“Isso significa que a Itália [fascista] não pode, por certo tempo, novamente se tornar um Estado parlamentar ou se tornar uma ‘república democrática’? Eu considero – em perfeito acordo com vocês, eu acho – que essa eventualidade não está excluída. Mas então, não seria fruto de uma revolução burguesa, mas sim o aborto de uma revolução proletária insuficientemente madura e prematura. No caso de uma profunda crise revolucionária e de batalhas de massas no curso das quais a vanguarda proletária não tome o poder, possivelmente a burguesia irá restaurar seu domínio sobre bases ‘democráticas’.”

Problems of the Italian Revolution, Leon Trotsky, 1930 (ênfase nossa). Disponível em inglês em:

Já Moreno preferiu definir como “revoluções vitoriosas” processos políticos hegemonizados pela burguesia, deixando o programa da revolução proletária para os dias de festa e defendendo vergonhosamente a necessidade de uma etapa (“primeiro passo”) democrático-burguesa que precedesse a revolução socialista na luta contra regimes ditatoriais burgueses. Durante essa luta, caberia aos morenistas apoiar os movimentos dirigidos por forças burguesas e leva-las ao poder, deixando para um futuro incerto a necessidade concreta da revolução socialista. Na realidade, portanto, essa “revolução democrática” no regime burguês, a ser liderada por partidos de outras classes, nada mais é do que uma receita para manter o proletariado iludido de que está conquistando “vitórias revolucionárias” enquanto na verdade permanece sob o domínio da burguesia e do imperialismo.

As tarefas revolucionárias na Síria e a posição da CST

No que tange às tarefas revolucionárias na Síria, defendemos em nossa declaração a necessidade de criar um amplo movimento do proletariado, politicamente independente das forças burguesas. Através de demandas transitórias, caberia a esse movimento combinar um combate aos efeitos da crise econômica (como o crescimento do desemprego e do preço dos alimentos), com uma luta consequente por liberdades democráticas e pelo socialismo. Apontamos também que a burguesia síria está umbilicalmente ligada ao “arcaísmo” existente hoje no país, cuja face mais evidente é o fundamentalismo religioso de muitas de suas frações e a submissão política e dependência estrutural de toda essa classe com relação às burguesias imperialistas. O sucesso de uma luta pelos direitos democráticos na Síria, que incluem a emancipação das mulheres, da minoria curda, a distribuição da terra e a libertação do país contra o imperialismo passam necessariamente pela expropriação dos capitalistas.

A direção da UIT às vezes cria a impressão de que defende os mesmos princípios gerais que acabamos de expor. Por exemplo:

“Fraternalmente nós dizemos ao heroico povo sírio que apenas um governo baseado em suas próprias organizações insurgentes de base, como os Comitês Locais de Coordenação e organizações operárias e populares, o rechaço à intervenção imperialista e a ruptura e expropriação do imperialismo e do clã de Assad, pode leva-los a conquistar seus objetivos democráticos e sociais de fundo.”

—     Siria: ¡basta de masacres al pueblo!, de março de 2012. Disponível em espanhol em:

Porém, analisando com mais cautela tal declaração, logo ficam evidentes duas importantíssimas diferenças. A primeira delas diz respeito aos Comitês Locais de Coordenação, que a UIT chama a comporem um governo junto a “organizações operárias e populares”. A princípio, um governo composto de “organizações operárias e populares” poderia ser entendido enquanto um governo direto dos trabalhadores – um governo de tipo soviético, assentado sobre um Estado proletário. Mas acontece que os “Comitês Locais”, que vêm transmitindo notícias sobre os conflitos e ajudando na convocação e organização dos atos de ruas, compõem a coalização da oposição burguesa proimperialista, o citado Conselho Nacional Sírio.

Nesse sentido, esse órgão está politica e organizativamente submetido à mesma burguesia que tem pedido repetidamente para que a ONU realize um intervenção armada no país, o que só serviria para apertar ainda mais a corda imperialista que já sufoca o pescoço do povo sírio. Um governo composto por tal organização seria, necessariamente, não um governo direto dos trabalhadores, mas o governo de um braço subordinado do CNS.

Considerando que a UIT compôs no último 1º de maio uma reunião de “solidariedade internacional ao povo sírio e à revolução”, realizada em Regueb (Tunísia) [2], não podemos ter dúvidas que estes não sabem dessa submissão dos “Comitês Locais” ao CNS. Como veremos mais adiante, seu apoio aos “Comitês”, a “ala esquerda” do CNS burguês, não é um equívoco derivado da falta de informações, mas sim uma política consciente.

Quanto à segunda diferença, essa diz respeito à tarefa revolucionária de se expropriar a burguesia enquanto classe. A declaração da UIT chama pela “expropriação do imperialismo e do clã de Assad”, o que sem dúvidas colocaria nas mãos do proletariado importantes recursos agrônomos, industriais e tecnológicos. Mas e quanto à burguesia nativa que não é parte do “clã Assad”? Acaso os empresários proimperialistas do CNS merecem o perdão do proletariado por anos de conivência com Assad e de exploração dos trabalhadores só porque decidiram deflagrar um conflito armado e governar por si próprios o país?

A ausência de um chamado claro para a expropriação de toda a burguesia síria (incluindo os supostos “líderes” burgueses da suposta “revolução”), somada ao apoio aos “Comitês Locais de Coordenação” nos diz muito sobre a posição da UIT na Síria. Essa posição só faz sentido se sairmos do campo do trotskismo e nos embrenharmos na oportunista tradição morenista.

A UIT, embora criticando os líderes do CNS, disfarça o caráter burguês do movimento armado que ele dirige na luta pelo poder. Esse malabarismo não é ao acaso: serve para disfarçar o apoio dado pela UIT a esse movimento, com a esperança de que ele represente um “primeiro passo” para a vitória da classe trabalhadora. Considerando implicitamente que o conflito na Síria seria uma “revolução democrática” contra um regime ditatorial, a UIT:

“(…) chama a mais ampla unidade de ação mundial, a todos os sindicatos, movimento populares, correntes de esquerda, democráticas e anti-imperialistas para parar os massacres e apoiar incondicionalmente a rebelião popular para derrubar a ditadura de Al Assad. Reivindicamos dos governos a ruptura de relações com a ditadura síria. Convocamos a repudiar todo intento de intervenção imperialista! Que os povos e a juventude dos países árabes, em especial do Egito, Líbia e Tunísia, se mobilizem para exigir de seus governos que enviem armas e voluntários ao povo rebelde sírio!”

Seguindo a lógica de que o conflito sírio é uma “revolução” ao estilo morenista, não se faz necessário falar em classes, mas sim em “povo sírio” em geral (que aliás, não parece incluir a minoria curda e também minorias religiosas que temem e desconfiam da oposição). Não vale a pena compreender qual força de classe é a direção política do movimento oposicionista, ou qual é o seu programa, mas sim “apoiar incondicionalmente a rebelião popular”. Não vale a pena defender a criação de um movimento proletário politicamente independente da oposição burguesa e de seus braços, como os Comitês Locais de Coordenação, mas sim “exigir dos governos que enviem armas e voluntários ao povo rebelde sírio”.

Marxistas não agem dessa forma. Frente a todo e qualquer processo de luta, analisamos as classes envolvidas. No caso da Síria, os setores diretamente em luta são a odiosa oposição burguesa proimperialista do CNS, que dirige o movimento rebelde, e a igualmente odiosa burguesia ditatorial representada por Assad. Defendemos um programa próprio do proletariado. Por isso dizemos claramente que a vitória de qualquer um dos lados burgueses não significa nenhum “passo” ou um avanço com relação à perspectiva revolucionária.

A nota de um grupo com o qual a UIT mantém relações fraternais e que foi reproduzida no seu site, indicando uma concordância política em termos gerais, corretamente reconhece que:

“A falta da intervenção ativa da classe trabalhadora na revolução e a carência de uma direção política revolucionária cria uma situação de ‘empate’ e faz com que os que buscam uma saída em uma intervenção do imperialismo ganhem terreno dentro da oposição.”

La ONU y Bashar contra la revolución Siria, de abril de 2012. Disponível em espanhol em:

Entretanto, a ausência da classe trabalhadora organizada e a falta de sua “intervenção ativa” não impedem que a UIT considere o processo como “revolucionário”. Então qual classe “revolucionária” está à frente de um processo caracterizado como tal? Apesar de criticar o CNS, a UIT parece tirar a conclusão de que um movimento “sem a intervenção ativa da classe trabalhadora”, que age sob o seu programa burguês, segue a sua liderança e nutre ilusões nas suas promessas, poderia representar os interesses revolucionários da classe trabalhadora.

Seguindo a cartilha morenista, a UIT se coloca do lado da oposição burguesa liderada pelo CNS, caracterizando seu movimento como “revolução”, e não tira dessa situação de guerra civil a conclusão da necessidade urgente de construir um partido revolucionário, capaz de levar as massas trabalhadoras a cumprir um papel protagonista em uma luta contra a ditadura burguesa e também em oposição ao CNS pró-imperialista. Esse seria o único processo, diferentemente do atual, merecedor do nome de revolução. Na nota dos colaboradores internacionais da UIT, afirma-se que:

“Construção de comitês de solidariedade com a Revolução síria; cooperação destes comitês de solidariedade com os Comitês Locais de Coordenação, que são auto-organizações de massas que lideram as mobilizações; fornecimento de armas, munição e material de saúde para as forças revolucionárias; daria um impulso enorme à Revolução síria.”

Idem.

Da mesma forma que seus companheiros da UIT, o “Comitê Internacional de Enlace” [3] que assina tal nota embeleza os “Comitês Locais” submissos ao CNS, defende o fortalecimento das “forças revolucionárias” armadas (que não podemos entender senão enquanto o fortalecimento do Exército Livre da Síria, braço armado do CNS financiado por países burgueses vizinhos e potências imperialistas) e secundariza ou mesmo ignora a necessidade de um partido revolucionário e mesmo de um proletariado que se diferencie politicamente da burguesia e das “massas” em geral.

Diferente da UIT, nós nos baseamos no legado de Leon Trotsky, e não no de Moreno, opostos pela raiz. Para nós na Síria hoje, um governo do CNS ou mesmo da sua “ala esquerda”, os Comitês de Locais de Coordenação, não seria senão “o aborto de uma revolução proletária insuficientemente madura e prematura”. Uma vez no poder, estes dirigentes burgueses virariam as armas do seu Exército “Livre” contra qualquer um que ousasse organizar uma oposição proletária e falar em expropriação da burguesia ou ruptura com o imperialismo. Traição e derrota: é exatamente isso que espera o proletariado sírio no caso de este apoiar uma vitória do CNS, seja este a governar diretamente, ou mesmo os Comitês Locais de Coordenação a ele subordinados. A UIT, como tantos outros grupos na esquerda, está preparando o clima para que os trabalhadores sírios sejam arrastados a uma armadilha.

NOTAS

[1] Conferir O Conflito Sírio e as Tarefas dos Revolucionários, de setembro de 2012. Disponível em:
http://reagrupamento-rr.blogspot.com.br/2012/09/o-conflito-sirio-e-as-tarefas-dos_5523.html

[2] Conferir Llamamiento de Regueb-Tunez en apoyo al pueblo sirio. Disponível em espanhol em:

[3] Composto pelos grupos Luta Internacionalista, da Espanha, e Frente Operária, da Turquia.

El morenismo y la posición de la UIT en Siria

¿Movimiento dirigido por la oposición burguesa o “revolución democrática”?

El morenismo y la posición de la UIT en Siria

Por Leandro Torres, octubre de 2012

Hace poco tiempo nosotros publicamos una declaración sobre el conflicto que se está desarrollando en Siria entre la dictadura de Bashar Al-Assad y las tropas armadas de la oposición burguesa organizadas en el Consejo Nacional Sirio (CSN), que intentan se imponer como nuevos jefes del país. En nuestra declaración (de septiembre de 2012) insistimos en la importancia fundamental de organizar un movimiento de los trabajadores, en oposición a todos los sectores de la burguesía, incluso los rebeldes dirigidos por el CNS. Compartimos el inmenso odio contra la dictadura burguesa de Bashar; pero creemos que la victoria de un movimiento armado dirigido por la oposición burguesa de Siria no puede representar ningún interés (ni democrático ni social) para la clase obrera.

La Unidad Internacional de los Trabajadores (UIT) defiende una política bastante distinta. La explicación para esa divergencia está en el abismo existente entre el programa trotskista y el programa formulado y defendido históricamente por el dirigente argentino Nahuel Moreno. La UIT surgió en 1995 de una ruptura en la Liga Internacional de los Trabajadores (LIT) – la organización internacional fundada por Moreno – y sigue revindicando el legado teórico de este dirigente.

La “revolución democrática” de Moreno

Ese concepto es la “piedra angular” de la teoría revisionista desarrollada por Nahuel Moreno para justificar sus meandros oportunistas. En su libro “Las Revoluciones del Siglo XX” (1984), por ejemplo, Moreno distorsiona por completo el concepto de revolución socialista para encajarlo a sus necesidades de adaptarse a las direcciones de las luchas contra las dictaduras de América Latina (entonces en desarrollo), llamándolas de “revoluciones democráticas triunfales” que tendrían sido lideradas por sectores de la burguesía. Así, el concepto morenista de revolución no tiene un contenido político clasista, obrero:

“Lo que Trotsky no planteó, pese a que hizo el paralelo entre el stalinismo y el fascismo, fue que también en los países capitalistas era necesario hacer una revolución en el régimen político: destruir al fascismo para reconquistar las libertades de la democracia burguesa, aunque fuera en el terreno de los regímenes políticos de la burguesía, del estado burgués. Concretamente, no planteó que era necesaria una revolución democrática que liquidara al régimen totalitario fascista, como parte o primer paso del proceso hacia la revolución socialista, y dejó pendiente este grave problema teórico.”

― “Las Revoluciones del Siglo XX”, 1984 (nuestra énfasis)
http://www.marxists.org/espanol/moreno/rsxx/vi-x.htm

Diseñando una estrategia casi etapista para el combate a las dictaduras en general, y la realidad latino-americana de la época en especial, Moreno necesitó falsificar deliberadamente el pensamiento de Trotsky, que fue muy claro al encontrarse con cuestiones de las tareas de los revolucionarios delante una dictadura burguesa (por ejemplo, el fascismo). El programa trotskista afirmaba que la derrocada de una dictadura burguesa se debería dar a través de una revolución proletaria capaz de crear un Estado de la clase trabajadora y expropiar incluso los sectores “democráticos” de la burguesía; o sea, nada de “revolución en el régimen político” como “primer paso” del proceso hasta la revolución socialista. Por el contrario, las formulaciones de Trotsky y de la Cuarta Internacional se oponen a todo tipo de etapismo:

“¿Significa esto que Italia [fascista] no puede convertirse nue¬vamente, durante un tiempo, en un estado parlamenta¬rio o en una ‘república democrática’? Considero – y creo que en esto coincidimos plenamente – que esa eventualidad no está excluida. Pero no será el fruto de una revolución burguesa sino el aborto de una revolu¬ción proletaria insuficientemente madura y prematura. Si estalla una profunda crisis revolucionaria y se dan batallas de masas en el curso de las cuales la vanguar¬dia proletaria no tome el poder, posiblemente la bur¬guesía restaure su dominio sobre bases ‘democráticas’.”

― “Problemas de la revolución italiana”, 14 de mayo de 1930 (nuestra énfasis)
http://marxists.org/espanol/trotsky/ceip/escritos/libro1/T01V404.htm

Ya Moreno prefirió definir como “revoluciones victoriosas” procesos políticos hegemónicos para la burguesía, dejando el programa de la revolución proletaria para los días de fiesta, defendiendo vergonzosamente la necesidad de una etapa o “primer paso” de carácter democrático-burgués que precediera a la revolución socialista en la lucha contra regímenes dictatoriales burgueses. Los morenistas siempre apoyan a los movimientos de popularidad dirigidos por fuerzas burguesas y luchan para elevarlas al poder, dejando para un futuro incierto la necesidad concreta de la revolución socialista. En realidad por lo tanto la “revolución democrática” en el régimen burgués, a ser dirigida por partidos de otras clases, nada más es que una fórmula para mantener el proletariado iluso de que está conquistando “victorias revolucionarias” mientras en la verdad permanece bajo el dominio de la burguesía y del imperialismo.

Las tareas revolucionarias en Siria y la posición de la UIT

En cuanto a las tareas revolucionarias en Siria, defendemos la necesidad de criar un amplio movimiento del proletariado, políticamente independiente de las fuerzas burguesas. A través de reivindicaciones transitorias, es necesario que ese movimiento luche para combinar un combate a los efectos de la crisis económica (como el crecimiento del desempleo y el precio de los alimentos) con una lucha consecuente por libertades democráticas y por el socialismo.

Apuntamos que la burguesía Siria está presa por el ombligo al atraso que hoy existe en el país y cuja expresión más visible es el fundamentalismo religioso de muchas de sus facciones y la sumisión política y dependencia estructural de toda esa clase a las burguesías imperialistas. El suceso de una lucha por los derechos democráticos en Siria, que incluyen la emancipación de las mujeres, de la minoría curda, la distribución de la tierra y la liberación del país del imperialismo pasan necesariamente por la expropiación de los capitalistas.

La dirección de la UIT algunas veces intenta crear la impresión de que defiende los mismos principios generales que acabamos de exponer. Por ejemplo

“Fraternalmente le decimos al heroico pueblo sirio que sólo un gobierno basado en sus propias organizaciones insurgentes de base, como los Comités de Coordinación Locales y organizaciones obreras y populares, el rechazo a la intervención imperialista y la ruptura y expropiación del imperialismo y del clan Assad, puede llevarlos a conquistar sus objetivos democráticos y sociales de fondo.”

― “Siria: ¡basta de masacres al pueblo!”, marzo de 2012.
http://www.uit-ci.org/index.php/noticias-y-documentos/revolucion-arabe/2-siria-ibasta-de-masacres-al-pueblo

Pero mismo analizando superficialmente su declaración, se hacen evidentes dos importantísimas diferencias; la primera es sobre los Comités de Coordinación Locales que la UIT llama para componer un gobierno juntamente a las organizaciones obreras y populares. Al principio un gobierno de organizaciones obreras y populares puede ser entendido en cuanto un gobierno directo de los trabajadores, un gobierno tipo soviético, asentado sobre un Estado obrero. Pero los Comités de Coordinación Locales que vienen transmitiendo noticias sobre los conflictos y ayudando a la convocatoria y organización de protestos en las calles, son parte de la coalición dominada por la oposición burguesa proimperialista, el mencionado Consejo Nacional Sirio.

Así, ese organismo está política y organizacionalmente sometido a la misma burguesía que tiene llamado repetidas veces para que la ONU realice una intervención armada en el país, lo que solamente serviría para apretar aún más la cuerda imperialista que ya asfixia el pueblo sirio. Un gobierno conformado por tal organización será necesariamente no un gobierno directo de los trabajadores,  sino un gobierno de un brazo subordinado al CNS.

Considerando que la UIT formó el último Primero de Mayo una reunión de “solidaridad internacional al pueblo sirio y la revolución”, realizada en Regueb (Túnez) (confire Llamamiento de Regueb-Tunez en apoyo al pueblo sírio, disponible em http://goo.gl/76Dwo) no podemos tener dudas que estos no saben de la sumisión de los “Comités Locales” al CNS. Como veremos más adelante, su apoyo a los Comités, la “ala izquierda” del CNS burgués, no es un equívoco derivado de la falta de informaciones, sino una política consciente.

La segunda diferencia es a respecto de la tarea revolucionaria de expropiar la burguesía cómo clase. La declaración de la UIT llama por la expropiación del imperialismo y del clan Assad, lo que sin duda colocaría en las manos del proletariado importantes recursos agrónomos, industriales y tecnológicos. ¿Y qué hacer de la burguesía nativa que no hace parte del clan Assad? ¿Acaso los empresarios proimperialistas del CNS merecen perdón del proletariado por años de convivencia con Assad y de exploración de los trabajadores solamente porque decidieran desabrochar un conflicto armado y gobernar por si propios el país?

La ausencia de un llamado claro por la expropiación de toda burguesía siria (incluyendo los supuestos “líderes” burgueses de la supuesta “revolución”) sumada al apoyo a los “Comités de Coordinación Locales” nos dice mucho sobre la posición de la UIT en Siria. Esa posición solo hace sentido si salimos del campo del trotskismo y nos metemos en la oportunista tradición morenista.

Aunque critica los líderes del CNS, la UIT no apunta el carácter burgués del movimiento armado que él dirige en la lucha por el poder. Eso no es al acaso: sirve para disfrazar el apoyo incondicional dado por la UIT a ese movimiento con liderazgo y programa proimperialista, con la esperanza de que él represente un “primer paso” para la victoria de la clase trabajadora. Considerando que el conflicto sirio es una “revolución democrática” dirigida por sectores burgueses contra un régimen dictatorial, la UIT

“… llama a la más amplia unidad de acción mundial, a todos los sindicatos, movimientos populares, corrientes de izquierda, democráticas y antiimperialistas para parar las masacres y apoyar incondicionalmente la rebelión popular para echar a la dictadura de Al Assad. Reclamamos a los gobiernos, la ruptura de relaciones con la dictadura siria. ¡Convocamos a repudiar todo intento de intervención imperialista! ¡Que los pueblos y la juventud de los países árabes, en especial de Egipto, Libia y Túnez, se movilicen para exigir a sus gobiernos que envíen armas y voluntarios al pueblo rebelde sirio!”

La UIT sigue la lógica según la cual el conflicto es una “revolución” al estilo morenista; no se faz necesario hablar en el eje de clase, sino en el “pueblo” sirio en general (que también no parece incluir a los pueblos curdos y otras minorías que desconfían de la oposición burguesa); no se busca comprender cuáles fuerzas de clase son la dirección política en el movimiento oposicionista o cuál es su programa o trayectoria; simplemente se “apoya incondicionalmente la rebelión popular”; no se defiende como una premisa básica para cualquier victoria de la clase obrera la creación de un movimiento proletario políticamente independiente de la oposición burguesa y sus brazos, como los Comités de Coordinación Locales, sino que se “exige a los gobiernos” (burgueses) que “envíen armas y voluntarios al pueblo rebelde sirio”.

Marxistas no actúan de esta forma. Frente a todo proceso de lucha, analizamos las clases envueltas. En el caso sirio los sectores directamente en lucha son la odiosa oposición burguesa proimperialista del CNS, que dirige el movimiento rebelde, y la igualmente odiosa burguesía dictatorial representada por Assad. Defendemos así un programa proprio del proletariado: por eso decimos claramente que la victoria de cualquier uno de los actuales campos burgueses no significa paso al frente o avanzo con relación a la perspectiva revolucionaria.

La nota de un grupo con el cual la UIT mantiene relaciones fraternales y que fue reproducida en su sitio (indicando una concordancia política en términos generales) reconoce que

“La falta de la intervención activa de la clase obrera en la revolución y la carencia de una dirección política revolucionaria crea una situación de ‘empate’ y hace que los que buscan la salida en una intervención del imperialismo ganen terreno dentro de la oposición.”

