A demanda de Assembleia Constituinte do MRT

Nenhum gato põe ovos

Icaro Kaleb, maio de 2016

O MRT (Movimento Revolucionário dos Trabalhadores), grupo responsável pelo site Esquerda Diário, tem defendido como perspectiva para o movimento dos trabalhadores no atual cenário de crise do Brasil “uma resposta democrática de fundo, imediata, que realmente dê resposta aos anseios e necessidades dos ‘de baixo’, uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana”.

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Revista Reagrupamento Revolucionário n. 08

É com alegria que anunciamos a nossos leitores o lançamento de mais uma edição da revista Reagrupamento Revolucionário. É possível ler online, através dos links do sumários, baixar a versão PDF ou obter impressa com um de nossos militantes. Boa leitura!

Reagrupamento Revolucionário n. 8
Download (PDF)

Desafios da atual conjuntura
A agenda de ataques do governo Dilma
Os vaivéns centristas do MRT / FT-QI
Polêmica com PSTU / LIT-CI sobre a Palestina
Panfleto da luta dos servidores estaduais do RJ
Guerra civil síria, Estado Islâmico e a batalha por Kobane

Intervenção do RR no ato do Espaço de Unidade de Ação (01/abril)

O Reagrupamento Revolucionário foi no ato do dia 01 de abril, convocado pelo Espaço de Unidade de Ação. Apesar da chamada correta do ato, de denunciar o ajuste fiscal e chamar por um polo de lutas da classe trabalhadora, como já esperado as principais correntes que organizaram o ato (PSTU, MES e CST) deram a ele a linha de “Fora Todos” e por eleições gerais. O camarada Marcio Torres, do RR, fez uma intervenção no carro de som do ato, polemizando com esses eixos e expondo o nosso programa. Segue o vídeo da intervenção do companheiro.

Aproveitamos para deixar claro que o foco de nossa atuação tem sido pela construção de uma frente de lutas contra o impeachment e os ataques do governo. E não vemos nas mobilizações do Espaço de Unidade de Ação ou da Frente Povo sem Medo a concretização da mesma. Ainda assim, até que essa frente seja formada e ganhe volume, iremos a diferentes atos de rua que tenham presença de elementos que façam oposição pela esquerda ao governo e nos quais possamos intervir com nossa linha.

Novo Livreto: Polêmicas com o Maoismo

Conteúdo Online

Introdução

Muito se fala dos rachas das correntes trotskistas, mas a verdade é que a pressão da luta de classes atua sobre todas as forças do espectro político e produz dissidências na forma de se pensar e agir. E tais pressões são tão presentes e profundas que afetam até mesmo organizações que operam sob regimes de rígido controle burocrático, como é o caso dos grupos stalinistas. O presente livreto é dedicado ao maoismo, corrente que constitui uma variação do stalinismo – o qual, segundo as análises de Leon Trotsky, constituía a expressão política dos interesses materiais da burocracia soviética.

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Desafios da atual conjuntura

Por um polo independente da classe trabalhadora!

Direita nas ruas, “onda conservadora”, ajuste fiscal e impeachment

 

Março de 2016

[Como complemento a este artigo, sugerimos também a leitura de um outro, recentemente publicado, A agenda do governo e a necessária resposta da classe trabalhadora, que lida mais diretamente com o projeto de ataques do governo Dilma à classe trabalhadora e como enfrentá-lo.]

A reeleição de Dilma em 2014 foi muito apertada, na realidade foi a eleição presidencial mais apertada que o país teve desde o fim da última ditadura. Ao longo de suas três gestões anteriores, em particular o primeiro mandato de Dilma, o PT sofreu um desgaste muito grande, especialmente entre os extratos médios da sociedade. Ao mesmo tempo, sua base histórica – os trabalhadores organizados do movimento sindical e popular – se distanciaram cada vez mais do partido. A nova base que o manteve no poder nesses últimos anos – os setores altamente precarizados da classe trabalhadora – começou em 2013 a demonstrar crescente descontentamento e se distanciou do PT nas urnas. Sintoma dessa erosão da sua base política, o PT perdeu urnas até mesmo em alguns de seus mais antigos bastiões na periferia paulista e no cordão industrial de SP. O governo também não recebe mais o apoio de setores importantes da burguesia nacional, que exigem um ritmo cada vez mais rápido de medidas contra a classe trabalhadora e o povo para que a conta da recessão caia sobre nós.

Diante de todo o tumulto político do ano passado, Dilma e sua cúpula fizeram o exato oposto do que haviam prometido às massas durante o segundo turno das eleições e aplicaram quase que literalmente o programa de seu adversário, Aécio Neves/PSDB, em uma clara opção pelos interesses da burguesia em detrimento daqueles que depositaram (equivocadamente) sua confiança nela. Essa mostra de “boa fé” chegou até mesmo ao ponto de dar o comando do Ministério da Fazenda (historicamente um posto ocupado por economistas inteiramente alinhados ao suposto “neodesenvolvimentismo” petista) a ninguém menos que um Chicago boy seguidor estrito da cartilha neoliberal, Joaquim Levy.

De mãos dadas a Levy, Dilma lançou um verdadeiro rolo compressor sobre os direitos e condições de vida dos trabalhadores, tais como o PL das terceirizações (que cria brechas na CLT), os pesados cortes na saúde e educação públicas e a lei “antiterrorismo”. E para os inocentes ou hipócritas que acharam que a culpa era apenas de Levy (como se isso fosse possível), o novo Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa – que reestabelece a ligação histórica da pasta ao ideal “neodesenvolvimentista” – já anunciou um ataque à previdência para 2016, dentre outros que Dilma planeja.

O acúmulo desses fenômenos ocorre conjuntamente aos efeitos da segunda fase econômica derivada da crise de 2008 (o esgotamento das contas públicas, torradas para salvar empresas falidas ou em dificuldades) e do começo de um novo ciclo de recessão, dessa vez combinado com inflação crescente. Isso abriu uma nova situação política no país, na qual há espaço para a construção de alternativas à hegemonia petista que predominou na última década e meia. Todavia, esse espaço tem sido ocupado até o momento, não por forças da classe trabalhadora organizada, mas por demagogos que parasitam a máquina estatal (como a “Bancada do Boi, da Bala e da Bíblia” na Câmara) e por uma “nova” direita, que deu as caras ao longo do ano passado.

Esses dois grupos de atores políticos tem conseguido (ao menos até o momento) pautar uma alternativa extremamente conservadora ao petismo. Dentre outras coisas, essas forças demonizam o comunismo e os movimentos sociais (esdruxulamente igualados ao PT) e se apresentam enquanto representantes dos valores “tradicionais” e da “família brasileira” – uma verdadeira onda conservadora, como tem sido caracterizada por alguns. Essa tendência começou a ganhar força de verdade no primeiro semestre de 2015, na forma de um “terceiro turno” das referidas eleições apertadas, quando setores da oposição burguesa ao governo se unificaram na convocação de protestos de rua e em um constante ataque público ao PT e à presidência, simbolizado nos esdrúxulos “panelaços” da classe média conservadora ante aparições de Dilma na televisão.

Uma “nova” direita para velhos interesses

O primeiro fenômeno a desafiar a esquerda em 2015 foi a tomada das ruas pela direita. Em março e em abril, centenas de milhares de pessoas foram às ruas nas principais capitais do país em protestos dominicais com camisa verde-amarela, bandeiras do Brasil e outros apetrechos, dançando, fazendo coreografias e tirando “selfies” com PMs. Foi a primeira vez em muitos anos em que a direita foi capaz de tomar as ruas em nosso país, alcançando números significativos em várias cidades, especialmente São Paulo.

Os manifestantes apontavam como principal demanda o “fim da corrupção”, que era identificada exclusivamente com o PT (como se Cunha, PSDB, DEM e o restante da corja capitalista não fossem também corruptos). Muitos chamavam também pelo impeachment da presidente. Em praticamente todas as capitais, alguns setores dos protestos chamavam por uma “intervenção militar” contra o governo e faziam apologia aberta da ditadura militar brasileira (1964-85). Foram recorrentes as manifestações de ódio ao “comunismo” que supostamente o PT quer introduzir no país, de acordo teorias da conspiração que tem circulado na internet. Em Jundiaí, a sede do PT sofreu uma tentativa de incêndio criminoso. No Rio de Janeiro e em outros lugares, pessoas vestindo camisas vermelhas (mesmo sem qualquer relação com a esquerda) foram hostilizadas.

As grandes redes de comunicação, destacando-se a Rede Globo, cobriram amplamente esses primeiros protestos, com flashes ao vivo durante todo o dia, estimulando a população a participar dos atos. Uma postura bem diferente das alcunhas de “vândalos” e “desordeiros” que “atrapalham o trânsito” que geralmente essa emissora usa para qualificar as manifestações dos movimentos sociais e da esquerda. Cobertura semelhante foi dada aos “panelaços”, através da reprodução de vídeos amadores e da criação de mapas que mostravam sua ocorrência país afora toda vez que Dilma fazia algum pronunciamento na TV.

Alguns institutos de pesquisa traçaram um perfil dos participantes dessas manifestações de março e abril. O que podemos observar é que se trata de uma maioria branca, de classe média alta. Em São Paulo, 41% ganhavam mais de 10 salários-mínimos (sendo que mais 27% ganhavam entre 5 e 10 salários). Em Porto Alegre, a proporção foi parecida. [1] O que isso demonstra é que o público principal desses protestos não foi da classe trabalhadora, embora certamente houvesse muitos trabalhadores iludidos ou reacionários entre os presentes. Mas o caráter dominante foi de pequenos burgueses, burgueses e setores aristocráticos da sociedade, que tem razões sociais distintas para sua insatisfação com o governo Dilma, que nada tem a ver com as dos trabalhadores. Não à toa, pouco se ouviu falar nesses dias sobre os cortes nas áreas sociais, sobre a redução de direitos trabalhistas ou sobre o desemprego. Tais protestos se configuraram como pontos de encontro dos setores mais reacionários da política brasileira. Os principais organizadores foram o Movimento Vem Pra Rua, o Movimento Brasil Livre e o grupo “Revoltados Online”.

O Vem Pra Rua é considerado o mais “moderado” desses grupos direitistas e o que reuniu maiores contingentes ao redor de si durante as manifestações. Seu principal líder é um empresário e sócio de uma grande gestora de fundos de investimento, Rogério Chequer. Ele apoiou Aécio Neves do PSDB nas eleições de 2014 e não escondia sua preferência política pessoal, ao mesmo tempo em que afirmava o caráter “apartidário” do movimento e negava qualquer tipo de financiamento empresarial. Apesar do suposto apartidarismo, o Vem Pra Rua estava claramente alinhado ao PSDB, cuja ala majoritária (representada por Serra, Alckmin e FHC) vinha à época se posicionando contra chamar por um impeachment. [2] [3]

Por sua vez, o grupo “Revoltados Online” é formado por cerca de 20 colaboradores de uma página nas redes sociais. Eles defendem ardorosamente o impeachment e muitas vezes fizeram postagens a favor da intervenção militar. São propagadores das teorias conspiratórias sobre os planos “comunistas” do PT (ignorando toda a política neoliberal levada adiante por Dilma) e elogiam Jair Bolsonaro, o deputado pró-ditadura e inimigo dos direitos democráticos das mulheres e LGBT. Ademais, venderam kits “anti-Dilma”, os quais incluíam (a preços exorbitantes) camisas, adesivos e cornetas – fazendo o grupo parecer mais uma empresa oportunista do que uma organização política. [2]

Já o Movimento Brasil Livre (MBL) é algo realmente “novo”, em certo sentido. Chama atenção em primeiro lugar o fato de suas figuras públicas serem todas pessoas de 20 e poucos anos e de muitas delas não serem defensoras do neoliberalismo “tradicional”, mas sim “libertárias” – isto é, contra toda e qualquer forma de intervenção estatal na economia, mesmo que seja para salvar empresas em falência, financiar determinados empreendimentos ou mesmo mitigar a desigualdade social em benefício do capital (cabe lembrar que mesmo Bolsa Família é inspirado nas ideias de “renda mínima” do guru neoliberal Milton Friedman e aprovado pelo FMI). A ala “libertária” do MBL, inspirada nas ideias de Ludwig von Mises – representante da chamada “Escola Austríaca” – defende um utópico capitalismo sem Estado (alguns chegam ao extremo de se reivindicarem “anarcocapitalistas”). Agem como se o Estado fosse um ente autônomo que caiu do céu e acabou com o capitalismo livre concorrencial, e não um instrumento do capital desde suas origens, sendo sua atual “interferência” na economia algo feito para e pelos grandes monopólios surgidos da dinâmica de crises sistêmicas do capitalismo. [2] [4]

Nesse sentido, se o neoliberalismo é o programa do grande capital para a atual etapa da decadência imperialista, o “libertarianismo” é a utópica resposta dos setores inferiores do empresariado, especialmente os “empreendedores” à constante ameaça de serem tirados de jogo por competidores que tem amplos recursos estatais a seu dispor. Todavia, apesar de soar “nova”, essa direita aglutinada no MBL foi gestada por atores sociais cujos interesses são muito velhos. Seus líderes são ligados a grupos de elaboração estratégica da direita (think tanks), como o Instituto Liberal e Estudantes pela Liberdade, e estes são todos financiados por centros da direita americana, por sua vez mantidos com vultuosos recursos de grandes empresas. Como foi demonstrado no apoio da FIESP às manifestações de março e abril, até mesmo esses jovens utópicos com instintos reacionários podem servir como peões no tabuleiro do grande capital. [2] [4]

Graças às manifestações puxadas por esses grupos, durante certo momento do ano passado a oposição burguesa ao governo do PT teve uma chance real de conseguir colocá-lo em xeque. Todavia, as divisões internas fizeram com que ela perdesse tal chance, especialmente por conta da ala majoritária do PSDB ter preferido esperar até o pleito de 2018, para enfrentar nas urnas um PT enfraquecido. Nas palavras de Aloysio Nunes, senador do PSDB, o plano é fazer o partido da situação “sangrar” até as próximas eleições nacionais [4]. Não obstante a falta de firmeza em relação ao impeachment nessa época, as manifestações – somadas à falta de popularidade do PT e seu isolamento na Câmara – fizeram com que Dilma cedesse ainda mais aos interesses do grande capital, em detrimento dos trabalhadores.

Mas, ainda que o PSDB tenha preferido usar as ruas como mero instrumento de pressão para sua política feita por dentro da “institucionalidade”, parte dos grupos que organizaram as manifestações seguem firmes em seu desejo de ver Dilma cair, e seguem convocando protestos de tempos em tempos. Estes têm estado menores, agora que perderam o apoio direto de setores do grande capital e de seus representantes políticos, todos apostando nas brigas palacianas, especialmente depois que o pedido de impeachment contra Dilma foi aceito pelo legislativo.

Boicotar e denunciar as manifestações direitistas

Após o fracasso daquelas convocadas no segundo semestre de 2015, o MLB, Vem Pra Rua etc. fizeram uma igualmente fracassada manifestação nacional em Brasília e estão desde então acampados no Planalto Central, com números irrisórios, sendo que seus representantes públicos e ideólogos tem se engalfinhado em polêmicas cada vez mais agudas [5]. Esse quadro só começou a mudar agora no começo de março, com a nova instabilidade criada pelo fechamento do cerco da Operação Lava Jato sobre Dilma e Lula, tendo a manifestação do dia 13 superado um pouco os números daquela de 15 março de 2015. É provável que novas manifestações continuem sendo convocadas como forma de pressionar pelo impeachment.

Em primeiro lugar, é necessário denunciar como direitistas e incentivar os trabalhadores a boicotar essas manifestações. Por mais óbvio que possa parecer, é preciso dizer que essas manifestações não são “movimentos de massas” com demandas populares, mas marchas articuladas pela direita, cujo objetivo último é aprofundar a onda de ataques contra a classe trabalhadora. Apesar da aparente obviedade disso, alguns grupos da esquerda – o MNN/Território Livre, o MRS (Movimento Revolucionário Socialista) e os maoístas organizados em torno do jornal A Nova Democracia, foram nas primeiras manifestações, de maior volume, e consideraram-nas lutas legítimas contra o governo Dilma. Agora em 2016, apenas o MRS continua a insistir em tal tática, ao passo que os demais a tem evitado. [6]

Essas posições absurdas, que não se importam em estabelecer uma “frente única” com direita contra o governo, devem ser repudiadas. Tomando as bases, as lideranças e o programa dessas manifestações, elas representam interesses completamente alheios e, de fato, opostos aos da classe trabalhadora e é uma ilusão fatal achar que é possível disputá-las. É inclusive surpreendente que os membros dessas organizações não tenham sido linchados, uma vez que uma simples camiseta vermelha muitas vezes já era suficiente para despertar a fúria dos mais fanáticos direitistas. Não à toa, esses “revolucionários” omitiram qualquer referência ao comunismo em seus materiais e vestimentas ao engrossarem as fileiras de tais manifestações.

A disputa intraburguesa muda de terreno: o impeachment

Foi também nessa situação de instabilidade que emergiu a figura de Eduardo Cunha na Presidência na Câmara, um demagogo membro da Bancada Evangélica, perito em manobras estatutárias e aliado aos sanguessugas descontentes da Câmara. Se aproveitando de seu poder momentâneo, Cunha e seus aliados da “Bancada BBB” encaminharam uma série de projetos que foram devidamente chamados de “pauta conservadora”. Dentre tais projetos, que incluíam um “Estatuto da Família” (contra a definição de casais homoafetivos como família), um “Estatuto do Desarmamento”, um “Dia do Orgulho Hétero” e um em particular que gerou forte reação, o de restringir o uso de contraceptivos abortivos por mulheres vítimas de estupro. Este último, encaminhado já em um momento de fragilidade de Cunha, por ter sido exposto na Operação Lava Jato, foi respondido com numerosas passeatas e atos públicos em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, protagonizadas por mulheres que gritavam “Fica pílula, fora Cunha!”.

Por conta de toda a polarização do primeiro semestre e da enorme instabilidade política criada, o impeachment acabou entrando em pauta no segundo semestre de 2015 e acabou por ter o seu encaminhamento aprovado em dezembro. Isso ocorreu não só por conta de manobras dos adversários de Dilma na Câmara, mas também porque importantes setores empresariais, incluindo aí muitos aliados do governo, cansaram de lidar com uma bolsa volátil e com o risco de terem seus executivos citados nos autos da Lava Jato (como ocorreu com algumas das principais empresas e bancos do país, cujos presidentes foram parar na cadeia) e resolveram apostar em uma solução rápida para “por ordem na casa”.

Dilma e o PT passaram a jogar o jogo palaciano de Cunha e inicialmente brecaram o processo de impeachment utilizando de trocas de favores com Ministros do STF e jogando no ventilador a corrupção do próprio Cunha por meio de alguns aliados do governo que estavam a “abrir o bico” nas delações premiadas da Lava Jato. A única interação do PT com as ruas nesse contexto em que se encontrava com a corda no pescoço foi a utilização da CUT e do MST para formarem frentes amplas com o objetivo de se blindar dos ataques que vinha sofrendo (e também gestar uma alternativa eleitoral viável para 2018), tais como as Frentes “Brasil Popular” e “Povo Sem Medo” – que, hipocritamente, fizeram críticas mais ou menos duras ao ajuste fiscal na forma de um “Fora Levy”, mas que ignorava por completo a responsabilidade de Dilma no mesmo.

A Operação Lava Jato é um fator importante a ser considerado, especialmente porque o atual retorno do impeachment à pauta da Câmara se deu na esteira da recente delação do senador petista Delcídio Amaral, implicando Dilma e Lula. Aos poucos está ficando claro quais são os interesses político-econômicos que movem o juiz Sérgio Moro e Cia. [7]. É fato que a dinâmica de prisões com base em denúncias, que leva os presos a realizarem novas denúncias, e assim por diante, está jogando no ventilador toda a podridão do meio empresarial e político brasileiro. Porém, a mídia corporativa está trabalhando duro para preservar seus “protegidos” do PSDB, igualmente envolvidos na sujeirada, enquanto usam a investigação para reforçar seu ataque contra o governo e o PT.

Como se pode ver por essa breve síntese do que foi 2015 e o começo deste ano, os desafios que surgiram para a esquerda não foram poucos – e muitas deles seguem em aberto. Houve muita confusão quando a direita conseguiu mobilizar nas ruas contingentes consideráveis até abril; sobre a forma de como reagir ao ajuste fiscal promovido por Dilma/Levy em um contexto no qual o PT estava sob pesado ataque da mídia e risco real de perder o Planalto Central; e às frentes amplas criadas pelos governistas para se blindar nas ruas. No presente momento, a confusão segue em relação ao impeachment e, especialmente, ao ajuste fiscal. Sem uma resposta correta a essas questões, é impossível que a classe trabalhadora consiga se apresentar enquanto a necessária alternativa à onda conservadora e aos ataques do governo.

Qual deve ser a tática da classe trabalhadora?

Enquanto luta contra o avanço da “onda conservadora” de ataques aos direitos, é imprescindível que não haja nenhuma capitulação ao governo. Dilma nada está fazendo para frear o crescimento dos movimentos conservadores. Lembremos que depois das manifestações de março, ela ofereceu “dialogar” com os organizadores e acatou os desejos do grande capital via o “ajuste” de Levy. Está de mãos atadas por suas alianças com políticos e partidos conservadores para administrar o Estado burguês. Seu recente acordo com a cúpula tucana para abrir o pré-sal aos capitais imperialistas e a sanção da “Lei Antiterrorista” deixa claro que ela fará ataques cada vez maiores aos trabalhadores como forma de ganhar tempo junto a seus adversários.

Em outras palavras, embora estejam sendo visados pela grande imprensa e pela oposição direitista, o governo é parte e cúmplice da “onda conservadora”, pois está realizando todas as medidas demandadas pelo grande capital. Por conta disso, as frentes “Brasil Popular” e “Povo Sem Medo”, criadas em resposta ao ascenso da direita e que supostamente estão em luta contra o “ajuste fiscal”, não passam de uma tentativa de salvar o mesmo nesse momento de instabilidade. Consequentemente, cooperam indiretamente com seus ataques contra os explorados e oprimidos do país.

O mesmo papel lamentável de blindar o governo vem cumprindo o PCO, organização que suja o nome do trotskismo com sua colaboração de classes governista, conforme já denunciamos em Da histeria golpista à Copa do Mundo. As capitulações do PCO ao governismo (julho de 2014). Esse partido vem escondendo quaisquer críticas ao governo e só fala da “luta contra o golpe”, participando e elogiando entusiasticamente cada manifestação governista pró-Dilma.

Sem fazer coro com enorme histeria criada pelos governistas e seus ajudantes, como se estivesse em curso uma derrubada do governo à lá golpe de 64, cabe apontar que partidos e tendências reacionárias de todo tipo vem ganhando fôlego. O fascismo, por exemplo, vem de fato crescendo no país. Um novo partido neonazista foi fundado no Brasil no final do ano passado. Apesar do evento de seu lançamento, unindo diversos grupos extremistas (como os conhecidos “Carecas de SP”) ter sido cancelado em cima da hora, por temor de uma reação organizada da esquerda, ele já possui site e vem organizando diretórios regionais. [8] O sentimento anticomunista (associado cretinamente ao governo neoliberal do PT) cresceu muito na sociedade no último período, principalmente devido ao trabalho dos direitistas nas redes sociais.

O movimento dos trabalhadores e as organizações de luta contra as opressões devem estar atentos e ter unidade de ação para combater quaisquer agressões ou ameaças que se coloquem em seu caminho. Seja por parte de grupos fascistas – que ainda são uma pequena minoria, mas que vem surfando com certo sucesso na onda do crescente conservadorismo, seja por parte da “nova” velha direita do MLB/Vem Pra Rua/Revoltados Online, cujos membros já protagonizaram mais de um episódio de violência contra membros dos movimentos sociais. Nossa resposta a esse lixo deve ser dada nas ruas, denunciando seu pensamento rasteiro e as suas verdadeiras intenções de servir ao grande capital, do qual são tropas de choque, bem como se preparando para responder concretamente à sua violência com todo vigor sempre que necessário.

Além disso, está claro que devemos rejeitar e denunciar esse impeachment e demais manobras da oposição de direita. Dilma merece ser julgada por seus crimes contra a classe trabalhadora, como os cortes de direitos e a cumplicidade com a repressão, a continuidade da entrega das riquezas do país ao imperialismo etc. O mesmo vale para Lula. Mas só quem pode fazer isso é a luta da classe trabalhadora, para barrar e reverter as medidas do governo e confrontá-lo diretamente. O impeachment, por outro lado, é uma manobra da oposição PSDB/DEM e de setores do PMDB que querem assumir eles próprios o governo. Esses senhores querem capitalizar a crise do PT e de Dilma para seu próprio benefício. Uma queda de Dilma por essa via não beneficia os trabalhadores e, nesse caso, não mudaria a onda de ataques, mas ao contrário, a intensificaria. Nós do Reagrupamento Revolucionário nos opomos ao impeachment não por capitulação ao PT, mas sim por reconhecermos esse processo como uma cortina de fumaça da oposição de direita para se aproveitar da insatisfação da população, angustiada e cansada pelos ataques que vem sofrendo por parte da burguesia e do governo.

O elemento essencial para que a classe trabalhadora enfrente a atual conjuntura com sucesso é a formação de um polo independente da oposição de direita e do governo, que unifique as várias lutas em curso (abrindo sempre novas frentes) em torno dos eixos: Contra os ataques do governo e seu “ajuste fiscal”! Nenhum corte de verbas dos serviços públicos, retirada de direitos ou demissões! Contra a criminalização dos movimentos sociais da Lei antiterrorismo! Contra a oposição de direita e sua manobra hipócrita de impeachment! Essa deve ser uma frente de unidade nas lutas, baseada nessas posições fundamentais para os trabalhadores no atual momento. Ao mesmo tempo, dever permitir a todos os grupos e partidos da classe trabalhadora que queiram participar uma ampla liberdade de discussão e crítica.

Os governistas negam a existência de uma situação de crise econômica (mais precisamente, de recessão – que será aprofundada com a política de ajuste fiscal de Dilma), alegando que tudo não passa de “complô da oposição” e “invenção da mídia”, e se usam da “onda conservadora” para tentar angariar apoio popular ao governo. Por outro lado, há setores na esquerda que negam o crescimento do conservadorismo por encararem que admitir isso implicaria defender Dilma politicamente. A formação de um polo independe como o que estamos defendendo precisa se opor firmemente a esse tipo de “posição automática”.

No primeiro semestre do ano passado chegaram a ocorrer algumas manifestações em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, chamadas por partidos de esquerda e a CSP-Conlutas, que constituíram experiências embrionárias independentes do governo e da oposição de direita, mas as frentes de colaboração de classes criadas pelos governistas através da CUT e do MST deram cabo das mesmas, ao conseguir recrutar importantes setores que as compuseram, tais como boa parte das correntes do PSOL e o MTST, como discutiremos a seguir. A luta contra a direita e o governismo ganhou novo fôlego com a belíssima luta protagonizada pelas mulheres contra Cunha, no segundo semestre de 2015, mas segue aberta a tarefa de formação de um polo de independência de classe e combativo.

Obstáculos e desvios colocados por duas posições na esquerda: PSOL e PSTU

Desde outubro do ano passado, o PSOL e a maior parte de suas correntes têm participado da Frente Povo Sem Medo, incluindo aí alguns grupos que se reivindicam trotskistas, como Insurgência, o MES e a LSR [9]. Essa frente diz ter como objetivo a defesa da classe trabalhadora contra o ajuste fiscal:

“O ‘ajuste fiscal’ do governo federal diminui investimentos sociais e ataca direitos dos trabalhadores. Os cortes na educação pública, o arrocho no salário dos servidores, a suspensão dos concursos são parte dessa política. Ao mesmo tempo, medidas presentes na Agenda Brasil, como aumento da idade de aposentadoria e ataques aos de direitos e à regulação ambiental também representam enormes retrocessos. Enquanto isso, o 1% dos ricos não foram chamados à responsabilidade. Suas riquezas e seus patrimônios seguem sem nenhuma taxação progressiva. O povo está pagando a conta da crise.”

— Frente Povo Sem Medo será lançada nessa quinta em SP, 5 de outubro de 2015. Disponível em: http://tinyurl.com/hx6tcpk.

Porém, não pode ser ignorado que essa Frente é composta em sua maioria por organizações que fazem parte do governo que está realizando todos esses ataques contra a classe trabalhadora: PT, PCdoB, CUT, UNE, entre outros, e se usam da mesma para blindar Dilma. Atacam o “ajuste fiscal” apresentando-o como obra do capital financeiro, mas suas críticas a Dilma são simbólicas, isso quando aparecem. A “onda conservadora” é apresentada como um fenômeno que não tem a ver diretamente com o governo. Essas organizações nunca explicam porque seguem sendo base de apoio a Dilma. A própria formação da Frente foi uma tática sua para tentar se reinserir no movimento, do qual estiveram ausentes, e lutar contra os projetos da bancada conservadora no legislativo sem encostar no governo, fazendo uma crítica “comportada” ao mesmo, na melhor das hipóteses. Vejamos, por exemplo, a convocatória para manifestações que estão sendo chamadas para o dia 31 de março:

“Os eixos da mobilização unitária são os seguintes: Contra a Reforma da Previdência; Não ao Ajuste Fiscal e cortes nos gastos sociais; Em defesa do Emprego e dos Direitos dos Trabalhadores; Fora Cunha; Contra o Impeachment.”

— Nota sobre a mobilização nacional de 31/3, 16 de fevereiro de 2016. Disponível em http://tinyurl.com/jpqyck6.

Esse chamado é assinado pela Frente Povo sem Medo e pela Frente Brasil Popular e não é atípico do seu conteúdo de nenhuma denúncia ao governo. Portanto, o papel que cumpre essa Frente Povo sem Medo, assim como a Frente Brasil Popular, é de ser um obstáculo para a conformação de uma frente de luta efetiva e combativa da classe trabalhadora contra o conservadorismo e também os ataques do governo. Ao se atrelar à “ala esquerda” de um dos campos burgueses em disputa, o PSOL enfraquece a perspectiva de derrotar os ataques, que só pode ser vitoriosa travando uma verdadeira guerra de classe contra ambos governo e os direitistas pró-impeachment. A Frente é contra o impeachment, mas não fala uma palavra do governo em 90% das ocasiões. Quando o faz, é com um tom ameno.

Um militante honesto do PSOL poderia argumentar que a participação do partido seria uma tática para rachar a base do governo, chamando isso de “frente única”. A frente única conforme defendida pela Internacional Comunista em sua época revolucionária é uma unidade de ação em torno de bandeiras de interesse comum para os trabalhadores, na qual os partidos revolucionários poderiam mostrar também a superioridade do seu programa e ganhar os trabalhadores para o mesmo. De fato, o PT e o PCdoB ainda possuem influência sobre uma base que esperamos um dia que sejam ganhos para a revolução. Mas mesmo que essa frente pudesse articular uma luta combativa contra o ajuste fiscal, o que não vai acontecer, o PSOL deveria travar uma batalha encarniçada contra os governistas, denunciando o uso que eles querem fazer da mesma. Mais uma vez, isso não ocorre. O problema com essa suposta “tática” do PSOL é que em suas declarações sobre a Frente Povo sem Medo, ele deixa de lado todas as críticas aos governistas para manter a unidade. Vejamos, como exemplo, a sua nota sobre o lançamento da Frente em São Paulo.

“Diversas entidades e movimentos sociais convidam para o lançamento da Frente Povo Sem Medo, nesta quinta-feira (…). Uma frente política que propõe saídas à esquerda para a crise brasileira, contra qualquer ataque aos direitos dos trabalhadores, seja do governo federal, seja de sua oposição de direita. O PSOL soltou uma resolução nacional nesta semana chamando sua militância a se incorporar a esta frente, inclusive diversos de nossos parlamentares são signatários de sua carta convocatória.”

— Carta Convocatória de lançamento da Frente Povo sem Medo, 7 de outubro de 2015
Disponível em: http://tinyurl.com/hd5fly5

Em seguida é reproduzida a carta de lançamento da Frente, no tom que já explicamos. Mas em nenhum momento dessa convocatória do PSOL existe uma crítica ao PT, PCdoB, CUT, UNE etc. etc. Será que a frente propõe mesmo “saídas à esquerda” para a crise? Esses governistas querem, de fato, uma transformação do país? Sustentar isso seria demais até para o PSOL. Em outros artigos, sobre a difusão da Frente pelos estados ou no lançamento da mesma no Maranhão, a mesma coisa acontece. Nem mesmo uma linha sobre os “aliados” do PSOL nessa Frente [10]. Com isso, o que o PSOL está fazendo não é direcionar essa Frente para lutar contra o governo e os governistas, até porque isso não seria aceito pelos mesmos.

O PSOL está é se adaptando à posição dessas forças. Quando o objetivo comum é blindar um governo burguês e os seus apoiadores de críticas sobre os crimes cometidos contra a classe trabalhadora, o nome disso não é “frente única”, mas oportunismo. Esse oportunismo tem raiz na falsa crença de que Dilma e o PT são um “mal menor” que deve ser apoiado em relação à oposição de direita, posição defendida pela direção do PSOL e muitas de suas figuras públicas, como Jean Wyllys e Marcelo Freixo, que também chamaram a votar por Dilma no segundo turno das últimas eleições, dizendo que ela defendia “direitos humanos” e das minorias [11].

O governo composto pelo PT foi a ponta de lança dos ataques contra a nossa classe. Nesse momento em que grande parte dos trabalhadores passa a nada esperar do PT, um partido revolucionário teria terreno fértil para erguer, do cemitério do programa governista de conciliação com a burguesia, uma alternativa classista para a solução dos problemas do proletariado. Ao invés disso, os líderes do PSOL optam por ajudar a blindar um inimigo da classe trabalhadora que é esse governo, ao dar cobertura pela esquerda na Frente Povo sem Medo. Apesar da direção do MTST (principal componente da Frente) parecer ter enfim se dado conta do beco sem saída dessa política conciliatória, anunciando recentemente (7 de março) que passará a fazer firme oposição ao governo Dilma e que mobilizará sua base em uma jornada de lutas, tudo indica que essa Frente (da qual o MTST não se retirou) continuará blindando Dilma. Por isso chamamos o PSOL e todos os seus militantes a romper com a mesma, que só pode atrapalhar a organização da classe trabalhadora para lutar contra o ajuste fiscal.

O PSTU tem uma posição distinta. Eles também têm criticado a presença do PSOL nessa Frente com o governismo e chamado, corretamente, pela composição de um polo da classe trabalhadora em oposição ao governo e à direita:

“Os trabalhadores e a maioria do povo não devem apoiar Dilma, nem apoiar Cunha-Aécio, que defendem que governe Michel Temer ou Aécio Neves com esse Congresso. A classe trabalhadora e a juventude precisam ir à luta em defesa das suas reivindicações e contra todos eles. É através da mobilização para botar todos eles para fora, em defesa das nossas reivindicações e contra o ajuste fiscal que todos eles defendem, que podemos construir uma alternativa dos de baixo para governar o país.”

— Fora Dilma, Fora Cunha, Fora Temer, Fora Aécio e esse Congresso Nacional! Fora todos eles!, 3 de dezembro de 2015.
Disponível em http://tinyurl.com/z5zwnb2.

Porém, estamos em desacordo com a posição do PSTU em dois níveis. O primeiro é que a proposta do PSTU para a investida contra os inimigos da classe trabalhadora está em torno do chamado por “eleições gerais”:

“De imediato, se ainda não temos uma organização dos trabalhadores e do povo pobre apoiada nas suas lutas para governar, que é o caminho que pode garantir mudança de verdade, então que se convoquem novas eleições gerais no país, para presidência da República, senadores, deputados federais e governadores. Que o povo possa trocar todo mundo, se quiser. O que não dá para aceitar é que qualquer um desses que estão aí hoje governem.”

— Idem.

Acreditamos, como o PSTU sustenta, na necessidade de um governo de trabalhadores baseado em nossas organizações de luta e estabelecido por uma revolução para resolver a crise econômica e as desigualdades e absurdos desse país. Mas enquanto uma revolução não é sentida pelos trabalhadores brasileiros como uma necessidade e o socialismo está distante do seu horizonte de expectativas, existe uma ampla insatisfação com o “ajuste fiscal”, o qual é defendido por todos os partidos da burguesia. Um movimento de trabalhadores independente de todas as frações burguesas para combater esse ajuste e os cortes do governo é uma perspectiva viável e que prepararia nossa classe para começar a agir como uma “classe para si”, ou seja, na defesa combativa de seus próprios interesses.

A proposta do PSTU por eleições gerais, porém, vai na contramão de ambas perspectivas. A tática de unidade na luta contra o ajuste e os cortes de direitos avança para uma ação independente dos trabalhadores. Já querer eleições gerais como um objetivo para o atual período de instabilidade só serviria para desviar as expectativas do proletariado para o pântano lamacento da falsa democracia dos ricos, ainda que os pivôs dos escândalos de corrupção não participassem, como o PSTU defendeu em outras declarações. A burguesia nunca tem dificuldades em repor seus fantoches e homens fortes. Nesse sentido, é também equivocada, e cumpre igualmente papel de desvio, a linha assumida pelo MRT/Esquerda Diário, de chamar por uma Assembleia Constituinte [12] – uma linha recorrente desse grupo, à qual futuramente dedicaremos uma polêmica à parte.

Qualquer partido revolucionário deveria saber que as eleições burguesas são nada mais que um jogo de cartas marcadas, e que a burguesia só financia e divulga maciçamente aquelas campanhas dispostas a defender os seus interesses. Além disso, os trabalhadores não podem decidir, nas eleições, sobre as questões que realmente afetam as suas vidas, nem a forma como seu local de trabalho será gerido, nem quem pagará pela crise econômica, nem sobre leis cortando seus direitos, por exemplo. As eleições não passam de uma oportunidade que o proletariado tem para escolher os seus carrascos.

Marxistas normalmente chamam por eleições gerais em casos quando estas se contrapõem a uma ditadura que reprime todas as formas de liberdades democráticas burguesas. Nesses casos, o chamado por eleições serve para desmascarar regimes ditatoriais e representa a abertura de um espaço político para agitação revolucionária. Especialmente quando a população tem expectativas de que as coisas seriam drasticamente diferentes em uma democracia. Mas no atual cenário brasileiro, a população e os trabalhadores em especial sentem profundo desdém e não acreditam no sistema eleitoral burguês.

Os revolucionários podem continuar usando, em momentos de calmaria, os períodos eleitorais para denunciar a farsa que as eleições representam. Mas de forma alguma é aceitável apresentar a proposta de um novo processo eleitoral nesse momento, quando o que a conjuntura exige é uma luta incansável contra os ataques do governo e da direita. Um processo eleitoral no meio das lutas serviria somente para desviar as atenções, seria um caminho para longe dos esforços pela construção imediata de um polo classista. Sem contar que as eleições gerais que se seguiriam à queda da presidente, seriam provavelmente ganhas pela oposição de direita. De que forma isso ajudaria a barrar os ataques da burguesia contra nossa classe? É uma pergunta difícil de responder mesmo para o PSTU.

Outro aspecto da posição do PSTU com qual temos desacordo ainda não é, até o momento, tão concreto. É a sua tendência a flertar com as investidas contra o governo Dilma mesmo se partirem da oposição de direita. A LIT, organização internacional da qual o PSTU faz parte, tem mantido de forma consistente a linha de enxergar qualquer movimentação de massas contra o governo da vez como algo progressivo, sem considerar o caráter de classe que está à frente do movimento de oposição e quais forças efetivamente dirigem a derrubada do governo da vez. Fizeram isso na Líbia, ao não ter nenhum pudor de reivindicar uma unidade de ação com a OTAN para derrubar o ditador Kaddafi; na Síria, ao apoiar os reacionários rebeldes do Exército Livre da Síria, de programa burguês pró-imperialista, como uma alternativa ao tirano Assad; na Ucrânia, ao chamar de “revolução” e apoiar o levante do EuroMaidan, dirigido pela direita pró-União Europeia; no Egito, ao sustentar que o golpe militar que derrubou o ex-presidente da Irmandade Muçulmana foi uma “revolução vitoriosa”. [13] Essa é a mesma tendência que permitiu à corrente internacional do PSTU enxergar a queda da URSS e demais Estados operários burocratizados europeus no começo dos anos 1990 como uma “vitória histórica dos trabalhadores” [14].

Tal tendência não foi, por ora, levada até esses extremos. O PSTU tem rejeitado abertamente se somar aos atos organizados pelos opositores de direita e não apoia o impeachment, embora dificilmente o partido se pronuncie contra este processo. Ao longo dos meses, disse que “não o propõe”: “O PSTU não está propondo impeachment da presidenta Dilma. Não queremos colocar nas mãos deste Congresso Nacional, corrupto e controlado pelo poder econômico, a solução da crise vivida pelo país” (Quem faz o jogo da direita, 28 de julho de 2015). Ou então que um impeachment “não basta”: “Por isso dizemos que não basta tirar a Dilma. É necessário colocar para fora também toda essa corja do PMDB e do PSDB, começando pelo picareta maior do Eduardo Cunha, Temer, Aécio Neves e esse Congresso…”. (Nota da Direção Nacional do PSTU, 3 de dezembro de 2015).

A ideia de que o impeachment “não basta” ou “não resolve nossos problemas” (como também foi expressa) está diretamente relacionada à palavra de ordem de “Fora Dilma, Fora Cunha, Fora Temer, Fora Aécio e esse Congresso Nacional! Fora todos eles!” defendida pelo PSTU. Idealmente, somos a favor de um “fora todos” no sentido de que queremos tirar do poder todos os representantes da burguesia. Porém, defender essa demanda na atual conjuntura, em que a única possibilidade concreta é que o “Fora Dilma” leve a um governo do PMDB-PSDB, não é advogar a causa do proletariado, mas ser indiferente quanto às conclusões a que a concretização dessa demanda poderia levar. Isso seria diferente se a ameaça pairando sobre Dilma fosse a do movimento da classe trabalhadora, é claro.

Não é à toa, porém, que foi quando a perspectiva do impeachment se tornou concreta que o PSTU passou a defender tal demanda. Mais seriamente, em certa ocasião um dos principais dirigentes do PSTU apoiou (no seu perfil nas redes sociais) um “panelaço” da classe média conservadora contra os pronunciamentos de Dilma, dizendo que era “perfeitamente merecido”:

“PANELAÇO NA DILMA E NO PT! MAS PANELAÇO TAMBÉM NO AÉCIO E NO PSDB! PANELAÇO NESTA CORJA TODA!”
“Inacreditável a cara de pau da direção do PT no programa que acaba de ir ao ar na TV. Mostram um país que só existe no conto da carochinha dos dirigentes deste partido e seu governo. E acham que enganam alguém com isso. Perfeitamente merecido o panelaço que se ouviu por todo lado durante o programa. Mas panelaço não pode ser só no PT e na Dilma, não. Tem de ser também no Aécio e no PSDB, no Temer e Eduardo Cunha do PMDB, tem de ser panelaço neles todos. Eles estão unidos para atacar os direitos dos trabalhadores e para defender o lucro dos bancos”.

— Zé Maria, 6 de agosto de 2015. Disponível em http://tinyurl.com/gv4w4j3.

Os revolucionários não se opõem ao impeachment por considerar o PT uma organização operária ou seu governo com sendo de esquerda. Não, sabemos que são um partido e um governo dos patrões, que merecem a cova, junto com os tucanos e o restante da direita. Mas o algoz do PT não deve ser um impeachment e nem os tribunais controlados pela direita, mas sim a classe trabalhadora organizada. Portanto, denunciamos e nos opomos firmemente à hipocrisia do impeachment do PSDB-PMDB como uma tentativa de angariar os frutos do desgaste do governo. O chamado por um “Fora Dilma! Fora Todos!” defendido pelo PSTU – e também pela CST (PSOL) [15] – não prioriza a perspectiva de derrotar o governo Dilma e suas políticas antioperárias, mas sim a sua retirada ou saída do poder, sem que o movimento da classe trabalhadora esteja pronto, nesse momento, para se beneficiar disso e quando só a oposição de direita pode fazê-lo. Reafirmamos que somente a formação de um polo proletário independente tanto da oposição direitista quando do governo Dilma oferece a perspectiva de derrotar esses dois algozes.

O cerco sobre Lula e as falsas expectativas na Operação Lava Jato

Com o vazamento da suposta delação do senador petista Delcídio Amaral pela revista Isto É, no último dia 3 de março, a situação de Dilma se tornou ainda mais instável e o ex-presidente Lula foi posto no olho do furacão. Lula, a atual aposta do PT para as eleições de 2018, foi levado a depor coercitivamente pela Polícia Federal no dia 4 de março e teve prisão preventiva solicitada pelo Ministério Público de São Paulo. Apesar das acusações contra ele e Dilma não estarem confirmadas, a oposição de direita e setores do PMDB voltaram a bradar pelo impeachment e a convocação para a manifestação que organizam para o dia 13 de março ganhou muito mais fôlego. Ante essa situação, de novos atos de rua convocados pela oposição de direita e por grupos da “nova” direita, reforçamos aquilo que dissemos em relação às manifestações do início de 2015. O mesmo vale para nosso posicionamento em relação ao impeachment contra Dilma.

Porém, a reposta dada ao evento por setores da esquerda reforçam nossas críticas a esses partidos e grupos. A direção da CSP-Conlutas, hegemonizada pelo PSTU, emitiu uma nota em que não questiona a arbitrariedade e as intenções de Moro e da Polícia Federal e demandou que também Cunha, Aécio e Cia. fossem investigados:

“Assim, não podemos cair no discurso que essa ação [a investigação sobre Lula] é um ‘golpe da direita’, precisamos exigir que as investigações avancem e cheguem a todos os políticos corruptos e às empresas corruptoras. É dessa forma que vamos virar esse jogo para o lado dos trabalhadores.”

— Não basta avançar na investigação sobre Lula, é preciso apurar também as falcatruas do PSDB, PMDB, DEM e outros partidos de direita!, 12 de março de 2016.
Disponível em http://tinyurl.com/zu82883.

Qualquer um pode ver que essa ação faz parte da sórdida investida da oposição de direita contra o PT, além do que cruza a própria legalidade de investigações criminais. Aqui, a direção da CSP-Conlutas parece confiar na Lava Jato (que não é criticada em nenhum momento do artigo) para investigar todos os outros partidos da burguesia. Quaisquer que sejam os interesses “justiceiros” de Moro e da Lava Jato, a condução das operações está prestando auxílio às intenções dos setores da oposição de direita para criar instabilidade. Um partido revolucionário não deveria delegar à polícia e à justiça dos patrões a tarefa de realizar a limpeza dos corruptos, pois é evidente que isso não acontecerá. Como a própria nota da CSP-Conlutas afirma, “a burguesia protege os seus”. Não há motivo, portanto, para crer que a continuidade de investigações da Lava Jato irá “virar esse jogo para o lado dos trabalhadores”. Como afirmamos, esta é uma manifestação da tendência de não diferenciar os golpes sofridos pelo governo e PT por parte da classe trabalhadora daqueles que vêm, ou acabam sendo instrumentalizados, pela oposição de direita.

O PSOL também está dando apoio à continuidade das investigações. O site do partido afirmou que “Apoiamos o aprofundamento das investigações, na expectativa de que sejam levadas até o fim, sem qualquer diferenciação entre os acusados, tendo prerrogativa de foro ou não.” [16] Essa “expectativa” é uma ilusão séria. A Lava Jato já demonstrou que não vai se colocar a serviço de uma investigação da casta política ou do meio empresarial de forma imparcial. Não será “levada até o fim” pois a Justiça burguesa não pode fazê-lo.

A CST/PSOL emitiu nota de teor semelhante, em que demanda o aprofundamento das investigações e diz que “Lula e Dilma devem ser investigados e punidos!” [17] Mas por quem? Nós do Reagrupamento Revolucionário encaramos que Lula, Dilma, Aécio, Cunha e cia. precisam sim ser investigados, mas não conferimos confiança alguma à justiça burguesa. Apenas o movimento operário organizado tem legitimidade para realizar uma investigação séria contra essa corja, a começar pela devassa das finanças das grandes empresas envoltas em toda essa falcatrua. E vemos necessidade de denunciar firmemente a forma como Moro e a PF vem atuando, que revela a podridão dos aparelhos repressivos do Estado burguês.

Mas se a posição da direção da CSP-Conlutas e da CST/PSOL são preocupantemente equivocadas, cabe ressaltar que a do MNN/Território Livre ultrapassa todos os limites do bom senso. Tal grupo emitiu duas notas em que efetivamente comemorou ditas ações e ainda pediu pela imediata prisão de Lula e queda de Dilma, com a demanda “Que Lula seja preso!” [18], alegando que isso favorecerá as condições para a construção de organizações revolucionárias. Uma ilusão delirante de que um processo controlado pelo Estado e pela Justiça dos patrões e posto a serviço dos direitistas pode trazer frutos políticos para o proletariado.

Esses novos acontecimentos em nada alteram nossa posição de oposição ao governo Dilma. Tampouco vemos motivos para baixar o tom quanto ao papel histórico cumprido por Lula de trair e conter os movimentos da classe trabalhadora. Com o acirramento dos ânimos, governistas tem inclusive assumido posturas agressivas que devem ser rechaçadas com o necessário vigor pelo conjunto dos movimentos sociais e da esquerda, como a censura e tentativa de agressão a militantes do Movimento Mulheres em Luta (que compõe a CSP-Conlutas) no ato de 8 de março em São Paulo. Da mesma forma, os direitistas mais fanáticos e com tendências fascistoides realizam agressões contra sedes de sindicatos da CUT, militantes ou mesmo pessoas aleatórias vestidas de vermelho que passam pelas suas manifestações. É preciso unidade dos lutadores para rebater esses reacionários violentos, com todos os meios necessários. O governismo e a reação de direita devem ser derrotados nas lutas e ruas, por meio da mobilização e unidade da classe trabalhadora.

Notas

[1] Institutos de pesquisa fazem levantamentos sobre o perfil dos manifestantes em Porto Alegre, 16 de março de 2015. Disponível em: http://tinyurl.com/m39kn27

[2] Conforme A nova roupa da direita, Pública, 23/06/2015 (disponível em http://tinyurl.com/plbh27b), Três grupos organizam os atos anti-Dilma, em meio a divergências, El País Brasil, 15/03/2015 (disponível em http://tinyurl.com/jpky7rz) e Quem financia os grupos que pedem o impeachment?, Diário do Centro do Mundo, 15/03/2015 (disponível em http://tinyurl.com/j4kwkyl).

[3] Contrariando líderes tucanos, FH diz que pedido de impeachment é precipitado, O Globo, 19/04/2015. Disponível em: http://tinyurl.com/hc4fveo.

[4] Sobre os defensores da “Escola Austríaca”, que tem dado as caras no Brasil recentemente, ver o artigo de André Augusto, O que está em jogo no “Mais Mises, Menos Marx”. Disponível em: http://tinyurl.com/jag83aj.

[5] Conforme Barraco na direita: Olavo, Reinaldo, Constantino, Bolsonaro e Kataguiri trocam acusações, Portal Fórum, 13/01/2016. Disponível em: http://tinyurl.com/j3vl8xj.

[6] A esse respeito, ver “Tomar as massas em seu movimento”, site do MNN, 17/03/2015 (disponível em http://tinyurl.com/hptdyvy), Fora Dilma, Fora Todos!, Facebook do MRS, 16/08/2015 (disponível em http://tinyurl.com/h9uo4gh), O Brasil precisa de uma Grande Revolução, Jornal a Nova Democracia n. 147, março/2015 (disponível em: http://tinyurl.com/h5lgjmh) e Porque ir aos atos do dia 13 de março?, Facebook do MRS, 12/03/2016 (disponível em http://tinyurl.com/h8uv2un).

[7] Recente pesquisa do Esquerda Diário indica que se trataria de uma forte resposta de um bilionário cartel internacional de produção de navios-sonda à tentativa de formação de um cartel competidor “tupiniquim”. Esquerda Diário investiga delações, Esquerda Diário (portal do MRT), 29/01/2016. Disponível em: http://tinyurl.com/j7tg9y4.

[8] Conforme Fascistas vão fundar a Frente Nacionalista em Curitiba com um festival lotado de banda ruim, Vice, 11/12/2015 (disponível em http://tinyurl.com/zj792q4) e Grupo fascista cancela congresso na região de Curitiba, Gazeta do Povo, 11/12/2015 (disponível em http://tinyurl.com/hohxs5q)

[9] O PSOL é um partido formado por tendências, de forma que nem todas assinam a participação na Frente Povo sem Medo. Os movimentos do PSOL que aparecem assinando o lançamento da Frente são os seguintes: Coletivo Juntos, Juventude Socialismo e Liberdade (JSOL), RUA – Juventude Anticapitalista, Coletivo Construção e Bloco de Resistência Socialista. Um notável ponto fora da curva foi a corrente morenista CST, seção brasileira da UIT.

[10] Ver Frente Povo Sem Medo é lançada no Maranhão, com a presença do PSOL (http://tinyurl.com/hekglsp), 31 de março é dia nacional de luta unificada contra o ajuste fiscal e a reforma da previdência (http://tinyurl.com/zqo8djy) e Frente Povo Sem Medo começa a se organizar nos estados (http://tinyurl.com/gon6cl7).

[11] Ver Marcelo Freixo apoia Dilma Rousseff (https://www.youtube.com/watch?v=on3oysCoxj8) e Jean Wyllys: No segundo turno, eu voto em Dilma (http://tinyurl.com/gtflrgh).

[12] Conforme Por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força da mobilização, de dezembro de 2015 (http://tinyurl.com/jr9ncc7). Em nosso arquivo histórico há um documento de polêmica com a seção irmã do MRT na argentina, quando esta adotou linha semelhante na crise política que passou aquele país em 2001 (ver Acerca do chamado por uma assembleia constituinte na Argentina, de março de 2002, http://tinyurl.com/zxc3oz2).

[13] Sobre as posições da LIT / PSTU ante as guerras civis líbia e síria e o conflito na Ucrânia e no Egito, ver (respectivamente) nossa polêmica De que Lado da Trincheira?, de novembro de 2011 (http://tinyurl.com/ztu5e67), o artigo do PSTU Quatro anos da revolução síria, de março de 2015 (http://tinyurl.com/jc8rtdy), a Declaração da LIT-QI sobre a situação na Ucrânia, de maio de 2014 (http://tinyurl.com/jplyqc5) e nossa polêmica O golpe militar no Egito e a posição escandalosa do PSTU/LIT, de outubro de 2013 (http://tinyurl.com/z4b87l8).

[14] Ver, por exemplo, O veredito da história, de julho de 2015 (http://tinyurl.com/zqy78gy).

[15] Conforme Nem governistas, nem tucanos. Fora Todos!, de agosto de 2015 (http://tinyurl.com/hctwcng).

[16] Conforme “Apoiamos o aprofundamento das investigações”: Nota da bancada do PSOL sobre as novas prisões da Lava Jato (http://tinyurl.com/hgpkkjo ).

[17] Conforme Lula e Dilma devem ser investigados e punidos!, de março de 2016 (http://tinyurl.com/zfmc83v).

[18] Confira: Lula na prisão! (5/3/2016 http://www.movimentonn.org/?p=802 e http://tinyurl.com/hwe63t8).

Café da manhã com Dilma

Café da manhã de Dilma com jornalistas

A agenda do governo e a resposta necessária da classe trabalhadora

Por Rodolfo Kaleb, fevereiro de 2016.

[Nota: este artigo discute a agenda do governo Dilma contra a classe trabalhadora para este ano. Na última seção, nos posicionamos a respeito da política do impeachment contra Dilma, sem elaborar muito sobre a questão. Ela será discutida em maior detalhe (assim como criticadas posições oportunistas na esquerda sobre esse tema) em um outro artigo a ser publicado em breve.]

Ao longo de 2015, o governo do PT realizou uma série de ataques à classe trabalhadora e à juventude do país. Não obstante a diminuição de sua base aliada no Congresso e a instabilidade criada pela oposição de alas do PMDB e pelo PSDB, a gestão de Dilma Rousseff encaminhou, de mãos dadas com o que há de mais podre na política brasileira, como a “Bancada da Bala, Boi e Bíblia” e o conjunto dos parlamentares sanguessugas do PMDB, projetos de lei que atacam os direitos trabalhistas, cortou pesadamente a verba da educação e da saúde pública e ainda aperfeiçoou os instrumentos de criminalização dos movimentos sociais (PL do terrorismo). E tudo indica que este será tão agitado quanto.

Logo no começo de 2016, em 15 de janeiro, Dilma realizou um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. Seu conteúdo pode ser acessado emhttp://tinyurl.com/jlg9dfo (G1, 15/01/2016). Ela tem convocado coletivas de imprensa como essa com a intenção de melhorar a popularidade abalada do seu governo. Numa enorme mesa retangular com bastante comida, os jornalistas da grande imprensa fizeram várias perguntas à presidente. O recado claro foi de que as políticas de austeridade e de ataques aos trabalhadores continuarão. Vejamos em detalhes o que foi discutido e para o que nós, trabalhadores, que estamos comendo o pão que o diabo amassou, temos de estar prontos.

Desemprego

Dilma afirmou que sua maior preocupação é com o desemprego. No cálculo do IBGE para o terceiro trimestre de 2015, o desemprego chegou a 9%. Hoje, o número de trabalhadores sem carteira assinada deve estar ainda maior. A presidente disse:

Todo esforço do governo… é para impedir que, no Brasil, nós tenhamos um nível de desemprego elevado. Para mim, é a grande preocupação, é o que nós olhamos todos os dias. É aquilo que mais me preocupa e aquilo que requer mais atenção do governo”.

Mas a preocupação de Dilma não é com a vida dos trabalhadores que estão sem poder pagar as contas e em dificuldades. Se não, não teria realizado o corte de uma série de direitos trabalhistas desde o ano passado, inclusive dificultado o acesso ao seguro-desemprego e benefícios previdenciários. Nem teria encarregado o novo Ministro da Fazendo, Nelson Barbosa, de uma nova contrarreforma da previdência, que aprofundará o ataque aos aposentados iniciado em 2003 por Lula. A preocupação de Dilma é com os banqueiros e os demais capitalistas que começam a sentir no bolso a inadimplência dos serviços (situação de 1 em cada 5 famílias) e com a instabilidade econômica decorrente.

Desde meados do ano passado, milhares de operário das obras de construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) tem feito grandes mobilizações em defesa de seus empregos (constantemente ameaçados por cortes de pessoal) e salários (constantemente atrasados). Em Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro, os operários da CSN estão passando nesse momento por uma luta encarniçada contra milhares dedemissões realizadas pela empresa. A rede de supermercados Wal-Mart anunciou o fechamento de 60 lojas, o que vai acarretar centenas de demissões. Com os cortes nos gastos em obras públicas do PAC (8,6 bilhões), somados aos efeitos da crise que vem se arrastando, a perspectiva é sombria para o proletariado.

Diante do cenário de aumento do desemprego, nós trabalhadores devemos lutar pela organização dos desempregados junto com a luta dos demais trabalhadores. Devemos também exigir que os sindicatos os organizem. Mas os burocratas que dominam a maioria dos sindicatos do país (além da maioria das centrais), tornando-os instrumentos de divisão e contenção da classe trabalhadora em vez de instrumentos de luta, não vão fazer isso. Eles não estão nem aí para os trabalhadores demitidos.

Nossa classe deve ser unida. Não devemos aceitar nenhuma demissão por cortes. Amanhã pode ser um de nós. Devemos exigir a diminuição das horas de trabalho, sem diminuição de salário, para reintegrar os demitidos. São os patrões que tanto lucraram nos últimos anos que tem que pagar pela crise do seu sistema. Também devemos exigir aabertura dos arquivos de contabilidade para revelar a fortuna que os grandes capitalistas estão fazendo em cima do suor dos trabalhadores. No caso de fábricas falidas ou que queiram fechar as portas por completo, como o recente caso da MABE (em Campinas e Hortolândia) a ocupação, acompanhada do controle operário, deve ser a tática da classe trabalhadora. São necessárias ações de solidariedade da classe trabalhadora em todo o país para fortalecer esses companheiros.

Terceirização

Apesar de Dilma não ter falado do Projeto de Lei da terceirização (PL 4330/2004), esse é uma importante medida na qual os patrões estão apostando para amenizarem suas contas nesses tempos de recessão e garantirem maiores lucros no próximo ciclo de ascenso econômico. Se aprovado e sancionado, ele permitirá que muitos postos de trabalho hoje regidos pela CLT (com pisos salariais e direitos trabalhistas conquistados a duras penas) passem para a lógica da terceirização, que implica menores salários, menos direitos e constante instabilidade.

Não é a toa que Dilma não tenha mencionado esse PL. A resposta do PT ao mesmo no ano passado foi muito fraca e contraditória, pois ao mesmo tempo em que a CUT realizou certa mobilização contra sua aprovação na Câmara e que os deputados do PT votaram contra o mesmo (ou se abstiveram), o Planalto Central – comprometido até o pescoço com o “ajuste fiscal” então promovido por Joaquim Levy a pedido de Dilma – se calou. Ademais, as mobilizações puxadas pela CUT foram quase que simbólicas, pois os burocratas a frente da central sindical não fizeram nenhum esforço para realmente parar o país com fortes greves.

Se for aprovado no Senado, esse PL será o mais brutal ataque aos direitos trabalhistas desde a ditadura. É essencial barrar o mesmo através de lutas unificadas de todas as categorias e avançar no sentido de acabar de vez com a terceirização, que é uma forma de precarizar a mão de obra e dividir a classe) garantido que os trabalhadores terceirizados sejam todos integrados às empresas para as quais prestam serviços com plenos direitos e isonomia salarial.

Ajuste fiscal

Dilma também deixou claro que vai continuar o ajuste fiscal agora a cargo do petista Nelson Barbosa – que significa jogar o custo da crise nas costas dos trabalhadores através de corte de gastos públicos e aumento de impostos. Os impostos vão ser mais pesados sobre os trabalhadores, já que incidem sobre consumo ao invés da renda. Os cortes, também. Só para dar um exemplo: a conta de luz teve novo reajuste em novembro, depois de já ter aumentado 48% em 2015. Mas os grandes consumidores, as indústrias, tiveram desconto!

Só no ano passado, Dilma vetou o reajuste dos servidores, suspendeu concursos públicos, cortou 7 bilhões da Educação (provocando uma longa greve nacional nas Instituições de Ensino Superior, que acabou derrotada), quase 4 bilhões da Saúde, 10 bilhões do Bolsa Família, dentre outras medidas. Mas nem pensar em cancelar os pagamentos da “dívida pública” aos credores internacionais, grandes banqueiros e empreiteiras. Estes continuam lucrando e recebendo o dinheiro dos nossos impostos pelos serviços (superfaturados) e empréstimos a juros altíssimos feitos ao governo brasileiro. Reafirmando seu compromisso para com os credores, Dilma recentemente vetou a auditoria dessa dívida, que muitos especialistas indicam ser falsificada. E olha que a Câmara – cuja composição atual tem sido considerada a mais conservadora desde a redemocratização – havia aprovado tal medida.

Por sinal, esses cortes não dividem a oposição de direita e governo, nem o PMDB e nem o Congresso: nisso estão todos juntos contra o povo. Enquanto isso, os salários vão se corroendo pela inflação, que está batendo o índice de 10% ao ano. A próxima medida de Dilma será uma reforma da Previdência para aumentar o tempo de trabalho e reduzir as aposentadorias. No café da manhã, ela disse que

A reforma da Previdência tem de ser compreendida técnica e politicamente. Essa não é uma questão desse ou daquele governo e sequer pode ser politizada. Têm vários caminhos para o consenso. E um deles é o do fator previdenciário móvel, que pode ser incorporado à reforma”.

Não politizar” o debate é uma verdadeira piada. É preciso formar um movimento independente do governo e da burguesia contra os cortes de direitos e o arrocho salarial, no qual estejam presentes os partidos, sindicatos, associações de classe e de luta contra a opressão. Essas organizações de luta devem ter unidade de ação, com greves e manifestações para denunciar e combater esses ataques. Essa é a maneira de mostrar a força da classe trabalhadora contra o governo e deixar claro que não vamos engolir mais ataques enquanto os grandes capitalistas seguem lucrando. Se o governo alega rombo no orçamento, então devemos demandar a taxação progressiva das grandes fortunas.

Leilões do Petróleo

Questionada sobre os leilões dos blocos de petróleo que foram adiados, Dilma disse que:

Ninguém faz leilão de bloco de exploração [com o barril do petróleo] a US$ 30 (…) Como faço, em 2016, com o petróleo a US$ 30, uma concessão de 30 anos? (…) Não é o momento. Talvez poços menores. Estamos olhando isso em áreas menos rentáveis.”

Eis uma característica do governo petista: ainda quer manter a aparência de que é “independente” dos grandes capitais imperialistas e que defende os interesses da nação. Talvez um governo ainda mais entreguista não se importasse com um “detalhe” como a baixa histórica do preço do barril e vendesse agora mesmo o que resta do petróleo e gás brasileiro. Mas o governo Dilma diz que vai se limitar aos “poços menores” e esperar um aumento antes de abrir novamente as portas para as grandes empresas estrangeiras. Pura retórica. Em 2013, a Agência Nacional do Petróleo realizou grandes leilões onde deu às empresas privadas (em sua maioria europeias, canadenses e americanas) o direito de explorar os blocos de poços profundos por trinta e cinco anos.

Dilma fez demagogia prometendo reverter os royalties (o imposto anual pelo direito de exploração) para saúde e educação. O que não falou, porém, foi que esses impostos, assim como o preço de venda, são uma fatia minúscula do que essas empresas vão lucrar explorando seus trabalhadores e os recursos naturais do país.