― “La ONU y Bashar contra la revolución Siria”, 16 de abril de 2012
http://uit-ci.org/index.php/noticias-y-documentos/noticias-internacionales/54-la-onu-y-bashar-contra-la-revolucion-siria

Pero la ausencia de la clase obrera de forma organizada o de su “intervención activa” no impide que la UIT clasifique al proceso de “revolucionario”. Entonces, ¿cuál clase “revolucionaria” está encampando dicho proceso? A pesar de que critica el CNS, la UIT toma la conclusión de que un movimiento que no tiene “la intervención activa de la clase obrera”, y que sigue un liderazgo y programa burgués puede representar los intereses revolucionarios de la clase obrera.

Siguiendo las lecciones morenistas, la UIT se pone lado a lado con la lucha de la oposición burguesa liderada por el CNS, caracterizando el movimiento como una “revolución” y no habla de la necesidad urgente de construir un partido revolucionario capaz de llevar las masas trabajadoras a un papel protagonista en una lucha en contra de la dictadura burguesa e incluso de la oposición proimperialista del CNS. Un proceso cómo ese sería el único que podría ser llamado de revolución. La declaración de los colaboradores internacionales de la UIT apunta que

“Construcción de comités de solidaridad con la Revolución siria; cooperación de estos comités de solidaridad con los Comités Regionales de Coordinación, que son auto organizaciones de masas que lideran las movilizaciones; suministrar armas, munición y material de sanidad a las fuerzas revolucionarias; daría un impulso enorme a la Revolución siria.”

Así como sus compañeros de la UIT, el “Comité de Enlace Internacional” (compuesto por los grupos “Lucha Internacionalista” de Espanã y el “Frente de Trabajadores” de Turquía) que corrobora la declaración, defiende los “Comités Locales” sumisos al CNS, clama por el fortalecimiento de las “fuerzas revolucionarias” armadas (que sólo pode ser comprendido cómo un llamado para fortalecer el Ejército Libre Sirio, brazo armado del CNS financiado por estados burgueses vecinos y potencias imperialistas) y posiciona en segundo plano, o mismo ignora, la necesidad de un partido revolucionario y de un proletariado que se separe políticamente de la burguesía o de las “masas” en general.

Distintamente de la UIT, nos basamos en el legado de Leon Trotsky, y no en el de Nahuel Moreno, que son opuestos por la raíz. Para nosotros, el establecimiento hoy en Siria de un gobierno del CNS o de su “ala izquierda” de los Comités de Coordinación Locales, no será nada más que “el aborto de una revolu-ción proletaria insuficientemente madura y prematura”. Una vez en el poder, estos dirigentes burgueses usarían las armas de su ejército “libre” en contra de cualquier oposición proletaria o cualquier uno que hablara de expropiación o ruptura con el imperialismo. Traición y derrota: eso es lo que espera el proletariado sirio en caso de este apoyar una victoria del CNS, venga este a gobernar abiertamente o a través de grupos a él subordinados. La UIT, así como tantos otros grupos en la izquierda, está ayudando a preparar el clima para que los trabajadores sirios sean pegos en una trampa.

***

Reproducimos a continuación un extracto de nuestra declaración sobre Siria, sobre la posibilidad de que el país sea víctima de una intervención imperialista. La declaración fue originalmente publicada en septiembre de 2012.

La amenaza de una intervención del imperialismo

Mientras están sumergidos en una compleja crisis económica y aún pagan los costos de guerras u ocupaciones lanzadas contra otros países semicoloniales, los imperialismos estadunidense y europeo no están acudiendo inmediatamente a los llamados del CNS por intervención.

El presidente de una comisión de observadores de la ONU enviada para investigar una masacre que ocurrió en la ciudad de Houla, el brasileño Paulo Piñeiro, habló que: “Siria no es el mismo que Libia”, y apuntó que “El ejército de Siria tiene trecientos mil hombres. Para que tengas una noción, este es el mismo tamaño de las fuerzas armadas brasileñas, pero nosotros somos doscientos millones de personas”. Por esta declaración, queda claro que una intervención imperialista crearía altos costos, humanos y materiales, los cuales los estados imperialistas, hasta ahora, tienen dudas en lanzar debido a sus riscos políticos e militares (a pesar de adoptaren una defensa diplomática de la oposición siria).

Más allá de la cuestión militar, se debe recordar que “Siria no es el mismo que Libia” también en sus reservas naturales. El país no tiene el mismo potencial de extracción de petróleo y otras materias primas que activan el apetito imperialista, haciendo con que una intervención directa no presente la misma posibilidad de retorno financiero que Libia.

Otro factor relevante son las relaciones comerciales que el gobierno Assad posee con Rusia y China. Rusia tiene importantes contratos de fornecimiento de equipamiento militar que le garantizan enormes lucros. Por lo tanto, eses países sistemáticamente bloquearon resoluciones de sanciones económicas y otras medidas agresivas contra su aliado comercial en el Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas. Y eso ha también impedido hasta ahora una intervención “legal”. Ese impase hace con que la ONU sólo realice misiones de observación, mientras los “Amigos de Siria” proveen algún suporte al CNS por debajo de la mesa.

Sin un apoyo militar directo del imperialismo y con un “Ejército Libre” en gran medida mal articulado y mal entrenado en contra de una poderosa y aún solida máquina de estado, parece que el CNS no logrará una victoria semejante a la que el “Consejo Nacional de Transición” con la intervención armada de la OTAN a su lado derecho, obtuvo en Libia contra el régimen dictatorial de Gadafi. No es sorpresa que más de un año de guerra civil después, la dictadura Assad se mantiene en el poder mientras que el CNS/ELS tiene sufrido algunas amargas derrotas.

Pero independientemente de una indisposición momentánea de los imperialistas para una agresión armada en Siria, los trabajadores con conciencia de clase en todos los países deben decir claramente: ¡Imperialistas, manos fuera de Siria! Una intervención de este tipo en un país ya sometido al capital imperialista sólo podría intensificar la exploración del proletariado y de un pueblo oprimido. Si los imperialistas avanzaren militarmente para apoyar el CNS/ELZ, nuestra actitud en el conflicto será de tomar el mismo lado militar de la nación oprimida, deseando la derrota (aunque por las manos del gobierno de Assad) de los imperialistas y sus lacayos.

Class Struggle on the Waterfront

Communist Tactics in the Trade Unions

Class Struggle on the Waterfront

[First printed in 1917 #4, Autumn 1987 copied from http://www.bolshevik.org/1917/no4/no04tuta.html  ]

On July 19 we interviewed Howard Keylor, a long-time trade-union militant on the waterfront in San Francisco. Brother Keylor is on the Executive Board of International Longshoremen’s and Warehousemen’s Union Local 10 (longshore division) and is the editor of Militant Longshoreman. Keylor’s record of over three decades in the ILWU and his break from Stalinism to Trotskyism give him a unique perspective on the fight for a class-struggle leadership in the American labor movement.

In the 1970’s, as a supporter of the then-revolutionary Spartacist League, Keylor played an important role in organizing several small but successful actions on the waterfront in defense of the victims of South African apartheid and the Chilean junta. In the last several years, in addition to playing a leading role in several waterfront strikes, Keylor initiated two larger and more important actions in solidarity with heroic black workers battling the racist Botha regime. These actions provided a concrete alternative to the liberal moralism prevalent in the campus-based anti-apartheid movement and provide a model of how a communist opposition in the unions should act as the tribune of the oppressed.

1917: Let’s start with your history in the ILWU. How did you come into the union?

Keylor: The hard way. I started in 1953 as a casual. That means just picking up extra work by standing around in the dispatch office. It means no stable, registered or even recognized status. I was lucky enough to know a couple of older activists in the union—one of whom belonged to the CP, another was an old Wobblie—who were friends of mine and used a bit of influence and got me on a casual list. It wasn’t until 1959 that I got recognized status in the ILWU.

1917: But you were a member of other unions before?

Keylor: Yes, as a matter of fact in 1953 I had been fired from the job I worked for two years in a paper mill. I belonged to the papermakers’ local union. I was active in that union in a limited way.

1917: You were a supporter of the Stalinist Communist Party for over 25 years. How were you won to Trotskyism?

Keylor: I had always been something of a secret dissident, I guess you could have called me a left-Stalinist. I was quite unhappy most of the time during the McCarthy period with the Communist Party trying to hide what seemed its own limited, but at least formally revolutionary ideology. I was never too happy with the policy of primarily trying to form alliances with bourgeois or petty-bourgeois formations. I guess I was an unreconstructed Third Period Stalinist.

I had my own somewhat secret, actually very secret, theory about the Soviet Union as a workers state in which the bureaucracy had seized power from the working class and suppressed working class dissidents. I knew that was the case, but I’d never been able to generalize my political differences.

1917: So how did you come to Trotskyism? Did you read a book by Trotsky or did you meet people that called themselves Trotskyists?

Keylor: I never read anything by Trotsky or any of the main writings about Trotskyism or met a Trotskyist until the 1971-72 longshore strike when I came in contact with Asher Harer, a member of the union who was a well-known supporter of the Socialist Workers Party and is today with Socialist Action. I collaborated with him in writing a leaflet during the 143-day strike in 1971-72 and I wasn’t too happy with the collaboration because, while some of what we were asking for programmatically seemed to make sense, he was very adamant on not criticizing the international union bureaucracy and their conduct in the strike. He was the only ostensible Trotskyist I had ever had any contact with.

It wasn’t until about August 1974 that I ran into an old tattered copy of Deutscher’s The Prophet Armed [the first volume of a three-part political biography of Trotsky]. I took it home; stayed up all night reading it and then went to a library the next day and got the rest of the trilogy, read it and walked around in a daze for a couple of weeks. It wasn’t until I came in contact with the Spartacist League in the fall of 1974 that I began doing some consistent reading on Trotskyism and was won over painfully.

1917: You eventually became a supporter of the Spartacist League?

Keylor: Yes, I became a supporter of the Spartacist League, which as you know, at that time had a serious orientation to trade-union work—something which is no longer the case. Actually, initially I became a member of the SL-supported Longshore/Warehouse Militant Caucus, and in April of 1975 became an organized supporter of the Spartacist League.

1917: This is the thirteenth consecutive year you have been elected to the Executive Board of ILWU Local 10 on an openly socialist program. How have you managed to win a base for your politics in the union?

Keylor: There are really two separate questions. Getting elected to the Executive Board was initially rather difficult. There was a lot of competition for Executive Board posts in the earlier period. Having transferred from the small up-river port of Stockton to San Francisco in 1970, I was a relatively ‘‘new boy’’ on the block. Also, I was white and the San Francisco longshoremen were, and are still, about 70 percent black. Initially it was not easy to get elected and running on an explicitly socialist, transitional program made it even more difficult.

By December 1974, when I first ran on this program as a member of the Militant Caucus, socialists had mostly been identified with the Communist Party in Local 10. The Communist Party had to a large extent been discredited because of their support to the international union’s bureaucratic sellout of the workers interests. In the first period some of our support came from militants who thought we were uniquely honest in saying what we stood for, and because we were projecting a positive program and were not afraid to criticize all levels of the bureaucracy. That was rather unusual because almost all other figures, even minor ones in the Local at that time, were identified with either one of two main bureaucratic factions—the [ILWU President Harry] Bridges faction or the large, amorphous anti-Bridges faction.

We stood outside these formations and acted as a very small, hard left political pole, and nothing like that had been done for a long, long time. I particularly suffered some difficulty, because in moving toward an explicitly socialist program based on the Transitional Program, I had to break with the whole anti-Bridges bloc that I had worked with for almost four years—some of whom were my close friends.

1917: So in the union you ran on the Transitional Program. One of the criticisms which we often hear of this approach by groups like Workers Power in Britain is that raising a full socialist program amounts to ‘‘ultimatism.’’ Their idea is that demands like the call for workers defense guards or for a workers government are too advanced for the present consciousness of the class. How would you respond?

Keylor: I would respond that the failure to raise the whole Transitional Program as applied to the particular trade-union milieu or trade-union situation amounts to misleading the workers, because all points or aspects of that program sometime or other, sooner or later, relate to immediate questions facing the union. It is impossible to build a class-struggle opposition that can lead workers, even to defend themselves, without educating at least a section of the activist workers—the most advanced ones—about the social and political reality in which they are operating.

For example, in the mid to late fifties, the union started to get very deeply involved in Democratic Party politics in San Francisco. Actually earlier in Hawaii, the bulk of the union became intertwined with the Democratic Party to such an extent that the interests of the various coalitions they were backing ran directly counter to the interests of the workers. To oppose support to the Democrats you have to explain the class nature of the capitalist state, and that automatically raises the question of the workers government—just like any serious picket line situation poses in embryo the necessity for some kind of workers defense guards.

The bottom line is that you can’t build a pro-socialist wing in the unions by hiding your politics—that’s always a sign of adaptation to the present backwardness of the class. You’ve got to be upfront about what you stand for and try to apply your program in a creative way to address the concrete questions which arise. To pick out a few of the demands of the Transitional Program that might be more popular at a given moment, and just run on them, in effect destroys the whole purpose of the program—which is to connect the immediate, felt needs of the workers to the necessity of a political struggle for power.

1917: From time to time there have been oppositional formations in the ILWU that ran on a program of ‘‘more militancy’’ and ‘‘more democracy,’’ similar to Ed Sadlowski in steel or Arnold Miller in the coal miners union, or the Teamsters for a Democratic Union [TDU]. Many leftists see these campaigns as a step forward because they oppose the incumbent bureaucrats. How do you look at such a lesser-evil approach to union work?

Keylor: It’s not very practical. Even when they succeed in throwing out the existing bureaucrats the results are usually disastrous. Even assuming you’ve got honest, well-meaning elements leading these oppositional groups—and not just another gang of would-be bureaucrats—when they get into power, they find themselves up against the same opposition from the government, the same legalistic restrictions and the same nasty, brutal repression from the employers. And lacking an understanding—a political class understanding—of how to break out of those restrictions, those leaders will end up acting like Miller, Nixon’s candidate in the mineworkers. They will become brutal bureaucrats themselves and suppress the rank-and-file.

In longshore there was a big, broad oppositional grouping to the Bridges leadership in the late sixties, based in part on new people who had come into the union. When Bridges finally retired, various elements of this opposition came into power, especially in the major longshore locals. They didn’t do any better in defending the interests of the workers than the Bridges machine. The only real alternative is to pose class-struggle oppositional formations, which stand as a political alternative to all varieties of business unionism.

1917: What would distinguish such caucuses from formations like the TDU?

Keylor: They are distinguished primarily by their program. When they get elected in a given section of a union they are predictable in terms of what they will do. When oppositional groupings that are not programmatically based win leadership in a union, they usually don’t remain intact. The only glue that holds them together is the fight for power. Once they get in, they quite frequently split or dissolve into their components, fighting over crumbs; or they become cynically co-opted into the bureaucratic system. The very best of such formations will simply degenerate into nickel-and-dime economism or social-democratic maneuverism. An opposition based on a coherent program of class struggle can win workers to a political understanding and the necessity to fight for it. In learning to apply that program to all aspects of the union’s life, as well as in the whole of society, they become committed to that program.

Individuals can betray or fall away but the betrayal will be quite conspicuous. One of the virtues of running on a clear class-struggle program is that the workers know where you stand on all major issues or can figure out which side you are going to come down on regarding the issues facing the union.

1917: When is it correct for Trotskyists in the unions to support other groups or individuals for union office? What should be the conditions of that support?

Keylor: Given the extremely degenerate condition of the American trade-union leadership, one has to be extremely careful about offering even critical support to individuals or groupings running for office. Even the smallest committee in the union will be dealing with questions that have to do with the power of the employers over the workers or questions of class-collaboration. So the criteria that one has to apply must be based on program.

While it will vary from time to time in practice, there are certain minimum positions we would generally want to see publicly taken by individuals running for office before we would think of voting for them. There are three interconnected questions that I can think of. One is no support for the top trade-union bureaucracy. There isn’t a single major union in this country in which all the components at the top have not been at least complicit in major betrayals of the workers interests. Only people that are prepared to openly break with all sections of the trade-union bureaucracy, and criticize it, can have sufficient independence to merit support.

Another absolutely minimal programmatic aspect is the defense of the independence of the workers movement, especially the unions, from the capitalist state. This usually comes up over the question of lawsuits against the unions or government intervention into the internal affairs of the unions.

1917: Or defying injunctions?

Keylor: Yes, that is another aspect of the same thing. Anyone who runs for office in a union and will not take a position on the necessity to defy injunctions or court orders emanating from the capitalist state, is simply not able to defend workers interests.

And then there is the question of a break with the Democratic and Republican parties, the twin bourgeois parties. While we always call for a break with the Democrats and Republicans and for a workers government that will expropriate industry without compensation, in some cases we have given critical support to candidates for office who simply called for breaking with the Democrats and Republicans and forming a workers party.

In general though, ‘‘critical support’’ in union elections is an application of the united front. Lenin compared it to that which a rope gives a hanged man. What he meant was that an important aspect of critical support is exposure, in practice, of the inadequacies and contradictions of a reformist program. You cannot expose a reformist unless he or she runs on a platform that in some fashion represents a real break from class-collaborationism. Every out-bureaucrat will promise ‘‘more militancy’’ and ‘‘more democracy’’—it’s cheap. If you vote for somebody on that basis you are really just voting for one reformist because he’s more popular than the other.

It’s always a concrete question, but if a reformist oppositionist is running at the head of a real rank-and-file movement, and is seriously committed in the eyes of his base to fight for some programmatic plank which is really opposed to pro-capitalist business unionism, then class-struggle elements could consider offering him critical support, despite the reformist limitations of the rest of his platform. At the same time, it is necessary to warn those who follow such a candidate that his platform as a whole contradicts this particular demand. That way, if and when he betrays this demand, those who supported him because of it will begin to understand that only the consistent class-struggle elements in the union are capable of really fighting for their interests.

1917: In 1984 you initiated a united front for the political strike which boycotted the South African cargo on the Nedlloyd Kimberley in San Francisco. A lot of the workers involved in that action had very different politics than yours, right?

Keylor: That is correct. The initiating committee and the committee that implemented the boycott after it was approved, was composed of individuals who had not only widely different political views, but who had often been in very sharp, antagonistic disputes in the union and even outside the union.

1917: On the eleventh day of the cargo boycott, when a federal court injunction came down, the bloc split. What happened?

Keylor: When the federal injunction came down the local union leadership, which had been giving passive support, and in some cases rather active support to the boycott, called a special meeting of the local executive board. After extensive debate the board voted eleven to five to comply with the injunction. In the course of that debate the bloc split with most of the members, who were either one-time adherents or supporters of the Communist Party, various Maoist groupings or who could be characterized as something like black nationalists, went along with the union bureaucracy in advocating an end to the boycott and complying with the injunction.

The local executive board voted to end the boycott and voted down my proposal to call a mass, stop-work membership meeting at the pier to make the decision. I called for this because a meeting of a couple of thousand longshoremen at the pier would have amounted to a mass picket line and could well have led to successfully defying the injunction. At any rate, my proposal was voted down. So then, I, along with a number of other militants in the union and supporters from outside the union, attempted to put up a picket line and continue the boycott and defy the injunction. Initially we closed down the pier and stopped the trucks for an hour and the longshoremen did not work. But eventually the Stalinists, the adherents of the Communist Party, helped the cops to break the action by escorting the trucks through the picket line and creating fear among those participants who were not part of the union that they would go to jail for long periods of time for defying the injunction.

1917: Recently there has been an important strike on the waterfront by the Inland Boatman’s Union [IBU], an affiliate of the ILWU. I understand you have been active in promoting cooperation between the IBU and the longshore division to stop scabbing. Was there any defiance of injunctions in this strike?

Keylor: Not defiance of an injunction specifically, but there was an invasion of ‘‘private property’’ when the employers took three barges that had been stopped through joint IBU/ILWU action in Oakland to Redwood City and began unloading them with non-longshoremen. This was seen as a direct incursion of longshore jurisdiction, as well as an attempt to weaken and break the IBU strike. All the longshoremen, clerks and walking bosses in the Bay Area then left their jobs and traveled to the pier to protest the scabbing. This was an ‘‘illegal’’ action because, according to federal law, we were violating our contract. In fact, members of the longshore division and the striking boatmen went onto the pier and ‘‘illegally’’ chased off the scabs.

There have been many injunctions in the IBU strike which have largely strangled it, because they have been adhered to by the leadership of the IBU and the ILWU. The lesson that class-conscious militants in the unions have to constantly hammer home to the membership is that even a minimal defense of the union requires actions that are illegal under some section or sections of federal law. Whether defiance of an injunction, or even the most minimal stop-work action, the Taft-Hartley law makes it all illegal.

1917: Gompers-style ‘‘business unionists’’ argue that unions should concern themselves simply with the wages and working conditions of their members. In the long run the interests of the longshoremen are tied pretty closely to the interests of the class as a whole, including the unemployed. How can this connection be made?

Keylor: One of the problems we ran into in longshore is the parochialism, growing out of the fact that longshoremen, by the nature of their work, even though they are small in numbers, have an unusual economic power. Ports and port facilities can’t be moved easily. But the union could not have been formed in the first place or defended against employer attacks, especially in the early decades, without the support of other workers and especially other maritime workers. There is an unusually rich history of this in longshore which has almost been lost, but which the class-struggle militants went back to and used as illustrations.

For example, it is not well known, but in 1934 when scabs were loading ships in San Francisco harbor and some other west coast ports, the longshoremen in Chile, even though they were under a quite repressive government, refused to handle scab cargo. Longshoremen in Australia and some other countries did the same. That kind of international support was one of the factors that helped win the strike. Of course it was the massive San Francisco general strike and the threat of extending it to the rest of the west coast that finally won the establishment of the longshoremen’s union in 1934. Today we call for using the union’s full power to organize the unemployed in waterfront areas. That should make a lot of sense to any trade-unionist—it’s elementary self-defense.

As for the unemployed, rather than accept a shrinking workforce in longshore, for example, we call for a shorter work shift with no loss in pay to the point where not only all present workers are kept working, but additional workers can be added. This is how the Transitional Program proposes to solve unemployment—by dividing the available work among the available work-force, at no loss in pay.

It is also important to start organizing the unemployed directly by the unions, similar to what was done in the 1930’s especially in the mass organizing of auto workers. That’s part of the lost history of the labor movement. It would have been a lot harder to organize those auto plants if they hadn’t been organizing the unemployed along with them. A lot of the pickets that surrounded and sealed off the auto plants were composed of unemployed auto workers organized in unemployed leagues close to the union.

1917: Historically, the most important single obstacle to class consciousness among white workers in America has been the deeply embedded racism in this country. How can socialists in the unions take up this problem?

Keylor: Socialists first of all have to confront the problem where it exists. Even in the longshore union division racism existed in the form of restrictions against blacks coming into the union in a number of locals. The issue has to be confronted directly in terms of hiring, especially in hiring of blacks, Asians and other minority workers. In the longshore division that battle has been largely won for now. But the overall threat to the union by divisions among workers growing out of racism is a very real one.

Several years ago when a black longshoreman in my local moved into an area of the suburbs that was largely white, he was subject to direct threats and even attacks on his house by the Ku Klux Klan. At that time we Trotskyists fought for a defense guard composed largely of longshoremen to defend that worker’s home in conjunction with black community groups. We fought this issue out in the union. We lost the fight but in the process we made some gains in terms of educating workers in the necessity of not depending on the bourgeois state for defense against racist, fascist groups like the Klan.

1917: As I understand it, the union bureaucracy decided to hire private security guards instead.

Keylor: That is correct. The interesting thing is that we won the fight in the sense that the union bureaucrats had to concede that it was not realistic to simply rely on the police to defend this threatened worker. But their solution was to hire private security guards around the clock to protect his home.

1917: Finally, how do you see the possibilities for the creation of a class-struggle current in the unions in the coming period?

Keylor: The potential is great but the difficulty is that in the short run there are not sizeable political groupings in place that can initiate and give rise to indigenous class-struggle formations which can pose a quantitatively significant alternative on a national level. It is not going to happen spontaneously. It didn’t happen that way in the high points in North American trade-union history in the past. The obstacles to an alternative class-struggle leadership being built are in some ways even greater today, so that the necessity to bring forward the hard-won lessons of working-class struggle in initiating and building such formations is even more critical.

Part of the reluctance of workers to struggle and to go on the offensive is a lack of confidence in their present leadership. In fact, I wouldn’t say part of the reason, I’d say the overwhelming obstacle to a working-class offensive against Reagan is that the union ranks don’t trust their leadership to lead them in struggle.

There is among American workers a very profoundly felt hunger and need for labor unity in struggle. This was clearly expressed around the PATCO strike. Many workers have told me, even the most conservative workers, that the only thing that could have saved that strike, and stopped Reagan’s union-busting was a nation-wide general strike, or at least regional general strikes where the airports were. That was a very deep-felt need of workers at that time. Unfortunately there were not the political groupings in place within the unions with the will and the authority to have raised those demands in such as way as to force some action. So we saw a defeat.

The key is to build a revolutionary organization with a real, organic connection to the working class. That is why I am a supporter of the Bolshevik Tendency. Because I think the Bolshevik Tendency has learned these lessons best and can show the way to build such formations in the working class. At this point, the question is one of the struggle for political clarity in the construction of the nuclei of the future leadership of the class.

There is today a growing awareness on the part of the more advanced workers that their problems can’t be solved on a national basis. I have been surprised at how aware workers are that capitalist interests can move their money around pretty freely from country to country. They recognize that it isn’t possible even to wrest lasting gains in this country because the capitalists can always move their money to where the rate of exploitation is higher than it is here.

There is a really deep felt need for international solidarity among workers. We found this was true in longshore when we raised demands for the defense of workers in other countries: South Africa, Chile and others. And when there was a possibility of acting, even in a small and symbolic fashion, to build solidarity with workers internationally, I have found through my own experience on the waterfront that the workers are quite open. And that’s why you can remain optimistic about the future. In the last analysis though, it all comes back to the question of available alternatives—the question of the crisis of working-class leadership.

Appendix

Militant Longshoreman Program

1. DEFEND OUR JOBS AND LIVELIHOOD—Six hour shift, no extensions, at eight hours pay. Manning scales on all ship operations, one man—one job. Weekly PGP. Full no-cap C.O.L.A. on wages. Joint maritime union action against non-union barge, shipping and longshore operations. No ghost riders or witnesses. No long-term contracts.

2. DEFEND THE HIRING HALL—Use regular gangs on container ships; no dispatch of ‘‘unit gangs.’’ Call all 9.43 men back to the hall. Stop-work action to defend the hiring hall and older and disabled men.

3. DEFEND UNION CONDITIONS AND SAFETY

THROUGH JOB ACTION—Stop PMA chiseling on the contract. Eliminate ‘‘work as directed,’’ ‘‘no illegal work stoppage,’’ and arbitration sections from the contract. Mobilize to smash anti-labor injunctions. No employer drug or alcohol screening.

4. DEFEND OUR UNION—No Class B or C longshoremen. Register directly to Class A. Keep racist, anti-labor government and courts out of the union and BALMA. Support unions’ resistance against court suits and government ‘‘investigations.’’ Union action to break down racial and sexual discrimination and employer favoritism on the waterfront. Organize for a coastwide strike to get what we need—no concessions—no give-backs.

5. BUILD LABOR SOLIDARITY—against government/employer strikebreaking. No more defeated PATCO or HORMEL strikes. Honor all class-struggle picket lines—remove phony, racist, anti-working class picket lines. Don’t handle struck or diverted cargo. No raiding of other unions. Organize the disorganized, and the unemployed. Defend IBU-ILWU (INLAND BOATMEN) against Crowley union busting.

6. STOP NAZI/KLAN TERROR through union-organized labor/black/latino defense actions. No dependence on capitalist police or courts to smash fascists.

7. WORKING CLASS ACTION TO STOP REAGAN’S WAR-DRIVE—Labor strikes to oppose U.S. military actions against Cuba, Nicaragua or Salvadoran leftist insurgents. Boycott military cargo to Central America. Build labor action to smash the apartheid injunction.

8. INTERNATIONAL LABOR SOLIDARITY—oppose protectionist trade restrictions—for a massive trade-union program of aid to help non-U.S. workers build unions and fight super-exploitation by the multinational corporations—Defend undocumented workers with union strike action.

 9. BREAK WITH THE DEMOCRATIC AND REPUBLICAN PARTIES—Start now to build a workers party based on the unions to fight for a workers government which will seize all major industry without payment to the capitalists and establish a planned economy to end exploitation, racism, poverty and war.

Génesis del pablismo

Génesis del pablismo

—de Spartacist No. 21, otoño de 1972. Esta versión fue impresa en Cuadernos Marxistas No. 1.

El Socialist Workers Party (SWP) norteamericano y los pablistas europeos han andado a velocidades diferentes y siguiendo diferentes caminos hacia el revisionismo, hasta converger, en los primeros años del década 60, en difícil alianza -una “reunificación” sin principios políticos- que se ha deshecho ahora al completar el SWP la transición del centrismo pablista a un reformismo descarado. El “Secretariado Unificado” que resultó de la “reunificación” de 1963 hace equilibrios al borde de una escisión abierta; el “anti-revisionista” “Comité Internacional” se deshizo el año pasado. El colapso de los varios pretendientes que compiten por el manto de la Cuarta Internacional provee una oportunidad decisiva para el resurgimiento de una auténtica tendencia trotskista internacional. Lo que es clave para la tarea de reconstruir la Cuarta Internacional a través de un proceso de escisiones y fusiones es un entendimiento de las características y las causas del revisionismo pablista y la reacción defectuosa de los antipablistas que lucharon, poco y tarde, en un terreno nacional mientras que de hecho abandonaban el movimiento mundial.

La Segunda Guerra Mundial: EE.UU. y Francia

Antes de empezar la guerra, Trotsky y la Cuarta Internacional habían creído que la decadencia del capitalismo y el crecimiento del fascismo habían eliminado la posibilidad de existencia del reformismo y, por tanto, de ilusiones democrático-burguesas entre las masas. Sin embargo, no pudieron por menos que darse cuenta más y más de que el repudiamiento del fascismo por parte de la clase obrera y la amenaza de ocupación fascista hicieron surgir el chovinismo social y una renovada confianza en la burguesía “democrática” que permeó a las masas proletarias en toda Europa y los EE.UU. Ante tal contradicción, las fuertes presiones del nacionalismo retrogrado y las ilusiones democráticas en el seno de la clase obrera tendieron a desgarrar las secciones de la Cuarta Internacional, adoptando unas una posición sectaria, capitulando otras ante el social-patriotismo que campeaba entre las masas. El SWP adoptó durante un período corto la “política militar del proletariado”, que pedía el entrenamiento militar bajo control de los sindicatos, planteando implícitamente la idea utópica de que los obreros norteamericanos podían luchar contra el fascismo alemán sin que existiera un estado obrero en los EE.UU., a través del “control” del ejército del imperialismo estadounidense. El trotskista inglés Ted Grant fue aún más lejos, refiriéndose en uno de sus discursos a las fuerzas armadas del imperialismo británico como a “nuestro Octavo Ejército”. El IKD alemán retornó a un menchevismo descarado con la teoría de que el fascismo había trajo consigo la necesidad de “un estadio intermediario equivalente fundamentalmente a una revolución democrática” (“Tres tesis”, 19 de octubre de 1941).

El movimiento trotskista francés, fragmentado durante el curso de la guerra, constituyó el mejor ejemplo de esta contradicción. Uno de sus fragmentos subordinó la movilización de la clase obrera a los apetitos políticos del ala gaulista de la burguesía imperialista; otro grupo renunció a toda lucha en el seno de la resistencia en pro de trabajar exclusivamente al punto de producción y, sin reconocer el nivel de reformismo existente entre los obreros, trató de una manera aventurista apoderarse de las fábricas durante la “liberación” de Paris mientras las masas obreras estaban en las calles. El documento de la “Conferencia Europea” de febrero de 1944, que constituyó la base para una fusión entre dos grupos franceses para formar el Parti Communiste Internacionaliste, caracterizaba a los dos grupos de la siguiente manera:

“En vez de distinguir entre el nacionalismo de una burguesía derrotada que continua siendo una expresión de sus preocupaciones imperialistas, y el ‘nacionalismo’ de las masas que es sólo una expresión reaccionaria de su resistencia contra la explotación del poder imperialista de ocupación, la dirección del POI consideraba la lucha de su propia burguesía corno progresista…”

“el CCI… bajo el pretexto de salvaguardar intacta la herencia del marxismo-leninismo, rehusó obstinadamente a distinguir el nacionalismo de la burguesía del movimiento de resistencia de las masas.”

I. EL AISLACIONISMO DEL SWP

El trotskismo europeo y el trotskismo norteamericano respondieron inicialmente en diferentes maneras a tareas y problemas diferentes que siguieron a la Segunda Guerra Mundial. El precario internacionalismo del SWP norteamericano, mantenido a través de una íntima colaboración con Trotsky durante su exilio en México, no sobrevivió el asesinato de Trotsky en 1940 y el comienzo de la Segunda Guerra Mundial. Los trotskistas norteamericanos se refugiaron en un aislamiento que sólo parcialmente les había sido impuesto por la desintegración de las secciones europeas bajo las condiciones del triunfo fascista y de la ilegalidad.

En anticipación de las dificultades de coordinación internacional durante la guerra, un Comité Ejecutivo Internacional residente había sido instalado en Nueva York. Su único logro de importancia, sin embargo, parece haber sido el convocar una “Conferencia de Emergencia” de la Internacional, llevado a cabo el 17 de mayo de 1940 “en algún sitio del hemisferio occidental”, a raíz de la iniciativa de las secciones norteamericana, mexicana, y canadiense. Una conferencia parcial, a la que sólo asistieron menos que la mitad de las secciones, la “Conferencia de Emergencia” fue convocada con el propósito de tratar de las ramificaciones internacionales de la separación del grupo Shachtman de la sección estadounidense, que había resultado en la defección de la mayoría del C.E.I. [Comité Ejecutivo Internacional] residente. La reunión se solidarizó con el SWP en la lucha fraccional y reafirmó su posición de única sección estadounidense de la Cuarta Internacional. La conferencia adoptó también un “Manifiesto de la Cuarta Internacional sobre la guerra imperialista y la revolución proletaria mundial” escrito por Trotsky. Después de la muerte de Trotsky, sin embargo, el C.E.I. residente desapareció.

Retrospectivamente, al menos la sección norteamericana de la Cuarta Internacional debería haber iniciado un secretariado clandestino en un país neutral en Europa, con miembros competentes del SWP y emigrados de otras secciones, para centralizar y supervisar directamente el trabajo de los trotskistas en los países ocupados por los fascistas. Pero el SWP se contentó con limitar sus actividades internacionales durante la guerra a la publicación en sus boletines internos de cartas y documentos fraccionales de los trotskistas europeos. La aprobación de la Ley Voorhis en 1941, prohibiendo a los grupos estadounidenses la afiliación con organizaciones políticas internacionales (una ley que hasta hoy día nunca ha sido puesto a prueba), dio al SWP una excusa racionalizadora para minimizar sus responsabilidades internacionales.

El trabajo del SWP durante la guerra si evidenció cierta perspectiva internacionalista. Los estibadores de puerto militantes del SWP usaron la oportunidad de los barcos provenientes de Vladivostok que llegaron a la costa oeste para distribuir clandestinamente la “Carta a los obreros rusos” de Trotsky (en ruso) a los marineros soviéticos. El SWP concentró a sus camaradas de la marina mercante en los viajes de abastecimiento a Murmansk hasta que las bajas extremadamente graves forzaron al partido a discontinuar la concentración sobre Murmansk. (Fue en respuesta a dichas actividades por lo que se ordenó al GPU iniciar la red de espionaje anti-trotskista de Soblen. Años más tarde, testigos revelaron que el teléfono de Cannon había sido interferido por el GPU, y que el director administrativo de la revista del SWP Fourth International, un tal “Michael Cort”, fue uno de los agentes del GPU). Pero el mantenimiento y la dirección de la Cuarta Internacional era parte de la responsabilidad internacionalista del SWP, y debería haber sido una prioridad tan urgente como el trabajo que el SWP llevó a cabo por su propia cuenta.

La dirección del SWP pasó por el periodo de la guerra esencialmente intacta, pero reforzada en su insularidad y teóricamente mal equipada para orientarse en la situación de postguerra. Durante los últimos años de la guerra y en el periodo de la postguerra inmediata, la SWP había obtenido algunas victorias notables al implantar sus cuadros en la industria durante el boom y al reclutar una nueva capa de militantes proletarios atraídos hacia los trotskistas a causa de su oposición a la política de social-patriotismo y de paz entre las clases del Partido Comunista.

Optimismo y ortodoxia

El SWP entró en el periodo de la postguerra con un alegre, optimismo en cuanto a los prospectos para una revolución proletaria. La convención de 1946 del SWP y su resolución, “La inminente revolución norteamericana” proyectaron la continuación indefinida de victorias por el SWP. La perspectiva aislacionista del partido se puso en evidencia en la convención. Se reconoció el carácter necesariamente internacional de las crisis y las revoluciones, pero no el carácter internacional concomitante del partido de vanguardia. En efecto, la resolución da excusas para el atraso político de la clase obrera de los EE.UU., al mismo tiempo que alaba su ánimo de lucha y presenta el silogismo siguiente: las batallas decisivas de la revolución mundial serán entabladas en los países avanzados, donde los medios de producción se hayan altamente desarrolladas, donde el proletariado es fuerte, sobre todo en los EE.UU.; por lo tanto es suficiente llevar a cabo la revolución norteamericana y el capitalismo mundial será derrotado. Un impresionismo profundo llegó al SWP al ver el mundo a través de los ojos del capitalismo norteamericano, que había salido de la guerra Incuestionablemente el poder mundial capitalista dominante.

La estabilización de la postguerra del capitalismo europeo; el surgimiento de los partidos estalinistas como los partidos obreros reformistas dominantes en Europa; la expansión del estalinismo en Europa oriental (aparentemente negando en redondo el análisis trotskista de que el estalinismo sólo puede traicionar); la destrucción del capitalismo por formaciones nacionalistas y estalinistas, basadas en los campesinos, en Yugoeslavia y China —todos estos sucesos planteaban nuevos problemas teóricos para el movimiento trotskista que el SWP, desprovisto de una capa de intelectuales de talento por la escisión del pequeñoburgués Shachtman y, poco después, desprovisto de la guía de Trotsky, no podía hacer frente. La respuesta inmediata del SWP fue el retirarse en una “ortodoxia” estéril desprovista de todo contenido real teórico, haciendo así su aislamiento aún más completo.

Los años 50 trajeron una nueva ola de luchas obreras espontáneas en Europa occidental y oriental; pero para el SWP trajeron el comienzo de la caza de brujas de la “guerra fría”: los juicios a causa de la Ley Smith de miembros y antiguos miembros del Partido Comunista; el amortiguamiento de todo aspecto de vida social intelectual; la purga implacable de “rojos” conocidos y militantes del movimiento sindical, cortando la conexión del SWP con el movimiento obrero que había llevado años en construir; el abandono de una capa completa de trabajadores reclutados al SWP durante la última parte de los años 40. La presión objetiva para convertirse en una mera sección de aplauso para los sucesos europeos y coloniales era fuerte, pero el SWP se apegó a su compromiso verbal ortodoxo de llevar a cabo la revolución norteamericana.

II. LA DISOLUCIÓN DE CONTINUIDAD EN EUROPA

La vulnerabilidad del movimiento trotskista europeo ante el revisionismo giraba eh torno a las debilidades históricas de las organizaciones europeas combinadas con la total destrucción de su continuidad con un periodo previo. Cuando en 1934 Trotsky emprendió la lucha para fundar la Cuarta Internacional, a la clase obrera europea -enfrentada a la decisiva elección entre socialismo o barbarismo- le faltaba una dirección comunista. La tarea frente a los miembros de la Cuarta Internacional estaba clara: movilizar a la clase contra la amenaza del fascismo y de la guerra, amasar los cuadros para el partido revolucionario mundial que defendería él internacionalismo proletario frente a la marcha hacia una Guerra imperialista y la capitulación social-chovinista de la Segunda y la Tercera Internacionales. Pero Trotsky se había dado cuenta de la inmensa dificultad para la vanguardia consciente de marchar adelante en un período de derrota total para la clase y de “la terrible desproporción entre las tareas y los medios” (“Luchando contra la corriente”, abril de 1939). La debilidad del movimiento europeo, fue ejemplificada por la sección francesa, que fue criticada repetidamente por Trotsky y cuya desviación “obrerista” pequeñoburguesa y diletantismo fueron tema de una resolución especial en la conferencia, fundadora de la Cuarta, Internacional en 1938.

La Cuarta Internacional se aparejó para su lucha decisiva contra el fascismo y la guerra – y perdió. Durante el curso de la guerra y las ocupaciones nazis los meros rudimentos de la coordinación internacional, y hasta nacional, fueron destruidos. La Internacional se desintegró en pequeños grupos de militantes que perseguían políticas improvisadas: algunos oportunistas, otros heroicos. Los 65 camaradas franceses y alemanes que fueron fusilados por la Gestapo en julio de 1943 a causa de su fraternización revolucionaria derrotista y la construcción de una célula trotskista en las fuerzas armadas alemanas son un monumento al valor internacional de un movimiento revolucionario débil en lucha contra dificultades insuperables.

Cuadros trotskistas decimados

En agosto de 1943 se intentó el restablecimiento de los, rudimentos de una organización en Europa. El Secretariado Europeo establecido en esta reunión en Bélgica incluyó exactamente un solo miembro superviviente de la dirección de antes de la guerra, y mayormente por la inexistencia de cuadros experimentados fue por lo que surgió a la cabeza de la Internacional Michel Pablo (Raptis), un habilidoso organizador clandestino no precisamente conocido por su habilidad como líder o teórico político. Cuando en junio de 1945 se reunió el Comité Ejecutivo Europeo para preparar la reunión de un congreso mundial, los cuadros dirigentes experimentados y los más prometedores de los jóvenes trotskistas (A. Leon, L. Lesoil, W. Held) habían sido matados por los nazis o la GPU. Se había roto la continuidad del trotskismo en Europa. Este trágico proceso se duplicó en otros sitios con el encarcelamiento y la ejecución eventual de Ta Thu Tau y de los trotskistas vietnamitas, la extinción virtual de los trotskistas chinos y la liquidación de los restantes trotskistas rusos (incluyendo, además de Trotsky, Ignace Reiss, Rudolph Klement, y León Sedov). Los europeos estaban aparentemente tan hambrientos de cuadros dirigentes con experiencia que Pierre Frank (miembro dirigente del grupo Molinier que Trotsky denunció como “centristas desmoralizados” en 1935, y a los que expulsó en 1938 por rehusar romper con la socialdemocracia francesa después de “la vuelta francesa”) pudo tomar la dirección de la sección francesa en la postguerra.

En esta coyuntura crucial la intervención y la dirección de un partido trotskista norteamericano, verdaderamente internacionalista podría haber constituido una gran diferencia. Pero el SWP, que debería haber asumido la dirección en la Internacional a todo lo largo de los años de la guerra, estaba hundido en sus propias preocupaciones nacionales. Cannon hizo notar más tarde que la dirección del SWP había deliberadamente reforzado la autoridad de Pablo, llegando, “hasta minimizar una gran parte de nuestras diferencias” (junio de 1953). La responsabilidad urgente del SWP, que cualesquiera que fueron sus deficiencias era la organización trotskista más fuerte y experimentada, era precisamente hacer lo opuesto.

III. REINSERCIÓN DE LA ORTODOXIA

La tarea inmediata frente a los trotskistas después de la guerra era el reorientar a sus cuadros y reevaluar la situación de la vanguardia y de la clase a la luz de las proyecciones previas. Las esperanzas de los trotskistas de regímenes capitalistas tambaleando en Europa occidental y de la renovación de la lucha de clase violenta en toda Europa, especialmente en Alemania donde el colapso del poder estatal nazi dejó un vacío, habían sido confirmadas. Sin embargo, los reformistas, particularmente los partidos estalinistas, se reforzaron en sus intenciones de contener la agitación espontánea de los obreros. El control de la clase obrera francesa por la CGT pasó de la social democracia (SFIO), que había controlado a la CGT antes de la guerra, a los estalinistas franceses. Así, a pesar del espíritu manifiestamente revolucionaria de la clase obrera europea y las grandes olas de huelgas generales, especialmente en Francia, Bélgica, Grecia e Italia, a todo lo largo de Europa occidental el proletariado no tomó el poder y el aparato estalinista surgió con renovada fuerza y solidez.

La Cuarta Internacional respondió retrocediendo a una ortodoxia estéril y a una negación empecinada a creer que estas luchas habían sido derrotadas para el período inmediato:

“Bajo estas condiciones, derrotas parciales… períodos de retirada temporales… no desmoralizan al proletariado…. La repetida demostración por parte de la burguesía de su inhabilidad para reestabilizar una economía y un régimen político de la más mínima estabilidad ofrece a los obreros nuevas oportunidades de avanzar hacia aún más altos estadías de lucha.”

“El aumento en las filas de las organizaciones tradicionales en Europa, por encima de todos los partidos estalinistas… ha alcanzado su máximo en casi todas partes. La fase de declive ha empezada.”

—Comité Ejecutivo Europeo, abril de 1946

Los críticos oportunistas de derechas en el movimiento trotskista (el IKD alemán, la facción del SWP de Goldman-Morrow) estaban en lo cierto al resaltar el optimismo exagerado de tal análisis y al indicar que las direcciones reformistas tradicionales de la clase obrera son siempre los primeros herederos de una renovación en la combatividad y la lucha. Su “solución” sin embargo, fue el preconizar la limitación del programa trotskista a demandas democrático-burguesas, y tales medidas como el apoyo crítico a la constitución francesa burguesa de la postguerra. Su consejo de llevar a cabo una política de entrada en los partidos reformistas europeos fue rechazada de antemano por la mayoría, que esperaba que los obreros se agrupasen más o menos espontáneamente bajo la bandera trotskista. Esta actitud preparó el camino para una brusca vuelta atrás en la cuestión del entrismo cuando la posición implícita de ignorar la influencia de los reformistas no pudo ser mantenido por más tiempo.