Vejamos, como exemplo, o Campo de Libra, situado na costa do Rio de Janeiro, que é a maior reserva de petróleo descoberta até hoje no Brasil (8 a 12 milhões de barris). O campo foi vendido por 15 bilhões de dólares a um consórcio reunindo a Petrobras e as empresas Total (França) e Shell (Inglaterra e Holanda), além da participação menor de duas estatais chinesas. Ora, mesmo se considerarmos o preço atual do petróleo, a exploração renderia cerca de 300 bilhões de dólares. Na época do leilão, a presidente mandou o exército, que supostamente deveria “defender os interesses do país de ameaças externas”, atacar os manifestantes que protestavam contra esse absurdo.

O valor dos royalties varia com o preço do barril. Por isso, a queda no preço fez cair a arrecadação e deixou os estados produtores, como o Rio de Janeiro, em grave situação orçamentária (já que a maior parte do orçamento já é usada para bancar isenções de impostos a empresas privadas). O governador Pezão (PMDB) – da base aliada do governo e escudeiro de Dilma é claro, não pensou duas vezes antes de cortar da saúde e da educação. Os servidores estaduais do RJ tem sofrido com constantes atrasos de salários e com o não pagamento de seu 13º salário. Os trabalhadores terceirizados de empresas que prestam serviços para hospitais, universidades e órgãos do estado estão em situação ainda pior.

Para resolver essa situação, nós trabalhadores devemos exigir a reestatização da Petrobras e a expropriação sem indenização das companhias privadas nacionais e estrangeiras, sob controle dos trabalhadores. Com isso, a produção pode realmente voltar seus recursos para saúde, educação e investimento em energias limpas. Os petroleiros têm um tremendo potencial de luta e, junto com o restante da nossa classe, são muito mais capazes de defender os interesses do povo do que o governo entreguista de Dilma. Se somarem forças aos servidores estaduais que já se encontram em luta, como no caso do RJ, podem fortalecer imensamente a batalha para que sejam os patrões a pagarem pela crise.

Manifestações

Dilma foi questionada pelos jornalistas sobre as manifestações de rua que estavamacontecendo nas principais cidades do país contra o aumento das tarifas dos transportes, especialmente em São Paulo. Ela teve a cara de pau de afirmar: 

Acho que, no nosso caso, conquistamos a democracia, e ela tem de ser cuidada e suas regras respeitadas (…). As manifestações, nós aprendemos a conviver e a respeitá-las. Acho que tratar das questões da democracia, as manifestações são uma prática normal.”

Dilma fingiu que não viu a repressão brutal da polícia militar paulista contra os manifestantes nos últimos dias. Nem as agressões criminosas da polícia contra os vitoriosos estudantes secundaristas que lutaram para que suas escolas não fossem fechadas no fim de 2015. E pelo visto “esqueceu” que partiu do Executivo o projeto de lei que tipifica atos e grupos “terroristas”, um adicional jurídico importante para garantir a repressão aos movimentos sociais durante as Olimpíadas de 2016, tal qual ocorrera com a “Lei Geral da Copa” em 2014 (também iniciativa do Planalto Central). Quando grupos e partidos da oposição de direita organizaram protestos no ano passado, a polícia posou para fotos e os tratou com gala. Mas diante dos que lutam contra as medidas dos governos para piorar nossa vida, a resposta é com os porretes e bombas. Diante de tudo isso, Dilma comia uma fatia de queijo e falava que “aprendemos a conviver”.

Devemos reivindicar o fim da polícia militar e outras forças de repressão contra os movimentos sociais. Precisamos defender o direito de manifestação, um direito democrático cada vez mais cerceado pelos governos. E também exigir a queda de todos os processos contra os lutadores das causas populares, inclusive os 23 criminalizados por protestar durante a Copa do Mundo de 2014. As organizações dos trabalhadores devem se defender contra as agressões policiais, que ocorrem diante de qualquer greve ou movimento combativo.

Impeachment

Por fim, Dilma também comentou o processo de impeachment lançado contra ela no fim do ano passado. Afirmou que

Não se pode, no Brasil, achar que você tira um presidente porque não está simpatizando com ele. Isso não é nem um pouco democrático, achar que você tira um presidente porque, do ponto de vista político, você também não gosta dele.”


É a isso que Dilma resumiu o impeachment: não gostar dela e do seu governo. Não está muito longe da verdade, já que, como visto, existe um amplo acordo entre os partidos da burguesia sobre as medidas de ajuste a serem tomadas. Nessas questões centrais, o governo do PT-PMDB pouco diverge da oposição de direita. Mas esta oposição de direita, junto a uma ala do PMDB, gostaria de ter controle direto sobre o Executivo.

O motivo imediato para o início do processo foi o rompimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, com o governo. Cunha, um fundamentalista evangélico homofóbico e machista, contra quem pesam acusações fortíssimas de aceitação de propina e que possui uma conta não-declarada com milhões de dólares na Suíça, vinha sendo blindado pelo governo. Como deputados do PT votaram pelo encaminhamento das investigações contra ele, Cunha contra-atacou. Além dessa disputa sórdida, podemos esperar que um governo do PMDB vai ter ainda menos pudores que o PT em acelerar o ajuste fiscal. O PT, afinal, ainda mantém uma relação com burocratas sindicais que precisam enganar suas bases.

Nós, trabalhadores, devemos nos posicionar contra esse impeachment. Não por querer a continuidade do governo de Dilma. Estamos também contra os movimentos que blindam Dilma e pedem a continuidade de seu governo, pois escondem todos os ataques realizados contra nós e as alianças espúrias que ela ainda mantém com o PMDB. Mas o impeachment é uma maquinação de partes do PMDB e da oposição PSDB/DEM para se aproveitar do desgaste político do governo. Se chegarem ao poder, vão continuar as medidas de ajuste e repressão de forma igual, ou pior. Nada temos a ganhar com esse impeachment. Por isso, devemos denunciar aqueles que o defendem.

Os capitalistas e seus governos (como é o governo Dilma) fazem de tudo para salvar seu sistema decadente, nos oprimindo e explorando cada vez mais. Querem nos arrancar tudo. Mesmo as minúsculas reformas realizadas pelo PT nesses 12 anos de governo encontraram um ódio raivoso das classes dominantes. Mas este governo cumpriu sempre as determinações da burguesia e nunca lhe faltou quando foi necessário. As reivindicações que apresentamos ao longo desse texto apontam para a necessidade de os trabalhadores tomarem para si o poder econômico e político. Para melhorar significativamente nossas condições de vida, para mudar os rumos destrutivos do capitalismo em uma direção racional, precisamos de um governo dos trabalhadores da cidade e do campo, baseado em nossas organizações de luta. Como comunistas revolucionários, defendemos que esta é a única maneira de acabar com a exploração e a opressão que nos atingem.

Panfleto sobre a luta dos trabalhadores estaduais

Este panfleto foi distribuído pelo Reagrupamento Revolucionário no massivo protesto dos trabalhadores estaduais no dia 2 de março. Além dos trabalhadores, o protesto também recebeu o apoio de um grande número de estudantes secundaristas, que lutam contra a situação caótica causada pelos cortes na educação.

Trabalhadores contra o governo Pezão

Pezão está destruindo os serviços públicos do estado do Rio de Janeiro. A queda de arrecadação de royalties devido à baixa do preço do petróleo revelou o rombo nas contas do estado causado pela transferência de dinheiro público para empresas privadas, isenções fiscais para os empresários, corrupção e má gestão. Os cortes das verbas estão deixando trabalhadores sem salário, fechando escolas, bibliotecas e universidades, causando um caos nos hospitais. O governador não hesitou em lançar também um “pacote de maldades” contra os trabalhadores e a população. Ele quer o aumento da cobrança previdenciária dos servidores, congelamento de salários, restrição ou mesmo corte do Bilhete Único etc. Enquanto isso, segue dando bilhões em isenção fiscal para empresários e assumindo dívidas das empresas privadas, como os 39 milhões da conta de luz da Supervia/Odebrecht.

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Guerra civil síria, Estado Islâmico e a batalha por Kobane

Defender a Síria contra o imperialismo! Por um polo proletário independente!

Por Icaro Kaleb

[Este artigo foi originalmente escrito entre junho e julho de 2015. Devido a dificuldades internas, ele não pôde ser publicado e acabou se desatualizando parcialmente devido à rapidez dos acontecimentos na guerra civil síria. Não obstante, ele ainda responde a uma série de questões políticas que permanecem centrais nesse complexo conflito e também lida com as posições problemáticas de certas organizações que se reivindicam trotskistas. Por conta disso, decidimos publicá-lo em janeiro de 2016 acrescentando alguns comentários entre colchetes. Acréscimos e pequenas correções posteriores foram feitos em agosto de 2016.]

Durante os últimos anos, a população da Síria estava espremida entre uma ditadura de décadas, por um lado, e um conjunto de forças burguesas que queriam formar um novo regime nacional, por outro. Mais recentemente ela também tem se visto diante do avanço territorial dos fundamentalistas do Estado Islâmico e de ataques militares efetuados no país pelos Estados Unidos e outras potências imperialistas. Dedicamos esse texto a aprofundar algumas questões já abordadas há algum tempo, em nosso artigo de setembro 2012 (O Conflito Sírio e as Tarefas dos Revolucionários) e a atualizar certos aspectos, levando em conta esses novos acontecimentos.

Mais uma vez, frisamos aquilo que a maior parte da esquerda, inclusive muitos grupos que se reivindicam trotskistas, tem deixado de lado ao tratar da situação nesse país: a necessidade de uma linha de independência de classe diante das várias forças burguesas que no momento disputam o poder na região. Os marxistas não caem no mito de uma “revolução” supostamente incorporada e liderada pelos exércitos “rebeldes” que combatem o governo circunscritas aos interesses de frações da burguesia. Os rumos da guerra civil, embora não decididos mesmo depois de quase quatro anos, apontam a necessidade de formar um pólo da classe trabalhadora, oposto tanto ao governo Assad quanto às forças reacionárias que querem derrubá-lo para sua própria vantagem. De forma semelhante, o mesmo dilema da necessidade de independência de classe também está centralmente colocado na atual situação política em Kobane.

O caráter das principais forças em disputa na Síria

O regime Assad é um regime capitalista de partido único de duas décadas, que governa uma nação pobre confinada à ordem mundial do imperialismo. De todas as violações aos direitos humanos que aconteceram desde o começo da guerra, a maioria veio das mãos do governo sírio. Ele tem como aliado internacional a Rússia, com quem tem acordos comerciais relevantes. Da parte da classe trabalhadora, porém, tal regime ditatorial não merece nenhum apoio político.

Já a Coalizão Nacional Síria (CNS) tenta administrar as diferentes unidades do Exército Livre da Síria (ELS), que é um racha das forças armadas do país. Desde 2011, o ELS ganhou importantes posições no país, mas muitas foram perdidas de volta para Assad ou tomadas pelo Estado Islâmico. Em nosso artigo de 2012, nós explicamos a composição política e militar do CNS/ELS: as ligações dos seus componentes principais com os imperialistas e o seu programa burguês. Desde então, o ELS foi pouco a pouco dominado por forças de orientação religiosa (principalmente os líderes sunitas insatisfeitos com os aspectos seculares do regime alauita de Assad). O ELS também passou a operar junto com outras forças, tais quais a “Frente Islâmica” que se originou em 2014.

Apesar das ilusões na esquerda de que suas operações contra o regime Assad constituíam parte da “revolução síria”, deixamos claro naquele artigo que esses “rebeldes” não são uma força política que vá trazer conquistas para os trabalhadores sírios, menos ainda para as minorias nacionais do país.

Os Estados Unidos não conseguiram uma aliança duradoura com a maioria dos rebeldes, que não foram considerados “moderados” o suficiente. Washington tem tomado mais cuidado com seus aliados desde a desastrosa experiência na Líbia, onde muitas das armas enviadas acabaram caindo nas mãos de extremistas antiamericanos. Algumas unidades específicas do ELS, entretanto, receberam significativa ajuda militar dos Estados Unidos e, nesse momento, Obama já começou a treinar o seu próprio “grupo rebelde”, o qual deve ser denunciado enquanto uma tropa terrestre do imperialismo. Conforme noticiado:

Os EUA decidiram fornecer caminhões com metralhadora e rádios para chamar bombardeios aéreos a alguns rebeldes sírios moderados, disseram oficiais da Defesa. Mas não foi combinado o alcance de nenhum bombardeio – um reflexo das complexidades do campo de batalha na Síria.

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O plano chega enquanto os EUA preparam-se para começar a treinar rebeldes moderados, que estão travando uma luta em duas frentes contra os extremistas e o regime sírio. Oficiais da Defesa disseram que o treinamento vai começar em meados de março, na Jordânia, com um segundo acampamento previsto para abrir logo depois na Turquia.”

Os EUA darão a alguns rebeldes sírios a capacidade de chamar bombardeios, 17 de fevereiro de 2015.

Disponível em: http://tinyurl.com/kojxzx5

[Janeiro de 2016: a entrada da Rússia no conflito a partir de outubro 2015, incluindo tanto ataques aéreos como envio de grandes quantidades de tropas terrestres – inicialmente favorecendo Assad e posteriormente dando apoio logístico e militar também a certas forças rebeldes – complexificou o cenário. Atualmente, tudo aponta para a construção de um governo de transição que contemple os interesses econômicos tanto da Rússia quanto dos EUA, bastante distintos, é bom que se diga, dos interesses dos trabalhadores e do povo sírio.]

Outro competidor reacionário na guerra civil síria que tem ganhado força recentemente é o autodenominado Estado Islâmico da Síria e do Levante (EI). Ele era antes parte de uma mesma operação militar fundamentalista com o Al-Qaeda na Síria (Frente Al-Nusra). Foi a Frente Al-Nusra quem rompeu relações com EI no início de 2014, afirmando que eles eram “intransigentes demais”.

A essa altura, o EI já tinha tomado importantes posições no Iraque. Financiado largamente por barões do petróleo muçulmanos dos países que também estavam dando apoio aos rebeldes, os chamados “Amigos da Síria” (Turquia, Catar e Arábia Saudita), o EI se beneficiou de suas ligações com a oposição síria para obter armas e recrutar combatentes. Chegou ao poder em importantes cidades iraquianas como ponta de lança de uma revolta sunita contra o governo xiita apoiado pelos Estados Unidos. A partir de então, o EI controlava um território maior do que o Al-Qaeda jamais foi capaz. Muitas das cidades sob seu poder tem uma grande produção petrolífera, que o EI exporta para financiar seu esforço expansionista. Ele está em guerra contra o governo iraquiano (que recebe ajuda de tropas americanas no terreno) com a intenção de construir um “Califado” sob seu rígido controle. Por volta da mesma época, o EI reforçou suas posições na Síria e tomou províncias no desértico leste do país, e toda a região de fronteira entre o Iraque e a Síria. Ele tem lutado ao mesmo tempo contra Assad e forças oposicionistas, especialmente unidades do ELS.

O EI parece ser a mais bem treinada e equipada das forças de oposição ao governo. Cerca de 8 milhões de pessoas vivem nas cidades que ele controla nos dois países e o grupo conseguiu estabelecer um tipo de “economia de guerra” na qual a população fica dependente deles para obter comida e outras necessidades, o que até agora garantiu uma colaboração passiva com a sua ocupação. Eles tem perseguido severamente minorias não-muçulmanas (e mesmo alguns grupos muçulmanos) e se gabam a respeito de escravizar e vender mulheres de outras religiões, assim como de massacrar grupos de aldeões não-muçulmanos. O EI controla cerca de um terço do território sírio, onde impuseram a Lei Islâmica / Sharia.

Consideramos o Estado Islâmico uma forma de reação fundamentalista que busca eliminar mesmo os direitos políticos, sociais e seculares mais básicos do povo. Se o EI for vitorioso em todo o território sírio, isso significaria a queda de muitas minorias étnicas e religiosas em uma condição de escravidão, ou sua simples execução. Um partido revolucionário de trabalhadores na Síria buscaria defender o povo oprimido e organizar as massas trabalhadoras das cidades e do campo contra esses bandidos cruéis. A sua derrota é essencial para os trabalhadores. Porém, nosso chamado para derrotar o EI não muda nossa denúncia e oposição à intervenção aérea conduzida pelos Estados Unidos.

Os imperialistas não apresentam uma alternativa de melhoria de vida para o povo sírio e já foram capazes de ações dezenas de vezes mais bárbaros que as do EI. O crescimento do EI é, em última instância, um subproduto da sua desastrosa ocupação do Iraque, apenas para dar um exemplo. Enquanto o governo e a grande mídia americana expõem as crueldades do Estado Islâmico, escondem os atos de terror cometidos pelos seus aliados na Síria, que também incluem muitas atrocidades (sem mencionar o alto número de vítimas e ferimentos provocados pela morte que cai do céu na forma de bombardeios).

Nós não temos nenhuma pena pelas derrotas que os imperialistas sofrerem no Iraque e na Síria. Não nos esquecemos dos crimes cometidos pelos imperialistas no Iraque (incluindo as mortes de cerca de 120.000 civis iraquianos) e consideramos sua expulsão do Oriente Médio, assim como a derrota de suas “tropas terrestres”, como uma prioridade. Mas apesar do fato de que o EI tem sido o alvo dos bombardeios imperialistas, a sua conquista de cidades iraquianas e sírias com objetivo de estabelecer regimes de terror não é nenhuma forma de “luta anti-imperialista” e sim uma ação reacionária.

As “boas intenções” de Obama em bombardear o EI para supostamente salvar minorias na Síria são mentirosas. A intervenção americana tem o propósito único de garantir seu poder sobre o país. Qualquer um que duvide das intenções dos EUA (e de outras grandes potências) na Síria deveria olhar para os “grandes experimentos de democracia” que se tornaram a Líbia e o Iraque. Os bombardeios americanos tem a intenção de ganhar tempo e conter o EI (ao mesmo tempo em que o usa para cansar o regime Assad) enquanto Washington organiza melhor as forças leais a si no território sírio.

[Janeiro de 2016: Atualmente, esse parágrafo parece ter se desatualizado diante da aparente decisão dos EUA, França e Grã-Bretanha de destruir o EI, pressionados pelos bombardeios russos em defesa de Assad e pelo alarme mundial com relação aos fundamentalistas. Porém, na altura em que esse texto foi escrito, tudo indicava que a estratégia dos EUA girava em torno de “administrar” a situação, deixando o EI enfraquecer Assad e buscando fortalecer as posições dos rebeldes mais “moderados”.]

Além de levar em conta as ameaças dos imperialistas de um lado e do Estado Islâmico de outro, não se pode perder de vista que uma revolução proletária na Síria só pode vencer por cima do cadáver morto da brutal ditadura de Assad. O ditador e seu partido impuseram a ordem capitalista sobre a classe trabalhadora por décadas, com os mais brutais métodos. Seria prioritário organizar autodefesas entre os trabalhadores, especialmente das minorias perseguidas contra os vários exércitos em disputa, garantindo assim um polo politicamente independente das forças reacionárias que lutam pelo poder.

[Agosto de 2016: Todas as grandes forças envolvidas são inimigas dos interesses dos trabalhadores, mas nós reconhecemos que não tem o mesmo calibre. A Síria está em um pântano de confrontos entrelaçados e combinações de forças em constante mudança, de forma que não é fácil tomar uma posição tática militar em cada momento específico. Os revolucionários que estão distantes do terreno tem ainda mais dificuldade em seguir todos os eventos. Seria contraprodutivo emitir uma posição tática geral para todos os diferentes cenários e disputas que ocorrem na guerra. Há, porém, alguns princípios gerais que os marxistas devem seguir. O mais importante é que nos opomos à intervenção dos imperialistas e suas ‘tropas terrestres’ como uma prioridade. Isso significa que iríamos, em princípio, tomar o mesmo lado militar com o regime Assad ou grupos rebeldes jihadistas em ocasiões em que eles se confrontassem com forças imperialistas. Em segundo lugar, nos opomos aos avanços do EI e buscaríamos defender a classe trabalhadora e as minorias religiosas e étnicas oprimidas por seu ataque. Em terceiro, nos opomos a ambos os lados na guerra entre o regime de Assad e os rebeldes que não estão subordinados às potências imperialistas.]

A esquerda sem independência de classe

Os grupos na esquerda que afirmam defender a vitória de uma inexistente “revolução síria” contra Assad usam a ausência de um processo como esse como fachada para apoiar os esforços do Exército Livre da Síria. O argumento principal é de que muitas das unidades que nele participam não são subordinadas à Coalizão Nacional Síria. Seriam, em vez disso, forças populares emergindo das ruas e dos protestos da Primavera Árabe.

Essa é a posição, por exemplo, do Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU), cuja seção no Brasil é a corrente Insurgência, do PSOL. Em seu site internacional, foi publicada uma entrevista com um membro de um desses grupos aderentes do ELS e que se reivindicaria marxista. Quando foi perguntado sobre a cooperação com outras unidades do ELS, o combatente respondeu:

Existe cooperação e coordenação, mas de forma limitada. Por um lado por conta das diferentes visões e objetivos, ou disparidades entre posições devido à localização geográfica onde os camaradas estão lutando e a natureza das outras organizações. Por outro, essas organizações em geral não aceitam ninguém mais….”

Nossa falta de armas nos põe em uma situação de fraqueza”, 18 de janeiro de 2015.

Disponível em: http://tinyurl.com/nhjea3b

Não surpreende a dificuldade de coordenação com as outras unidades do ELS, já que muitas delas são lideradas por oficiais leais e subordinados ao CNS, e através deste aos seus patrões imperialistas. Isso para não mencionar aquelas unidades que mencionamos, que recebem treinamento e armas diretamente dos imperialistas. Isso sem esquecer os vários grupos islâmicos que também estão sob o teto do ELS.

O ELS é certamente um exército heterogêneo. Mas a pergunta que o site do SU não fez a esses combatentes, e que deveria ser o primeiro questionamento é: por que essa organização (que o SU considera “marxista revolucionária”) está trabalhando lado a lado com esses tipos? Por que eles, em vez disso, e já que afirmam representar a classe trabalhadora síria, não organizam uma brigada independente, oposta aos elementos que estão mancomunados com os imperialistas para vender o país caso consigam derrotar Assad?

De certa forma, o dilema desses combatentes é o mesmo dilema do SU e das demais correntes que apoiam os rebeldes contra Assad. Não querem defender uma posição proletária independente do CNS e do ELS e só veem possibilidade imediata de derrubar o regime junto com essas forças reacionárias. Por isso, abandonam qualquer pretensão de uma política marxista e passam a embelezar a natureza e o programa do ELS, ainda que criticando sua liderança.

Conclusão muito semelhante é compartilhada por outros grupos que dizem reivindicar o trotskismo, como aquela da morenista Unidade Internacional dos Trabalhadores, cuja seção brasileira é a corrente CST, do PSOL, com a qual polemizamos de forma mais extensa em artigo de outubro de 2012 (O Morenismo e a Posição da CST/UIT na Síria), ou como pela também morenista Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT – dirigida pelo PSTU brasileiro).

Apesar da aderência inevitável de elementos iludidos por uma ideologia pretensamente “democrática”, reafirmamos que o ELS é, como um todo, controlado por oficiais do CNS e outras forças burguesas. Não há nada para ser ganho para a classe trabalhadora ao ajudar esse exército. A não ser que o SU e outros grupos, como a UIT ou a LIT, acreditem em algum tipo de “dinâmica” mágica que vá colocar a classe trabalhadora no poder ou numa posição melhor no instante em que Assad cair pelas mãos dos rebeldes ou do imperialismo. Já vimos esse filme na Líbia, na Ucrânia e em muitas outras ocasiões em que tais grupos apoiaram o “movimento de massas” com uma liderança reacionária.

A questão curda e a batalha por Kobane

No cenário já complexo que é a guerra civil na Síria, as coisas ficam ainda mais densas ao levar em conta o elemento curdo. O Curdistão é a maior nação sem Estado no mundo. Estamos falando de cerca de 30 milhões de pessoas divididas pelo território da Turquia, Irã, Iraque, Armênia e uma pequena região no norte da Síria (Rojava). Tal ordem de coisas é um legado da prática de “dividir para dominar” do imperialismo britânico após a queda do Império Otomano.

Os marxistas defendem os direitos nacionais dos curdos, incluindo o direito à autodeterminação, ao uso do idioma em todas as esferas da vida e contra todas as formas de segregação. Mas isso não significa que consideramos a separação territorial das regiões curdas como uma “solução” para os problemas dos trabalhadores dessa nacionalidade. Tomaríamos o lado curdo em uma guerra pela independência ou por autonomia regional (incluindo o apoio militar) se esse for o desejo desse povo em qualquer momento.

Ao mesmo tempo, a separação nacional é, para os marxistas, um interesse subordinado à luta proletária. Há questões políticas de maior prioridade, como a independência de classe dos trabalhadores e a defesa das nações oprimidas contra os ataques imperialistas. Eis um exemplo ilustrativo. Em 2003, quando os EUA atacaram o Iraque, os líderes nacionalistas burgueses do Curdistão iraquiano apoiaram a invasão imperialista contra o regime de Saddam Hussein, em busca de promessas de maior autonomia regional.

Defendemos todo e qualquer ganho de autonomia para a população curda. Mas quando o Peshmerga (o exército dos curdos iraquianos) estava lutando sob comando do exército americano, não era uma força pela independência curda contra Bagdá, mas um braço do projeto imperialista de subjugar toda a região. Assim, nos oporíamos aos esforços dos capitalistas curdos para apoiar a invasão imperialista, ao mesmo tempo em que seguiríamos defendendo os direitos nacionais curdos.

Hoje, uma situação parecida ressurge no Iraque, com a coalizão liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico. Os principais partidos políticos curdos no território iraquiano, KPD (Partido Democrático Curdo) e PUK (União Patriótica do Curdistão), apesar de sua suposta rivalidade, usam sua posição à frente do governo regional no norte do Iraque para apoiar os imperialistas.

Mas enquanto no Curdistão iraquiano a cena é dominada pelos capachos imperialistas, na Síria a força política mais influente entre a população curda é atualmente o Partido da União Democrática (PYD), que é o associado sírio do antes maoista Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que opera na Turquia. Em 2012, as tropas leais a Assad se retiraram completamente das regiões curdas, o território conhecido como Rojava. Não está claro se devido a limitações militares ou como uma tentativa demagógica de ganhar apoio dos curdos, ou ambos. E desde então Rojava basicamente ficou sob controle do PYD. Através de sua organização militar, as Unidades de Proteção Popular (YPG), o PYD entrou em confrontos com ambos o regime Assad e a oposição, em diferentes ocasiões. Mas desde que o avanço do Estado Islâmico no norte começou, o YPG tem entrado consistentemente em choque com ele.

As investidas do EI no território sírio colocaram-no em conflito com os curdos em julho de 2014 em Kobane (um dos três cantões sob o governo do PYD próximos da fronteira com a Turquia). Isso chamou atenção mundial e a resistência curda ganhou vasta simpatia, ficando conhecidos como os “revolucionários que enfrentam o Estado Islâmico”. O EI finalmente foi derrotado na região no começo de 2015 através de uma combinação da luta incansável dos curdos (que estiveram sempre em inferioridade técnica) e bombardeios imperialistas. Kobane ficou sitiada por meses, durante os quais muitos grupos na esquerda (especialmente alguns anarquistas) falavam de um caráter revolucionário da resistência curda.

O PYD é um partido fundado em 2003 por ativistas simpatizantes do PKK na Síria. Ele era considerado pelo governo sírio como um fator de instabilidade devido a seu apoio popular e por operações clandestinas nas regiões curdas. Sua principal fonte de orientação ideológica é o PKK, que foi criado em 1978 como um grupo maoista dedicado à resistência armada contra a opressão da população curda na Turquia e que tem uma longa história de resistência contra o governo.

Mas, aparentemente, o PKK não é mais um aderente do maoismo, com suas práticas stalinistas de perseguição a oposicionistas internos e um programa de “guerra popular” cambaleando entre um programa democrático burguês de “Nova Democracia” e a perspectiva de reproduzir um regime burocrático de economia estatizada, como a China de Mao. De acordo com muitos relatos, desde a prisão de Abdullah Ocalan (seu líder histórico) em 1999, o PKK tem passado por uma transformação programática rumo ao que é descrito pelo próprio Ocalan como “Confederalismo Democrático”. Esse é um ponto de vista inspirado por autores libertários e que busca a construção de “autogovernos populares” sem Estado, em cada localidade.

O PKK ainda é considerado pela OTAN e pelo governo turco como uma “organização terrorista” e os marxistas por todo o mundo tem o dever imperativo de defender o grupo contra todos os ataques vindo do brutal regime de Erdogan. Com exceção de alguns breves períodos de trégua (o último dos quais vem desde 2013), o PKK tem continuamente lutado contra o regime turco por autonomia para as regiões curdas. Mas embora seja difícil dizer quão consolidado é esse giro (é preciso lembrar que o PKK segue uma organização clandestina), ele parece ter mudado definitivamente a feição do grupo.

Para os trotskistas, os trabalhadores e camponeses precisam construir um poder baseado em suas próprias forças para esmagar a dominação militar, política e econômica da burguesia e impedir suas tentativas de retornar ao poder após uma insurreição vitoriosa. Esse autêntico “governo de trabalhadores” deve abranger todo o território e se basear em representantes eleitos democraticamente pelos proletários e camponeses (e revogáveis pelas assembleias que os elegeram). Essa é a fórmula capaz de equilibrar a natureza local da gestão democrática direta com os interesses de grande escala da classe trabalhadora em todas as áreas.

Por último, mas não menos importante, esse governo deve dar apoio internacionalista e suporte material e político aos proletários dos outros países nas lutas para derrotar as “suas” burguesias. O socialismo não pode ser alcançado em bases nacionais e, em última instância, nenhum governo de trabalhadores pode sobreviver isolado em um mundo dominado pelo imperialismo. O programa político do PKK/PYD parece passar por cima da necessidade de construir essa “ditadura proletária” baseada em uma economia coletivizada e no poderio militar centralizado dos trabalhadores.

Como foi mencionado, o PYD tem o controle militar da região de Rojava. Ele adotou uma “Carta do Contrato Social de Rojava” no início de 2014 e esse documento constitucional não faz nenhuma menção ao socialismo, controle coletivo dos meios de produção ou democracia operária. Trata-se de uma combinação confusa de participação comunitária e manutenção da propriedade privada. O artigo 41 assegura que “Todos tem o direito de possuir propriedades e a posse pessoal é garantida”, enquanto o artigo 42 diz que o sistema econômico busca “garantir a economia participativa enquanto promove a competição de acordo com o princípio da gestão democrática ‘A cada um de acordo com seu trabalho’.”

[Janeiro de 2016: Com a derrota do EI, o PYD se estabeleceu em uma região onde todos os partidos e governos burgueses haviam sido derrotados ou se retirado. Ele não é um partido burguês, mas um grupo originado na mobilização de trabalhadores e camponeses da região. As condições são as mais propícias para o estabelecimento de um governo proletário, com controle democrático dos trabalhadores e camponeses sobre os meios de produção, a política e o exército. No entanto, vemos que o PYD não tem clareza sobre a natureza do regime que ele quer construir. Embora tenha um discurso democrático, a manutenção da propriedade capitalista coloca limites claros de desigualdade e de democracia na sociedade. Diante do que aconteceu até o momento, parece que o governo do PYD não romperá com a burguesia de forma definitiva. Os lutadores da região devem lutar por uma direção revolucionária e combater as vacilações da atual.]

Durante e após a batalha contra o Estado Islâmico em Kobane, o PYD também propagou perigosas ilusões nas unidades Peshmerga do governo regional curdo no Iraque (das quais recebeu armas) e na intervenção aérea dos EUA. Eles soltaram uma declaração pública “agradecendo” a ambos por sua luta contra o EI, durante a qual o PYD deu aos EUA aconselhamento militar tático (onde realizar os bombardeios). Um líder do PYD, Saleh Muslim, expressou essa postura em várias declarações à imprensa:

De acordo com Muslim, a coalizão internacional ‘salvou as vidas de muitos civis’ na sua guerra contra o EI.… Ele também agradeceu à coalizão internacional liderada pelos EUA por apoiar os curdos em sua dificuldade e por ajudar as forças do YPG a resistirem ao grupo radical EI. ‘Tais operações reforçam a relação entre os curdos e os Estados que defendem a democracia e a paz’, concluiu Muslim.”

Curdos sírios instam coalizão liderada pelos EUA a intensificar os ataques contra o EI em Kobane”, 13 de outubro de 2014.

Disponível em: http://tinyurl.com/pkzaufb

Apesar disso, acreditamos que os marxistas deveriam defender Kobane contra o avanço dos reacionários fundamentalistas do EI. O que os trabalhadores e militantes com intenções revolucionárias em Rojava precisam urgentemente é de uma orientação política que seus líderes não tem a oferecer: a construção de um poder direto dos trabalhadores. Mais importante, é preciso garantir que não se desenvolvam expectativas ou ilusões no caráter dos governos burgueses do Curdistão iraquiano ou nos bombardeios americanos.

Os EUA tinham a intenção de conter o avanço do EI em Kobane (na fronteira com a Turquia) para os seus próprios propósitos reacionários, e não “ajudar” o povo curdo. Tampouco o governo americano está entre os defensores da “democracia e paz” no mundo. Não esqueçamos que Washington é um grande aliado do regime turco de Erdogan, que durante todo o tempo fez de tudo para impedir que o PYD recebesse ajuda das bases do PKK na Turquia. Não condenamos o PYD por ter conseguido armas de qualquer fonte que as estivesse oferecendo (desde que sem imposição de condições). E ele certamente tinha o direito de se beneficiar taticamente do fato de que o EI estava sendo alvo dos imperialistas, desde que tivesse clareza sobre a natureza dos bombardeios.

[Agosto de 2016: Desde janeiro de 2016, quando esse artigo foi publicado, esse curso do PYD se aprofundou. No começo do ano, ele cooperou com a força aérea dos EUA com o objetivo de se expandir para a região não-curda de Raqqa, um dos redutos do EI. Agora, está cooperando com Assad no cerco de Aleppo e com as forças imperialistas em Manbiji, cidades que estão sendo completamente destruídas, com alto número de perdas civis. Além disso, com o objetivo de empurrar o EI para longe de Rojava, o PYD uniu forças com vários outros partidos e organizações para formar as “Forças Democráticas Sírias”, uma coalizão militar na qual o YPG é a principal unidade, assim como um “Conselho Democrático Sírio”, uma entidade que diz lutar por uma “Síria federada, democrática e secular” – claramente uma posição de colaboração de classes. Se não fosse pela falta de confiança dos imperialistas no PYD, a FDS/CDS seria provavelmente um aliado bastante apropriado para eles no território sírio.]

O sectarismo de parte da esquerda em Kobane

Alguns grupos na esquerda se basearam nas posições oportunistas da liderança do PYD para justificar tomar o lado do Estado Islâmico (!!!) em Kobane. Esse é o caso da seita degenerada (mal) disfarçada de organização trotskista que é a Liga Espartaquista dos EUA. Em uma edição do seu jornal, eles expuseram suas razões:

Forças do governo iraquiano e peshmerga curdos no Iraque estão novamente conduzindo operações militares conjuntas com os EUA, como fizeram por anos sob a ocupação. Mais recentemente, nacionalistas curdos sírios também selaram uma aliança traiçoeira com os EUA na batalha por Kobane no norte da Síria, agindo como auxiliares de bombardeios dos imperialistas e coordenando movimentos militares como um todo. O fato de que todas essas forças são ‘tropas terrestres’ para a intervenção imperialista significa que os marxistas revolucionários [sic] tem seu lado militar com o EI quando ele atacar os imperialistas e seus agentes, incluindo os nacionalistas curdos sírios, o peshmerga, o governo de Bagdá e suas milícias xiitas.”

Abaixo a guerra dos EUA contra o EI!, 31 de outubro de 2014.

Disponível em: http://www.icl-fi.org/english/wv/1055/isis.html

Em sua investida para conquistar Kobane, o Estado Islâmico não estava lutando contra um reduto imperialista, já que não havia quaisquer tropas dos EUA no terreno. O YPG era a única força combatendo os fundamentalistas com armas nas mãos em Kobane e, apesar das posições vacilantes de sua direção, ele não pode ser seriamente considerado uma “tropa terrestre” dos imperialistas. O YPG resistiu ao cerco do EI em Kobane por muitos meses mesmo antes de os imperialistas se envolverem.

Os revolucionários devem criticar as ilusões propagadas por Muslim e pelo seu “agradecimento” cheio de ilusões à coalizão internacional. Mas o que está em questão para determinar que lado tomar em Kobane é se essas posições ou a colaboração militar tática com os imperialistas tornam o PYD uma força subordinada aos EUA em seus esforços para subjugar a Síria.

Acreditamos que o exército americano se aproveitou do conflito em Kobane para bombardear o EI, mas não tinha a pretensão de usar o PYD, que ele ainda considera uma organização terrorista, como uma alavanca para controlar o norte da Síria. Afinal, terminada a batalha, os EUA não foram capazes de ter qualquer controle real sobre Rojava. O PYD, por sua vez, estava se beneficiando dos bombardeios dos EUA, mas não está integrado e subordinado aos esforços militares dos imperialistas na região.

Portanto, a batalha por Kobane não consistiu em agentes dos EUA lutando contra o Estado Islâmico (como quer a Liga Espartaquista), mas sim uma força de resistência curda coordenada (mas não subordinada) com bombardeios americanos, lutando contra os reacionários fundamentalistas. Em tal luta, os revolucionários tinham um lado – com o PYD/YPG contra o EI, enquanto ao mesmo tempo diziam aos trabalhadores e militantes no Curdistão sírio a não confiar que os EUA ou o Peshmerga pudessem ser considerados, mesmo momentaneamente, seus “aliados”.

O que essa posição demonstra é que a Liga Espartaquista perdeu completamente seu senso de proporção (se é que tinha algum). A vitória do YPG em Rojava não é a mesma coisa que a vitória dos rebeldes na Líbia em 2011. Não se tratou de uma queda de governo orquestrada pelos imperialistas para colocar um fantoche em seu lugar. O resultado foi a manutenção no poder de um partido curdo com bases populares que havia subido ao poder como fruto da própria dinâmica da guerra civil. A resistência vitoriosa contra o EI foi um contraponto importante para evitar o avanço da reação fundamentalista.

[Agosto de 2016: Para reforçar essa declaração, na recente terceira rodada de reuniões de paz patrocinadas pelos imperialistas em Genebra, nenhum representante do PYD-Rojava foi convidado, devido à falta de confiança dos Estados Unidos neles, o que levou os representantes do Conselho Democrático Sírio a recusar os convites que receberam.]

Por resistências proletárias em meio à guerra civil

Diante do elemento de sectarismo religioso presente nas guerras que se desenrolam no Iraque e na Síria (envolvendo a rivalidade sunita/xiita) e o derramamento de sangue de ambos os lados, existe espaço para o surgimento de uma resistência não-sectária da classe trabalhadora contra esses crimes. Se acompanhada do impulso revolucionário de expulsar os imperialistas do Oriente Médio, impedir a vitória dos reacionários fundamentalistas e defender os curdos e outras minorias étnicas, essa posição tem potencial para desenvolver-se rapidamente entre os trabalhadores que não veem nenhuma alternativa entre os competidores pelo poder.

Não existe na Síria nenhum partido de massas da classe trabalhadora (nem mesmo reformista) devido a décadas de opressão do regime de Assad sobre o país. A única federação sindical legalizada é inteiramente submetida à estrutura de Estado controlada pelo Partido Socialista Árabe Baath (o partido do regime). Uma posição de contraste com as que estão postas pela guerra iria imediatamente ganhar simpatia da classe trabalhadora, mesmo se inicialmente representada apenas por um grupo pequeno de quadros programaticamente sólidos e dedicados. Entretanto, embelezar qualquer das forças principais da disputa só pode levar a desastres.

Ações de solidariedade operária sem fronteiras são uma pedra de toque do trotskismo e seriam essenciais para preparar os trabalhadores e camponeses sírios, iraquianos, turcos e curdos contra “suas” respectivas classes dominantes e as maquinações ferozes dos imperialismos. A única forma de assegurar uma paz de longo prazo na região é através de revoluções socialistas vitoriosas que ponham fim às rivalidades reacionárias entre clãs capitalistas competidores e sua constante dependência de alianças traiçoeiras com os imperialistas.

Além disso, é preciso começar o quanto antes a construção de um partido revolucionário dos trabalhadores na Síria. Junto a um programa socialista completo de controle operário sobre as principais indústrias e revolução agrária no campo, uma organização trotskista na Síria também defenderia um conjunto de demandas democráticas contra o regime e seus adversários reacionários. Isso demonstraria o desejo sem compromissos dos revolucionários em construir uma democracia proletária, em oposição às falsas promessas “democráticas” dos imperialistas.

Declaração sobre Sam Trachtenberg

Informamos aos nossos leitores que rompemos relações com Sam Trachtenberg. Ele foi expulso do Reagrupamento Revolucionário (por voto unânime dos outros membros) por desrespeitar a democracia interna depois de, de forma autoritária, sorrateiramente mudar as senhas do web site e do e-mail da organização para impedir outros membros de usá-los, o que inclui postar nossos artigos.
 
Isso aconteceu em meio a uma disputa interna na qual Trachtenberg sordidamente tentou exercer controle sobre o restante da organização exigindo que não se publicassem artigos sem a SUA aprovação. Ele não estava conseguindo participar no processo de edição devido a uma difícil situação pessoal e de saúde. De acordo com ele, o Reagrupamento Revolucionário deveria, portanto, não publicar os artigos que já estavam escritos havia vários meses (mesmo que isso significasse tais artigos ficarem ultrapassados e oportunidades de intervenção fossem perdidas) porque ELE não podia participar da edição (processo no qual nós sempre buscamos democraticamente incluir todos os companheiros dentro de um cronograma razoável).
 
Depois de perceber que estava isolado em sua posição de que a sua contribuição pessoal era tão crítica que o grupo não poderia sobreviver sem ela, ele começou a lançar ataques contra os outros membros. Enquanto se recusava a realizar uma reunião na qual ficaria em minoria, Trachtenberg proferiu calúnias contra os membros do RR, incluindo de que o havíamos “torturado” – supostamente via e-mail, já que não houve contato pessoal e nem mesmo por telefone nesse período. É desnecessário dizer que isso é uma mentira (entre muitas que ele fabricou).
 
Queremos notificar o público de que o site “Regroupment.org”, o e-mail “Revolutionary_Regroupment@yahoo.com” e a caixa postal de Nova Iorque não mais representam ou falam em nome da nossa organização – somente de Sam Trachtenberg. Futuramente, escreveremos uma explicação e descrição elaborada do que aconteceu, assim como responderemos a quaisquer calúnias que Trachtenberg venha a levantar contra nossa organização.

Os vaivéns centristas da Fração Trotskista

Os vaivéns centristas da Fração Trotskista

Da FIT argentina ao #MRTnoPSOL 

Rodolfo Kaleb, novembro de 2015

Há cerca de dois anos, publicamos uma longa polêmica com a Fração Trotskista [1], organização internacional do PTS argentino e cuja seção no Brasil é o MRT (antiga LER-QI) [2]. Essa polêmica tratava da construção do partido revolucionário e do que, para nós, consiste na estratégia centrista da Fração Trotskista nesse terreno: apostar na aproximação e no amálgama com correntes oportunistas da “família do trotskismo”. Essa postura se revela nas suas publicações, ao longo dos anos, de recorrentes chamados de unidade endereçados a vários grupos revisionistas. Nessas publicações da FT, geralmente são ignoradas ou minimizadas as muitas vezes em que esses grupos renegaram a independência de classe e os princípios do marxismo.

Conforme discutimos a fundo em tal polêmica, a FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) da Argentina tem sido o principal cenário para aplicação dessa política pelo PTS nos últimos anos. A FIT é uma coalizão eleitoral entre o PTS e duas outras organizações que reivindicam o trotskismo – o Partido Obrero (PO) e a Esquerda Socialista (IS – seção argentina da corrente morenista UIT). 

Reconhecemos que a FIT não é um bloco de colaboração de classes, se diferenciando, portanto de uma “frente popular” com partidos burgueses. Dessa forma, em casos específicos, o apoio eleitoral crítico à FIT seria válido. Por outro lado, ela também não é, diferentemente do que a FT afirma em certas ocasiões (e nega em outras), um mero bloco eleitoral com o propósito limitado de viabilizar candidaturas proletárias nas eleições burguesas. Porém, como demonstramos naquela polêmica, o PTS pretende da FIT um trampolim para a unidade política com as outras correntes, especialmente o Partido Obrero de Jorge Altamira. O PTS frequentemente pressiona os outros grupos para manter essa unidade para além das eleições, na forma de uma frente permanente. De forma emblemática, reiteradas vezes o PTS e o MRT afirmaram encarar a FIT como uma “frente revolucionária”, como um embrião de um partido revolucionário.

Desde que escrevemos nossa crítica, tivemos muitas conversas com militantes da Fração Trotskista  no Brasil (então organizados na LER-QI) sobre esse assunto. Uma resposta que comumente recebemos foi de que a intenção do PTS não era se aproximar dos grupos revisionistas, mas que a FIT era uma “frente única”, uma simples colaboração prática, com o objetivo de superar a legislação eleitoral restritiva da Argentina, e concorrer às eleições com uma chapa classista. Significativamente, essa posição já foi divulgada pela seção alemã da Fração Trotskista, conforme apontamos em nossa polêmica anterior:

Outra característica importante para a formação da FIT é a questão de frentes eleitorais como uma frente única temporária baseada em acordos parciais em uma situação concreta, em oposição a projetos de longo prazo, baseados em acordos mais profundos em termos de programa, estratégia e prática. A FIT não é de forma alguma um projeto que foi designado em termos de um alinhamento de longo prazo do PTS com o PO, mas sobre a necessidade concreta de uma frente única dos trabalhadores contra a repressão burguesa…”. [3]

Certamente que não haveria nada de errado com isso, não fossem as afirmações claras do próprio PTS de que a FIT não é isso. Recentemente, a FIT tem passado por uma dura divisão em relação à formação da chapa para as eleições presidenciais. Nesse contexto, aqui está uma resposta da liderança do PTS à afirmação de Altamira (PO), feita no fim do ano passado, de que a FIT era uma “frente única”:

A FIT é um bloco de agitação de três partidos que se reivindicam trotskistas que defendem um programa de reivindicações transitórias, a independência da classe e propõem um governo dos trabalhadores. Isso não é uma ‘frente única’, e sim um reagrupamento de formações de esquerda que se reivindicam revolucionárias que ainda não são partidos grandes e seu objetivo é agitar um programa revolucionário em comum nos processos eleitorais. O programa da FIT, mais que o de ‘frente única’, abre o caminho para o debate da necessidade de um partido revolucionário, proposta que temos feito em várias oportunidades e à qual os nossos aliados lamentavelmente tem se negado sistematicamente.” (nossa ênfase)

O Partido Obrero no Luna Park e o discurso de Jorge Altamira, 9 de novembro de 2014. Disponível em:

http://tinyurl.com/ofbu7tt


Essa declaração da liderança do PTS deixa explícito aquilo que dizíamos, e que alguns militantes da FT sempre negaram: que a atuação do PTS na FIT é buscar a unidade, uma aproximação política, com correntes reconhecidamente oportunistas.

Outra resposta (verbal) que recebemos à nossa polêmica foi o reconhecimento de que, sim, a Fração Trotskista faz convites para discussões de unidade a essas correntes oportunistas (o que fica evidente lendo a citação acima). Mas que isso nada mais seria que uma “tática” para incidir sobre a base desses grupos. Ou seja, o objetivo seria mostrar que o PTS não se recusa ao debate, que não é um grupo sectário. Isso implicaria que a FT não pretende, de fato, unidade com os grupos que corteja, mas que afirma isso somente como uma forma de disputar seus militantes.

Temos sérios problemas com essa “explicação”. Antes de tudo, porque ela é dissimulada. A “tática” da FT seria desonesta com a base das correntes oportunistas ao proclamar uma coisa (o desejo de aproximação ou discussão de unidade) tendo outro interesse por trás. Além do mais, se realmente fosse essa a intenção da Fração Trotskista, essa seria uma “tática” muito ruim para o propósito de convencer esses militantes. A FT faz muitas críticas acertadas às posições oportunistas do PO e dos morenistas da Esquerda Socialista. Porém, joga fora a sua consistência quando, volta e meia, considera que eles “defendem um programa de reivindicações transitórias, a independência da classe e propõem um governo dos trabalhadores” (como afirma que fazem na FIT).

Para ganhar a base de um grupo oportunista, é necessário demonstrar cabalmente os problemas incorrigíveis da sua direção. Afinal, todo militante dedicado permaneceria em sua organização (mesmo que nela visse problemas e erros) se considerasse que eles são solucionáveis. Deve-se explicar calmamente à base dessas correntes como a política de seus dirigentes conduz ou conduziria o proletariado a derrotas, e não fazer concessões ou chamados de unidade. Como disse Trotsky, “Se um livro de física contiver, ainda que fosse só duas linhas sobre Deus como a causa primeira, estaria no meu direito concluir que o autor é um obscurantista” [4]. De nada adiantam as críticas muitas vezes corretas que a Fração Trotskista faz a esses grupos oportunistas se ela afirma (em bem mais de duas linhas) que os três partidos da FIT (Partido Obrero e Esquerda Socialista, além do próprio PTS) defendem um “programa revolucionário em comum” e então demanda unidade política com os mesmos.


Quantas vezes esses grupos não cruzaram a independência de classe? Vem à mente as várias vezes em que o PO apoiou candidaturas burguesas nas eleições [5]. Ou quando a IS defendeu a vitória de uma “revolução” em unidade com a OTAN na Líbia em 2011 [6]. Em 2012, o PO levantou no contexto da Grécia a proposta de um “governo da esquerda” para assumir o Estado burguês [7]. E que dizer então dos morenistas, que viram uma “revolução vitoriosa” no Egito enquanto os militares subiam ao poder em 2013 [8]? A FT conhece muito bem todos esses exemplos, pois os criticou. Portanto, a sua afirmação de que esses partidos defendem a “independência de classe” e “propõem um governo dos trabalhadores”, é umacapitulação centrista. Centrista porque, não obstante criticar tais grupos em diferentes ocasiões, são quase que periódicos os chamados à construção de organizações “revolucionárias” junto com eles, seja no âmbito argentino, via PTS, seja internacional. Veja-se esse exemplo de chamado do PTS, de 2009:

Na Argentina, o PTS está chamando as correntes trotskistas que não adotaram a política de dissolver-se ou de aliar-se com setores da centro-esquerda (como o Partido Obrero e aquelas que, como a Esquerda Socialista e o MAS, nas últimas eleições nacionais formaram junto com o PTS o FITS) a abrir a discussão para avançar na construção de um partido comum marxista revolucionário, com centralismo democrático, que supõe a liberdade de tendências, e numa intervenção comum na luta de classes, que permita mediante a experiência e a discussão, superar a dispersão atual das forças que nos reivindicamos do marxismo revolucionário.”

Que partido para qual estratégia?, 23 de fevereiro de 2009. Disponível em:
http://tinyurl.com/nef63aa

Ou, ainda mais significativa, a campanha iniciada pela Fração Trotskista cerca dois anos atrás, em prol de um “Movimento por uma Internacional da Revolução Socialista” (a qual ela acabou abandonando silenciosamente após certo estardalhaço de alguns meses). Essa campanha partia de um manifesto onde se chamava ao “reagrupamento” uma série de grupos oportunistas sem qualquer consistência, baseando-se em posições bastante isoladas acerca de uma série de fenômenos importantes da luta de classes que então ocorriam mundo afora, em especial aqueles relacionados à “Primavera Árabe” e à luta de classes na Grécia:

Chamamos especialmente os companheiros do Novo Partido Anticapitalista (NPA) da França, tanto os que integram conosco a ‘Plataforma Z’ como aqueles que se agrupam na ‘Plataforma Y’ (…) e os companheiros do ex-Secretariado Unificado (SU) de outros países que enfrentam a orientação majoritária de generalizar este tipo de blocos com reformistas (…); os companheiros do Partido Obrero da Argentina e a Coordenação pela Refundação da Quarta Internacional (CRCI), com quem integramos na Argentina a Frente de Esquerda dos Trabalhadores (FIT) e temos coincidido em diversos fatos da luta de classes nacional e internacional; os grupos da esquerda trotskista grega que combatem a adaptação ao Syriza; e a todas aquelas organizações da esquerda revolucionária ou da vanguarda operária e juvenil que busquem o caminho à revolução.”

Manifesto por um Movimento por uma Internacional da Revolução Socialista, agosto de 2013. Disponível em:http://tinyurl.com/qetl3tn

Em todos esses casos, a Fração Trotskista dizia querer construir um partido conjunto com as organizações revisionistas do trotskismo. Para nós, diferente das duas supostas explicações que mencionamos acima para esses chamados de aproximação e de unidade, há uma terceira que realmente faz sentido.

Alguns dirigentes da FT parecem compreender essas propostas como um tipo de “manobra”. Porém, essa manobra não pode ter a intenção de disputar a base das correntes oportunistas, pois o efeito só poderia ser enfraquecer suas críticas diante desse público, conforme explicamos. Essa manobra se destina aos próprios dirigentes dos grupos oportunistas, com o objetivo de atrair essas correntes a uma aproximação. Daí o seu formato mais comum ser uma carta ou carta aberta, com a intenção de pressionar os dirigentes a debater o assunto. Por sua vez, muitos militantes da Fração Trotskista ou ignoram a existência desses chamados ou são convencidos pela desculpa de que se trata de “táticas” para disputar a base dos centristas.

Os líderes da FT estão errados em achar que podem manobrar ou influenciar os dirigentes de grupos oportunistas a uma fusão onde seu programa tenha alguma chance de prevalecer. Via de regra, esses dirigentes são muito pouco ingênuos e bastante experientes nesse tipo de jogada. Além disso, fazer essa aposta implica também acreditar na capacidade desses dirigentes de efetivamente assumir o programa do marxismo revolucionário, ainda que sob algum tipo de indução ou pressão, o que é uma ilusão. Como apontamos em nossa polêmica de dois anos atrás, essa era precisamente a expectativa dos velhos pablistas com relação aos stalinistas e reformistas, com a diferença de que a FT quer fazer isso com grupos da “família trotskista”.

Hoje o PO argentino, ontem o PSTU brasileiro

Se hoje em dia o PTS faz elogios e propostas de unidade ao PO/IS, enaltecendo a FIT enquanto um bloco com um “programa revolucionário em comum”, quase dez anos atrás a FT preferia fazer isso com os morenistas do PSTU brasileiro. Daí a “carta aberta aos militantes do PSTU e da LIT”, que eles publicaram em 2006: 

Nossa corrente, assim como a LIT, vem corretamente criticando o giro à direita da maioria das correntes do trotskismo internacional, fenômeno que vocês chamam de ‘vendaval oportunista’. (…) Recentemente, o PO dá passos no mesmo caminho e chama a votar na Frente Popular de Evo Morales na Bolívia, e depois, em Romano Prodi na Itália. Consideramos que, assim como nós, os companheiros do PSTU e da LIT tiveram o mérito de não cometer nenhuma dessas capitulações citadas e são esses acordos políticos que nos levam a propor abrir uma discussão nacional e internacional.”

Carta aberta aos militantes do PSTU e da LIT, 5 de maio de 2006. Disponível em:
http://tinyurl.com/opzzca6

Isso só mostra que não se trata de um fenômeno novo ou isolado. Em 2014, os companheiros da FT aparentemente haviam “se esquecido” dessas posições oportunistas do PO e afirmaram que ele defendia a independência de classe e um governo de trabalhadores. Em 2006, por sua vez, a antiga LER-QI “se esquecia” de toda a história oportunista do morenismo, seu apoio também recorrente a frentes populares com a burguesia, incluindo o PT brasileiro, que o PSTU havia apoiado eleitoralmente apenas quatro anos antes [9]. A então LER-QI via “acordos políticos que nos levam a propor abrir uma discussão nacional e internacional” com os morenistas.

Certamente as intenções da FT foram frustradas com o giro à direita no próprio PSTU, que nos últimos anos apoiou uma série de quedas de governo hegemonizadas por partidos burgueses ou pelo próprio imperialismo como supostas “revoluções democráticas vitoriosas” (Líbia, Ucrânia, duas vezes no Egito). Mas podemos seriamente esperar que esses chamados de unidade não voltarão a se repetir diante de um realinhamento político? Os revolucionários precisam ser a “memória política” da vanguarda proletária para orientá-las diante das armadilhas reformistas e oportunistas. Mas nesse caso, a FT não lembrava (ou melhor, fingia não lembrar – o que é ainda pior) do que eles próprios escreveram.

Há algo de novo na criação do MRT?

A recente transformação da LER-QI em MRT indicou uma intenção em realizar um giro de massas, dando um salto qualitativo em sua situação organizativa, a qual ainda era em grande parte a de um grupo de propaganda. Isso implicou também a transformação do site da organização num portal de notícias mais amplo, o Esquerda Diário[10]

Em seu congresso (julho passado), o MRT deu uma nova forma a esse giro através de sua decisão de pedir o ingresso no PSOL. Depois dos últimos resultados eleitorais do PSOL, o MRT considerou-o como “um partido que pode expressar crescentemente parte importante das tendências de massas que se desenvolverão à esquerda da crise do PT” [11]. Ao pedir sua entrada à direção do partido, o MRT fez algumas críticas ao rumo que ela tem tomado, apontando como tem sido incapaz de tirar vantagem do enorme desgaste do PT com a classe trabalhadora e outros setores populares, e expressando em seguida o desejo de tornar-se uma tendência interna com liberdade programática. A direção do PSOL recusou a entrada do MRT até esse momento, apontando que ela só poderia dar-se por aprovação do congresso partidário em 2016, o que o MRT denunciou como antidemocrático. Isso fez com que lançasse uma campanha pelas redes sociais com o slogan #MRTnoPSOL.

Não há nenhuma questão de princípios que impeça a entrada (temporária) de organizações que se reivindicam revolucionárias em partidos reformistas mais amplos, como uma tendência de esquerda. Os trotskistas europeus e americanos, por exemplo, realizaram nos anos 1930 um movimento (que ficou conhecido como “entrismo”) de adesão organizativa aos partidos socialdemocratas de massas, que recentemente haviam ganho muitos setores jovens e radicalizados da classe trabalhadora. Somos contra a crítica ultraesquerdista que considera qualquer tática dessa natureza como uma “traição” imediata.

Porém, é inegável que há entradas oportunistas, assim como revolucionárias. O objetivo dos trotskistas com táticas de entrada é polarizar um setor ao redor do programa revolucionário para posteriormente construir um partido marxista independente. Nisso, como sempre, é preciso plena independência programática do oportunismo. Um exemplo pela negativa é a atuação de muitas correntes da ala de esquerda do próprio PSOL (algumas das quais se reivindicam trotskistas). Apesar de criticarem os passos mais abusivos da direção desse partido em questões de falta de democracia interna e posturas oportunistas de colaboração de classe (dentre as quais está, mais recentemente, de querer fazer uma “frente de esquerda” com o PT/PCdoB e outros partidos burgueses [12] [ver o ADENDO ao final deste artigo para os fatos mais recentes]), acabam se adaptando a uma convivência com tal direção.

As principais correntes que compõem o “bloco de esquerda” do PSOL chamaram a votar na candidata do partido, Luciana Genro, mesmo sabendo que ela havia recebido financiamento de campanha de empresas. Também fazem elogios e uma verdadeira tietagem com figuras parlamentares como Marcelo Freixo, cujas posições políticas passam longe de qualquer ideal socialista. Veja-se o “apoio crítico” que Freixo deu ao projeto das UPP e a propaganda eleitoral que fez para Dilma no segundo turno das eleições em 2014.

O que surpreende na decisão do MRT de entrar no PSOL é porque se dá num momento em que nenhum setor combativo da juventude ou da classe trabalhadora brasileira caminha em direção a esse partido. Os movimentos de “entrismo” originais foram motivados por uma grande leva de militantes radicais (assim como de jovens e interessantes grupos centristas) que adentravam a socialdemocracia. Nenhum movimento desse tipo existe no PSOL brasileiro nesse momento.

O crescimento eleitoral (pouco expressivo) do PSOL foi o principal argumento usado pelo MRT para sua decisão. Mas esse resultado não implicou, nem necessariamente o fará, nenhuma perspectiva de crescimento qualitativo do seu corpo militante (em número e em radicalidade política), que é o que interessa para construção do partido. As correntes que se reivindicam “trotskistas” no PSOL estão adaptadas à direção do partido, conforme ficou patente com o seu respeito à disciplina partidária mesmo depois que o último congresso foi ganho com base em delegados eleitos fraudulentamente pela corrente majoritária de Randolfe Rodrigues.

Impressiona também a mudança de tom do MRT com relação ao PSOL. Em dezembro de 2013, a então LER-QI afirmava com bastante certeza que, embora pudesse crescer eleitoralmente, o PSOL só poderia aprofundar o seu eleitoralismo, que era “incapaz de romper com a tradição petista”: 

O PSTU faliu como alternativa revolucionária, e o PSOL…. nunca se colocou essa perspectiva. Quando dizemos que faliram, não quer dizer que não podem até vir a crescer (coisa que não se deu qualitativamente pós junho), por exemplo, capitalizando eleitoralmente (nas eleições burguesas, mas também nos sindicatos) a mudança da consciência das massas pós junho. Mas isso se dará aprofundando os problemas que aqui apontamos, pois não poderão resistir às pressões de adaptação, como se expressou em junho, pois fazem parte de uma tradição arraigada. (…) E seguirá sendo assim, pois são incapazes de romper com a tradição petista, o que só poderia se dar fazendo uma ruptura com sua própria tradição, marcada pelo sindicalismo e eleitoralismo.”

O PSOL e o PSTU não passaram a prova de junho, 11 de dezembro de 2013. Disponível em:http://tinyurl.com/obadk2y

Agora, parece que é fundamental que o PSOL “concentre forças” a favor da classe trabalhadora, o que é apresentado com uma aposta válida, na qual os revolucionários deveriam colocar esforços:

Para que a luta dos trabalhadores seja consequente, é necessário que o PSOL, com seus militantes e parlamentares, concentre forças a favor das lutas e da organização da classe trabalhadora e da juventude, abrindo portas para as organizações revolucionárias que queiram fazer parte dessa perspectiva.”

Manifesto do MRT em campanha pelo #MRTnoPSOL, 6 de agosto de 2015. Disponível em: http://tinyurl.com/og75csl 

É claro que não há como saber de antemão como será (caso seja concretizada) a atuação da tendência do MRT no PSOL. Mas com base na sua estratégia centrista de buscar unidade com correntes oportunistas, imaginamos que não se daria no sentido de polarizar um setor do partido contra a direção (e de forma independente do atual “bloco de esquerda”). Ao contrário, podemos prever chamados de unidade a certas correntes revisionistas da “família trotskista” da esquerda do partido, semelhantes aos que a Fração Trotskista já faz regularmente do lado de fora. Inclusive, uma das correntes do “bloco de esquerda” do PSOL é a morenista CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores), organização irmã da IS argentina à qual o PTS já endereça os seus chamados.

Apesar do seu novo nome, o MRT brasileiro é herdeiro dessa política, já que nunca fez uma crítica à mesma, demonstrando claro alinhamento com a linha centrista da direção internacional da FT. Assim como todos os centristas que oscilam entre uma política pretensamente revolucionária e posições abertamente oportunistas, também a FT realiza vaivéns na sua posição em relação aos grupos revisionistas do trotskismo. Ora crítica acertada, ora capitulação e desejo de unidade. Mas não se pode reconstruir a Quarta Internacional com “manobras” desse tipo. Somente uma crítica certeira e consistente ao oportunismo pode avançar para a reconstrução do partido mundial da revolução socialista.

ADENDO

Desde que a versão preliminar deste artigo ficou pronta, o PSOL formou a “Frente Povo sem Medo”, em conjunto com o MTST e setores governistas do PT e do PCdoB, organizados na CUT, na CTB, na UNE, e em outros agrupamentos menores. O objetivo dessa frente seria o de enfrentar as medidas de austeridade do governo e a ameaça de impeachment que a direita está lançando contra ele, mas blindando Dilma e o PT, ao focar as críticas somente em Levy (como se fossem coisas diferentes!). Em resposta a esse giro à direita por parte do PSOL, o MRT deixou de lado a postura mais “branda” que vinha adotando e lançou duras críticas ao partido [13]. Ademais, parece ter removido de sua agitação cotidiana a campanha #MRTnoPsol, que vinha priorizando em sua atuação pública. Não podemos prever de antemão se o MRT irá manter o pedido de entrada no PSOL ou se presenciaremos um novo zigezague na orientação política dessa organização, mas está clara a confusão que gera a sua orientação estratégica que aqui criticamos.

NOTAS

[1] Fração Trotskista e sua ruptura incompleta com o morenismo (maio de 2013). Disponível em: http://tinyurl.com/nkbz9bl

[2] Nós do Reagrupamento Revolucionário possuímos com as companheiras e companheiros do MRT outras diferenças estratégicas que nos separam. Desde 2013, algumas de nossas diferenças políticas se aprofundaram ou se mantiveram, sobretudo com relação à política nos processos de guerra civil e intervenção imperialista no Oriente Médio e Norte da África (caso da Líbia e da Síria), onde observamos um abandono do princípio de defesa das nações oprimidas e uma aproximação com o oportunismo morenista de apoiar setores desse processo independentemente de seu conteúdo de classe. Veja Os rebeldes na Líbia e na Síria e a posição revolucionária (janeiro de 2014), disponível em http://tinyurl.com/oubqhar . E também em questões nacionais, como quando a então LER-QI chamou “voto crítico” no PSTU “onde este partido não estivesse coligado com o PSOL” (nacionalmente). Isso sendo que o PSTU estava coligado com o PSOL nos principais estados do país, inclusive em São Paulo e, no Rio Grande do Sul, onde era parte de uma campanha que recebeu dinheiro de financiamento capitalista. Veja Os comunistas e as eleições de 2014(setembro de 2014), disponível em: http://tinyurl.com/oh34asr .