La perspectiva de la Cuarta Internacional en la postguerra inmediata fue resumida por Ernest Germain (Mandel) en un artículo titulado “La primera fase de la revolución europea” (Fourth International, agosto de 1946). El título implicó ya el enfoque: “La revolución” estaba implícitamente redefinida como un proceso metafísico durando continuamente y progresando inevitablemente hacia la victoria, en vez de una confrontación brusca y necesariamente limitada en el tiempo sobre la cuestión del poder estatal, y cuyo resultado dará forma a todo el período siguiente.

Estalinofobia

La capitulación subsiguiente, pablista, hacia el estalinismo fue preparada por la exageración impresionista de su opuesto: estalinofobia. En noviembre de 1947 el Secretariado Internacional de Pablo escribió que la Unión Soviética se había vuelto:

“un estado obrero degenerado hasta el punto en que todas las manifestaciones progresistas de lo que queda de las conquistas de Octubre están más y más neutralizadas por los desastrosos efectos de la dictadura estalinista. “

“Lo que queda de las conquistas de Octubre está perdiendo más y más su valor histórico como una premisa para el desarrollo socialista.”

“… De las fuerzas de ocupación rusas o de los gobiernos pro-estalinistas, que son completamente reaccionarias, no pedimos la expropiación de la burguesía….”

En el seno del SWP, circulaba el rumor de que Cannon estaba flirteando con la caracterización de que la Unión Soviética se había vuelto un estado obrero totalmente degenerado, o sea, un régimen de “capitalismo de estado” – una posición que fue abrazada en breve por Natalia Trotsky.

Sobre la cuestión de la expansión estalinista en Europa oriental, la Cuarta Internacional estaba unida en una ortodoxia simplista. Una discusión extensa de “El Kremlin en Europa oriental” (Fourth International, noviembre de 1946), por E. R. Frank (Bert Cochran) fue agudo en su tono anti-estalinista y tendió hacia una visión de que los países ocupados por el Ejército Rojo iban a ser mantenidos deliberadamente como estados capitalistas. Una polémica contra Shachtman por Germain fechada el 15 de noviembre de 1946 fue aún más categórica: se desecha simplemente como “absurda” la teoría de “la instalación de un estado obrero degenerado en un país sin una revolución proletaria previa”. Y Germain pregunta retóricamente “¿Piensa [Shachtman] realmente que la burocracia estalinista ha conseguido derrotar al capitalismo eh la mitad de nuestro continente?” (Fourth International, febrero de 1947).

El método seguido aquí es el mismo que el que siguió más cínicamente el “Comité Internacional” en años más tarde sobre la cuestión de Cuba (¿Perplejos? ¡Entonces negar la realidad!) con la diferencia de que el carácter de clase de Europa occidental, con instituciones económicas capitalistas, pero con el poder estatal en las manos del ejército de ocupación de un estado obrero degenerado, era mucho más difícil de entender. Los empiricistas y los renegados, por supuesto, no tuvieron ninguna dificultad en caracterizar los estados de Europa oriental:

“Todo el mundo sabe que en los países donde los estalinistas han tomado el poder han procedido, a una u otra velocidad, a establecer exactamente el mismo régimen económico, político y social que existe en Rusia. Todo el mundo sabe que la burguesía ha sido o está siendo rápidamente expropiada, desprovisto de todo su poder económico, y en muchos casos, desprovisto de su existencia mortal… Todo el mundo sabe que los restos que quedan del capitalismo en esos países no serán ni siquiera restos mañana, que la tendencia en su totalidad es a establecer un sistema social idéntico al de la Rusia estalinista.”

—Max Shachtman, “El congreso de la Cuarta Internacional”, New International, octubre de 1948

Por muy penoso que este ridículo ha sido para ellos, sin embargo, los trotskistas ortodoxos estaban atrapados por su análisis porque no podían construir una teoría para explicar la transformación de Europa oriental sin abrazar conclusiones no revolucionarias.

Germain, como le era típica en esos años, al menos planteaba el dilema teórico claramente: ¿es correcto el entendimiento trotskista del estalinismo si el estalinismo se muestra capaz de querer en algunos casos llevar a cabo cualquier suerte de transformación social anticapitalista? Aferrados a la ortodoxia, los trotskistas hablan perdido una comprensión real de la teoría y suprimido una parte del entendimiento dialéctico de Trotsky del estalinismo como una casta parasita y contrarrevolucionaria asentada sobre las ganancias de la Revolución de Octubre, una especie de intermediario traicionero colocado entre el proletariado ruso victorioso y el imperialismo mundial. Habiendo así reducido el materialismo dialéctico a un dogma estático, su desorientación fue completa cuando fue necesario responder la pregunta de Germain de manera afirmativa, y así se preparó el camino para el revisionismo pablista de ocupar el vacío teórico.

La Cuarta Internacional flirtea con Tito

Virtualmente sin excepción la Cuarta Internacional fue desorientada por la revolución yugoeslava. Después de unos 20 años de monolitismo estalinista, los trotskistas estaban quizás poco dispuestos a sondear muy a fondo el partido yugoeslavo antiestalin. Los titoistas yugoeslavos fueron descritos como “camaradas” y “centristas de izquierda”, y Yugoeslavia como “un estado obrero establecido por una revolución proletaria”. En una de varias “cartas abiertas” a Tito, el SWP escribió: “La confianza de las masas en él [‘vuestro partido’] crecerá inmensamente y se volverá la expresión colectiva efectiva de los intereses y los deseos del proletariado de vuestro país.” La revolución yugoeslava planteaba un nuevo problema (más tarde recapitulado por los sucesos chino, cubano, y vietnamita): a diferencia de Europa oriental, donde las transformaciones sociales fueron llevadas a cabo por el ejército de un estado obrero degenerado, la revolución yugoeslava fue claramente una revolución social indígena que, sin la intervención de la clase obrera o la dirección de un partido trotskista, logró establecer un estado obrero (deformado). La Cuarta Internacional evitó el problema teórico llamando a la revolución “proletaria” y a los titoistas “centristas de izquierda”. (El SWP evitó la cuestión de China al rehusar una caracterización sin ambigüedades del régimen maoísta como un estado obrero deformado hasta 1955. Aún en 1954 dos artículos por la tendencia de Phillips, que caracterizaban a China como un capitalismo del estado, fueron publicados en la Fourth Internacionaldel SWP).

Nuevamente se mantiene la ortodoxia pero desprovista de su contenido. El impulso, que había sido resistido hasta que Pablo le dio una expresión consistente, era de que la capacidad de fuerzas no proletarias, no trotskistas a lograr cualquier forma de cambio social robó a la Cuarta Internacional su razón de existir. La distinción cualitativa crucial entre un estado obrero y un estado obrero deformado — grabada con sangre en la necesidad de unarevolución política de abrir la vía al desarrolló socialista y a la extensión de la revolución en el extranjero — habla sido perdida.

IV. EL PABLISMO TRIUNFA

Los cuadros de la Cuarta Internacional de la postguerra, débiles numéricamente, aislados socialmente, teóricamente desarmados y sin experiencia, fueron una presa fácil para la desorientación y la impaciencia en una situación de repetida agitación prerrevolucionaria, cuyo curso no podían influenciar. Empezando al principio de 1951 un nuevo revisionismo, el pablismo, comenzó a hacerse valer, respondiendo a la situación objetiva frustrante al plantear un escape artificial del aislamiento de la Cuarta Internacional del grueso del movimiento de la clase obrera. El pablismo fue la generalización de este impulso en un cuerpo teórico revisionista que ofrecía respuestas impresionistas que eran más consistentes que la ortodoxia unilateral de la Cuarta Internacional en la postguerra inmediata.

Es crucial el no igualar simplemente la debilidad organizacional, la falta de profundas raíces en el proletariado y la incapacidad teórica y desorientación que fueron las precondiciones para la degeneración revisionista de la Cuarta Internacional, con la consolidación y la victoria de este revisionismo. A pesar de graves errores políticos, la Cuarta Internacional en el periodo de la postguerra inmediata era todavía revolucionaria. El SWP y la Internacional se aferraban a una ortodoxia estéril como a un talismán para escudarse de conclusiones no revolucionarias sobre los sucesos mundiales que ya no podían entender. La historia ha demostrado que en momentos cruciales los marxistas revolucionarios han sido capaces de superar una teoría inadecuada: Lenin, antes de abril de 1917, no estaba equipado teóricamente para proyectar una revolución proletaria en un país atrasado como Rusia; Trotsky hasta 1933 había igualado el Termidor ruso con el regreso al capitalismo. El pablismo era algo más que una teoría simétrica falsa, más que simplemente una exagerada reacción impresionista contra la ortodoxia; era una justificación teórica para un impulso no revolucionario basado en un abandono de la perspectiva para la construcción de una vanguardia proletaria en los países avanzados o coloniales.

En enero de 1951 Pablo se aventuró en el reino de la teoría con un documento llamado “¿Adónde vamos?” A pesar de párrafos completos de confusas tonterías y de ampulosidades virtualmente sin sentido, la estructura revisionista en su totalidad aparece claramente:

“La relación de fuerzas en el damero internacional está evolucionando ahora: en desventaja para el imperialismo.”

“Una época de transición entre el capitalismo y el socialismo, una época que ha empezado ya y está bastante avanzada… Esta transformación probablemente requerirá un período completo de varios siglos y mientras tanto será llenada con formas y regímenes transicionales entre el capitalismo y el socialismo y necesariamente se desviarán de formas y normas ‘puras’.”

“El proceso objetivo es, en el análisis final, el único factor determinante, sobrepasando todos los obstáculos de un orden subjetivo.”

“Los partidos comunistas conservan la posibilidad en ciertas circunstancias de delinear burdamente una orientación revolucionaria.”

La elevación de Pablo del “proceso objetivo” hacia “el único factor determinante”, reduciendo el factor subjetivo (la conciencia y la organización del partido de vanguardia) a la categoría de trivial, la discusión de “varios siglos” de “transición” (más tarde caracterizado por los oponentes de Pablo como “siglos de estados obreros deformados”), y la sugerencia de que la dirección revolucionaria podía ser dada por los partidos estalinistas en vez de por la Cuarta Internacional — estamos en presencia de la estructura analítica completa del revisionismo pablista.

En otro documento, “La guerra que viene”, Pablo propuso su política de “entrismo sui generis” (entrismo de estilo propio):

“Para integrarnos en el movimiento de masas real, para trabajar y permanecer en los sindicatos de masas por ejemplo, ‘artimañas’ y ‘capitulaciones’ no son solamente aceptables sino necesarios.”

En esencia, los trotskistas debían abandonar la perspectiva de un entrismo a corto plazo cuyo propósito había sido siempre el de escisionar  las organizaciones obreras, basándose en un programa sólido, como una táctica para construir un partido trotskista. La nueva política entrista provenía directamente del análisis de Pablo. Dado que la afirmación de un cambio en la relación de fuerzas mundiales a favor del avance de la revolución impulsaría a los partidos estalinistas a jugar un papel revolucionario, era lógico que los trotskistas fueran una parte de esos partidos, siguiendo una política que consistiría esencialmente en poner presión sobre el aparato estalinista.

Todo esto debería haber hecho explotar una bomba en las cabezas de los cuadros trotskistas internacionales. ¡Pablo era después de todo la cabeza del Secretariado Internacional, el cuerpo político residente de la Cuarta Internacional! Pero hay poca evidencia siquiera de alarma, de no hablar de la formación de la requerida facción internacional anti-revisionista. Un largo documento por Ernest Germain (“Diez tesis”), y quizás un cierto rumor subterráneo, forzó a Pablo a presentar un intento de ortodoxia sobre la cuestión del “período transicional” pero no se hizo ninguna otra observación literaria del asalto más descarado de Pablo contra el programa del trotskismo.

Germain resiste

En marzo de 1951 Germain publicó sus “Diez tesis”, que era un ataque velado contra “¿Adónde vamos?” pero no atacó a Pablo ni al documento nombrándolos. Germain volvió a establecer el uso marxista del “período transicional” como el periodo entre la victoria de la revolución (la dictadura del proletariado) y el logro del socialismo (la sociedad sin clases). Sin referirse explícitamente a la posición de Pablo, escribió:

“Lo mismo que la burguesía, [el estalinismo] no sobrevivirá a una guerra que será transformada en un surgimiento mundial de la revolución.”

Germain insistió en el carácter contradictorio bonapartista del estalinismo, basado en formas de propiedad proletarias mientras que salvaguarda la posición privilegiada de la burocracia en contra de los obreros. Recalcó que la doble naturaleza de los partidos comunistas de masas fuera de la URSS venía determinada por su base proletaria por un lado, y su peditación a las burocracias estalinistas en poder por otro.

Germain intentó presentar la respuesta ortodoxa al impulso pablista de que la destrucción del capitalismo en Europa oriental, China, y Yugoeslavia sin una dirección trotskista hacía superflua a la Cuarta Internacional. De nuevo, no se refirió a las posiciones que estaba atacando; uno podría pensar que las “Diez tesis” caían simplemente del cielo como un ejercicio teórico interesante, en vez de ser una respuesta al surgimiento de una corriente revisionista, completamente opuesta a la línea de Germain. Al insistir en que un nuevo levantamiento revolucionario mundial no estabilizaría al estalinismo sino que por el contrario sería un peligro mortal para él, escribió:

“Es precisamente porque la nueva ola revolucionaria contiene en embrión la destrucción de los partidos estalinistas como tales por lo que deberíamos estar hoy mucho más cerca de los obreros comunistas. Esta es solamente una fase de nuestra tarea fundamental: construir nuevos partidos revolucionarios….“ [Nuestro subrayado]

“El ‘estar más cerca de los obreros estalinistas’ significa entonces al mismo tiempo el afirmar más que nunca nuestro propio programa y nuestra propia política trotskista.“

Las “Diez tesis” mostraron que todas las ramas del movimiento trotskista eran incapaces todavía de entender realmente la naturaleza de las transformaciones sociales que habían ocurrido en Europa oriental (aunque el análisis de la mayoría del RCP británico de Haston/Grant, tomado prestado por el grupo de Los Angeles del SWP de Vern-Ryan, consiguió el principio -pero solo el principio- de la sabiduría al reconocer que en el período de la postguerra inmediata un examen de las formas de propiedad nativas no sería ni mucho menos suficiente ya que el poder estatal en Europa oriental era un ejército de ocupación extranjero, el Ejército Rojo). En 1951 Germain consideraba todavía el proceso de “asimilación estructural” incompleto (!) y predecía la asimilación de los ejércitos de los estados de Europa oriental al ejército soviético – o sea, que Europa oriental sería simplemente incorporada a la Unión Soviética. Germain sí reconoció que la transformación de Europa oriental destruía el capitalismo pero contenía en ello, aún victoriosa, un obstáculo burocrático decisivo al desarrollo socialista; recalcó que la expansión del modo de producción no capitalista de la URSS “es infinitamente menos importante que la destrucción del movimiento obrero vivo que le ha precedido.“

No se había reconocido un obstáculo inmanente tal con respeto a China y especialmente, Yugoeslavia. Los trotskistas eran incapaces de desasociar el fenómeno del estalinismo de la persona de Stalin; la ruptura de Tito con el Kremlin oscureció cualquier reconocimiento de que Yugoeslavia perseguiría necesariamente una política doméstica y diplomática cualitativamente idéntica para salvaguardar los intereses de su propio régimen nacional burocrático en contra de la clase obrera. Germain, no queriendo admitir que fuerzas estalinistas a la cabeza de masas campesinas pudieran nunca consumar una revolución anticapitalista, llamó a los sucesos en Yugoeslavia y China en sus “Diez tesis” revoluciones proletarias y también propuso que “bajo tales condiciones estos partidos dejan de ser partidos estalinistas en el sentido clásico de la palabra.“

Mientras que Pablo interpretaba estos sucesos como un modelo revolucionario nuevo que hacía invalidas “las formas y normas ‘puras’“ (o sea, la Revolución Rusa), Germain -nuevamente sin referirse a Pablo- recalcó que eran el resultado de circunstancias excepcionales que, en cualquier caso, no se podían aplicar a países industriales avanzados. Contraponía “el frente unido de hecho que existe hoy entre las revoluciones coloniales en Asia y la burocracia soviética, que tiene su origen objetivo en que ambas están amenazadas por el imperialismo…“ con las posibilidades para Europa. Estaba de acuerdo en la predicción de que una tercera guerra mundial inminente entre “el frente unido imperialista por un lado y la URSS, los países buffer y las revoluciones coloniales por el otro” pero en vez de alabarla, la llamaba una guerra contrarrevolucionaria.

El nudo del argumento de Germain era:

“Lo que importa sobre todo en el presente período es dar al proletariado una dirección internacional capaz de coordinar sus fuerzas y de proceder a la victoria mundial del comunismo. La burocracia estalinista, forzada a volverse con una furia ciega contra la primera revolución proletaria victoriosa fuera de la URSS [¡Yugoeslavia!], es incapaz socialmente de llevar a cabo una tarea tal. Aquí yace la misión histórica de nuestro movimiento… reside en la incapacidad del estalinismo de derrotar el capitalismo mundial, una incapacidad enraizada en la naturaleza social de la burocracia soviética.”

Con la ventaja de la visión a posteriori y la experiencia de los pasados 20 años — la naturaleza contrarrevolucionario del estalinismo reafirmado clarísimamente en Hungría en 1956; la Revolución Cubana de 1960 en la cual un nacionalismo pequeñoburgués a la cabeza de guerrilleros campesinos desraizó el capitalismo tan sólo para unirse al aparato estalinista interna e internacionalmente; las políticas consistentemente nacionalistas y estalinistas del PC chino en poder — es fácil reconocer que las “Diez tesis” están equivocadas en sus análisis y predicciones. Lo que es mucho más importante, sin embargo, es el tono no fraccional consistente y deliberado del documento que presagia la negación de Germain de ponerse en el campo anti-pablista. Empeñado en no luchar por una línea correcta en la Cuarta Internacional, la defensa teórica de Germain de la necesidad del trotskismo quería decir muy poco. Esto era simplemente pablismo de segunda mano, la negación del factor subjetivo en el proceso revolucionario.

Tercer Congreso Mundial

El Tercer Congreso Mundial de la Cuarta Internacional tuvo lugar en agosto-septiembre de 1951. El principal informe político intentó distinguir entre los Partidos Comunistas y los partidos “reformistas” sobre la base que solamente las primeras eran contradictorias, y proyectaba que bajo la presión de un fuerte auge del movimiento de masas los PC podrían volverse partidos revolucionarios. La naturaleza oportunista de la versión de Pablo de una táctica de entrismo se reveló claramente por el rechazo del entrismo de principios, cuya finalidad es de polarizar y escisionar: “Las posibilidades de divisiones importantes en los PC… son remplazadas por un movimiento hacia la izquierda en el seno de los PC, entre sus filas.” No se reconoció ninguna deformación decisiva en los estados obreros de Europa oriental y China; así implícitamente el Congreso planteaba solo una diferencia cuantitativa entre la Unión Soviética de Lenin y los estados obreros degenerados y deformados. El informe proyectaba la posibilidad de que Tito pudiera “encabezar un reagrupamiento de las fuerzas revolucionarias independiente del capitalismo y del Kremlin… que jugaría un papel importante en la formación de una nueva dirección revolucionaria.” No se mencionaba para nada la perspectiva de la revolución permanente para los países coloniales. La comisión austriaca elaboró sobre la aplicación de la política de Pablo de “entrismo sui generis”:

“La actividad de nuestros miembros en el PS será gobernada por las siguientes directivas: A. No ofrecerse como trotskistas con nuestro programa total. B. No presentar cuestiones programáticas y de principios…. “

Ni la mayor cantidad posible de ortodoxia verbal en las resoluciones podría haber oscurecido durante más tiempo la vista de aquellos que querían ver.

El Parti Communiste Internationaliste de Francia sometió las “Diez tesis” de Germain a voto: (después de que Germain mismo había aparentemente decidido no hacerlo) y propuso enmiendas al documento principal. No se votó las “Diez tesis” o las enmiendas francesas. El PCI votó en contra de la adopción de la línea general del documento principal; fue la única sección que lo hizo.

En los meses que siguieron, la línea pablista fue elaborada en la manera revelada ya antes y durante el Tercer Congreso Mundial:

“Estamos entrando [los partidos estalinistas] para quedarnos en ellos durante mucho tiempo contando con la grande posibilidad de ver a estos partidos, bajo nuevas condiciones [“un período prerrevolucionario generalmente irreversible”], desarrollar tendencias centristas que estarán a la cabeza de un estadio completo de radicalización de las masas y de los procesos revolucionarios objetivos… “

—Pablo, “Informe al décimo pleno del Comité Ejecutivo Internacional”, febrero de 1952

“Atrapados entre la amenaza imperialista y la revolución colonial, la burocracia soviética se encontró a si misma obligada a aliarse con la segunda contra la primera… La desintegración del estalinismo en estos partidos no deberla ser entendida… como una desintegración organizacional… o como una ruptura pública con el Kremlin sino como una transformación interna progresiva.”

—“El ascenso y la decadencia del estalinismo”, Secretariado Internacional, septiembre de 1953

V. LOS ANTI-PABLISTAS

Con la capitulación de Germain, cuyo papel en los conflictos preliminares sobre las políticas pablistas es ambiguo pero en quien los franceses parecen haber puesto una cierta confianza, la tarea de luchar contra el pablismo recayó en la mayoría del PCI francés de Bleibtreu-Lambert y en el SWP norteamericano. A pesar de que existe una considerable mitología que mantiene lo contrario, tanto el PCI como el SWP vacilaron cuando el revisionismo se manifestó a la cabeza de la Cuarta Internacional, poniendo obstáculos sólo a una aplicación a sus propias secciones. Ambos grupos se comprometieron por su inquieta conformidad (combinada, en el caso del PCI, con resistencia esporádica) a sostener la política de Pablo hasta que las consecuencias organizacionales suicidas para sus secciones necesitaron de rudas peleas. Ambos abdicaron la responsabilidad de llevar la lucha contra el revisionismo a todos y cada uno de los grupos y secciones de la Cuarta Internacional, y ambos se retiraron de la lucha por medio de la fundación del “Comité Internacional” basado en “los principios del trotskismo ortodoxo”. El Comité Internacional desde su mismo comienzo era sólo el esqueleto de una tendencia internacional consistiendo de aquellos grupos que ya habían tenido escisiones entre las ramas pablistas y ortodoxas.