[3] A campanha eleitoral da FIT na Argentina, 27 de julho de 2011, disponível em inglês em: http://tinyurl.com/no6ebjg

[4] De um arranhão ao perigo de gangrena (janeiro de 1940). Disponível em: http://tinyurl.com/pwue93x

[5] Conforme nossa crítica em PCO, Partido Obrero e as frentes populares (fevereiro de 2013). Disponível em:http://tinyurl.com/n9r9zbg

[6] La revolución árabe y el final de Kadafi. 

Disponível em: http://tinyurl.com/p8twb53 Para nossa crítica à posição semelhante tomada pelo PSTU brasileiro, ver PSTU, Fração Trotskista e a defesa da Líbia contra o imperialismo (novembro de 2011), disponível em:http://tinyurl.com/od7f3e5

[7] La pulseada entre el FMI y Syriza. Disponível em: http://tinyurl.com/ngbjezc Para a crítica publicada pelo PTS argentino, ver Los revolucionarios y la cuestión del “gobierno de izquierda”, disponível em: http://tinyurl.com/oao8toq

[8] Egipto: la movilización revolucionaria derribó a Mursi! Disponível em: http://tinyurl.com/pac6u7n Para nossa crítica à posição semelhante tomada pelo PSTU brasileiro, ver O golpe militar no Egito e a posição escandalosa do PSTU/LIT (outubro de 2013), disponível em:http://tinyurl.com/o6vjpnh

[9] PSTU chama voto em Lula (outubro de 2002). Disponível em: http://www.pstu.org.br/node/3435 Para uma crítica nossa à prática do morenismo e do PSTU em apoiar frentes populares, ver PSTU “justifica” seu bloco com PSOL e PCdoB (agosto de 2012), disponível em:http://tinyurl.com/qbau88k

[10] O MRT está claramente experimentando neste giro. Pouco antes da mudança de nome, havia dado um tom muito mais superficial aos materiais publicados em seu jornal Palavra Operária – um clássico erro em tentar atingir as massas reduzindo o programa, contra o qual Trotsky advertira seus camaradas franceses em 1935 (em um texto que recomendamos fortemente aos membros do MRT e do qual citamos abaixo um trecho). Depois, extinguiram o jornal impresso para lançar o portal de notícias online Esquerda Diário, tendo apenas recentemente voltado com uma versão impressa do Palavra Operária, dessa vez com um tom mais parecido com o original, com matérias se diferenciando de grupos adversários e fazendo polêmicas.

Mas, muito frequentemente, a impaciência revolucionária (que facilmente se transforma em impaciência oportunista) leva à seguinte conclusão: as massas não vem até nós porque nossas ideias são complicadas demais e nossas palavras de ordem avançadas demais – ou seja, deve-se jogar fora alguns entulhos. Basicamente, isso significa: nossas palavras de ordem devem corresponder não à situação objetiva, não à relação de classes analisada pelo método marxista, mas a observações subjetivas (e extremamente superficiais e inadequadas) sobre o que as “massas” podem e não podem aceitar. Mas quais massas? A massa não é homogênea. Ela se desenvolve. Ela sente a pressão dos eventos. Ela aceitará amanhã o que não aceita hoje. Nossos quadros vão desbravar o caminho com crescente sucesso para nossas ideias e palavras de ordem, as quais vão se mostrar corretas porque são confirmadas pela marcha dos eventos e não por observações subjetivas e pessoais.” (Leon Trotsky, O que é um jornal de massas? Novembro de 1935, disponível emhttp://tinyurl.com/pqou98n)

[11] Congresso do MRT aprova proposta de entrada no PSOL, 20 de julho de 2015, disponível em: http://tinyurl.com/q5466nb .

[12] Negociação avança e frente de esquerda é batizada de “Grupo Brasil”, 27 de junho de 2015, disponível em:http://folha.uol.com.br/#noticia/567616

[13] Uma Frente pra deixar Dilma e o PT sem medo, de 13 de outubro de 2015, disponível em:http://www.esquerdadiario.com.br/Uma-frente-pra-deixar-Dilma-e-o-PT-sem-medo

FCT: um ótimo exemplo de como NÃO construir um partido

A Frente Comunista dos Trabalhadores: um ótimo exemplo de como NÃO se deve construir um partido

Pedro Abreu, setembro de 2015

Recentemente, diversas pequenas correntes pretensamente revolucionárias da esquerda brasileira se uniram, depois de formar um “Comitê Paritário”, numa organização chamada Frente Comunista dos Trabalhadores (FCT). São elas a Liga Comunista, o blog Espaço Marxista, a Tendência Revolucionária (corrente interna do PSOL), o Coletivo Socialistas Livres [*]e os nossos velhos conhecidos do Coletivo Lenin [1]. A base política dessa unidade é expressa por seus membros mais ou menos da seguinte forma:

1) No segundo turno das eleições presidenciais defendemos o voto em Dilma para derrotar Aécio e a direita golpista, manipulados pelo imperialismo, e fizemos a crítica ao voto nulo sectário da esquerda (PSTU, PCO, PSOL, PCB, etc.). O voto na candidatura de Dilma no segundo turno não implicou em qualquer acordo com o programa burguês desta candidatura, nem qualquer apaziguamento de nosso combate contra seu governo neoliberal. O giro à direita no governo Dilma, produto da pressão golpista, já havia sido previsto por nós ainda durante a campanha. Nossa defesa heterodoxa do voto em Dilma segue a nossa política geral de combate ao golpismo pró-imperialista e se inspira na política dos bolcheviques de “apoiar a burguesia contra o tzarismo (na segunda fase das eleições ou nos empates eleitorais, por exemplo) e sem interromper a luta ideológica e política mais intransigente contra o partido camponês revolucionário burguês, os ‘socialistas revolucionários’, que eram denunciados como democratas pequeno-burgueses que falsamente se apresentavam como socialistas.” (Lenin, “Nenhum Compromisso?” em Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo, 1920).

2) A atual articulação golpista no Brasil é movida diretamente pelo imperialismo, no Brasil, como na Venezuela e Argentina, a exemplo dos golpes já impostos em outros países da América Latina, como Honduras e Paraguai). As experiências recentes “bem-sucedidas” ou parciais na Líbia, Síria, Ucrânia, demonstram que o imperialismo não se furta de recorrer ao armamento de mercenários, bandos fascistas e massacres sangrentos para impor seus objetivos. Trata-se de um contra-ataque para recuperar o terreno perdido após a crise de 2008 para o bloco capitalista Eurásico, nucleado a partir da expansão comercial da China e da Rússia. Trata-se de uma nova guerra fria que atravessa todos os atuais conflitos de envergaduras mundiais, como a reorientação da tática dos EUA em relação a Cuba, tentando simultaneamente cooptar a burocracia dirigente do Estado operário com o fim do bloqueio e acelerar a restauração capitalista.

3) Mesmo que a primeiro momento o Golpe de Estado não se apresente na forma de um golpe militar, mas como um “golpe parlamentar”, um impeachment articulado entre o Legislativo e o Judiciário para estrangular uma Dilma cada vez mais isolada, qualquer que seja sua forma inicial, o resultado do processo será de maior repressão militar e policial contra a esquerda em geral e a população trabalhadora e oprimida nacional, para derrotar qualquer foco de resistência à recolonização imperialista do Brasil.

Socialistas Livres ingressam no CP, 22 de março de 2015.
http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2015/03/socialistas-livres-ingressam-no-cp.html

A FCT adotou o jornal que até então era da Liga Comunista – a Folha do Trabalhador. No entanto, os grupos mantiveram suas páginas na internet e publicações próprias. Nós do Reagrupamento Revolucionário não concordamos nem com a plataforma de união dessa nova organização e tampouco com o método usado para impulsionar tal unidade. Ambos oferecem um exemplo de como não proceder na luta pela construção de um partido revolucionário.

Uma “unidade” enganosa

Não é preciso ser nenhum grande observador para perceber que a esquerda mundial, em especial a que se reivindica revolucionária, está atomizada e isolada, com diversas pequenas organizações envoltas em polêmicas intermináveis, muitas com desonestidade e burocratismo. Nós do RR também reconhecemos esse cenário (e a necessidade de sair dele). Mas de qual forma? Para contribuir com o ressurgimento de uma organização revolucionária internacional em meio a muitas variantes oportunistas e centristas, é necessário defender intransigentemente um programa revolucionário coerente. Estamos de acordo com a tradição política do marxismo revolucionário que luta para construir o partido através da hegemonia do programa revolucionário na vanguarda, disputando-a politicamente com o revisionismo. Não desejamos uma “unidade” que esconda diferenças programáticas importantes, acordos que isentam de críticas os “aliados” reais ou desejados. O isolamento não é nenhuma virtude, mas tampouco o é uma “unidade” artificial, que é só o que esses métodos podem produzir.

O método empregado na construção da FCT não é novo. Já existiram inúmeros casos de organizações que se agruparam em torno de programas de “menor denominador comum” e invariavelmente esses blocos terminaram em fracasso [2]. Existem diversas táticas para a construção do partido, mas elas não devem nunca envolver negociações de programa ou se basear em alguns poucos pontos de conjuntura, que nada revelam do método e das perspectivas dos distintos grupos. Todas as organizações que compõem a FCT apresentam uma série de divergências. Vamos mencionar apenas algumas mais aparentes e graves, que mostram que não foi feito qualquer esforço de chegar a um acordo político mais profundo sobre importantes questões políticas.

A Tendência Revolucionária/PSOL foi (com razão) contrária ao voto em Dilma Rousseff no segundo turno [3], posição oposta à dos demais grupos da FCT. Isso não configuraria um “voto nulo sectário da esquerda” (conforme afirmou o Coletivo Socialistas Livres)? O Coletivo Socialistas Livres, diferentemente dos outros grupos da FCT, não defende o centralismo democrático [4]. Portanto, sequer existe um acordo sobre qual deve ser o formato da “organização”. O blog Espaço Marxista fala dos “esforços (antigos!) dos EUA no sentido de fazer soçobrar a Revolução Bolivariana” [5], mas essa “revolução” não é reconhecida pela Folha do Trabalhador e rejeitada pelos companheiros do Coletivo Lenin. Por meio dessa posição, seria possível deduzir que a FCT aposta tanto em uma revolução socialista contra o Estado burguês quanto na possibilidade de uma estratégia “bolivariana”. O Coletivo Lenin afirma ser contra a reivindicação de “melhores condições” para os policiais militares e civis, mas o Coletivo Socialistas Livres defende melhorias para os agentes armados do Estado burguês [6].

Como uma organização construída com base em tantas diferenças pode intervir com coesão nas lutas de classes? Por enquanto, o método da FCT tem sido o de colocar as divergências para debaixo do tapete. A FCT se reivindica enquanto uma “organização com tendências”. Mas obviamente não se tratam de tendências temporárias surgidas de divergências conjunturais. As “tendências” da FCT são a continuidade dos seus grupos formadores, cada um com sua coleção de posições políticas distintas entre si. Que diferença existe entre uma “unidade” aonde cada grupo possui posições próprias e a não-existência da unidade? De fato, a FCT é muito mais um “guarda-chuva” de organizações que mantém sua existência separada (algumas na mesma cidade!) para parecer um bloco de maior tamanho. A sua “unidade” baseada em alguns pontos não é suficiente para sustentar uma organização séria. Um documento interno publicado recentemente por alguns companheiros do Coletivo Lenin confirma esse diagnóstico:

A FCT está hoje presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará. É uma organização com tendências.
      Esperamos ter deixado claro que a FCT não é uma organização. A mera existência desse documento prova que não pode haver organização enquanto as divergências não forem devidamente discutidas. E também sobre como funcionaria tal organização visto que as divergências não serão sanadas na base do convencimento.
 “A FCT possui mais de seis meses de existência. Internacionalmente, a FCT é seção do Comitê de Ligação pela IV Internacional, tendência internacional composta também pelo Socialist Fight britânico e pela Tendência Militante Bolchevique argentina com que as tendências da FCT passam a estabelecer relações fraternais.
     Há algo de “longe demais” neste trecho. A FCT, além de organização, é agora uma seção nacional de um Comitê que nunca tivemos qualquer contato antes da FCT. Relação de seção é algo muito sério que não pode ser simplesmente estabelecido com uma frente. A frente está aberta para qualquer militante ou organização que tenha acordo com os seus princípios mínimos, mas não está aberta para se tornar seção de outra organização. Além disso, o Coletivo Lenin não passou a estabelecer relações fraternais com quaisquer dessas organizações. Essa discussão não foi levantada dentro do CL. Relações fraternais, apesar do nome legal, exigem de fato, relações fraternais e não somente reconhecimento público. Pouco conhecemos do programa e atuação de tais organizações. E do que conhecemos, temos sérias discordâncias.

O que é e para onde vai a FCT?, 14 de agosto de 2015.
http://coletivolenin.blogspot.com.br/2015/08/o-que-e-e-pra-onde-vai-frente-comunista_14.html

Nós, enquanto revolucionários, defendemos a fusão com outras organizações sempre sobre marcos de programa bem claros e amplamente discutidos. Organizações devem se fundir quando as diferenças existentes entre elas não justificam que continuem existindo separadamente, podendo ser resolvidas ao longo do trabalho político conjunto. Esse claramente não é o caso do que acontece com a FCT, aonde o desejo de se agrupar, impulsionado por marcos programáticos insuficientes (e errados, como explicaremos a seguir), se sobrepõe à defesa coerente do programa marxista, ou de qualquer programa coerente, por sinal.

Um “programa” enganoso

Agora que já explicamos nossas diferenças com o método de construção de partido empregado pela FCT, vamos criticar os pontos de unidade desse agrupamento. Começaremos pelo voto crítico em Dilma Rousseff no 2º turno das eleições presidenciais de 2014. A premissa desse apoio é que a vitória eleitoral do PT/PMDB viria a conter profundos ataques à classe trabalhadora e aos setores oprimidos da população em geral. Será que é isso que verificamos desde então? Em um momento em que presenciamos a mais brutal onda de ataques aos direitos trabalhistas desde o golpe de 1964, acompanhada de profundos cortes nas políticas sociais (educação, saúde, transporte, moradia) nem a própria FCT é capaz de sustentar tal absurdo. Porém, mais uma vez utilizam o argumento do “golpismo” para explicar tal realidade, negando assim o inteiro comprometimento do PT (que tem protagonizado muitos desses ataques) com a agenda burguesa: “o giro à direita no governo Dilma, produto da pressão golpista, já havia sido previsto por nós ainda durante a campanha”. Mesmo que esse argumento de “causa externa” para os ataques do PT aos trabalhadores fosse válido, a reeleição de Dilma alterou alguma coisa, seja em termos dos ataques em si ou do fortalecimento dos direitistas? Valeu a pena orientar o proletariado a escolher essa candidatura? É impossível que se dê resposta afirmativa a essas perguntas.

Os imperialistas podem hipoteticamente preferir a direita no poder, mas não tem tido nenhum atrito significativo com o governo petista nos últimos 12 anos, e este tem cumprido bem os planos da burguesia. O que a FCT nunca explica é como o seu voto em Dilma impediu o fortalecimento dos direitistas. Desde sua eleição, tudo que o governo fez lançar ataques reacionários contra a classe trabalhadora e levar adiante um “ajuste” draconiano. Nada faz para evitar o crescimento desses setores, ao contrário: se aliou a boa parte deles (a começar pelo PMDB) para garantir a sua “governabilidade”. É senso comum achar que o “voto no PT” é derrotar a direita, mas os marxistas, que veem o conteúdo de classe de ambos os projetos sabem que isso nada mais é que um mito.

Para tentar justificar essa capitulação induzida pelo medo do crescimento da direita, a FCT faz um falso uso da literatura marxista. Cita Lenin quando ele lembrava aos “esquerdistas” alemães que os bolcheviques já haviam feito alguns blocos de colaboração prática com partidos camponeses, partidos oportunistas da classe trabalhadora e mesmo apoiado o partido da burguesia liberal (Cadetes) contra o czarismo no segundo turno eleitoral (em 1905!).

Esquecem que nesse período os bolcheviques e a maioria dos socialdemocratas de esquerda não tinham clareza sobre o caráter da revolução russa e previam uma revolução democrático-burguesa. Lembramos também que o marxismo apoiou condicionalmente a burguesia nas revoluções democráticas contra a reação monárquica ou feudalno século XIXEssa é precisamente a diferença. Onde, no Brasil de 2014 (!), estava a reação feudal ou monárquica? Ambos o bloco PT/PMDB e a oposição PSDB/DEM eram burgueses. A Quarta Internacional foi construída em cima da clareza de que não há mais revoluções democrático-burguesas na época imperialista e que as tarefas históricas “não resolvidas” (ou resolvidas de forma incompleta) tem de ser solucionadas pela revolução proletária. Por isso mesmo, Trotsky sempre denunciou o “apoio tático” a frentes populares ou quaisquer blocos burgueses como uma forma de encobrir capitulações [7]Tudo isso é esquecido pela FCT.

Intimamente relacionada com essa posição está a estimativa de que se aproxima um golpe de Estado contra o governo do PT. É inegável que a oposição de direita tem se fortalecido há mais de um ano. A sordidez das suas táticas e sua infiltração no Poder Judiciário e no Parlamento (ajudadas pelos “aliados” direitistas do PT) tornam possível uma tática de impeachment. Nesse momento, porém, a oposição está dividida entre pressionar o governo pelas medidas de “ajuste” que a burguesia brasileira precisa, e o “plano B” de forçar a saída da presidente. É evidente que essa seria uma jogada reacionária para o caso de o PT não conseguir cumprir bem o papel que a burguesia lhe confiou.

Porém, um impeachment é diferente de um golpe militar armado. Para este não existe conjuntura, uma vez que as cúpulas militares permanecem inativas e majoritariamente indiferentes a essa disputa [8]. A própria FCT muda a todo tempo sua caracterização: falava de “golpe de Estado” na época das eleições para depois falar de “golpe parlamentar” ou simplesmente de impeachment.Evidentemente, não fez um balanço público, que seria a atitude honesta. Isso demonstra que o essencial para a FCT não é uma análise acertada da conjuntura, mas sim justificar a sua política de frente com o PT em todos os casos. Inclusive nas eleições (que não são nem golpe, nem impeachment), o voto em Dilma “segue a nossa política geral de combate ao golpismo pró-imperialista” (como?). Nessa mesma linha, a FCT propõe uma “frente única anti-imperialista” mundial:

A presença de um núcleo burguês em contrapeso aos EUA [China e Rússia] potencializa lacunas em todo o sistema mundial, e objetivamente cria contradições que podem ser vantajosamente exploradas para a causa do proletariado internacional e todos os povos oprimidos sem por isso deixarmos de fazer a defesa intransigente da independência de classe e não depositarmos expectativas que qualquer fração da burguesia mundial possa realizar as tarefas históricas progressivas a serviço do progresso da humanidade. A FCT luta por uma frente única anti-imperialista unindo os BRICS, os bolivarianos, Estados operários remanescentes, o nacionalismo islâmico, o Irã, africanos e terceiro mundistas sempre que estiverem sob o ataque ou em contradição com o imperialismo.

Frente Comunista dos Trabalhadores: quem somos e pelo que lutamos, 16 de agosto de 2015
http://coletivolenin.blogspot.com.br/2015/08/frente-comunista-dos-trabalhadores-quem.html

Essa “frente única” (as aspas não são acidentais) é uma falácia. Primeiro porque a FCT é um pequeno grupo com alguns militantes. Não acontecerá nenhum acordo para fins práticos (frente única) entre qualquer dessas forças mundiais e a FCT. Isso não é impedimento, é claro, para tomar a defesa das nações oprimidas sob intervenção imperialista, por exemplo, ou combater um golpe de Estado na mesma fileira que forças burguesas que eventualmente também se oponham (e delas se delimitando politicamente).

Mas a proposta de “frente única” da FCT não aponta nenhum objetivo concreto, nem uma situação específica. Ela seria uma frente sem data, sem local, sem objetivo imediato, para “lutar contra o imperialismo” em geral, “unindo” uma série de governos burgueses. Apesar de dizer que não deposita expectativas, essa proposta ampla implica que a FCT espera que essas forças burguesas (BRICS, bolivarianos, nacionalismo islâmico, Irã, terceiro-mundistas etc. etc.) podem conduzir lutas “anti-imperialistas”. O blog Espaço Marxista chega a afirmar explicitamente que governos como o de Assad, na Síria, são “anti-imperialistas” [9]. A FCT como um todo espera se apoiar no “bloco capitalista Eurásico”, o qual imagina que irá se confrontar com o imperialismo americano, como uma oportunidade para avançar “a causa do proletariado e dos povos oprimidos”.

Qual postura a FCT indicaria para os revolucionários no Irã, na Síria, na Venezuela, na Rússia? Aparentemente que busquem formar frentes com as lideranças burguesas “sempre que estiverem sob o ataque ou em contradição com o imperialismo”. Mas e durante a maior parte do tempo (de fato 99% do tempo, ou talvez todo) em que essas forças estiverem conduzindo a política imperialista (e não resistindo a aspectos secundários da mesma)? O principal na declaração não é construir o partido, consolidar as forças proletárias, temperá-las na independência contra qualquer setor da burguesia. O elemento principal é formar a suposta “frente única anti-imperialista” unindo governos capitalistas. E para qual tarefa específica (além da suposição de que esses governos vão se enfrentar com o imperialismo)? Nunca somos informados de forma concreta. Porém, no caso brasileiro, já vimos como tal “frente única” se expressou em, por exemplo, dar apoio eleitoral ao PT.

A proposta da FCT transforma posições táticas circunstanciais, como a de eventualmente tomar o mesmo lado militar que essas forças para defender uma nação atacada pelo imperialismo ou lutar contra um golpe antidemocrático, em uma orientação estratégica de fazer bloco com setores burgueses. Algumas vezes, FCT revela sua capitulação na forma mais crua, como quando o seu Comitê de Ligação pela Quarta Internacional (CLQI) embelezou o exército pró-Rússia dos separatistas do leste da Ucrânia:

 A grande base trabalhadora dos exércitos de Donbass deseja o socialismo e as relações de propriedade nacionalizada que existiam nos dias da URSS, quando as condições de vida dos trabalhadores eram muito melhores e os oligarcas capitalistas não haviam tomado toda a riqueza coletiva do país, com o apoio de Yeltsin e dos EUA.

Ucrânia: O império contra-ataca, 21 de março de 2015.
http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2015/03/ucrania-o-acordo-de-minsk-e-queda-de.html

Não temos informações diretas do fronte para fazer uma avaliação tão precisa do que a base do exército deseja (e duvidamos que a FCT tenha). Porém, sabemos que há uma poderosa influência pró-Rússia, assim como um enorme saudosismo nacionalista/stalinista nesse exército. Defendemos o direito da população de fala russa do leste da Ucrânia se separar, especialmente diante da poderosa russofobia desencadeada com a chegada de setores protofascistas ao poder depois do “EuroMaidan”. Esse é um direito democrático básico. Porém, não temos nenhuma ilusão em algum caráter “socialista” dos exércitos dessas Repúblicas, que estão politicamente alinhadas com o governo russo.

No quadro geral, todo o conteúdo político do “programa” da FCT é chamar uma “frente única” (recorrente e sem objetivos concretos) com setores da burguesia nacional e internacional (neles gerando expectativas). Seu objetivo político utópico é a consolidação de um bloco burguês “alternativo” a nível mundial.

A nova encarnação de um cadáver político

Todos que acompanham nossas publicações sabem da nossa origem. O Reagrupamento Revolucionário no Brasil surgiu de um racha do Coletivo Lenin em 2011. Vale a pena recontar essa história, especialmente quando fica claro o quanto nossos grupos se distanciaram desde então. O Coletivo Lenin surgiu em 2009 e adotou um programa baseado na tradição da Tendência Bolchevique Internacional (TBI), que ele considerava a melhor atualização do programa trotskista. Após uma longa e frustrante discussão com a TBI, que culminou com essa se revelando uma seita desonesta [10], o CL passou por um processo de disputa interna. A ala majoritária defendeu o abandono do programa original da organização e rejeitava elementos fundamentais do trotskismo. Uma tendência minoritária foi contra tal mudança. 

Essa minoria acabou rompendo com o Coletivo Lenin e fundindo com o RR estadunidense no mesmo ano, com o qual o CL havia antes estabelecido relações fraternais com base no seu programa. Assim teve origem nosso grupo no Brasil: somos aqueles que, reconhecendo a degeneração da TBI, continuamos a defender suas contribuições para o marxismo e seu programa revolucionário original, apesar do apodrecimento moral e político de sua liderança, que se tornou inútil para a construção de um partido revolucionário.[11]

O líder da então maioria do Coletivo Lenin entendeu a falência da TBI como a falência do trotskismo. Abriu mão de princípios que iam desde o combate consistente à colaboração de classes até a oposição ao revisionismo que destruiu a Quarta Internacional [12]. Tudo isso foi chamado de “cascas de banana sectárias do programa da TBI”. O grupo acabou adotando uma perspectiva segundo a qual existem diversas “estratégias revolucionárias” diferentes, sendo todas igualmente válidas. Concluíram que são várias as tradições e organizações “revolucionárias”, ainda que inteiramente dispares umas das outras. Por conta disso, o CL se tornou uma organização amorfa disposta a se aproximar, em busca de unidade política, de grupos supostamente “revolucionários” com o qual tinha ele próprio muitas diferenças (como tentou durante meses com o Espaço Socialista após nosso racha, discussões essas que foram silenciosamente abandonadas) [13].

A FCT nada mais é do que a última tentativa esdrúxula de “fusão” baseada nessa falsa perspectiva. A dura verdade é que o CL abandonou a construção de um partido revolucionário conforme o compreendiam Lenin e Trotsky. O medo do isolamento, de ser chamado de “sectário”, falou mais alto do que a consistência programática. Esse mesmo impulso que antes gritou contra nós e nos acusava de “dogmáticos” durante nossa luta fracional por clareza e coerência política, acabou levando o CL a se afundar na lama de um bloco oportunista da FCT.

Nem todos os membros do CL estão satisfeitos com a absorção do grupo pela FCT e percebem os efeitos liquidacionistas dessa ação, assim como criticam os pontos programáticos oportunistas dessa “Frente” [14]. Porém, esses companheiros seguem sustentando a presença do grupo na FCT como uma perspectiva válida. É necessário compreender a relação entre os rumos da organização após nosso racha em 2011 e a decisão do CL de adentrar a FCT. Essa entrada assinalou (mais uma vez) que o Coletivo Lenin já tinha esquecido o que é centralismo democrático, o que é frente única, o que é um partido de vanguarda… isto é, o que é leninismo!

Aos militantes honestos que existem no CL, não existe outra saída além daquela que nós do Reagrupamento Revolucionário já tomamos em 2011, que é sair desse barco afundando. Pode ser que o atual CL se dissolva na FCT, ou talvez essa unidade fajuta venha a ruir e cada organização vá para seu canto. Mas de um forma ou de outra, o Coletivo Lenin que foi fundado por militantes que romperam com o morenismo por ousar lutar pela construção de um partido revolucionário baseado no programa trotskista atualizado para nossos dias, este já deixou de existir há muito tempo.

NOTAS

[*] Apesar de estar escrito na página principal do site do Coletivo Socialistas Livres que este grupo é membro da FCT e o seu documento de adesão ao “Comitê Paritário” ter sido reproduzido pelos demais membros da Frente, o CSL não tem aparecido nas declarações públicas mais recentes, o que nos leva a questionar se ele ainda é membro. Porém, como o CSL já havia sido descrito na versão original deste artigo e não pudemos encontrar nenhuma declaração de qualquer dos lados informando ao público sua suposta retirada, preferimos manter a afirmação de que ele faz parte da Frente. Caso estejamos errados nessa suposição, a responsabilidade cabe à FCT de informar se o CSL não é mais membro e porquê.

[1] Para ler nossa carta de ruptura com o Coletivo Lenin: “Morre um embrião para a reconstrução da Quarta Internacional”.
http://rr4i.milharal.org/2011/07/16/carta-de-ruptura-com-o-coletivo-lenin/ 

[2] Nós recomendamos aos companheiros especialmente os artigos polêmicos de Trotsky contra a brevíssima “Internacional de Londres”. Eis um exemplo das suas contradições:

O “partido de unificação marxista” [espanhol] pertence à famosa associação de Londres dos “partidos socialistas revolucionários” (ex-IAG). A direção desta última encontra-se atualmente nas mãos de Fenner Brockway, secretário do Independent Labour Party [inglês]. Já dissemos que pese aos antiquados e previsivelmente incuráveis preconceitos pacifistas de Maxton e de outros, o ILP assumiu na questão da Sociedade das Nações e das sanções uma posição revolucionária honesta, e todos nós lemos com satisfação uma série de excelentes artigos a este respeito no New Leader. Nas últimas eleições parlamentares o Independent Labour Party recusou-se até mesmo a apoiar no plano eleitoral os trabalhistas justamente porque estes últimos sustentavam a Sociedade das Nações. Em si, esta recusa constituía um erro tático: ali onde o Independent Labour Party não tinha condições de apresentar seus próprios candidatos devia apoiar os trabalhistas contra os conservadores. Mas isto é, apesar de tudo, um pormenor. Em todo caso, não havia nenhuma possibilidade de um “programa comum” com os trabalhistas. Os internacionalistas deviam ligar o apoio eleitoral (aos trabalhistas) com a denúncia do modo como os social-patriotas britânicos rastejavam diante da Sociedade das Nações e das suas “sanções”. Nós nos permitimos formular a seguinte pergunta a Fenner Brockway: o que admite como correto a “internacional” da qual é secretário? A seção inglesa desta “Internacional” se recusa a dar um simples apoio eleitoral a candidatos operários, se eles são partidários da Sociedade das Nações. A seção espanhola conclui um bloco com partidos burgueses sobre um programa comum de apoio à Sociedade das Nações. Será possível ir mais longe no domínio das contradições, da confusão, da degeneração? Ainda não há guerra e as seções da “Internacional” de Londres tendem desde agora em direções diametralmente opostas. Até onde irão quando ocorrerem os acontecimentos decisivos?

A traição do “Partido Operário de Unificação Marxista”, 22 de janeiro de 1936.
https://www.marxists.org/portugues/trotsky/1936/01/22.htm

[3] Na declaração inicial de adesão do Coletivo Socialistas Livres ao então “Comitê Paritário”, publicado novamente pelo site da Liga Comunista, aparece uma nota de rodapé afirmando que “A RPR [nome anterior da TR] não chamou voto crítico em Dilma no segundo turno das eleições presidenciais de 2014”. Não há mais nenhuma indicação de como essa importante divergência seria resolvida. Ver também a declaração da TR “Agora é voto nulo!”
http://tendenciarevolucionaria.blogspot.com.br/2014/10/agora-e-voto-nulo.html 

[4] Na mesma declaração do Coletivo Socialistas Livres, está escrito que “A principal diferença entre o CP e o CSL, reside na questão do centralismo, o qual o CSL se opõe. Uma vez que o atual estágio de construção do CP se caracteriza por ser um Comitê não centralizado, esta diferença situa-se no campo teórico, ao qual buscaremos superar a partir da experiência comum e da confiança mútua.”

[5] Esse comentário sutil foi feito numa introdução (sem quaisquer críticas) à republicação de um texto da “Rede em defesa da humanidade”, que “Reafirma a solidariedade ao governo legitimamente eleito, o de Nicolas Maduro, bem como exorta a oposição a respeitar a constituição do país.”
http://espacomarxista.blogspot.com.br/2015/02/intelectuais-e-artistas-contra.html 

[6] Num texto de 2014, o CSL afirma: “Na segurança pública, o PSDB de Aécio Neves e Anastasia desconsiderou as reivindicações dos policiais civis e militares, impondo apenas metas e metas de mais produtividade, sem a contrapartida salarial aos que trabalham (…)”
https://socialistalivre.wordpress.com/2014/10/28/psdb-foi-derrotado-em-minas-gerais-e-nao-entendeu-o-porque-entao-eu-re-explico/ 

[7] Aqui estão alguns comentários de Trotsky sobre o “apoio tático” a blocos de colaboração de classes e também sobre a orientação eleitoral diante de uma “concorrência” entre partidos burgueses tradicionais e a “Frente Popular”:

A questão das questões atualmente é a Frente Popular. Os centristas de esquerda procuram apresentar esta questão como tática ou mesmo como uma manobra técnica, a fim de poder vender as suas mercadorias na sombra da Frente Popular. Na realidade, a Frente Popular é a questão principal da estratégia da classe operária nesta época. Também confere o melhor critério para diferenciar o menchevismo do bolchevismo.
A seção holandesa e a Internacional, julho de 1936.

Como não se concebe a democracia parlamentar na França sem os radicais, façamos com que os socialistas os sustenham, ordenemos aos comunistas que não incomodem o bloco Blum-Herriot se possível, façamos com que entrem, eles mesmos, no bloco. Nem distúrbios nem ameaças! Esta é a orientação do Kremlin (…) Se o partido de Herriot-Daladier tem raízes nas massas pequeno-burguesas e, em certa medida, até nos meios operários, é unicamente com o objetivo de enganá-los em benefício do regime capitalista. Os radicais são o partido democrático do imperialismo francês: qualquer outra definição é uma mentira (…). As próximas eleições parlamentares, qualquer que seja o resultado, não trarão, por si mesmas, mudanças sérias na situação: definitivamente, os eleitores estão obrigados a escolher entre um árbitro do tipo de Laval e um árbitro do tipo de Herriot-Daladier Mas como Herriot colaborou tranquilamente com Laval e Daladier apoiou ambos, a diferença que os separa, se medida com a escala dos problemas históricos colocados, é insignificante.
A França na Encruzilhada, março de 1936.
https://www.marxists.org/portugues/trotsky/1936/03/28.htm 

[8] Nós escrevemos uma polêmica direcionada ao PCO sobre a sua perspectiva alarmista de um golpe como forma de capitular ao PT. Ver “As capitulações do PCO ao governismo”.
http://reagrupamento-rr.blogspot.com.br/2014/07/as-capitulacoes-do-pco-ao-governismo.html

[9] “O que o imperialismo pretende é derrubar o regime anti-sionista e anti-imperialista de Assad, e para isso tem fomentado o mesmo ISIS que finge combater.”
http://espacomarxista.blogspot.com.br/2015/05/otan-treina-rebeldes-sirios.html 

[10] Ver “Coletivo Lenin rompe relações com a Tendência Bolchevique Internacional”
http://reagrupamento-rr.blogspot.com.br/2011/07/cl-rompe-relacoes-com-ibt-dezembro-de.html

[11] Ver “A Tendência Bolchevique Internacional ‘explica’ sua falência”
http://reagrupamento-rr.blogspot.com.br/2012/07/a-tendencia-bolchevique-internacional.html 

[12] Além da nossa carta de ruptura, na nota número 1, ver também “Revisando a história do trotskismo”.
http://reagrupamento-rr.blogspot.com.br/2011/10/polemica-com-o-coletivo-lenin-sobre.html 

[13] Ver “Balanço das discussões do Coletivo Lenin com o Espaço Socialista”
http://coletivolenin.blogspot.com.br/2012/04/balanco-das-discussoes-do-coletivo.html

[14] Ver especialmente a “Declaração da maioria do Coletivo Lenin ao Congresso da FCT”
http://coletivolenin.blogspot.com.br/2015/09/declaracao-da-maioria-do-cl-ao.html

Debate com a FT (LER-QI) sobre a Líbia/Síria

Os rebeldes na Líbia e na Síria e a posição revolucionária 

Rodolfo Kaleb, janeiro de 2014

Em um artigo de 2013 lidando com os desenvolvimentos da guerra civil que se desenrola há quase três anos na Síria, no qual critica diferentes posições políticas na esquerda, a Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional (seção brasileira da Fração Trotskista) destacou, com uma nota de rodapé, o seguinte aspecto referente à guerra imperialista lançada contra a Líbia no ano de 2011:

“Algumas correntes de origem espartaquista criticam a possibilidade de alianças tático-militares com os setores rebeldes na Líbia, não por embelezar Kadafi como uma direção ‘anti-imperialista’, mas por considerar que a intervenção militar imperialista configurava uma guerra de opressão nacional, motivo pelo qual os revolucionários supostamente deveriam se localizar no campo militar oposto a essa intervenção com um programa político independente. Essa lógica erra porque não considera que, mesmo tendo sido o levante das massas contra Kadafi desviado e controlado pelas direções burguesas aliadas ao imperialismo, seguia sendo sob essa base – por ter sido a protagonista de ações espontâneas de massa – que seria mais fecunda a luta política para colocar de pé um setor de vanguarda da classe trabalhadora com uma política independente das distintas frações burguesas.”

A crise Síria e a necessidade de uma política revolucionária, 25 de setembro de 2013.
http://www.ler-qi.org/A-crise-Siria-e-a-necessidade-de-uma-politica-revolucionaria

É um pouco óbvio para os que acompanham nossas publicações que essa crítica, apesar de não sermos nominalmente citados, é dirigida a nós, assim como possivelmente a outros grupos de “origem espartaquista”. No nosso caso, isso deve dizer respeito ao fato de que reivindicamos que nas décadas de 1960 e 1970, a Liga Espartaquista dos Estados Unidos foi o grupo que melhor representou a continuidade da estratégia e do programa do trotskismo após a destruição da Quarta Internacional pelo revisionismo pablista. Posteriormente, a Liga Espartaquista (e sua corrente internacional) evoluiu cada vez mais para se tornar o que é hoje: uma seita burocratizada, realizando capitulações recorrentes tanto ao stalinismo quanto ao imperialismo [1].

Nós polemizamos diretamente com a LER-QI (FT) em nosso texto sobre a Líbia em 2011 e discutimos ativamente sobre o assunto com sua militância no Rio de Janeiro. Não temos conhecimento de outras críticas (ao menos não da mesma profundidade) escritas sobre a LER-QI por qualquer outra corrente de “origem espartaquista”. Mas, deixando de lado o fato de que tal crítica poderia ter sido feita de forma mais direta e clara a nós e outros grupos, o parágrafo faz inicialmente uma descrição justa da posição que adotamos na guerra imperialista contra a Líbia em 2011, ocasião em que criticamos a posição adotada pela FT [2]. Aproveitamos então para dar continuidade a tal polêmica, esclarecendo melhor alguns pontos. 

O caráter da guerra na Líbia

A LER-QI questiona o fato de que consideramos que “a intervenção militar imperialista configurava uma guerra de opressão nacional”. Afirmamos que na Líbia se deu, cerca de um mês após o início da guerra civil interna, no qual se confrontavam os rebeldes de um lado e o exército de Kadafi de outro, uma investida imperialista em larga escala, liderada por França, Inglaterra e Estados Unidos, no qual os imperialistas adotaram o lado dos rebeldes e se coordenaram com eles para impor sobre a população da Líbia os seus interesses. Não conseguimos entender o que a LER-QI quer dizer com tal questionamento. Ela não faz nenhuma tentativa séria de demonstrar porque a guerra não seria (a partir de 20 de março de 2011, com o início dos bombardeios de auxílio aos rebeldes) uma guerra de caráter imperialista.

A LER-QI não nega que a intervenção aconteceu, pelo contrário: diz se posicionar contra ela. Concorda que eram potências imperialistas atacando (em colaboração com os rebeldes) buscando derrubar a ditadura de Kadafi para impor seus próprios interesses. Como se deve chamar uma intervenção na qual as potências capitalistas atacam o governo de uma nação oprimida (por mais tirano que seja tal governo) para derrubá-lo? Para nós, isso se chama uma guerra imperialista contra uma semicolônia moderna. Todas as formulações anteriores da FT parecem apontar para isso:

“Os imperialismos, legitimados como ‘apoiadores’ dos rebeldes pela política da CNT, esperaram longos meses até que esta direção tivesse legitimidade suficiente, para então armar as milícias controladas pela direção burguesa. O resultado não tardou. David Cameron e Nicolas Sarkozy marcharam triunfantes por Benghazi ao lado da CNT tendo sido ‘como heróis’…”.

“A dialética existente na Líbia é que apesar de haver caído uma ditadura sangrenta, isso não se transformou em uma vitória para as massas, posto que está sendo capitalizado pelos imperialismos e pelo CNT. Esta conclusão é a derivação do fato de que não se pode separar a queda da ditadura da maneira como ela se deu. E não aconteceu a partir da ação independente das massas, mas sob o apoio da OTAN. A derrubada de uma ditadura não pode ser considerada em si um ‘tremendo triunfo para as massas’, se quem se beneficia são os imperialismos.” 

Até quando a LIT-PSTU seguirão insistindo em seus erros?1º de outubro de 2011. Ênfase nossa.
www.ler-qi.org/spip.php?article3146

Nesse caso, os imperialistas contaram com o apoio de uma força militar nativa, forjada sob a liderança do reacionário Conselho Nacional de Transição líbio, que foi o exército rebelde. Isso não apaga o fato de que os bombardeios aéreos imperialistas, os veículos aéreos não-tripulados, o apoio técnico e treinamento militar oferecido aos rebeldes – tudo isso foi central para que triunfasse a aliança entre rebeldes e imperialistas. Em dado momento, a LER-QI chegou a elaborar uma descrição dos rebeldes que achamos excelente para explicar o papel por eles cumprido: “tropas terrestres” do imperialismo.

“A preponderância da ação imperialista não foi um ‘detalhe’, como quer fazer parecer a LIT: ela negou a possibilidade de uma atuação independente das massas, fazendo com que os ‘rebeldes’ atuassem enquanto ‘tropa terrestre’ da intervenção aérea das potências, seguindo seus planos…”.

“Não basta, agora e tardiamente, alertar sobre o CNT. É preciso entender a mudança da situação, que ora favorece grandemente a burguesia imperialista. Subestimar com o papel da OTAN como ator fundamental da queda de Kadafi ajuda a alimentar ilusões de que os inimigos dos povos oprimidos podem atuar em favor de seus interesses.” 

A LIT acha progressista a “unidade de ação entre as massas e o imperialismo” na Líbia? 1º de setembro de 2011.
http://www.ler-qi.org/A-LIT-acha-progressista-a-a-unidade-de-acao-entre-as-massas-e-o-imperialismo-na-Libia

De fato, a intervenção imperialista não foi um “detalhe”. A OTAN foi o “ator fundamental” na queda do governo ditatorial de uma nação oprimida. Como é possível então questionar que ocorreu uma guerra de opressão imperialista contra a Líbia? Para nós, essa situação “parece-se muito” com uma guerra desse tipo. Em outros casos de guerra dos imperialismos contra uma semicolônia, nas quais estes tinham o mesmo objetivo de derrubar um governo ditatorial, mas para seus próprios interesses, a LER-QI tomou corretamente o lado do governo da nação oprimida, como foi o caso da guerra contra o Iraque em 2003. Nessa ocasião, a LER-QI compreendeu que “o ponto de partida do programa revolucionário é definir que a guerra do Iraque é uma clara guerra de agressão imperialista contra uma nação oprimida”. E definiu sua linha da seguinte forma:

“Neste tipo de guerras, os revolucionários nos localizamos no campo militar dos países semicoloniais, independentemente do caráter do regime que os governe porque o triunfo do país imperialista significará duplas correntes para o povo da nação semicolonial, e padecimentos piores ainda do que com sua ditadura doméstica. No caso do Iraque nos localizávamos pela derrota militar do imperialismo norte-americano e de sua coalizão, apesar do caráter reacionário e ditatorial de Saddam Hussein.” 

O movimento anti-guerra e a guerra/ocupação do Iraque, junho de 2005. Ênfase nossa.
http://www.ler-qi.org/spip.php?article551

Os imperialistas sempre contam (em maior ou menor escala) com o apoio de setores da burguesia nativa, que é uma classe essencialmente reacionária. No Iraque, por exemplo, o imperialismo norte-americano contou com o apoio de grande parte da burguesia curda (os esquadrões “Peshmerga”), e estas forças acabaram tendo popularidade devido ao histórico de opressão de Saddam Hussein contra o povo curdo e tentaram se apresentar como “libertadores”. Isso não deve mudar o fato de que os revolucionários se localizaram no campo militar oposto ao imperialismo (e àqueles que o apoiaram), ao mesmo tempo em que denunciariam a opressão e os crimes de Saddam Hussein contra a classe trabalhadora e o povo curdo, e suas décadas de colaboração com o imperialismo.

Quando se trata da Líbia, entretanto, a LER-QI utiliza o fato do que antes chamou de “tropas terrestres do imperialismo” terem certo apoio popular (e também na esquerda oportunista) para se esquivar de tratar a situação como um caso de guerra imperialista. Como já argumentamos em nossa polêmica anterior, o fato de não haver unanimidade na esquerda (como houve no caso do Iraque) e de partidos dos quais a FT busca constantemente se aproximar (como o PO argentino) terem apoiado a “revolução” dos rebeldes líbios aumentou a pressão para que a ela tomasse uma posição dúbia e vacilante, evitando a caracterização óbvia de que se tratou de uma guerra de opressão imperialista. Caracterização essa que, conforme a LER-QI deixou claro em 2005, em relação ao Iraque, não deixa dúvidas para qual deve ser a tarefa dos revolucionários, “independentemente do caráter do regime” da nação sob ataque imperialista.

Dessa forma, a nossa crítica a LER-QI sempre se baseou no fato de que, apesar de reconhecer o papel decisivo do imperialismo na dinâmica dos acontecimentos na Líbia (ao contrário do que fizeram o PSTU e outras correntes, que simplesmente taparam os olhos para isso e adotaram uma caracterização oportunista de “revolução” liderada pelo CNT em colaboração com a OTAN), a LER-QI não tomou as posições políticas compatíveis com a situação que por vezes ela própria descreveu. Agora ela está tentando fazer malabarismos teóricos ao dizer que não teria se tratado de uma guerra de opressão imperialista, para justificar o fato inexplicável de que não tomou a posição de defesa militar (mantendo o combate político contra) do governo da nação oprimida, que se confrontava, apesar de seus interesses originais, com o imperialismo e sua “tropa terrestre”. [3]

(Para mais detalhes no que diz respeito a quais táticas e palavras de ordem os revolucionários poderiam usar para, ao mesmo tempo em que combatiam os imperialistas e rebeldes, lutar contra a ditadura de Kadafi, recomendamos a leitura de nossa polêmica anterior e também dos demais materiais reunidos no livreto “Líbia e a Esquerda”, que contém também declarações e polêmicas com outros grupos). 

Os vaivéns na caracterização do movimento rebelde na Síria e Líbia

Quando tomamos o lado contrário à intervenção imperialista e seus lacaios rebeldes na Líbia, não estávamos indo contra nenhum “levante das massas contra Kadafi”. É certo que os rebeldes tinham certo apoio popular, mas esse exército nada tem a ver com essa imagem que os morenistas (PSTU e cia.) e outros revisionistas tentaram criar. Ademais, Kadafi também tinha grande apoio popular, como demonstrou em atos massivos na capital e isso em nada afeta nossa linha de oposição estratégica contra ele. A LER-QI está inadvertidamente aceitando a caracterização dos oportunistas social-imperialistas quando nos critica dizendo que, por defendermos um combate aberto contra os rebeldes em face à sua ação coordenada com o imperialismo, estaríamos nos enfrentando com “a base”, dentre a qual seria supostamente “mais fecunda” a luta para a construção de uma vanguarda revolucionária.

A LER-QI acredita, tal qual os oportunistas que ela criticou (principalmente o PSTU), que a base de apoio do Conselho Nacional de Transição líbio era de alguma forma progressista. Como apontamos em nossos artigos anteriores sobre o assunto, é fundamental diferenciar possíveis ilusões que tenham surgido na população a respeito das promessas de democracia dos elementos e ações concretos realizados pelos que compunham o exército dos rebeldes: os atos brutais de racismo perpetrados, a coordenação com a intervenção da OTAN, a confiança nas potências imperialistas, e a tomada do poder por setores da burguesia escudados em um fundamentalismo religioso grotesco.

É importante lembrar que nossa defesa militar do regime da nação oprimida no caso líbio diz respeito ao seu confronto com os veículos aéreos não-tripulados e os aviões de bombardeio das potências imperialistas, as tropas do aparato rebelde (armados pela OTAN) e os especialistas militares imperialistas. Frente, por exemplo, às perseguições que o regime de Kadafi realizou contra populações civis desarmadas e movimentos de trabalhadores independentes, nos posicionamos ao lado destes últimos, assim como mantemos nossa oposição política intransigente a tudo que tal ditador representava politicamente: acreditamos que este devia ser derrubado pelo proletariado, e não pelas potências imperialistas e seus lacaios locais.

Mas os rebeldes líbios não eram parte de um “levante de massas” (como a LER-QI considera que ocorria, mesmo reconhecendo que foi “desviado” pelos interesses imperialistas). A mesma indecisão da LER-QI pode ser visto no caso da Síria (onde a intervenção imperialista ainda não aconteceu):

“Contra aqueles que veem o regime de Assad como progressista e anti-imperialista e afirmam que não está reprimindo uma luta popular, mas defendendo-se da tentativa dos EUA e Israel de derrotá-lo, sustentamos que na Síria há em curso uma luta legítima contra um regime ditatorial que estourou em março de 2011 como parte do processo mais geral da ‘primavera árabe’.”

“Este levantamento popular tem profundas motivações democráticas e sociais. Ante a repressão brutal de Assad, o levantamento popular se militarizou, e ainda que persistam elementos da rebelião que sacudiu o regime, sobretudo os conselhos locais que organizam a vida cotidiana em cidades sob controle da oposição ou a Coordenação de Comitês Locais surgida no início dos levantamentos, os que estão ocupando o centro da cena no plano militar são organizações como o Exército Sírio Livre, que atua patrocinado pela Turquia, e em última instância conta com o apoio do imperialismo norte-americano.” (Ênfase nossa) 

— Abaixo a ditadura de Assad, fora Israel e o imperialismo da Síria, 30 de maio de 2013.
http://www.ler-qi.org/Abaixo-a-ditadura-de-Assad-Fora-Israel-e-o-imperialismo-da-Siria

Duas coisas se misturam aqui. Em primeiro lugar, está a crítica correta às correntes stalinistas e nacionalistas terceiro-mundistas que apoiam Assad e consideram seu regime “anti-imperialista” e “progressivo”. Porém, não é verdade que a guerra civil na Síria consiste apenas em uma luta entre Assad e um “levante popular” que “se militarizou”. Não se deve confundir os protestos por democracia que aconteceram na Tunísia, no Egito e mesmo (em um primeiro momento) na Síria, sob o contexto da “Primavera Árabe”, ou o ódio justo do povo contra Assad, com a formação de um exército sob a liderança de setores burgueses e a guerra que há anos se desenrola no país.

Uma vez estabelecido enquanto força beligerante dirigida pelo CNS, o Exército Livre Sírio é um conjunto de milícias que, apesar de heterogêneo, é um aparato armado controlado pela burguesia. A luta dos rebeldes associados ao ELS não pode ser confundida ou considerada parte de uma “luta legítima contra um regime ditatorial”, mas um desvio de qualquer anseio realmente progressivo contra Assad. Mesmo os Comitês Locais de Coordenação, que a LER-QI afirma representarem atualmente a persistência dos “elementos da rebelião que sacudiu o regime” inicialmente, integram há tempos o CNS, estando submetidos à sua direção burguesa e pró-imperialista. O mesmo vaivém pode ser visto no parágrafo que destacamos no começo deste artigo. Apesar de ter sido “desviado e controlado pelas direções burguesas aliadas ao imperialismo”, seguia havendo um suposto “levante das massas” contra Kadafi.

A LER-QI também concede que os trabalhadores se localizem no campo militar dos rebeldes:

“Apoiar consequentemente a luta de todos que querem derrubar Assad passa por colocar abertamente que não, os trabalhadores e o povo não podem ter nenhuma confiança nestes setores [o CNS e a direção do Exército Livre Sírio], ainda que se localizem em seu campo militar, pois caso a ditadura síria caia rapidamente trairão aqueles que lutaram em nome de melhores condições de vida e libertação do jugo da burguesia local e imperialista.” (ênfase nossa).

Abaixo a intervenção imperialista na Síria! 3 de setembro de 2013.
http://ler-qi.org/Abaixo-a-intervencao-imperialista-na-Siria

Os revolucionários chamam os trabalhadores a defender um lado militar numa guerra sempre que isso implica defender seus interesses. Defendemos direitos democráticos sob ataque no caso de um golpe reacionário contra a democracia burguesa; defendemos os Estados operários deformados contra tentativas contrarrevolucionárias de restauração capitalista; defendemos as nações oprimidas contra o imperialismo e seus lacaios, como foi o caso da Líbia em 2011 (defesa da qual a LER-QI vergonhosamente se absteve ao não tomar o lado do regime da nação subjugada).

Tomamos essas posições não como fins em si mesmos, mas como forma de avançar a luta pela revolução socialista. Porém, é do interesse dos trabalhadores (seria uma vitória parcial) ver derrotados os imperialismos numa guerra contra uma nação oprimida ou contra um Estado operário deformado, mesmo que isso não signifique de imediato um triunfo revolucionário. Mas qual é o interesse dos trabalhadores em ver um triunfo militar dos rebeldes na Síria? Se a LER-QI rejeita a falácia morenista da “revolução democrática” [4], por que concorda em estar do lado militar de uma investida contra Assad que visa, na “melhor” das hipóteses, apenas reconstruir a ditadura da burguesia?

Essas são perguntas que LER-QI não tem como responder sem cair em contradição. De fato, se sabe que os rebeldes, caso vençam a guerra civil, “rapidamente trairão aqueles que lutaram em nome de melhores condições de vida e libertação do jugo da burguesia local e imperialista”, então porque considera que os trabalhadores podem se localizar no seu campo militar? Isso muito se parece com a receita morenista, que sabe que as investidas de movimentos burgueses resultarão na manutenção da ordem capitalista e em traições, mas mesmo assim os apoia. Em 2011 na Líbia, os trabalhadores tinham algo a ganhar ao lutar contra o bloco OTAN/rebeldes: iriam impedir uma opressão e exploração ainda maior do seu país (e poderiam aproveitar isso para preparar a luta decisiva pela revolução proletária contra Kadafi). O que os trabalhadores sírios tem a ganhar tomando o lado militar do exército rebelde? Substituir um regime ditatorial por outro igualmente repressor para os trabalhadores? (ou existe alguma confiança nas supostas credenciais democráticas da corja burguesa do CNS?).

Na Síria, os revolucionários tem o dever de defender os trabalhadores e populações civis atingidas tanto por Assad e quanto pelos rebeldes, e de preparar um movimento proletário contra ambos essas forças burguesas. Não aconteceu ainda na Síria um ataque imperialista que levasse os revolucionários a tomar o lado militar daqueles que se opuserem a tal intervenção. Porém, é inegável que as tropas do ELS são aspirantes diretas a “tropas terrestres” das potências imperialistas [5]. Os revolucionários não podem estar “no campo militar” dos rebeldes, e tampouco estar em “alianças tático-militares” com eles (como a LER-QI hoje defende que era possível na Líbia). A séria ameaça de intervenção imperialista na Síria no fim de 2013 deveria ter deixado isso ainda mais claro!

Ao contrário, para lutar por uma saída revolucionária na Síria, é preciso chamar os trabalhadores que apoiem os rebeldes a romperem imediatamente com tal movimento e não lhe prestar nenhum auxílio em seus intuitos reacionários. Na guerra civil que se desenrola, a luta dos rebeldes é para derrubar Assad para manter a Síria submetida ao imperialismo: não é um movimento amplo com intenções progressivas (e onde seja possível o debate) no qual os revolucionários influiriam para oferecer um rumo anticapitalista, mas sim um exército controlado por cúpulas burguesas.

A raiz dessa posição vacilante da LER-QI é a sua caracterização flutuante dos movimentos rebeldes que surgiram Líbia e na Síria. Vimos acima que os rebeldes na Líbia teriam, na opinião anterior da LER-QI, cumprido o papel de “tropas terrestres” das potências imperialistas. Mas, em sua nota de crítica dirigida a nós, a LER-QI defende a “possibilidade de alianças tático-militares” com esses mesmos rebeldes em meio a uma intervenção imperialista. Imaginamos que nenhum militante da LER-QI defenderia “alianças tático-militares” com “tropas terrestres” do imperialismo, e nem achamos que essa foi a intenção de tal declaração. Tal absurdo flui do fato de que ora os rebeldes são caracterizados como um aparato militar burguês (que pode colaborar com o imperialismo), e ora como algum tipo de força popular lutando contra a ditadura, ainda que sua liderança seja burguesa. 

A LER-QI e a construção do partido revolucionário na Líbia e na Síria

Enquanto o PSTU tem toda uma teoria revisionista para basear sua posição de apoiar qualquer força que tenha popularidade contra um regime burguês (por mais reacionária que seja tal força), a LER-QI fica perdida em cima do muro, balançando entre a dúvida acerca do caráter imperialista que o conflito líbio assumiu e um impulso oportunista de conceder estar “no campo militar” de um movimento tão embelezado entre setores da esquerda. Nós defendemos também a formação de um movimento proletário “independente das distintas frações burguesas”. Mas diante de uma intervenção imperialista (que também segue um risco no caso da Síria), uma tarefa central de um movimento como esse seria esmagar o imperialismo e suas “tropas terrestres”, ainda que para isso fosse necessário lutar ao lado das tropas leais ao regime em determinado momento.

A Fração Trotskista parece acreditar que defender possíveis “alianças tático-militares” com os rebeldes na Líbia e conceder que os trabalhadores podem “se localizar no campo militar” deles na Síria contribui para a construção do partido revolucionário. De fato, ela diz que as correntes que, como nós do Reagrupamento Revolucionário, tomaram o lado militar do regime líbio contra o bloco da OTAN/rebeldes, erraram porque foram contra a base em meio a qual “seria mais fecunda a luta política para colocar de pé um setor de vanguarda da classe trabalhadora com uma política independente das distintas frações burguesas”.

Essa posição da LER-QI parte de um objetivismo desastroso no que diz respeito à construção da vanguarda revolucionária. De que forma a política trotskista de defesa da nação oprimida atrapalha a construção do partido revolucionário e por que essa intenção “seguia sendo”, apesar de tudo que se desenvolveu no país, supostamente “mais fecunda” entre a base de apoiadores dos rebeldes? Concretamente, discordamos que a base social dos rebeldes, politicamente pró-imperialista e sem qualquer delimitação de classe, pudesse ser considerada o sujeito social de uma revolução socialista, ou fértil para a construção do partido revolucionário.

Em linhas gerais, as posições trotskistas podem ter certa impopularidade temporária. Muitos poderiam achar que defender militarmente Kadafi ou Assad (no caso de intervenção na Síria) contra o imperialismo seria capitular ao tirano. Muitos não compreendem que não queremos que esses ditadores sejam derrubados pelos rebeldes, justamente porque defendemos que eles devem ser derrubados por uma revolução proletária autêntica. O PSTU, com o método que lhe é característico, não poupa acusações de “capitulação ao ditador” a todos aqueles que não seguem a sua cartilha objetivista da “revolução síria”, supostamente uma “revolução socialista inconsciente”.

Enquanto nós não sabemos as condições específicas nas quais o partido revolucionário será construído na Líbia ou na Síria, o que sabemos com toda certeza é que esse partido não será forjado por aqueles que temem a impopularidade temporária ou capitulam às ilusões de setores da população aceitando que estes tomem o lado dos rebeldes. Nem esse partido será construído se abstendo da tarefa leninista de tomar o lado da nação oprimida contra uma intervenção do imperialismo (ao mesmo tempo em que se mantém as denúncias e o combate político contra seu regime).

Além do mais, não se deve subestimar as possibilidades da política marxista. Na Líbia atual, onde os imperialistas e seus aliados nativos obtiveram sucesso em derrubar o regime (sob o aplauso de muitos revisionistas), a situação não poderia ser mais desesperadora para a classe trabalhadora [6]. O fator objetivo da derrota é terrível para os trabalhadores líbios, mas muitos poderiam se lembrar de uma organização de vanguarda que alertasse de antemão para o fato de que a vitória militar dos rebeldes não levaria a nenhuma conquista democrática ou social, muito pelo contrário.

Quando esse prognóstico se demonstrasse acertado, isso iria aumentar significativamente a autoridade dos revolucionários. Apesar dos seus graves erros em não tomar o lado militar do regime líbio na guerra contra a OTAN e em confundir os rebeldes como parte de um “levante de massas” legítimo, a LER-QI estava correta na época ao expor aqueles oportunistas que consideraram a vitória imperialista uma “tremenda vitória revolucionária”. Os trabalhadores líbios iriam querer entender porque agora ela está reivindicando a “possibilidade de alianças tático-militares” com os rebeldes que os tem massacrado desde que chegaram ao poder. 

NOTAS

[1] Para nossas diferenças com a SL e sua recente capitulação ao imperialismo norte-americano, conferir A Liga Espartaquista Apoia as Tropas Americanas no Haiti, de 15 de fevereiro de 2010.

[2]Conferir PSTU, Fração Trotskista e a defesa da Líbia contra o Imperialismo, de novembro de 2011.

[3] Cabe ressaltar que, em dois artigos mais recentes, escritos após termos preparado a versão inicial desta polêmica, a LER-QI buscou se esquivar dessa posição reafirmando abstratamente a necessidade de defender as nações oprimidas no caso de ataques imperialistas. Está claro que sua falta de firmeza na caracterização do conflito líbio e sua posição dúbia – de não ter tomado o lado militar de uma nação que foi brutalmente atacada por várias forças imperialistas e que teve reforçada as “duplas correntes” que oprimem seu povo – tem gerado algum mal estar interno.

Nesses artigos mais recentes, a LER-QI tenta recuperar certo ar ortodoxo e fala ostensivamente em defender as nações oprimidas e também em combater os imperialistas e seus aliados “rebeldes” na Líbia, mas mantém toda a nebulosidade ao falar da estratégia de derrotar Kadafi sem deixar claro que, frente à investida da OTAN, havia se tornado uma tarefa revolucionária defender a vitória militar de suas tropas, que apresentaram resistência ao ataque imperialista.

Conferir Os marxistas frente à guerra civil e o caso sírio e As guerras de nossa época e a política dos revolucionários, ambos de dezembro de 2013. Disponíveis em:

http://www.ler-qi.org/Os-marxistas-frente-a-guerra-civil-e-o-caso-sirio

http://www.ler-qi.org/As-guerras-de-nossa-epoca-e-a-politica-dos-revolucionarios 

[4] Para o leitor não familiarizado com a tradição morenista, recomendamos a leitura de nossa polêmica com a CST (PSOL) sobre a Síria, Movimento dirigido pela oposição burguesa ou “revolução democrática”?

Também nossa polêmica com a FT, Fração Trotskista (LER-QI) e sua ruptura incompleta com o morenismo.

[5] Para mais sobre as posições do Reagrupamento Revolucionário sobre a guerra civil que se desenrola na Síria e a ameaça imperialista, conferir O Conflito Sírio e as Tarefas dos Revolucionários e Acerca dos recentes eventos na Síria,

[6] Na ocasião, nós do Reagrupamento Revolucionário publicamos a nota “Derrota para os Trabalhadores na Líbia. Combater o Governo do Conselho Nacional e o Imperialismo!

Class Struggle on the Waterfront

Communist Tactics in the Trade Unions

Class Struggle on the Waterfront

[First printed in 1917 #4, Autumn 1987 copied from http://www.bolshevik.org/1917/no4/no04tuta.html  ]

On July 19 we interviewed Howard Keylor, a long-time trade-union militant on the waterfront in San Francisco. Brother Keylor is on the Executive Board of International Longshoremen’s and Warehousemen’s Union Local 10 (longshore division) and is the editor of Militant Longshoreman. Keylor’s record of over three decades in the ILWU and his break from Stalinism to Trotskyism give him a unique perspective on the fight for a class-struggle leadership in the American labor movement.

In the 1970’s, as a supporter of the then-revolutionary Spartacist League, Keylor played an important role in organizing several small but successful actions on the waterfront in defense of the victims of South African apartheid and the Chilean junta. In the last several years, in addition to playing a leading role in several waterfront strikes, Keylor initiated two larger and more important actions in solidarity with heroic black workers battling the racist Botha regime. These actions provided a concrete alternative to the liberal moralism prevalent in the campus-based anti-apartheid movement and provide a model of how a communist opposition in the unions should act as the tribune of the oppressed.

1917: Let’s start with your history in the ILWU. How did you come into the union?

Keylor: The hard way. I started in 1953 as a casual. That means just picking up extra work by standing around in the dispatch office. It means no stable, registered or even recognized status. I was lucky enough to know a couple of older activists in the union—one of whom belonged to the CP, another was an old Wobblie—who were friends of mine and used a bit of influence and got me on a casual list. It wasn’t until 1959 that I got recognized status in the ILWU.

1917: But you were a member of other unions before?

Keylor: Yes, as a matter of fact in 1953 I had been fired from the job I worked for two years in a paper mill. I belonged to the papermakers’ local union. I was active in that union in a limited way.

1917: You were a supporter of the Stalinist Communist Party for over 25 years. How were you won to Trotskyism?

Keylor: I had always been something of a secret dissident, I guess you could have called me a left-Stalinist. I was quite unhappy most of the time during the McCarthy period with the Communist Party trying to hide what seemed its own limited, but at least formally revolutionary ideology. I was never too happy with the policy of primarily trying to form alliances with bourgeois or petty-bourgeois formations. I guess I was an unreconstructed Third Period Stalinist.

I had my own somewhat secret, actually very secret, theory about the Soviet Union as a workers state in which the bureaucracy had seized power from the working class and suppressed working class dissidents. I knew that was the case, but I’d never been able to generalize my political differences.

1917: So how did you come to Trotskyism? Did you read a book by Trotsky or did you meet people that called themselves Trotskyists?