El PCI lucha en contra de Pablo

La mayoría del PCI, después de haber sido intervenida por el Secretariado Internacional (que había instalado a la minoría leal a Pablo conducida por Mestre y Frank como dirección de la sección francesa), ¡continuó afirmando su conformidad con la línea del Tercer Congreso Mundial, argumentando que Pablo y el SI y CEI estaban violando sus decisiones! Según los franceses, el pablismo “utiliza las confusiones y contradicciones del Congreso Mundial -donde no se pudo imponer- para hacerse valer después del Congreso Mundial” (“Declaración de la tendencia Bleibtreu-Lambert sobre los acuerdos concluidos en el CEI”, sin fecha, marzo o abril de 1952).

Una importante carta fechada el 16 de febrero de 1952 de Renard en nombre de la mayoría del PCI a Cannon apelaba al SWP. La carta de Renard afirmaba su conformidad con el Tercer Congreso Mundial, incluyendo su comisión francesa, y oponía el Congreso Mundial supuestamente no pablista (citando vagas trivialidades para demostrar su impulso presumiblemente ortodoxo) a las acciones subsiguientes de Pablo y a la línea en el CEI y SI. Renard afirmaba que “el pablismo no triunfó en el Tercer Congreso Mundial.” (¡Astutamente no intentó explicar por qué su organización votó en contra de los principales documentos del Congreso!) El argumento principal de la carta es una apelación en contra de la intervención de la dirección internacional pablista en la sección nacional francesa.

La respuesta de Cannon del 29 de mayo acusaba a la mayoría del PCI de oportunismo estalinofóbico en el movimiento sindical (un bloque con los anticomunistas progresistas en contra del PC) y negaba la existencia de una cosa tal como el pablismo.

La mayoría del PCI mostró un claro entendimiento de las implicaciones del entrismo pablista. En una polémica contra el teórico de la minoría Mestre la mayoría había escrito:

“Si estas ideas son correctas dejémonos de cachoras sobre la táctica del entrismo, hasta del entrismo sui generis, y planteemos claramente nuestras nuevas tareas: las de una tendencia más consistente, ni siquiera una oposición de izquierdas… cuyo papel es ayudar al estalinismo a vencer sus dudas y poner bajo las mejores condiciones posibles el enfrentamiento decisivo con la burguesía… Si el estalinismo ha cambiado… [quiere decir] que ya no refleja los intereses particulares de una casta burocrática cuya existencia misma depende del equilibrio inestable entre las clases, que ya no es bonapartista, sino que refleja solamente… la defensa de un estado obrero. El admitir que una transformación tal se pudiera producir sin la intervención del proletariado soviético… sino por el contrario por una evolución de la burocracia misma… nos llevaría no solamente a corregir el Programa de Transición [sino también] todas las obras de León Trotsky desde 1923 y la fundación de la Cuarta Internacional.“

—”Primeras indicaciones de zigzag”, Boletín Interno del PCI No. 2, febrero de 1952

Pero la mayoría del PCI, como el SWP, demostró una falta de internacionalismo concreto cuando se enfrentó con la posibilidad de llevar a cabo por si solo la lucha contra el pablismo.

El 3 de junio de 1952 la mayoría del PCI pidió el reconocimiento de dos secciones francesas de la Cuarta Internacional, permitiendo así la mayoría del PCI el llevar a cabo su propia política en Francia. Esto era una violación clara de los estatutos de fundación de la Cuarta Internacional y suponía la liquidación de la Internacionalcomo un organismo mundial disciplinado. Lo que era necesario era una lucha fraccional internacional sobre la línea política de la Cuarta Internacional. Pero la mayoría del PCI no estaba dispuesta a subordinar su trabajo en Francia a la lucha crucial a favor de la legitimidad y continuidad de la Cuarta Internacional. La negación de Pablo a esta demanda condujo directamente a la escisión de la mayoría del PCI.

El SWP entra la lucha

El SWP se unió a la lucha contra el revisionismo sólo cuando una tendencia pablista, el grupo de Clarke en la facción de Cochran-Clarke, hizo su aparición en el seno del partido norteamericano. En su respuesta a Renard con fecha del 29 de mayo de 1952 Cannon había dicho:

“No vemos [‘ningún tipo de tendencia pro-estalinista’], en la dirección internacional de la Cuarta Internacional, ni ningún signo o síntoma de ello. No vemos ningún revisionismo [en los documentos]… consideramos estos documentos como completamente trotskistas… Es la opinión unánime de los dirigentes en el SWP que los autores de estos documentos han hecho un gran servicio al movimiento.”

La historia de que el SWP había preparado algunas enmiendas a los documentos del Tercer Congreso Mundial que Clarke (el representante del SWP a la Internacional) había quemado en vez de presentarlos es posiblemente verdad pero no muy significativa, dado que Cannon declaró su lealtad política a Pablo en el momento crucial y rehusó solidarizarse con la mayoría anti-pablista del PCI.

En contra del consejo de Cochran-Clarke de orientarse hacia los compañeros de viaje del PC, la mayoría del SWP afirmó su apoyo general a la táctica pablista de entrismo en los PC pero insistía en una especie de excepcionalismo norteamericano, oponiendo los partidos de masas europeos al patético ambiente del PC norteamericano, sin base obrera y poblado de incapaces intelectuales de tercer grado.

En respuesta a la amenaza de Cochran-Clarke, Cannon se dispuso a formar una fracción en el SWP ayudado por la dirección local de Weiss en Los Angeles. Cannon buscaba el alinear los viejos cuadros del partido alrededor de la cuestión de conciliación con el estalinismo y apeló a los sindicalistas del partido como Dunne y Swabeck haciendo una analogía entre la necesidad de una lucha fraccional en el seno del partido y la lucha en el seno da la clase contra los reformistas y vendidos como procesos paralelos de lucha fraccional contra una ideología ajena. Dijo al pleno del SWP de mayo de 1953:

“Durante el curso del año pasado, tuve serias dudas de la habilidad del SWP para sobrevivir…. Pensé que nuestro esfuerzo de 25 años… había terminado en un fallo catastrófico, y que, una vez más, un pequeño puñado tendría que recoger los trozos y empezar de nuevo a construir los nuevos cuadros de otro partido sobre los viejos fundamentos.”

—Discurso final, 30 de mayo

Pero Cannon eligió otro camino. En vez de perseverar en la lucha adondequiera que ésta le condujera, Cannon formó un bloque con el aparato de Dobbs-Kerry-Hanson frente a las implicaciones organizacionalmente liquidacionistas de la línea de Cochran-Clarke. En pago por su apoyo Cannon prometió a la administración rutinaria y conservadora de Dobbs el control del SWP sin más injerencias por su parte (“un nuevo régimen en el partido”).

La respuesta del SWP al encontrar la disputa de la Internacional reflejándose dentro de la sección norteamericana fue el profundizar su aislacionismo hacia un virulento anti-internacionalismo. El discurso de Cannon a la reunión de la mayoría del SWP el 18 de mayo de 1953 afirmaba “No nos consideramos una sucursal norteamericana de un negocio internacional que recibe órdenes del jefe” y aplaudía la discusión en la que “formaríamos, si fuera posible [!], una línea común”. Cannon negó la legitimidad de la dirección internacional y se refirió a “una cuanta gente en Paris”. Contrastó la Cuarta Internacional con el Comintern de Lenin, que tuvo poder estatal y una dirección cuya autoridad era reconocida ampliamente, y así negaba que la Cuarta Internacional contemporánea podía ser un organismo democrático centralista.

Cannon se opuso con retraso a la conducta de Pablo en contra de la mayoría francesa, pero sólo sobre la cuestión organizativa, de acuerdo con la proposición de que la dirección de la Internacional no debería intervenir en los asuntos de las secciones nacionales. Escribió:

“…nos quedamos sin habla ante las tácticas usadas en el reciente conflicto y escisión en Francia, y ante el precedente organizacional inconcebible que ahí se estableció. Esta es la razón por la que he demorado mi respuesta a Renard durante tanto tiempo. Quería ayudar al SI públicamente, pero no veía como podía apoyar los pasos organizacionales tomados en contra de la mayoría de una dirección elegida. Finalmente resolví el problema simplemente ignorando esa parte de la carta de Renard.“

—”Carta Tom”, 4 de junio de 1953

La “Carta a Tom” también reiteraba la posición de que el Tercer Congreso Mundial no era revisionista. Los defectos cruciales en la lucha antipablista del PCI y SWP fueron debidamente utilizados por los pablistas. El 14º pleno del CEI criticó a Cannon por su concepto de la Internacional como “una unión federativa”. Apuntó que el SWP no se había opuesto nunca a la política de entrismo pablista en principio y acusaba al SWP-PCI de un bloque sin principios políticos sobre China. Aprovechándose de la ortodoxia unilateral del SWP (la defensa de Hansen de una formulación de un miembro de la mayoría del SWP de que el estalinismo era “contrarrevolucionario de punto a cabo” – ¡una caracterización que sólo le tiene bien a la CIA!) los pablistas fueron capaces de vestir su liquidación del programa trotskista independiente con el manto de piadosas reafirmaciones de las contradicciones del estalinismo como una casta contrarrevolucionaria que descansa sobre formas de propiedad establecidas por la Revolución de Octubre.

Formación del CI

Después de la escisión de Cochran-Clarke, el SWP rompió de súbito públicamente con Pablo. El 16 de noviembre de 1953 el Militant publicaba “Una carta a los trotskistas en todo el mundo” que denunciaba a Cochran-Clarke y a Pablo y se solidarizaba con retraso con la mayoría del PCI “injustamente expulsada”. La previa caracterización del SWP del Tercer Congreso Mundial como “completamente trotskista” necesitaba del intento en esta llamada “carta abierta”, de localizar en el tiempo del surgimiento del pablismo después del Congreso, lo que condenaba al SWP a presentar un caso poco convincente apoyándose fundamentalmente en uno o dos panfletos de la minoría pablista francesa de 1952. Aproximadamente en esa misma época el SWP imprimió su documento “Contra el revisionismo pablista” con fecha de noviembre de 1953, que contenía un análisis más competente de la acomodación liquidacionista de Pablo al estalinismo:

“EI concepto de que un Partido Comunista de masas tomará el camino hacia el poder, necesitando solamente una presión suficiente de las masas, es falso. Le pasa la responsabilidad de las derrotas revolucionarias de la dirección a las masas…“

“La clase obrera se transforma [según las teorías de Pablo] en un grupo de presión y los trotskistas en un agrupamiento de presión a su lado que empuja a una sección de la burocracia hacia la revolución. De esta manera, la burocracia, de ser un dique y una traición a la revolución, se transforma en una fuerza motora auxiliar de ella.”

En 1954 se formó el “Comité Internacional”. Incluía a la mayoría del PCI francés, al SWP norteamericano (fraternal) y el grupo de Healy (Burns) en Inglaterra. El último, no jugó ningún papel significativo u independiente en la lucha contra el revisionismo. La escisión de Healy-Lawrence del Revolutionary Communist Party que se estaba desintegrando después de la guerra, impulsado por la perspectiva dela facción de Healy-Lawrence de entrismo profundo en el Partido Laboral británico, había sido respaldado por el Secretariado Internacional de Pablo, que reconocía dos secciones en Inglaterra y les daba igual representación en el CEI. Healy era el “hombre” de Cannon en Inglaterra y el SWP les había apoyado consistentemente en sus disputas con el RCP. Cuando el SWP se separó de Pablo, la facción Healy-Lawrence se escisionó, Healy se alineó con el SWP y Lawrence con Pablo (Lawrence más tarde pasó al estalinismo así como Mestre de la minoría del PCI). A pesar de ser parte del nuevo bloque internacional antipablista, el grupo de Healy continuó su oportunismo archipablista hacia el Partido Laboral. No tuvo ningún peso en el bloque del Comité Internacional, hasta que reclutó una capa impresionante de intelectuales y miembros del PC en los sindicatos (muchos de los cuales perdió más, tarde) después de la Revolución Húngara en 1956 y esto le hizo considerablemente más importante en la izquierda británica.

El Comité Internacional también pretendía tener la adhesión de la sección china (emigrados) que ya había sufrido una división, y de la pequeña sección suiza.

El Comité Internacional consiguió imprimir un par de boletines internos al principio de 1954 pero nunca se reunió como un verdadero organismo internacional, ni se eligió nunca una dirección centralizada. La táctica adoptada por el SWP era la de boicotear el Cuatro Congreso Mundial, aludiendo que era simplemente una reunión de la facción de Pablo, que no tenía ninguna legitimidad como representante de la Cuarta Internacional.

El movimiento mundial pagó un alto precio por esta evasión. Citemos solo un ejemplo: Ceilán. El LSSP ceilanés adoptó una posición no fraccional sobre el pablismo, apelando al SWP para que no se separase y participara en el cuarto Congreso. Se debería haber empujado a los pasivos ceilaneses llenos de dudas, forzando una polarización, forjando en la lucha a duros cuadros. En vez de ello, los ceilaneses fueron arrastrados hacia Pablo. Unos siete años más tarde, la reputación revolucionaria del trotskismo fue mancillada a los ojos de militantes en todo el mundo por la entrada del LSSP en el gobierno de coalición burgués de Ceilán, precipitando una escisión en el último minuto por la dirección pablista internacional. Si se hubiera llevada a cabo una dura lucha anti-revisionista con sólidos principios en la sección de Ceilán de 1953, sé hubiera podido crear entonces una sólida organización revolucionaria, que podría haber reclamado para si independientemente la continuidad del trotskismo impidiendo la asociación del nombre de trotskismo con la traición fundamental del LSSP.

Así la lucha anti-revisionista fue deliberadamente no llevada al movimiento mundial -el Comité Internacional consistiendo principalmente de aquellos grupos que ya habían tenido sus escisiones en torno a la aplicación de la política de Pablo en sus propios países- y la lucha para derrotar el revisionismo y reconstruir la Cuarta Internacional sobre la base de un trotskismo auténtico fue abortada.

Del flirteo a la consumación

En 1957 el Secretariado Internacional de Pablo y el SWP flirtearon con una posible reunificación (la correspondencia de Hansen-Kolpe). La base en ese momento fue una ortodoxia formal – la similitud de línea entre el SI y el SWP en respuesta a la Revolución Húngara de 1956. El SWP, esperando quizás ingenuamente una repetición de la posición de Clarke en 1953 sobre la posibilidad de una autoliquidación de las burocracias estalinistas, tendió a aceptar las conclusiones formalmente trotskistas del SI, sobre Hungría, como si fueron buena moneda. Estas primeras proposiciones de reunificación se desvanecieron en la nada debido a la oposición de los grupos del Comité Internacional ingleses y franceses así como a las sospechas de Cannon de que Pablo estaba maniobrando. Se habla planteado el problema de una manera defectuosa — simplemente como un acuerdo empírico aparente sin examinar las pasadas diferencias y la dirección presente.

Cuando la cuestión de la reunificación, que se habría de consumar en 1963 con la formación del Secretariado Unificado, salió a relucir de nuevo, el terreno político en su totalidad había cambiado. El SI y el SWP se encontraron con que estaban de acuerdo sobre Cuba. Pero la base ya no era una convergencia aparente hacia la ortodoxia, sino el abandono por parte del SWP del trotskismo para abrazar al revisionismo pablista (el cual el SWP, en su línea de colaboración de clases sobre la guerra de Vietnam, ha transcendido ahora en su camino hacia un reformismo descarado).

La base para la reunificación de 1963 fue un documento titulado “Hacia la pronta reunificación del movimiento trotskista mundial — Declaración del Comité Político del SWP”, 1 de marzo de 1963. La clave de la nueva línea era la sección 13:

“En el camino de una revolución que empieza con simples demandas democráticas y termina con la ruptura de las relaciones de propiedad capitalistas, la guerra de guerrillas conducida por campesinos sin tierras y fuerzas semi-proletarias, bajo una dirección que se ve forzada a llevar a cabo la revolución hasta su conclusión, puede jugar un papel decisivo en socavar y precipitar la caída de un poder colonial y semicolonial. Esta es una de las lecciones principales que se deben sacar de la experiencia desde la Segunda Guerra Mundial. Debe ser incorporada conscientemente a la estrategia de la construcción de partidos marxistas revolucionarios en los países coloniales.”

En el documento “Hacia el renacimiento de la Cuarta Internacional”, 12 de junio de 1963, la tendencia espartaquista contraponía:

“La experiencia desde la Segunda Guerra Mundial ha demostrado que la guerra de guerrillas basada en los campesinos bajo una dirección pequeñoburguesa no puede por sí sola llegar más allá de un régimen burocrático anti-obrero. La creación de estos regímenes ha ocurrido bajo las condiciones de la decadencia del imperialismo, la desmoralización y desorientación causadas por la traición estalinista, y la ausencia de una dirección revolucionaria marxista de la clase obrera. La revolución colonial puede tener un signo inequívocamente progresista sólo bajo tal dirección del proletariado revolucionario. Para los trotskistas el incorporar a su estrategia el revisionismo sobre la cuestión de la dirección proletaria de la revolución es una profunda negación del marxismo-leninismo, cualquiera que sea el beato deseo expresado al mismo tiempo de ‘construir partidos marxistas revolucionarios en los países coloniales’. Los marxistas deben oponerse resueltamente a cualquier aceptación aventurera de la vía al socialismo a través de la guerra de guerrillas campesina, análoga históricamente al programa táctico social-revolucionario contra el que luchó Lenin. Esta alternativa sería un curso suicida para los fines socialistas del movimiento, y quizá físicamente para los mismos aventureros.”

Irónicamente, la continua evolución hacia la derecha del SWP le lleva a repudiar ahora la línea básica de la sección 13, pero desde la derecha. La, preconización por parte del SU de lucha armada pequeñoburguesa es demasiado aventurista para el legalista SWP que pretende volverse el partido de masas del reformismo norteamericano.

Spartacist y la Cuarta Internacional

En su lucha por fundar la Cuarta Internacional, Trotsky subrayó repetidamente la imperiosa necesidad de una organización revolucionaria sobre una base internacional. El aislamiento nacional prolongado dentro de un país debe finalmente desorientar, deformar y destruir cualquier grupo revolucionario por muy firme que sea subjetivamente. Sólo una colaboración internacional disciplinada y con principios puede proveer un equilibrio a las fuertes presiones hacia la insularidad y el social-chovinismo generadas por la burguesía y sus agentes ideológicos en el seno del movimiento obrero. Como Trotsky reconoció, aquellos que niegan la necesidad de un partido mundial centralista democrático fundado programáticamente niegan el mismo concepto leninista del partido de vanguardia. La destrucción de la Cuarta Internacional para el revisionismo pablista, en paralelo con la fractura organizacional en numerosos bloques internacionales competidores, necesita de una lucha sin cuartel por su renacimiento.

En los 10 años de nuestra historia, la tendencia espartaquista se ha enfrentado y ha resistido presiones objetivas importantes hacia el abandono de una perspectiva internacionalista: cortada la posibilidad de lazos internacionales disciplinados como resultado del sectarismo organizativo y la degeneración política subsiguiente del Comité Internacional de Gerry Healy, la Spartacist League ha rehusado consentir pasivamente al aislamiento nacional que nos había sido impuesto. Hemos rechazado enfáticamente el “internacionalismo” postizo que conseguía conexiones internacionales al precio de un pacto de no agresión federalista renunciando así de antemano a la lucha por una organización internacional disciplinada. Hemos buscado el desarrollar lazos fraternales con grupos en otros países como parte de un proceso de clarificación y polarización. Nuestra meta es la cristalización de una coherente tendencia internacional democrática centralista basada en la unidad de principios programáticos, el embrión de una Cuarta Internacional renacida.

El actual quebrantamiento de los diversos bloques “trotskistas” internacionales provee ahora una mejor oportunidad para la intervención de la tendencia espartaquista en el movimiento mundial. Nuestra historia y nuestro programa pueden servir como guía para corrientes que ahora están en movimiento hacia un trotskismo auténtico, porque a pesar del aislamiento nacional involuntario durante un cierto tiempo, mantuvimos nuestra determinación internacionalista y continuamos nuestra lucha de principios contra el revisionismo.

El destrozo de las pretensiones de los revisionistas y centristas a una organización internacional — la revelación de que el Secretariado Unificado, el Comité Internacional, etc., no han sido más que unos bloques federados podridos — combinado con el renacimiento mundial de la combatividad proletaria en el contexto de la agudización de la rivalidad interimperialista y la intensificación de la profunda crisis capitalista, nos provee con una oportunidad objetiva sin precedentes para la cristalización y el desarrollo de la tendencia espartaquista internacionalmente. Al tiempo que los cadáveres políticos de los bloques revisionistas continúan corrompiéndose, la Cuarta Internacional, el partido mundial de la revolución socialista, debe renacer.

¡POR EL RENACIMIENTO DE LA CUARTA INTERNACIONAL!

Detrás del enfrentamiento Tito-Stalin

Detrás del enfrentamiento Tito-Stalin

por Jock Haston y Ted Grant

[Copiado de OBRAS COMPLETAS DE TED GRANT · VOLUMEN I. Impreso por primera vez en Socialist Appeal, Julio 1948.]

La expulsión del Partido Comunista Yugoslavo de la Kominform y la brecha abierta entre Moscú y Belgrado han provocado una viva discusión en las filas de la clase obrera. ¿Qué hay detrás de estos acontecimientos? Ésa es la pregunta que todo el mundo se está haciendo. Sólo los políticamente infantiles pueden aceptar como base de la disputa la declaración publicada por la Kominform.

Cualquiera que sea la respuesta, sin embargo, debe tener una tremenda importancia para que los estalinistas provoquen esta brecha que supone un revés político y diplomático considerable. Indudablemente este conflicto tendrá enormes repercusiones en los partidos comunistas de todo el mundo y marca una nueva etapa en el desarrollo del estalinismo internacional, que debe ser seguida de cerca por todos los trabajadores militantes y revolucionarios.

La lucha se debe haber estado desarrollando desde hace tiempo entre bastidores. Moscú la habría hecho pública al no conseguir el control del Partido Comunista Yugoslavo, cuando la policía secreta rusa, la MVD, sufrió una derrota decisiva en Yugoslavia; cuando se consideraba que ya no era posible ganar ni a Tito ni a sus seguidores; y probablemente, cuando Tito estaba ganando apoyo para su política contra Moscú entre los demás partidos comunistas balcánicos. Éste último es posiblemente el factor que más ha contribuido a despertar el odio y el temor de Moscú.

Las verdaderas razones de la disputa aparecen de forma encubierta pero lo que parece estar en litigio es la exigencia de la burocracia rusa de Moscú de controlar absoluta y completamente a los demás Estados satélites, incluso en los detalles más pequeños de su política interna, y la hostilidad y oposición de Tito a la completa subyugación a Rusia.

La evolución de la política rusa hacia los Estados satélites se enfrentará, en el próximo período, a dos posibilidades.

La primera es incorporar abiertamente a estos Estados a la URSS, como una forma de asegurar el control completo e incuestionable; la segunda es aceptar la independencia nominal de estos Estados pero intentar organizar sus regímenes internos y sus relaciones entre sí para asegurar que el verdadero control se centralice en Moscú.