Keylor: I never read anything by Trotsky or any of the main writings about Trotskyism or met a Trotskyist until the 1971-72 longshore strike when I came in contact with Asher Harer, a member of the union who was a well-known supporter of the Socialist Workers Party and is today with Socialist Action. I collaborated with him in writing a leaflet during the 143-day strike in 1971-72 and I wasn’t too happy with the collaboration because, while some of what we were asking for programmatically seemed to make sense, he was very adamant on not criticizing the international union bureaucracy and their conduct in the strike. He was the only ostensible Trotskyist I had ever had any contact with.

It wasn’t until about August 1974 that I ran into an old tattered copy of Deutscher’s The Prophet Armed [the first volume of a three-part political biography of Trotsky]. I took it home; stayed up all night reading it and then went to a library the next day and got the rest of the trilogy, read it and walked around in a daze for a couple of weeks. It wasn’t until I came in contact with the Spartacist League in the fall of 1974 that I began doing some consistent reading on Trotskyism and was won over painfully.

1917: You eventually became a supporter of the Spartacist League?

Keylor: Yes, I became a supporter of the Spartacist League, which as you know, at that time had a serious orientation to trade-union work—something which is no longer the case. Actually, initially I became a member of the SL-supported Longshore/Warehouse Militant Caucus, and in April of 1975 became an organized supporter of the Spartacist League.

1917: This is the thirteenth consecutive year you have been elected to the Executive Board of ILWU Local 10 on an openly socialist program. How have you managed to win a base for your politics in the union?

Keylor: There are really two separate questions. Getting elected to the Executive Board was initially rather difficult. There was a lot of competition for Executive Board posts in the earlier period. Having transferred from the small up-river port of Stockton to San Francisco in 1970, I was a relatively ‘‘new boy’’ on the block. Also, I was white and the San Francisco longshoremen were, and are still, about 70 percent black. Initially it was not easy to get elected and running on an explicitly socialist, transitional program made it even more difficult.

By December 1974, when I first ran on this program as a member of the Militant Caucus, socialists had mostly been identified with the Communist Party in Local 10. The Communist Party had to a large extent been discredited because of their support to the international union’s bureaucratic sellout of the workers interests. In the first period some of our support came from militants who thought we were uniquely honest in saying what we stood for, and because we were projecting a positive program and were not afraid to criticize all levels of the bureaucracy. That was rather unusual because almost all other figures, even minor ones in the Local at that time, were identified with either one of two main bureaucratic factions—the [ILWU President Harry] Bridges faction or the large, amorphous anti-Bridges faction.

We stood outside these formations and acted as a very small, hard left political pole, and nothing like that had been done for a long, long time. I particularly suffered some difficulty, because in moving toward an explicitly socialist program based on the Transitional Program, I had to break with the whole anti-Bridges bloc that I had worked with for almost four years—some of whom were my close friends.

1917: So in the union you ran on the Transitional Program. One of the criticisms which we often hear of this approach by groups like Workers Power in Britain is that raising a full socialist program amounts to ‘‘ultimatism.’’ Their idea is that demands like the call for workers defense guards or for a workers government are too advanced for the present consciousness of the class. How would you respond?

Keylor: I would respond that the failure to raise the whole Transitional Program as applied to the particular trade-union milieu or trade-union situation amounts to misleading the workers, because all points or aspects of that program sometime or other, sooner or later, relate to immediate questions facing the union. It is impossible to build a class-struggle opposition that can lead workers, even to defend themselves, without educating at least a section of the activist workers—the most advanced ones—about the social and political reality in which they are operating.

For example, in the mid to late fifties, the union started to get very deeply involved in Democratic Party politics in San Francisco. Actually earlier in Hawaii, the bulk of the union became intertwined with the Democratic Party to such an extent that the interests of the various coalitions they were backing ran directly counter to the interests of the workers. To oppose support to the Democrats you have to explain the class nature of the capitalist state, and that automatically raises the question of the workers government—just like any serious picket line situation poses in embryo the necessity for some kind of workers defense guards.

The bottom line is that you can’t build a pro-socialist wing in the unions by hiding your politics—that’s always a sign of adaptation to the present backwardness of the class. You’ve got to be upfront about what you stand for and try to apply your program in a creative way to address the concrete questions which arise. To pick out a few of the demands of the Transitional Program that might be more popular at a given moment, and just run on them, in effect destroys the whole purpose of the program—which is to connect the immediate, felt needs of the workers to the necessity of a political struggle for power.

1917: From time to time there have been oppositional formations in the ILWU that ran on a program of ‘‘more militancy’’ and ‘‘more democracy,’’ similar to Ed Sadlowski in steel or Arnold Miller in the coal miners union, or the Teamsters for a Democratic Union [TDU]. Many leftists see these campaigns as a step forward because they oppose the incumbent bureaucrats. How do you look at such a lesser-evil approach to union work?

Keylor: It’s not very practical. Even when they succeed in throwing out the existing bureaucrats the results are usually disastrous. Even assuming you’ve got honest, well-meaning elements leading these oppositional groups—and not just another gang of would-be bureaucrats—when they get into power, they find themselves up against the same opposition from the government, the same legalistic restrictions and the same nasty, brutal repression from the employers. And lacking an understanding—a political class understanding—of how to break out of those restrictions, those leaders will end up acting like Miller, Nixon’s candidate in the mineworkers. They will become brutal bureaucrats themselves and suppress the rank-and-file.

In longshore there was a big, broad oppositional grouping to the Bridges leadership in the late sixties, based in part on new people who had come into the union. When Bridges finally retired, various elements of this opposition came into power, especially in the major longshore locals. They didn’t do any better in defending the interests of the workers than the Bridges machine. The only real alternative is to pose class-struggle oppositional formations, which stand as a political alternative to all varieties of business unionism.

1917: What would distinguish such caucuses from formations like the TDU?

Keylor: They are distinguished primarily by their program. When they get elected in a given section of a union they are predictable in terms of what they will do. When oppositional groupings that are not programmatically based win leadership in a union, they usually don’t remain intact. The only glue that holds them together is the fight for power. Once they get in, they quite frequently split or dissolve into their components, fighting over crumbs; or they become cynically co-opted into the bureaucratic system. The very best of such formations will simply degenerate into nickel-and-dime economism or social-democratic maneuverism. An opposition based on a coherent program of class struggle can win workers to a political understanding and the necessity to fight for it. In learning to apply that program to all aspects of the union’s life, as well as in the whole of society, they become committed to that program.

Individuals can betray or fall away but the betrayal will be quite conspicuous. One of the virtues of running on a clear class-struggle program is that the workers know where you stand on all major issues or can figure out which side you are going to come down on regarding the issues facing the union.

1917: When is it correct for Trotskyists in the unions to support other groups or individuals for union office? What should be the conditions of that support?

Keylor: Given the extremely degenerate condition of the American trade-union leadership, one has to be extremely careful about offering even critical support to individuals or groupings running for office. Even the smallest committee in the union will be dealing with questions that have to do with the power of the employers over the workers or questions of class-collaboration. So the criteria that one has to apply must be based on program.

While it will vary from time to time in practice, there are certain minimum positions we would generally want to see publicly taken by individuals running for office before we would think of voting for them. There are three interconnected questions that I can think of. One is no support for the top trade-union bureaucracy. There isn’t a single major union in this country in which all the components at the top have not been at least complicit in major betrayals of the workers interests. Only people that are prepared to openly break with all sections of the trade-union bureaucracy, and criticize it, can have sufficient independence to merit support.

Another absolutely minimal programmatic aspect is the defense of the independence of the workers movement, especially the unions, from the capitalist state. This usually comes up over the question of lawsuits against the unions or government intervention into the internal affairs of the unions.

1917: Or defying injunctions?

Keylor: Yes, that is another aspect of the same thing. Anyone who runs for office in a union and will not take a position on the necessity to defy injunctions or court orders emanating from the capitalist state, is simply not able to defend workers interests.

And then there is the question of a break with the Democratic and Republican parties, the twin bourgeois parties. While we always call for a break with the Democrats and Republicans and for a workers government that will expropriate industry without compensation, in some cases we have given critical support to candidates for office who simply called for breaking with the Democrats and Republicans and forming a workers party.

In general though, ‘‘critical support’’ in union elections is an application of the united front. Lenin compared it to that which a rope gives a hanged man. What he meant was that an important aspect of critical support is exposure, in practice, of the inadequacies and contradictions of a reformist program. You cannot expose a reformist unless he or she runs on a platform that in some fashion represents a real break from class-collaborationism. Every out-bureaucrat will promise ‘‘more militancy’’ and ‘‘more democracy’’—it’s cheap. If you vote for somebody on that basis you are really just voting for one reformist because he’s more popular than the other.

It’s always a concrete question, but if a reformist oppositionist is running at the head of a real rank-and-file movement, and is seriously committed in the eyes of his base to fight for some programmatic plank which is really opposed to pro-capitalist business unionism, then class-struggle elements could consider offering him critical support, despite the reformist limitations of the rest of his platform. At the same time, it is necessary to warn those who follow such a candidate that his platform as a whole contradicts this particular demand. That way, if and when he betrays this demand, those who supported him because of it will begin to understand that only the consistent class-struggle elements in the union are capable of really fighting for their interests.

1917: In 1984 you initiated a united front for the political strike which boycotted the South African cargo on the Nedlloyd Kimberley in San Francisco. A lot of the workers involved in that action had very different politics than yours, right?

Keylor: That is correct. The initiating committee and the committee that implemented the boycott after it was approved, was composed of individuals who had not only widely different political views, but who had often been in very sharp, antagonistic disputes in the union and even outside the union.

1917: On the eleventh day of the cargo boycott, when a federal court injunction came down, the bloc split. What happened?

Keylor: When the federal injunction came down the local union leadership, which had been giving passive support, and in some cases rather active support to the boycott, called a special meeting of the local executive board. After extensive debate the board voted eleven to five to comply with the injunction. In the course of that debate the bloc split with most of the members, who were either one-time adherents or supporters of the Communist Party, various Maoist groupings or who could be characterized as something like black nationalists, went along with the union bureaucracy in advocating an end to the boycott and complying with the injunction.

The local executive board voted to end the boycott and voted down my proposal to call a mass, stop-work membership meeting at the pier to make the decision. I called for this because a meeting of a couple of thousand longshoremen at the pier would have amounted to a mass picket line and could well have led to successfully defying the injunction. At any rate, my proposal was voted down. So then, I, along with a number of other militants in the union and supporters from outside the union, attempted to put up a picket line and continue the boycott and defy the injunction. Initially we closed down the pier and stopped the trucks for an hour and the longshoremen did not work. But eventually the Stalinists, the adherents of the Communist Party, helped the cops to break the action by escorting the trucks through the picket line and creating fear among those participants who were not part of the union that they would go to jail for long periods of time for defying the injunction.

1917: Recently there has been an important strike on the waterfront by the Inland Boatman’s Union [IBU], an affiliate of the ILWU. I understand you have been active in promoting cooperation between the IBU and the longshore division to stop scabbing. Was there any defiance of injunctions in this strike?

Keylor: Not defiance of an injunction specifically, but there was an invasion of ‘‘private property’’ when the employers took three barges that had been stopped through joint IBU/ILWU action in Oakland to Redwood City and began unloading them with non-longshoremen. This was seen as a direct incursion of longshore jurisdiction, as well as an attempt to weaken and break the IBU strike. All the longshoremen, clerks and walking bosses in the Bay Area then left their jobs and traveled to the pier to protest the scabbing. This was an ‘‘illegal’’ action because, according to federal law, we were violating our contract. In fact, members of the longshore division and the striking boatmen went onto the pier and ‘‘illegally’’ chased off the scabs.

There have been many injunctions in the IBU strike which have largely strangled it, because they have been adhered to by the leadership of the IBU and the ILWU. The lesson that class-conscious militants in the unions have to constantly hammer home to the membership is that even a minimal defense of the union requires actions that are illegal under some section or sections of federal law. Whether defiance of an injunction, or even the most minimal stop-work action, the Taft-Hartley law makes it all illegal.

1917: Gompers-style ‘‘business unionists’’ argue that unions should concern themselves simply with the wages and working conditions of their members. In the long run the interests of the longshoremen are tied pretty closely to the interests of the class as a whole, including the unemployed. How can this connection be made?

Keylor: One of the problems we ran into in longshore is the parochialism, growing out of the fact that longshoremen, by the nature of their work, even though they are small in numbers, have an unusual economic power. Ports and port facilities can’t be moved easily. But the union could not have been formed in the first place or defended against employer attacks, especially in the early decades, without the support of other workers and especially other maritime workers. There is an unusually rich history of this in longshore which has almost been lost, but which the class-struggle militants went back to and used as illustrations.

For example, it is not well known, but in 1934 when scabs were loading ships in San Francisco harbor and some other west coast ports, the longshoremen in Chile, even though they were under a quite repressive government, refused to handle scab cargo. Longshoremen in Australia and some other countries did the same. That kind of international support was one of the factors that helped win the strike. Of course it was the massive San Francisco general strike and the threat of extending it to the rest of the west coast that finally won the establishment of the longshoremen’s union in 1934. Today we call for using the union’s full power to organize the unemployed in waterfront areas. That should make a lot of sense to any trade-unionist—it’s elementary self-defense.

As for the unemployed, rather than accept a shrinking workforce in longshore, for example, we call for a shorter work shift with no loss in pay to the point where not only all present workers are kept working, but additional workers can be added. This is how the Transitional Program proposes to solve unemployment—by dividing the available work among the available work-force, at no loss in pay.

It is also important to start organizing the unemployed directly by the unions, similar to what was done in the 1930’s especially in the mass organizing of auto workers. That’s part of the lost history of the labor movement. It would have been a lot harder to organize those auto plants if they hadn’t been organizing the unemployed along with them. A lot of the pickets that surrounded and sealed off the auto plants were composed of unemployed auto workers organized in unemployed leagues close to the union.

1917: Historically, the most important single obstacle to class consciousness among white workers in America has been the deeply embedded racism in this country. How can socialists in the unions take up this problem?

Keylor: Socialists first of all have to confront the problem where it exists. Even in the longshore union division racism existed in the form of restrictions against blacks coming into the union in a number of locals. The issue has to be confronted directly in terms of hiring, especially in hiring of blacks, Asians and other minority workers. In the longshore division that battle has been largely won for now. But the overall threat to the union by divisions among workers growing out of racism is a very real one.

Several years ago when a black longshoreman in my local moved into an area of the suburbs that was largely white, he was subject to direct threats and even attacks on his house by the Ku Klux Klan. At that time we Trotskyists fought for a defense guard composed largely of longshoremen to defend that worker’s home in conjunction with black community groups. We fought this issue out in the union. We lost the fight but in the process we made some gains in terms of educating workers in the necessity of not depending on the bourgeois state for defense against racist, fascist groups like the Klan.

1917: As I understand it, the union bureaucracy decided to hire private security guards instead.

Keylor: That is correct. The interesting thing is that we won the fight in the sense that the union bureaucrats had to concede that it was not realistic to simply rely on the police to defend this threatened worker. But their solution was to hire private security guards around the clock to protect his home.

1917: Finally, how do you see the possibilities for the creation of a class-struggle current in the unions in the coming period?

Keylor: The potential is great but the difficulty is that in the short run there are not sizeable political groupings in place that can initiate and give rise to indigenous class-struggle formations which can pose a quantitatively significant alternative on a national level. It is not going to happen spontaneously. It didn’t happen that way in the high points in North American trade-union history in the past. The obstacles to an alternative class-struggle leadership being built are in some ways even greater today, so that the necessity to bring forward the hard-won lessons of working-class struggle in initiating and building such formations is even more critical.

Part of the reluctance of workers to struggle and to go on the offensive is a lack of confidence in their present leadership. In fact, I wouldn’t say part of the reason, I’d say the overwhelming obstacle to a working-class offensive against Reagan is that the union ranks don’t trust their leadership to lead them in struggle.

There is among American workers a very profoundly felt hunger and need for labor unity in struggle. This was clearly expressed around the PATCO strike. Many workers have told me, even the most conservative workers, that the only thing that could have saved that strike, and stopped Reagan’s union-busting was a nation-wide general strike, or at least regional general strikes where the airports were. That was a very deep-felt need of workers at that time. Unfortunately there were not the political groupings in place within the unions with the will and the authority to have raised those demands in such as way as to force some action. So we saw a defeat.

The key is to build a revolutionary organization with a real, organic connection to the working class. That is why I am a supporter of the Bolshevik Tendency. Because I think the Bolshevik Tendency has learned these lessons best and can show the way to build such formations in the working class. At this point, the question is one of the struggle for political clarity in the construction of the nuclei of the future leadership of the class.

There is today a growing awareness on the part of the more advanced workers that their problems can’t be solved on a national basis. I have been surprised at how aware workers are that capitalist interests can move their money around pretty freely from country to country. They recognize that it isn’t possible even to wrest lasting gains in this country because the capitalists can always move their money to where the rate of exploitation is higher than it is here.

There is a really deep felt need for international solidarity among workers. We found this was true in longshore when we raised demands for the defense of workers in other countries: South Africa, Chile and others. And when there was a possibility of acting, even in a small and symbolic fashion, to build solidarity with workers internationally, I have found through my own experience on the waterfront that the workers are quite open. And that’s why you can remain optimistic about the future. In the last analysis though, it all comes back to the question of available alternatives—the question of the crisis of working-class leadership.

Appendix

Militant Longshoreman Program

1. DEFEND OUR JOBS AND LIVELIHOOD—Six hour shift, no extensions, at eight hours pay. Manning scales on all ship operations, one man—one job. Weekly PGP. Full no-cap C.O.L.A. on wages. Joint maritime union action against non-union barge, shipping and longshore operations. No ghost riders or witnesses. No long-term contracts.

2. DEFEND THE HIRING HALL—Use regular gangs on container ships; no dispatch of ‘‘unit gangs.’’ Call all 9.43 men back to the hall. Stop-work action to defend the hiring hall and older and disabled men.

3. DEFEND UNION CONDITIONS AND SAFETY

THROUGH JOB ACTION—Stop PMA chiseling on the contract. Eliminate ‘‘work as directed,’’ ‘‘no illegal work stoppage,’’ and arbitration sections from the contract. Mobilize to smash anti-labor injunctions. No employer drug or alcohol screening.

4. DEFEND OUR UNION—No Class B or C longshoremen. Register directly to Class A. Keep racist, anti-labor government and courts out of the union and BALMA. Support unions’ resistance against court suits and government ‘‘investigations.’’ Union action to break down racial and sexual discrimination and employer favoritism on the waterfront. Organize for a coastwide strike to get what we need—no concessions—no give-backs.

5. BUILD LABOR SOLIDARITY—against government/employer strikebreaking. No more defeated PATCO or HORMEL strikes. Honor all class-struggle picket lines—remove phony, racist, anti-working class picket lines. Don’t handle struck or diverted cargo. No raiding of other unions. Organize the disorganized, and the unemployed. Defend IBU-ILWU (INLAND BOATMEN) against Crowley union busting.

6. STOP NAZI/KLAN TERROR through union-organized labor/black/latino defense actions. No dependence on capitalist police or courts to smash fascists.

7. WORKING CLASS ACTION TO STOP REAGAN’S WAR-DRIVE—Labor strikes to oppose U.S. military actions against Cuba, Nicaragua or Salvadoran leftist insurgents. Boycott military cargo to Central America. Build labor action to smash the apartheid injunction.

8. INTERNATIONAL LABOR SOLIDARITY—oppose protectionist trade restrictions—for a massive trade-union program of aid to help non-U.S. workers build unions and fight super-exploitation by the multinational corporations—Defend undocumented workers with union strike action.

 9. BREAK WITH THE DEMOCRATIC AND REPUBLICAN PARTIES—Start now to build a workers party based on the unions to fight for a workers government which will seize all major industry without payment to the capitalists and establish a planned economy to end exploitation, racism, poverty and war.

Class Struggle Candidate in San Francisco Printers Union

Class Struggle Candidate in San Francisco Printers Union

[First printed in 1917 # 10, Third Quarter 1991. Copied from http://www.bolshevik.org/1917/no10/no10prin.pdf ]

Fred Ferguson, editor of Militant Printer, a union newsletter politically supported by the Bolshevik Tendency, ran as a candidate in the November 1990 elections of the San Francisco Bay Area Typographical Union (BATU). Running on a class-struggle program, Ferguson stood for the Local Executive Committee and Elected Scale (contract negotiating) Committee. His campaign was supported by a wide layer of the ranks of the union.

The Typographical Union, now affiliated with the Communication Workers of America (CWA), was formerly known as the International Typographical Union. It is one of the oldest craft unions in North America. Over the last 25 years it has suffered the effects of a technological revolution in printing that has seen a huge increase in individual productivity. Work once done by highly skilled compositors is now done by less skilled (and lower paid) computer operators outside the traditional composing rooms of most of the country’s newspapers and commercial printing plants (see: ‘‘The Decline of the Printers Union,’’ 1917 No. 6).

This process was aided and abetted by the cowardly union bureaucrats, who signed attrition agreements that ‘‘guaranteed’’ jobs for printers already on site, while allowing the employers to assign the work wherever it could be done cheapest. As a result, membership in the union has declined by nearly two-thirds in 20 years. For example, at the New York Times, the workforce has shrunk from over 1,000 to fewer than 300.

In 1965 the New York Daily News employed more than 900 composing-room printers. In the recent strike at the Daily News, the printers were contractually required to cross the picket lines and act as strikebreakers against their fellow workers. The gutless union leadership refused to violate this rotten deal. The printers’ ‘‘reward’’ at the end of the strike was that 100 of them (half the total) were laid off.

Union Control of Hiring Threatened

Unlike workers in the rest of the industrialized world, American workers have never attained the class consciousness necessary to form a national political party of their own. Yet they have in many cases obtained control over hiring in the plants. In longshore, union-run hiring halls dispatch workers to the shipping companies, day by day, on a seniority basis. In the printing trades the control was restricted to new-hires in plants with a steady workforce.

Whatever the method, the result was that the bosses were denied the right to pick and choose among the available workers. Employment applications, ‘‘security checks’’ and all the hat-in-hand humiliation of job hunting in North America was replaced by a fair and, in most cases, more dignified process. In the Typographical Union the system gradually evolved into a complicated method of mandatory hiring of substitutes whenever workers in the regular workforce were absent. The system even included a provision that forced the companies to hire a substitute worker every time the equivalent of a shift of overtime had been worked by a member in the regular workforce. The owners hated this arrangement and repeatedly tried to get rid of it. As the bureaucrats gradually weakened the union over the years, the union hiring system was eroded bit by bit. Today, it is fully in effect in only a few places on the West Coast.

In BATU/CWA the system remained more or less intact until July 1989, when the bureaucrats negotiated a ten-year supplemental agreement to the main contract that retained nominal union control over who would be hired, but gave the companies the right to say when, or rather whether, they would be hired. In return, 18 substitute workers were added to the list of workers who were ‘‘guaranteed’’ employment for the rest of their working lives. This was only pushed through after a bitter internal union fight in which the labor bureaucrats used the bait of the ‘‘guaranteed’’ jobs to convince enough workers to approve the gutting of union-controlled hiring.

Militant Printer’s Campaign

The 1989 fight angered a substantial minority of union members, including many substitute workers. They have been looking for revenge against the bureaucrats ever since. For eight years, Militant Printer has campaigned against the givebacks and treacherous class-collaborationist policies of the union tops. Ferguson’s November 1990 election campaign, which drew wide support, was a continuation of this struggle.

BATU/CWA is one of the more political unions in an area of the United States long noted for left-wing political activity. For many years, the leadership was dominated by a generation of supporters of the reformist Communist Party. Demoralized by the results of its own class-collaborationist policies, the entire leadership announced its retirement in early 1990. When nominations for union elections were held later that year, the majority caucus, which had dominated the political life of the union for 20 years, was so thoroughly discredited that it did not try to run a slate of candidates.

Instead, individual supporters of the caucus nominated Charles Tobias, a former full-time Local 21 organizer, for president. Tobias then presented an ‘‘independent’’ slate to run on his ticket. George Williams, an unaffiliated candidate, was nominated by an ad hoc rank-and-file committee of shop-floor activists, some of whom had engaged in reformist community organizing projects for the elderly. The majority caucus (operating under a classic misnomer as ‘‘the Progressive Club’’) attempted to deny Williams a spot on the ballot on a technicality. At a subsequent union meeting, rank-and-file members rejected this bureaucratic maneuver and voted by a two-thirds majority to allow Williams to run.

Militant Printer published its program early on and, in so doing, forced the other candidates to do the same. The election campaign took place in the midst of the Daily News strike and a hotly-contested round of contract negotiations at the major San Francisco area newspapers. The issues in these negotiations—job losses and declining real wages—became the central focus of the election campaign. It was clear from the beginning that the other candidates could offer only mushy platitudes and vague statements of ‘‘concern’’ over the predicament the union found itself in after 20 years of give-back, sell-out contracts. Both presidential candidates published programs full of vague generalities that avoided posing class-struggle solutions for the problems facing the BATU and the union movement. On the basis of their programs, neither candidate warranted even critical support.

Ferguson traveled throughout the 3,000 square miles of the union’s geographical jurisdiction and visited virtually every concentration of more than a half-dozen members. Thousands of copies of three campaign issues of Militant Printer were distributed.

When the votes were counted, it turned out that Ferguson had lost a very close election. He received 593 votes for Executive Committee, losing by a mere 13 votes. The top candidate of the five elected polled 758 out of a total of 1,005 votes cast. In the race for Scale Committee, Ferguson’s total of 584 was only 12 votes short of election. This was remarkable considering that in the presidential race, the ‘‘independent’’ candidate, covertly supported by the Stalinist-led ‘‘Progressive Club,’’ buried the unaffiliated reformist in a near two-to-one landslide (615 to 378).

Militant Printer has a wide readership among the working printers, and is respected as a serious and sane political alternative to the bureaucrats, even by those workers who do not necessarily agree with parts of its program. For example, one of the younger members of the Stalinist caucus told Ferguson confidentially that he was going to vote for him because he thought the contract negotiating committee needed a ‘‘little yeast.’’ The nearly 600 workers who cast their ballots for the only class-struggle candidate represent a solid base for socialist politics in the union. One of the lessons of this campaign is that, even in a reactionary period, it is possible to raise the flag of class-struggle unionism and get a hearing.

Militant Printer’s 1990 Election Program

1. Break with the Strikebreaking Democratic and Republican Parties!

The labor movement must have its own political party, a workers party based on the unions, committed to the fight for our interests, up to and including a workers government! Not a dime, not a vote for the strikebreaking, racist Democrats and Republicans! The Democrats and Republicans have taken us to war four times in this century and now threaten to do it again. It is our sons and daughters who will die in Saudi Arabia—No to Bush’s war for Big Oil!

2. For a Four-Day, 30-Hour Workweek, With No Loss in Pay!

The answer to unemployment, homelessness and poverty is not some phony ‘‘guaranteed job’’ that disappears when the individual named on a list retires (or the company goes bankrupt). The answer is a shorter work-week with no loss in pay. The right to a job should be the birthright of every worker!

3. For a 100% Cost-of-Living Clause in Every Contract!

The ‘‘Voodoo Economics’’ of the Carter/Reagan/ Bush administrations have resulted in a loss in real wages for the American worker. The real wages (after inflation) in the newspapers in Local 21 have declined more than $100 a week since 1975.

4. For a Merger with the Guild and GCIU!

The day of the print crafts is over. The employers we face today are multi-national conglomerates, and the crying need in this industry is for one big union of all communication and print workers, with company-wide and industry-wide contracts.

5. For a Fight to Protect and Regain our Jurisdiction!

In their haste to appease the employers, previous administrations signed contracts that gave away much of our jurisdiction on the spurious basis that it was ‘‘lost’’ to automation. In reality, much of the work was only moved to other departments and is still being done there. Page makeup, proofreading and typesetting is our work!

6. Picket Lines Mean Don’t Cross!

No crossing of picket lines for any reason. The last 15 years have seen a virtual orgy of union-busting with the employers using us and other unions to break strikes (Chicago, Washington D.C., etc.).

7. For Union Action Against the Racist Skinhead Nazis and Klan!

For a return to the days when the union movement in this country stood with the oppressed against the night riders and Hitler-loving thugs like the Nazis. For Labor/Black defense against Klan/Nazi terror!

8. Organize the Unorganized!

For a serious and aggressive organizing drive to get the hundreds of non-union printers in the Bay Area into this union! Anaggressive, fighting union that wins a few struggles will have the appeal to pull in the unorganized—who in turn will increase the union’s clout in future confrontations. Only by reversing the attrition of the union membership can we ensure that the industrial pension remains sound. Let’s not have tomorrow’s pensioners end up on welfare, as happened when the ITU Fraternal Pension went broke!

9. No Lawsuits Against the Union!

Every time a member sues the union, the courts and government use it as an excuse to gain just a little more control over our affairs! (Six years ago we had the ludicrous example of then-First Vice-President Robert McMichen and his fellow playmates in Colorado Springs dragging the union and each other into court over ‘‘election irregularities’’).

10. Take Back and Use the Strike Weapon!

Local 21, the CWA and much of the rest of the labor movement have virtually abandoned the strike as a weapon. Most of the problems facing the union can be traced in the long run to this policy. Organizing unorganized workers, for example, can hardly succeed when the employers know that even in the unlikely event that there is a strike, the worst that will happen is an impotent consumer boycott (Chicago, Vallejo, etc.). The same is true in the fight for a shorter workweek, cost-of-living contracts, etc. The employers must know that we are able and that we have the will to strike. The strike, the only real weapon workers have, is essentially a political question. A strike, any strike, almost immediately becomes a confrontation with the city, state or national government when the employer asks for and gets police to bring scabs into the plant and a court injunction against pickets (PATCO, meatcutters, Greyhound, Eastern Airlines, etc., etc.). A militant leadership must be prepared to show active solidarity with other unions engaged in struggles with the corporate pirates. The problems we face as a union have been a long time in the making and there certainly are no overnight answers, but taking back the right to strike is the place to begin. Carefully prepared, militantly prosecuted strikes, with mass picket lines and a leadership committed to winning, are the key to putting this union back on its feet.

Let’s get this union off its back!

Polêmica com o PSTU no Combate à Homofobia

Somente os Trabalhadores Podem Defender Efetivamente os LGBT!

Por Rodolfo Kaleb, agosto de 2011

A opressão contra a diversidade de opção [*] ou identidade sexual vem crescendo no Brasil. O Grupo Gay da Bahia publicou recentemente uma pesquisa que mostra que o Brasil é o país recordista mundial em assassinatos de gays, lésbicas e travestis – 260 foram assassinados só no ano passado. Segundo pesquisa do Grupo, esse tipo de crime aumentou 113% nos últimos cinco anos. [1] Os casos de agressão nas grandes e pequenas cidades têm ganhado as páginas dos jornais e manchetes de televisão.

PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) diz frequentemente que o fim definitivo da opressão contra pessoas com identidades ou opções [*] sexuais diferentes só é possível numa sociedade controlada pelos trabalhadores. Concordamos com tal afirmação. Entretanto, é preciso pontuar que se o fim definitivo da homofobia só é possível no socialismo, então é necessário que aqueles que lutam por ele tenham em mente, nas batalhas diárias por direitos na sociedade capitalista, que só os trabalhadores são capazes de defender os Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Intersexuais. Esperar que os elementos da sociedade burguesa como a polícia, a Justiça ou os governos defendam os LGBT é uma política que pode se esperar de alguém que, conscientemente ou não, tem ilusões na sociedade capitalista ou busca uma versão “menos pior” da mesma.

Em março deste ano, o companheiro Guilherme Rodrigues do PSTU de São Paulo foi atacado por um grupo de agressores homofóbicos. O PSTU divulgou bastante este ataque, que é mais uma de tantas das agressões crescentes contra os LGBT brasileiros. Mais um, porém um ataque contra um homossexual membro de um partido da esquerda, e que cria uma oportunidade fenomenal para que os revolucionários desmascarem os demagogos e mostrem que são os mais combativos na luta pelos direitos democráticos. Comentando sobre a agressão do seu militante, assim como sobre as ameaças de morte sofridas pelo deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ), o PSTU escreveu que:

É muito importante lembrar que nestes casos a polícia e a justiça não podem punir os agressores exatamente pela inexistência de uma legislação que criminaliza as agressões motivadas pelo preconceito, tal como foi o caso do companheiro Guilherme. (…)”

Dia 18 de maio: exigir a criminalização da homofobia, Opinião Socialista 423, 11 de maio

Está claro que o Estado capitalista na maior parte do tempo simplesmente não faz nada e deixa que os LGBT sejam agredidos ou mortos. De nenhuma maneira conseguimos ver como a polícia e a Justiça estão “impedidas” de punir os grupos homofóbicos fascistas simplesmente pela inexistência da lei de criminalização da homofobia. Não nos parece que elas estejam ansiosas por uma legislação como essa para começar a “mostrar serviço”. A falta de ação do Estado burguês tem razões muito mais profundas. Nem a existência da lei resolveria a questão. Ela seria uma vitória, mas uma vitória bastante limitada. Afinal, a sua aplicação seria feita pela mesma instituição que deixa impune os atacantes e restringe os direitos dos LGBT. Acaso a lei criminalizando o racismo resolveu as agressões, o preconceito e a super-exploração sofridos pelos trabalhadores e trabalhadoras negros? Assim como o Estado capitalista é essencialmente racista, ele também é machista e homofóbico.

Imediatamente após o ataque contra Guilherme, o PSTU publicou no seu site uma declaração reclamando sobre a forma como o seu militante havia sido tratado pela polícia. A declaração mostrou que a policial que estava no local tratou Guilherme em pé de igualdade com seus quatro agressores, tentou encerrar o assunto como se nada tivesse acontecido e que, depois de levados para a delegacia, Guilherme foi liberado junto com os homofóbicos, sem nenhum tipo de proteção, estando à mercê de um novo ataque. O artigo conclui:

Apesar de tudo, o BO [Boletim de Ocorrência] foi registrado. Foram consumados os crimes de lesão corporal (art. 129), injúria (art. 140) e ameaça (art. 147). No entanto, a formalização da denúncia só se deu pela persistência e coragem de Guilherme e não por que a polícia tenha cumprido sua tarefa.” (ênfase nossa)

Mais um ataque homofóbico: liderança GLBT sofre agressão em São Paulosite do PSTU, 24 de março

É esclarecedor que o PSTU reclame da ação policial dizendo que a polícia “não cumpriu sua tarefa”. Existe na concepção do PSTU uma dose considerável de esperança de que a polícia seja usada para ou tenha a tarefa de proteger os setores oprimidos. Na verdade, a polícia como um todo (e não apenas a policial envolvida) tem a tarefa de repressão profissional dos trabalhadores, sobretudo aqueles mais explorados e oprimidos. Qualquer trabalhador negro ou LGBT que já foi parado pela polícia sabe que a “tarefa” da polícia não é cuidar do bem deles.

O PSTU e a Política Revolucionária

O PSTU tem concentrado os seus esforços no campo das opressões na luta pela aprovação da PLC 122, o projeto de lei que criminaliza a homofobia. Em nenhum momento os dirigentes do partido explicam que a aprovação da lei, pela qual lutar é uma tarefa de todos os militantes combativos, não vai garantir uma proteção real para os LGBT. Recentemente, o partido publicou um texto defendendo a politização das Paradas Gays pelo Brasil após a sua participação na Parada de São Paulo:

José Maria de Almeida, o Zé Maria, falou em nome da central [CSP-Conlutas, dirigida pelo PSTU] no carro de abertura, e foi aplaudido pelos milhões de ativistas ao exigir a criminalização da homofobia e a aplicação do kit ‘Escola sem homofobia’ em todas as escolas. Também denunciou a negociata política em Brasília com nossos direitos. (…)”

Parada do Orgulho LGBT: a necessidade de politização, Opinião Socialista 426, 13 de julho

Claramente é desejo de todos na esquerda que as Paradas do Orgulho LGBT sejam politizadas. Mas elas devem passar a ter uma política revolucionária. Qual líder demagogo do governo não diz que também acha que a homofobia deve ser crime (o PLC 122 é de autoria da senadora paulista Marta Suplicy, do PT)? O projeto “Escola Sem Homofobia” foi uma proposta do próprio Governo Federal. Obviamente combatemos a sua suspensão, com a qual Dilma fortaleceu os reacionários como Jair Bolsonaro (PP/RJ) e a bancada evangélica, mas não devemos limitar a isso as nossas demandas e as nossas ações. Da mesma forma, o PSTU tem alimentado ilusões no governo Dilma, cobrando que ela “mobilize os parlamentares” para criminalizar a homofobia:

O movimento LGBT que vai à Brasília neste dia 18 precisa ter alguns objetivos claros. O primeiro é que estamos exigindo a aprovação do PLC-122. Porém, não estamos exigindo isso somente dos parlamentares, mas estamos exigindo da presidente Dilma. O PT possui maioria no Congresso Nacional e um forte poder de centralização de sua base aliada. A maior prova disso foi o rolo compressor do governo para aprovar o vergonhoso reajuste do salário mínimo. Estamos exigindo de Dilma que faça o mesmo movimento para aprovar o PLC-122.”

Dia 18 de maio: exigir a criminalização da homofobia, Opinião Socialista 423, 11 de maio

O programa que o PSTU levanta é insuficiente para educar os trabalhadores sobre a importância da sua unidade como classe, independente das diferenças de opção [*] ou identidade sexual. E também é inútil para diminuir concretamente a opressão contra os LGBT. A própria raiz do interesse de inúmeros setores da burguesia em manter os direitos restritos dos LGBT e a opressão contra eles é a mesma necessidade que possuem em dividir os trabalhadores em linhas étnicas, nacionais, sexuais, etc. Há mais de 100 anos, Lenin escreveu que:

(…) o socialdemocrata [como se chamavam os revolucionários na época] não deve ter por ideal o secretário do sindicato, mas o tribuno do povo, que sabe reagir contra toda manifestação de arbitrariedade e de opressão, onde quer que se produza, qualquer que seja a classe ou camada social atingida, que sabe generalizar todos os fatos para compor um quadro completo da violência policial e da exploração capitalista, que sabe aproveitar a menor ocasião para expor diante de todos as suas convicções socialistas e suas reivindicações democráticas, para explicar a todos e a cada um o alcance histórico da luta emancipadora do proletariado.”

O Que Fazer? (1902)

Os revolucionários têm o dever de unir os trabalhadores contra as formas de opressão. Eles não devem buscar ser um “funcionário de sindicato” acomodado às limitações que a sociedade capitalista impõe. Eles devem tentar fazer com que os trabalhadores sejam ativos na defesa dos seus direitos democráticos à diversidade. Isso não se consegue tentando apenas aprovar uma lei ou um kit escolar. Essa separação entre o ideal futuro professado (um mundo socialista sem opressão) e a ação prática no presente (de cobrar do governo que proteja os LGBT) nada tem a ver com a estratégia revolucionária. 

O maior objetivo dos revolucionários deve ser organizar a autodefesa dos trabalhadores e oprimidos, que inclua trabalhadores de todas as opções [*] e identidades sexuais para proteger os LGBT contra agressões com todos os meios disponíveis, revidando contra os grupos de homofóbicos fascistas ativos no país. Assim os revolucionários protegem na prática os LGBT ao mesmo tempo em que ensinam aos trabalhadores a não confiar na polícia e na Justiça da burguesia para nada – e fazerem eles próprio a sua proteção.

Acreditamos que a autodefesa deve ser construída como uma frente única, ou seja, uma unidade de ação baseada no acordo comum entre militantes e ativistas de várias correntes ou independentes sobre a necessidade prática de defender os homossexuais. Com sua influência na juventude e nos sindicatos, o PSTU teria facilmente capacidade de organizar comitês de autodefesa para garantir a segurança dos LGBT. Propomos ao PSTU e demais organizações da esquerda (partidos, sindicatos, grupos de defesa dos direitos dos LGBT), organizar frentes como esta para escoltar e proteger aqueles que precisam.

Um comitê de autodefesa, por exemplo, pode ser organizado para garantir a segurança dos jovens e trabalhadores que participarão da próxima Parada do Orgulho LGBT do Rio de Janeiro, a ocorrer em outubro. Desde já nos dispomos a integrar uma iniciativa nessa ocasião. Não acreditamos, entretanto, que o PSTU tenha interesse em ajudar a construir esse ato de combatividade classista contra os homofóbicos, uma vez que tem preferido cobrar da polícia que cumpra a sua suposta “tarefa” e se limita a pedir proteção do Estado burguês.

Uma ação como a organização de comitês de autodefesa de trabalhadores, ainda que pequena no início, pode plantar uma semente que inspire e seja reproduzida pelo Brasil afora, o que trará resultados reais em defesa dos LGBT. Os homofóbicos e fascistas não se assustam com a polícia. O PLC 122 pode inibir, mas não vai impedir que essa corja da reação continue perseguindo os oprimidos. Além disso, os agressores homofóbicos recebem apoio financeiro e ideológico dos partidos e políticos burgueses, como é o caso do DEM, que aprovou na Câmara de Vereadores de São Paulo o infame “Dia do Orgulho Hétero” (a ser “comemorado” no terceiro domingo de dezembro para protestar contra os “excessos e privilégios” dos LGBT). Os homofóbicos só vão parar quando perceberem que não vão conseguir agredir os LGBT e passarem a sentir medo dos trabalhadores, que estarão defendendo aqueles com unhas e dentes. Comentando sobre a agressão que sofreu, o militante do PSTU disse que:

Hoje não queremos justiça só para este caso. Estamos aqui em nome de todas e todos que foram agredidos e que sabem que seus agressores continuam impunes. Queremos punição aos quatro covardes que me atacaram e que sirva de exemplo para esses bandos homofóbicos neofascistas. (…) Se não fui destroçado pelo bando é porque pude contar com a solidariedade daqueles que impediram o pior de acontecer.”

Basta de Silêncio”, Opinião Socialista 421, 6 de abril

Mas a punição definitiva contra o bando covarde de agressores de Guilherme Rodrigues, assim como os de tantos outros, não pode ser dada pelo Estado, como esperam passivamente os dirigentes do PSTU, mas somente pelos trabalhadores. Somente com a “solidariedade” entre trabalhadores e oprimidos, empunhando uma estratégia combativa e revolucionária, é que tamanha opressão pode ter fim.

É Preciso Romper com o Centrismo!

Centrismo é o nome aplicado àquela política que é oportunista na essência e que procura aparecer como revolucionaria na forma. Oportunismo consiste na adaptação passiva diante da classe governante e do regime existente, àquilo que já existe, incluindo obviamente os limites do Estado. O centrismo divide completamente esse traço com oportunismo, mas ao adaptar-se aos operários insatisfeitos, o centrismo se cobre de discursos radicais.” [2]

Esta definição de Leon Trotsky sobre o centrismo se encaixa como uma luva na política do PSTU sobre a homofobia (e não apenas sobre a homofobia). Nos últimos meses o partido tem dado mais ênfase do que nunca à sua “tática” de exigir do governo que tome medidas em favor dos trabalhadores. Somente em agosto, por exemplo, ele exigiu do Ministro da Defesa que retirasse as tropas brasileiras do Haiti e também exigiu de Dilma que rompesse relações diplomáticas e comerciais com a Síria (cujo ditador assassinou milhares de manifestantes que lutam por direitos democráticos). [3] 

Enquanto nós apoiamos legislação anti-homofobia e outras reformas parciais que podem ser alcançadas no capitalismo, e também apoiamos a prisão de intolerantes violentos que ataquem os LGBT e outros setores oprimidos, fazer exigências para que a classe dominante procure realizar uma política externa positiva (em oposição a demandas negativas contra as incursões predatórias como a do Brasil no Haiti) só pode criar ilusões nos oprimidos.

Não apenas essa política fracassada alimenta ilusões em Dilma, como também coloca os trabalhadores no papel secundário de exigir que o governo burguês se movimente em sua defesa, fazendo do movimento operário e popular nada mais do que um instrumento de pressão sobre os governos da burguesia. Pior é o fato de que essas “cobranças” acontecem sem que o PSTU faça nada de ativo para tornar os trabalhadores protagonistas do internacionalismo ou da derrota das tropas brasileiras no Haiti. A CSP-Conlutas poderia tentar organizar uma greve política contra o governo Sírio ou contra as tropas brasileiras nas categorias onde tem atuação. Esse seria um ato de solidariedade de classe que sem dúvida se faria ouvir pelos trabalhadores nesses países. Mas a estratégia e o programa centristas do PSTU, adaptados aos limites do Estado capitalista, impedem esse tipo de ação.

O PSTU, por seu tamanho e pelo seu discurso “radicalizado”, atrai muitos militantes com objetivos revolucionários e que acabam caindo numa teia de políticas que, na sua essência, são incoerentes e oportunistas – o que afasta os trabalhadores de uma verdadeira consciência marxista. Mas essas políticas estão em contradição com o impulso revolucionário, que tem confiança na força de uma classe proletária com consciência de seus interesses – e que não precisa nem “exigir” nem “pedir” nada aos seus carrascos, mas que é capaz de impor suas demandas, sejam elas imediatas ou históricas. Cabe aos militantes combativos do PSTU que possuem esse impulso romper com tais políticas centristas e lutar para construir uma organização revolucionária sem essa tradição recuada.

Reunir esses militantes de impulso revolucionário, hoje dispersos nas organizações centristas e oportunistas de todo gênero, é o principal objetivo do Reagrupamento Revolucionário. Mas, diferente de outros grupos que clamam possuir a mesma perspectiva, tomamos como base uma política coerente, testada na luta prática e teórica dos que nos precederam. Rumo ao renascimento da Quarta Internacional!

Notas

[*] O uso do termo “opção” não quis refletir aqui uma conotação de que a orientação sexual é uma “escolha individual”, independente de elementos sociais e biológicos. A escolha imprópria do termo refletiu o pouco amadurecimento da discussão sobre a temática LGBT na esquerda e pelo autor do artigo à época em que ele foi escrito (2011).

[1] De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais de 2010, disponível na página do Grupo Gay da Bahia.

[2] Citado do artigo “A Independência da Ucrânia e os Sectários Confusos” de 1939.

[3] As exigências foram feitas respectivamente nos artigos Celso Amorim: retire as tropas do Haiti, de 5 de agosto e PSTU exige que o governo Dilma rompa relações do Brasil com a ditadura da Síria, de 12 de agosto, ambos publicados no site do partido.

 

Por um Programa Transitório para a questão energética!

Tragédia nuclear no Japão

Por um Programa Transitório para a questão energética!

Por Paulo Araújo – 28 de março de 2011, pelo extinto Coletivo Lenin

A tragédia japonesa após o terremoto/tsunami e o acidente com energia nuclear, que começou no último dia 12 de março e já fez mais de 10 mil vítimas, expõe (como se ainda precisasse) a grande enganação que é a defesa da energia nuclear como “alternativa” contra o aquecimento global. Isso é defendido inclusive por ONGs ecológicas como o WWF.

Mesmo que em curto prazo a energia nuclear tenha um custo-benefício melhor que as termelétricas e hidrelétricas, ela cria um problema muito maior a longo prazo: o que fazer com os resíduos, que levam centenas de milhares de anos para perderem a radioatividade?

Por isso, nós do Coletivo Lênin defendemos o uso da energia nuclear em relação às outras formas mais poluentes, mas acreditamos que ela não é uma resposta para o problema energético. Outras formas de energia que não geram complicações (como a energia eólica, a energia solar e o hidrogênio combustível) poderiam ser expandidas desde já, reduzindo a dependência com relação ao petróleo e à energia de fissão nuclear. A única razão que impede isso é o controle energético dos países pelos grandes monopólios do petróleo e outras fontes de energia poluentes, que não podem aceitar perder espaço no mercado. No movimento de massas, defendemos que o lucro das empresas petrolíferas seja usado para financiar fontes renováveis de energia, o que ataca diretamente um dos monopólios mais importantes do capitalismo. Usar os lucros das petrolíferas e outras indústrias poluentes para expandir o uso de energia solar, eólica e hidrogênio combustível sob controle dos trabalhadores, assim como investir em pesquisas por novas alternativas!

Também defendemos o direito dos países dependentes (como o Irã) e os estados operários deformados (China, Cuba, Coreia do Norte e Vietnã) a utilizarem a energia nuclear, inclusive a posse de armas nucleares para seus fins políticos, como impedir uma intervenção imperialista. Defendemos  que os países imperialistas tenham o seu arsenal nuclear, que é usado para impor pressão sobre os países periféricos, destruído. O arsenal nuclear da Coreia do Norte, por exemplo, é um dos poucos fatores que impedem uma ofensiva do imperialismo para retomar o território perdido pela burguesia desde o início da década de 1950.

Felizmente, o acidente nuclear de Fukushima não teve as proporções de Chernobyl, na URSS em 1986. Chernobyl foi provocado pela defasagem tecnológica e falta de manutenção do reator, que já tinha sido construído às pressas para cumprir as “metas” do plano quinquenal e, assim, garantir o “estímulo econômico” dos burocratas que geriam o país, sem nenhuma preocupação com as reais necessidades da classe operária soviética.

Nas economias planificadas burocraticamente, como era a URSS, não era o mercado que  orientava a produção, mas a casta burocrática que comandava o país. Por um lado, isso trazia a vantagem de reduzir a precarização do trabalho e a perda de condições dos trabalhadores (inclusive de segurança), já que esses Estados asseguravam um nível de vida relativamente alto como uma conquista da expropriação da burguesia. Por outro, esse controle burocrático impedia uma renovação tecnológica dos equipamentos, principalmente devido à regulação irracional da economia realizada pelas burocracias. Até mesmo no capitalismo ocorre uma renovação tecnológica (ainda que com o objetivo de maximizar os lucros). Defendemos hoje os Estados Operários ainda existentes por acreditarmos que a expulsão da burguesia do controle de Estado é uma grande conquista. Ao mesmo tempo, o controle de um grupo de burocratas sobre a produção só pode causar tragédias econômicas e catástrofes como Chernobyl. Por isso, somente o controle operário da produção pode tornar a planificação racional e eficaz.

Uma das poucas correntes da esquerda que têm seção no Japão é o Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU). Apesar de todas as nossas críticas a este grupo (veja Pela Reconstrução da Quarta Internacional), divulgamos aqui a campanha que a seção japonesa está fazendo, como medida concreta de solidariedade de classe com os trabalhadores do Japão:
http://www.internationalviewpoint.org/spip.php?article2026

Reagrupamento Revolucionário n. 01

Nessa página é possível baixar em formato PDF a revista Reagrupamento Revolucionário n. 01 (primeiro trimestre de 2011) ou ler os artigos dela online.

Reagrupamento Revolucionário n. 01
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Introdução à Série Polêmica Marxista

O Coletivo Lenin é destruído pelo revisionismo! (Carta de ruptura de Rodolfo Kaleb e Leandro Torres com o CL, 2011)

O Coletivo Lenin rompe relações com a Tendência Bolchevique Internacional (TBI) (2010)

Aos trotskistas (Carta de ruptura de Rodolfo Kaleb e Leandro Torres com o PSTU, 2009)

Rumo ao renascimento da Quarta Internacional (Tendência Revolucionária do SWP dos EUA, 1963)

A estrada para fora de Rileyville (Carta de ruptura de Sam Trachtenberg com a TBI, 2008)

Uma carta sobre a revolução boliviana (Tendência Vern-Ryan do SWP dos EUA, 1952)

A tentativa do “Bando dos 8” e o fim da URSS

A tentativa do “Bando dos 8” e o fim da URSS

O texto aqui presente é uma versão revisada e atualizada do texto de agosto de 2007 “A Tentativa do Bando dos 8”, publicado pela primeira vez no livreto “A Queda do Muro de Berlim e o Fim da União Soviética” e mais recentemente na Revista Revolução Permanente nº 2 (2010), pelo Coletivo Lenin.

O dia 20 de agosto ficou manchado de sangue na História da União soviética. Em 20 de agosto de 1940 era assassinado no México, a mando de Stálin, o revolucionário Leon Trotsky. Também a 20 de agosto de 1956, tanques soviéticos esmagavam a Revolução Húngara. No mesmo dia, em 1991, o ex ministro das relações exteriores, Edward Shevarnadze, anunciava: “Começou a guerra civil na União Soviética”. Tratava-se do confronto aberto entre duas alas da burocracia: uma restauracionista e outra anti-restauracionista que queria o fim da Perestroika. Hoje, 16 anos depois, ainda vivemos os efeitos desses acontecimentos que surpreenderam e também mudaram o mundo. A classe trabalhadora passou para a defensiva, muitas organizações de esquerda se dispersaram e ainda amargamos o refluxo aberto com o fim dos Estados Operários.

A Perestroika e a Glasnost

Mikhail Gorbatchev havia sido eleito a 12 de março de 1985 para o cargo de Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS). Desde então, lançou as idéias que seriam conhecidas como Perestroika (reorganização) e Glasnost (transparência).

A Perestroika tinha o objetivo de mudar as bases econômicas da União Soviética… Já a Glasnost tratava-se de mudanças também profundas, mas no campo da política. Separar o Partido comunista da estrutura de poder e acabar com o regime de partido único. É óbvio que o imperialismo não hesitou em apoiar tais reformas. No momento em que os EUA estavam colocando em prática sua política de reação democrática liberal, que combinava abertura política dos regimes ditatoriais com abertura das economias para implementação do receituário neoliberal, a Perestroika e a Glasnost, fizeram Gorbatchev tornar-se imediatamente a figura mais querida pelo ocidente.

O que dizia Trotsky?

Trotsky definia a União Soviética como um “estado operário burocratizado”. Segundo ele, o isolamento e as condições de país atrasado, deram as bases para que surgisse uma burocracia que usurpasse o poder político (não sem violência) e o exercesse em nome da manutenção dos próprios interesses. Ainda segundo Trotsky, em um primeiro momento a burocracia, para manter os seus privilégios necessitaria da existência do Estado Operário. Entretanto, em um segundo momento, ela tornar-se-ia restauracionista. Seus interesses a levariam a querer passar de gestora a proprietária dos meios de produção. Isso significava que a burocracia passaria a ser, ela própria, um agente de restauração capitalista. Os fatos deram razão a Trotsky. O revolucionário russo dizia também que a burocracia não é homogênea. Há interesses conflitantes no seu interior. Por isso, o projeto restauracionista de Gorbatchev o fez chocar-se diretamente com um setor que ainda não queria a restauração capitalista . Ao tentar equilibrar-se na corda bamba, Gorbatchev não conseguiu agradar a gregos e troianos. A ala restauracionista teve o apoio dos Estados Unidos, governado por George Bush (pai). Internamente, conseguiu mobilizar as massas a seu favor e acabou desmantelando o Estado Soviético em um estalar de dedos.

20 de agosto: a esquina da U.R.S.S

A 20 de agosto de 1991, Gorbatchev assinaria um decreto que significaria, na prática o fim da União Soviética: concederia ampla autonomia às Repúblicas e mudaria o nome do país para União das Repúblicas Soberanas Soviéticas (suprimindo o termo “Socialistas”). Antes de assinar o decreto, Gorbatchev foi afastado do poder pela ala anti-restauracionista do PCUS que estava representada pelo “Bando dos Oito”, liderado por Yanaiev.

“Gorbatchev Napadal!”

Essa expressão correu o mundo. Significa, em russo, “Gorbatchev caiu de vez”! Ninguém sabia seu paradeiro. Tanques rolaram sobre Moscou, Leningrado e muitas outras cidades estratégicas. Na sede do parlamento da Rússia estava Boris Yeltsin, um restauracionista radical que desfrutava de grande popularidade. Yeltsin conclamou uma greve geral e chamou o povo para se reunir em frente ao parlamento. Enquanto os tanques de guerra rolavam para lá, cerca de 20.000 pessoas atenderam ao chamado. Quando começaram os combates, esse número chegou a aproximadamente 50.000 pessoas. Trabalhadores de 26 minas de carvão entraram em greve a pedido de Yeltsin. Já o líder sindical dos poços de petróleo, Kolai Tripnov, declarou que os petroleiros não entrariam em greve por entender que os trabalhadores não deveriam apoiar a Perestroika. Também no exterior houve reações a favor de Gorbatchev e Yeltsin. A Comunidade Econômica Européia e o presidente norte americano George Bush (pai) declararam que era necessário o retorno de Gorbatchev ao poder, pois temiam “a volta da guerra fria”.

Após o confronto, desmembramento do Estado.

Isolado, o “Bando dos Oito” foi obrigado a recuar. No dia 21 três de seus integrantes foram presos no aeroporto tentando fugir. Naquele mesmo dia, a Letônia declarou sua independência. Em 22 de agosto, Gorbatchev foi libertado e reapareceu em Moscou prometendo “caça às bruxas” – punição severa para os envolvidos. Todos foram presos, exceto o ministro do Interior, Boris Pugo que se matou com um tiro na boca. Naquela altura, a massa enfurecida, que continuava nas ruas, passou a atacar as sedes do PC, da KGB e as estátuas de Lênin.

Em 24 de agosto Gorbatchev se demite do cargo de secretário geral do PC da união soviética, confisca os bens do partido, dissolve o comitê central e proíbe a atividade do partido no Exército, no KGB e no ministério do Interior. A Ucrânia se declara independente. A partir daí, um efeito cascata faria desmoronar o Estado Soviético.

25 de agosto – a Bielorrússia se declara independente.
27 de agosto – A Moldávia se declara independente.
30 de agosto – Azerbaijão, única república que apoiou o golpe de Estado, se declara independente.
31 de agosto – Uzbequistão e Quirguízia se declaram independentes.
Em 6 de setembro o Congresso de Deputados do Povo da URSS reconhece oficialmente a independência dos países bálticos, anula o Tratado da União de 1922.
Em 1º de dezembro ucranianos votam maciçamente pela independência num plebiscito.
8 de dezembro – Rússia, Bielorrússia e Ucrânia criam a Comunidade de Estados Independentes e declaram o fim da URSS como entidade política.
18 de dezembro – Yeltsin e Gorbatchev decidem que as estruturas da URSS deixarão de existir “antes do fim do ano”.
19 de dezembro – O Kremlin, maior símbolo do poder soviético, passa a pertencer à Rússia, por decreto de Yeltsin. Em Roma, Yeltsin declara que Gorbatchev “deverá renunciar antes do fim do mês”. Naquele momento, a União Soviética já não mais existia.

No próximo dia 20, estarão completando 16 anos desses acontecimentos que surpreenderam e também mudaram o mundo.

A derrubada dos Estados Operários na U.R.S.S e no Leste Europeu contou com o apoio das massas que foram dirigidas, não por um partido revolucionário, mas por setores restauracionistas da burocracia ou por organizações de direita financiadas pela Igreja ou pela C.I.A. Foi uma contra-revolução de massas!

Após essa derrota histórica da classe trabalhadora, o que vimos foi uma ofensiva ideológica de direita, o “passeio militar” dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, em 1991; a invasão do Panamá, o neoliberalismo sendo implementado em quase todo o mundo e a passagem da classe trabalhadora para a defensiva.

A partir dos anos 90, duas grandes tentações passaram a rondar a esquerda: Uma delas é a de cair no ultra-esquerdismo de dizer que tudo se tornou muito mais fácil, já que não existe mais o stalinismo (e nem os Estados Operários). A outra, é a tentação de cair no oportunismo de, ao perceber que a classe trabalhadora está na defensiva, procurar substitutos para ela capitulando a fenômenos como Chávez, Morales e o fundamentalismo iraquiano.

Muitas organizações, decorrência de suas políticas equivocadas, sofreram graves impactos. Dois exemplos importantes são o S.U, que abandonou o trotskismo e a L.I.T que, após as ultra otimistas “teses de 90”, chegou a se dispersar.

Essa crise instaurada entre as organizações de esquerda tem boa parte de sua origem na incompreensão sobre o que Trotsky dizia ao orientar a relação dos revolucionários com o stalinismo:

Stalin derrubado pelos trabalhadores: um grande passo para o Socialismo. Stalin derrubado pelos imperialistas: é a contra-revolução que triunfa”.

Entre 1989-1991, aconteceu a segunda alternativa.

Em defesa do leninismo

A teoria organizativa revolucionária

Em defesa do leninismo

Por Marcio Torres – Março de 2010, pelo  extinto Coletivo Lenin

Todos os textos e panfletos do Coletivo Lenin apontam para a construção de um “Partido Revolucionário dos trabalhadores” e para a refundação da IV Internacional. Pois bem, o objetivo deste artigo é dar continuidade ao debate programático iniciado na primeira edição da revista Revolução Permanente, que focou no programa dos diversos grupos da esquerda brasileira, ou seja, o Governo Democrático e Popular. Nesse sentido, faremos uma visita ao passado para explicar o que entendemos por um partido revolucionário e porque defendemos a necessidade de uma organização internacional, o que está diretamente ligado à defesa do leninismo como a corrente revolucionária que se contrapôs à falência da social democracia e da II Internacional.

Partido e revolução

Apesar de o próprio Marx ter defendido a importância de organizações que atuassem no seio da classe trabalhadora com programas revolucionários, como fica claro no Manifesto do Partido Comunista (programa da Liga dos Comunistas) e posteriormente na sua participação na Associação Internacional dos Trabalhadores – a I Internacional –, é apenas em 1903 que toma forma um debate de extrema importância para a revolução: a consciência da classe trabalhadora.

No II Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), Vladimir Lenin polemiza com a concepção chamada “economicista” de um amplo setor do partido. Segundo esse setor, bastava impulsionar as lutas econômicas (ou seja, por salários, melhores condições de trabalho, etc.) que a classe trabalhadora desenvolveria a consciência revolucionária que a ela cabe no sistema de produção capitalista.

Diferente de tal setor, Lenin compreendeu a diferença dos termos “classe em si” e “classe para si” esboçada por Marx n’O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Para Marx, não necessariamente um grupo dentro da sociedade, tido como uma classe devido à divisão do trabalho imposta pelo modo de produção (uma classe em si) possui uma consciência do antagonismo existente entre ele e os demais grupos, ou seja, uma consciência de classe (o que o tornaria uma classe para si). Assim, a partir dessa compreensão, Lenin defendeu que o partido que luta pela revolução socialista não deve se limitar às demandas econômicas, mas sim disputar a consciência da classe trabalhadora através de uma intervenção metódica e permanente nos espaços de debate e militância. Resumindo: a consciência revolucionária não é algo que existe per se, mas sim que deve ser construído ao longo do tempo, vindo portando “de fora”.

Para possibilitar essa disputa ideológica, ele defendeu a necessidade de um partido centralizado, dirigido por quadros teóricos e que não se limitasse às demandas do movimento sindical. Segundo sua concepção, apenas uma organização que reunisse o melhor da vanguarda e cujos militantes agissem como “um homem só”, ou seja, defendendo metodicamente as mesmas bandeiras revolucionárias nos espaços públicos, seria capaz de disputar com a classe dominante a consciência do proletariado. Um partido descentralizado, com diversas correntes radicalmente diferentes se digladiado, sem independência financeira, com um programa frouxo e sem um corpo sólido de quadros e militantes profissionais jamais será capaz de disputar com a burguesia e todo o seu aparato de propaganda e repressão a consciência dos trabalhadores.

É dessa polêmica à cerca das tarefas do partido e de sua organização que surgiu a fração bolchevique do POSDR, a fração majoritária dirigida por Lenin e que funcionava através do centralismo democrático. Centralismo democrático foi o nome dado ao modus operandi segundo o qual todos os militantes devem ser centralizados a partir do que a maioria do partido decide, assim, a organização possui um monopólio político sobre o militante. Tal centralismo, porém, deve funcionar juntamente a um regime de ampla democracia interna, de outra forma, a organização se tornará uma seita burocratizada na qual apenas a direção delibera e formula as políticas. Essa democracia se dá pela existência de organismos internos, tanto de base quanto de direção, nos quais o debate é amplamente estimulado e há a possibilidade de se convocar frações e tendências a qualquer momento para disputar a linha política da organização ou até mesmo substituir sua direção através de um Congresso (desde que se submetendo publicamente às posições da maioria). Todos os cargos são eleitos e, se o organismo achar necessário, tem plena liberdade para destituir um militante do cargo que ele ocupa.

Foi baseado nesses conceitos que surgiu o partido bolchevique, aquele que dirigiu a classe trabalhadora através de um processo revolucionário do qual surgiu o primeiro Estado operário, a União Soviética. Além da defesa de uma organização revolucionária centralizada, Lenin também defendeu a fundação de uma nova internacional, visto que em 1914 a II Internacional degenerou em uma organização “social-nacionalista”, onde cada partido nacional defendeu sua burguesia na Primeira Guerra Mundial. A III Internacional, o Partido Mundial da Revolução Socialista, surgiu em 1919 como uma expressão internacional do leninismo, funcionando nos mesmos moldes do partido bolchevique (Partido Comunista da União Soviética – PCUS). Foi a III Internacional que dirigiu durante muito tempo a vanguarda revolucionária de diversos países, visando a construção do socialismo a nível internacional, a única maneira em que ele pode realmente existir.

Durante todo esse processo de constituição de um partido e de uma organização internacional voltados para a revolução socialista, para a derrubada do Estado burguês e a tomada do poder pelo proletariado, esteve ao lado de Lenin o revolucionário Leon Trotsky, que após o primeiro ter adoecido e se afastado da direção do PCUS, combateu ferozmente a degeneração stalinista.

Trotskismo e IV Internacional

Desde o momento em que Lenin ficou incapacitado de dirigir o partido, Joseph Stalin iniciou uma disputa programática contra Trotsky que se expressou de forma mais evidente na criação da Oposição de Esquerda. Liderando essa oposição, Trotsky visou combater a política stalinista de “socialismo em um só país”, que rompia com o internacionalismo e ressuscitava erros que há muito tempo o marxismo havia superado. Foi tal política que levou à degeneração e burocratização da URSS. Porém, a aliança de Stalin com a direita do PCUS, representada por Bukhárin e sua política de “socialismo a passos de tartaruga”, baseada na aliança com os grandes proprietários rurais (kulaks) levou a um sufocamento cada vez maior da Oposição. A situação piorou ainda mais quando Lenin morreu em 1924. Diversos dirigentes da Oposição foram expulsos do partido e forçados a se exilar para não serem assassinados pela polícia política stalinista, a GPU. Com Trotsky e seus aliados exilados, a Oposição foi dissolvida, ainda mais quando diversos militantes “trotskistas” foram mandados para os campos de concentração (gulags).

Tem início então um processo de estruturação da oposição a nível internacional, visando a disputa da III Internacional (então dirigida por Bukhárin). Em diversos países, militantes expulsos dos PCs se organizam como frações externas e visam disputar, mesmo que de fora, a política dos partidos e a consciência de seus militantes. Porém, com a inação da Internacional frente ao avanço do fascismo, através da recusa de formar uma frente-única com as organizações social-democratas (por considerá-las “agentes do fascismo dentro da classe trabalhadora”), leva os trotskistas a declararem a falência do Komintern e iniciarem a construção do que viria a ser a IV Internacional. Essa seria uma nova organização que, contrapondo-se ao menchevismo stalinista, fosse capaz de dar continuidade ao programa revolucionário do marxismo.

Apesar da sua enorme fragilidade, a IV cumpriu um importante papel de combate ao stalinismo e de defesa da revolução, como demonstramos nos textos sobre as revoluções políticas lideradas por sessões nacionais desta organização. Infelizmente para nós revolucionários, após a morte de Trotsky pelas mãos de um agente de Stalin, iniciou-se uma série de debates liquidacionistas dentro da IV que levaram à sua dissolução e fragmentação. O principal responsável por tal ocorrido foi o dirigente grego Michel Pablo, com sua teoria do entrismo sui generis, posteriormente adaptada para a realidade da América Latina por Nahuel Moreno, o “camaleão argentino”, entre muitos outros.

A continuidade do programa revolucionário nos dias de hoje

Pelo balanço das cisões que ocorreram no seio do marxismo, primeiro com a degeneração da social-demcoracia e posteriormente com a capitulação de Stalin ao programa menchevique, defendemos o trotskismo como o que há de mais atual em termos de programa revolucionário, ou seja, entendemos o trotskismo como a continuidade (melhorada através de novas teorias e práticas) do programa que teve origem em Karl Marx e Friedrich Engels.

Mais especificamente, defendemos o espertaquismo como a única tendência dentro do trotskismo que não capitulou ao anti-leninismo resultante da contra-revolução nos Estados operários do Leste Europeu. Por isso, encaramos a Tendência Bolchevique Internacional (IBT) como depositária do programa revolucionário nos dias de hoje [1] e defendemos a refundação da IV Internacional a partir de processos de fusão e ruptura que tenham a tenham como núcleo.

Para finalizar, não reconhecemos nenhuma organização da esquerda brasileira como sendo genuinamente revolucionária, apesar de valorizarmos experiências passadas como a LCI (década de ’30), a POLOP (década de ’60) e a OSI (meados dos anos ’80). Daí defendemos que a maior tarefa do Coletivo Lenin, na conjuntura reacionária aberta com o fim da URSS, seja acumular forças e cristalizar uma vanguarda comunista dentro do movimento de massas nacional, para impulsionar a fundação de um Partido Revolucionário de trabalhadores, capaz de dirigir o proletariado rumo à revolução socialista.

Construir o PRT para avançar na refundação do Partido Mundial da Revolução Socialista, a IV Internacional!

[1] Em dezembro de 2010, após 2 anos de discussões com a IBT (além dos 3 anos de discussões entre esta e o antigo CCI, que deu origem ao CL), rompemos relações com tal organização por entender que ela consistia em uma seita burocratizada, cujo elo entre seus burocratas e militantes de base é a defesa dogmática de um programa que hoje está correto, mas amanhã pode ser alterado de acordo com as necessidades de seus dirigentes de manter o poder e controle da organização (assim como veio a acontecer com a Liga Espartaquista, da qual a IBT rachou nos anos ’80). Para mais detalhes, confira Coletivo Lenin rompe relações com Tendência Bolchevique Internacional (IBT), de dezembro de 2010 (disponível em nosso site).

Trockiści w rewolucji chińskiej, kubańskiej i wietnamskiej

Tekst pierwotnie opublikowany w 2009 w języku portugalskim

[Od tłumacza: artykuł ten został napisany w 2009 r. przez członka Kolektywu Leninowskiego- organizacji poprzedzającej Przegrupowanie Rewolucyjne- który ostatecznie opuścił grupę i porzucił w ogóle trockizm. Trzeba powiedzieć, że zawiera on pewne problematyczne zdania, których Przegrupowanie Rewolucyjne nie podziela – a mianowicie „taktyczny sprzeciw” wobec praw demokratycznych na Kubie i charakterystyka protestów na placu Tiananmen jako zdecydowanie prokapitalistycznych. Niemniej jednak tekst jest ten użyteczny by przybliżyć polskiemu czytelnikowi praktyczną działalność ruchu trockistowskiego.]

„Trockista nigdy nie zrobił rewolucji”

Powszechnym jest że słyszymy takie oskarżenie z ust stalinistów i maoistów (na przykład PCR i MEPR). Nawet „wyjaśniają” ten fakt „kontrrewolucyjnym” charakterem programu przejściowego i teorii permanentnej rewolucji.

Gdyby to była prawda, byłoby to coś do potraktowania na poważnie. Skoro nurt, który istnieje od końca lat dwudziestych, nie może ingerować w żadną rewolucję, może tylko oznaczać, że ten nurt jest bezużyteczny!

Co najgorsze, socjaldemokratyczne sekty udające trockistów (takie jak PSTU, O Trabalho i LER) nigdy nie zrobiły nic praktycznego, by to twierdzenie obalić. Ponieważ ostatecznie nie są zainteresowane prowadzeniem żadnego rewolucyjnego procesu. Przeciwnie, zjadają okruchy spadające ze stołu socjaldemokracji.

Ale najważniejsze jest to, że oskarżenie to po prostu KŁAMSTWO. Celem tego tekstu jest pokazanie, w jaki sposób trockiści uczestniczyli w najważniejszych powojennych procesach rewolucyjnych. I jak oni próbowali stworzyć reżimy demokracji robotniczej, i za to zostali zmiażdżeni przez stalinistów. W ten sposób dowodzimy przez a+b rewolucyjnej roli programu przejściowego.

A jednak

Przed przystąpieniem do przypadków Chin i Wietnamu konieczne jest lepsze wyjaśnienie udziału sekcji Czwartej Międzynarodówki w innych rewolucjach XX wieku.

W ostatnim stuleciu, po rewolucji rosyjskiej, było tylko pięć zwycięskich procesów rewolucji społecznej: Chiny, Kuba, Indochiny (w tym Wietnam, Laos i Kambodża), Jugosławia i Albania.

W niektórych krajach zostały rewolucje zostały pokonane przez politykę Frontu Ludowego (takich jak w Etiopii i Portugalii w 1974 i Nikaragui w 1979 roku), a różne sytuacje rewolucyjne zostały zdradzone, nigdy nie stając się rewolucjami (tak jak we Francji, w 1945 i 1968 roku, lub Iranie w 1979 r.).

W większości krajów, w których wywłaszczono burżuazję, nie było to spowodowane rewolucją. Zasadniczo było to wynikiem okupacji wojskowej państwa robotniczego, tak jak w przypadku innych krajów Europy Wschodniej i Korei Północnej. W tych przypadkach niewielu istniejących trockistów zostało po prostu zabitych, bez żadnej szansy na zorganizowanie czegokolwiek!

Tak więc od początku trzeba było walczyć o rewolucję polityczną w tych krajach, mającą na celu przekazanie całej władzy w ręce rad robotniczych. W przyszłym artykule będziemy mówić o walce o rewolucję polityczną w Niemczech Wschodnich, Polsce, Czechosłowacji i na Węgrzech w latach 1953-1970.

Prawdziwe rewolucje w Europie Wschodniej miały miejsce w Grecji, Albanii i Jugosławii. W Jugosławii nie istniała sekcja Czwartej Międzynarodówki. Już w Grecji (gdzie rewolucja została uduszona na mocy rozkazu Stalina, z powodu umów jałtańskich z Wielką Brytanią i USA) oraz w Albanii, trockiści, którzy brali udział w ludowych armiach wyzwolenia zostali wytępieni jeszcze przed zwycięstwem Hitlera ! To znaczy, stalinowcy uważali trockizm za bardziej niebezpieczny od nazizmu dla swoich celów.

Co najgorsze, w Chinach i Wietnamie Czwarta Międzynarodówka po prostu nie była w stanie utrzymywać kontaktu z sekcjami z powodu II wojny światowej, która praktycznie zmiotła jej  przywództwo w Europie i oportunistycznej izolacji amerykańskiej SWP. W ten sposób zostały pozostawione samym sobie, często rozwijając kilka odchyleń, o których będziemy mówić dalej. Ta izolacja trockistów, którzy byli zaangażowani w rewolucje, była tak samo ważna dla zwyrodnienia Czwartej Międzynarodówki, jak polityka SPR i zniszczenie sekcji w Europie.

Przypadek Kuby

W końcu, po czasie, gdy pabloizm przejął kontrolę nad Czwartą Międzynarodówką (1951), została ona zniszczona jako organizacja rewolucyjna. Michel Pablo uważał, że warunki konfrontacji radzieckiej biurokracji i imperializmu po drugiej wojnie światowej doprowadzą partie stalinowskie do przewodzenia światowej rewolucji. Dlatego przekonywał, że sekcje Czwartej Międzynarodówki powinny wejść do kompartii i mieć politykę krytycznego poparcia dla biurokracji. To znaczy, Pablo i przywódcy Czwartej Międzynarodówki chcieli, aby partie trockistowskie zaprzestały walki o przywództwo masowego ruchu za pomocą programu antykapitalistycznego i przeciwko biurokracji. Aby uzyskać więcej informacji, zobacz artykuł „Geneza pabloizmu”, Ligi Spartakusowskiej z  USA, który przetłumaczyliśmy.

W Boliwii pabloizm doprowadził bezpośrednio do zdrady rewolucji 1952 r. przez POR [Rewolucyjną Partię Robotniczą Guilermo Lory, boliwijską sekcję Czwartej Międzynarodówki- przyp. tłum]. Jedynym nurtem, który opowiadał się za poprawną polityką w Boliwii, była tendencja Verna-Ryana w amerykańskie SWP w 1954 r. Sprawa Boliwii jest tak ważna, że ​​należy ją zbadać w osobnym artykule.

Pabloizm poważnie wpłynął na sekcję kubańską, POR. Podczas rewolucji kubańskiej łańcuchem tym kierowało Biuro Latynoamerykańskie, kontrolowane przez J. J. Posadasa. Posadas na początku 1960 roku nie postradał jeszcze zmysłów (potem wzywał nawet o solidarności z latającymi spodkami w walce o socjalizm!), Ale już w pełni dostosował się do nacjonalizmu krajów Trzeciego Świata.

Dlatego naciskał, aby POR miała linię kapitulacji w kierunku przedstawionym przez Fidela Castro. Mimo to POR miał generalnie poprawną linię. Przykładowo, postawiono szereg żądań kubańskiemu przywództwu, takich jak wywłaszczenie Bazy w Guantanamo, oraz że kubańska kompartia miała prawo do tendencji, tak by POR mogła przedstawić swój program.

Slogany te miały doprowadzić masy do walki o socjalistyczną demokrację na Kubie i przeciw pokojowemu współistnieniu ze Stanami Zjednoczonymi. Niestety, kubańska kompartia, poprzez samego Che Guevarę, aresztowała bojowników POR w latach 1963-1964.

Nie trzeba dodawać, że ZS (Zjednoczony Sekretariat Czwartej Międzynarodówki), pod kierownictwem Ernesta Mandela, Nahuela Moreno i amerykańskiej SWP, udawał, że  to się nie wydarzyło! Wszystko dlatego, że uważali oni kubańską partię komunistyczną za rewolucyjną organizację, a nie za organizację stalinowską. W tym czasie Międzynarodowy Komitet (który był nurtem trockistowskim, który walczył z pabloizmem) bronił uwolnienia trockistowskich więźniów politycznych na Kubie.

Dzisiaj, socjaldemokraci z LIT (PStu) i anarchistyczne grupy finansowane przez CIA (taki zarzut czyniony jest przez anarchistów z urugwajskiej FAU), mówią, że Kuba jest „dyktaturą” burżuazyjną. Oczywiście prowadzi to bezpośrednio do walki o “demokrację” (wolne wybory, organizowanie wolnych związków zawodowych, zgromadzenie ustawodawcze), które “przypadkowo” jest tą samą polityką Stanów Zjednoczonych dla tego kraju!

Jako komuniści, uznając rolę kubańskiego reżimu w masakrze socjalistycznej demokracji i represjonowaniu trockizmu, bezwarunkowo bronimy kubańskiego państwa robotniczego. Obalenie Raula Castro przez robotników to krok w kierunku socjalizmu. Obalanie Raula Castro przez CIA to kontrrewolucja, która zwróci władzę kubańskiej burżuazji wygnanej do Miami! Dlatego jesteśmy taktycznie przeciw swobodom demokratycznym na Kubie (które ułatwiają kontrrewolucyjną robotę USA), podczas gdy chcemy zbudowania partii rewolucyjnej robotniczy na Kubie, w większości złożonej z kobiet i  czarnych, sekcji odrodzonej IV Międzynarodówki.

W Chinach

Lewicowa Opozycja pojawiła się w Chinach w 1929 r., dzięki pracy Radka i Sneevlieta. W tym czasie Trocki polemizował w książce „Permanentnej rewolucji”, z linią Międzynarodówki Komunistycznej (już kontrolowanej przez Stalina), który zalecała stały blok z Kuomintangiem (nacjonalistycznej partii w stylu dawnej PDT) w celu zapewnienia niezależności Chin, jako pierwszy krok przed walką o socjalizm. Polityka MTK była zatem powtórzeniem mieńszewików po lutowej rewolucji w Rosji (jedność z “demokratyczną” burżuazją).

Ta polityczna polityka umieściła kompartię w ogonie nacjonalistów, dopóki Kuomintang nie zniszczył partii w 1927 roku, po próbie komunistycznego powstania w Kantonie. To powstanie było pospieszną próbą skorygowania linii kapitulacji wobec Kuomintangu.

W tym czasie KPCh była kierowana przez kadry, które jedynie powielały wytyczne CI. W tym nurcie byli pewni trockiści, jak Chen Duxiu, który był założycielem chińskiego trockizmu i odgrywał ważną rolę do 1930 roku, kiedy opuścił ruch społeczny. Ale ten trockistowski sektor został zmuszony do przestrzegania polityki MK, co uniemożliwiło jej zmianę orientacji partii. Po walce z dogmatyzmem kadr bardziej w zgodzie z MK, Mao Zedong (który został zaatakowany za obronę „komunizmu bandytów”, jak to MK scharakteryzowała Armię Ludową) otrzymał kierownictwo partii z linią zorientowaną na chłopów i rozpoczęła się długotrwała wojna ludowa.

Pomimo wspierania formacji armii chłopskiej, Trocki powiedział, że rozwiązaniem dla chińskiej rewolucji będzie sojusz chłopów z robotnikami miast, tworzącymi sowiety.

Ale Mao podporządkowany całą walkę sojuszowi z Kuomintangiem w miastach, doprowadzając nawet do ograniczenia rewolucji agrarnej i porzucenia demokratycznych flag (zgromadzenia ustawodawczego, ponieważ Chiny była pół-kolonialna, wyborów, tworzenia związków zawodowych, ośmiogodzinnego dnia pracy) na obszarach kontrolowanych przez nacjonalistów, aby nie zagrozić sojuszowi.

Maoistyczne Chiny i walka z biurokracją i restauracją

Chiny, w ramach reżimu KPCh, wahały się między ekonomicznego awanturnictwem (takim jak Wielki Skok Naprzód, który spowodował powszechny głód w tym kraju) a dominacją prawego skrzydła partii.

Podczas tak zwanej Rewolucji Kulturalnej Mao użył masowego ruchu przeciwko biurokracji, aby powrócić do kontroli partii. Aby to zrobić, musiał użyć studentów (czerwonogwardzistów), aby zmiażdżyć mobilizacje robotników, które posunęły się do utworzenia sowietów w Szanghaju, Hunan i Kantonie w styczniu-lutym 1967 roku.

W rewolucji kulturalnej, z powodu masakry trockistów, robotnicy nie byli uzbrojeni w teorię, która mogłaby zaproponować właściwe zadania. Dlatego Sheng Wu Lien, organizacja masowa, która pojawiła się w 1967 r. w walce z biurokracją, określiła Chiny jako kapitalizm państwowy w swoim dokumencie „Dokąd zmierzają Chiny?” W tym samym czasie miała ogromne złudzenia co do Mao Zedonga, nawet myśląc, że atakuje robotników, ponieważ został oszukany co do  faktycznej sytuacji w kraju.

Okres pełnego opanowania maoistów był masakrą dla socjalistycznej kultury i demokracji. Partia kontrolowała praktycznie wszystko. Intelektualiści byli prześladowani. Nieliczni trockiści w Chinach zostali uwięzieni.

Nie wytwarzając alternatywy w postaci rewolucyjnej partii, ruch masowy był świadkiem zamachu stanu w 1976 roku, który  obaliła maoistów i umieścił u steru KPCh pewien sektor restauracjonistyczny, kierowany przez Deng Xiaopinga, który otworzył gospodarkę dla imperializmu. W tamtym czasie było niewiele naprawdę postępowych ruchów.

Co gorsza, wielka masowa demonstracja, która miała miejsce w 1989 r., zniszczona podczas na placu Tienanmen, miała wyraźnie prokapitalistyczny charakter. Jej celem było zlikwidowanie kilku osiągnięć, które zachowały status państwa chińskiego i stworzenia kraju kapitalistycznego. Nie przypadkowo na czele demonstracji stała replika Statuy Wolności. Związki, które brały udział, wkrótce staną się nieobecnym rewolucyjnym przywództwem, połkniętym w kontrrewolucyjnym przypływie, jak to miało miejsce w Polsce w latach 1980-1981.

Więc dzisiaj, gdy staramy się odbudować nurt trockistowski w Chinach, to jest nasz obowiązek, aby nie wpaść w szantażu „demokracji” i udział w ruchach pro-kapitalistycznych, takich jak ruch wyzwolenia Tybetu i ruchu demokratycznego.

Wietnam

Trockizm w Wietnamie rozpoczął się w 1931 r. jako Lewicowa Opozycja w KPI (Komunistycznej Partii Indochin Ho Chi Minha). Przez większość swojej historii istniały dwa prądy w kraju. Pierwszą z nich była grupa La Lutte („Walka”) Tha Tu Thau, która była bardziej skupiona na polityce jednolitego frontu ze stalinizmem i uczestnictwie w wyborach. Drugi był MLK (Międzynarodowa Liga Komunistyczna), Ngo Van Xuyeta, z dużą obecnością w ruchu robotniczym, który skrytykował elektoralizm i co uważał za kapitulację La Lutte wobec stalinizmu.

Obaj mieli duży ciężar w ruchu. Wystarczy powiedzieć, Tha Tu Thau zdobył 80% głosów w wyborach na radnego w Sajgonie w 1936 (jedyne miejsce na świecie, gdzie trockiści i stalinowcy zawarli sojusz wyborczy), gazety La Lutte ukazywały się codziennie a MLK utworzyła pierwsze wietnamskie centrum związków zawodowych.

W 1936 roku Front Ludowy we Francji zniszczył współpracę między La Lutte i KPI. KPI przystąpiła otwarcie do poparcia Frontu Ludowego, siejąc złudzenia co demokracji parlamentarnej. KPI  utrzymywało tę samą stalinowską strategię walki, po pierwsze, aby zakończyć panowanie Francji nad Wietnamem, pozostawiając walkę o socjalizm w tle.

Ale walka ze stalinizmem osiągnęła jeszcze wyższy poziom po drugiej wojnie światowej. Japoński imperializm zaatakował prawie każdy kraj na południowym Pacyfiku, w tym Wietnam. KPI będąc w podziemiu w tym samym czasie stworzył Viet Minh (Liga Niepodległości Wietnamu), w 1941 roku, ludowy front antyimperialistyczny z partami burżuazji, ziemian i grup religijnych niepodległościowych jak Cao Dai.

Aby kontynuować, Ho Chi Minh zrobił wszystko, aby powstrzymać walki chłopów (tak jak zrobił to Mao w Chinach – i jak MST zrobił to w rządzie Luli…). KPI zwarła szeregi z Francją przeciwko możliwości ewentualnej amerykańskiej kolonizacji, ponieważ Stany Zjednoczone okupowały Wietnam, wykorzystując go jako bazę manewrów przeciwko Japonii.

Przy dobrej woli KPI, Francja przyznała Wietnamowi formalną niepodległość (w ramach Wspólnoty Francuskiej, jej imperialistycznej organizacji) po odejściu amerykańskich żołnierzy. W ten sposób powstała burżuazyjny rząd Viet Minh (który Ho Chi Minh uznał za wyraz „władzy ludu”, ponieważ brały w nim udział organizacje chłopskie i KPI) na północy, z przywróceniem legalności kompartii. Południe pozostawało pod francuską kontrolą. To była cena zdrady Ho Chi Minha.

Kolejna masakra

Do tej pory, z powodu zniszczenia wszystkich materiałów czasu, nie jesteśmy pewni, czy grupa La Lutte uczestniczyła bądź nie w Viet Minhu, co byłaby zdradą. Wiemy tylko, że MLK tego nie robiła, a mimo to stanowiła około 30% demonstracji ulicznych w tamtym czasie, i miała codzienną gazetę.
W czasie wojny MLK odegrała bardzo ważną rolę w tworzeniu komisji fabrycznych i politycznych zawirowaniach. Wkrótce po utworzeniu rządu Viet Minh stało się jasne, że zorganizowani robotnicy i chłopi w ramach KPI wykraczają daleko poza jej kierunek.

Zintensyfikowali walkę klasową. Ponieważ byli oni większością w Viet Minh i ich zbrojnym skrzydle, burżuazja nie posiadała aparatu wojskowego. Władza pozostała w rękach KPI, a partie burżuazyjne musiały przyjąć jedynie dekoracyjną rolę. Tak więc, miało miejsce coś podobnego do tego, co wydarzyło się w Europie Wschodniej i na Kubie: jako że partyzanci i Armia Czerwona stała się jedyną iła militarną, stała się podstawą zdeformowanego państwa robotniczego, chociaż nadal formalnie istniały partie burżuazyjne w rządzie.

Trockiści skorzystali z okazji i zamienili komisje fabryczne w dwie rady: jedną  w Hanoi, drugą w górniczym regionie na północy kraju. Wkrótce Ho Chi Minh wydał rozkaz aresztowania i zabicia wszystkich trockistów i masakrę organizacji mas, które mogłyby być podstawą rewolucji politycznej przeciwko biurokracji. Tym razem NIE było nikogo w kraju by o tym opowiedzieć!

Mimo to, trockiści mieli tak dużą popularność wśród robotników, że gdy Tha Tu Thau musiał być sądzony trzykrotnie przez stalinowski sąd na podstawie absurdalnych oskarżeń (współpracy z USA itp). I został uniewinniony we wszystkich trzech procesach Po tym wszystkim, jedyne co pozostało biurokracji, było zabicie go z zimną krwią, bez żadnych argumentów.

Na emigracji, niewielu ocalałych udało się do Francji, gdzie utworzono w latach 1945-1946 GBLV (Grupę Bolszewicko-Leninowską Wietnamu), która stała się sekcją Czwartej Międzynarodówki.

Epilog: Wojna w Wietnamie, Laosie i Kambodży

W 1954 roku wzrost działań partyzanckich Viet Cong (NFW, Narodowy Front Wyzwolenia na południu, pod hegemonią wietnamskiej kompartii) doprowadził do ​​incydentu z Dien Bien Phu, który doprowadził do rozpoczęcia wojny w Wietnamie. W Laosie i Kambodży, stalinowskie partyzantki chłopskie, utworzone przez partie powstałe po podziale KPI, również wszczęły walkę zbrojną, dopóki USA i ich rządy nie poniosły ostatecznej klęski w regionie w 1975 r.

Zwycięstwo w Wietnamie było możliwe tylko dzięki pomocy ZSRR. Nawet jeśli biurokracja często pozostawiała wiele do życzenia, to miała ona obiektywny interes w zwycięstwie rewolucji w tym kraju. Właśnie dzisiejszy brak ZSRR uniemożliwia zdradzieckim przywódcom, w wyjątkowych okolicznościach, wywłaszczenie burżuazji.

W kierunku tego procesu, Ho Chi Minh (który zmarł w 1969 r.) i Giap, zaczęli być uważani za bohaterów przez część lewicy w tym tych, o których mówiono jako o trockistach. W ten sposób zapomniano o jego roli w represjonowaniu demokracji socjalistycznej.  Nurt którego bronimy, Międzynarodowa Tendencja Spartakusowska, jednocześnie bronił zwycięstw militarnych Wietkongu, potępił kierunek polityczny KPW i ocalił od zapomnienia historię MLK, aby pokazać, że rewolucja socjalistyczna jest czymś więcej niż pokonaniem imperialistów , jest stworzeniem prawdziwie kontrolowanego przez pracowników społeczeństwa.

Rewolucja indochińska nie była w stanie stworzyć prawdziwie wolnego społeczeństwa. Laos i Wietnam cierpiały z powodu uzależnienia od Związku Radzieckiego. W raz z pierestrojką oba kraje musiały zakończyć planowanie gospodarcze, ponieważ nie istniały żadne materialne warunki, aby je utrzymać. Wietnam pozostał jednak zdeformowanym stanem roboczym, nawet zarządzając prawicowym NEP (jak Chiny). Laos, pod naciskiem ONZ i wygnanej burżuazji, doświadczył kontr-rewolucji w latach 1992-1993.

Kambodża, gdzie KPK/Czerwoni Khmerzy doszli do władzy w spalonej ziemi, cierpiał najbardziej. Nędza spowodowana przez amerykańskiego bombardowania (które zabiło ponad 1 mln osób), wraz z potworną polityką Pol Pota (obrócić całą produkcję kraju w rolnictwie w umowę handlową z  ZSRR, prześladowanie intelektualistów, masowa praca przymusowa , szpiegostwo itp.) doprowadziło do śmierci około 700 tysięcy osób w kraju o populacji 8 milionów!

Pod koniec procesu Wietnam najechał na kraj, umożliwiając stworzenie normalnego reżimu stalinowskiego w zdeformowanym państwie robotniczym – co było ogromnym postępem! Jednocześnie skorygował nadmierne planowanie w modelu typu NEP. Najgorsze jest to, że Czerwoni Khmerzy, którzy chcieli ustanowić komunizmu pociągnięciem pióra, byli wspierani i finansowani przez USA i chińską restauracjonistyczną biurokrację, w wojnie z Wietnamem, ponieważ kraje te miały interes wyczerpać Wietnam ekonomicznie (USA z oczywistych względów, Chiny by być  “wiarygodnymi” dla USA)! Ale tragedia Kambodży zasługuje na osobny artykuł, nawet w celu zwalczania kłamstw antykomunistycznej propagandy …

Dziś zadaniem robotników w Wietnamie jest taka sama jak w 1945 roku: stworzenie partii rewolucyjnej, w większości złożonej z kobiet, do walki o rewolucję polityczną, by obalić KPW restauracjonistycznej biurokracji i umieścić u władzy robotników, za pośrednictwem swoich zgromadzeń.

Lenga-lenga em Honduras e a volta De Zelaya

Lenga-lenga em Honduras e a volta De Zelaya

Por Paulo Araújo – Setembro de 2009, pelo extinto Coletivo Lenin

Publicado no Jornal Hora de Lutar nº11, de novembro de 2010.

O golpe militar ocorrido em Honduras gerou uma jornada ininterrupta de lutas por parte dos trabalhadores daquele país. Manuel Zelaya, o “Mel”, tentava convocar um referendo que poderia aprovar a convocação de uma assembleia para reformar a constituição de Honduras. A ultra direita não aceitou a possibilidade de reforma em sua constituição, que é uma das mais retrógradas da América Latina, e orquestrou o golpe levado a cabo em 28 de junho de 2009. Porém, essa não é a única questão envolvida. A aproximação de Zelaya com os governos de Chaves e Morales causava um grande mau estar entre a ultra direita hondurenha. Isso explica a posição pouco incisiva dos Estados Unidos no repúdio ao golpe militar, pois este favorece seus interesses no continente além de servir de exemplo para que outros governos não se alinhem ao chamado “eixo do mal”. Acredita-se, inclusive, que os Estados Unidos tenham ajudado, de forma clandestina, a organizar e a realizar o golpe.

A resistência hondurenha

Porém, o que os golpistas não esperavam era a grande disposição de luta demonstrada por parte das massas de Honduras. Desde o dia do golpe, os trabalhadores têm derrotado o toque de recolher e feito diversas manifestações radicalizadas. A reação dos militares foi violenta e já produziu suas primeiras vítimas fatais. Por causa disso, defendemos o direito de os trabalhadores de Honduras organizarem autodefesas armadas para resistir à repressão.

Nenhuma confiança em Zelaya

Manuel Zelaya é um mega burguês da indústria madeireira que jamais apoiou a organização autônoma dos trabalhadores. E agora, no momento em que as massas estão nas ruas, “Mel” pede para que todos tenham “calma” e voltem para suas casas. Ao mesmo tempo, aposta em uma saída para a crise através de um acordo negociado com os golpistas e os Estados Unidos. É a mesma posição de outros governos que sofreram golpes, como Jango, no Brasil, e Allende, no Chile. Esses governos, assim como Zelaya, tentaram desmontar a mobilização das massas para que a luta não evoluísse para uma revolução. A consequência foi o mergulho desses países em anos de ditaduras sanguinárias.

O golpe em Honduras, porém, reforçou a confiança das massas em Zelaya e, a principal palavra de ordem defendida por elas é sua volta ao poder. O caminho para a revolução hondurenha passa por fazer as massas superarem essas ilusões. Por isso, uma corrente revolucionária não pode se limitar a defender as mesmas coisas que Zelaya: sua volta ao poder e a convocação de uma constituinte. Defender essas bandeiras significa reforçar as ilusões que já existem em Zelaya além de construir novas ilusões no regime burguês. Infelizmente, não é isso o que pensam outras correntes. O PSTU, por exemplo, defende como saída para a crise hondurenha a mesma coisa que Zelaya: assembleia constituinte. A diferença é que o PSTU defende que essa constituinte e a volta de “Mel” ao poder não sejam construídas pela via da negociação. Isso é uma grande contradição pois a volta de Zelaya e a convocação de uma constituinte, como deseja o PSTU, não entram em choque com a estrutura de exploração e podem ser arranjadas através do diálogo. Assim, o PSTU apresenta uma saída para a crise que difere da de Zelaya apenas na forma, mas não no conteúdo. Além disso, o PSTU comete mais um grave erro político. Defende que países, como Estados Unidos, realizem um bloqueio econômico a Honduras até a volta de Zelaya ao poder. Defender isso é o mesmo que lutar para que os trabalhadores hondurenhos morram de fome. Os bloqueios econômicos não atingem as burguesias dos países afetados da mesma forma como atingem os trabalhadores. O Iraque passou anos sob bloqueio econômico e o resultado foi a desnutrição de sua classe trabalhadora enquanto os barões do petróleo continuavam com seus luxos intocados. Nós, ao contrário, dizemos que bloqueio econômico não é método de luta da classe trabalhadora e denunciamos a tentativa de acordo entre Mel e os golpistas porque queremos construir uma saída muito diferente do que defendem esses dois setores.

Defendemos que as mobilizações para derrotar o golpe se transformem em uma luta dos trabalhadores de Honduras pela construção de assembleias populares que serão os embriões de um Governo Direto dos Trabalhadores Hondurenhos. Agitar essa bandeira significa disputar o ascenso que ocorre em Honduras para um consciência revolucionária e abre caminho para a construção de um Partido Revolucionário de trabalhadores hondurenhos.

Rede Globo apoia o golpe

A Rede Globo, seguindo sua tradição de subserviência a regimes autoritários pró-imperialistas, insiste em dizer que em Honduras não ocorreu um golpe, mas sim uma transição pelas vias legais. A hipocrisia dessa emissora chegou ao cúmulo de levá-la a afirmar que quem tinha pretensões ditatoriais era Zelaya, por querer aprovar a reeleição. Entretanto, quando FCH aprovou a reeleição no Brasil através da compra de votos no Congresso e, assim, conseguiu ficar oito anos no poder, a Rede Globo defendeu essa medida da mesma forma como defendeu a ditadura militar no Brasil. Ditadura esta que criou e fez crescer essa emissora.

O cerco à embaixada e o governo Lula

A volta de Zelaya a Honduras e seu refúgio na embaixada brasileira colocou o governo Lula no epicentro da crise política. Lula tem se recusado a reconhecer o governo golpista e exige a volta de “Mel” à presidência do país. Isso é uma grande contradição com o que o próprio Lula tem feito no Haiti, para onde enviou tropas militares que defenderam o golpe que derrubou o presidente Bertrand Aristid. As tropas brasileiras permanecem no Haiti e, até hoje, tentam esmagar a resistência naquele país. Se Lula realmente é contra golpes militares, deve promover a retirada imediata das tropas brasileiras no Haiti. Além, disso, não se vê do governo Lula nenhuma declaração apoiando as mobilizações dos trabalhadores hondurenhos. Isso porque, assim como Zelaya, Lula defende para a crise uma saída que mantenha as estruturas de exploração existentes antes da derrubada de Zelaya. Por isso, não apoia as mobilizações das massas hondurenhas, pois estas podem evoluir para uma situação revolucionária.

Nós, ao contrário, dizemos que a saída para a crise política de Honduras deve ser a construção de um Partido Revolucionário de trabalhadores hondurenhos e de um governo direto dos trabalhadores, exercido através das assembleias populares, que avance para o socialismo e se espalhe para o resto do mundo através da reconstrução da IV Internacional.

  • Pelo direito das massas Hondurenhas de organizarem sua autodefesa contra os militares!
  • Pela formação de assembleias populares para lutar contra o golpe!
  • Não depositamos nenhuma confiança em Zelaya, mas exigimos sua liberdade!
  • Pela construção de um Partido Revolucionário de trabalhadores hondurenhos e a formação de um Governo Direto dos Trabalhadores!

“Bússola Política” de James Robertson

Grupo Internacionalista / Liga Quarta Internacionalista do Brasil (LQB)

Programa de Transição de Trotsky ou “Bússola Política” de James Robertson?

Samuel Trachtenberg, 06 de maio de 2009

O artigo a seguir consiste em uma intervenção (reconstruída a partir de notas) feita por Samuel Trachtenberg, quando ainda era membro da então revolucionária Tendência Bolchevique Internacional (IBT), durante uma palestra promovida pelo Grupo Internacionalista (IG) acerca do “Programa de Transição”, no Hunter College (Nova York) em 28 de junho de 2006.

O IG é a principal seção da Liga Pela Quarta Internacional, da qual faz parte a Liga Quarta Internacionalista do Brasil (LQB). Jan Norden, líder do IG que apresentou a palestra, dedicou um tempo significativo discutindo a Liga Espartaquista (SL – da qual o IG foi expulso) e sua explícita renúncia, em sua interpretação do “Mundo Pós-Soviético”, da afirmação do Programa de Transição segundo a qual “a crise da humanidade se reduz a crise da liderança revolucionária” [1]. S.T. direcionou sua intervenção a essa crítica. Também incluímos um adendo e extensas notas de rodapé para fins de futuras formulações e de citações históricas dos pontos levantados.

***

Eu concordo com boa parte das atuais críticas do IG ao claro abandono do Programa de Transição por parte da SL. Também concordo que isso está relacionado com a extrema desmoralização da SL após o colapso da URSS. Isso foi expresso na recente posição deles acerca da luta estudantil contra a “Conferência dos Presidentes Universitários” na França [2], em relação a qual eles proclamaram que, no “Mundo Pós-Soviético”, é improvável que ocorra uma greve geral bem-sucedida. Alguns anos atrás, quando o Afeganistão foi atacado, a SL argumentou, de forma semelhante, que vitórias militares por parte de neocolônias contra os imperialistas não estava em pauta no mundo pós-soviético.

Apesar do colapso da URSS ter sido uma enorme derrota, por si só tal fato não é uma explicação adequada [para essa desmoralização]. Também é necessário olhar para a própria história da SL antes do colapso e para seus diversos zigue-zagues acerca da Questão Russa – posições por cuja elaboração a liderança do IG compartilha responsabilidade e as quais ele mantém ainda hoje, e acerca das quais vou tocar em apenas um aspecto.

Ao longo dos anos 1980, a SL desenvolveu uma forte tendência a reduzir o trotskismo à questão do Defensismo Soviético. Essa derrapada foi parcialmente reconhecida na época em que eu era um membro do Clube de Juventude Spartacus (SYC – a colateral de juventude da SL), na qual os membros eram criticados por, de alguma forma, abandonarem a visão de que eles eram o partido da revolução mundial [3]. A partir da postura de enxergar a defesa da URSS como a questão central em todos os momentos e lugares – da Nicarágua a Alice Springs, na Austrália [4] – desenvolveu-se uma tendência a enxergar o mundo através do limitado prisma de, para parafrasear uma velha piada judia, “Isso é bom para a Rússia?”.

Era frequentemente escrito e reconhecido internamente que a defesa da URSS era a “bússola política” da SL [5], que iria prevenir sua degeneração – um tipo de talismã para espantar espíritos antitrotskistas, caso queiram. Em contraste, o Programa de Transição declara que a Quarta Internacional deve “basear seu programa na lógica da luta de classes” – o que é muito diferente de usar a defesa da URSS como uma bússola política. Mas o que acontece quando você continua usando uma bússola dessas depois de ela deixar de existir? (Há dois anos, nós descobrimos que a troca de acusações internas sobre querer abandonar a defesa da URSS ainda é a norma para eles [6]). A posterior transformação em um passivo grupo propagandista ou em um grupo De Leonista que o IG descreveu, e a recente posição da SL em relação aos protestos na França novamente confirmam aonde isso leva. Mas a liderança do IG é incapaz de fazer uma análise dessas. Eles estão determinados a defender tais posições, já que eles próprios tem total responsabilidade por ajudar a desenvolvê-las, quando eram líderes da SL.

***

Militantes do IG presentes no debate responderam a essa crítica com acusações de “Terceiro Campismo” e de antissovietismo. Na verdade, uma visão revisionista semelhante a que descrevemos, foi desenvolvida por Michel Pablo nos anos 1950.

Ao desenvolver suas políticas revisionistas como reação ao auge da Guerra Fria, Pablo também reduziu as críticas que recebeu a capitulações “Terceiro Campistas” ao anticomunismo. O dissidente trotskista norte-americano Sam Marcy também desenvolveu uma posição semelhante em sua teoria da “Luta de Classes Global”.

Conforme os trotskistas franceses responderam Pablo à época,

“ ‘A história de todas sociedades até hoje é a história da luta de classes’, lê-se naquela lixeira conhecida como Manifesto Comunista. 

Mas é necessário acompanhar o tempo e admitir junto a Pablo, sem hesitação, que ‘Para nosso movimento, a realidade social objetiva consiste essencialmente no regime capitalista e no Mundo Stalinista.’ [Boletim de Informação Internacional, março de 1951, “Para Onde Vamos”, p. 2]

Enxugue as lágrimas e escute: a própria essência da realidade social é composta do regime capitalista (!) e do Mundo (?) Stalinista (!).

Nós achávamos que a realidade social consistia na contradição entre as classes fundamentais: o proletariado e a burguesia. Claramente um erro, uma vez que agora o regime capitalista, que engloba precisamente essas duas classes, se tornou uma totalidade contraposta… ao Mundo Stalinista…

Para onde Vai Pablo?, por Bleibtreu-Favre, junho de 1951. Disponível, em inglês, em: http://www.marxists.org/history/etol/document/fi/1950-1953/ic-issplit/04.htm

Demonstrando que ele compreende abstratamente as questões envoltas em uma visão desse tipo (ao menos quando isso não atrapalha sua própria atividade política), Jan Norden citou aprovadoramente essa passagem em “Yugoslavia, East Europe and  The Fourth International: The Evolution of Pabloist Liquidationism”, publicado pela SL em 1993, adicionando que:

O Pablismo também incorpora temas levantados pela linha de Zhadanov (…) A luta entre ‘campos’, ao invés de classes, a correlação internacional de forças desfavorável ao capitalismo: essas premissas foram compartilhadas por Pablo e Zhdanov.”

Apontei essa questão em um documento de 9 de dezembro de 1994, dois anos antes de Norden ter sido expulso da SL:

No livreto citado acima sobre a Iugoslávia e a Quarta Internacional, Jan Norden argumenta corretamente que, enquanto era uma tarefa estratégica importante para o movimento trotskista defender a União Soviética, sua linha estratégica era revolução socialista mundial. A ideia de que a linha estratégica do movimento operário deveria ser a defesa da URSS é uma concepção pablista ou stalinista. No entanto, essa concepção implícita da divisão do mundo entre dois blocos tendeu a colorir a visão da SL durante a maior parte dos anos 1980. A partir disso, eles tiraram a conclusão, como foi colocado numa edição recente de Spartacist Canada (número 100) que o que existia era um ‘mundo bipolar – polarizado entre o mundo imperialista e o bloco soviético’. Essa polarização, entretanto, era apenas um reflexo da luta de classes global entre trabalhadores e capitalistas, e não a substituía. A SL, no entanto, começou a ver virtudes revolucionárias na burocracia stalinista. Isso se mostrou quando, por exemplo, eles se autoproclamaram a ‘Brigada Yuri Andropov’ e depois escreveram um poema para Yuri Andropov [chefe do Partido Comunista da União Soviética entre 1982-84], carrasco da revolução húngara de 1956, dizendo, entre outras coisas, que ele ‘não cometeu nenhuma traição aberta em nome do imperialismo’ (WV número 348, fevereiro de 1984).” 

Entendendo a Rússia Direito, dezembro de 1994. Disponível em: http://reagrupamento-rr.blogspot.com.br/2011/07/carta-de-rompimento-de-sam-trachtenberg.html

Em 2008, revisitei essa questão em um debate público:

Eu acho que a perspectiva política defendida hoje pelos camaradas da Liga Trotskista [organização irmã da SL no Canadá] é a mesma que eles tem defendido em seus jornais por muitos anos. E eu quero argumentar que ela é uma perspectiva extremamente desmoralizante e pessimista. Ela acaba caindo na argumentação de que, com o colapso da União Soviética, a assim chamada Era Pós-soviética da qual eles falam tanto, o que nós vimos não foi apenas uma enorme derrota para a classe trabalhadora, o que certamente foi, mas uma derrota tão monumental da classe trabalhadora que nenhum progresso real de qualquer tipo – seja o chamado por uma greve geral na França no ano passado, seja os levantes de trabalhadores que nós vimos na Bolívia ou no México, ou a luta pela construção de um partido revolucionário através do reagrupamento revolucionário – seria possível. Nada é possível na tal Era Pós-soviética, de acordo com eles, a não ser manterem a tradição trotskista escondidos no seu próprio bunker. Como eles falam, eles próprios desenvolveram uma ‘mentalidade de bunker’ em relação à assim chamada Era Pós-soviética.

Então o que você faz? Bom, parece que o argumento que está sendo defendido aqui hoje é que o reagrupamento revolucionário era possível em razão da vitória da Revolução Russa. Bom, nós não temos a Revolução Russa conosco nesse momento, então o que você faz? Você espera que outra Revolução Russa ocorra. Mas adivinhem? Nós não podemos ter outra revolução nos Estados Unidos, Canadá ou em nenhum outro lugar sem um partido revolucionário. E não se pode construir um partido revolucionário escondido num bunker sustentando abstratamente a tradição em isolamento da luta de classes e do restante da esquerda.”

Sobre Reagrupamento Revolucionário, abril de 2008. Disponível em: https://rr4i.milharal.org/2001/01/02/polemica-sobre-reagrupamento-revolucionario/

Queira o IG reconhecer isso ou não, ao igualar de forma crua a luta de classes com o Defensismo Soviético, e com a URSS não existindo mais, segue-se logicamente que a luta de classe terminou – o que soa tão sombrio à SL quanto aos Partidos Comunistas pró-Moscou.

No Programa de Transição, Trotsky defendeu que “Quando um programa ou organização se esvai, a geração que o carregou nos ombros se esvai junto. O movimento é revitalizado pelos jovens que se encontram livres de responsabilidades pelo passado”. Lenin era conhecido por brincar ao dizer que todos os revolucionários acima dos 50 deveriam ser fuzilados. Grupos como o IG, a SL e a TBI, que são dominados (quando não inteiramente compostos) por burocratas desgastados ou geriátricos já em seus 60 e poucos anos (às vezes seguidos por um pequeno grupo de obedientes assistentes escolhidos a dedo), são praticamente não-revolucionários por definição. Sua incapacidade de encarar sua “responsabilidade pelo passado” significa que eles não merecem nenhuma confiança em não repetir seus erros.

A Liga Espartaquista em seus tempos revolucionários era capaz de produzir materiais críticos acerca da história da Quarta Internacional e seus erros, como “A Gênese do Pablismo” (https://rr4i.milharal.org/2011/09/29/a-genese-do-pablismo/) porque, naquele tempo, sua liderança era majoritariamente composta de jovens camaradas que se encontravam “livres de responsabilidades pelo passado”.

Isso é algo que os militantes de base do IG deveriam levar em conta quando tentam entender porque, da Questão Russa à linha social-patriótica no Líbano e à liquidação das colaterais sindicais, a liderança do IG (e outras lideranças similares) são organicamente incapazes de reconhecer seus erros ao confrontar o passado da SL.  

NOTAS

[1] “A afirmação de Trotsky no Programa de Transição, de 1938, que ‘a situação política mundial como um todo é caracterizada principalmente por uma crise histórica da direção do proletariado’ é anterior à presente profunda regressão [“pós-soviética”] da consciência proletária”.Declaração de Princípios da ICL e alguns elementos do Programa, de fevereiro de 1998. Spartacist n. 54, primavera de 1998.

[2] “Em maio de 68, as ações dos estudantes provocaram uma greve geral dos trabalhadores de três semanas, mobilizando milhões de trabalhadores nas ruas, mas também importante no começo, em ocupações de fábricas. Foram essas greves e ocupações de fábricas que agitaram a classe dominante não só aqui na França, mas em todo o mundo. Mas, na ausência de um partido revolucionário, as greves foram desmobilizadas e traídas, principalmente pelo Partido Comunista stalinista que, graças a sua influência dentro da classe trabalhadora, em última análise, foi capaz de salvar a pele da burguesia francesa.”Workers Vanguard, 31 de marco de 2006.

[3] “O documento para a 12ª Conferência da Ligue Trotskyste da França detectou um ‘desvio rasteiro’, onde se dizia que ‘nós somos o partido da família de defensores da União Soviética’, em vez de ‘nós somos o partido da Revolução Russa’. Essa visão – nos considerando a ala consistente da ‘família de defensores da União Soviética’ e os stalinistas como a ala inconsistente – implicitamente vira a natureza contraditória do stalinismo na outra direção …” […] “No curso dessas lutas nós afirmamos repetidamente que este levaria e de fato levou ao derrotismo sobre a classe trabalhadora em casa…”. – Documento da Segunda Conferência Internacional da Liga Comunista Internacional”. Spartacist n. 47-48, inverno de 1992-1993.

Isso refletia um desejo por parte da liderança da SL de se afastar de sua orientação stalinofílica na sequência do colapso do stalinismo. Na sequência houve uma tentativa de usar Norden como bode expiatório para essa orientação, enquanto se limpava da história as dimensões totais, posteriormente seguida por uma guinada em uma direção stalinofóbica.

[4] As seguintes citações são de um mero exame superficial de uma seleção de literatura política da SL da década de 1980, expressando como quase todas as questões mundo afora foram reduzidas à questão da defesa da URSS:

Durante a eleição de 1985 para prefeito de Nova York, a candidata da SL e atual líder IG Marjorie Stamberg colocou a questão desta forma num comício eleitoral: “Temos dito que a escalada bélica antissoviética está no centro de tudo. Que a guerra de Reagan sobre o que ele chama de ‘império do mal’ estava por trás de sua guerra contra o operariado, por trás de seu esmagamento do PATCO [aeroviários], por trás de sua guerra contra os negros em casa, por trás do ataque incendiário à sede da MOVE [grupo radical pelos direitos dos negros].” – Comício eleitorial de Sparacist: Nós somos o Partido da Revolução Russa. Workers Vanguard Nº 391, de Novembro de 1985, e reeditado em “Massacre da MOVE em Philly”, Black History n. 3, fevereiro 1986.

No mesmo comício, Ed Kartsen, concorrendo à presidência de bairro para Manhattan, explicou que “a principal ameaça à dominação capitalista da Terra continua a ser a União Soviética”, em vez de o proletariado internacional. Assim como os sindicatos, a URSS só poderia ser uma ameaça para a dominação capitalista da Terra sob a liderança revolucionária. A história do stalinismo foi uma de traição ativa da luta de classes em todo o mundo em nome de coexistência pacífica e “socialismo em um só país”. No campo internacional, países neocoloniais atacados foram igualmente vistos como “proxies” soviéticos e “substitutos”. Isso levou a IBT a afirmar em 1992, acerca do fracasso do SL para defender a URSS durante sues últimos dias em agosto de 1991, que “Ao longo dos anos, a Liga Espartaquista desenvolveu um conceito único de ‘defender’ a URSS. Eles o têm repetidamente invocado em situações em que a defesa da URSS não era o problema central. Lembram-se do slogan ‘defesa da União Soviética começa em El Salvador’?” – A defesa da URSS não começa em Warren Street, 31 de janeiro de 1992.

Quatro anos antes, uma troca entre os dois grupos ocorreu quando a IBT foi denunciada por não ver que a questão-chave na oposição aos contras imperialistas na Nicarágua seria realmente a defesa da URSS:

A confusão da TL sobre Gorbachev é paralela com algumas noções peculiares sobre defensismo soviético. Isto é evidente no que diz respeito à Nicarágua. Enquanto grande parte do meio reformista de solidariedade nega estupidamente qualquer conexão entre os eventos que ocorrem na América Central e a revolução social que teve lugar na Rússia em 1917, a TL estridentemente insiste que a questão principal colocada na Nicarágua hoje é a defesa da União Soviética! A expressão mais cruel dessa posição singularmente idiota pode ser encontrada na edição de verão de 1988 de Spartacist Canada, editado pela mesma camarada Mestres.

Para ‘expor’ a Tendência Bolchevique (BT), a TL cita a nossa intervenção no fórum de abril passado sobre a Nicarágua como dizendo ‘a questão-chave na Nicarágua hoje, em nosso ponto de vista não é a defesa da União Soviética, essa não é a questão central que está colocada lá hoje, mas sim defesa da Revolução Nicaraguense’. É difícil entender como qualquer trotskista poderia discordar desta afirmação duas semanas após a assinatura dos acordos de Sapoa, onde os sandinistas prometeram ‘democratizar’, de acordo com os ditames dos senhores neocoloniais da América Central e os contras mercenários de Washington. Mas para a TL esta observação simples é evidência de… shachtmanismo! Recordando como Max Shachtman recusou-se a defender a União Soviética em sua guerra com a Finlândia, em 1939, a TL conclui: ‘Para ele, em seguida, como para a BT agora, a defesa da URSS nunca foi ‘a questão central’ e, portanto, nunca será levantada onde ela conta.

Para expiar os pecados do fundador / líder James Robertson, que trocou os stalinistas pelos shachtmanistas, assim como a Guerra Fria foi ganhando força no final de 1940, os espartaquistas decidiram que defensismo soviético é a ‘questão central’ em todos os momentos e em todos os pontos. Aqueles que não concordam são automaticamente denunciado como socialistas do Departamento de Estado. Esta caricatura da posição trotskista de defesa da União Soviética tem uma vantagem. É fácil de ensinar aos novos recrutas. Mas se a política revolucionária fosse tão simples um papagaio moderadamente inteligente poderia aprender a fórmula em questão de semanas.”

– TL sobre a questão russa: desorientada e confusa, 17 de setembro de 1988.

Na França, o grupo Lutte Ouvriere foi denunciado pelos slogans que levantou sobre o ataque dos EUA contra a Líbia nos seguintes termos: “Pela primeira vez na memória, LO marchou à frente de uma demonstração com uma bandeira que diz ‘O terrorismo das grandes potências não é menos criminoso só porque ele é feito em grande escala’ e outra que dizia ‘Contra o terrorismo de onde quer que ele venha, contrapor a unidade de todos os oprimidos do mundo’. Ao fazer isso, LO aceitou e fez a sua própria propaganda imperialista projetada para chicotear junto com a histeria belicista contra a URSS através de um de seus clientes militares, a Líbia. Outra bandeira explicou que LO se opõe à incursão assassina de Reagan em Tripoli e Benghazi porque ‘Reagan não está tentando derrubar ditadores, ele quer aterrorizar as pessoas’. Para a Casa Branca, ‘ditadores’ são todos aqueles que são amigáveis com a URSS …”. – LO e Líbia: o fedor do medo, reimpresso em Lutte Ouvriere e Spark: obrerismo e estreiteza ncional.

Em outra parte do Oriente Médio, a SL tentou cobrir seu abandono do apoio militar para aqueles que lutam contra os fuzileiros navais norte-americanos ocupando seu país perguntando cinicamente “Onde está o lado justo e anti-imperialista no Líbano hoje?” E, em seguida, explicando a condições onde eles tomariam um lado: “Se os EUA fossem à guerra contra a Síria, uma reavaliação completa seria indicada, até porque tal guerra poderia se tornar um episódio do conflito EUA x URSS, em que os marxistas defenderiam o lado soviético.” – O marxismo e sede de sangue, Workers Vanguard nº 345, 06 de janeiro de 1984.

Na Austrália, uma crise ocorreu sobre a confusão e falta de entusiasmo no grupo sobre o slogan “A defesa da URSS começa em Alice Springs”, que terminou com seis em cada sete membros australianos do Comitê Central sendo expulsos do grupo pela iniciativa zinovievista do centro de Nova York. Isso foi sobre levantar este como o slogan central em um protesto contra o Apartheid sulafricano.

Talvez o mais ridículo tenha sido a campanha da filial britânica de Jim Robertson, na Escócia, em torno de slogans “sugestivos”, tais como “Por uma república operária escocesa como parte da URSS!” e “Transformar [o lago] Holly Loch em uma marina para os U-boat soviéticos!” (Workers Hammer n. 196, primavera de 2006). Isso expressa o caráter centrado na Rússia da stalinofilia, já que slogans semelhantes não foram levantadas chamando para a incorporação da Escócia à República Popular da China, à Alemanha Oriental etc.”

[5] Uma edição especial de Spartacist dedicada a analisar a implosão da organização de Gerry Healy atribuiu retroativamente como causa da degeneração desse grupo a sua “falha” em colocar defesa da URSS no centro de cada questão (da Revolução Cultural chinesa, à Revolução Iraniana de 1979, à Guerra Irã-Iraque). Em uma entrevista com Jim Robertson acerca da ruptura da Liga Espartaquista com o Comitê Internacional, ele explica o seguinte:

Acontece que nós temos uma profunda diferença com o WRP sobre a política. Sua defesa nominal da União Soviética é a um nível tal de abstração que, em qualquer questão concreta, eles por várias décadas tem sido contra a União Soviética, em qualquer coisa que você possa nomear. Incluindo, curiosamente, até o apoio à Revolução Cultural, que foi virulentamente antissoviética. E eles aplaudiram a execução dos comunistas no Iraque. Aí eles tiveram que se livrar da sua ligação com o Ba’ath no Iraque, a fim de apoiar o aiatolá, porque o Irã e o Iraque estavam em guerra. E posso salientar que apoiar o aiatolá também é ser antirrusso. E eles apoiam o Solidariedade, que quer uma contrarrevolução sangrenta para fazer a Polônia segura para a OTAN. Irã, Polônia, China, Afeganistão – apoiam todos os inimigos da União Soviética no perímetro da União Soviética. E isso é chamado de ‘defesa da União Soviética’!

Então nós temos algumas coisas a dizer agora, porque nós fomos durante todo o tempo as pessoas de princípios. E gostaria de sugerir que a principal razão não é alguma moralidade do tipo americanos versus ingleses, mas que durante um longo período de tempo, por meio de muitas lutas, por meio de uma tendência após a outra, permanecemos concretamente pela defesa da União Soviética, contra o imperialismo e contra a maldita burocracia russa. Isso tem sido de fato a nossa bússola política, e também gera uma certa superestrutura cultural e uma certa moralidade.”

– Sobre a ruptura de 1966. Spartacist n. 36-37, versão de 1985-1986.

Isso foi reiterado no parágrafo final do artigo principal: “A moral para os marxistas está inseparavelmente ligada ao programa. A adesão inabalável dos espartaquistas ao trotskismo revolucionário – nossa defesa genuína, concreta da União Soviética contra o imperialismo e contra a burocracia stalinista traiçoeira, o nosso compromisso para a construção de um partido internacional da revolução proletária – esta tem sido a nossa bússola política. Disso também vem uma certa superestrutura, uma certa moralidade”. – Healyismo implode.

[6] “No entanto, ficou claro que as frustrações e antagonismos que haviam desenvolvido para com os responsáveis por tais violações organizativas e pelo giro político mais amplo que levou ao racha do PS tinham sido desviados em uma falsa luta: uma tentativa de encontrar um desvio fundamental no partido sobre a natureza do stalinismo. Foi necessário um esforço considerável para demonstrar que não houve diferenças programáticas fundamentais sobre esta questão e colocar a conferência de volta no caminho certo para lidar com os problemas reais que a ICL enfrenta. – Quarta Conferência Internacional de ICL, primavera de 2003: A luta pela continuidade revolucionária no mundo pós-soviético. Spartacist n. 58, primavera de 2004.

[7] “Lendo os relatos de tirar o fôlego do IG sobre os eventos bolivianos (reunidos em seu site sob o título grandiloquente de “Bolívia: batalhas de classe nos Andes”), seria impossível saber que nada havia mudado no mundo ao longo dos últimos 20 anos, seja na Bolívia ou em outro lugar. O IG nega a magnitude da destruição contrarrevolucionária da União Soviética e do retrocesso da consciência proletária mundial que acompanhou esta derrota.” – Bolívia: trotskismo vs. Nacionalismo burguês. Workers Vanguard n. 14, abril de 2006.

[8] “Falando de uma série de tais casos de retirada sectária nos anos seguintes a destruição da União Soviética, um camarada observou há algum tempo que o partido vinha ‘se retirando de um novo mundo alienígena, se protegendo em nosso castelo, levantando a nossa ponte levadiça e se escondendo’.” – Quinta Conferência Internacional da ICL. Mantendo um programa revolucionário no período pós-soviético. Spartacist n. 60, outono de 2007.

DEFESA DO MST E QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL

DEFESA DO MST E QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL

PELO DIREITO DO MST À AUTODEFESA! PELA REVOLUÇÃO AGRÁRIA COMO PARTE DA REVOLUÇÃO SOCIAL!

Coletivo Lenin, maio de 2009

[Este texto recebeu pequenas modificações na escolha dos termos para descrição das autodefesas].

Desde o domingo dia 19 de abril, a imprensa começou outra campanha para criminalizar o MST. Foram mostradas cenas de um confronto armado entre integrantes do movimento e jagunços de uma fazenda pertencente ao banqueiro Daniel Dantas, envolvido em vários esquemas de corrupção durante o governo do PSDB-PFL.

Todos os meios de comunicação, a começar pela Globo, acusaram os sem-terra de usar repórteres como reféns, e de porte ilegal de armas. Essas acusações, junto com a de formação de quadrilha, vão ser usadas para atacar o MST na justiça.

Em primeiro lugar, como comunistas, declaramos que somos A FAVOR do uso de repórteres inocentes como reféns numa ação como essa. Inclusive porque isso torna quase impossível que a jagunçada acabe matando alguém, porque seria desastroso comprar uma briga dessa com a imprensa. Além disso, este recurso visa defender a integridade física dos militantes diante de uma repressão paraestatal que tem o objetivo declarado de matá-los.

Em segundo lugar, também somos A FAVOR de que o MST se defenda com todos os meios necessários para lutar pela terra. Ao mesmo tempo, somos CONTRA o armamento de organizações de latifundiários, como a UDR (União Democrática Ruralista), para matarem sem-terra, mesmo que isso seja feito legalmente, com o argumento de que eles empregam seguranças privados.

Nós usamos assumidamente DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS, porque não igualamos a violência cometida pelos explorados na luta pela sua libertação com a violência das classes dominantes para manter o sistema.

E só temos a lamentar a direção do MST, que usa a demagogia de que são um “movimento pacífico”. Essa atitude desprepara os sem-terra, e semeia ilusões de que é possível destruir o latifúndio sem o recurso a uma revolução violenta. No Referendo de 2005 sobre o Desarmamento, o MST chegou até mesmo a votar “Sim”, autorizando o governo a criminalizá-lo mais ainda.

As posições da direção do MST estão ligadas à sua estratégia de “reforma agrária”. Em obras como “A Opção Brasileira”, César Benjamim e outros intelectuais ligados ao movimento, consideram que a questão agrária é uma questão específica, que deve ser resolvida como parte de uma luta para criar um “mercado interno de massas com uma democracia de massas” no Brasil.

Por isso, o MST apoia o Governo Lula, que só assentou 163 mil famílias desde 2003, cerca de 30% do seu já modesto plano de assentar 550 mil, segundo o próprio Ministério da Reforma Agrária. Só pra ter uma ideia, só o MST tem 370 mil famílias assentadas! No Brasil, existem 4,8 milhões de famílias sem terra. Ao mesmo tempo, o governo tem feito de tudo para financiar e conceder crédito ao agronegócio durante essa crise mundial em que vivemos. O agronegócio recebe 70% dos créditos do governo, enquanto a agricultura familiar só 10%.

No Brasil, a concentração de terras é gritante: Cerca de 3% do total das propriedades rurais do país são latifúndios, ou seja, tem mais de mil hectares e ocupam 56,7% das terras agricultáveis – de acordo com o Atlas Fundiário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis com pequenas, médias e grandes propriedades. A empresarial controla 70% dessa área e as pequenas 30%.

Mesmo assim, a Comissão Pastoral da Terra – entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – considera que 62,4% da área do total dos imóveis rurais no país é improdutiva. Isso acontece porque a terra tem importância por seu valor de mercado. E que as lavouras temporárias e permanentes ocupam 50,1 milhões de hectares e 53% delas estão em pequenas propriedades, 34,5% nas médias e apenas 12,5% em grandes extensões de terras, o que mostra como o latifúndio é pouco usado como força produtiva.

Na verdade, a estratégia do MST parte da análise de que o Brasil é uma semicolônia do capital imperialista, e que deve haver um bloco de classes pela libertação nacional. Esse bloco, logicamente, inclui os setores da burguesia que vão se beneficiar dessa expansão do mercado interno e do fim da concorrência com as empresas imperialistas.

Como podemos ver, essa é exatamente a estratégia petista do “governo democrático e popular”, que temos criticado em textos como “Devemos criar um PT das origens?” (Dezembro de 2007) e “A Esquerda Brasileira e o Governo Democrático e Popular” (Abril de 2008). Essa estratégia defende uma reforma agrária, que tem esse nome porque se dá por dentro da institucionalidade, já que é feita com uma parte da burguesia e, portanto, por dentro do Estado, para “desalojar” os setores mais reacionários, tirando-os do governo. Mas quais são exatamente as condições da luta pela terra no Brasil?

As Relações de Produção no Campo Brasileiro

Nós do Coletivo Lênin dizemos que o Brasil é um país subimperialista, em que a acumulação do capital é principalmente através do mercado interno. Por isso, a nossa tarefa não é lutar pela “independência” do país – que é impossível no capitalismo, porque o capital brasileiro é dependente e associado com o dos países imperialistas, e sim por uma revolução socialista, que acabe com o papel do Brasil como “bombeiro” da América Latina.

Sendo um país subimperialista, a questão agrária não foi realmente resolvida no Brasil. A dependência do país é enraizada, em parte, no atraso das suas estruturas sociais no campo, em que ainda há um setor pré-capitalista. Todos os países imperialistas resolveram a questão camponesa, e têm um campo plenamente capitalista, o que permite que o capital tenha plena liberdade de funcionamento e acumulação. Na verdade, temos no país uma estrutura dual no campo.

Por um lado, o agronegócio é responsável pelas exportações de matérias-primas como soja, laranja, carne, etc, e por uma parte do consumo interno, através de empresas como a Friboi e a Sadia. Segundo dados do IBGE, cerca de 30% do PIB brasileiro são produzidos no campo, seja na agricultura propriamente dita, seja na indústria que processa os alimentos para os consumidores.

O proletariado rural brasileiro é formado por cerca de 5 milhões de trabalhadores, incluindo desde os que estão no agronegócio altamente mecanizado até os boias-frias, que não têm direitos trabalhistas e que trabalham somente em parte do ano, na época das colheitas. Pelas suas características de dispersão e isolamento, exigem métodos diferenciados de luta, paralelos ao sindicalismo tradicional.

Por outro lado, grande parte da comida dos trabalhadores – cerca de 70% – é produzida por camponeses (pequenos proprietários rurais). Muitas vezes, a sua produção é comprada a preços artificialmente baixos por empresas, como a Parmalat e a Souza Cruz, que usam a forma de “cooperativas de produtores” para disfarçar essa relação. E é o preço exageradamente baixo dos produtos dos camponeses que garante que a burguesia das cidades possa pagar salários tão baixos aos seus empregados.

Além dessas formas, existe ainda uma série de relações pré-capitalistas, como o trabalho escravo e a parceria. Essas formas, além de impedirem qualquer desenvolvimento humano dos trabalhadores, ainda fazem com que os latifundiários se desinteressem de investir e modernizar a produção, porque elas custam muito pouco. Muitas vezes são usadas pelos próprios donos de modernas empresas do agronegócio. Por exemplo, a maioria dos casos de trabalho escravo é na pecuária bovina.