La primera política tiene desventajas considerables porque violaría las aspiraciones nacionales de la población de los Estados fronterizos y se encontraría con una amplia oposición, no sólo de las masas, sino incluso de las filas de los propios partidos comunistas. Sólo se podría poner en práctica después de una larga preparación y después de que los estalinistas rusos asegurasen al cien por cien el dominio central y local. Llevarla a cabo recurriendo a cualquier medida de fuerza provocaría la hostilidad de toda la clase obrera europea.

EL CHOVINISMO GRAN RUSO DE STALIN

La segunda política no garantizaría la subyugación total y el control de los Estados fronterizos pero tiene ciertas ventajas en el hecho de que el control real estaría en Moscú, mientras que la independencia nominal de estos países podría suponer una ventaja diplomática y económica: se podría evitar que la federación de Estados fronterizos fortaleciera su relativa independencia respecto a Moscú.

Toda la historia del estalinismo —del chovinismo gran ruso—, y especialmentelos conflictos políticos más recientes, indican que Stalin lucharán con todas las armas a su alcance para evitar la creación de grupos de Estados independientes en los países de Europa del Este.

La clave del conflicto se encuentra en la reiterada demanda de Tito de una Federación de Bulgaria, Albania y Yugoslavia, y su conocida ambición de una federación de países balcánicos. La importancia de esta política como objeto en disputa se observa en el hecho de que el Partido Comunista Yugoslavo haya reafirmado su política sobre una federación balcánica inmediatamente después de su expulsión. Debemos recordar que Dimitrov2 recibió hace poco un rapapolvo de Moscú por defender la federación. En una federación de estos tres países Yugoslavia, obviamente, jugaría el papel dominante.

En el momento actual, esta federación sin duda fortalecería a los partidos comunistas de estos países y a sus Estados frente al dominio de Moscú. Es por tanto una política que Moscú combatirá con todos los medios a su alcance hasta y a menos que se asegure el control absoluto a través de sus títeres.

La declaración de la Kominform, publicada en el Daily Worker del 30 de junio, dice lo siguiente:

“La dirección del Partido Comunista Yugoslavo está aplicando una política poco amistosa hacia la Unión Soviética y el Partido Comunista de toda la Unión. En Yugoslavia se ha consentido una política indigna de desprecio hacia los expertos militares soviéticos y descrédito hacia el Ejército Soviético. Los especialistas civiles soviéticos en Yugoslavia han estado sometidos a un régimen especial y eran seguidos y vigilados por los órganos de seguridad del Estado. El representante del Partido Comunista de toda la Unión (bolcheviques) en la Oficina de Información, el camarada Yudin, y varios representantes oficiales de la Unión Soviética en Yugoslavia fueron sometidos a esa misma vigilancia y supervisión por parte de los órganos de seguridad del Estado de Yugoslavia.

Todos estos hechos similares demuestran que los dirigentes del Partido Comunista Yugoslavo han adoptado una actitud indigna de los comunistas al identificar la política exterior de la URSS con la política exterior de las potencias imperialistas y comportarse con la ésta del mismo modo que se comportaba con los Estados burgueses. Precisamente como consecuencia de esa actitud antisoviética, la campaña de calumnias —tomada prestada del arsenal del trotskismo contrarrevolucionario— sobre la degeneración del Partido Comunista de toda la Unión, sobre la degeneración de la Unión Soviética y otras cosas por el estilo, se ha convertido en algo habitual en el Comité Central del Partido Comunista de Yugoslavia”.

El mismo número del Daily Worker cita la respuesta de Tito y compañía a la acusación de que los “especialistas” rusos eran vigilados: “Es absolutamente mentira… es absolutamente mentira que se esté siguiendo a alguien. Desde la liberación hasta el día de hoy, todos los miembros del partido han cooperado plenamente con los ciudadanos soviéticos”

El Daily Worker no terminaba la cita, lo que supone un intento deliberado de manipular la información proporcionada a sus lectores y demuestra que sus directores no estaban dispuestos a exponer el caso yugoslavo con justicia y objetividad. En el conflicto ya se habían posicionado como simples gacetilleros de los rusos. La declaración del Partido Comunista Yugoslavo continuaba: “Todo lo contrario, es absolutamente cierto, como señalamos en nuestra carta del 13 de abril, que desde el momento de la liberación hasta el día hoy, los miembros del servicio de inteligencia ruso han intentado reclutar yugoslavos sin ningún miramiento”. Dejemos que los directores del Daily Workers expliquen a sus lectores la omisión de esta parte fundamental de la respuesta de su partido hermano.

El hecho es que los especialistas “civiles” y militares estalinistas en Yugoslavia, como en los demás países satélites, tienen, o pretenden tener, derechos extraterritoriales. El aparato de la MVD se creó para garantizar la puesta en práctica de las políticas rusas y la eliminación de los elementos antiestalinistas pero parece que Tito no estaba dispuesto a dar libertad a Stalin para que crear un aparato policial y militar independiente que pudiera ser utilizado contra él mismo y contra los demás miembros del Partido Comunista Yugoslavo partidarios de lograr una mayor independencia de Moscú.

El Daily Worker es responsable además de otra distorsión. Al publicar las protestas de Tito contra la acusación de que en el Partido Comunista yugoslavo no se habían celebrado elecciones, se negaron a publicar la respuesta de que el partido de Stalin no era mejor. “En cuanto al hecho de que en algunas secciones no haya habido elecciones, éste sólo ha estado motivado por las condiciones en tiempos de guerra. A muchos partidos, incluido el Partido Bolchevique Ruso, les ha sucedido lo mismo”.

Las protestas recogidas en la declaración de la Kominform sobre la vigilancia de los “especialistas” rusos y la exigencia de democracia en el PC yugoslavo indican que la policía secreta estalinista ha sido derrotada.

Los pupilos yugoslavos parecen haber aprendido muy bien de su maestro ruso. En primer lugar consiguieron expulsar del partido a los secuaces de Stalin. No se puede descartar que la reciente ejecución de miembros de la dirección del Partido Comunista Yugoslavo, acusados de ser “agentes británicos”, sea otro ejemplo de los métodos empleados por los estalinistas para eliminar a los oponentes políticos. Una pequeña versión balcánica de los Juicios de Moscú.

La declaración de la Kominform de que los “dirigentes yugoslavos empiezan a identificar la política exterior de la URSS con la política exterior de las potencias imperialistas…”. es una evidencia clara de que los yugoslavos se oponían a las demandas de los rusos, a las que consideraban una violación de los intereses y aspiraciones nacionales yugoslavas.

LENIN SE OPONÍA A STALIN EN LA CUESTIÓN NACIONAL

La tendencia de Stalin hacia el chovinismo gran ruso no es nada nuevo. Se ha creado para sí la reputación de mayor “autoridad leninista” en la cuestión nacional. En realidad, una de las últimas luchas que dirigió Lenin contra Stalin antes de morir fue precisamente la oposición a su la política burocrática hacia las minorías nacionales. Pero esto, lo mismo que la última carta de Lenin al Partido Bolchevique exigiendo la destitución de Stalin del puesto de secretario general del partido, se le ha ocultado a bases comunistas hasta el día de hoy. Esta tendencia contra la que luchó Lenin se intensificó después de su muerte, cuando Stalin consiguió usurpar todo el control. Durante las grandes purgas, todos los gobiernos de las repúblicas nacionales fueron ejecutados y masacrados como parte de la política de opresión nacional de Stalin. Tito parece haber aprendido algunas lecciones de las purgas.

Si los dirigentes del partido yugoslavo realmente han criticado a Moscú, como dice la declaración de la Kominform, con argumentos “prestados del arsenal del trotskismo contrarrevolucionario” sobre la degeneración del Partido Comunista de todas las Naciones, la degeneración de la Unión Soviética, etcétera…”, sólo cabe esperar que penetre algo de luz en las filas del Partido Comunista Yugoslavo. Una cosa sí sabemos: Tito no es ningún trotskista. Organizativa e ideológicamente, es un enemigo del trotskismo y en el período de liberación de Yugoslavia fue responsable de la aniquilación física de los “trotskistas”.

Si la presión no surte efecto y Tito se niega a capitular, Stalin puede verse obligado a llegar a algún acuerdo.

Incluso ahora, lejos de atacar los verdaderos crímenes de la burocracia estalinista, parece que Tito intentará llegar a algún compromiso. La experiencia enseña que Stalin no se detendrá ante nada para acabar con la oposición a la que ahora se enfrenta en Yugoslavia. El monstruoso aparato de la propaganda rusa se volverá en contra de los dirigentes del régimen yugoslavo. Los miserables gacetilleros estalinistas de este país, que hasta ayer mismo ensalzaban a Yugoslavia, a Tito y a sus conquistas, volverán sus plumas contra el régimen para minarlo y denigrar a sus dirigentes.

Por primera vez, y sólo para desacreditar al disidente Tito y a su régimen, los estalinistas dejan escapar ahora algunas verdades. Las críticas que los trotskistas han hecho al régimen de Yugoslavia ¡ahora son defendidas por los propios estalinistas! La declaración de la Kominform dice lo siguiente:

“Dentro de Yugoslavia el partido no tiene ninguna democracia interna, no se celebran elecciones, no hay crítica ni autocrítica. El Comité Central del partido… está formado en su mayoría no por miembros electos sino elegidos por cooptación… Es bastante intolerable que en el Partido Comunista Yugoslavo incumpla los derechos más elementales de los militantes del partido sean pisoteados, que se reprima gravemente la más mínima crítica por la forma incorrecta en que funcionan las cosas en el partido. La Oficina de Información considera una desgracia hechos como la expulsión del partido y el arresto de los camaradas miembros del Comité Central Zujovic y Hebrang porque se atrevieron a criticar la actitud antisoviética de los dirigentes del Partido Comunista Yugoslavo y defendieron una relación de amistad entre Yugoslavia y la Unión Soviética. Un régimen terrorista puramente turco [!!!] y vergonzoso como éste no se puede tolerar en el Partido Comunista Yugoslavo… los dirigentes del Partido Comunista Yugoslavo están infectados de una excesiva ambición, altanería y presunción”.

¡Aquí tenemos un claro ejemplo de ver la paja en el ojo ajeno! La burocracia de Moscú ataca a Tito por la ausencia de democracia. Esta burocracia que asesinó prácticamente a todos los dirigentes de la Revolución de Octubre, que asesinó y exilió a millones de personas a Siberia por oponerse a su régimen, que es tan desdeñoso con los derechos de la militancia, que violando la Constitución no se han molestado en celebrar una sola conferencia del partido en Rusia durante casi diez años. El último congreso del Partido Comunista Ruso se celebró en octubre de 1938. En época de Lenin los congresos se celebraban una vez al año, incluso durante la guerra civil.

Cualquiera que se atreve a criticar a Stalin es enviado rápidamente a Siberia o destinado a morir a manos de un asesino a sueldo. El régimen de Tito probablemente sea un modelo de democracia comparado con el régimen ruso, que es el más totalitario y burocrático de la historia.

Algunas de las críticas económicas sin duda son correctas. Repiten, de una forma distorsionada, las críticas de Trotsky a la política de Stalin entre 1923 y 1927. En un primer momento Tito subestimó a los kulaks de los pueblos, y el riesgo que éstos suponían, pero después de la crítica, dio un giro a su política y comenzó a nacionalizar las pequeñas tiendas e industrias y a actuar en los pueblos antes de que las bases económicas estuvieran preparadas. ¡Precisamente de la misma forma en que procedió Stalin! De oponerse a la colectivización, a la “liquidación de loskulaks como clase” e introducir al cien por cien la colectivización. Los burócratas de Moscú y de la Kominform tienen el valor de criticar que en Yugoslavia todavía no se ha nacionalizado la tierra, lo cual es una crítica correcta, pero resulta que tampoco se ha nacionalizado en ninguno de los otros Estados satélites.

Inmediatamente se viene a la mente una pregunta: ¿por qué la Kominform denuncia ahora unos hechos que ha ocultado durante años? ¿Por qué salen a la luz justo cuando Tito se niega a arrodillarse ante Stalin y utiliza los trucos de éste contra él? En lugar de la MVD, Tito dispone de un instrumento propio eficaz y está arrestando a los secuaces de Stalin, ¡aparentemente acusados de estar pagados por el imperialismo británico y estadounidense! Podría ser cierto incluso lo que se dice en círculos del PC yugoslavo de que el mariscal Tito, aunque no se atreva a hacerlo públicamente, en secreto ha estado denunciando la degeneración del Partido Comunista Ruso y de su régimen.

En el pasado Moscú consiguió imponer su voluntad y eliminar o destruir a la dirección de las secciones nacionales sin provocar una crisis seria. La historia de la Komintern está llena de eliminaciones burocráticas de los oponentes de Stalin y de agentes que han sido sacrificados en interés de la burocracia.

En Rusia, todos los miembros del Comité Central del Partido Comunista que dirigieron la revolución de 1917 a 1921 —todo aquel que no hubiera muerto a manos de la contrarrevolución capitalista o por causas naturales— han sido ejecutados  o muertos de cualquier otra manera. De los 24 miembros del Comité Central, la señora Kollontai y Stalin son los únicos supervivientes.

El Comité Central del Partido Comunista Polaco y de las Juventudes Comunistas, fue masacrado y quedó reducido a un solo hombre cuando sus miembros vivían en Rusia en la clandestinidad, pero no sólo una vez, sino dos a finales de la década de 1930.

Estas purgas se realizaron sin mucho revuelo pero una vez que los partidos nacionales controlen su propio aparato del Estado, las palancas de las finanzas, de la economía, el ejército y la policía, el inevitable efecto de esta transformación fortalecerá la postura de la dirección nacional y creará las condiciones para conseguir la independencia de Moscú.

La importancia del conflicto actual reside en el hecho de que es la primera fisura importante en el frente internacional del estalinismo desde el final de la guerra y va a tener profundos efectos en la militancia de los partidos comunistas de todo el mundo, especialmente en Europa occidental y Gran Bretaña. Es el principio de un proceso de diferenciación dentro de los partidos comunistas, que a largo plazo provocará escisiones.

La extensión del poder de la burocracia rusa más allá de las fronteras occidentales rusas le crea nuevos problemas: aunque de momento la fortalece, a largo plazo, minará su posición.

Está claro que cualquier leninista debe apoyar el derecho de cualquier pequeño país a la liberación nacional y la libertad si así lo desea. Todos los socialistas deben dar un apoyo crítico al movimiento de Yugoslavia para formar una federación con Bulgaria y conseguir libertarse del dominio directo de Moscú. Al mismo tiempo, los trabajadores de Yugoslavia y de estos países, lucharán por la instauración de una verdadera democracia obrera y por el control de la administración del Estado y la industria, como lo hicieron en tiempos de Lenin y Trotsky en Rusia, lo cual es imposible bajo el régimen actual de Tito.

¡Por una Yugoslavia soviética, independiente y socialista dentro de unos Balcanes soviéticos, independientes y socialistas. Esto sólo puede formar parte de la lucha por el derrocamiento de los gobiernos capitalistas de Europa y la instalación de una democracia obrera en Rusia.

El comunismo significa la mayor libertad y democracia posible para la población. Sin la participación y el control de los trabajadores no puede haber transición hacia el socialismo. Estos acontecimientos de los Balcanes son un síntoma de la verdadera situación que existe en Rusia y en los países del Este. La única solución está en un régimen soviético verdaderamente democrático con plena autonomía y libertad para los Estados nacionales dentro de las fronteras de una federación socialista de Estados.

Arquivo Histórico: Destruição da Alemanha Oriental

Relatos de uma Testemunha Ocular
O Colapso da RDA
Os dois artigos a seguir foram originalmente impressos em “1917” #8, jornal da então revolucionária Tendência Bolchevique Internacional, no primeiro semestre de 1990. A tradução para o português foi realizada pelo Reagrupamento Revolucionário em setembro de 2012.

10 DE MARÇO ― Uma das coisas mais impactantes sobre os eventos na RDA [República Democrática Alemã] é a quase completa ausência de atividade dos trabalhadores com alguma consciência de classe, ou seja, enquanto trabalhadores. Para entender o porquê, é preciso saber algo sobre a realidade sócio-política na RDA. Parece que a consciência elementar dos trabalhadores enquanto classe é muito menor na RDA do que na República Federal [RFA].

Muitos trabalhadores da RDA não tem ideia de como o capitalismo funciona, ou que trabalhadores e capitalistas tem interesses contrários. Uma pesquisa recente mostrou que 56 por cento das pessoas na RDA acreditam que apenas limitações legais mínimas deveriam ser impostas aos capitalistas. Na RFA apenas 39 por cento achavam que controles legais mínimos eram o suficiente. A oposição organizada, os protestos de massas, o “movimento dos cidadãos” após novembro e os partidos políticos em gestação não tem um caráter proletário independente. A liderança de todos os partidos, da esquerda à direita, estava e continua estando nas mãos da pequeno-burguesia: médicos, acadêmicos, pastores, artistas e advogados. Mesmo os ativistas da Esquerda Unida [Vereinigte Linke (VL)] são estudantes ou acadêmicos. A onda de greves que ocorreu no fim de janeiro e no começo de fevereiro se desarticulou. As reivindicações eram limitadas e variáveis: salários mais altos, exigências pela destituição de administradores do SED (o partido stalinista) e por separação das fábricas da Kombinat e do controle econômico (interesses proletários setoriais).

A restauração capitalista e o sindicalismo na RDA

Alguns conselhos de trabalhadores foram formados, mas eles são ou como associações ou então formações sindicais nascentes. O nível máximo de organização proletária até agora foi um raivoso e confuso crescimento de atividade sindical. A FDGB (corpo sindical dominado pelos stalinistas) rapidamente se livrou da sua velha liderança (muitos se demitiram sem pressão), e está tentando reconstruir um movimento sindical com um programa sindicalista limitado, defensivo.

A desconfiança com a velha FDGB (que não havia feito nada por 40 anos) levou ao surgimento de sindicatos aburguesados com interesses restritos. Professores, policiais e trabalhadores ferroviários começaram a pedir para se tornarem Beamtenstatus (como na RFA). Essa é uma categoria especial de trabalhadores públicos que aceitam perder seus direitos de greve em troca de salários fixos e estabilidade no emprego. Quando o sindicato independente dos professores pediu proteção social garantida pelo Estado, ou seja, plano de saúde, auxílio creche e custo de vida (apenas para si próprios), ele recebeu a rude resposta do novo vice-ministro da educação de que os trabalhadores só têm essas garantias no socialismo, e de que socialismo significa ditadura. A ideologia do movimento sindical é copiada diretamente da DGB [movimento sindical da RFA] e do SPD [partido socialdemocrata da RFA], que estão guiando diretamente e tentando controlar o movimento sindical na RDA.

A DGB está aparentemente tendo algum sucesso em persuadir a FDGB de que os delegados sindicais devem se desligar da base e ter representantes pagos pela empresa, não pelo sindicato, em tempo integral. Isso é racionalizado como se fosse dar amplo escopo à democracia proletária, mas na realidade tem o objetivo de separar os funcionários sindicais da base, e limitar as reuniões nos locais de trabalho (sejam reuniões da direção ou de todos os trabalhadores) a assuntos econômicos. É um mecanismo para estabelecer uma estrutura sindical extremamente burocratizada, alheia a qualquer controle da base, que iria realizar reuniões sem nenhuma frequência.

O parlamento da RDA fez uma emenda à proposta de lei básica proibindo os locautes e garantindo o direito irrestrito à greve. A lei consagra Mitbestimmung, que não significa simplesmente que trabalhadores e empregadores devam sentar e conversar, mas também que ambas as partes tem interesses comuns em uma produção eficiente e sem interrupções, e devem agir juntas para a paz social. Essa é a base legislativa e ideológica do movimento sindical na RFA. A lei proposta sobre o movimento sindical na RDA incluía frases que implicavam poder de veto sindical sobre prerrogativas administrativas como joint-ventures, venda de fábricas, entrada das empresas na bolsa de valores, etc. Isso foi rejeitado pelo parlamento. Esse direito de veto, por sinal, é o programa sindical máximo levantado pelo SPD da Alemanha Ocidental e pela DGB. A legislação, que se tornou parte da constituição da RDA pelo voto de dois terços do parlamento, passou apesar das objeções de alguns parlamentares da UDC (RDA) [democracia cristã].

A lei sindical da RDA tem alguns paralelos com o Ato Norris La Guardia dos Estados Unidos (também chamado Carta Magna do Trabalho) aprovada nos anos 1930. O PC norte-americano, assim como o SWP [Partido dos Trabalhadores Socialistas, então seção da Quarta Internacional] se opuseram à lei como uma extensão do “direito” do Estado capitalista de intervir e exercer controle sobre as lutas dos trabalhadores. O PC rapidamente capitulou, mas o SWP trotskista não. É claro que a situação aqui é diferente porque ainda se trata de um Estado operário deformado.

O fato de que a nova lei não impõe limites ao direito de greve resultou em uma tempestade de raiva dos capitalistas da RDA, e ameaças de que não dariam “ajuda” econômica a não ser que a lei mudasse para garantir ao menos as restrições existentes na lei da RFA (que em alguns sentidos é mais restritiva que a dos Estados Unidos). O candidato do SPD a primeiro ministro na RDA, Boehm, declarou vagamente que essa lei será “sujeita a discussão”. Há um grande ódio no que é visto como uma tentativa do PDS (antigo SED) de atender a interesses da classe trabalhadora e impedir a rápida restauração do capitalismo.

Mas o avanço restauracionista parece muito forte. Se, depois das eleições, um governo pró-capitalista se consolidar e a propriedade estatal for privatizada, novas emendas à lei sindical serão rapidamente impostas para diminuir o espaço de ações proletárias defensivas “legais”. A Mitbestimmung estabelece o mecanismo de colaboração de classes envolvendo os sindicatos. Um tipo de precedente para isso já existe na RFA. Representantes eleitos dos trabalhadores frequentemente tem acesso legal aos arquivos e relatórios financeiros e comerciais do empregador, mas são proibidos de dizer aos trabalhadores de base ou oficiais sindicais. A violação disso pode levar a punições severas.

O legado do stalinismo prussiano

Por que isso aconteceu? Quarenta anos de stalinismo resultaram em uma profunda despolitização da classe trabalhadora na RDA. Os trabalhadores não tinham nem organizações independentes e nem os mais limitados direitos sindicais. Todos os benefícios vinham de cima, do partido. O principal bordão do SED não envolvia o “proletariado”, mas sim “Volk”, que pode ser traduzido como “povo”, mas também carrega conotações extremamente nacionalistas de raça, cultura e sangue. Tudo era o Volk: parlamento do povo, exército do povo, polícia do povo. De fato, o velho elitismo prussiano foi levado a todas as instituições. Acadêmicos e profissionais parecem ter tido muito mais influência do que os trabalhadores no aparato econômico e estatal; graduandos de universidade automaticamente se tornavam oficiais. Os trabalhadores só podiam aspirar a serem soldados. Acadêmicos com doutorados ocupavam quase todas as posições de liderança, exceto por um punhado de membros do Politburo.