A maioria do campesinato brasileiro (atualmente cerca de 12 milhões de pessoas) tem uma quantidade de terras insuficiente, que garante apenas a própria subsistência. Por isso, a questão da terra tem um papel central nas suas lutas. E, pelo papel que tem na superexploração dos trabalhadores urbanos, a opressão dos camponeses é uma questão chave da revolução brasileira.

Revolução por Etapas ou Revolução Permanente?

Diferente do MST, a Liga dos Camponeses Pobres, ligada ao Sendero Luminoso, tem uma posição contra a institucionalidade, e a favor da revolução agrária. Mas eles têm uma visão unilateral da questão. Para eles, a revolução agrária é o epicentro da revolução brasileira, que teria um caráter democrático e nacional. Ou seja, a revolução agrária seria o motor da revolução burguesa no Brasil, contra a “semifeudalidade” no campo.

Essa teoria da semifeudalidade foi copiada do Sendero Luminoso que, por sua vez, copiou do PC Chinês, que copiou da Terceira Internacional. Nos anos 1920, a IC não tinha estudado em profundidade as relações sociais no campo dos países atrasados, e enfiou o rótulo de “semi-feudal” em tudo o que eles não conheciam.

Mais tarde, quando Stálin voltou a usar a tese menchevique da “revolução por etapas”, isso caiu como uma luva. Onde houvesse latifúndio, os stalinistas diziam que era necessária toda uma etapa burguesa antes da luta “ininterrupta” pelo socialismo. A idéia de “revolução democrática ininterrupta até o socialismo”, na formulação clássica de Stálin em seu livro Fundamentos do Leninismo, significa que devemos “esgotar a revolução democrática” antes de partir para a luta pelo socialismo. Quer dizer, frear a luta do proletariado até que todas as terras estejam expropriadas e que o imperialismo tenha sido expulso do país. A experiência mostra que, antes da revolução agrária chegar a um ponto muito avançado, a burguesia recorre a golpes militares e ao fascismo. E, nesse momento, já é preciso a intervenção da classe operária para tomar o poder.

Toda a história do golpe de 1964 no Brasil funcionou assim, motivada principalmente pela reação da burguesia nacional às Ligas Camponesas e às pálidas medidas nacionalistas de Jango. Em todos os países do mundo se aplica plenamente a Teoria da Revolução Permanente: ou seja, o proletariado deve tomar o poder, dirigindo as camadas médias trabalhadoras, incluindo os camponeses. Ou então, não pode haver revolução vitoriosa. Não existe mais espaço no mundo para uma revolução que não seja socialista, isso é, proletária. Os dez por cento de operários dirigiram a Revolução Russa. Os 30 milhões de proletários produtivos do Brasil (incluindo os proletários rurais) – um terço da força de trabalho – vão dirigir a revolução brasileira!

A Questão Agrária na História do Brasil

Na América Latina, a estrutura social da época da colônia é o escravismo colonial, analisado pelos marxistas Jacob Gorender e Ciro Flamarion Cardoso, entre outros. Foi um novo modo de produção, baseado no trabalho escravo e na produção de mercadorias em latifúndios monocultores para a exportação. Isso é chamado de sistema de plantagem. Complementares a ele, existiam uma agricultura e uma pecuária de camponeses dependentes (moradores), garantindo o pequeno mercado interno.

Esse modo de produção acabou não a partir da divisão das terras (como o feudalismo), e sim pela penetração das relações capitalistas no campo através do mercado mundial. No caso do Brasil, o vetor disso foi o café. E o trabalho imigrante foi importado para fazer essa substituição, o que mostra como a questão da terra e o racismo estão ligados no Brasil.

Quando a Inglaterra proibiu o comércio negreiro (para criar mercados consumidores de assalariados), a agricultura capitalista foi substituindo lentamente a escravidão. As formas pré-capitalistas existentes foram não o resultado da decomposição do feudalismo (que nunca existiu), e sim formas de transição para o capitalismo.

Tanto foi assim que havia muitos poucos escravos no dia 13 de maio de 1888. Não é possível falar mais profundamente disso nesse artigo, mas a derrota da ala radical do abolicionismo (que pregavam uma revolução agrária feita pelos escravos, como aconteceu no Haiti em 1792), encabeçada por Luiz Gama e Antônio Bento, abriu o caminho para o compromisso entre a burguesia nascente e o latifúndio.

As novas relações de produção surgidas após a Abolição eram variadas. Entre elas havia desde formas de capitalismo atrasado – como o colonato, nas fazendas de café, em que os trabalhadores eram pagos abaixo do preço da força de trabalho, o que os obrigava a se endividarem ao ponto de não poder sair da fazenda e o foro, onde os trabalhadores pagavam uma renda em dinheiro para usar a terra, o que podia ser combinado com exploração através da corveia (dias de trabalho forçado nas terras do latifundiário. Mas, além disso, havia formas de renda em produto tipicamente pré-capitalistas, como a parceria, em que o trabalhador dava um terço (a terça) ou metade (a meia) da produção para o dono da terra.

Todas essas formas eram complementares ao capitalismo e, com a superexploração, garantiam uma acumulação de capital mais rápida.

Depois da Abolição, a estrutura dual do campo, herdada do escravismo, permaneceu. Enquanto o latifúndio foi, aos poucos, sendo transformado em capitalista, a pequena propriedade permaneceu produzindo a maioria dos alimentos para o povo. Por isso, no período da República Velha (1889-1930), o Brasil tinha um Estado burguês, nascido com a República, mas o capitalismo ainda era um modo de produção subordinado. Isso só mudou nos anos 1930, na Era Vargas, onde a industrialização colocou o capitalismo como modo de produção dominante, mas sem destruir a estrutura agrária atrasada. O campo serviu como instrumento para realizar a mais-valia, como demonstrado por Rosa Luxemburgo, em Acumulação do Capital.

Na época da ditadura é que realmente o campo brasileiro se tornou predominantemente capitalista, através da política de “modernização do campo”.

Logicamente, isso não afetou a estrutura dual no campo (o que só poderia ser feito por uma revolução agrária), que se mantém porque tem custos tão baixos que impedem o desenvolvimento técnico, além da interpenetração entre burguesia e latifúndio, através da especulação com as terras e o uso das formas pré-capitalistas para acelerar a acumulação.

Agora que o capitalismo entrou em decomposição (desde os anos 1970), ele não tem mais forças para acelerar a destruição dessas relações atrasadas. Pelo contrário, elas têm crescido cada vez mais, no campo, e na cidade, o que é um prenúncio da barbárie.

Guerra Popular ou Insurreição Urbana?

A partir da caracterização do Brasil como semifeudal, a LCP e o maoísmo em geral tiram a política da guerra popular prolongada como a forma da nossa revolução.

No texto Pode o Poder Vermelho se Estabelecer na China?, de 1926, Mao Tse-Tung analisou em detalhe quais condições específicas do campo chinês permitiam a formação das Zonas Liberadas, que são a base de estratégica e de massas para a guerra popular. As condições mais importantes foram a desagregação do país, em que cada região estava sob controle de um senhor de terras, sem poder estatal central, o que facilitava a criação de um Exército Vermelho local. E o fato de que o campesinato, por causa do modo de produção asiático em decomposição (que Mao chamava de semifeudalismo), poderia estabelecer regiões autossuficientes economicamente.

Estas condições não existem no Brasil de hoje, assim como não existiam no Peru dos anos 1980 (o que levou o Sendero Luminoso à derrota). O campo é ligado pelos meios de transporte com as cidades, existe um Estado forte para reprimir desde o tempo do Império, até mesmo na Amazônia (o que levou à derrota o PCdoB, quando esse partido era maoísta, durante a Guerrilha do Araguaia), não pode haver autossuficiência econômica, pelo fato da agricultura brasileira sem principalmente para exportação e para o consumo urbano.

Assim, a luta camponesa no Brasil, ao recorrer à luta armada (o que já está acontecendo), precisa utilizar formas de autodefesa de massas, ligadas aos movimentos sociais. O próprio MST (mesmo negando), o MTL e o MLST fazem isso. Isso é muito diferente do foquismo, que foi o que quase toda a esquerda fez nos anos 1960, e que era ir pra luta armada sem se basear nos movimentos camponeses (ou pior, fazer guerrilha urbana).

Ao mesmo tempo, é impossível a vitória da luta armada no campo sem uma insurreição urbana, que termine de estraçalhar o Estado burguês. Por isso, a estratégia do Coletivo Lênin é criar um Partido Revolucionário dos Trabalhadores, com maioria de mulheres e negros, que dirija essa insurreição, combinando uma greve geral de massas com o levante dos movimentos populares e de favelas, através da organização de autodefesas nas periferias. Esse é o verdadeiro caminho para a revolução no Brasil!

As Tarefas da Revolução Agrária no Brasil

Por isso, a revolução agrária no Brasil não se limita a dividir a terra. É necessário, sim, nacionalizar as terras do latifúndio (para impedir que elas sejam compradas e concentrem de novo), e deixá-las na mão de quem nelas trabalha, incluindo os quilombos e as reservas indígenas. Ao mesmo tempo, no agronegócio, é necessário levantar a palavra de ordem anticapitalista de controle das empresas pelos trabalhadores, e reconversão ecológica da produção. Isso só é possível numa economia planificada, e sob um governo direto dos trabalhadores!

A questão ecológica tem sido claramente colocada por grupos como o MAB (Movimento por Atingidos por Barragens, ligado ao MST), pautando a luta contra o modelo energético baseado nas hidrelétricas, contra o monopólio das sementes através dos transgênicos, e contra a monocultura de exportação. Isso tem um conteúdo diretamente anticapitalista, atacando empresas como a Monsanto e a Aracruz Celulose. Devemos formular palavras de ordem transitórias adaptadas e essa questão, gerada pela decomposição do capitalismo.

Além disso, é necessário fundir as lutas camponesas, que incluem os quilombolas, com as do movimento indígena, aprofundando o seu caráter antirracista. Não dá para discutir mais profundamente a questão camponesa nesse artigo, mas ela passa não só pela terra, mas também pelo autogoverno dentro do futuro Estado Operário e da preservação da sua cultura e língua, integradas à cultura ocidental capitalista e às outras culturas dos povos oprimidos.

Nas terras ocupadas, devemos defender que elas sejam exploradas coletivamente, mas sem proibir os camponeses de mantê-las individuais, se quiserem. Como disse Trotsky, no Programa de Transição: “A participação prática dos camponeses explorados no controle dos diversos campos da economia permitirá aos próprios camponeses decidir sobre a questão de se saber se convém ou não passar ao trabalho coletivo da terra, em que prazos e em que escala.”

Por uma política comunista no movimento camponês! Por um governo direto dos operários e camponeses!

A questão camponesa sempre foi explosiva no Brasil. Desde os quilombos (que criavam comunidades camponesas à margem da escravidão), passando por Canudos, a Guerra do Contestado, a República Democrática e Popular de Trombas e Formoso, etc. Atualmente, podemos dizer que o campo brasileiro vive num estado de guerra civil intermitente, entre as forças da revolução e da contrarrevolução. A CPT fez a seguinte tabela com os conflitos e mortes no campo nos últimos dez anos:

Sendo que 72% das mortes na Amazônia (principalmente no Pará, onde a crise é mais aguda, junto com o Pontal do Paranapanema e com Minas Gerais), e mais da metade ligados à questão indígena.

Nesta guerra civil, temos um lado: apoiar o movimento camponês incondicionalmente. E fazer isso é se apoiar nos camponeses pobres (sem terras ou apenas com terras necessárias à sua subsistência e sem empregados), levando a luta de classes a destruir a falsa unidade do campesinato. Engels, em seu texto A Questão Camponesa na França e na Alemanha, disse que para os comunistas é mais importante do que ganhar um camponês rico ganhar os seus empregados. Porque o nosso objetivo não é partir as terras, e sim coletivizá-las.

Infelizmente, as correntes que se reivindicam marxistas revolucionárias e/ou trotskistas no Brasil sempre ignoraram a questão camponesa, como foi o caso da LCI nos anos 1920, do PSR nos anos 40, da POLOP (que chegava a dizer que o movimento camponês era reacionário), e da OSI e seus precursores, nos anos 1970, antes da corrente O Trabalho destruir essa organização. As exceções, como o PORT e o PCBR, sempre tiveram uma política muito próxima do stalinismo. Por isso, a melhor forma de acompanhar o debate sobre o tema é estudar os vários movimentos camponeses.

Entre as diversas correntes do movimento, o MST, fundado em 1984, é a maior que já existiu. Nem mesmo as Ligas Camponesas (1955-1964), que tinham um programa e métodos mais radicais, chegaram a ter a amplitude do MST. Por isso, ele é o maior alvo. Infelizmente, a integração do MST à Frente Popular no governo, assim como do MTR e da CONTAG, através do INCRA, tem levado o movimento a frear muitas lutas. Por isso, ele tem perdido cada vez mais seu papel principal, que teve desde os anos 1990.

Depois dele, a LCP tem sido muito perseguida, por defender abertamente a necessidade da luta armada. Mais à esquerda, o MTL (ligado ao PSOL) e o MLST (ligado à corrente Brasil Socialista, o antigo PCBR) são oposição ao governo de Lula com a burguesia. Eles coletivizam as terras em seus assentamentos, sem dividi-las ou usar cooperativas. A posição dessas correntes é mais correta nesses pontos.

Entre os camponeses, os movimentos assumem facilmente a forma de “frentes de massas” das respectivas organizações políticas, destruindo a possibilidade do debate e do controle pela base. Para nós, sob a hegemonia do proletariado, o campesinato pode aceitar formas de democracia socialista. Por isso, em vez de dizer que é necessário criar um movimento camponês com nosso programa, defendemos a mais ampla democracia socialista em todos eles, e a sua unidade na ação. Nesse contexto, defendemos, em todos eles, nossa política de oposição classista ao Governo de Lula com o agronegócio e nosso programa anticapitalista.

Por isso, é necessário dar um combate político dentro da luta pela terra. Isso exige a formação do PARTIDO REVOLUCIONÁRIO DOS TRABALHADORES, formado em sua maioria por mulheres e negros – historicamente excluídos do acesso à terra. Só um partido assim pode avançar na REVOLUÇÃO AGRÁRIA, criando AUTODEFESAS DE MASSAS, na luta pela criação de um GOVERNO DIRETO DOS PROLETÁRIOS E CAMPONESES, através de suas assembleias de luta.

Venezuela & the Left

Marxism & the ‘Bolivarian Revolution’

Venezuela & the Left

Originally published in 1917 No. 30, April 2008, by the then revolutionary International Bolshevik Tendency (IBT). Copied from http://www.bolshevik.org/1917/no30/no30-Venezuela.html.

In January 2007, shortly after winning re-election, Venezuelan President Hugo Chávez declared: “We’re moving toward a socialist republic of Venezuela” (Guardian [London], 10 January 2007). The National Assembly then passed an “enabling law” granting the president authority to issue decrees. In December 2007, Chávez suffered a major setback when his plan to amend the country’s constitution in a “socialist” direction was narrowly defeated in a national referendum. Chávez has since promised to slow the pace of change, yet the so-called “Bolivarian Revolution,” which has mobilized millions of workers and poor people and excited many of the world’s ostensibly “Marxist” organizations, has always stood for the preservation of capitalist property.

Hugo Chávez, who was first elected president of Venezuela in December 1998, heads a state apparatus organically tied to defense of the capitalist social order. His advocacy of “socialism” reflects a distance from the ruling bourgeois oligarchy that allows him to contain the mass plebeian unrest that has periodically shaken Venezuelan society. Chávez is hardly the first left-wing “strongman” to come to power in a neo-colony. When he was assassinated in August 1940, Leon Trotsky, the great Russian revolutionary, had been working on an article that dealt with this phenomenon:

“The governments of backward, i.e., colonial and semi-colonial countries, by and large assume a Bonapartist or semi-Bonapartist character; and differ from one another in this, that some try to orient in a democratic direction, seeking support among workers and peasants, while others install a form close to military-police dictatorship. This likewise determines the fate of the trade unions. They either stand under the special patronage of the state or they are subjected to cruel persecution. Patronage on the part of the state is dictated by two tasks which confront it. First, to draw the working class closer thus gaining a support for resistance against excessive pretensions on the part of imperialism; and, at the same time, to discipline the workers themselves by placing them under the control of a bureaucracy.”
—“Trade Unions in the Epoch of Imperialist Decay,” 1940

The recently defeated constitutional reform package was advertised by Chávez as setting a course “headed straight towards socialism” (Economist, 16 August 2007). The right-wing opposition and its imperialist mentors denounced “Cuban-style communism” and claimed that the proposal to remove presidential term limits proved that Chávez intended to be “president for life.”

Some of the proposed constitutional amendments, like reducing the workweek, extending pension coverage and prohibiting discrimination on the basis of health status or sexual orientation, were supportable. It is significant that there was no proposal to decriminalize abortion, access to which remains severely restricted. Other “reforms” were anti-democratic—including the removal of a 180-day limit on presidential “state of emergency” declarations, and raising the number of signatures required for a recall referendum from 20 to 30 percent of the electorate. Another amendment guaranteed capitalist property. Taken as a whole, the constitutional reform package was unsupportable.

A “yes” vote in the referendum was an endorsement of Chávez’s brand of bonapartist reformism. Yet the most deadly opponents of workers and the oppressed mobilized heavily for a “no” vote. In this situation, the appropriate tactic for revolutionaries was to advocate a spoiled ballot as an expression of hostility to the imperialist-backed opposition and no political support to the bourgeois Bolivarian regime.

Millions of Venezuelans who had previously backed Chávez came to this conclusion and refused to vote. Some may have been discouraged by the high-profile defection of General Raúl Isaías Baduel, who had played a key role in restoring Chávez after the reactionary coup of April 2002. Others were undoubtedly affected by the low-intensity sabotage campaign by rightist elements. But it seems that most workers who stayed home did so because they were suspicious of the anti-democratic political “reforms” and Chávez’s commitment to defending the prerogatives of the big capitalists.

Alan Woods, leader of the International Marxist Tendency (IMT) whose Venezuelan affiliate is the Revolutionary Marxist Current (CMR), argued for “completing the Revolution” with “a massive ‘Yes’ vote in the referendum” (Marxist.com, 20 November 2007). Woods was upbeat about proposals that would have allowed the president to create new sub-national political jurisdictions to bypass state governments controlled by hostile forces.

Chávez had also proposed various grassroots institutions with limited decision-making authority. The centerpiece was to be a massive expansion of the “communal councils” of between 200 and 400 families in urban areas. In January 2007, Chávez announced that the several thousand communal councils already in existence would receive $5 billion in government funding, up from $1.5 billion the year before. The councils, which tend to have a heavily plebeian character, incorporate a variety of pre-existing formations:

“[T]he Bolivarian Circles, the Local Public Planning Committees, the UBEs [Electoral Battle Units] and the CTUs [Urban Land Committees] were all vehicles for popular mobilisation and participation which flourished to varying degrees in the early to mid 2000s, as the Bolivarian revolution developed. But they seem to have been superseded or subsumed by the rise of the communal councils, which have become the predominant structures for people power in Venezuela at present.”
—Venezuelanalysis.com, 10 October 2007

Chávez’s suggestion that the communal councils could form the core of a new state apparatus delighted many of his “Marxist” admirers, even though it is generally acknowledged that they are not genuine organs of proletarian power. The New Zealand section of the International Socialist Tendency (IST), for instance, which claims that there is “a dual power scenario in Venezuela,” admits that “these councils are not the same as the workers’ soviets of 1917 Russia” (“Venezuela’s deepening revolution & international socialist coordination,” 1 May 2007).

The British Workers Power group, which in the February 2007 issue of its paper had observed that the communal councils “lack the class independence of soviet-type bodies and they are not the source of the state power but a ‘participatory’ and subordinate creation of it,” subsequently flipped its position:

“…the large, partially armed, popular militia, the new communal councils, the minority of factories under some degree of workers control, the cooperatives, all show that there are important elements of dual power existing between the workers’ new organisations and the institutions of the capitalist state. A revolutionary period has begun, but the revolution, that is the overthrow of this state, has not yet occurred.”
Workers Power, September 2007

Workers Power’s initial assessment was closer to the mark. Far from creating a situation of “dual power” or prefiguring a socialist republic, the communal councils are multi-class formations whose chief function is to strengthen Bolivarian bonapartism by tying the popular masses to the capitalist state via the presidency.

Bolivarian ‘Socialism’: Cooperatives & Co-Management

Chávez’s leftist supporters are inclined to interpret the expansion of cooperative micro-businesses and the state sector as evidence of the emergence of “socialist” property. When Chávez first took office there were fewer than one thousand co-ops; today there are tens of thousands, employing hundreds of thousands of people previously excluded from the formal sector of the economy. The government provides start-up capital in the form of loans and encourages “endogenous” networking with other cooperatives and the quasi-independent government-backed Bolivarian social “missions.” The results have been mixed:

“Experience has shown how difficult it is to decree such experimental changes in people’s lives from above. The government placed the number of cooperatives at 140,000 in 2006, but this year the Ministry of the Popular Economy announced that it counted only 74,000. Worse yet, a more recent census indicated only 48,000. Many cooperatives never got off the ground, and in other cases, cooperative members pocketed the money they received from loans or the down payments for contracts. One pro-Chávez congressman admitted, ‘Up until now, no one can say the cooperative program has been successful. In fact, there is little to show considering all the money that has been spent.’”
—Venezuelanalysis.com, 28 August 2007

Many cooperatives have failed, while those that have succeeded have done so as tiny capitalist enterprises which have figured out how to turn a profit. Cooperative workers, as “owners” of marginally-viable micro-businesses, often earn less than the minimum wage. Some big companies have opted to outsource work to cooperatives rather than expand their unionized workforce.

In the countryside, the government has distributed almost two million hectares of state-owned land to over 150,000 poor peasants who in many cases belong to farming cooperatives. More than 300,000 hectares of privately-owned “under-utilized” land have also been taken over, while big landowners using their land “productively” have not been touched (Venezuelanalysis.com, 26 March 2007).

Workers in some urban cooperatives are involved in “co-managing” their companies with the owners or government bureaucrats. Some leftists have interpreted this as a form of “workers’ control of industry,” which it is not. Genuine workers’ control is characterized by dual power in the workplace, not institutionalized class collaboration. It tends to develop in pre-revolutionary situations and constitutes what Trotsky called a “school for planned economy.”

Two of Venezuela’s most celebrated examples of “nationalized” companies under co-management are Invepal and Inveval—private enterprises whose owners participated in the December 2002-January 2003 bosses’ lockout against Chávez. Hundreds of enterprises went out of business due to the lockout and hundreds of thousands of workers were thrown out on the street as a result, but very few companies have been taken over by the state. Invepal (then known as Venepal) owed its workers back wages, while Inveval (then known as Constructora Nacional de Válvulas) declared bankruptcy. In 2005, the government agreed to purchase the facilities after workers demanding nationalization occupied the premises.

At Inveval, a valve factory dependent on contracts with the state oil company, Petróleos de Venezuela Sociedad Anónima (PDVSA), the employees’ cooperative has a 49 percent stake, and a factory council elected by a workers’ assembly runs the operation. Yet the company, which operated at only 10 percent capacity in 2007, remains subject to market fluctuations. One factor in this was a decision by PDVSA officials to renege on signed deals (Venezuelanalysis.com, 27 July 2007).

In February 2006, workers at Inveval launched the Revolutionary Workers Front of Co-managed and Occupied Factories (FRETECO), which includes representatives from a dozen or so other companies. The project has received little support from the leadership of the National Workers Union (UNT—the main union federation) and is further handicapped by its leaders’ political loyalty to the government. The IMT reported on a FRETECO meeting in October 2006 presided over by CMR supporter Jorge Paredes:

“The gathering was officially opened at 6pm by Jorge Paredes, worker and president of Inveval, who welcomed all those present. Amongst the invited guests were representatives from the Ministry of Labour, Julio Barba from the Ministry of Light Industry and Commerce, as well as the former Minister of Environment Ana Elisa Osoria who expressed a keen interest in the struggle of the workers in occupied factories.”
—Marxist.com, 17 October 2006

The meeting concluded “with all workers and invited guests singing the Venezuelan national anthem.”

Invepal is a paper mill in Carabobo state where the government also handed a 49 percent ownership share to the employees’ cooperative. The experiment in co-management turned ugly when work was contracted out at the company’s Maracay operation:

“Required by the government to prove himself in running the company, the newly elected president employed contracted management which then proceeded to hire contract workers whose conditions were much worse than ‘worker-owners.’ The massive protests within the factory in reaction to this resulted in equally massive firings: 120 workers were fired in November 2005. They are still manning the barricades 11 months later.”
—Venezuelanalysis.com, 25 October 2006

In February 2005, workers’ assemblies were permitted to elect managers at the state-owned aluminum firm, Alcasa, although the president of the company was appointed by Chávez. The workers have apparently disappointed their Bolivarian benefactors. Alcasa’s “revolutionary” spokesperson, Alcides Rivero, recently complained of “a culture where workers only worked to get money” (Venezuelanalysis.com, 30 October 2007).

The situation at the “co-managed” state electrical company Cadafe is even more tense. According to one observer, there are:

“…bitter experiences in the struggle for co-management, such as in the electricity industry. It wasn’t that electricity workers no longer wanted co-management, but that they no longer raise it ‘because of the huge fight they had against the management of [state-run company] Cadafe. The management of Cadafe went out of its way to sabotage and defeat moves to introduce co-management. If you go to most workers in the electrical sector and even mention the word co-management, it sends a shiver down their spines.’ [Federico] Fuentes said the workers still raise the concept of workers’ participation, but no longer talk of co-management specifically.”
Green Left Weekly, 2 August 2007

Yet even these limited experiments with co-management are exceptions to the rule. Chávez briefly threatened to take over Siderúrgica del Orinoco (Sidor), one of Latin America’s largest steel companies, which had laid off thousands of workers when it was privatized in 1998. In May 2007, when workers demanding re-nationalization blockaded the entrance, Sidor management responded by offering to increase production of metal piping for the domestic market. Chávez accepted the proposal and agreed to allow the Argentine Techint Group and its partners to retain their 60 percent share of the firm. Earlier this year, 14,000 permanent and contract Sidor workers went on strike for a wage hike and the payment of outstanding pension contributions. The Ministry of Labor, perhaps in recognition of the company’s previous cooperation, intervened with a request that the workers reduce their demands by half (Venezuelanalysis.com, 2 February).

Chávez also refused to nationalize Sanitarios Maracay, a ceramics factory that workers occupied for six weeks in early 2006 and then again later that year when the owner decided to close the plant. The workers responded by electing a factory council to keep the operation running. In April 2007, Sanitarios workers on their way to a FRETECO rally in Caracas were assaulted by police and National Guard forces. Twenty-one people were arrested and 14 were injured by buckshot. A month later, 3,000 UNT workers in the state of Aragua staged a one-day strike to protest this outrage.

In August 2007, Humberto Lopez, a former UNT leader at Sanitarios, led a group of white-collar employees and company supervisors who seized the plant and deposed the factory council. They made a deal with the owner, under the auspices of the Ministry of Labor, which returned the factory in exchange for an agreement to pay back wages to the workers. A system of co-management was introduced with a commission of 13: three from the Ministry of Labor and five each representing the workers and the owner (Venezuelanalysis.com, 18 August 2007).

Significantly, the government did not introduce “co-management” in Compañia Anónima Nacional Teléfonos de Venezuela (CANTV), one of its two major acquisitions in 2007. CANTV, Venezuela’s main telecommunications company and largest private enterprise, which had been privatized in 1991, was purchased back for $1.3 billion. The government also “nationalized” Caracas’ electrical utility, Electricidad de Caracas, by having PDVSA purchase the 82 percent share held by AES Inc. of Arlington, Virginia for $739 million.

‘Re-nationalizing’ Venezuela’s Oil Assets

Venezuela’s oil industry was nationalized in 1976, but in the 1990s lucrative exploration and production rights were handed out to the petroleum multinationals. Under “Operating Services Agreements” (OSAs) the foreign oil companies did not buy and sell crude, but merely acted as “contractors” rendering “services” to PDVSA (which retained nominal ownership of the oil). According to Rafael Ramirez, Venezuela’s energy minister, the “fees” paid to these “contractors” just happened to be linked to world oil prices, and the companies thereby avoided paying the 50 percent tax rate on oil profits.

Chávez ended this arrangement by converting the OSAs into “mixed enterprises” in which PDVSA holds a majority share. The royalty rates were raised and many former “contractors” were charged back taxes. Despite some grumbling, most of the foreign multinationals ultimately agreed to the new terms.

Turning the OSAs into “mixed enterprises” was merely the first step in what Chávez called the “re-nationalization” of Venezuela’s oil. On May Day 2007, the president announced the “re-nationalization” of what is thought to be hundreds of billions of barrels of extra-heavy crude oil in the Orinoco region. France’s Total, Norway’s Statoil, Chevron and British Petroleum agreed to sell part of their stake in the Orinoco Belt to PDVSA, while U.S. conglomerates ExxonMobil and ConocoPhilips, which resisted the takeover, had their investments (estimated at $750 million and $4.5 billion respectively) expropriated. They have appealed to the International Center for Settlement of Investment Disputes (ICSID), an agency of the imperialist World Bank. In February, ExxonMobil obtained temporary court orders freezing $12 billion in PDVSA assets in Britain and the Netherlands pending the ICSID’s ruling (Venezuelanalysis.com, 8 February).

Most multinationals decided to go along with the “re-nationalization” because they can reap enormous profits. To diversify foreign participation in developing the resources of the heavy crude of the Orinoco Belt, the government has secured investments from Brazil, China, Iran and Russia. The Chávez regime has made it clear that it favors foreign ownership of a significant portion of its oil industry, as long as PDVSA maintains majority control and applicable taxes and royalties are paid.

While Marxists certainly defend the right of every neo-colony to control its natural resources, Chávez’s “re-nationalization,” which has amply compensated the oil majors, hardly constitutes a blow against international capitalism. There is nothing inherently “anti-imperialist” about nationalized oil companies, as the New York Times (10 April 2007) observed:

“During the last several decades, control of global oil reserves has steadily passed from private companies to national oil companies like Petroleos de Venezuela [PDVSA]. According to a new Rice University study, 77 percent of the world’s 1.148 trillion barrels of proven reserves is in the hands of the national companies; 14 of the top 20 oil-producing companies are state-controlled.”

The “anti-imperialist” hue of Chávez’s oil policies derives largely from the attempt to reduce dependence on the U.S. market, which currently absorbs half of Venezuela’s petroleum exports. In an era of dwindling and uncertain oil supplies, Venezuela’s estimated 300 billion barrels of light and heavy crude is a significant prize. It is possible that current calculations may considerably understate the country’s reserves. Investigative journalist Greg Palast claims that an internal report of the U.S. Department of Energy suggests that Venezuela might actually possess 1.36 trillion barrels of oil (ZNet.com, 24 May 2006). If this is true, it would make Venezuela the single most important source of petroleum on the planet and vastly increase its strategic importance.

Washington is concerned about Venezuela’s growing influence within the Organization of Petroleum Exporting Countries (OPEC). Iranian President Mahmoud Ahmadinejad, who, like Chávez, is high on U.S. imperialism’s list of enemies, joined the Bolivarian leader in blaming rising oil prices on the weak U.S. dollar (New York Times, 19 November 2007). In September 2007, Chávez ordered PDVSA “to convert its investment accounts from dollars to euros and Asian currencies” (New York Times, 30 November 2007). Iran has long campaigned for OPEC to begin pricing oil in euros rather than dollars, a move that would considerably accelerate the deterioration of America’s international position.

Wriggling Out of Uncle Sam’s Grip

Chávez’s success in loosening Washington’s hold can be attributed to three factors: rising oil prices, which have both filled government coffers and enhanced Venezuela’s geo-strategic importance; the regime’s relative independence from the elements of the national bourgeoisie most closely aligned with Washington; and the American military’s diminished capacity for intervention in Latin America while it is bogged down in Iraq.

In May 2007, Venezuela announced its intent to withdraw from the World Bank and International Monetary Fund, two key mechanisms of U.S. imperial control in the hemisphere. The IMF’s influence in Latin America has recently declined dramatically:

“IMF lending in the area has fallen to $50 million, or less than 1 percent of its global portfolio, compared with 80 percent in 2005.”

“The international lender’s worldwide portfolio has shriveled to $11.8 billion from a peak of $81 billion in 2004, and a single nation, Turkey, now accounts for about 75 percent.”
—MiamiHerald.com, 1 March 2007

In August 2007, Chávez announced that Venezuela would purchase $1 billion worth of Argentine bonds:

“With Argentina wanting to diversify its sources of financing after its 2001 debt default, Mr Chávez has stepped in, buying bonds totaling $4.7 billion before the latest purchase. With his help ‘Argentina is freeing itself from Dracula, it’s breaking the IMF’s chains,’ Mr Chávez said.”
Economist, 9 August 2007

Chávez played a key role in launching the Banco del Sur (Bank of the South) to replace the IMF with a fund of $7 billion to promote regional infrastructure as well as research and development. The Banco del Sur was officially launched in December 2007 at a signing ceremony in Buenos Aires attended by representatives of Argentina, Bolivia, Brazil, Ecuador, Paraguay, Uruguay and Venezuela. The Associated Press (9 December 2007) reported that Augusto de la Torre, the World Bank’s chief economist for Latin America, claimed that “this new initiative is not perceived as a competitor,” but that is clearly what Chávez intends.

The Banco del Sur and Venezuela’s Argentine bond purchases complement the “Bolivarian Alternative for the Americas” (ALBA), an initiative to promote Latin American cooperation launched in 2004 by Chávez and Fidel Castro to compete with the imperialist Free Trade Area of the Americas (FTAA) project. Under ALBA, Cuba provides medical services to hundreds of thousands of Venezuelans in exchange for oil. In April 2006, Bolivia’s newly-elected president, Evo Morales, decided to join ALBA:

“Mr Morales has said that Venezuela has promised aid totaling $2 billion (or more than 20% of Bolivia’s GDP) since he took office. Venezuela has bought $100m of Bolivian government bonds; it has also given a loan for farming, and 5,000 grants for Bolivians to study in Venezuela.

“In April, Mr Morales signed a ‘Peoples’ Trade Treaty’ with Mr Chavez and Fidel Castro, Cuba’s communist president. Under this, Venezuela is to swap 200,000 barrels a month of subsidised diesel fuel for 200,000 tonnes a year of Bolivian soya. Cuban doctors and teachers, probably paid for by Venezuela, have already started to work on health and literacy programmes in Bolivia; Cuba is also donating medical equipment.

“‘Only in Cuba and Venezuela can we find unconditional support,’ said Mr Morales recently. He complained of ‘blackmail and threats’ from ‘other countries’. That seemed to be a reference to the United States, which has linked much of its aid to its ‘war on drugs’ and coca eradication.”
Economist, 8 July 2006

Shortly after being sworn in as Nicaraguan president in January 2007, Sandinista leader Daniel Ortega announced that his country would also join ALBA. Within a few weeks Venezuela had:

“…already agreed to forgive more than $30 million in Nicaraguan debt, provide more than two dozen generating plants to alleviate an electricity shortage and open an office of Venezuela’s development bank in Managua to offer low-interest loans to small businesses.”
New York Times, 24 February 2007

At an April 2007 ALBA summit in Caracas, plans were developed to promote healthcare, education and economic development in the region:

“Chávez also proposed the idea of the construction of a petrochemical plant in Haiti, along with an oil refinery to refine the crude sent from Venezuela. He also proposed the construction of refineries in Nicaragua, Ecuador, Bolivia, Dominica, and Cuba. Chávez also said his government has plans to sell the seven refineries that it owns in the United States and to build a new network of refineries in Latin America.”
—Venezuelanalysis.com, 30 April 2007

Caracas and Buenos Aires have:

“…agreed to build a plant in Argentina that will turn liquid natural gas from Venezuela into usable gas. The plant will allow Venezuela to send liquid gas to Argentina by ship, a shift in strategy for Mr. Chavez as discussions for a natural gas pipeline from Venezuela via Brazil have bogged down.

“The gas conversion plant would be a joint project between Venezuela’s state oil company, Petroleos de Venezuela, and the Argentine state oil company, Enarsa.”
New York Times, 7 August 2007

Venezuela is also seeking to strengthen economic ties with Russia. Russian Foreign Minister Sergey Larov indicated that state-owned Gazprom was studying the possibility of forming a joint company with PDVSA to undertake natural gas and oil projects, while Russia’s vice president, Alexander Zhukov, acknowledged interest in future South American pipeline projects:

“Zhukov emphasized the potential prospects in the construction of the Gas Pipeline of the South. This project, promoted by the Venezuela president, would be the construction of a 10,000-kilometer natural gas pipeline from Venezuela through the Brazilian Amazon and extending south to Argentina. Its estimated cost would be around US$ 23 billion, and would transport 150 million cubic meters of Venezuelan gas per day from the Caribbean Sea to Argentina.”
—Venezuelanalysis.com, 23 October 2007

In 2006, Venezuela, Syria and Iran signed an agreement “to build a $1.5 billion oil refinery in Syria” (New York Times, 2 November 2006). In July 2007, the Iranian and Venezuelan governments began construction of a $700 million petrochemical plant near Tehran, with plans for an identical facility in Venezuela. A joint automobile company, Venirauto, is already in business. The first 300 units rolled off the assembly line in Caracas in July 2007, though the plan is to produce 25,000 cars annually by 2010:

“The company Venirauto, which is 51% Iranian and 49% Venezuelan, is producing two different models. The first model, the Turpial at a price of Bs. 17 million (US$7,906), is a 4-door sedan based on the old Kia Pride model. The second is the Centauro, at a price of Bs. 23 million (US$11,069), and is based on the Peugeot 405 given that the French firm is the main supplier of engines and technology to the Iranian company.”
—Venezuelanalysis.com, 10 July 2007

Venezuela and Iran have signed deals worth approximately $17 billion, a collaboration Chávez celebrated by grotesquely designating Iran’s Ahmadinejad “one of the greatest anti-imperialist fighters” (Associated Press, 28 September 2007).

Venezuela has also strengthened ties with the bureaucratic leaders of the Chinese deformed workers’ state:

“China’s links with Venezuela are now its strongest in Latin America. As well as the US$1.5bn already committed to Venezuela, the Orinoco joint venture [between PDVSA and the China National Petroleum Corp] could require further investment of US$3bn-4bn, making Venezuela by far the greatest recipient of Chinese investment in the region.”
—Economist.com, 10 April 2007

In August 2006, Beijing signed an agreement with Caracas that projected raising oil imports from Venezuela to a million barrels per day by 2012. (The U.S. currently imports over a million barrels per day from the Bolivarian republic.) China has also offered to provide tankers and help Venezuela construct new drilling platforms. In November 2007, the two countries agreed to endow a joint development fund with $6 billion, two-thirds provided by the Chinese Development Bank and one-third by Venezuela (Venezuelanalysis.com, 7 November 2007).

Yankee Imperialism Bristles

All of this activity has further alarmed an American foreign policy establishment already concerned by the erosion of U.S. influence in Latin America:

“The White House was outraged when Chile and Mexico, Latin America’s representatives on the UN Security Council in 2003 and two of Washington’s closest allies in the region, opposed a resolution endorsing the invasion of Iraq. In fact, of the 34 Latin American and Caribbean countries, only seven supported the war. Six of them (Costa Rica, the Dominican Republic, El Salvador, Honduras, Nicaragua, and Panama) were engaged in trade negotiations with the United States at the time. And the seventh, Colombia, receives more than $600 million a year in U.S. military aid.”
Foreign Affairs, January/February 2006

Latin America remains a critically important market for the U.S., which exports more than $100 billion a year to Mexico and another $50 billion to the rest of the region. Chávez’s outspoken denunciations of U.S. imperialism and his regime’s pursuit of regional autonomy have not been well received in Washington. U.S. Secretary of State Condoleezza Rice characterized Chávez as “one of the most dangerous men in the world” (Independent [London], 16 May 2006). A March 2006 U.S. National Security Strategy document complained: “In Venezuela, a demagogue awash in oil money is undermining democracy and seeking to destabilize the region” (cited in The Progressive, 24 September 2006).

Chávez has responded to these threats with a modest expansion of the Venezuelan military. In January 2007, the Pentagon estimated that Venezuela had spent more than $4 billion on arms in the previous two years (New York Times, 25 February 2007). In 2006, when the U.S. suspended arms sales to Venezuela and blocked the acquisition of military aircraft from Spain and Brazil by denying export licenses for the American-manufactured components in them, Chávez turned to Russia, purchasing five submarines in addition to “24 Russian Sukhoi-30 two-seater attack aircraft, 34 helicopters and 100,000 Kalashnikovs” (Guardian, 15 June 2007).

George W. Bush, under whose watch the U.S. government orchestrated the failed April 2002 coup against the democratically-elected Bolivarian leader, hypocritically expressed concern about “the undermining of democratic institutions” in Venezuela (New York Times, 1 February 2007). The various agencies of U.S. “democracy”—including the National Endowment for Democracy, the International Republican Institute and the National Democratic Institute—have showered financial and technical support on Venezuela’s pro-imperialist opposition. In 2006, the Associated Press revealed that the U.S. Agency for International Development (USAID) alone had doled out more than $26 million in Venezuela since 2002 to “strengthen democracy.” Eva Golinger, author of Bush vs. Chavez: Washington’s War Against Venezuela, reported:

“The work of USAID and its OTI [Office of Transition Initiatives] in Venezuela has led to a deepening of the counterrevolutionary subversion in the country. Up until June 2007, more than 360 ‘scholarships’ have been granted to social organisations, political parties, communities and political projects in Venezuela through Development Alternatives Inc. (DAI), a company contracted by USAID, which opened an office in the El Rosal sector of Caracas in June 2002. From the centre of Caracas, the DAI/USAID has given more than US$11,575,509 to these 360 groups and projects in Venezuela, under the program ‘Venezuela: Initiatives for the Construction of Trust’ (VICC). The majority of the programs funded by DAI focus (according to their materials) on ‘political dialogue, public debate, citizen’s participation and the training and capacitation of democratic leaders’.”
—Venezuelanalysis.com, 12 September 2007

Bolivarian Bourgeoisie’s Bonanza

While many of Venezuela’s big capitalists revile Chávez, others are more impressed by the fact that business is booming under the “socialist” president. The head of the Caracas Country Club, Fernando Zozaya, when asked about Chávez’s Bolivarian vision, replied: “Let’s say it’s a very special type of socialism” (Guardian, 13 November 2006). José Guerra, the former head researcher at Venezuela’s central bank, was less coy: “‘State-supported capitalism isn’t just surviving under Chavez,’ he said. ‘It is thriving’” (New York Times, 3 December 2006). A leading mouthpiece of American capitalism made a similar observation:

“Local and foreign companies alike are raking in more money than ever in Venezuela. Two-way trade between the U.S. and Venezuela has never been higher. Venezuela exported more than $42 billion to the U.S. last year, including 1 million barrels of oil daily, and imported $9 billion worth of American goods, up 41% from 2005.”
BusinessWeek, 25 June 2007

Venezuela’s GDP, which stood at US$117.1 billion in 2000, grew to $181.9 billion by 2006 (“World Development Indicators database,” World Bank, April 2007). Low interest rates and high inflation have led to massive borrowing and a financial boom:

“[B]ank profits grew 33 percent last year, led by increases of more than 100 percent in credit card loans and 143 percent in automobile credit, according to Softline Consulting, a financial analysis firm here. The banking and insurance industries’ contribution to the gross domestic product rose 37 percent in 2006, the central bank said.

“The market looked attractive enough two years ago that the Stanford Financial Group of Houston put political risk on the back burner to open a dozen branches here. Now, remodeling its office tower in the Caracas business district of El Rosal, the bank has seen its revenue in Venezuela grow fourfold, and its credit portfolio nearly tripled last year.”
New York Times, 15 June 2007

Members of what is called the “bolibourgeoisie”—entrepreneurs with government connections and public contracts—are not alarmed by Chávez’s talk of “transcending capitalism.” Venezuelan Banking Association director Francisco Aristeguieta, who seems happy enough with the status quo, remarked: “President Chavez is saying it’s the job of all of us for Venezuela to press ahead” (New York Times, 7 May 2007). Chávez has periodically assured his bourgeois allies that: “[W]e have no plan to eliminate the oligarchy, Venezuela’s bourgeoisie. We have demonstrated this sufficiently in over eight years” (Venezuelanalysis.com, 4 June 2007).

The main employers’ federation, Fedecámaras, lost its affiliate in the state of Bolívar because of its opposition to the regime’s proposed constitutional reforms (Venezuelanalysis.com, 27 November 2007). Alejandro Uzcátegui of Businessmen for Venezuela (Empreven), a pro-Chávez association, opined: “We think President Hugo Chávez has done a very good job” (WashingtonPost.com, 3 December 2006). Empreven is part of the Confederation of Socialist Businessmen of Venezuela (Conseven), a pro-government business federation established in May 2007. Its leader, José Agustín Campos (former leader of Acción Democrática, one of the two pro-imperialist parties that shared power before Chávez was elected), explained that Conseven “will live in harmony” with the co-managed enterprises and Bolivarian cooperatives (El Universal [Caracas], 6 May 2007).

Gustavo Cisneros, the billionaire owner of the Venevision television network, who supported the April 2002 coup, changed his mind when former U.S. President Jimmy Carter arranged for him to meet Chávez in the run-up to the 2004 presidential recall referendum:

“At the meeting, according to Mr. Cisneros, Mr. Chavez compared his social programs to those of Franklin D. Roosevelt.

“In recent comments about the meeting, the president said Mr. Cisneros, whose other companies range from breweries to the Leones baseball team in Caracas, understood he could coexist with the socialist-inspired transformation of society that Mr. Chavez says he wants.”
New York Times, 5 July 2007

British journalist John Pilger insightfully observed:

“In Washington, the old Iran-Contra death squad gang, back in power under Bush, fear the economic bridges Chávez is building in the region, such as the use of Venezuela’s oil revenue to end IMF slavery. That he maintains a neoliberal economy, described by the American Banker as ‘the envy of the banking world’ is seldom raised as valid criticism of his limited reforms. These days, of course, any true reforms are exotic.”
Guardian, 17 August 2007

The redistributive policies of the Bolivarian government, and Venezuela’s booming economy, have meant rising living standards for most Venezuelans. Unemployment has been reduced by half since Chávez took office, and now officially stands at 7 percent, with a majority of the workforce presently employed in the “formal” (as opposed to underground) economy. Social programs have also expanded considerably:

“Social spending will be significantly increased for 2008, to 46 percent of the national budget, up from 41 percent in 2007. This includes an increase in the funding of the social missions of the Chavez government, which will receive a total of Bs. 5.5 trillion (US$ 2.5 billion), an increase of nearly 62 percent from the 2007 level. These social missions include the national health program Barrio Adentro and the literacy and education programs Robinson, Rivas, Che, and Sucre, among many others.”
—Venezuelanalysis.com, 20 October 2007

According to government statistics, the rate of poverty among Venezuelan households has fallen from 42.8 percent in 1999 to 33.9 percent in 2006, while “extreme poverty” declined from 16.6 percent to 10.6 percent (Instituto Nacional de Estadística website, September 2006).

Recently, however, wages have been falling behind inflation, which is currently running at 20 percent per annum, and some basic foods have been in short supply. The Bolivarians’ attempt to hold living costs down by appealing to the capitalists to be good citizens, while freezing prices on some essentials, has led to shortages, as merchants stockpile goods while waiting for prices (and profits) to rise. Many farmers have simply sold their products across the border in Colombia. As supplies dwindled, the Venezuelan government backed down and raised the price of milk 30 percent and coffee by 40 percent. In February, Chávez announced that the price of rice, a basic staple regulated since 2003, would be increased 44 percent “to give incentive to rice producers” (Venezuelanalysis.com, 11 February). This illustrates the impossibility of finding some “third way” between a collectivized economy, where the production and distribution of goods are consciously planned, and a capitalist one, where decisions are determined by the pursuit of maximum profit.

Administrative Agents of the Bourgeoisie

While Chávez retains a substantial social base, the decision of some three million of his traditional supporters to sit out the constitutional referendum signifies that many are losing confidence in him. Of course, the Bolivarian leaders do not trust the masses, and do not want to see an authoritative alternative leadership develop within the organizations of the working class. Since it was founded in 2003 as a pro-Chávez breakaway from the Venezuelan Workers Confederation (CTV) which had supported the rightist coup in 2002, the UNT has been run by “national coordinators” appointed by its major components. In May 2006, at the union’s second congress, leaders of the Bolivarian Socialist Workers Force (FSBT—the hard-core Chávistas) blocked a proposal by the UNT’s largest faction, the Classist, Unitary, Revolutionary and Autonomous Current (C-CURA—led by two self-described Trotskyists, Orlando Chirino and Stalin Pérez Borges, who have recently had a falling out) that UNT members should elect their national leaders.

While not opposing elections in principle, FSBT supporters argued to postpone them to allow union militants to concentrate on campaigning for Chávez in the December 2006 presidential election. Chirino subsequently complained:

“The argument last year was that we had to give priority to the presidential elections. We were not against calling for a vote for Chávez, but we argued that the best way to campaign for that call was that it should come from a legitimately elected leadership. Unfortunately, it did not happen.”
—interview posted on the website of International Socialism , 9 May 2007

It seems clear that the FSBT feared that it could not win a vote, and that a UNT leadership with a mandate from the base might turn into a potential rival to Chávez for the allegiance of the masses. On 28 December 2007, Chirino was notified that he had been fired from his job at PDVSA. This act of political persecution—stemming from Chirino’s advocacy of a spoiled ballot in the constitutional referendum and his refusal to join Chávez’s new political party—is an anti-democratic attack on the Venezuelan workers’ movement as a whole.

When the four labor federations representing workers at PDVSA were amalgamated to form the United Oil Workers Federation of Venezuela (FUTPV), no elections were held to legitimize the leadership. C-CURA, which claims the support of a majority of Venezuela’s 60,000 oil workers and controls Fedepetrol, the largest component of the new federation, refused to endorse the FUTPV bargaining committee appointed to negotiate with PDVSA last year (Venezuelanalysis.com, 29 September 2007). Fedepetrol sought to put direct pressure on PDVSA management:

“This week, beginning Monday, July 23, oil workers have called for pickets at the gates ‘of all oil installations’ throughout the country, both administrative and operational, including ports, refineries and oil rigs, demanding the removal of the Manager of Human Resources, Dario Merchan, a relative of [Energy Minister and PDVSA President Rafael] Ramirez, who they claim has delayed negotiations for the collective contract 2007-2009, and protesting what they say are the daily violations of the existing collective contract and failure to pay workers entitlements. A further demonstration supported by more than 160 unions affiliated with Fedepetrol has also been called for the August 2nd, in front of the Presidential palace, Miraflores.”
—Venezuelanalysis.com, 23 July 2007

The leader of Fedepetrol Anzoátegui, José Bodas (a member of C-CURA), denounced the pro-management elements of the FUTPV bargaining committee for describing the workers who took action against PDVSA’s stalling as “counterrevolutionaries.”

In September 2007, striking oil workers were attacked by the police:

“Some 150 workers from the oil refinery of Puerto La Cruz, together with workers from the Jose Industrial Complex were marching to the offices of the Venezuelan Oil Corporation (CVP) in Urbaneja municipality to present a document to Ramirez, who was meeting with a negotiating commission of the United Oil Workers Federation of Venezuela (FUTPV), when they were intercepted by Immediate Response Group-Police Force of Anzoátegui.

“In the resulting clashes, which lasted three hours, 40 workers were arrested and three were injured, including Richard Querecuto, who was shot in the left shoulder. A bus carrying passengers was also attacked by police who launched a tear gas bomb inside causing panic and asphyxiation. With news of the police repression 4,000 workers from Petroanzoátegui, Petrocedeño, and the project San Cristóbal immediately stopped work.”
—Venezuelanalysis.com, 29 September 2007

While PDVSA and state officials sought to distance themselves from the gratuitous brutality of the police, the incident graphically illustrates how the “Bolivarian” state apparatus serves the bosses, as well as how the division between the interests of labor and capital is just as real in PDVSA as in the private sector.

The British Socialist Workers Party recently reported another example involving the public-sector union Fentrasep:

“The elected representatives of Fentrasep, the public employees’ trade union with some 1.5 million members, went to the Ministry of Labour in mid-August [2007] to renegotiate the collective contract for their members. The minister, Ramón Rivero, is a member of the Bolivarian Trade Union Federation and an ex-Trotskyist. He refused to meet with the delegation and locked them inside a room in the ministry. No food or drink was provided; the delegates’ families passed them through the windows. After six days they were driven out by hired thugs.”
Socialist Review, October 2007

Whatever label they affix to themselves, those who administer the capitalist state inevitably end up serving the interests of the bourgeoisie. Leon Trotsky made the following observation about the function of bureaucrats like the FSBT’s Rivero:

“The trade union leaders are, in an overwhelming majority of cases, political agents of the bourgeoisie and of its state. In nationalized industry they can become and already are becoming direct administrative agents. Against this there is no other course than the struggle for the independence of the workers’ movement in general, and in particular through the formation within the trade unions of firm revolutionary nuclei….”
—“Nationalized Industry and Workers’ Management,” 12 May 1939

PSUV: Chávez’s Bourgeois Populist Party

Following his overwhelming victory in the December 2006 presidential election, Chávez announced plans to enroll his mass plebeian base and the various political organizations supporting the Bolivarian project into the United Socialist Party of Venezuela (PSUV). Chávez’s Fifth Republic Movement (MVR) immediately signed on along with a variety of other groups, but the three largest pro-Chávez parties outside the MVR—For Social Democracy (Podemos), Fatherland for All (PPT) and the Venezuelan Communist Party (PCV)—all remained aloof.

Podemos, the Venezuelan affiliate of the Socialist International, which originated as a pro-Chávez split from the Movement Toward Socialism (MAS), voted “no” in the constitutional referendum. The PPT, a pro-Chávez split from La Causa Radical, voted “yes,” as did the PCV, from which the MAS and La Causa Radical originally split decades ago.

The PCV leadership, which ostensibly refuses to join the PSUV because it is not “Marxist-Leninist,” is careful not to be too independent. Several members of its Central Committee have joined the PSUV, and the PCV pledges to work closely with the new party. PCV Secretary General Oscar Figuera declared: “You will never see the Communist Party in the opposition. You will always see them accompanying the leader of the process: President Hugo Chávez Frías” (Venezuelanalysis.com, 19 March 2007). Chávez was initially angered by the refusal of the PCV and PPT to join the PSUV, but subsequently proposed a “Patriotic Alliance” of the three for the November 2008 mayoral and gubernatorial elections.

The PSUV is a mass party with a nominal membership of millions of poor and working people, as well as a majority of the legislators in the National Assembly, top state officials and pro-government capitalists. Chávez explicitly proposed it as a cross-class, populist formation open to:

“…all revolutionaries, socialists and patriots, men and women, the Venezuelan youth; I invite the workers, housewives, professionals and technicians, nationalist businessmen…to build a united political party….”
—cited in International Viewpoint, January 2007

Before the party had a chance to work out a formal program or a constitution, Chávez had already appointed Diosdado Cabello, the ultra-wealthy MVR governor of the state of Miranda, to head a “provisional discipline committee” (Venezuelanalysis.com, 1 December 2007).

C-CURA decided to join the PSUV project in January 2007 supposedly to guarantee its working-class character. But Chávez’s opposition to the existence of political tendencies within the PSUV and his declaration that the “unions should not be autonomous, one must put an end to that” (Venezuelanalysis.com, 2 May 2007) was too much for some in C-CURA to swallow. Chirino, who is associated with the International Workers’ Unity-Fourth International (UIT-CI—an international tendency led by former supporters of the Argentine revisionist Nahuel Moreno) had staked his reputation on safeguarding the “independence” of the labor movement, and so not only refused to join the PSUV but also urged his followers to spoil their ballots in the December 2007 referendum.

Stalin Pérez Borges and his supporters, who publish a journal entitled Marea Socialista y Clasista, joined the PSUV and voted “yes” in the referendum. According to Pérez Borges: “There is no contradiction between organising in the PSUV to support the revolution, and also having independent unions. Both are part of the same fight towards socialism in Venezuela” (Venezuelanalysis.com, 12 September 2007). Launching the Movement for the Construction of a Workers Party represented a left shift for Chirino, who claims to be strongly for working-class political independence but who voted for Chávez in 2006 and supported the creation of the FBT (Bolivarian Workers Front) within the CTV.

Alan Woods, perhaps the world’s foremost “Trotskyist” Chávista, denounced Chirino as one of the “sectarian clowns and half-wits” who dare criticize the Bolivarian caudillo:

“The role of Orlando Chirino and other so-called ‘Trotskyists’ who called on people to spoil the ballot papers was absolutely pernicious. These ladies and gentlemen are so blinded by their hatred of Chavez that they are no longer capable of understanding the difference between revolution and counter-revolution. This writes them off entirely as a progressive force, let alone a revolutionary one. But let the dead bury their dead.”
—Marxist.com, 3 December 2007

The IMT, which has some influence within the workers’ movement in Venezuela, eagerly enlisted as official “promoters” of the PSUV:

“The task of revolutionary Marxists is to throw themselves completely in this fight and participate alongside the masses in the creation of the PSUV. Any other policy would be utter sectarianism and would only contribute to isolating them from the real existing revolutionary movement. In this respect, the policy adopted by a section of C-CURA (the left wing current within the UNT) of refusing to join the PSUV and attempting to set up a so-called ‘Independent Workers’ Party’ is a criminal mistake which can only lead to the isolation of some advanced worker activists from the mass revolutionary movement.”
—Marxist.com, 5 September 2007

Many of the world’s ostensibly Marxist groups, impressed by Chávez’s popularity, have taken a similar view. For example, the British Workers Power group argues:

“…given the mass character of the PSUV, the fact that these masses are overwhelmingly workers, peasants and the urban and rural poor, and that socialist and revolutionary ideas are being debated in it, it would be sectarian for revolutionary communists to do anything other than join this party and participate vigorously in these debates.”
Workers Power, September 2007

Workers Power seems particularly excited by the Bolivarian leader’s talk of going international: “Even more important, Chavez has called for the PSUV to be part of the founding of a new International.” These chronic opportunists are already pledging to join “any international initiative Chavez may promote in the months ahead” (Ibid.).

Bolivarian Reformism: Everything Old Is New Again

Such displays of opportunist appetite from supposed revolutionaries are hardly unprecedented. In the 1950s, Michel Pablo, the arch-revisionist who played a key role in the political destruction of Trotsky’s Fourth International, was similarly enthusiastic about a hypothetical “Arab Revolution.” Pablo argued that revolutionaries should join the petty-bourgeois Algerian National Liberation Front (FLN) because it had a mass base: “[T]he revolutionary Marxist tendency and the essential forces of a mass Labor Party of tomorrow will emerge from the inevitable social and political differentiation within the present FLN” (“The Arab Revolution,” November 1958). Similar delusions about the revolutionary potential of mass petty-bourgeois nationalist movements are promoted by all of Chávez’s leftist admirers.

Trotsky criticized this impulse in addressing the arguments put forward by Joseph Stalin and Nikolai Bukharin in the 1920s to defend the disastrous policy of liquidating the cadres of the Chinese Communist Party into the bourgeois Guomindang:

“Every bourgeois party, if it is a real party, that is, if it embraces considerable masses, is built on the self-same principle. The exploiters, fakers, and despots compose the minority in class society….In every mass bourgeois party the lower ranks are therefore more democratic and further to the ‘Left’ than the tops….That is why the constant complaints voiced by Stalin, Bukharin, and others that the tops do not reflect the sentiments of the ‘Left’ Kuomintang rank and file, the ‘overwhelming majority,’ the ‘nine-tenths,’ etc., etc., are so naïve, so unpardonable.”
Third International After Lenin, 1928

The job of revolutionaries is to tell the truth—not to recycle popular illusions. And the truth is that multi-class formations led by left-talking petty-bourgeois bonapartists, like China’s Guomindang in the 1920s or Venezuela’s PSUV today, are dead-ends for the working class.

Young leftists may believe that the Bolivarian “revolution” is completely unprecedented. But Alan Woods is old enough to remember how, in 1956, Egypt’s Gamal Abdel Nasser electrified the neo-colonial world by nationalizing the Anglo-French Suez Canal Company; survived a coordinated military assault by British, French and Israeli forces and then took over hundreds of foreign businesses. Eventually, Nasser proclaimed that his government was taking a “socialist” path:

“On the ninth anniversary rally of [the] 23 July 1952 coup d’état, Nasser delivered a speech in which he declared a shift in his social policy. In the four days preceding the rally, 19-22 July 1961, a series of decrees and regulations were issued which greatly extended public control of the United Arab Republic’s (UAR) [the short-lived political union between Egypt and Syria which fell apart later that year] economy. Socially, they constituted the most significant step taken by Nasser since he assumed power. Nasser defined the basic principles of this new policy as follows:

“‘The revolution heralded the end of imperialism and the liberation of the regime from domination of capitalism and feudalism—for the purpose of establishing social justice and obliterating the contradictions between the classes, and for the sake of rescuing the oppressed from the hands of the oppressors. The revolution will turn labourers into unexploiting property owners and will benefit all classes.’”
—Rami Ginat, Egypt’s Incomplete Revolution

In Nasser’s vision of “the people” leading the construction of “Arab socialism,” workers and managers shared power on company boards of directors. His political party, the Arab Socialist Union, struck an “anti-imperialist” note with its advocacy of a “non-aligned” movement of neo-colonial states. It was all positively Bolivarian.

An even closer precedent for events in Venezuela was the regime of Lázaro Cárdenas, who won Mexico’s 1934 presidential election. Cárdenas’ government, the only one on Earth prepared to offer refuge to Leon Trotsky, sponsored a national literacy program and sought to expand access to medical care for the impoverished masses. Under Cárdenas, workers were permitted to seize idle factories, and thousands of agricultural and industrial cooperatives were founded. In June 1937, the Cárdenas administration expropriated the accumulated bond debt of the National Railways of Mexico, effectively nationalizing the enterprise. A year later, on May Day, he turned over control of the whole operation to the railway workers’ union.

On 18 March 1938, Cárdenas announced the nationalization of Mexico’s petroleum resources. Faced with furious resistance by British and American oil corporations, he turned to the petroleum workers:

“The workers stepped into the breach and ran the industry through local trade-union committees which functioned in the interregnum before the national petroleum administrative apparatus could be organized. They were subject to the orders of a governmental commission in Mexico City, consisting of four officials and three trade-union leaders. Overnight, the trade-union locals had become administrative organs.”
—Nathaniel and Sylvia Weyl, The Reconquest of Mexico

Leon Trotsky, who greeted the nationalization as “a highly progressive measure of national self-defense” against imperialist domination, noted that the “expropriation of oil is neither socialism nor communism”:

“The international proletariat has no reason to identify its program with the program of the Mexican government. Revolutionists have no need of changing color, adapting themselves, and rendering flattery….”
—“Mexico and British Imperialism,” 5 June 1938

Trotsky subsequently commented:

“It would of course be a disastrous error, an outright deception, to assert that the road to socialism passes, not through the proletarian revolution, but through nationalization by the bourgeois state of various branches of industry and their transfer into the hands of the workers’ organizations.”
—“Nationalized Industry and Workers’ Management,” 12 May 1939

Today various self-proclaimed Trotskyists heap praise on Hugo Chávez as a “socialist” despite the fact that the measures undertaken by his government fall far short of those implemented by Cárdenas.

Hugo Chávez, like Cárdenas and Nasser, is a left bourgeois populist. Yet many “revolutionary socialists” have been actively promoting the illusion that the measures introduced by Chávez are paving the way for overturning capitalism. A good example of this is an essay entitled, “Strategies of the Left in Latin America,” by Claudio Katz, an Argentine leftist, that appeared in the July-August 2007 issue of International Viewpoint, journal of the United Secretariat of the Fourth International (USec):

“Socialist maturity requires a prior process of learning which is not improvised in the expeditious path toward power. That preparation includes social achievements and democratic conquests that are obtained through reforms. This last term is not a bad word, nor is it situated in the antipodes of revolution. It is a useful instrument to gradually develop the revolutionary leap forward, building bridges which move the oppressed closer to the socialist goal.

“A combination of reform and revolution can enable the link between immediate conquests and radical ruptures with capitalism. The first type of achievement is indispensable for creating popular power and the second for defeating an enemy that will not renounce its privileges.

“To connect reform with revolution is the way to adapt the correlation of forces and popular action with the possibilities of anticapitalist transformation in each country. But it is necessary to replace the old counterposing of both roads with their confluence.”

The “old counterposing” of the revolutionary and reformist roads, which distinguished Leninism from Kautskyism, hinged on the question of whether the capitalist state could serve as a vehicle for socialism. Alan Woods of the IMT, who shares the USec’s objectivist methodology, thinks that Venezuela’s bourgeois state has been undergoing an incremental transformation:

“In relation to the question of the character of the state we can say that the Venezuelan state is still, in the main, a capitalist state apparatus. However, this state apparatus operates in conditions of revolution and is therefore riddled with all sorts of contradictions and has been weakened as a tool of the ruling class. And at this particular moment in time it is not under the direct control of the capitalist class, in the sense that the ruling class cannot, for now, use this capitalist state in order to impose its class rule. However, this does not mean that the state apparatus even now has ceased to be a source of sabotage and blocking of the revolutionary initiative of the masses; and if it remains untouched it will eventually become a tool for smashing the revolution. It is clear that there is certain understanding of this problem among the rank and file masses of the Bolivarian revolution and even among some layers in the leadership, but unfortunately there certainly is no clear idea of how to solve this problem.”
—Marxist.com, 5 September 2007

The IMT’s former co-thinkers in the Committee for a Workers’ International (CWI) seem inclined to agree, with references to “the Venezuelan state which, at this stage, cannot be described as a workers’ state” (The Socialist, 19 April 2007). This clearly implies that the CWI thinks that at some future point Bolivarian alchemy may succeed in turning the Venezuelan bourgeoisie’s repressive machine into its opposite. While such a view contradicts the core of the Marxist position on the state—i.e., that states are inextricably welded to the rule of a particular social class—this revisionist notion is consistent with previous claims by the CWI that similar metamorphoses occurred in Ethiopia, Somalia and various other places (see our pamphlet Marxism vs. ‘Militant’ Reformism).

The Australian Democratic Socialist Perspective (DSP), a former USec affiliate which no longer pretends to any sort of “Trotskyism,” claims that the “transformation” of Venezuela’s capitalist state into a “workers’ and farmers’ state” has already occurred:

“In the process of transformation from a capitalist state toward socialism, the social missions have played a key role in bypassing the normal functions of the old state machine….

“The establishment and consolidation of a workers’ and farmers’ government, at the head of an embryonic workers’ and farmers’ state, which occurred as a result of the popular victory over the April 2002 coup and the December 2002-January 2003 bosses’ oil boycott, led to the development of an alternative state machine, centred on the social missions, the other popular organisations and the revolutionary army.”
—quoted in Venezuelanalysis.com, 10 October 2007

Leon Trotsky’s Transitional Program became fashionable among Chávez’s legion of foreign admirers after the head Bolivarian urged Venezuelans to read it during the 22 April 2007 broadcast of Aló Presidente, his weekly television program. Suddenly the IMT, CWI, USec, DSP and others who had previously regarded the founding programmatic document of the Fourth International as obsolete and ultra-left began to praise Chávez for treating it as some sort of social-democratic blueprint for building socialism while holding hands with the bourgeoisie. According to the DSP:

“Written in 1938, the book is an argument for how a program of struggle for increasingly deep-going reforms that, without abolishing capitalism, make deep inroads into the capitalist system, can raise the level of consciousness and organisation of the working people and open the road to socialism.”

“The transitional approach seeks to find ways to draw masses of people into political activity and increasingly radicalise the broadest layers so they are willing and able to fight for even more radical measures. This explains why, at the same time as Chavez promotes policies increasingly attacking capitalist interests, he continues in his speeches to urge the capitalist class to join the revolutionary project.”
Green Left Weekly, 10 October 2007

Trotsky, who completely opposed such crude class collaborationism, could hardly have imagined that his Transitional Program would one day be used as left-cover by a bourgeois head of state. At bottom, the Bolivarian project is about modernizing and stabilizing Venezuelan capitalism. Trotsky’s program of “transitional” demands is a codification of the experience of the Bolsheviks in the period leading up to the October 1917 revolution, and that of the revolutionary Communist International under Lenin, in politically preparing the exploited and oppressed to struggle for state power.

The Transitional Program is aimed at mobilizing capitalism’s victims to smash the bourgeois state and the social order it defends—not to “transform” it. In explaining the demand for a “sliding scale of wages and hours,” Trotsky observed:

“It is easier to overthrow capitalism than to realize this demand under capitalism. Not one of our demands will be realized under capitalism. That is why we are calling them transitional demands. It creates a bridge to the mentality of the workers and then a material bridge to the socialist revolution. The whole question is how to mobilize the masses for struggle.”
—“The Political Backwardness of the American Workers,” 19 May 1938

Despite the claims of various “Marxists” and “Trotskyists” who have volunteered their services as publicists for the Bolivarian strongman, no “revolutionary process” is underway in Venezuela today. While there is a real danger of violent rightist reaction and the possibility of civil war, Venezuela is not currently in a pre-revolutionary situation, i.e., the normal mechanisms of bourgeois rule continue to operate. Nor is it in a revolutionary, or “dual power,” situation, which would be marked by the development of potential organs of proletarian rule and a general recognition by all strata of society that things simply cannot go on as before.

The USec’s resolution endorsing Chávez for president in 2006 claimed that the election would:

“…be the occasion to demonstrate that, in spite of the limits of the government’s action in favour of the workers and the poorest sectors in Venezuela, in spite of a state structure originating in bourgeois democracy, Hugo Chavez is a decisive support for the victory of the Venezuelan revolutionary process.”
International Viewpoint, October 2006

The phrase “revolutionary process” is commonly employed by revisionists seeking to blur the distinction between reforming the capitalist state and working for its revolutionary overthrow. USec scribe Stuart Piper optimistically projects that the “process” underway in Venezuela is “a nationalist, anti-neoliberal, anti-imperialist revolution, within which there is a socialist revolution struggling to get out.” According to Piper, “paradoxically, both aspects are crystallised in the personality of Chavez himself” (International Viewpoint, May 2007).

The CWI has taken a somewhat less upbeat view than the IMT or USec:

“The continuation of capitalism in Venezuela and the failure to resolve the pressing social problems, together with frustration and anger at growing bureaucracy and waste, now threatens to undermine the revolutionary process.”
The Socialist, 26 January 2006

The CWI has even expressed doubts about Chávez’s ability to provide revolutionary leadership:

“Chávez is right to see the importance of Trotsky and his theory of the permanent revolution. Yet it remains to be seen if he applies its lessons in practice. This is the key issue in Venezuela and in Latin America in general.”
The Socialist, 18 January 2007

While posing “the key issue” as the likelihood of the Bolivarian leader going Trotskyist, the CWI also sees a role for the masses: “it will be the working class in Venezuela who will ultimately decide this [the issue of socialist revolution]—not just president Chávez” (The Socialist, 18 May 2006).

The IMT has tended to paint Chávez as the embodiment of an objectively revolutionary dynamic who “understands” the inexorable necessity to initiate a struggle to smash the state machinery he has wielded for almost a decade:

“Chavez sees the need to ‘deepen’ the revolution. He understands that the revolution cannot stand still. It must move on. He can see that every time he tries to push the process further, the bureaucracy comes up with a thousand and one obstacles. He feels that he cannot make this state machine do what he wants. The only road is therefore to break this machine and build a new one based on the workers.”
—Marxist.com, 9 January 2007

In endorsing “comrade President Chavez” prior to the December 2006 presidential election, Alan Woods pompously lectured those who lacked faith in the Bolivarian Bonaparte:

“The strength of Hugo Chávez, and the secret of his success, is that he embodies the revolutionary aspirations of the masses and gives voice to their deep desire for a fundamental change in society. He has awakened millions of people to political life and for the first time has given them hope of a change, a sense of dignity and purpose.

“There are left sectarians, who for some strange reason imagine that they are Marxists, who do not understand this phenomenon.”
—Marxist.com, 29 November 2006

There is no question that Chávez has inspired millions of Venezuelans with dreams of the golden socialist future he promises. The job of revolutionaries, however, is not to reinforce these illusions but rather to alert the masses to the fatal dangers of Bolivarian-style class collaboration. Trotsky made this point in criticizing the “tail-endist” policy pursued by Stalin and Bukharin toward the radical-nationalist Guomindang in China in the 1920s:

“But, we are told by Stalin and Bukharin, the authors of the draft program, Chiang Kaishek’s northern expedition roused a powerful movement among the worker and peasant masses. This is incontestable. But did not the fact that Guchkov and Shulgin brought with them to Petrograd the abdication of Nicholas II play a revolutionary role? Did it not arouse the most downtrodden, exhausted, and timid strata of the populace? Did not the fact that Kerensky, who but yesterday was a Trudovik, became the President of the Ministers’ Council and the Commander-in-Chief, rouse the masses of soldiers? Did it not bring them to meetings? Did it not rouse the village to its feet against the landlord?

….Opportunist policies have always been based on this kind of non-dialectical, conservative, tail-endist ‘objectivism.’ Marxism on the contrary invariably taught that the revolutionary consequences of one or another act of the bourgeoisie, to which it is compelled by its position, will be fuller, more decisive, less doubtful, and firmer, the more independent the proletarian vanguard will be in relation to the bourgeoisie, the less it will be inclined to place its fingers between the jaws of the bourgeoisie, to see it in bright colors, to over-estimate its revolutionary spirit or its readiness for a ‘united front’ and for a struggle against imperialism.”
The Third International After Lenin

In Venezuela today, as in China in the 1920s, the fundamental task for revolutionaries is to struggle to establish the political independence of the working class from the bourgeoisie, i.e., to split the Bolivarian movement along class lines. The IMT, in rejecting such an approach, employs the same arguments that Stalin used to defend his liquidationist policy in China:

“Beyond Chavismo, beyond the Bolivarian movement, there exists no possibility of developing a revolutionary mass movement. Any attempt to do so will bring a separation of the main revolutionary layer from the majority of the masses.”
—Marxist.com, 18 October 2006

Like other leftist apologists for the Bolivarian project, the IMT has generally tended to blame “reactionaries in the state bureaucracy” for thwarting Chávez’s socialist intentions:

“There are honest Bolivarians in the government who are fighting to advance the cause of the workers and peasants and who support workers’ control and nationalization. But they are being constantly blocked by right-wing elements who sabotage the President’s decrees and undermine the Revolution.”
—Marxist.com, 19 December 2005

Recently, however, the IMT leadership has evidenced some impatience with the disparity between the leftist rhetoric of the “Bolivarian Revolution” and the pro-capitalist reality. Alan Woods, frustrated by Chávez’s attempt to placate his right-wing critics in the aftermath of the failed constitutional referendum, complained that he missed the chance to effect a peaceful transition to socialism after his electoral triumph in December 2006:

“It would have been quite possible for the President to introduce an Enabling Act in the National Assembly to nationalize the land, the banks and the key industries under workers’ control and management. This would have broken the power of the Venezuelan oligarchy. Moreover, this could have been done quite legally by the democratically elected parliament, since in a democracy the elected representatives of the people are supposed to be sovereign.”
—Marxist.com, 11 January

This confused tangle of wishful thinking and vintage Kautskyan reformism is premised on the notion that socialist revolution is a matter of correct parliamentary tactics and skillful maneuvers to gain positions of influence within the capitalists’ repressive apparatus. The IMT imagines that, if he wanted to, Chávez could use his presidential office to “legally” uproot capitalism while incrementally transforming the bourgeois state he presides over into a workers’ state.

Woods blames the Bolivarian shift to the right on “reformists” who filled the head of the glorious leader with bad advice:

“Following the advice of those who want to reach a deal with the counterrevolutionaries, Chávez granted amnesty to a number of opposition leaders connected to the April 2002 military coup and the shutdown of the oil industry which caused $10 billion dollars damage to the economy and nearly succeeded in wrecking the Revolution.”

“Chávez said he hoped the amnesty decree would ‘send a message to the country that we can live together despite our differences.’”

“‘Helped’ by his reformist advisers, the President has drawn some incorrect conclusions from the referendum. During ‘Aló Presidente’, on 6 January 2008 he said:

“‘I’m compelled to slow down the pace of the march. I’ve been imposing on it a speed that’s beyond the collective capabilities or possibilities….

“‘Improvements are needed in our alliance strategy. We can’t let ourselves be derailed by extremist tendencies. We are not extremists nor we can be [sic]. No! We have to pursue alliances with the middle classes, including the national bourgeoisie. We can’t support theses that have failed in the whole world, as the elimination of private property. That’s not our thesis.’”

—Marxist.com, 11 January

This should make it clear for those who can read that the “Bolivarian socialism” the IMT has been promoting for the past few years, like the “Arab socialism” and “African socialism” touted by the Militant tendency several decades earlier, does not involve the expropriation of the means of production—it is simply capitalism under a different name.

Workers’ Revolution: The Only Road to Socialism

One of the fundamental axioms of Marxism is the proposition that every state exists to defend the rule of a particular social class. This is why the road to socialism can only be opened by smashing the repressive machinery of the bourgeoisie and replacing it with institutions committed to defending collectivized, i.e., proletarian, property forms. A bourgeois state cannot be gradually turned into its opposite by replacing “bureaucratic” functionaries with “revolutionary” ones.

A revolutionary policy for Venezuela must begin from the Marxist understanding of the nature of state power and the necessity of irreconcilable opposition to all wings of the bourgeoisie. A Trotskyist organization would seek to build a base in workplaces from which to intervene in the unions and address members of the communal councils and other Chávista mass organizations. While taking an active role in combating the rightist opposition, it would advance the perspective of permanent revolution, which is based on the recognition that in semi-colonial countries like Venezuela the capitalists are too weak and dependent on foreign imperialism to be capable of fulfilling any of the tasks of the bourgeois revolution.

Only through the creation of a Venezuelan workers’ state can the oppression of workers, landless peasants, slum dwellers, indigenous peoples and other victims of capitalism be ended. A victorious socialist revolution in Venezuela would quickly spread beyond its borders and make the creation of a Socialist Federation of Latin America and the Caribbean an immediate possibility. It would also find a powerful echo within the proletarian masses of the northern imperial colossus and awaken them to the necessity to struggle to uproot the global system of imperialist exploitation, and to utilize the powerful productive forces developed under capitalism for the construction of a rationally planned, egalitarian socialist world free from exploitation and poverty.

 

 

Leninismo, Frentes Únicas e Blocos de Propaganda

Um importante debate teórico

Leninismo, Frentes Únicas e Blocos de Propaganda

Por Marcio Torres – Setembro de 2010, pelo  extinto Coletivo Lenin

Introdução

O presente texto é parte de um documento de discussão interna que foi adaptado para publicação. O mesmo se baseia em duas obras de extrema importância para a compreensão dos princípios políticos presentes na teoria leninista a respeito das organizações. Tais obras foram produzidas por duas organizações situadas no campo do espartaquismo, uma ala do trotskismo surgida da Tendência Revolucionária (RT) do norte-americano Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP). Ao romperem com tal partido, que durante muito tempo foi a principal sessão da Quarta Internacional, forjada pelo veterano James P. Cannon com auxílio direto de Leon Trotsky, os militantes da RT fundaram a Liga Espartaquista (SL) e, posteriormente, a tendência Espartaquista internacional (iST), hoje em dia chamada de Liga Comunista Internacional (ICL). Tanto o processo de degeneração do SWP, quando da própria Liga Espartaquista, são discutidos em nosso texto Pela refundação da Quarta Internacional!, publicado na revista  Revolução Permanente nº3 e disponível em nosso site (www.coletivolenin.org). Um dos textos em questão foi produzido pela própria Liga Espartaquista durante os anos 1970, enquanto esta ainda era uma organização revolucionária. Já o outro foi escrito no final dos anos 1980 pela antiga seção neozelandesa da iSt, após esta rachar. Mais tarde, tal organização viria a se tornar seção da Tendência Bolchevique Internacional (IBT), organização que formalmente reivindica a tradição espartaquista e com a qual mantivemos relações durante alguns anos.

Uma breve definição de leninismo

Baseados na obra de Joseph Seymour da Liga Espartaquista (SL), Lenin e o Partido de Vanguarda (1978)[1], bem como nos relatos históricos a respeito da história da tendência Bolchevique do Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), posteriormente, Partido Comunista da União Soviética (PCUS), podemos entender o leninismo enquanto uma vertente do marxismo possuidora de um determinado programa. Porém, tal programa se constituiu através de um longo processo de maturação, marcado por sucessivas superações e mudanças a partir do contexto específico do enfrentamento entre Bolcheviques e Mencheviques.

Apesar do surgimento da tendência Bolchevique datar de 1903, quando do II Congresso do POSDR, a consolidação definitiva do que veio a se chamar “leninismo” se deu apenas em 1914, quando Vladimir Lenin, em conjunto com Grigori Zinoviev, desenvolveu uma nova teoria a respeito das bases sociais do oportunismo expresso por diversas tendências da Social Democracia, que viria a se materializar de forma mais avassaladora através do social-chauvinismo, ou como Lenin mais frequentemente o chamou, “social-patriotismo”. Ambas as nomenclaturas foram utilizadas para conceituar o apoio da maioria das seções da II Internacional às suas “próprias” burguesias nacionais ante a guerra imperialista que eclodia.

A partir de seus novos estudos, Lenin e seus aliados mais próximos compreenderam que a consolidação do oportunismo enquanto programa político é decorrente do desenvolvimento do capitalismo em sua etapa imperialista, que através de uma acumulação em maior nível de capital por parte de diversos países faz surgir uma camada do proletariado mais favorecida materialmente e, portanto, “aburguesada”, a aristocracia operária. Tal camada, por possuir condições melhores que o resto do proletariado, tende a se apegar mais facilmente a projetos reformistas, uma vez que sua realidade material não põe a revolução como uma necessidade vinculada à sua própria sobrevivência.

Antes de tais conclusões, porém, o consenso à cerca do oportunismo existente nas fileiras da Social Democracia era de que este se tratava de um “companheiro de viagem” do proletariado, externo a tal classe, sendo mero resquício histórico de frações radicalizadas da pequena-burguesia da época das revoluções burguesas e que, portanto, seria superado pelo desenvolvimento da classe trabalhadora, através do desenvolvimento do próprio capitalismo enquanto modo de produção. Consequentemente, bolcheviques e mencheviques acusavam-se mutuamente de não pertencerem à classe trabalhadora, de serem algo como “intelectuais radicais”, e não parte orgânica do proletariado, cada um reivindicando para si o título de “organização proletária”.

A partir do momento em que tal compreensão à cerca das origens sociais do oportunismo se alteram radicalmente, Lenin compreende que o desenvolvimento do capitalismo tende a fortalecer, e não a extinguir as tendências oportunistas, e que estas estão no seio do proletariado, não sendo externas ao mesmo como antes se acreditava (vale observar que, antes de 1914, apenas Rosa Luxemburgo se afastava da concepção clássica da II Internacional à cerca das origens sociais do oportunismo). A partir das novas conclusões citadas, tornou-se clara a necessidade de uma ruptura organizacional com tais tendências, como forma de garantir o enfrentamento entre estas e os revolucionários perante a disputa pela consciência da classe trabalhadora. É então que o racha entre Bolcheviques e Mencheviques assume um caráter programático, e não meramente organizacional. Passa-se a entender como fundamental a destruição das tendências oportunistas através de um enfrentamento aberto entre estas e os revolucionários, enfrentamento este que pressupõe total independência política e, consequentemente, também material, por parte dos revolucionários, os quais só têm a ganhar com a clarificação programática ante o proletariado.

Esta prerrogativa básica do leninismo “maduro”, a total independência e clareza política como pressuposto para a disputa pela consciência do proletariado, opôs os Bolcheviques pela primeira vez ao tipo de partido Social Democrata, o chamado “partido de toda a classe”, que reunia em seu seio não só a tendência revolucionária (muitas vezes responsável pela fundação do partido e estabelecimento do programa formal deste), mas também aqueles “companheiros de viagem” que seriam jogados para escanteio com o desenrolar do desenvolvimento capitalista.

A tal prerrogativa soma-se outro princípio anterior a 1914: o entendimento da necessidade de um partido de vanguarda, composto por quadros bem-treinados que representem um verdadeiro “exército de revolucionários” e cujo objetivo maior fosse a disputa programática pela consciência da classe trabalhadora, uma vez que as lutas sindicais e econômicas, por si só, não levariam o proletariado a passar da consciência de classe “em si”, para uma consciência de classe “para si”, como os chamados economicistas defendiam.[2]

Como pode-se perceber, ambos princípios são intrinsecamente ligados, a despeito do fato de terem sido desenvolvidos em épocas e condições extremamente diferentes. Se o oportunismo é decorrente do próprio desenvolvimento capitalista e, portanto, não representa uma tendência temporária, e se a revolução depende de um processo de disputa e formação de consciência, e não de um simples acúmulo de experiência a partir de lutas econômicas, é fácil compreender a necessidade não só da disputa metódica pela consciência da classe trabalhadora, como também o enfrentamento aberto e firme contra toda e qualquer tendência que busque levar o proletariado a defender projetos não-revolucionários. É fácil compreender, portanto, a necessidade de um partido independente e voltado majoritariamente pela disputa da consciência, ou seja, de um partido leninista (ao que se soma as peculiaridades necessárias a tal partido, resumidas na máxima do centralismo democrático de total centralidade na ação e total liberdade de discussão interna).

A tática de Frente Única

O sucesso da Revolução de Outubro foi a prova derradeira da superioridade programática do leninismo, que se manteve firme no campo do marxismo ante o advento da Primeira Guerra Mundial em 1914 e foi capaz de dirigir o proletariado russo à primeira revolução socialista triunfante (não sem anos de árdua disputa programática e experiência prática). Após a ruptura definitiva com a Social Democracia, o leninismo se consolidou enquanto uma nova tendência programática que deu continuidade ao marxismo. Tal consolidação assumiu também caráter internacional, criando uma organização inspirada nos princípios anteriormente discutidos e na experiência dos Bolcheviques. E tal tendência entrou para a História como comunismo e se materializou através da criação da III Internacional, um partido mundial para levar a cabo a revolução socialista.

Como discute o texto Construindo o Partido Revolucionário e Táticas de Frente Única, de Bill Logan do Grupo Revolução Permanente (PRG/IBT)[3] a III Internacional, porém, surgiu em condições muito adversas às da tendência Bolchevique. A nova organização que materializava a continuidade do marxismo se via diante de um gigante forjado através de anos de trabalho contínuo no seio da classe trabalhadora, que mesmo havendo traído esta, ainda consistia em uma tendência hegemônica: a Social Democracia. Como forma de se construir, as seções nacionais da jovem Internacional Comunista, como passou a ser conhecida, precisaram inovar nas maneiras de disputar a consciência da classe trabalhadora. E a resposta para tal dilema foi a tática de Frente Única, formulada formalmente nas teses para seu III Congresso Mundial e que consiste em uma aliança na ação com as tendências não-revolucionárias do movimento operário, com o objetivo de jogar as bases contra as lideranças e mostrar a superioridade do programa comunista. Obviamente, para que tal tática atinja seus objetivos é necessária uma total clareza e independência programática entre as diversas tendências que conformam tal aliança, algo que muitas vezes só interessa aos revolucionários. A tática de Frente Única foi a maior responsável pelo bem-sucedido e vertiginoso crescimento da jovem Internacional, aliada, é claro, ao prestígio dos comunistas enquanto aqueles que, pela primeira vez na História, expropriaram a burguesia de seu poder econômico e político e não foram derrotados por forças contra-revolucionárias. O emprego da mesma, entretanto, não se deu sem resistência advinda de dentro das próprias fileiras comunistas.

A maior expressão da resistência a tal tática foram os chamados “comunistas de esquerda”, aos quais Lenin chegou a dedicar um livro inteiro (Esquerdismo – doença infantil do comunismo, de 1920). Tal tendência representava a dificuldade de alguns de, após assimilar a necessidade de uma total ruptura com a Social Democracia como pressuposto para o sucesso do projeto revolucionário, se verem confrontados com argumentos que defendiam a necessidade de aliança com esta como forma de se fazer crescer as fileiras comunistas. O que os “esquerdistas” não compreenderam, entretanto, foi a diferença entre ruptura programática e aliança estritamente na ação, que pressupõe o confronto aberto entre variados programas como maneira de dar resultados para os revolucionários. Em Esquerdismo… Lenin ressalta o papel de novas táticas em cumprir um segundo passo essencial para o movimento comunista internacional, que após ter congregado e treinado a vanguarda do proletariado, deveria lançar mão de recursos capazes de atrair suas bases.

A Frente Única Estratégica

Da mesma forma que houve uma reação à esquerda dentro das fileiras comunistas à tática da Frente Única, houve também uma reação à direita. Se os sectários “esquerdistas” se negavam a empregar tal tática, outra tendências abraçaram-na com tanto vigor e entusiasmo que a esvaziaram por completo de sua utilidade revolucionária. Tal tendência, que passou a enxergar na tática de Frente Única um princípio indispensável para a revolução, nada mais era do que uma forma de centrismo. Como forma de “compensar” a pouca influência dos revolucionários ante a classe trabalhadora, algo típico na maior parte de sua existência, os centristas buscam se dissolver em grupos maiores, que defendam um programa relativamente avançado, na esperança de que tal ato de união programática de forças possa contribuir para o avanço da consciência do proletariado. Assim, transformam a Frente Única de uma tática em algo estratégico e alteram radicalmente sua forma, que de uma aliança pontual em torno de demandas específicas, se torna um bloco de propaganda baseado em um programa (que obviamente não será revolucionário, mas sempre uma variante mais ou menos avançada do reformismo).

Acontece que diluir o programa revolucionário em um Bloco de Propaganda/Frente Única Estratégica é justamente negar os princípios do leninismo e encarar que outras tendências programáticas além da revolucionária podem cumprir um papel positivo no desenvolvimento da consciência de classe do proletariado. É, portanto, uma reedição dos princípios kautskystas da II Internacional de reunir em uma só organização (seja esta um Partido ou uma Frente) a multiplicidade programática existente no movimento operário, o que necessariamente exige uma aliança baseada no menor denominador comum. Ao rebaixar seu programa para manter a unidade dentro de um Bloco de Propaganda, os revolucionários nada mais fazem do que prestar um serviço não-pago aos reformistas, jogando nas trevas a perspectiva de uma revolução socialista.

A Frente Única Estratégica eleitoral

Uma variante facilmente detectável da FUE é a aliança de diversas organizações em torno de um programa eleitoral. Quando um agrupamento de tendências se lança em uma eleição (seja burguesa ou sindical), este necessariamente precisa explicitar um programa, o que torna nítido seu papel enquanto um Bloco de Propaganda programática. É o caso claro de coligações eleitorais (como a Frente de Esquerda) ou de chapas sindicais (para quais exemplos não faltam). Para que uma tendência revolucionária construa um agrupamento desse tipo, ela necessariamente terá que rebaixar seu programa e defender um menor denominador comum, em prol da estabilidade deste agrupamento.

Entretanto, há sempre os casos em que uma tendência pode vir a quebrar o centralismo programático de uma FUE eleitoral, defendendo seu programa na íntegra. Porém, tal tática é não só desonesta como nada frutífera, pois, de qualquer forma, o resto do agrupamento estará reivindicando um programa rebaixado em nome de tal tendência e, além disso, através de uma tática como essa fica claro o oportunismo de integrar uma FUE e não concordar com seu programa, o que pode facilmente levar à desintegração desta ou a uma total perda de coerência programática entre seus elementos.

A Frente Única Estratégica na ação

Existe, entretanto, um tipo de FUE mais comum e mais difícil de se detectar: são os casos em que uma Frente Única na ação assume um programa, tornando-se assim uma FUE. Nesses casos, o programa pode não vir à tona e, assim, permanecer dissolvido por trás das demandas concretas dessa FU. A única maneira, portanto, de se diferenciar uma FU na ação de uma FUE é analisando suas demandas e a possibilidade destas serem defendidas por uma multiplicidade de programas, do mais reformista ao revolucionário propriamente dito. Essa é a característica fundamental de uma FU. Já uma FUE se baseia em demandas que necessitam, para que sua defesa seja coerente e consequente, de um programa, ou seja, de uma estratégia. Adentrar uma formação desse tipo é, portanto, utilizar a tendência revolucionária como meio de fortalecer uma estratégia alheia à sua. É, portanto, assumir a característica básica do centrismo: o liquidacionismo programático.

Colaterais Programáticas: uma variação da F.U. Estratégica?

Após o que foi exposto aqui, pode-se concluir que uma Colateral Programática constitui um tipo específico de FUE, uma vez que sua coesão se dá em torno de uma série de demandas objetivas alicerçadas em um programa. As Colaterais são uma das formas mais comuns de uma tendência se construir organizativamente a partir da ação direta no movimento de massas. Representam um agrupamento que expressa o programa de tal tendência a nível setorial (ou seja, a materialização das demandas às quais leva a aplicação do programa em dado setor do movimento de massas).

Assim, se uma Colateral Programática nada mais é do que um Bloco de Propaganda a nível setorial cujas portas estão abertas àqueles que concordem com suas posições, sendo, portanto, uma FUE, significa que é anti-principista utilizar tal tática? A resposta para tal pergunta é “não”. Uma Colateral não representa um agrupamento de tendências diferentes unidas em torno de um programa, mas sim uma tática de construção que visa organizar os elementos mais avançados do movimento de massas em torno da tendência revolucionária com o claro objetivo de recrutá-los para esta. Portanto, uma tendência revolucionária construir uma Colateral não resulta em nenhuma quebra de princípios, desde que não haja uma aliança programática com outras tendências, o que levará necessariamente a um rebaixamento oportunista e liquidacionista do programa revolucionário. Uma Colateral deve, assim, se limitar à aliança entre a tendência revolucionária e indivíduos independentes que possuam acordo com seu programa setorial.

Conclusão: como lidar com uma FUE?

Após expor os princípios nos quais nos baseamos, responderemos a uma pergunta central: como uma tendência revolucionária deve lidar com os diversos tipos de FUE sem que haja uma quebra de princípios? Quanto à FUEs centralizadas (como coligações eleitorais e chapas sindicais), está claro que os revolucionários não devem compô-las, o que não significaria um entrismo, mas sim um rebaixamento de seu programa. Lembramos que a tática de entrismo, utilizada largamente nos primeiros momentos da construção da IV Internacional, pressupõe a liberdade de se defender o programa revolucionário, única forma da tática ser bem sucedida e causar um racha programático na organização que está sofrendo entrismo. Ou seja, apesar de pressupor um abandono temporário de certa independência organizativa, é central para o sucesso da tática de entrismo a manutenção do programa revolucionário e sua defesa intransigente.

Já quanto às FUEs que não demandam centralismo, deve-se tomar mais cuidado. A não participação em seus fóruns pode muitas vezes constituir um ato de formalismo sectário, caso a tendência revolucionária se negue a deles participar baseada em uma “falta de acordo programático”. Ao mesmo tempo, a perspectiva de construir e compor a FUE não passa de um ato centrista e liquidacionista. A partir de uma análise de cada caso particular, deve-se avaliar a produtividade de se disputar os componentes da FUE, porém sem jamais compó-la nem se comprometer com a defesa de seu programa. Isso pressupõe nunca endossar ou utilizar materiais do agrupamento em questão, sempre criticar o oportunismo das correntes que o compõe e nunca se responsabilizar por suas ações ou declarações.

Lembramos, por último, que é tarefa dos revolucionários lutar até o fim pela clarificação e limitação das FUs que estes compõem às suas demandas pontuais, jamais permitindo que outras tendências sejam capazes de exceder a aliança na ação que a FU pressupõe e a transformem em algo mais amplo, com um programa definido. Ou seja, cabe aos revolucionários, e muitas vezes só a estes, lutar até o fim para que uma FU não se torne uma FUE e leve ao surgimento de obstáculos para a árdua tarefa de se disputar a consciência da classe trabalhadora para o programa marxista.

[1] SEYMOUR, Joseph. Lenin e o Partido de Vanguarda. Publicado originalmente em 1978 pela Liga Espartaquista dos EUA (SL) e disponível em português no site do Coletivo Lenin.

[2] Para uma visão mais abrangente das polêmicas levantado por Lenin em 1903 contra os economicistas e Mencheviques sobre o papel do partido e como este deveria se organizar, confira Em defesa do leninismo!, publicado na revista  Revolução Permanente nº2 e disponível em nosso site.

[3] LOGAN, Bill. Construindo o Partido Revolucionário e Táticas de Frente Única. Publicado originalmente em 1989 pelo Grupo Revolução Permanente da Nova Zelandia (PRG) e em processo de tradução pelo Coletivo Lenin.

A eleição de Barack Obama e a questão racial nos EUA

A eleição de Barack Obama e a questão racial nos EUA

Escrito pelo antigo Coletivo Comunista Internacionalista (CCI), organização predecessora do extinto Coletivo LeninPublicado no Jornal Hora de Lutar nº07, de dezembro de 2008.

Muito já foi escrito sobre a eleição de Obama na esquerda internacional. A maioria das correntes (no Brasil, principalmente o PCdoB e o PT) têm dito que ele representa uma promessa de mudança, que pode ser um novo Roosevelt, etc.

Ou seja, “se esquecem” que o Partido Democrata, do qual ele faz parte, é um partido imperialista, que fez os maiores cortes de postos de trabalho dos últimos 20 anos sob o Governo Clinton. Que apoiou as guerras de rapina contra o Afeganistão e o Iraque. Que tem controlado a central sindical estadunidense, a AFL-CIO, em colaboração com a CIA, para impedir qualquer expressão independente da classe trabalhadora. Nesse sentido, Obama não será diferente, por exemplo, do que foi Bill Clinton em seu governo.

Obama e a questão racial nos EUA

Ao mesmo tempo, alguns setores, que tradicionalmente ignoram a opressão específica sofrida pelos negros, simplesmente não conseguem entender o significado, para este setor e para a classe trabalhadora norte-americana em geral, deste fenômeno político. Aqui, isso é bem claro no caso da LBI.

Logicamente, é muito positivo que tenha diminuído o nível da hostilidade entre os trabalhadores brancos, negros e latinos nos EUA. Na verdade, estas divisões raciais e nacionais são o maior obstáculo para o avanço do movimento operário no centro do capitalismo. E explicam porque nunca houve um partido operário de massas nos EUA.

O racismo, assim como o machismo, a homofobia e a xenofobia se alimentam uns aos outros, forjando uma consciência reacionária. Por isso, são usados por demagogos ou burgueses, para nos dividir e esmagar o movimento.

A nação americana foi fundada em bases escravistas. A economia de plantagem (latifúndio monocultor para exportação) de algodão, no Sul do país, foi o motor da economia do país no começo do século XIX. Após a industrialização no Norte, isso levou a uma série de conflitos, que levaram à segunda Revolução Americana, a Guerra Civil de 1861-1865.

O motivo desta guerra não foi o “humanismo” de Abraham Lincoln e dos Republicanos. Na verdade, o capitalismo em crescimento era incompatível com o trabalho escravo, porque uma população que não recebesse salários não poderia ser um mercado consumidor. Por isso, o Norte, e em particular, os seus dirigentes, cumpriram objetivamente um papel revolucionário. A  Internacional os apoiou, enviando uma saudação a Lincoln, dizendo que “o trabalhador não pode ser livre na pele branca se continuar escravo na pele negra”.

Mas o capitalismo se aproveita de qualquer elemento opressivo pré-capitalista para aumentar a super-exploração e a divisão na nossa classe. Não é por acaso que o fim do racismo, exige, então, uma intervenção em todos os ramos de produção, o que não pode ser feito sem uma economia planificada. Por isso, ao mesmo tempo em que os escravos foram libertos, se criou uma série de leis racistas, conhecidas como “Leis Jim Crow”, segregando legalmente os negros no trabalho, na moradia, no transporte, proibindo o direito ao voto, etc.

Foi contra este estado de coisas que o Movimento Pelos Direitos Civis lutou, nos anos 1960. Seus dirigentes, como a NAACP, o SNCC, a CORE, a SCLC (de Martin Luther King) eram reformistas. Para eles, o problema se reduzia a acabar com a discriminação legal e integrar os negros na sociedade capitalista. Por isso, eram chamados de integracionistas.

Na ala mais radical do movimento, que se fortaleceu em 1968, a partir do assassinato de Martin Luther King, o objetivo era criar um Estado onde os negros pudessem se auto-determinar. Esta era a política dos Panteras Negras, dos Muçulmanos Negros e de Malcolm X.

A dinâmica do movimento

Assim, os setores principais eram:

  • o principal, geralmente ligado à Igreja Batista, que reivindicava apenas o fim da legislação racista;
  • os Muçulmanos Negros, que defendiam um Estado Negro, mas eram machistas e viam os brancos como inimigos e até mesmo não-humanos, sendo então um grupo muito reacionário. Malcolm X começou sua trajetória neste grupo, depois tendo se tornando marxista em 1965. Os Muçulmanos Negros deram origem ao grupo de Farrakhan, Nação do Islã, que existe até hoje;
  • um nacionalismo culturalista, que considerava que o caminho era uma volta às “raízes africanas”, o Escravos Unidos. Eles são os precursores do culturalismo de hoje no movimento negro.
  • a ala mais identificada com o marxismo, que eram os Panteras Negras. Os Panteras Negras eram muito influenciados pelos movimentos de libertação nacional do Terceiro Mundo. Por isso, tinham uma política foquista de guerrilha urbana, e entendiam que os negros americanos eram parte do Terceiro Mundo. Por isso, formaram um partido só de negros, não baseado na classe operária e sim na juventude das periferias e defendiam a independência dos negros, através de um plebiscito supervisionado pela ONU.

Para nós, portanto, os Panteras Negras eram um agrupamento que se aproximava do marxismo revolucionário, mas retendo muitos elementos do reformismo dos movimentos de libertação nacional (que não eram anticapitalistas). Ou seja, eram centristas.

Com o aumento do ascenso das massas, a política da burguesia foi “ceder os anéis pra não perder os dedos”. Por isso, foram criadas as “ações afirmativas”, ou seja, cotas para negros no mercado de trabalho, nas universidades, inclusão de programas para negros na saúde e educação.

As ações afirmativas cooptaram a maioria do movimento com uma promessa de “integração” no sistema. Na verdade, só serviram para uma minoria, enquanto a grande massa dos negros teve que continuar aturando a opressão cotidiana. É uma ironia que o movimento negro brasileiro (num país onde os negros são maioria), em vez de lutar por uma sociedade socialista, que resolva a questão negra através de um governo direto dos trabalhadores (como existia nos quilombos) exigem as mesmas migalhas oferecidas num país com 10% de negros.

Em outro artigo, vamos discutir com mais calma o papel da opressão do negro na formação social do Brasil, sua história e seu papel na Revolução Brasileira.

Logicamente, isso não nos impede de defender as ações afirmativas, quando estiverem sob ameaças de racistas, como a Rede Globo e a Revista Veja, porque estes setores não têm autoridade nenhuma para definir qual é a melhor política para os negros! Mas é engraçado que a política “revolucionária” de cotas nas federais, defendida pelo PT, o PCdoB, o PSTU e a LER tenha sido adotada na maior tranquilidade pelo governo Lula semana passada (20/11)!

Qual era a melhor política?

Na Terceira Internacional, o marxismo tentou formular um programa revolucionário para a questão negra, adaptado à época das revoluções socialistas. Este programa foi a defesa da auto-determinação dos negros no sul dos EUA, onde tinham um peso econômico decisivo, formulada em seu Congresso de 1923. Ou seja, a criação de um Estado negro, o mesmo programa de Malcolm X e dos Panteras Negras, nos anos 1960.

O próprio Trotsky defendeu este programa, principalmente em seu texto “Nacionalismo Negro”, contra um setor do SWP (a seção norte-americana da IV Internacional, encabeçado por figuras como James P. Cannon e C. L. R. James).

Isso era baseado na ideia de que os negros eram um outro povo e que, por isso, deveria se tornar independente. Na verdade, isso se baseia numa compreensão errada do conceito de nação no marxismo, ou seja: uma unidade de cultura, território, economia e língua. Esta formulação foi feita pelo jovem Stalin, em sua obra O Marxismo e a Questão Nacional.

Como os negros americanos não têm essas características em comum (apenas a cultura), eles não chegam a formar uma nação. Um movimento dos negros americanos para formar um país independente jogaria trabalhadores contra trabalhadores, e não poderia criar um Estado viável, porque ele não teria território específico nem independência econômica.

Assim, a forma mais correta de descrever a situação deste setor é com o conceito de “casta racial”, o mesmo que se aplica aos judeus no capitalismo. A diferença é que, geralmente, os judeus pertencem às camadas médias, e os negros, à classe trabalhadora.

Este conceito de casta racial da classe operária foi criado pelos marxistas americanos Richard e Clara Fraser, em 1954. Eles eram militantes do SWP americano quando esse ainda era um partido revolucionário. Tanto que, já nos anos 1960, quando o SWP passou defender posições pelegas, eles expulsaram o casal e passaram a defender o Estado negro.

A corrente da qual viemos, o espartaquismo, surgiu em 1962, lutando contra o abandono de uma série de posições revolucionárias pelo SWP, entre elas na questão negra. Então, ela passou a militar no movimento pelos direitos civis, tendo criado o primeiro núcleo marxista revolucionário no Sul dos EUA, e tendo vários militantes presos. Mais tarde, passou a organizar, nos sindicatos, autodefesas armadas contra os ataques da Ku Klux Klan e do Partido Nazista.

Esta tese do Estado negro, que aparentemente é muito radical, na verdade, acaba levando à adesão às posições da minúscula pequena burguesia negra. Ao contrário, o correto é integrar os setores brancos, negros e latinos da classe, na luta pelo socialismo. É impossível acabar com o racismo sem mudar o sistema. Por isso, defendemos um integracionismo, mas bem diferente do de Luther King. Defendemos o integracionismo revolucionário. Ou seja, negros e brancos só poderão estar integrados com igualdade numa sociedade socialista.

Conclusão

Enfim, nada disso poderá ser feito pela eleição de Obama. Aliás, ele mesmo fez questão de colocar a questão racial em segundo plano, e se afastar dos Democratas e outros militantes negros (como Jesse Jackson), mesmo tendo sido ameaçado de morte por neonazistas no final da campanha. Isso tudo para ganhar a classe média branca.

O seu papel, na verdade, é canalizar as aspirações dos trabalhadores, principalmente dos negros e latinos (que são uma casta racial com um papel semelhante ao dos negros nos EUA) para a via institucional, num momento de uma grave crise econômica. Com medo da “volta dos Republicanos”, muitos sindicatos e entidades de massas vão ficar ainda mais presos ao Partido Democrata.

Nos EUA, a questão negra está ligada à questão dos imigrantes, principalmente latinos. Eles passaram, desde os anos 1960, a ter um peso qualitativo na economia. O espanhol passou a ser a segunda língua dos EUA, sendo a mais falada em algumas cidades. Desde as greves de trabalhadores rurais chicanos, dirigidas por Cesar Sandino, e dos Boinas Marrons (inspirados nos Panteras Negras), esta luta se inscreve no centro das tarefas da terceira revolução americana.

Não é possível discutir nesse texto a relação entre a luta dos imigrantes e dos negros nos EUA. Embora haja diferenças (principalmente porque a burguesia tenta usar os latinos “ilegais” para furar e contestar alguns direitos dos negros, inclusive trabalhistas), ambas formam o grosso da tarefa de unir a classe operária do país na luta pelo poder. Por isso, a questão negra e a questão imigrante são igualmente estratégicas (sem esquecer a questão da mulher, estratégica em TODOS os países).

A grande tarefa dos comunistas nos EUA é a criação de um Partido dos Trabalhadores, para abolir o capitalismo e criar um governo operário. Este partido deve ser composto por uma maioria de negros, mulheres e latinos. E deve ter um programa transitório, ou seja, anticapitalista, para intervir nas lutas parciais e nos sindicatos.

Felizmente, existe uma corrente lutando para construir um partido assim nos EUA. A Tendência Bolchevique, grupo americano da TBI, que representa a continuidade do marxismo revolucionário no país, luta pelo integracionismo revolucionário e pela refundação da Quarta Internacional, o único partido capaz de dirigir esta tarefa.

Qual deve ser a política dos revolucionários na Venezuela?

Direita promove mais uma jornada de lutas contra o “chavismo”

Qual deve ser a política dos revolucionários na Venezuela?

Escrito pelo antigo Coletivo Comunista Internacionalista (CCI), organização predecessora do extinto Coletivo Lenin  – Junho de 2008

A situação política na Venezuela tem despertado reações de fúria por parte da direita e confusão por parte da esquerda.

Desde que assumiu o governo, Hugo Chávez tem feito duros discursos atacando os Estados Unidos e tem enfrentado a resistência da direita venezuelana e mundial.

Até hoje, a Venezuela foi o único país da América Latina a conseguir, através da mobilização dos trabalhadores, reverter um golpe militar orquestrado pelos Estados Unidos. Entretanto, mesmo após a demissão de alguns generais, ainda há militares golpistas no exército. Chávez tenta enfraquecer esse setor reformando as forças armadas e, ao mesmo tempo, organiza milícias para resistir em armas caso aconteça uma nova tentativa de golpe. Paralelamente a isso, os Círculos Bolivarianos tentam manter os moradores das favelas e periferias convencidos da necessidade de defender a constituição e o governo. Isso seria um “escudo humano” capaz de prevenir novas tentativas de golpes e intimidar mobilizações da direita.

Diante desse processo, muitos ativistas sinceros acreditam que Chávez esteja realmente construindo o socialismo.

Nós, revolucionários, não acreditamos que o socialismo possa ser construído através de reformas constitucionais. Pelo contrário, o socialismo só se constrói pela via revolucionária colocando abaixo os poderes do Estado: Executivo, Legislativo, Judiciário, Forças Armadas e Polícias. No lugar dos poderes da burguesia deve ser construído um Estado operário baseado na democracia operária, ou seja, todo o poder nas mãos dos organismos de deliberação construídos pela própria classe trabalhadora e protegido pelas milícias revolucionárias dos trabalhadores. Por isso, não cremos que o chavismo seja o caminho para o socialismo.

Por outro lado, não podemos deixar de admitir que o governo Chávez tem enfrentado uma feroz oposição da direita. Na Venezuela, a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários, possibilitou a criação de mais de 150 mil novos empregos. A não renovação da concessão da RCTV representou um golpe em um setor da imprensa que é tão ou mais podre que a Rede Globo no Brasil. Reconhecemos: devemos lutar para manter e ampliar essas conquistas. Porém, não podemos ter ilusões de que medidas como essas podem prescindir a revolução proletária e, sozinhas, conduzir a Venezuela ao socialismo. O que está em jogo na Venezuela não é socialismo ou capitalismo, mas a arrogância da direita golpista que não é capaz de tolerar nenhuma conquista dos trabalhadores.

Desde a fracassada tentativa de golpe em abril de 2002, a direita mais reacionária passou a buscar a “via democrática” para assumir diretamente o controle da Venezuela. Por isso, a organização com tendências de direita chamada Bandera Roja convocou recentes mobilizações estudantis contra o governo. É algo parecido com as manifestações que o “Movimento Cansei” tentou fazer no Brasil.

A principal bandeira dessas mobilizações é a vitória do “NÃO” no referendo de 2 de dezembro. Dizem que caso o “SIM” seja vitorioso, a Venezuela se transformará em uma ditadura, pois seria possível a reeleição indefinida de Chávez. Curiosamente, muitos outros países permitem a reeleição indefinida e, nem por isso, são chamados de ditaduras. Na verdade, o que a direita venezuelana não tolera é que, além dessa medida, a reforma constitucional visa acabar com a autonomia do Banco Central e proclamar o prosseguimento das nacionalizações nos setores da energia e do petróleo.

Tudo isso tem deixado a esquerda mundial muito confusa. Alguns, equivocadamente, acreditam que Chávez seja o caminho para o socialismo. Outros, no afã de denunciar que Chavéz não pode construir o socialismo, acabam fazendo um oposição tão vazia de conteúdo político que acaba por reproduzir os mesmos argumentos da direita golpista venezuelana.

No caso das recentes mobilizações da direita contra o governo, algumas correntes de esquerda, inclusive no Brasil, fizeram declarações de apoio aos atos contra o governo. Esquecem que estão manifestando apoio ao setor golpista e reacionário da Venezuela.

Nós do CCI, ao contrário, dizemos que não temos nenhuma confiança no governo Chávez. Porém quem deve fazer oposição a ele é o movimento operário e socialista, e não a direita. Temos levantado a palavra de ordem “Oposição Revolucionária ao governo Chávez”. Isso significa que a oposição de ser feita pelos revolucionários apoiados no movimento operário.

Afirmamos que a direita golpista não tem moral pra atacar governo nenhum e muito menos o governo Chávez. Por isso, nessas mobilizações, nos alinhamos com aqueles que militam para destruí-las, pois são manifestações reacionárias e golpistas.

Além disso, repudiamos com veemência a atitude de algumas organizações, como o PSTU, que tem apoiado essas manifestações e orientado sua seção na Venezuela a participar delas. Esse é um desvio grave, pois significa estar na trincheira do inimigo. Torna-se mais grave ainda na medida em que essas mobilizações têm terminado em confrontos armados. No Brasil, se houvesse uma mobilização do “Cansei” contra o governo Lula e a Central Única dos Trabalhadores se confrontasse com tal movimento, estaríamos na trincheira da CUT (que é uma organização de trabalhadores) contra a direita reacionária. Na Venezuela o sectarismo do PSTU tem levado esse partido a estar na trincheira do Bandera Roja. Esse é um erro muito grave, pois ultrapassa as fronteiras de classe.

Fazer oposição revolucionária ao governo Chávez significa, sem dar o mínimo apoio a esse governo, não ser sectário e fazer unidade de ação com ele para derrotar a direita e todos os seus movimentos. Aproveitando as mobilizações dos trabalhadores e moradores de favelas contra a direita, os revolucionários na Venezuela devem exigir, através dos métodos de luta próprios da classe operária, a expropriação sem indenização de todas as empresas venezuelanas, a nacionalização total das energias e o controle operário sobre a PDVSA. Sem dúvida alguma, essa pauta se chocaria com os golpistas e também com o próprio Chávez. Toda essa luta estaria a serviço da construção de um Partido Revolucionário de Trabalhadores na Venezuela como parte da batalha pela reconstrução da Quarta Internacional e por um governo direto dos trabalhadores venezuelanos.

Uma oposição como essa seria uma poderosa ferramenta capaz de destruir as ilusões daqueles que acreditam ser Chávez o caminho para o socialismo.

O sectarismo, por sua vez, em situações de confronto aberto, como na Venezuela, terminam mostrando sua outra face: o oportunismo e a colaboração com a direita. Aqueles que se colocam contra o governo Chávez, mas reproduzem os ataques da direita, conseguirão apenas ajudar o setor mais reacionário e, depois disso, serem rechaçados pelo movimento operário. E, quando isso acontecer, de nada adiantará montar um aparato próprio para dizer que a direção da classe está em disputa, pois a política acontece no mundo real e não no mundo dos factóides.

A ESQUERDA BRASILEIRA E O GOVERNO “DEMOCRÁTICO E POPULAR”

A ESQUERDA BRASILEIRA E O GOVERNO “DEMOCRÁTICO E POPULAR”

Coletivo Comunista Internacionalista /Coletivo Lenin, abril de 2008

Geralmente, quando os militantes de esquerda lêem os materiais do Coletivo Comunista, têm uma sensação estranha. Logo depois da análise da conjuntura aparece uma crítica violenta da esquerda institucional e se propõem palavras de ordem impossíveis na correlação de forças de hoje. Ao contrário do que muitos pensam, nós temos perfeita consciência disso, e não achamos que a revolução está na esquina.

Muito pelo contrário, sabemos que só é possível pensar em revolução, depois do fim da URSS, num prazo de décadas de acumulação de forças revolucionárias. Mas, então, porque não defender as propostas mais avançadas possíveis atualmente? Aí é que começa a nossa divergência estratégica com o conjunto da esquerda, inclusive com as outras correntes que se dizem trotskistas.

No fim das contas, TODOS os programas de todas as correntes do movimento dos trabalhadores se dividem em dois caminhos: reforma ou revolução. As organizações reformistas combatem todos os efeitos do sistema capitalista, às vezes até heroicamente. Mas são os revolucionários que tentam transformar as lutas numa oportunidade de destruir o conjunto do sistema e começar a construir o socialismo.

(O socialismo, diferente do que dizem os reformistas, não significa “mais democracia” ou “condições de vida” para os trabalhadores. É outra forma de organizar a produção, através da planificação democrática, acabando com o dinheiro, o Estado e mudando radicalmente todas as relações sociais).

Mas, como podemos saber, no dia-a-dia das lutas, a diferença entre os reformistas e os revolucionários. É bem fácil: O trabalho dos reformistas é lutar pelas palavras de ordem mais avançadas na conjuntura. Os revolucionários participam de todas as lutas, mas o seu trabalho principal é a preparação de quadros revolucionários, para acumular forças.

Ou seja, os revolucionários não intervêm numa greve para conseguir um grande aumento salarial. E sim para aproximar os melhores militantes da vanguarda para o programa do comunismo. As massas só podem ser ganhas para este programa durante uma crise revolucionária. É numa crise deste tipo que este trabalho de preparação atinge o seu objetivo, porque o partido revolucionário se liga às organizações de massas para lutar pelo poder.

O trabalho de simplesmente lutar por reformas, mesmo que falando algumas palavras de ordem mais à esquerda se resume, como disse Trotsky, a “fazer a preparação das massas a aceitar as condições existentes”, por não propor lutar contra elas.

E no Brasil…

Nunca houve um partido revolucionário. O PCB já nasceu baseado numa política de colaboração de classes, defendida por Astrogildo Pereira (“revolução pequeno-burguesa”) e Otávio Brandão (“agrarismo contra industrialismo”). Durante toda a sua história, o PCB defendeu uma aliança com a burguesia nacional contra o “atraso” no campo, em vez de lutar pelo socialismo. Mesmo as correntes da luta armada nos anos 1960 (ALN, PCdoB) defendiam a “frente popular à mão armada”, com raras exceções.

Infelizmente, o governo de Jango, que foi a maior expressão dessa estratégia etapista, foi derrubado pelos militares no golpe de primeiro de abril de 1964. Em vez de reconhecer os seus erros, todas as correntes parece que ficaram “traumatizadas” com isso, e passaram a repetir, durante os quarenta anos seguintes, as palavras de ordem de “reforma agrária”, “romper com o FMI” e “não pagar a dívida externa” como se o fato dos militares terem dado o golpe mostrasse que elas seriam revolucionárias.

Na verdade, são palavras de ordem democráticas aplicadas por alguns governos nacionalistas burgueses (a primeira por Jango, as outras duas por JK), que estão a anos-luz de um programa de transição que coloque a necessidade de um governo direto dos trabalhadores para construir o socialismo.

O que houve de corrente revolucionária no país foi a LCI de Mário Pedrosa (seção brasileira da oposição de esquerda), destruída durante a ditadura Vargas. Além disso, houve grupos progressivos, como a VPR, Primeiro de Maio e a POLOP, que defenderam o caráter socialista da nossa revolução, mas não tiveram uma política consistente, capitulando ao guerrilheirismo, que era a moda da época.

O fim da ditadura, junto com o espetacular ascenso de 1978-1989, poderia ter recolocado a questão do partido revolucionário. Mas o outro lado deste ascenso foi o surgimento do PT, um partido operário de massas, mas reformista.

Todo mundo capitula dentro do PT

A formação do PT mostrou que a classe trabalhadora estava disposta a dar uma resposta à ditadura de acordo com os seus interesses. Mas toda essa vontade de lutar foi canalizada pela burocracia sindical do ABC, que depois formou a Articulação. Por influência da Igreja Católica e da Teologia da Libertação, o programa inicial do PT não ia além de lutas democráticas, como a favor da Constituinte, contra o pagamento da dívida externa e por eleições diretas.

Dentro da esquerda que se dizia trotskista, a Convergência passou a lutar para “ganhar a direção” do PT. Quando eles finalmente concluíram que isso era impossível, saíram para montar o PSTU. A Democracia Socialista queria apenas “ajudar” a Articulação a formular um programa marxista para o PT, sem lutar frontalmente contra ela, por considerar que o PT era “estratégico” (ou seja, que ele faria a revolução socialista). E O Trabalho tinha a política imbecil de ganhar os burocratas do ABC para o trotskismo!

Depois de algum tempo, o PT formulou com todas as letras o seu programa reformista. Isso foi no V Encontro, de 1987, com a formulação do “Governo Democrático e Popular”. ESSA PALAVRA DE ORDEM É A REPETIÇÃO DA LINHA DO PCB. Ou seja, uma frente anti-imperialista, anti-monopolista e anti-latifundiária com setores menores da burguesia. Logicamente, é uma política reformista, por dentro do sistema.

O conteúdo é o mesmo do antigo PCB: aliança com a burguesia “progressista”. O que muda é o nome ou a desculpa: por um “mercado de consumo de massas”, “projeto popular para o Brasil”, etc.

Obviamente, qualquer governo desse tipo só tem duas opções: ou fazer como o Lula, e recuar tanto para evitar um golpe da direita que o seu programa perde quase todo o conteúdo de mudança, permitindo apenas avanços pequenos e pontuais. Ou fazer como o Allende, tentar aplicar o programa e ser derrubado. Isso porque, no Estado burguês, o poder real não está no Congresso, e sim nas Forças Armadas. E a burguesia não vai pensar duas vezes em usá-las quando se sentir ameaçada.

Quem formulou esta estratégia mais conseqüentemente desde esta época foi a Articulação, e o Governo Lula é a expressão dela. Então, quase todas as correntes da esquerda adotaram esse programa, com algumas variantes. Quando existem diferenças, são de ênfase. Por exemplo, a DS defende que o Governo Democrático e Popular seja mais tencionado pelo movimento social. E o MST/Consulta Popular exige que ele seja por fora da institucionalidade (o que não tem sentido, porque o seu conteúdo é perfeitamente assimilável pelo sistema).

O PSTU e O Trabalho/Esquerda Marxista, que têm defendido a palavra de ordem de “governo dos trabalhadores”, na verdade, aceitam todo o programa democrático e popular, mas rejeitam as alianças com a burguesia (o que também não tem sentido, porque partidos burgueses como o PDT e o PSB podem aceitar este programa de conciliação muito bem). Não por acaso, o centro das suas intervenções eleitorais é o não pagamento da dívida externa, fora FMI e reforma agrária.

A diferença é que O Trabalho tenta empurrar a base do PT para aplicar o programa, rompendo as alianças com a burguesia (mas sem bater na Articulação). E o PSTU ataca o PT raivosamente para isso, chegando a se aliar com a direita contra o seu “inimigo principal”.

O PSOL, como reflexo fora do PT das contradições deste partido, se divide entre um setor mais próximo da formulação clássica do PT (APS, MES, MTL), e outro com a concepção de “governo dos trabalhadores” pela via institucional eleitoral-sindical como a do PSTU (o chamado “Bloco de Esquerda”, ou seja, CST, SR, ARS, Revolutas, C-Sol). A direção deste partido já tem embarcado, na prática, em todos os erros do PT, através da Frente de Esquerda, com o seu programa nacional-desenvolvimentista e o apoio de partidos menores da burguesia, como o PV. Aliás, o PSTU está nesta frente, como esteve na Frente Popular do PT até 2000.

E então?

Apenas algumas correntes não defendem alguma variante do Programa Democrático e Popular, como o PCO (embora tenha capitulado à Frente Popular, apoiando-a eleitoralmente até 1994), a LQB e nós. Mas isso não é suficiente. A melhor forma de lutar contra a teoria e a prática que levaram o PT ao recuo que é o Governo Lula é construir um PARTIDO REVOLUCIONÁRIO DOS TRABALHADORES.

Para isso, devemos intervir onde as massas e a vanguarda estão, ou seja, na CUT, na UNE e no MST, nas entidades do movimento de massas. E, nelas, levantar um programa realmente da nossa classe. Este programa deve ser formado por palavras de ordem anti-capitalistas, que não possam ser realizadas dentro do sistema.

Ou seja, escala móvel, autodefesas nos movimentos, estatização dos setores estratégicos sob controle dos trabalhadores, revolução agrária, etc. E devemos mostrar que este programa não pode ser realizado por nenhum governo burguês, nem mesmo “democrático e popular”. Ele exige um GOVERNO DIRETO DOS TRABALHADORES, baseado em suas assembléias de luta. E isso não tem como acontecer através das eleições, somente com uma revolução socialista que se espalhe internacionalmente. Por isso, precisamos refundar a Quarta Internacional, que foi a depositária de um programa operário independente nos países atrasados, em contraposição ao etapismo, como parte desta tarefa histórica.

Agora, não temos como impô-las pelo movimento de massas. Mas a nossa tarefa não é essa. Na verdade, é manter estas palavras de ordem como uma perspectiva, e usá-las para aproximar o melhor da vanguarda a fim de construir o Partido. É esta a contribuição do Coletivo Comunista.

TESES SOBRE A CHINA

TESES SOBRE A CHINA

Coletivo Lenin, fevereiro de 2008

1) O debate marxista sobre o que é a China está muito influenciado, na esquerda brasileira que se reivindica trotskista, pelas concepções morenistas e/ou semi-morenistas da LIT (PSTU) e da FT-QI (LER-QI), a tal ponto que até mesmo a defensista LBI voltou atrás de sua posição e compartilha com eles a caracterização da China como estado burguês com o capitalismo completamente restaurado.

2) Esta posição se baseia numa concepção da transição do Estado Operário para o burguês que é, na expressão de Trotsky “passar o filme do reformismo ao contrário” (Em Defesa do Marxismo). Ela consiste em ver qual é o peso do setor privado na economia do país e, a partir de um ponto determinado (que varia de corrente para corrente), ver um “salto qualitativo” rumo ao capitalismo que pressupõe o fim do Estado Operário Degenerado. O método da LIT é mais sofisticado, porque coloca a mudança do caráter de classe do Estado como a causa do processo de restauração, mas cai no mesmo erro, ao identificar a mudança de caráter com a mudança da linha política do partido dirigente (no caso da China, eles identificam isto em 1978). É interessante que este é o método do maoísmo “cuspido e escarrado”.

3) Na verdade, o critério principal não deve ser o peso do setor privado (ou estatal) na economia. Ou, como a LIT propõe, se há estatização da economia, planificação e monopólio do comércio exterior (os critérios clássicos de Trotsky para avaliar a URSS em Revolução Traída). Trotsky elenca estes elementos para mostrar que a economia da URSS não era capitalista, e não como um padrão para avaliar o caráter de classe de um Estado. O verdadeiro critério deve ser político, ou seja, quem detém o poder de Estado.

4) Pelo critério da LIT, a Iugoslávia dos anos 1950 não seria um Estado Operário (pela falta de planificação e monopólio do comércio exterior). Porém, voltaria a ser, com o fim da “autogestão” titoísta! Pelo mesmo critério, a Rússia de 1918 ainda não seria um Estado Operário (e os bolcheviques seriam um governo operário em um Estado burguês, tentando mudar seu caráter de classe, ou seja, uns reformistas!). Além disso, a Polônia de 1939 a 1989, com a maior parte do campo privado poderia ser considerada um Estado Operário?

5) Estes problemas surgem do fato de que nem sempre há uma correlação exata entre a infra-estrutura e a super-estrutura. É exatamente isto o problema da China. Devemos escolher entre duas posições estranhas: ou ela é um Estado Operário com o capitalismo ou já é um Estado burguês (restaurado sem ninguém ver!), com um “capitalismo” extremamente aberrante.

6) Consideramos que, assim como em Cuba, quem detém o poder na China é a casta burocrática, e não a burguesia. Dizer que o fato de ela estar entregando o país para o imperialismo é a prova de que o Estado é burguês é o mesmo que negar que um sindicato dirigido por pelegos seja uma organização operária. Por isso, caracterizamos a China como um Estado Operário Deformado (desde a sua origem, em 1949, devido à ausência de um poder direto dos trabalhadores). A China não pode ser caracterizada como uma semi-colônia (de quem seria? Dos EUA? Não é isso que eles pensam).

7) A base material do poder da burocracia chinesa está no setor estatal da economia (principalmente nas indústrias do exército). Para a restauração do poder da burguesia, esta base material precisa ser destruída, o que exige o fim do monopólio do poder pelo partido.

8) Ainda há alguns elementos não-capitalistas na formação social chinesa. Alguns produtos ainda têm seus preços determinados diretamente pelo Estado. Os bancos são 92% estatais e, por determinação estatal, não podem liquidar dívidas (!), o que impede uma falência generalizada do setor estatal, e são obrigados a gastar a maior parte de seu capital de empréstimo com o setor público, cujo gasto vem crescendo no orçamento estatal. Apesar do usufruto privado, a propriedade da terra em todo o país ainda é estatal, sem direito de herança. A posse de ações não dá direito a votos para controlar as empresas. O câmbio é estatizado. Os salários nominais chineses são tão baixos porque a educação, a habitação, a comida etc, é tudo subsidiado, como conquista da revolução.

9) Sem embargo, a melhor forma de caracterizar a formação social chinesa é como Capitalismo de Estado (mesmo que com poucos elementos de uma economia de transição), o mesmo que a Rússia durante a NEP. Neste caso, seria uma “NEP de direita”, porque o seu objetivo não é criar as bases materiais para a transição ao socialismo, e sim é vista como um fim em si mesmo.

10) A LBI, ao caracterizar a China como Estado Burguês, entra em auto-contradição, porque o Estado cubano (que ela caracteriza como Operário) está numa formação social muito semelhante.

11) Outro elemento que desmente a tese sobre o fim do Estado Operário Chinês é o papel das reformas econômicas no desenvolvimento das forças produtivas. Enquanto na URSS e no Leste Europeu, a restauração levou a uma regressão de quase uma década das forças produtivas, as reformas chinesas, devido ao baixíssimo nível das forças produtivas, têm sido progressivas. Pensar que as joint-ventures com países estrangeiros significam a restauração é dizer que o próprio Lênin era um pelego, porque esta foi uma política usada durante a NEP.

12) Dado o caráter avançado do processo de restauração na China, a revolução política se combina com tarefas da revolução social, como reestatizar a economia, sob controle dos trabalhadores e reconstruir os mecanismos de planificação econômica. As lutas dos trabalhadores chineses (o maior proletariado do mundo) contra a privatização e o desemprego já apontam um caminho.

13) Outras duas questões internacionais se resolvem com esta caracterização sobre a China. A questão do Tibet, em que devemos defender um Tibet independente e socialista, e nos opor ao movimento pró-capitalista em defesa da autonomia e da independência, que é uma forma de enfraquecer o Estado Operário. E a questão de Taiwan, em que devemos estar no campo militar da China contra Taiwan, criado pelo imperialismo como um posto avançado contra o Estado Operário.

14) Acima de tudo, a maior tarefa na China é construir o partido revolucionário dos trabalhadores, seção de uma Quarta Internacional renascida, com uma composição predominante de mulheres e minorias nacionais.

Porque não apoiamos as greves da polícia?

Porque não apoiamos as greves da polícia?

Novembro de 2007

Nos primeiros dias do mês de novembro, o Encontro Nacional de Negros e Negras da Conlutas reafirmou a posição dessa entidade de apoiar todos os movimentos coorportivistas de policiais por melhores condições de salário e de “trabalho”. Apesar da intervenção do C.C.I [Comitê Comunista Internacionalista, organização predecessora do Coletivo Lenin, do qual se originou o Reagrupamento Revolucionário] ter atraído a simpatia de boa parte da base que ali estava, venceu a proposta defendida pelo PSTU segundo a qual o policial é um “trabalhador como outro qualquer”.