Era um Estado com um estilo de organização não-capitalista prussiano e de intolerância e presunção pequeno-burgueses. A pequeno-burguesia é bem significativa. Oitenta mil pequenos estabelecimentos privados (limitados a dez trabalhadores) estão em operação, desde bares e restaurantes e pequenos serviços de conserto até pequenas fábricas. Há cerca de um milhão de pessoas na RDA trabalhando para negócios privados fora do setor da economia de propriedade coletivizada. Esses pequenos empresários, junto com clérigos e acadêmicos, constituíam os quadros dos movimentos e partidos que lutavam pela reunificação e restauração capitalista. A eles se juntaram rapidamente a maioria dos administradores e burocratas da área econômica.

A ideologia política não existia na RDA exceto na forma crua do stalinismo prussiano. Poucas pessoas (incluindo os membros do SED) defendiam completamente ou sequer acreditavam nessa visão de mundo. As pessoas simplesmente foram para casa assistir à TV da RFA (a não ser nos arredores de Dresden). Enormes pressões sociais haviam sido erguidas, e quando os protestos de massa começaram, uma quantidade de escritores e intelectuais tentou dar expressão a uma visão de “socialismo democrático” para o futuro da RDA. Essa visão muito rapidamente foi varrida e substituída com uma visão da economia de mercado e reunificação capitalista como o caminho a seguir.

O regime virtualmente desmoronou. O secretariado político (Politburo) do SED se demitiu, e a conferência do SED removeu todo o comitê central sem indicar substitutos. Muitos funcionários do SED deixaram o partido e abandonaram seus postos no governo. Surgiu um vácuo político e econômico. O mais importante ministério, o ministério da economia, deixou de funcionar. O planejamento central (ou mesmo ministerial) entrou em colapso ou foi abandonado. A Kombinat e a administração do trabalho foram deixadas sem poder ou sem instruções; corpos de governo regionais caíram por demissão ou por falta de “legitimidade”. No campo político, muitos funcionários estatais do SED foram inicialmente substituídos por ministros dos quatro partidos do bloco, e ministros sem pasta foram indicados desde a Mesa Redonda da oposição. Estes vieram principalmente dos partidos de “centro”. O PDS está em minoria no conselho de ministros. Um número significativo de partidos está batendo na porta do SPD.

A maior parte dos administradores econômicos e industriais começou a pedir pela legalização da propriedade capitalista. Alguns poucos administradores da Kombinat estão fazendo apelos hesitantes em defesa do patrimônio público na indústria pesada, mas claramente sujeito às pressões do mercado. Em toda a parte, formações de Mesa Redonda surgiram e estão assumindo poderes administrativos. Estas frequentemente incluem o PDS, que parece sempre capitular à maioria. Essas formações de Mesa Redonda indicaram grupos de trabalho para estudar, fazer recomendações, e assumir o controle de funções administrativas, construções, comunicações, imprensa e da propriedade da antiga Stasi [a polícia secreta na RDA, que foi desmontada].

O canto inicial “nós somos o povo” foi rapidamente substituído pelo slogan “nós somos um povo”. A orgia nacionalista é mais difundida e histérica do que na RFA. O vácuo ideológico programático está preenchido quase completamente a partir da RFA. Capitalismo, reunificação nacional e slogans anticomunistas, assim como expresso pelos partidos da RFA, foram adotados por completo, e estão refletidos em forma de palavras de ordem simplistas por quase todos os grandes partidos influentes da RDA. O nacionalismo alemão domina. “Nossos irmãos e irmãs alemães não nos permitirão sofrer, mas irão rapidamente nos incorporar no bem sucedido capitalismo da RFA, com os seus extensivos amortecedores sociais. Afinal, somos todos alemães!”. A televisão mostra reuniões de fábrica e em locais de trabalho na RDA onde os trabalhadores pedem conselhos sobre como construir o capitalismo, ou então os trabalhadores estão apaixonadamente atacando os membros do antigo SED e dizendo: “Só poderemos avançar quando nos livrarmos de tudo que é vermelho”. Parece que, no momento, as condições na RDA estão mais favoráveis para um crescimento rápido de grupos e ideologia neofascistas do que na RFA. O regime da RDA sempre foi extremamente nacionalista. O fascismo era sempre caracterizado como primariamente anticomunista. Na região do campo de concentração de Buchenwald, não há memóriais ou informações sobre o grande número de judeus que foram aprisionados ou mortos. Na escola, as crianças aprendem muito pouco sobre o Holocausto. O regime de Ulbricht era abertamente antissemita. Um número considerável de comunistas judeus voltou para a RDA depois de 1945. Muitos foram perseguidos, e muitos judeus deixaram a RDA nos anos seguintes. A RDA supostamente tem apenas 400 pessoas com antecedentes judeus (o pai de Gysi [líder do PDS] era um comunista judeu alemão). Cerca de 0,8 por cento da população é composta de residentes não-alemães, a maior parte estudantes ou trabalhadores do Vietnã, Polônia, Moçambique, Angola e Cuba. Crianças não-alemãs nascidas na RDA não tem direitos de cidadania e aparentemente é impossível para não-alemães adquirir cidadania. Os trabalhadores estrangeiros são limitados ao máximo de cinco anos de residência. Não há exceções. A plataforma eleitoral do PDS não faz menção sobre permitir a trabalhadores estrangeiros permanecer depois de cinco anos e Christa Luft, vice-premier, membro do PDS e ministro (sem ministério) da economia, aparentemente despachou os trabalhadores vietnamitas de volta para o Vietnã.

Trabalhadores e estudantes estrangeiros, especialmente em Leipzig e Dresden, estão vivendo com medo. Eles ficam em casa durante os protestos, e os elementos fascistas cada vez mais ousados estão exigindo a expulsão de todos os não-alemães. Quando um pequeno grupo de estudantes (alemães e estrangeiros) levantou um pequeno cartaz contra o racismo e a hostilidade contra os estrangeiros durante um dos regulares protestos de segunda-feira em Leipzig, as pessoas negaram a existência do racismo, mas disseram que os estrangeiros deveriam ser mandados para casa ou completamente segregados.

Übersiedler (as pessoas que estão deixando a RDA para ir para a RFA) exigem que milhões de turcos na RFA sejam deportados para abrir espaço e empregos para “verdadeiros” alemães. Toda manhã milhares de pessoas vão até Berlim Ocidental para exigir os empregos ocupados pelos turcos, e se oferecem para trabalhar por menos do que o salário mínimo legal ou que o decidido pelo acordo sindical. Mães de crianças negras ou asiáticas na RDA temem pela segurança de seus filhos.

A Mesa Redonda recomendou que o Partido Republicano (neofascista) fosse proibido na RDA. O parlamento da RDA adotou a lei proposta, mas ninguém a aplica. Skinheads neonazistas fazem protestos públicos gritando “Fora Vermelhos!” e “Fora Estrangeiros!” e cantando o refrão do velho hino nacional alemão que fala de uma Grande Alemanha desde o Memel (um rio na URSS) até o Maas (um rio que passa pela França, Bélgica e Holanda) e o Etsch (um rio no Norte da Itália). A televisão da RFA realizou muita cobertura do movimento do Partido Republicano na RDA, incluindo reuniões para estabelecer novas filiais.

Quando um pequeno grupo de antifascistas (associados com o movimento Autônomo) tentou confrontar um grupo de skinheads, a Volkspolizei (a “polícia do povo”) protegeu os fascistas. Jornalistas da Alemanha Ocidental foram ao escritório do procurador de justiça de Leipzig. Eles mostraram alguns vídeos de reuniões do Partido Republicano estabelecendo o partido em Leipzig e tiros disparados em seus protestos lá. O procurador respondeu negando terminantemente que tal atividade estava acontecendo. Ele também comentou que o vídeo não havia sido produzido pela televisão da RDA!

A comissão eleitoral na RDA se recusou a registrar o Partido Republicano para as eleições de março. Essa ação foi provavelmente feita porque um grande número de votos nos neofascistas teria alarmado muitos na RFA (especialmente a base do SPD) e aumentado a resistência à reunificação em outros países da Europa. Os capitalistas da RFA ainda não precisam dos fascistas. De fato, o crescente voto dos fascistas está derrubando o voto na UDC/USC [União Democrata Cristã / União Social Cristã] e colocando em risco as administrações do governo de Estado, das cidades e dos distritos – especialmente nos seus redutos nos estados no sul da RFA. A necessidade da USC e da UDC de formar coalizões de governo com os neofascistas poderia prejudicar as coalizões de governo da UDC/PDL [Partido Democrata Livre]. Depois da Anschluss[Reunificação], claro, o Partido Republicano será legalizado – a ideia de uma confederação alemã com um sistema legal e uma constituição em separado na RDA levanta problemas demais para uma restauração capitalista rápida. Os partidos liberais e de direita são a favor de uma rápida e total unificação sob a constituição e a lei da RFA. O Partido Republicano da RDA é composto principalmente de trabalhadores, com alguns elementos pequeno-burgueses. Ele inclui muitos antigos membros do SED. Depois do PDS, os neofascistas são o partido que tem a base e o perfil mais próximo dos setores populares.

Eu não vi nenhuma menção ou cobertura dos protestos ou atividades neonazistas na TV da RDA. A cobertura na televisão da RDA dos protestos de Leipzig cuidadosamente evita mencionar os neofascistas, o que não é surpresa, já que o rádio e a TV estão largamente nas mãos das forças de direita e do SPD na Mesa Redonda. Os partidos da RDA que estão aliados com os partidos da RFA são bem financiados e adotaram ou então lançaram jornais novos. As maiores editoras da Alemanha Ocidental formaram um consórcio de penetração massiva de revistas e jornais na RDA, incluindo o pior tipo de tabloide de rua de direita (mulheres nuas, assassinatos cometidos por estrangeiros e conspirações comunistas/terroristas). A imprensa de melhor qualidade, como o Frankfurter Rundschau, a revista semanal de alta qualidade Der Spiegel, e o diário de esquerda Tageszeitung (TAZ) estão, é claro, excluídos desse consórcio.

Todos os antigos partidos do bloco e quase todos os partidos recém-formados se moveram rapidamente para a direita no período de dois meses. Por exemplo, o partido do bloco UDC (RDA), que costumava defender o “socialismo”, está agora em uma aliança eleitoral que se opõe a todas as formas de propriedade econômica de natureza coletiva ou pública. O movimento de oposição “Despertar Democrático” começou defendendo o “socialismo democrático”, depois tentou um bloco com o SPD e, quando isso falhou, acabou no mesmo bloco com a UDC e o ainda mais direitista DSU.

O vácuo econômico, político, ideológico e programático está sendo quase completamente preenchido pela RFA. Discussões na mídia refletem uma versão pouco sofisticada, aguada, do pensamento político e socioeconômico da RFA. Isso é mais aparente na arena econômica. Parece que todo acadêmico da RDA com um diploma em economia está trabalhando noite e dia para explicar como o capitalismo laissez-faire amadureceu até um capitalismo responsável; como apenas a bolsa de valores é realmente democrática; como as forças do mercado automaticamente resultam em flexibilidade e numa eficiente economia produtiva; e como a própria ideia de uma economia planificada é anticientífica. De acordos com os economistas acadêmicos, dois terços de todos os negócios na RFA e nos Estados Unidos são pequenos ou médios (“desmontem as Kombinats!”); a maioria dos negócios bem sucedidos nos Estados Unidos teria começado com um ou dois homens numa garagem, e rapidamente teria crescido (“você também pode enriquecer!”), etc. Eles são igualmente aptos em explicar como propriedade coletivizada só pode significar “propriedade do partido” e também que só pode operar através de autoritarismo de cima para baixo. Em contraste, eles afirmam que a livre empresa não pode ser autoritária porque ela deve operar de acordo com os desejos dos consumidores.

Tudo isso é vergonhosamente ingênuo e as pessoas na RFA são muito mais cínicas sobre como o mercado “democrático” realmente é. Uma proporção muito maior dos trabalhadores da RFA acredita que apenas fortes partidos de trabalhadores e sindicatos podem forçar os capitalistas a dividir uma grande quantia de todo o produto social para manter o seu atual padrão de vida.

As coisas não são só flores para os capitalistas, e o fluxo constante de pessoas da RDA indo para a RFA (10 a 15 mil por semana) é uma fonte de considerável tensão social. O custo de mantê-los é astronômico. A constituição da RFA considera todas essas pessoas como alemães plenos (ou seja, cidadãos das RFA) que são automaticamente aptos ao auxílio social, escola, seguro desemprego e benefícios de aposentadoria. Em adição, as leis obrigam a RFA (ou os governos estaduais) a ajudar a mobiliar suas casas, pagar as despesas e conseguir empregos. A RFA já tem uma severa escassez de moradia e quase dois milhões de desempregados. A maior parte dos Übersiedler está atualmente sem casa, em galpões esportivos, navios, contêineres, trailers ou quartéis do exército. O alcoolismo e o vício em drogas são um problema sério. Há muitos relatos de brigas entre cidadãos da RDA e poloneses de descendência alemã. Além disso tudo, mesmo muitos dos cidadãos capacitados e escolarizados da RDA não conseguem empregos. Eles não estão acostumados com o ritmo ou com a disciplina de trabalho capitalista. A não ser que eles recebam ordens diretas, eles costumam jogar baralho ou ficar ociosos.

Eles esperam que se exija deles apenas a realização de uma tarefa simples, ou tem o hábito de chegar tarde e largar cedo. O comportamento rude, egoísta e machista de muitos deles aparentemente tem causado problemas com colegas de trabalho, assim como a sua extrema intolerância para com normas de vestuário, comportamento ou estilo de vida que sejam minimamente diferentes daquelas na RDA. Os pais não estão acostumados à ausência de creches acessíveis, baratas e razoáveis. Tem havido relatos de alguns deles simplesmente chegando nas creches e deixando as crianças sozinhas, sem registro. Já há evidência de desmoralização entre muitos daqueles que esperavam que um carro novo, um apartamento bom e barato e um emprego fácil eram parte do pacote do “mundo livre”.

O custo da restauração do capitalismo será bastante alto. Antes da economia ser reorientada para o lucro, tratar a RDA como simplesmente uma colônia de exploração significaria que o grosso de uma população de 16 milhões debandaria para a RFA. Eles têm esse direito constitucional! Os empregadores na RFA estão dizendo aos trabalhadores que uma semana laboral mais curta ou que um aumento de salário significativo está fora de questão. Os capitalistas dizem aos trabalhadores que eles terão de se sacrificar para ajudar aos seus irmãos e irmãs do Leste, ou seja, os impostos irão aumentar e os benefícios sociais serão reduzidos. A DGB e o SPD podem vir a desenvolver diferenças agudas com o governo da RFA sobre a questão de quem vai pagar pela reunificação. O sindicato dos metalúrgicos com dois milhões de membros está se organizando em torno da demanda da semana de 35 horas somada a um aumento salarial de 8,5 por cento. O sindicato dos gráficos e da imprensa tem reivindicações similares. Pode haver uma grande onda de greves na RFA por volta da primavera. O entusiasmo inicial pela reunificação está claramente recuando do momento anterior em que todos os partidos na Bundestag (exceto parte do Partido Verde) apoiaram a reunificação.

A economia planificada foi efetivamente abandonada na RDA. Os administradores econômicos, confrontados pela ansiedade dos trabalhadores sobre empregos e salários, pediram ajuda de forma impotente e argumentaram que só a privatização rápida pode fornecer uma negociação. O programa do PDS se limita a um apelo ocasional para reter como propriedades públicas algumas minas e indústrias pesadas. O regime está recuando rapidamente em todas as frentes, especialmente na questão da propriedade coletivizada. Mas os capitalistas da Alemanha Ocidental estão mantendo a exigência da remoção de todas as leis na RDA que de alguma forma restrinjam as atividades capitalistas, incluindo a redução dos (antes altos) impostos para pequenos e médios negócios. Propositalmente, toda a terra e propriedade confiscada dos pequenos negócios em 1972 foi recentemente devolvida.

A contrarrevolução capitalista vai resultar em um desemprego massivo, aluguéis mais altos e no desmonte dos programas sociais. A realidade do “capitalismo realmente existente” resultará em uma tremenda ansiedade social, que poderá ser expressa em tudo, desde greves até massacres anticomunistas. A intolerância social é bem alta na RDA, e o stalinismo prussiano ensinou ao povo da RDA que luta política significa suprimir os seus oponentes. Conforme a realidade do capitalismo se torna clara para mais amplas seções da população, o PDS, cumprindo o papel traidor de socialdemocracia de esquerda, poder oferece liderança a essa consciência de classe elementar, mas limitá-la ao trade-unionismo (simples sindicalismo) burguês e ao parlamentarismo.

Em anexo está uma cópia da carta de apoio crítico, que nós distribuímos na campanha do Spartakist-Arbeiterpartei Deutschlands [SpAD – organização alemã afiliada à Liga Espartaquista dos Estados Unidos, de Jim Robertson], que lida com a afirmação deles de que tem ocorrido uma revolução política na RDA nos últimos meses.

Para fazer tais afirmações, a TLD/SpAD simplesmente fecha os olhos para a realidade política. Nenhum conselho de trabalhadores está lutando pelo poder. Nenhuma formação proletária que é, ou mesmo que aspire ser, um organismo de duplo poder se desenvolveu na RDA. Os conselhos de soldados estão limitados a simplesmente discorrer sobre as condições de “trabalho” dos soldados, ou então representam grupos de pressão para o pessoal militar especializado, e são dominados por oficiais.

O SpAD deve estar passando por uma crise de expectativas. A sua moral parecia baixa quando nós os vimos. A única coisa que eles fizeram bem – distribuir centenas de milhares de panfletos e jornais – aparentemente não poderá continuar. A orientação deles em direção à base desmoralizada e despolitizada do SED/PDS não gerou frutos. Eles não tem mais base em Leipzig e, fora de Berlim, a única base deles é em Greifswald, região das grandes plantas de energia nuclear. A exposição da condição perigosamente deteriorada dessas plantas de tecnologia de ponta tipo-Chernobyl fez com que duas delas fossem desativadas. O SpAD interviu com a linha de que o perigo relatado tinha sido inventado pelo Ocidente. Mas quase ninguém acreditou nisso. Até mesmo o PDS concorda que má construção, gerenciamento ineficiente e idade avançada tornam uma planta inutilizável. Os argumentos do SpAD de que apenas os trabalhadores da planta poderiam tomar a decisão provavelmente não vai lhes dar muita audiência.

Para conseguir eleger um membro para o parlamento, que nesse momento é provavelmente o seu cenário mais otimista, o SpAD terá que ganhar 0,25 por cento dos votos ou um voto a cada 400 por representação proporcional.

21 DE MARÇO ― O SpAD ganhou menos votos do que o esperado; menos do que a União dos Bebedores de Cerveja Alemães, que só concorreu em Rostock. Seu total, 2.396 votos, é muito pequeno. É claro que a maré estava fortemente a favor da reunificação, mas eu acredito que a inabilidade deles de ajustar a propaganda eleitoral às mudanças na realidade também lhes prejudicou. Quando ficou claro que os votos iriam esmagadoramente para a restauração capitalista e unificação, eles deveriam, sem se comprometer sobre essa questão chave, ter tentado também levar em conta as questões mais imediatas de defesa da classe trabalhadora e especialmente questões básicas sindicais e da luta de classes. A Esquerda Unida (VL), com algumas centenas de membros, discutiu sobre questões sindicais dentro do contexto de defender a classe trabalhadora e terminou ganhando um posto no parlamento, com 0,18 por cento dos votos. Apoiadores da VL também intervieram ativamente no movimento sindical e em seus organismos dirigentes.

Nós vimos uma discussão na TV da RDA com um participante do SpAD. Foi um desastre embaraçoso. O espartaquista era uma caricatura da Nova Esquerda em estilo e aparência, e uma caricatura de um trotskista politicamente. Ele simplesmente leu uma série de slogans, e pareceu ser incapaz de responder de qualquer forma que fosse às questões sobre reestruturação econômica, aluguéis, auxílio maternidade, desemprego, subvenções e a reforma monetária.

Essas foram todas boas aberturas de discussão, que poderiam ter sido conectadas com a necessidade do poder da classe operária e as formas de propriedade coletivizada. Sobre o parlamentarismo, ele disse: “Nós vamos esmagar este parlamento com conselhos de trabalhadores e milícias operárias”, enquanto ignorou completamente a questão dos direitos sindicais, e o possível curso das lutas dos trabalhadores no futuro próximo. Ele foi pior do que o mais inexperiente recruta da SYL [antiga juventude da Liga Espartaquista] nos anos 1970. O estilo do SpAD é professoral e arrogante, assim como o velho estilo do SED. O panfleto eleitoral do SpAD enfatizou a defesa da URSS, mas em nenhum momento descreveu a URSS como um Estado operário degenerado! Outros partidos na discussão na televisão simplesmente ignoraram o porta-voz do SpAD.

Os resultados eleitorais mostram que o programa “capitalismo já / unificação já / nenhuma interferência dos sindicatos” da conservadora Aliança pela Alemanha ganhou seu principal apoio do sul fortemente industrializado e de pequenas cidades e vilarejos. Em áreas onde mais de 45 por cento das pessoas trabalham na indústria, a Aliança conseguiu 56 por cento dos votos; onde serviços e agricultura dominam a economia, a Aliança conseguiu de 30 a 42 por cento. 58 por cento daqueles que se consideram “trabalhadores” votaram pela Aliança. Apenas 32 por cento daqueles que se intitulam como “intelectuais” votaram pela Aliança; uma porcentagem equivalente desse grupo votou no PDS e no Bündnis 90. Esse último grupo inclui os três “movimentos dos cidadãos”, que lideraram amplamente a “revolução de novembro”. Em cidades com 200.000 ou mais, a Aliança conseguiu apenas 26,5 por cento dos votos, contrastando com o voto das cidades com 2.000 ou menos, onde ela conseguiu mais de 56 por cento. O lugar onde a Aliança conseguiu menos votos foi, é claro, Berlim (22 por cento), aonde eles chegaram em terceiro atrás do SPD e do PDS. A Aliança também não obteve maioria nas regiões do Norte de Rostock, Schwerin e Neubrandenburg, nem nas áreas de Potsdam (RDA central) e Frankfurt no Oder.

O SPD, que começou há dois meses com mais de 50 por cento de apoio na RDA, jogou a carta do nacionalismo, e ganhou o jogo! Os intelectuais que lideraram a “revolução”, mas que não puderam discorrer sobre questões econômicas com a menor claridade, ganharam muito pouco apoio.

Os trabalhadores da RDA se acostumaram a receber benefícios e instruções de um Estado autoritário e poderoso. Parece que nas eleições eles transferiram a sua aceitação passiva para o establishmentda RFA. Os trabalhadores ainda estão amplamente inconscientes das dificuldades à frente para tentar transformar a RDA em uma parte completamente desenvolvida do capitalismo alemão.

Nas últimas semanas da campanha eleitoral, mesmo o SPD e os outros partidos considerados à esquerda do centro (como Bündnis 90) e os Verdes, estavam receosos de ir às ruas de Leipzig. Qualquer um carregando uma bandeira da RDA nessa cidade provavelmente seria atacado. Mesmo em Berlim, gangues de skinheads atacaram grupos fazendo campanha pela lista alternativa da juventude. Jovens de extrema direita invadiram centros da juventude e bateram em pessoas lá dentro. Dezenas de ameaças a bomba contra militantes de esquerda foram ignoradas na RFA, exceto pela TAZ. O resultado mais surpreendente da eleição foram os 16,33 por cento de votos no PDS. Há dois meses, o partido estava desmoralizado e na época teria conseguido no máximo 5 por cento. Nas eleições, apenas 26 por cento dos antigos membros do SED votaram pelo PDS! Muitos altos e médios funcionários se demitiram, mas repentinamente muitas pessoas jovens entraram no PDS, e ele rapidamente começou a construir um perfil de defesa dos padrões de vida, das garantias sociais e dos direitos sindicais. O PDS até mesmo afirma defender o setor estatal da economia ― mas, é claro, dentro do contexto das condições de mercado.

Todo o estilo deles mudou. Os representantes do PDS surgem como pedagógicos, ultrademocráticos e humildes. Os seus candidatos e outras pessoas públicas estavam provavelmente menos contaminados pela antiga colaboração com a Stasi do que os candidatos e funcionários da Aliança. Eles tomaram a dianteira em emendar a Constituição da RDA para incluir o direto a um emprego, o direito à moradia, o direito ilimitado à greve, e uma proibição constitucional a locautes. O PDS é agora baseado em Hamburgo. Gregor Gysi, secretário do PDS, diz que as próximas eleições da RFA verão o PDS no parlamento. Isso poderia significar uma base real para a socialdemocracia de esquerda na RFA.

O parlamento recém-eleito não pode mudar a constituição ou a lei básica sem colaboração entre os socialdemocratas e a Aliança. O compromisso dos socialdemocratas a uma reestruturação rápida e restauração capitalista provavelmente irá leva-los a emblocar com os capitalistas da RFA, que estão mantendo amplos investimentos na economia da RDA até que a lei e a constituição sejam mudadas para garantir um domínio capitalista completo. Os capitalistas da RFA estão rapidamente devorando os setores mais importantes e mais produtivos da economia da RDA, tais como a produção de maquinário pesado, a construção de locomotivas, eletrônicos, ótica e montagem de veículos, ou “raspando a cobertura do bolo”, como se diz.

A economia da RDA antes da “revolução de novembro” apresentava um quadro contraditório. Embora a RDA fosse o décimo país no ranking da produção mundial de produtos e serviços, a produção por trabalhador ficava atrás de todos os países da Comunidade Econômica Europeia [CEE] exceto Grécia e Portugal. A agricultura ofereceu um superávit para exportação, mas teve apenas metade da produtividade por pessoa do que na CEE. Muitas indústrias operavam com equipamento obsoleto. A indústria química tem largamente tecnologia dos anos 1930, e a infraestrutura de transportes e comunicação precisa seriamente ser substituída e modernizada. As poluições do ar, da distribuição de água, da comida e do ambiente levaram a uma queda na saúde, e a uma subida crescente nas doenças. A mortalidade infantil é maior do que em qualquer país industrial. A saúde e a segurança no trabalho eram provavelmente ainda piores que nos Estados Unidos. Não havia mecanismos pelos quais os trabalhadores podiam levantar demandas para diminuir os riscos de saúde no trabalho, já que o SED afirmava que todas essas reclamações vinham de uma propaganda capitalista, antioperária e de estilo de vida pequeno-burguês…

Uma vez que a fronteira caiu, a RDA efetivamente perdeu controle da sua moeda. A erosão do monopólio do comércio exterior tornou a produção da RDA vulnerável a forças de mercado do Ocidente, assim como uma abrupta queda no comércio com os países da Comecon e um aumento de problemas comerciais com a URSS estavam inutilizando amplos setores da economia com base para exportação. A considerável dívida externa e o crescente desequilíbrio do comércio exterior confrontaram o SED com a necessidade de reduzir severamente as importações e as condições de vida. Nesse contexto, as esperanças de muitos no período imediato pós-novembro, por uma RDA “socialista democrática” ― aspirações expressas por praticamente todos os partidos e movimentos ― foi rapidamente substituída por um senso de fatalismo, falta de esperança e impotência. Nenhum grupo apresentou uma solução crível ou realizável para os problemas econômicos, e as pessoas logo concluíram que uma “terceira via” não era possível. Hoje na RDA, “socialismo” é uma das palavras mais sujas que se pode usar. Ela é amplamente associada com repressão stalinista e comandismo. A massiva campanha de desestabilização da RFA preencheu o vácuo programático com nacionalismo e com a mágica expressão “economia de mercado social”. Os capitalistas ganharam, e ganharam grandemente até agora. Mas o regime de Kohl não pode cumprir as suas promessas à população da RDA. Conforme os aspectos desagradáveis do “mercado social” se manifestarem nos dias à frente, vai se tornar claro que realizar uma contrarrevolução social exige mais do que simplesmente comprar uma eleição.
TB Visita a Filial do SED/PDS
Um Relance para Dentro da ‘Fortaleza’

7 DE FEVEREIRO ― Nós recebemos um convite para falar aos membros do PDS [Partido do Socialismo Democrático, antes conhecido como Partido da Unidade Socialista (SED), o partido stalinista dominante na República Democrática Alemã (RDA)] em Finsterwalde, a meio caminho entre Berlim e Dresden. Obviamente nós decidimos ir. Uma chance como essa não se desperdiça. Ela abriu nossos olhos para a verdadeira situação do PDS/SED, ao menos nessa área…

Quando chegamos lá, nós percebemos que a maior parte das casas estava muito bem conservada. Isso deve ser difícil, considerando o nível de poluição do ar. Eu nunca fui obcecado por ecologia, mas o Trabbi [carro da RDA] é um poluidor nojento. Você consegue ver fumaça preta saindo da traseira da maioria deles. Mas isso não é nada comparado à fumaça imunda que sai aos montes das chaminés das fábricas – todas as quais pareciam se localizar bem no meio dos quarteirões residenciais! O carvão marrom que elas queimam produz vapores venenosos de dióxido de enxofre. É literalmente insuportável.

Nós chegamos logo depois do espetacular discurso de Modrow capitulando à reunificação. Isso foi como um terremoto para os membros do SED.

No Sábado, nós visitamos o que restava da liderança local do PDS/SED. Eles nunca tinham falado com ninguém do lado ocidental. Mesmo membros do PC da RFA [República Federal Alemã], alguns dos quais tinham a permissão de visitar parentes na RDA (geralmente membros do SED), nunca eram autorizados a visitar os escritórios do SED ou ir às suas reuniões e fóruns. Até novembro, mesmo reuniões informais entre membros do SED e o PC da Alemanha Ocidental eram proibidos.

Cerca de dois meses atrás, havia em torno de cinco mil membros do SED nessa área. Nesse momento eles ainda dizem possuir mil e novecentos, mas o número real é bem menor. Quando me disseram que não tinham sido capazes de entrar em contato com muitos dos líderes da filial na localidade nem por carta, nem por telefone, eu sugeri que talvez isso indicasse que o número nominal de membros de mil e novecentos incluía alguns que simplesmente não tinham se importado sequer em devolver os pertences do partido. Isso foi respondido com silêncio.

Esse ano, a convocação do ato de rua anual Luxemburgo/Liebknecht, em janeiro, foi feita rabiscando um aviso no quadro negro do escritório do partido. Trezentas pessoas apareceram. Mas não houve cartas, nem telefonemas, nenhum pôster ou panfleto. Eles disseram que hoje em dia eles têm dificuldade em colocar anúncios no jornal. Parece que o Neues Deutschland [ND, o jornal diário do PDS/SED] está tão ocupado com as grandes notícias que ele só lança anúncios de protestos em Berlim. A máquina quebrou.

Os líderes do PDS (e membros) parecem totalmente despreparados para as próximas eleições. Eles não parecem capazes de produzir um panfleto, um texto ou mesmo um anúncio de imprensa. Antes de novembro, eles diziam para que as pessoas ligassem para o departamento de propaganda do partido e eles mandariam o que você quisesse. Eu ouvi que frequentemente eles mandavam coisas que ninguém queria; e às vezes nem era preciso ligar. Mas naquela época, o SED não tinha como perder eleições, então por que se preocupar?

Quando nós tivemos a chance de fazer uma apresentação para um setor da filial local, pareceu logo de cara que nós tínhamos impactado alguns elementos de esquerda. Mas nós logo começamos a nos perguntar por que não havia discordância aparecendo. Afinal, stalinistas supostamente tem diferenças consideráveis com trotskistas, não tem? Foi tudo um tanto estranho. Eles concordavam com a necessidade de conselhos operários (embora depois tenha ficado claro que os que eles tinham em mente eram apenas os sindicatos de colaboração de classe no modelo da RFA). Eles concordaram que uma Alemanha reunificada naquele momento só podia significar uma perigosa potência imperialista (mas eles infelizmente não tinham muita noção do que “imperialista” significava, a não ser algo do qual você chama as pessoas de quem você discorda). Eles concordaram com tudo na nossa declaração publicada na edição em alemão de 1917 [publicação da Tendência Bolchevique]. Mas nenhuma dessas concordâncias significava muito – eles dificilmente pareciam preparados para discordar. Ninguém nunca tinha ouvido falar de Gramsci, nem ninguém tinha nunca ouvido falar de sovietes antes. Nunca tinham sido parte das leituras exigidas! Finalmente eu pedi para que levantassem as mãos aqueles entre os presentes que haviam lido o Manifesto Comunista. Todos ficaram sentados parecendo envergonhados.

Na RDA, parece que a atitude em relação a Marx e Lenin é a mesma que a atitude dos meus colegas de classe na escola quando tiveram que ler poetas clássicos alemães como Schiller, e odiavam. A maioria deles nunca descobriu o grande escritor que ele era. Quando eu perguntei sobre onde comprar uma grande coletânea das obras de Marx e alguns volumes de Luxemburgo, as pessoas pareceram genuinamente impressionadas que alguém estivesse interessado nesse tipo de coisa.

Se você quer falar de política com alguém, com raras exceções, tudo tem que ser limitado a um nível bastante elementar. Você deve presumir que as pessoas não leram nada dos fundadores do nosso movimento. A maioria dos membros do SED leem ND e tiram a sua política daí. Aqueles com memórias decentes puderam recitar, de forma mais ou menos inteligente, os últimos discursos ou diretivas do partido – mas isso foi tudo. Apenas um de todos os membros do PDS/SED com quem eu falei tinha cópias das obras de Marx/Engels e de Lenin em seis volumes cada. Ele também era o único que tinha lido todo O Estado e a Revolução (que só tem 120 páginas!) e Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo. Que grande trabalho fizeram os stalinistas ao erradicar qualquer tipo de tradição marxista na RDA, especialmente considerando o número de velhos comunistas vivendo lá. Eu ainda estou um tanto abalado por esse nível político apavorante.

Depois de um tempo, ficou claro que a preocupação imediata dos membros do PDS/SED não era realmente política, mas organizativa. Eles pareciam não ter absolutamente nenhum tipo de experiência partidária da forma como nós a entendemos; eles não conseguiam reunir todos os seus membros no mesmo lugar e hora certos; eles parecem não ter ideia sobre como criar células funcionais. (Eles parecem não ter mais células agora, já que as organizações por local de trabalho e local de moradia desapareceram). Os membros que ainda se reúnem, o fazem quase que casualmente, no trabalho ou nas unidades residenciais. Muitos membros do PDS que nós encontramos pareciam ansiosos para organizar as coisas, mas era evidente que eles não compartilhavam um determinado conjunto de ideias (programa) ao redor do qual se reorganizar. Eles não sabiam se eram capazes de concordar com um determinado programa, e geralmente pareciam acreditar que, sob as atuais circunstâncias, era melhor evitar possíveis pontos de controvérsia, porque isso poderia levar a um racha. Absolutamente coisa de louco.

Arquivo Histórico: Terceira Conferência do Comitê Internacional

Terceira Conferência do Comitê Internacional:
Derrota para o Trotskismo Mundial
Originalmente publicado em Spartacist No. 6, junho-julho de 1966. Traduzido para o português em setembro de 2012 pelo Reagrupamento Revolucionário.
 
É uma amarga ironia que o Newsletter(órgão da Socialist Labour League [Liga Trabalhista Socialista] britânica) tenha tido como manchete do seu artigo sobe a conferência de abril do Comitê Internacional “Reconstruindo a Quarta Internacional”. O resultado aparente da conferência: Voix Ouvrière (um grupo trotskista francês antes sem relações com ambos o CI ou o Secretariado Unificado) foi posto para fora e o grupo Espartaquista expulso. Assim foi “reconstruída” a Quarta Internacional.
 

O rompimento com o grupo Espartaquista foi conseguido através de um pretexto organizativo bastante transparente. O editor de Spartacist, James Robertson, um delegado na conferência, se absteve de participar de uma das sessões durante a tarde e depois se recusou a “confessar” que essa ausência era uma violação de princípio ou uma expressão de “chauvinismo pequeno-burguês norte-americano”. A sua recusa em se “desculpar apropriadamente” foi considerada um desvio do centralismo democrático. Foi grotesco que um rompimento internacional tenha sido precipitado por uma regra não declarada sobre presença que só foi aplicada à delegação Espartaquista; tão grotesco que, de fato, nenhuma seção do CI encontrou ainda a coragem para tornar este fato público.
 
Pelo contrário, o American Committee for the Fourth International [Comitê Norte-americano pela Quarta Internacional], que antes havia se proclamado como um defensor ardente da unidade, de repente “descobriu” que as posições do grupo Espartaquista são incompatíveis com a participação no CI, criando uma cortina de fumaça de acusações políticas no jornal Bulletin do ACFI de maio de 1966 para explicar o rompimento inesperado.
 
Um balanço crítico
 
Já que todos que apoiam uma unificação principista entre os trotskistas revolucionários devem estar surpresos e confusos com essa reviravolta, é necessário rever criticamente as contribuições políticas e os eventos da Conferência de Londres, para poder determinar o que causou o racha.
 
A maior apresentação da conferência foi feita por Cliff Slaughter, secretário do CI, sobre “Reconstruir a Quarta Internacional”, a resolução internacional publicada antes da conferência. Foi incorporado ao resumo por Slaughter um veemente ataque contra a atividade política e caráter do grupo Espartaquista e um ataque especial contra Robertson, como notado acima. Enquanto nossa delegação votou em apoio à resolução, ela forçosamente se absteve de votar sobre o relatório de Slaughter.
 
A nossa posição
 
O grupo Espartaquista foi à conferência por estar em acordo político básico com as principais posições publicadas pelo Comitê Internacional. Nós permanecemos em acordo político básico com a resolução do CI, apesar de algumas exceções particulares.
 
O camarada Slaughter caracterizou o contexto objetivo atual como um de “crescente crise do imperialismo”, especialmente desde 1956. Ele viu a classe trabalhadora como cada vez mais agitada pelo mundo e rapidamente avançando para expor e rejeitar as tradicionais burocracias operárias. Ele descreveu a ascensão do revisionismo pablista como o reflexo do esforço consciente da burguesia de desorientar e controlar a vanguarda da classe trabalhadora. No entanto, declarou ele, o pablismo agora foi derrotado decisivamente, e a luta pela liderança da classe trabalhadora é uma tarefa imediata. A superioridade do CI, afirmou ele, está em sua compreensão dos “métodos leninistas de construção de partido e na teoria marxista”.
 
O grupo V.O. declarou como contraposição que o pablismo tem sido o reflexo da composição pequeno-burguesa da Quarta Internacional desde a Segunda Guerra.
 
Na terceira manhã da conferência, chegou a vez do camarada Robertson na lista das intervenções. Ele expressou o acordo fundamental do grupo Espartaquista com a linha da Resolução Internacional e do relatório, mas tomou a oportunidade para tornar claras certas diferenças (confira suas observações nesta edição). O camarada Robertson então perdeu a sessão que se seguiu às suas observações. Embora três membros da delegação Espartaquista estivessem presentes à sessão, completamente em condição de tomar parte na discussão, essa ausência do camarada Robertson se transformou em uma desculpa para um violento ataque contra nossa organização.
 
Grupo Espartaquista expulso
 
Durante a sessão perdida por Robertson, Michael Banda da SLL usou seu comentário sobre o relatório de Slaughter para fazer um grave ataque político contra as posições espartaquistas. Na sessão da noite que se seguiu, questões de “indisciplina” foram levantadas.
 
Ataques contra o grupo Espartaquista continuaram por um período de vinte e quatro horas durante as quais o grupo de Healy tentou criar algum pretexto político para a expulsão. Não encontrando nenhum, eles tiveram que ficar com o fraco pretexto organizativo original.
 
Deve-se notar que Robertson havia informado ao camarada Healy (secretário nacional da SLL) de sua intenção de se ausentar, e que depois de retornar à conferência ele tinha explicado aos delegados reunidos que ele não sabia de nenhuma regra exigindo sua presença, de que ele não tinha nenhuma intenção de não seguir o protocolo e de que iria certamente aderir a tais regras no futuro.
 
O débil esforço do ACFI
 
Qual foi a razão para esse ataque veemente? O Bulletin faz um esforço débil para prover alguma motivação. Assim: “Robertson declarou que ele estava em acordo geral com o relatório (de Cliff Slaughter), mas mostrou que ele não tinha compreensão e, na realidade, nenhum acordo com o seu método e linha fundamentais”.
 
Como evidência dessa interpretação fantástica, o Bulletinaponta para a avaliação espartaquista da rápida estabilização do capitalismo no mundo colonial depois das recentes derrotas sofridas pela classe trabalhadora nas nações atrasadas. Porque Robertson apontou este recuo temporário das forças da classe trabalhadora, ele é cego para a “unidade da crise”. Se por unidade da crise deve-se entender que apesar de avanços pontuais a classe capitalista não pode resolver ou suprimir as contradições na sociedade, então o grupo Espartaquista concorda vigorosamente. Mas se o Bulletin e o CI, cuja linha ele representa, deseja apresentar cada derrota como se fosse vitória, e tratar o revés esmagador, digamos, na Indonésia, como um novo e mais alto estágio da luta de classes na luta pelo socialismo, então isso é outra coisa: também a Comintern de 1933 viu a subida de Hitler ao poder como o prelúdio da revolução proletária. A convicção revolucionária do grupo Espartaquista se baseia não eu um otimismo eufórico, mas na confiança de que a classe trabalhadora, com a liderança do seu partido revolucionário de vanguarda, se torne consciente da sua missão de libertar a sociedade das amarras do capital.
 
A questão negra
 
Em um estilo similar, o artigo do Bulletin sugere que a análise especial do grupo Espartaquista para a questão negra despreza a classe trabalhadora branca. Isso é especialmente desonesto por parte dos camaradas do ACFI, já que foram eles que acompanharam a abdicação do SWP rumo ao nacionalismo negro em 1963. Os camaradas espartaquistas, então conhecidos dentro do SWP como a Tendência Revolucionária, votaram por uma contraproposta integracionista revolucionária e mantiveram uma posição consistente desde então sobre a necessidade de uma análise de classe e não de nação sobre a questão do negro.
 
Para ser justo, desde então o ACFI modificou sua linha sobre essa questão, publicando em seu Bulletin uma posição revisada que caracteriza a população negra como um povo-classe, em analogia à caracterização de A. Leon sobre o povo judeu como um povo-classe. Estranhamente, a delegação do ACFI em Londres permaneceu em silêncio enquanto o grupo Espartaquista era denunciado pelos delegados franceses e gregos por ter uma linha sobre a questão negra do tipo classe-povo, como é a do ACFI.
 
Porque essa repentina mudança de linha do ACFI, essa insensibilidade para com a condição especial dos negros nos EUA? Porque o ACFI, como uma marionete num cabo, agora tem que ver as questões norte-americanas em termos britânicos.
 
Propaganda OU agitação?
 
Com “lógica inexorável”, o artigo do Bulletin chega à inevitável conclusão: o grupo Espartaquista é apenas um grupo de propaganda, incapaz de fundir a teoria com a ação. Entretanto, Tim Wohlforth, o intranquilo líder do ACFI, não prestou atenção e apresentou um documento revelador à conferência de Londres, “Alguns Comentários sobre as Perspectivas para a Fusão do Movimento”, que concluía: “Os camaradas espartaquistas, enquanto insistindo em um curso propagandístico, fizeram mais para romper com uma existência propagandística do que nós fizemos.”Enquanto camaradas espartaquistas foram presos cerca de vinte vezes nos últimos três anos por nossa participação ativa no movimento pelos direitos civis, nós ainda não ouvimos a respeito de um único membro do ACFI enfrentando uma perseguição semelhante! Essa diferença impactante revela a verdade.
 
O argumento final, tendo todos os outros falhado, é de que Robertson “não concordou que o CI, e só o CI, representa a continuidade do movimento”. Se os camaradas espartaquistas não acreditassem que o CI fosse o herdeiro político do trotskismo, por que eles buscaram unidade dentro de uma Internacional disciplinada? O Bulletin deseja algo a mais: uma subordinação servil é exigida.
 
Sem disciplina bolchevique!
 
O mais irônico: o CI não é uma Internacional ― ele não tem disciplina, ao menos não para as privilegiadas seções francesa e britânica. Ao invés disso, o CI aceitou a posição de que “O único método de chegar a decisões que permanece possível no presente é o princípio da unanimidade”. Entretanto, ele exige completa e inquestionável “disciplina” dos seus simpatizantes, mesmo ao nível de trivialidades organizativas. Nossos amigos no ACFI recentemente se recusaram a debater conosco sem antes “esclarecer isso” [com os britânicos]. 
 
Se Robertson tivesse “pedido desculpas” em Londres, isso teria significado que o grupo Espartaquista teria aceitado o papel de marionete do ACFI no movimento internacional. Esse tipo de subordinação é suicídio político.
 
Falta ainda responder por que o grupo de Healy no CI escolheu arruinar as perspectivas imediatas para reconstruir a Quarta Internacional ao repelir o grupo V.O. e expulsar a Liga Espartaquista. À luz disso, como devemos avaliar o potencial revolucionário da Socialist Labour League apesar de suas evidentes realizações?
 
Por trás do racha
 
Em certo sentido, as observações do camarada Robertson levaram realmente ao racha. Claramente, o CI se sentiu incapaz de tolerar uma tendência disciplinada, mas vigorosa e independente em suas fileiras. Essa é a realidade organizativa por trás da expulsão, por trás das mentiras e distorções no Bulletin. Mas qual, por sua vez, é a explicação política para o burocratismo monolítico do CI e especialmente de sua seção chefe, a SLL da Grã-Bretanha?
 
Uma burocracia rígida em um movimento proletário sempre revela uma fundamental falta de confiança nos membros do partido e em última instância da capacidade revolucionária da classe trabalhadora. O grupo de Healy demonstrou sua incapacidade fundamental de construir um movimento revolucionário mundial. Cabe ao grupo Espartaquista, junto com outras seções do Comitê Internacional construir uma liderança para esse objetivo.
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