Conforme já dissemos em outro artigo, essa posição é reflexo da composição majoritariamente pequeno burguesa do PSTU e de sua opção por se construir nos setores mais favorecidos da classe recusando-se, por exemplo, a dar devida importância ao movimento popular. Além da falta de experiência diária com a opressão policial que sofrem setores mais oprimidos da classe, há um comportamento típico da pequena burguesia: recusar a experiência e as elaborações da classe trabalhadora em seus séculos de luta.

Trotsky dizia que “quando um trabalhador se torna policial, operou-se nele uma mudança de consciência”. O PSTU tenta contrapor-se a essa colocação dizendo que é preciso apoiar a polícia para, em uma situação revolucionária, provocar um racha em suas bases. É uma grande diferença com o trotskysmo. Uma diferença tão grande quanto aquela colocada por Nahuel Moreno no Livro “Revoluções do Século XX” segundo a qual Trotsky não havia previsto a necessidade de apoiar revoluções democráticas que instituíssem regimes democrático-burgueses.

Historicamente os revolucionários nunca tiveram a meta de provocar racha na polícia, mas sim na base proletária do exército. Isso porque a polícia é muito diferente. O exército é composto por oficiais oriundos da pequena burguesia e por soldados, cabos e recrutas provenientes da classe operária e que cumprem o serviço militar de forma obrigatória. Principalmente em época de grandes confrontos armados entre as burguesias de diferentes países, quando apenas os trabalhadores são enviados para os campos de batalha, existe ali um setor fértil para semear a revolta e a rebelião contra a oficialidade. A polícia , diferentemente, é composta por elementos que OPTARAM por ter uma profissão cuja única função é no dia a dia oprimir e chacinar os movimentos dos trabalhadores e os setores mais marginalizados da sociedade. No caso do Brasil, esses setores são os negros, mulheres e homossexuais. Essa é a grande diferença entre o exército e a polícia e é nisso que se baseia o pensamento trotskysta: quando um trabalhador decide seguir esse caminho é porque já se operou um convencimento ideológico.

Na Revolução Russa não houve racha de policias, mas sim dos Cosacos, que eram o setor proletário e oprimido do exército.

A direção do PSTU conhece essa diferença, porém escolheu o caminho de tentar confundir a vanguarda. No Encontro da Conlutas, para defender o apoio à Polícia Civil do Rio de Janeiro, usou o exemplo do marinheiro negro João Cândido, que liderou a Revolta da Chibata na Marinha. Optaram por esquecer que Marinha é diferente de Polícia e que João Cândido representava o setor oprimido da marinha que é muito diferente dos policias civis que invadem a favela de caveirão para chacinar negros.

Não satisfeitos, decidiram lembrar o trecho da “Internacional” que diz “Façamos greves de soldados, somos irmãos trabalhadores…” Dessa forma, defenderam que devemos nos solidarizar com as greves da Polícia Civil, pois seriam nossos “irmãos”.

Quando o trecho do Hino diz “Façamos greves de soldados” não se refere a polícia, mas sim aos soldados recrutados à força para, através do exército, empunharem fuzis. Por exemplo, se houvesse uma grande guerra que envolvesse o Brasil, milhares de jovens, inclusive ativistas políticos, seriam recrutados para as batalhas. Nossa obrigação seria, através da solidariedade operária, incentivá-los a fazer ali um movimento de insubordinação. Assim, estaríamos fazendo o que diz “A Internacional”. No caso da Polícia Civil, isso é muito diferente. Quando uma pessoa, sabendo qual é a função da polícia, opta por fazer um concurso para exercer essa função apenas para ganhar dinheiro, ela passa a ser inimiga da classe trabalhadora. Apoiar melhores salários e melhores “condições de trabalho” para a P.M ou para a Polícia Civil seria o mesmo que, na época da escravidão, estando todos nós na senzala, dizer que o capitão do mato deveria ser mais bem remunerado e que a suas “condições de trabalho”, ou seja, sua chibata deveria ser mais eficaz.

Não achamos que a direção do PSTU seja ignorante. Pelo contrário, sabem muito bem o que estão fazendo. A direção do PSTU fez a clara opção de mentir para tentar confundir a vanguarda e ganhá-la para sua política.

Essa política tem se expressado não apenas nos momentos de greves de policiais, mas também em atos políticos do movimento.

Recentemente, em uma passeata de estudantes no Rio de Janeiro, a polícia chegou ameaçando reprimir. Esse ato estava acontecendo poucos dias após a realização de uma grande chacina por parte da polícia. Aproveitando a presença da imprensa e tentando criar um fato político de repercussão, nós do C.C.I, juntamente com militantes da Frente de Oposição de Esquerda, que fazem militância contra a violência policial, puxamos a palavra de ordem: “Chega de chacina, polícia assassina”. A direção do PSTU, naquele momento, dividiu o ato tentando sufocar nossa palavra de ordem e puxou: “Você aí fardado, também é explorado”. Ou seja, ao invés de denunciar nos atos a corporação polícia como uma inimiga da classe, optou pr fazer a propaganda de que eles são explorados como nós e que, não devemos nos confrontar politicamente com eles, mas sim chamá-los para o nosso lado. Isso no momento que eles se preparavam para nos atacar.

Em momentos de refluxo do movimento, essa posição política equivocada pode parecer inofensiva, porém em ascensos ou em uma situação abertamente revolucionária, essa política pode levar à derrota e à perda física de boa parte da vanguarda.

Os militantes to PSTU que não fazem parte do setor pequeno burguês desse partido são os que têm melhores condições de compreender esses fatos. Desejamos que esses militantes reflitam sobre essa política e, a partir da reflexão, se dediquem a compreender o que é e a serviço de que projeto está a direção do PSTU.

Somente um governo direto dos trabalhadores pode deter o colapso ambiental

Somente um governo direto dos trabalhadores pode deter o colapso ambiental

Escrito pelo antigo Coletivo Comunista Internacionalista (CCI), organização predecessora do extinto Coletivo Lenin – Agosto de 2007

Rosa Luxemburgo, há muitos anos, lançou a consigna “Socialismo ou Barbárie”. Significava que, caso a classe trabalhadora não construísse o socialismo em escala mundial, o capitalismo levaria a humanidade inteira para uma situação de total barbarismo: um retrocesso de milênios.

No século XXI, essa disjuntiva torna-se ainda mais férrea, pois o capitalismo, único sistema econômico implementado em escala mundial desde o surgimento da nossa espécie, está esgotando totalmente as condições de vida no planeta. Portanto, hoje em dia, podemos interpretar a barbárie como o fim da própria espécie humana.

Como somente os trabalhadores, povo pobre e oprimido de todo o mundo, podem levar a cabo a luta pelo socialismo, a defesa do meio ambiente somente pode ser efetivada através de um governo revolucionário exercido diretamente pelos trabalhadores.

O exemplo da luta do povo da Zona Oeste contra o “Lixão” demonstra que, por serem os que mais sofrem com a degradação ambiental, o povo pobre e trabalhador é o maior interessado em barrar o avanço da destruição.

A burguesia, na busca desenfreada pelo lucro, poluiu todo o planeta. Agora, diante do aquecimento global, diante do derretimento do gelo dos polos que leva a profundas alterações climáticas e ao aumento do nível do mar, tentam nos enganar dizendo que a culpa da poluição é do povo. Tenta nos convencer de que, para salvar o planeta, devemos fechar as torneiras de nossas casas, economizar copos descartáveis, etc. Enquanto isso, suas grandes empresas seguem despejando milhões toneladas de CO2 no ar para seguirem lucrando milhões às custas da miséria do povo e do planeta. Enquanto isso, Lula, com uma canetada, assina a transposição do Rio São Francisco condenando toda uma região a uma tragédia ambiental somente para garantir a supervalorização das terras de alguns apadrinhados políticos e a posterior venda da água do “Velho Chico”. Tudo para enriquecer ainda mais os que já são ricos.

Na verdade, de nada adianta qualquer atitude individual e isolada para salvar o planeta. De nada adiantará economizar individualmente ao longo de um ano alguma quantidade de copos descartáveis se a burguesia não for destruída. É ela, que através da sua ganância, acaba com as condições de vida. A luta em defesa do meio ambiente deve ser uma luta política contra os governos que, como os de Lula e Bush, destroem a natureza. Deve ser uma luta, em última instância, contra a burguesia a quem esses governos servem. Deve ser uma luta em defesa de um governo direto dos trabalhadores e em defesa do socialismo.

Relembrando Rosa Luxemburgo: Socialismo ou colapso ambiental!

On the 2004 Venezuelan Referendum

On the 2004 Venezuelan Referendum

Principles & Tactics

The following is an edited version of a document adopted at the Fourth International Conference of the then revolutionary International Bolshevik Tendency (IBT). Originally published in 1917 No. 28, December 2005. Copied from http://www.bolshevik.org/1917/no28/no28Venezuela-referendum.html.

Given a choice, Marxists would generally vote “yes” to removing a bourgeois government. But in the case of Venezuela today, the role of U.S. imperialism somewhat complicates the equation. There have been analogous situations in the past, when revolutionaries have not been eager to see similar attempts succeed, notably the Nazi-initiated “Red Referendum” against the Social Democratic government of Prussia, which failed when the combined efforts of the Stalinists and Nazis failed to obtain the support of the majority of the electorate. In his 25 August 1931 article on the Red Referendum, Trotsky commented:

“We have not the slightest ground for supporting Braun’s government, for taking even a shadow of responsibility for it before the masses, or even for weakening by one iota our political struggle against the government of Bruening and its Prussian agency. But we have still less ground for helping the fascists to replace the government of Bruening-Braun.

“To come out into the streets with the slogan ‘Down with the Bruening-Braun government’ at a time when, according to the relationship of forces, it can only be replaced by a government of Hitler-Hugenberg, is the sheerest adventurism. The same slogan, however, assumes an altogether different meaning if it becomes an introduction to the direct struggle of the proletariat itself for power.”

We would never vote confidence in a bourgeois government, but in some situations the best course is not to participate in an attempt to bring one down, and the 2004 referendum in Venezuela is just such a case.

Marxists absolutely reject the reformist logic of supporting “lesser evil” bourgeois politicians on the grounds that their opponents are even worse. In the second round of the 2002 French presidential election, when the choice was between Chirac, a right-wing bourgeois, and Le Pen, a fascist, we condemned the Pabloites and other supposed revolutionaries who voted “against Le Pen,” i.e., for Chirac, while claiming that by doing so they were defending bourgeois democracy against fascism.

The 2004 recall campaign in Venezuela is certainly an example of “democratic,” low-intensity imperialist meddling in neo-colonies. Though the Venezuelan referendum was not directly organized by the U.S., the imperialists certainly supported those behind it. Some leftists argue that it was necessary to vote against removing Chávez because of the reactionary character of his opponents. But a “no” vote on the question of holding a new presidential election amounts to support for the existing bourgeois government.

There is no question that a victory by the right could have set the stage for “legalizing” wholesale attacks on working people. The defeat of the “yes” campaign led to splits and recriminations among the domestic reactionaries and their imperial backers. It also undoubtedly energized Chávez’s plebeian base, as electoral victories of popular fronts have done in the past (e.g., France 1936, Chile 1971). Workers who confidently expect “their” government to defend their interests will initially tend to be hostile to those who make leftist criticisms. But over time, as the reality becomes clear, these attitudes can change.

Ideally, there would have been a way to vote against the imperialist-backed right wingers without politically supporting Chávez, but the format of the referendum made this impossible, just as it was impossible to simply vote “against” Le Pen in the second round of the 2002 French election. The Venezuelan referendum was not an extra-legal assault by the right, but rather a parliamentary maneuver sanctioned by the “Bolivarian” constitution. This makes it rather different than the coups that deposed Chile’s Allende in 1973 or Haiti’s Aristide in 2004. Chávez accepted the challenge because he estimated, correctly, that he had enough popular support to win.

Venezuela today is a sharply polarized society in which armed conflict is a real possibility. While we give no support to Chávez’s muddled left-bonapartist/reformist program, we would certainly bloc with him militarily against any coup attempts, just as the Bolsheviks did with Kerensky’s Provisional Government in 1917.

A parallel can be drawn between the Venezuelan referendum and the elections organized in Nicaragua by the Sandinistas under pressure from imperialism. In that case we did not vote for the Sandanista National Liberation Front (FSLN), even though we had earlier supported it militarily against the contras and their bourgeois backers. We took the same attitude in South Africa and El Salvador when the African National Congress (ANC) and the Farabundo Martí National Liberation Front (FMLN) made the transition from resistance fighters to nationalist/leftist popular-front electoralists.

Clearly Chávez’s supporters, unlike most of the opposition, are people we would like to win over. Those who have put their faith in Chávez would certainly look askance at any group refusing to participate in the “no” campaign, but they would also expect all genuine anti-imperialists to vote for the Bolivarian slate in an election. Leftists who voted “no” to allowing Chávez’s opponents the chance to shorten his term, and then refused to vote “yes” to allowing him to complete it, would tie themselves in knots trying to explain such a contradictory position.

In approaching the referendum, Venezuelan Trotskyists would begin with the perspective of helping the working class assert its own independent political interests. Their propaganda would stress the fact that the stranglehold of U.S. imperialism and its Latin American bourgeois vassals can only be broken by the wholesale expropriation of domestic and foreign capital. Like Egypt’s Nasser, Chile’s Allende and other purveyors of radical-egalitarian “third way” fantasies, Chávez is opposed to such a course. While stressing their willingness to militarily defend his government against attacks by reactionaries, Venezuelan Bolshevik-Leninists would try to win the more leftist elements among the chavistas to the understanding that the enemies of the oppressed can only be decisively defeated by replacing the existing state with organs of workers’ rule.

In the case of extra-legal attempts by reactionaries to seize power (e.g., Kornilov in 1917, Franco in 1936 or the 2002 coup against Chávez), Marxists militarily defend the “legal” bourgeois government (in effect acting to maintain them in power, at least temporarily). But this is a very different situation than when rightists use constitutional, parliamentary channels—in such cases, electoral “blocs” amount to political support.

Something was posed in the Venezuelan referendum that was a lot more significant than a routine bourgeois election, and everyone knew it. If a similar plebiscite were to take place in Brazil, where the bourgeoisie has felt no need to resort to a coup to secure its control, the imperialist big brothers would not likely take any particular interest. They are happy enough with Lula. For the Venezuelan opposition, this parliamentary maneuver was a matter of tactical expediency, as they had already tried and failed to achieve their goals through a coup and a paralyzing national lockout.

A revolutionary organization with a following large enough to have been a real factor in the outcome could have responded to increased rightist activity with a campaign for the creation of “committees of action” along the lines of those proposed by Trotsky after the victory of the popular front in France in 1936. Revolutionaries would warn that, as the examples of Guatemala in 1954 and Chile in 1973 demonstrate, workers’ cannot protect themselves through the ballot box. Proletarian defense guards are the only effective means to deal with the threat of violent rightist thugs, and their creation also raises the self-confidence and fighting spirit of the working class.

As Marxists, we recognize that extra-parliamentary actors sometimes assume parliamentary guises. In some situations, a constitutionally proper procedure can provide a cover for a profoundly anti-democratic development, e.g., Hitler’s ascension to the German chancellorship in 1933. But in such circumstances, almost by definition, there is no viable electoral response. While we would never vote for a Christian Democrat or Gaullist to keep a Nazi out of office, we would certainly favour vigorous mass action to negate a fascist electoral victory. We do not want Le Pen as president of France, but we are not prepared to vote for Chirac—not only out of principle, but also because we recognize that if society is that close to a National Front takeover, the idea of electoral resistance can only be a debilitating illusion. In such situations, or in case of another attempted rightist coup in Venezuela, the urgent duty of revolutionaries is to mobilize the working class for battle.

 

Venezuela: State & Revolution

For a Socialist Federation of Latin America!

Venezuela: State & Revolution

Originally published in 1917 No. 28, December 2005, by the then revolutionary International Bolshevik Tendency (IBT). Copied from http://www.bolshevik.org/1917/no28/no28Venezuela-PermRev.html.

Latin America has the world’s widest income gap, with well over a hundred million people forced to eke out an existence on less than two dollars a day, according to the World Bank’s 2005 “World Development Indicators.” IMF-dictated austerity and privatization programs have ravaged the region for decades. “No other developing region [has] moved faster to sell off state companies,” wrote Newsweek (5 July 2005), noting that: “By the end of the 1990s, Latin America accounted for fully 55 percent of total privatization revenues across the developing world….”

The imperialist financiers’ campaign to shrink the “state sector” and privatize water, electricity and gas utilities is rationalized with cynical claims that the region’s desperate poverty requires increased foreign capital penetration. In fact, the IMF’s austerity prescriptions, designed to create lucrative investment opportunities for imperialist corporations, have driven down living standards wherever they have been imposed.

“Neo-liberalism” has sparked massive popular resistance throughout South America. In June 2005, Bolivia teetered on the brink of civil war as mass protests demanded the reversal of the 1996 privatization of the country’s oil and gas deposits. But the highest-profile opponent of the “Washington Consensus” is Venezuela’s charismatic president, Hugo Chávez, whose administration has sought to mobilize millions of workers and poor peasants under the banner of a “Bolivarian Revolution.” The Bolivarians, named after Simón Bolivar, the leader of the 19th century revolt against Spanish colonialism, are the target of a sustained, but thus far spectacularly unsuccessful, campaign of intimidation and subversion by the Venezuelan ruling class in collaboration with the various agencies of its American overlord.

Many leftists are excited by the Venezuelan leader’s talk of “transcending capitalism” and building the “socialism of the 21st century.” They fervently hope that Chávez will be able to use his position at the pinnacle of the Venezuelan state to deal a crushing blow to the forces of reaction, and propel Venezuela in a new, revolutionary direction. But this is a dangerous illusion, for, as Karl Marx observed after the defeat of the Paris Commune in 1871, “the working class cannot simply lay hold of the ready-made [capitalist] state machinery, and wield it for its own purposes.”

Some “Marxists” active in the Venezuelan workers’ movement have abandoned this fundamental axiom. Followers of Ted Grant and Alan Woods in the Committee for a Marxist International (CMI, a.k.a. the International Marxist Tendency) have denounced “sectarians” and “formalists” who “constantly refer to definitions and ready-made quotations from the Marxist classics (‘we must smash the old state’ etc.), which in their hands become transformed from scientific statements into empty clichés or religious incantations” (Marxist.com, 4 May 2004). The CMI certainly cannot be accused of adhering—religiously or otherwise—to the fundamental principles of Marxism. But this does not change the fact that socialist revolution in Venezuela, as everywhere else, requires smashing the bourgeois state and replacing it with institutions committed to defending workers’ power.

Class & State in Venezuela

Venezuelan society has been decisively shaped by its relationship with the imperialist colossus to the north. The discovery of huge oil reserves during the First World War, at the dawn of the automobile age, vastly increased Venezuela’s strategic importance, and today it is the world’s fifth-largest oil exporter. Petroleum accounts for approximately one third of the country’s gross domestic product (GDP) and more than 80 percent of its total export earnings. As a result of the oil boom of the 1970s, Venezuela today is a highly urbanized society, with 87 percent of its population living in towns and cities. Half the workforce is employed in the “unofficial” economy concentrated in the sprawling slums, while agriculture contributes a mere six percent of GDP. Two-thirds of the country’s food has to be imported.

On 1 January 1976, the government of Carlos Andrés Pérez nationalized Venezuela’s oil industry and created the state-owned Petróleos de Venezuela Sociedad Anónima (PDVSA). This increased the government’s share of oil revenues, but the management of these newly nationalized oil installations did not change, and, as a result, the international oil majors continued to obtain Venezuelan crude at a substantial discount. In the 1980s, PDVSA began to acquire overseas refining, distribution and marketing assets, including the Citgo gas station chain in the U.S. In the 1990s, Venezuela’s oil industry was reopened to outside investors. Today, roughly a quarter of production is controlled by foreign firms (Venezuelan Politics in the Chávez Era, Steve Ellner and Daniel Hellinger, eds., 2003).

Another lever of imperialist control is the country’s external debt, which, according to the World Bank’s 2005 “World Development Report,” was over $32.5 billion in 2002 (roughly a third of gross national income). Much of this was accumulated in the 1970s:

“The foreign debt grew from $1.2 billion in 1973 to $11 billion in 1978. Astronomical sums were gobbled up by Pharaonic projects. Multimillion dollar deals were made in violation of the law and the constitution. A lot of money was used to fuel networks of clientalism and essentially benefited financial capital, eminent representatives of which occupied important positions within the state apparatus.”
—Frédéric Lévêque, Réseau d’information et de solidarité avec l’Amérique latine (RISAL), 17 May 2004

Venezuela’s “oligarchs,” whose social and political power is rooted in their ownership of industry, transportation, banking and the media, are linked by a thousand threads to the centers of imperial finance capital. Their rural cousins, the big landowners, dominate the countryside. Seth DeLong, a Senior Research Fellow at the Washington-based Council on Hemispheric Affairs, estimates that, despite a 1960 land reform, today “roughly 75 to 80% of the country’s private land is owned by 5% of all landowners” (Venezuelanalysis.com, 25 February 2005). The parasitism of Venezuela’s tiny light-skinned ruling class has traditionally been rationalized by racism—the supposed superiority of “Europeans” over the black, Indian and mestizomasses—and sanctified by the obscurantist reactionaries of the Catholic Church.

From ‘Caracazo’ to ‘Bolivarian Revolution’

A combination of falling oil prices and soaring debt produced a serious fiscal crisis in the 1980s, prompting the government of Carlos Andrés Pérez to respond with IMF-dictated austerity and “structural adjustments.” The first step was to deregulate fuel prices. On the morning of 27 February 1989, when people on their way to work discovered that bus fares had doubled over night, they exploded in anger:

“Buses were overturned and burnt, but this was just the initial stage of the revolt. Within hours the rebellion had become more generalized, with widespread looting and the destruction of shops and supermarkets. Gangs of young people from the suburbs, both poor and angry, invaded the commercial centre of Caracas and moved on to the privileged residential areas of the wealthy under the slopes of Mount Avila, close to the heart of the city. Rioting and looting continued unchecked throughout the night and the following day. It developed into a prolonged and mighty rebellion—the Caracazo as it was called—but it was soon to be followed by days of brutal military repression.”
In the Shadow of the Liberator, Richard Gott, 2000

The army gunned down as many as 3,000 people, but was unable to quell the unrest. From that moment the traditional mechanisms of social control began to break down. Suddenly left-nationalist formations, like the Movimiento al Socialismo (MAS) and La Causa Radical (both offshoots of the Venezuelan Communist Party) began to grow rapidly. Popular dissidence even found expression in Venezuela’s officer corps when, in February 1992, a group of officers around Colonel Hugo Rafael Chávez Frias made an unsuccessful bid to overthrow Pérez and overturn his “neo-liberal” agenda. Nine months later they tried, and failed, again. Chávez went to prison promising his supporters that their project was on hold only “for the moment.”

In 1994, when Rafael Caldera Rodríguez, who had earlier held power from 1969 to 1974, was reelected president, he immediately reversed some of Pérez’s less popular measures, nationalized a few insolvent banks and pardoned Chávez. Caldera’s populist credentials were further enhanced when a representative of the MAS was given a cabinet post. Yet the new government was unable to turn the economy around, and in April 1996, Caldera agreed to yet another IMF structural adjustment program. Between 1993 and 1999 real wages plummeted, the rate of unionization fell by half (to just 13.5 percent), unemployment doubled (from 6.3 to 14.9 percent) and the “informal” economy expanded. According to the World Bank:

“[T]he percentage of Venezuelans living in poverty (household income of less than $2 a day) has increased from 32.2 percent in 1991 to 48.5 percent in 2000. Likewise, the proportion of those living in extreme poverty—below $1 a day—rose from 11.8 percent to 23.5 percent.”
—”Venezuela Country Brief,” World Bank, August 2004

As the poor were growing poorer, the rich grew steadily richer: “The income share of the poorest 40 percent of the population fell from 19.1 percent in 1981 to 14.7 percent in 1997, while that of the wealthiest decile increased from 21.8 to 32.8 percent” (Venezuelan Politics in the Chávez Era, Steve Ellner and Daniel Hellinger, eds., 2003).

In March 1994, as soon as he got out of prison, Chávez began organizing a “military-civilian” alliance, the Movimiento Quinta República (MVR) which participated in the “Polo Patriótica,” a bloc of parties pledged to liberate Venezuela from corruption and neo-colonial servitude. As the Polo Patriótica presidential candidate in the December 1998 elections, Chávez received 56 percent of the vote:

“Chavez got elected in late 1998 on three basic promises: first, to break Venezuela’s old political system, known as ‘puntofijismo,’ named after the location, Punto Fijo, at which Christian Democrats (Copei) and Social Democrats (Acción Democrática) signed an accord to limit Venezuela’s political system to a competition between these two parties. Second, Chavez promised to end corruption. And third, Chavez promised to alleviate poverty in Venezuela.”
— G. Wilpert, Venezuelanalysis.com, 11 November 2003

A few months after being elected, Chávez’s proposal to convoke a constituent assembly won an overwhelming mandate. His supporters swept the July 1999 elections to the assembly, where they proceeded to draft a new constitution declaring Venezuela to be a “democratic and social state of law and justice.” When this document was ratified by 70 percent of voters in a December 1999 referendum, the new “Bolivarian Republic of Venezuela” was born. Seven months later, in July 2000, Chávez was elected its first president.

Relations were tense between puntofijists and Bolivarians within the state apparatus. Those who had served the old regime did not trust Chávez, who seemed largely uninterested in using his position for personal advantage (a characteristic that many in his circle do not share). Many old-timers worried that Bolivarian denunciations of poverty and “globalization” might stir up the impoverished masses. They were alarmed when Chávez assigned loyal military cadres to monitor the civil service:

“‘The military are everywhere,’ one senior economic adviser explained to me. ‘It sometimes seems as though there is a secret project that you don’t quite know about. There really is a military party. In some of the ministries, it’s a case of dual power.’”
—Gott, op. cit.

Washington was equally suspicious of Bolivarian intentions. To reassure the imperialists, the government pledged not to touch any foreign investments, although, according to Gott, Chávez sought to avoid personal responsibility for this measure by arranging to be out of the country when it was announced.

Despite vehement denunciations of “neo-liberalism,” the Bolivarian government proposed to privatize state-owned electrical and aluminum companies, while retaining control of PDVSA. In his inaugural address, Chávez spelled out his government’s economic plan:

“Our project is neither statist nor neo-liberal; we are exploring the middle ground, where the invisible hand of the market joins up with the visible hand of the state: as much state as necessary, and as much market as possible.”
Ibid.

While proclaiming its commitment to social justice, the Venezuelan government continued to make scheduled payments on its foreign debt and, in an obvious bid to reassure the reactionaries, Chávez reappointed Maritza Izaguirre as finance minister—notwithstanding the fact that, under the Caldera administration, she had introduced many of the unpopular measures denounced by the Bolivarians.

But despite the government’s conservative economic policies, its popular base was emboldened by the belief that the president was on their side. In November 2001, tension between the Bolivarians and the puntofijists came to a head when Chávez, in an attempt to shore up his slipping popularity, pushed through 49 decrees fulfilling some of his earlier promises. One of these limited foreign control of the oil industry and doubled the royalties due to the government. The right-wing opposition responded by accelerating its plans to overturn the regime.

While a few Venezuelan capitalists sought to reach a modus vivendi with Chávez, most of the bourgeoisie, and much of the petty bourgeoisie, were virulently hostile. The venal trade-union bureaucracy of the Confederación de Trabajadores de Venezuela (CTV), demagogically exploiting some legitimate grievances of their base, sided with the bosses against Chávez. A few of the more corrupt and cynical elements of the left, notably the degenerate Stalinists of the formerly pro-Albanian Bandera Roja (Red Flag) group, also threw their support to the “democratic” pro-imperialist opposition. On 10 December 2001, the CTV, supported by Fedecámaras (the employers’ association) and PDVSA management, carried out a one-day strike to protest the decrees issued by Chávez the month before. Chávez responded in February 2002 by sacking the top PDVSA managers, an act that triggered a U.S.-backed coup two months later.

The U.S. National Endowment for Democracy (NED), which channeled CIA funds to the Nicaraguan contras in the 1980s, had long been funding the CTV bureaucracy via the AFL-CIO’s perversely titled “American Center for International Labor Solidarity” (ACILS, a.k.a. “Solidarity Center”) the contemporary embodiment of the infamous American Institute for Free Labor Development. Between 1997 and 2002, the NED officially provided ACILS with $700,000 for subversion in Venezuela (Monthly Review, May 2005). It was no coincidence that NED’s budget in Venezuela quadrupled in the period immediately before the April 2002 coup. Among other things, it sponsored a March 2002 conference of CTV bureaucrats, Fedecámaras officials and members of the Catholic hierarchy to discuss perspectives and priorities for the country’s future.

April 2002 Coup: Made in the U.S.A.

On 11 April 2002, elements of the Venezuelan military arrested Chávez, and Fedecámaras chief Pedro Carmona proclaimed himself head of state. Carmona immediately rescinded the constitution, dissolved the legislature, suspended the Supreme Court, revoked all of Chávez’s decrees and began rounding up leading Bolivarians. With consummate cynicism he announced: “Everyone will feel that there exists plenty of freedom, pluralism and respect for the state of law” (Associated Press, 12 April 2002). Carmona was supported by the corporate media, much of the intelligentsia and the officer corps, the Catholic Church and, of course, the big capitalists and landowners. His regime was immediately recognized by Washington, Madrid, and the IMF, although no Latin American government was eager to endorse the U.S.-orchestrated overthrow of an elected government in the region. There was never any serious question about American involvement:

“[V]isits by Venezuelans plotting a coup, including Carmona himself, began, say sources, ‘several months ago’, and continued until weeks before the putsch last weekend. The visitors were received at the White House by the man President George Bush tasked to be his key policy-maker for Latin America, Otto Reich.”Reich is a right-wing Cuban-American who, under Reagan, ran the Office for Public Diplomacy. It reported in theory to the State Department, but Reich was shown by congressional investigations to report directly to Reagan’s National Security Aide, Colonel Oliver North, in the White House.”
Observer (London), 21 April 2002

Former U.S. navy intelligence officer Wayne Madsen reported:

“‘I first heard of Lieutenant Colonel James Rogers (the assistant military attaché now based at the US embassy in Caracas) going down there last June to set the ground,’ Mr Madsen, an intelligence analyst, said yesterday. ‘Some of our counter-narcotics agents were also involved.’”He said that the navy was in the area for operations unconnected to the coup, but that he understood they had assisted with signals intelligence as the coup was played out.”Mr Madsen also said that the navy helped with communications jamming support to the Venezuelan military, focusing on communications to and from the diplomatic missions in Caracas belonging to Cuba, Libya, Iran and Iraq—the four countries which had expressed support for Mr Chavez.”
Guardian (London), 29 April 2002

Although Carmona held power for less than 48 hours, he found time to meet both the Spanish and U.S. ambassadors. The coup collapsed when hundreds of thousands of Chávez’s plebeian supporters massed outside the Miraflores presidential palace to demand his restoration, while several hundred loyal soldiers, who had hidden in the basement after being tipped off about the coup, emerged to arrest Carmona.

Some senior officers who had initially gone along with the coup were reportedly so appalled by the Fedecámaras chief’s dictatorial actions during his first day in office that they withdrew their support. This may explain why, as soon as he returned, Chávez immediately sought to open a “dialogue” with his rightist enemies, backtracked on some proposed reforms and announced that PDVSA management would remain in place. Instead of being mollified, the rightists saw these overtures as a sign of weakness and launched a national strike/lockout to bring down the Chávez government in December 2002. The lockout was supported by all the big capitalists and a minority of workers. It inflicted serious economic damage, but collapsed after a couple of months. This time Chávez was less conciliatory, and promptly fired 18,000 of the participants (including the PDVSA bosses).

The majority of the working class and several important unions had actively opposed the bosses’ lockout:

“…in the process of recovering PDVSA, there were many experiments in workers’ control, notably in the El Ilenadero de Yagüa, Puerto La Cruz and El Palito refineries. In the latter, dozens of workers worked day and night to counter the economic sabotage. And it was also pressure from the workers that forced […] Ferrari to open and distribute gasoline.”Similar experiments took place in other branches of industry. In the middle of the lockout, workers seized companies demanding their reopening and direct workers’ control over production. This was the case with Texdala, a textile factory in Maracay, and with Central Carora, a sugar factory in the state of Lara.”
—Frédéric Lévêque, RISAL, 5 June 2003

After the failure of the lockout, the rightist opposition, which according to the National Catholic Reporter (2 April 2004) was receiving a million dollars a year from the U.S. to fight Chávez, began to gather signatures for a presidential recall referendum. The vote, eventually held on 15 August 2004, delivered a devastating blow to the opposition. One prominent imperialist hireling, Maria Corina Machado (leader of Súmate, the group that spearheaded the recall campaign) now faces criminal charges for illegally using foreign funds to attempt to influence the outcome. In a signal to Caracas, Machado was invited to the White House in May 2005 by George W. Bush.

Chávez’s decisive victory in the referendum dramatically weakened the opposition. The subsequent victory of pro-Chávez candidates in the 2004 regional elections led to the appointment of a chavista majority in the Supreme Court. With the right in retreat, Chávez swung left, at least rhetorically, and in January 2005 at the World Social Forum in Porto Alegre declared that henceforth his government would be pursuing a “socialist” agenda.

Many leftists backed Chávez in the recall referendum on the grounds that his opponents were reactionary. But voting “no” to new presidential elections amounted to giving political support to the existing bourgeois government, something Marxists can never do. Under these circumstances, with no way to express a clear, proletarian alternative, the best that class-conscious Venezuelan workers could do was spoil their ballots, while making clear their readiness to defend Chávez, arms in hand, against any extra-legal attacks by the right or their imperialist godfathers.

Social Reform & ‘The Movement’

The Chávez government has initiated a series of significant new social programs (known as “missions”) that are providing important assistance to millions of Venezuela’s poor. Mission Mercal established a chain of supermarkets to sell goods at subsidized prices. Mission Robinson, a mass literacy program, has already taught more than a million poor people to read and write. Mission Ribas helps those who never graduated from high school to resume their studies, while Mission Sucre provides scholarships for impoverished students to attend college. Mission Vuelvan Caras is a training program through which Mission Ribas graduates and others can learn the skills necessary for decent, productive jobs.

The goal of Mission Barrio Adentro is to create a free and universal health care system. Already 20,000 Cuban medical professionals have set up clinics to provide free health and dental care for the urban and rural poor. In exchange, Venezuela is selling oil to Cuba at prices well below those of the international market. Mission Barrio Adentro II, launched in June 2005, is constructing hospitals, as well as diagnostic and rehabilitation facilities. Chávez has announced plans for Mission Barrio Adentro III, to organize the acquisition of modern medical equipment. Under Mission Miracle, Venezuela is sending thousands of patients to Cuba to receive surgery they otherwise could not afford.

The Bolivarian missions, which are hugely popular, have helped draw millions of poor Venezuelans into political activity through their emphasis on “grassroots” participation. Much of this has taken place through the “Bolivarian Circles”—local groupings of between seven and ten individuals who help enroll people in the “missions” and then support them and monitor their progress. The Bolivarian Circles, which have a quasi-independent relationship with the state and at their height claimed an active membership of two million, are waning and being replaced by other organizational networks.

In February 2002 the government announced that it would issue titles for land in shantytowns to inhabitants organized into land committees of between 100 and 200 families. These urban land committees have since become a central pillar of the “Bolivarian Revolution”:

“The urban land reform is functioning as a catalyst for the mobilization of Venezuela’s barrios, following the fizzling out of the Bolivarian Circles….It has led to the mobilization of over 5,000 land committees, representing a total population of more than 5 million Venezuelans, or 20% of the population. This makes the urban land committees Venezuela’s largest organized social movement.
—Gregory Wilpert, Venezuelanalysis.com, 12 September 2005

The government has also created small-scale financial institutions (e.g., the Women’s Bank and People’s Bank) to provide cheap credit for small businesses and cooperatives. The National Housewives’ Union, launched in 2003, is another key participant in the plans for “endogenous development”:

“‘We also have people who teach the women how to develop cooperatives in small businesses and community work,’ [Lizarde Prada, a leader of the Housewives’ Union] explained. ‘For example, if you live in a certain neighborhood and you have the raw materials, such as bananas, use it for a sweets shop and use local transportation for your business. All of this will generate more local work.’ There are different cooperatives affiliated with the Housewives’ Union, some involve cooking and food distribution, others have to do with textiles and sewing.”
—Benjamin Dangl, ZNet, 27 April 2005

While improving life for many of the most impoverished, these sorts of initiatives do not begin to address the roots of social inequality in the imperialist world order. Chávez has recently begun to talk about “21st century socialism,” but the measures proposed so far do not seem to go much beyond the 1999-2000 “Transitional Economic Program,” which projected the development of “a humanistic, self-managed and competitive economy” for which:

“The backdrop is the social organization of production in which the market, as a fundamental mechanism for assigning resources and factors, incorporates complementary organizational forms of private property which, like cooperatives and strategic consumer and producer associations, foster a dynamic diversification of production and add value.”

There is a profound and fundamental contradiction between the interests of those who own and control the essential economic levers—the Venezuelan bourgeoisie and their imperialist patrons—and the mass of the population. In some circumstances the capitalists can be compelled to make concessions, but, so long as the bourgeois state remains intact, gains for working people can easily be reversed when the relation of forces changes.

Limits of Bolivarian Agrarian Policy

The supposed “war against the latifundia” illustrates the limits of the Bolivarian experiment. Among the 49 decrees Chávez promulgated in November 2001, one that particularly enraged the oligarchs was the creation of the Instituto Nacional de Tierras (National Lands Institute—INTI) which was charged with implementing a modest land reform. The law imposed a supplementary tax on landholdings where more than 80 percent is unworked, and allowed for the expropriation—with full compensation—of “high-quality idle land of over 100 hectares or lower quality land of over 5,000 hectares” (New Left Review, May-June 2003). Expropriated land was supposed to be turned over to farmers’ cooperatives. The reform was intended to address the land hunger of poor peasants, modernize the countryside and boost agricultural production, thus enhancing Venezuela’s “food sovereignty.” Ricaurte Leonete, the head of INTI, pointed out that this was not an anti-capitalist measure: “Our terratenientes [landlords] aren’t even capitalists. Capitalists make use of their land…. In Europe capitalism got rid of this kind of parasitic behaviour a long time ago” (cited in Le Monde Diplomatique, October 2003).

Yet, despite occasional rhetorical attacks on landed parasites, the regime did not touch any private holdings for over three years. Meanwhile, more than 100 peasant leaders have been killed by armed gangs working on behalf of the big landowners. In some cases, the local Bolivarian authorities sided with the rural elites:

“It’s one thing when the enemy is an opposition governor – as in the states of Yaracuy, Apure and Carabobo – or a politician from the ancien régime. But in January 2002, in El Robal (Cojedes State), it was Jhonny Yanez Rangel who let the dogs out. He had been elected as a member of the Movement for the Fifth Republic (MVR, the president’s party). ‘He kicked out the campesinos and destroyed their ranchos and their equipment. Everything was lost,’ says Vásquez [a landless peasant], still enraged at what happened. How could a revolutionary governor act against the revolution?”
Le Monde Diplomatique, October 2003

In January 2005, with the government less anxious to conciliate the reactionaries, Rangel dispatched 200 National Guard soldiers to the 32,000 acre El Charcote estate (owned by British multimillionaire Lord Vestey) where several hundred landless peasants had been squatting for years. The Washington Post (14 January 2005) immediately seized on this as an “assault on private property” that proved Chávez “is undermining the foundations of democracy and free enterprise.” The European media treated it less hysterically. The BBC described Chávez’s announcement that land reform was to be accelerated as “more modest than many expected,” and Radio Netherlands noted:

“Although President Hugo Chavez once spoke of a ‘war against the landed estates,’ the government now carefully avoids using the word ‘confiscation.’ It is simply ‘retaking’ land which, while it has always been ‘public property,’ was dubiously ‘occupied’ by private landowners and businesses.”
—Radio Netherlands, 15 March 2005

The discrepancy between the tough talk of “war on the latifundia” and the timid measures actually undertaken is highlighted by the regime’s recent attempts at “coordination” with landowners to reach negotiated agreements and by its continuing reluctance to support peasant occupations. For all the radical rhetoric, Chávez is well aware that a true agrarian revolution that uprooted the big estate owners would inevitably threaten capitalist property in the cities as well. In the past few years, in order to placate the rural poor without offending the rich landowners, the regime has been parceling out state-owned land, turning over more than two million hectares to 130,000 families and farming cooperatives. In doing so, the government acted to expand the influence of the capitalist market and maintain the influence of the big landholders.

Chávez & Organized Labor

Chávez’s government has raised the minimum wage several times—including a 26 percent hike in May 2005 (roughly equal to the annual rate of inflation) while also making it more difficult for employers to lay off workers. These measures, which only apply to the half of the workforce employed in the “formal” economy, have made it easier for workers to unionize.

When Chávez came to power, the main trade-union federation was the highly bureaucratized CTV, which was traditionally closely integrated with Acción Democrática, self-described “social democrats” who propped up the puntofijist regime. In March 2000, Chávez declared a strike of PDVSA workers for better wages and working conditions to be illegal, and demanded that a new union leadership be elected before negotiations could continue. Rather than comply, the union tops promptly called off the action. But seven months later, in October, 30,000 oil workers struck again, and after four days wrested a 60 percent pay hike from the PDVSA management. This time the government did not seek to intervene, as unions representing over a million public-sector employees declared their intent to strike in solidarity (BBC News Online, 15 October 2000).

In 2001, in an attempt to break the grip of the CTV bureaucracy, the government decreed that all unions had to immediately hold elections. Although Chávez’s intervention in the trade-union movement was popular with many workers frustrated by the CTV misleaders, Marxists, as a matter of principle, oppose any meddling by the capitalist government in the unions. Those who rely on the bourgeois state to fight union corruption only weaken the workers’ movement. When the CTV bureaucrats managed to win the vote, Chávez supporters split away and founded the Unión Nacional de Trabajadores (UNT) in April 2003. Since then, the UNT has grown rapidly, and now represents the vast majority of public-sector workers and half of those in the private sector.

Those leftists who want to see Chávez as a revolutionary socialist have been encouraged by the recent nationalization of several companies. Alan Woods, a leader of the Committee for a Marxist International, declared:

“The fact that President Chavez has come down publicly in favour of socialism is a further clear indication as to where the Bolivarian Revolution is moving. The nationalization of Venepal, and now also of CNV, confirms this direction. Those people who criticized us for pointing out that the Bolivarian Revolution would have to take the socialist road or fail, have been shown to be completely wrong.”
—Marxist.com, 10 June 2005

The January 2005 nationalization of the Venepal paper mill (which had been bankrupted as a result of its owner’s participation in the 2002-2003 bosses’ “general strike”) only occurred after several hundred workers, responding to its September 2004 closure, occupied the mill and resumed production. Chávez did not pretend that this represented a step toward socialism: “The expropriation of Venepal is an exception, not a political measure, nor a government one. We won’t take the land, if it’s yours it’s yours. But the company that is closed and abandoned, we’ll go for them. For all of them” (Venezuelanalysis.com, 20 January 2005). Only in December 2004, after the company had officially declared bankruptcy, did the government nationalize it—and then only after paying the owners its full market value. In April 2005 the government also took over the Constructora Nacional de Válvulas (CNV), which had also been shut down by its owner (former PDVSA president Andrés Sosa Pietri). In this case as well, the Bolivarian authorities acted only after some 60 former CNV employees occupied the factory.

The government has announced plans for converting other bankrupt enterprises, as well as some privately-owned companies “co-managed” by employees, into Empresas de Producción Social (EPSs, Social Production Enterprises):

“Examples of enterprises that should be turned into EPS are Cadafe (the electrical company), Hidroven (the water company), the Metro, Conviasa (the state airline). The state-owned oil company PDVSA is an enterprise that has already undergone the transition from capitalist enterprise to social production enterprise, said Chavez….”Expropriations to advance this program would, however, be only a last resort. Agreements with current owners would first be attempted, so that the enterprises might reopen as social production enterprises with government support. Agreements could be reached, ‘always when the owners are willing to improve the enterprise, to promote worker participation, and to involve them in the distribution of the products, as well as to make them participants in the benefits [of the enterprise],’ said Chavez.”
—Venezuelanalysis.com, 18 July 2005

Despite the wishful thinking of some leftists, the reality of workers “co-managing” with employers has nothing to do with socialism:

“Workers at Cadafe, the state electric company that provides 60 percent of the electricity in Venezuela, began a push for co-management soon after Chávez was elected in 1998. In 2002, shortly after the April coup, Cadafe officially began the transition to co-management. But three years later, workers’ role in the decision-making process is still limited to two positions on a five-member coordinating committee—a group that can make recommendations to the president of the company, but he has no obligation to heed. After giving the state management a chance to implement real co-management, Cadafe workers, led by the union federation Fetraelec, have staged a series of protests articulating their impatience. It’s a tricky strategy, because the majority of these workers are staunch supporters of President Chávez, but their protests are necessarily directed against the Ministry of Energy—the state entity in charge of Cadafe.”
Monthly Review, June 2005

The biggest co-management “success” story is Alcasa, a state-owned aluminum concern located in the industrial city of Puerto Ordaz, where departmental works councils are allowed to discuss the company’s “participatory budget.” In April 2005, the plant’s 2,700 employees got to elect two of the firm’s five corporate directors. The president of Alcasa, Carlos Lanz, a former guerrilla leader, suggested: “This is about workers controlling the factory and that is why it is a step towards socialism of the twenty-first century” (BBC News Online, 17 August 2005). In reality, this is simply a way to increase productivity through speed-up, something that managers always favor:

“‘The managers and the workers are running this business together,’ [Alcasa worker Pedro] Gomez said above the din of rumbling forklifts and humming industrial fans, sweat dripping down his face from the heat of the casting house. ‘It gives us new motivation to work hard.’”
New York Times, 3 August 2005

The Bolivarian union leadership is happy to redefine “socialism” to correspond to the regime’s co-management policy. The UNT’s two main slogans for May Day 2005 were: “Co-management is revolution” and “Venezuelan workers are building Bolivarian socialism” (Green Left Weekly, 11 May 2005). A vision of “socialism” as a decentralized market economy in which workers get to consult with management on decisions and in which the state provides extensive social programs may be inspiring for many Venezuelans, but the whole idea of creating socially-conscious, humane, worker-run capitalism is an unrealizable, petty-bourgeois fantasy.

The road to Bolivarian pseudo-socialism begins with a publicly funded bail-out for capitalists who have run their companies into the ground, and proceeds, if all goes well, to convert the employees into petty owner-operators:

“Alexix Ornevo, former member of the executive of Venepal’s now defunct union and current member of the directorate of Invepal [the new name for the nationalized Venepal], noted that since they no longer had any bosses, they no longer needed a union, as workers were now grouped into a cooperative (Covimpa) to run the company. And as a cooperative, Ornevo was quick to point out, they got several benefits including constitutional relief from paying taxes. Also, thanks to the 1999 Bolívarian Constitution, Covimpa—which now owns a 49 percent share in Invepal—is legally entitled to increase that share up to 95 percent.”
Monthly Review, June 2005

Cooperatives that survive and flourish will eventually gain enough market share to push their competitors out of business. At that point, they will want the chance to expand their operations by absorbing and reorganizing the less profitable co-ops, and will doubtless expect to receive a share of any future earnings as a reward for their expertise. Members of the more successful cooperatives might well find that managing their various businesses leaves little time for work. As time goes on, a larger and larger share of their income is likely to derive from dividends (profit shares). This is not socialism, of course, but capitalism, even if disguised for a time by the illusion that it is a uniquely Venezuelan harmonious and compassionate sort of capitalism. Genuine socialism begins with the expropriation of the capitalist class as a whole, the destruction of its repressive state apparatus and the creation of new economic institutions based on the principle of planning and cooperation, not profit-driven competition.

Bolivarian Bonaparte

While Chávez has decisively defeated the opposition in every political confrontation to date (and currently enjoys support from a clear majority of the population), the capitalists retain possession of the major means of production, communication and transportation; their state apparatus remains essentially intact, and they are well aware that in any major confrontation they can count on the support of other bourgeois regimes in the region backed by the imperialist superpower to the north. The ambivalence displayed by the Venezuelan military to date is at least partially attributable to the fact that much of the officer corps is recruited from more plebeian social layers than in most of the rest of Latin America.

Even Chávez’s supporters are skeptical about his muddled, left-nationalist talk of “less capitalism and more socialism” (ZNet, 10 April 2005) as though they were two points on a continuum, determined by the percentage of the economy that is publicly owned. In reality they are two mutually antagonistic social orders separated by a revolution or counterrevolution, i.e., civil war. In a 2005 opinion poll conducted by a firm not considered sympathetic to Chávez, more than 70 percent of Venezuelans expressed broad approval of the president and 35 percent said that they wanted the government to establish socialism, while another ten percent were undecided. Yet fewer than 20 percent of Chávez supporters believed that he will be able to build a socialist society (Venezuelanalysis.com, 3 May 2005).

Chávez has gone out of his way to praise “Jesus Christ, one of the greatest revolutionaries…the true Christ, the Redemptor of the Poor” (ZNet, 10 April 2005). In July 2005, the Bolivarian leader asserted: “In the history of Venezuela there has never been a government that has been closer to the principles of Christianity than this one” (Vheadline.com, 14 July 2005). In fact the main “principle” of Chávez’s rule is bonapartism—a term denoting a “strong” government that appears to float above the conflicts of competing social classes, but in fact balances precariously between them.

In order to maintain his room for maneuver, Chávez has, on occasion, found it expedient to dispense with the “participatory democracy” that is supposed to characterize the Bolivarian revolution:

“In response to increasing mobilization demanding primaries for regional candidates [within the chavista coalition], Chávez’ position has been a surprise to many. Last month, he declared ‘We have already announced the candidates, and these are the candidates. Those who don’t want unity can join the escualidos (opposition).’ Yet since these candidates were all appointed by a national committee dominated by the governing party, the 5th Republic Movement (MVR), the result has been fierce opposition in many communities who are demanding that the government act in accordance with its participatory rhetoric.”
—Venezuelanalysis.com, 17 October 2004

Candidates of the pro-Chávez “Group for Change” coalition for the December 2005 National Assembly elections were also chosen by the “National Tactical Commando” rather than the grassroots.

Chávez’s bonapartist behavior seems to derive from a desire to better the conditions of the poor and downtrodden without infringing on capitalist property. Yet the fundamental interests of the proletariat and the bourgeoisie are irreconcilably counterposed, and for all his socialist rhetoric, Chávez is well aware that his power comes from his position as the head of the capitalist state. He may wish that he did not have to behave so autocratically, but he cannot trust the Bolivarian rank and file to make significant decisions because they are likely to upset the delicate balancing act he is attempting to pull off.

The European imperialists, who tend to be more sophisticated about things like the “Bolivarian Revolution” than the “born agains” in and around the White House, are not particularly alarmed by developments in Caracas. During a visit to Europe in October 2005, Chávez met with Italy’s right-wing prime minister Silvio Berlusconi, who later told the Italian paper La Reppublica that the Bolivarian leader is a “pragmatic guy” with whom it is possible to do business. “It is true that there are ideological distances [with the U.S.], but in the end, commercial relations are good. I know [Chávez] for a while now. I also have good relations with him,” remarked Berlusconi (Venezuelanalysis.com, 18 October 2005). The current Fedecámaras chief, José Luis Betancourt, has also opted for turning the other cheek, at least in public, declaring: “joint public and private investment is the only way to develop this country in a harmonious manner” (Venezuelanalysis.com, 26 October 2005). The bosses’ representative apparently “responded well to Chavez’s statement that property rights would be respected during the development of Venezuela” (Ibid.).

The overwhelming majority of the Venezuelan ruling class still hates Chávez with a passion. They are accustomed to enjoying close personal and financial ties with the country’s political rulers, and are uncomfortable with having a left-talking bonapartist in charge of their state. Yet Chávez’s relative independence from the bourgeoisie enables him to better serve the interests of Venezuelan capital, a paradox he explained to a “Macro Business Round Table” in Caracas last July that brought government officials together with Venezuelan and American businesspeople:

“Venezuela, and I said this before becoming president of Venezuela, is a kind of – we would say in ’95, ’97,—Venezuela is a kind of a bomb (tick tock! tick tock!). We are going to begin to deactivate the mechanism of that bomb. And today, it’s not that it is totally deactivated, but I am sure that it is much less likely that this bomb explode today than it was in the face of what we had since 1985, 88, 89—then it already exploded. The 90’s until ’98, poverty, inequality.”
—”President Chavez’s Speech to Venezuelan and U.S. Business Representatives,” Venezuelanalysis.com, 6 July 2005

While contrasting sharply with the socialist rhetoric about capitalism as “savagery,” Chávez’s talk about “deactivating” social contradictions lies at the core of the entire Bolivarian project. With his unrealizable promises of simultaneously advancing the interests of the poor and the imperialist financial piranhas via a more inclusive and socially responsible form of “endogenous” development, Chávez, no doubt unwittingly, is helping lay the groundwork for the forces of a resurgent right to exact a bloody revenge in the future.

Bolivarian ‘Anti-Imperialism’

Washington’s implacable hostility to the Bolivarian government is a living refutation of the Bush administration’s claims to champion “democracy” and “freedom” for the benighted peoples of the earth. While grudgingly describing the chavistas’ repeated electoral triumphs as “technically legal,” U.S. officials warn that Chávez represents “a new breed of authoritarianism” and complain that he does not govern “democratically,” i.e., refuses to take orders from Washington.

Chávez has condemned the U.S. invasions of Afghanistan and Iraq; lambasted the IMF and the Free Trade Area of the Americas and befriended Fidel Castro. The Venezuelan Central Bank has recently begun to convert most of its foreign currency reserves from dollars into Euros (Venezuelanalysis.com, 5 October), and Chávez has hinted that he may one day decide to start pricing oil exports in Euros as well. All of this has made him the current bête noire of the American imperialist propaganda machine, and thus the natural recipient of an assassination fatwa from theocratic bigot and hard-core Bush backer Pat Robertson. When mass protests in Bolivia reached pre-revolutionary dimensions in June 2005, the U.S. Assistant Secretary of State for Western Hemisphere Affairs, Roger Noriega, knew who to blame: “Chávez’s profile in Bolivia has been very apparent from the beginning” (Miami Herald, 8 June 2005). Fidel Castro, the traditional Latin American bogeyman for delusional anti-communist fanatics, jokingly complained to Chávez: “I’m realizing that your friendship is hurting my image” (Reuters, 30 April 2005).

The ill-fated American adventure in Iraq has made an immediate military assault on Venezuela less likely, but planning is certainly underway. Massive U.S. aid has tripled the size of Colombia’s armed forces in the past several years, thus providing Washington with a reliable proxy in the region. When Chávez announced plans to modestly expand the popular militias, purchase 100,000 AK-47 rifles and 40 helicopters from Russia, the Bush administration squawked that he was threatening the peace of the region. U.S. Defense Secretary Donald Rumsfeld cynically inquired: “What in the world [is the threat] that Venezuela sees that makes them want to have all those weapons?” (BBC News Online, 1 July 2005).

Despite attempts to diversify its markets, Venezuela remains dependent on sales to the U.S. for roughly two-thirds of its oil export earnings which, as the Bolivarians have suggested, is reason enough to reach an accommodation with the U.S. In the aftermath of the April 2002 coup, an exasperated Chávez reportedly declared: “With me in power the oil supply to the U.S. is assured. If you support efforts to push me out of power there will be a civil war and oil will be interrupted” (ZNet, 10 September 2002). At the July 2005 Round Table, Chávez spoke of having “friends in both parties” of the American ruling class. The anti-imperialist tub-thumping that had so excited his leftist admirers in Porto Alegre was set aside in favor of a pitch to his “dear North American business friends” for “peace,” “understanding,” “transparency” and “true integration.” Far from calling for “transcending capitalism” via Bolivarian socialism, the Venezuelan lider maximo spun fantasies of the peaceful self-reform of imperialism through a sort of Tobin tax that could “create a fund that would allow governments and society to forge an historic alliance for the survival of the human species” (Venezuelanalysis.com, 6 July 2005).

The expansion of social programs under the “Bolivarian Revolution” has been paid for by the astronomical rise of international oil prices. When Chávez took office in 1998, oil was selling for roughly $12 a barrel—in 2005 it was going for $60. Under Chávez, royalties paid by foreign oil companies have increased from a token 1 percent to 16.6 percent (New York Times, 5 July 2005). Yet while government revenues have soared, Venezuela’s public debt has also increased, largely as a result of a deliberate policy of lavishly subsidizing Venezuela’s banks:

“‘But what makes this really crazy,’ says [Banco Venezolano de Credito’s president, Oscar] Garcia [Mendoza], ‘is that the government is depositing all its oil revenue in the same banks at about 5 percent, then borrowing it back at 14 percent. It’s a very easy way for bankers to make money. That’s why I say this is a government for the rich.’”
—Christian Parenti, “Hugo Chávez and Petro Populism,” The Nation, 11 April 2005

The chavistas apparently imagine that Latin American subordination to the U.S. will be reduced if regional trade and economic cooperation is expanded. To date, Cuba is the only country to have shown any enthusiasm for Chávez’s proposed “Bolivarian Alternative for the Americas” to compete with the U.S.-dominated Free Trade Area of the Americas. But the logic of attempting to enlist other capitalist regimes in a Bolivarian solidarity project was clearly displayed in August 2005, when Chávez offered to support Equador’s government against workers who, demanding increased investment and more jobs, brought that country’s petroleum exports to a halt. Undercutting the leverage of the workers, the Chávez government announced: “‘Venezuela will cover the [oil export] commitments that the Ecuadorean [sic] government has not been able to fulfill these days. They will not have to pay a cent” (Reuters, 21 August 2005).

Marxism & the State in Venezuela

This shameful strikebreaking was passed over without comment by many of Chávez’s international admirers, including those in the Committee for a Marxist International, who on paper champion the political independence of the working class from the bourgeoisie and, at least in theory, advocate the creation of a Leninist vanguard party to carry out Trotsky’s program of permanent revolution. But, for the CMI, none of this seems to apply in Venezuela.

Marxists do not disparage those measures implemented by the Chávez government that improve the lives of the poor and dispossessed—but neither do we conclude that the fundamental principles of socialism no longer apply. Capitalists and workers have counterposed material interests in Venezuela, just as they do everywhere else. No Bolivarian alchemy can transform an instrument constructed to defend and promote capitalist exploitation—the bourgeois state—into an agency of social liberation.

The CMI claims that Chávez has “carried out a partial purge of the state” (Marxist.com, 20 May 2004). Alan Woods has even asserted that Chávez’s bonapartist attempts to mediate between workers and bosses means that “the state in Venezuela is no longer controlled by the bourgeoisie” (Marxist.com, 4 May 2004). While allowing that Chávez heads a bourgeois one, and even warning that the state represents a threat to the as yet unconsolidated “revolution,” Woods’ solution is to propose that it is “necessary to remove all the conservatives” still hiding in the apparatus (Marxist.com, 20 May 2004). In an “Eyewitness report from the heart of the revolution,” a CMI supporter breathlessly described the titanic revolutionary struggle supposedly underway within Venezuela’s capitalist state machine:

“Although the structures of the Venezuelan state remain capitalist, this does not mean that within it there is not a ferocious struggle taking place between revolutionaries and sectors that think that the revolution has gone too far. There is a huge division between the reformists and revolutionaries within the Miraflores palace, the ministries and all kinds of public offices. In some ministries, the left is strong like for instance in the Ministry of Labour. Cristina Iglesias is actually working shoulder to shoulder with the UNT in order to tackle the anti-worker practices of the bosses, trying to boost the participation of workers in trade unions and trying to take further the co-management measures.”
—Marxist.com, 7 September 2005

Here in all its nakedness, is Eduard Bernstein’s debilitating reformist prescription that working people can peacefully take over the capitalist state and gradually transform it from an apparatus of oppression into a tool of liberation.

According to the CMI, “Chavez in general has made a shift to the left, one that revolutionary Marxists must support and push forward” (Marxist.com, 19 May 2004). Those who criticize Chávez, or his touts in the CMI, are dismissed as “sectarians” who fail to grasp “the dialectical relation between Chavez and the masses”:

“Our attitude to Chavez has all along been one of critical support. That is to say, we will support Chavez to the degree that he strikes blows against imperialism and the oligarchy, but we will criticise him when he vacillates or makes concessions to imperialism and the oligarchy.”
—Alan Woods, Marxist.com, 23 July 2004

This is precisely the formula employed by Stalin, Kamenev and the rest of the right-wing Bolsheviks toward Russia’s bourgeois Provisional Government after the overthrow of the Tsar in February 1917. In his historic “April Theses,” Lenin emphatically rejected this approach and insisted on a policy of hard opposition to any capitalist government, however “progressive.” This position, which was the political basis for the victorious workers’ revolution in October 1917, was regarded as sectarian lunacy by representatives of every shade of opportunism within the Russian socialist movement, all of whom had a strategy, like that of the CMI today, that amounted to pressuring the “left” capitalist government and waiting for the “revolutionary dynamic” to unfold.

The CMI views Chávez as an initiator of revolutionary change whose bold actions have thrown the working class into motion. According to Woods, as soon as “the working class enters the arena of struggle, it acquires a dynamic and a movement of its own” (Marxist.com, 21 January 2005). In pinning their hopes on Chávez as the embodiment of an inevitable historical process, the CMI renounces any responsibility for combating the petty-bourgeois illusions spread by the chavistas within the working class:

“Chavez and his supporters are leaning on the support of the masses to strike blows against the oligarchy and imperialism. They did not originally have a socialist perspective, but only the notion of clearing out corruption and modernising Venezuela. They wanted a fairer, more just and equal society, but imagined that this was possible without breaking the bounds of capitalism. But this immediately brought them into conflict with the bourgeoisie and imperialism. The masses took to the streets and imparted an entirely different dynamic to the process. The mass movement has provided a stimulus to Chavez and in turn he has encouraged the movement in a revolutionary direction.”
—Alan Woods, Marxist.com, 20 May 2004

The Venezuelan president has taken note of his CMI courtiers, and even invited a couple of them to appear on “Aló Presidente,” his weekly television program. The CMI proudly reported that Woods and another CMI comrade “were placed in the front row, in a prominent position immediately opposite the President” and that “In the course of the programme, Hugo Chavez mentioned Alan at least three times” (Marxist.com, 19 April 2004).

Of course it is nice to get airtime, but V.I. Lenin took a dim view of the pseudo-sophisticates in the Second International who spent their time hobnobbing with cabinet ministers and other bourgeois notables while teaching the workers to patiently wait for the inexorable workings of a quasi-automatic historical process to deliver socialism. Woods’ assurances to his followers that, “sooner or later the masses will become conscious of the real meaning of their actions” (Marxist.com, 21 January 2005) are not worth a great deal. What purpose does a socialist organization serve if not to make the masses politically conscious? The job of revolutionaries is to assist the workers to understand social reality and to act in their own interests—as a “class for itself”—rather than remain a “class in itself” befuddled by bourgeois ideology.

Revolution or Counterrevolution?

The poor and working people of Venezuela have repeatedly demonstrated their willingness to do whatever is necessary to lift themselves out of the poverty and desperation to which capitalism has consigned them. The task of Marxists is to win the more politically advanced elements to understand the necessity of expropriating the capitalists as a class and beginning the reconstruction of society on a socialist basis. A necessary first step on this road is the repudiation of any notion of reconciliation or strategic compromise with the exploiters.

Things are not going to stand still in Venezuela. There will be no slow and steady drift to socialism. The imperialist colossus has burned its fingers badly in Iraq and is loathe to undertake any new large-scale military adventures in Latin America. Its Colombian proxies seem, for the moment, to have their hands full. And the Venezuelan right wing, having lost three consecutive rounds to the Bolivarians, are regrouping and licking their wounds. But the bourgeoisie retains control of all the essential levers of the economy, as well as the media, and it is only a matter of time before it once again goes on the offensive.

To counter the threat of a Pinochet- or Franco-style rightist coup, Venezuelan workers need to organize themselves through a network of elected representatives from every factory, refinery, mine and other workplace. A nationally coordinated system of workers’ councils would provide a mechanism for exerting control over the production and distribution of the necessities of life, for mobilizing the most oppressed layers of society, and for effectively countering any attempts by the capitalists and their thugs to reassert their prerogatives through brutal repression.

What is necessary in Venezuela today is a political leadership within the workers’ movement that is committed to the struggle for power—a Leninist vanguard party rooted in the proletariat, capable of polarizing the Bolivarian movement into its class components and thus preparing the working class for the inevitable showdown with the bourgeoisie. Some leftists hope that the Chávez government will follow the path of Fidel Castro’s July 26th Movement, which began as a radical liberal formation but, after leading a struggle which smashed the existing capitalist state, ended up expropriating the bourgeoisie and creating a centralized command economy. The creation of a deformed workers’ state 90 miles off the coast of Florida, was a product of the unrelenting and inflexible hostility of both the Cuban capitalists and their imperial patron, but it was only possible because of the existence of the degenerated Soviet workers’ state as a global counterweight to imperialism.

The situation in Caracas in 2006 is entirely different than that in Havana in 1960—the Soviet Union no longer exists, and the Venezuelan state remains intact. Chávez has purged some elements that are particularly hostile to his regime, but he has not, and will not, touch the essential core of the bourgeois state. The “Bolivarian” experiment can only be a temporary interlude. There are but two roads in Venezuela today—either the working class will go forward to expropriate the bourgeoisie (thus liquidating it as a class) or the capitalists will crush the proletariat. There is no middle option, no “third way.” There will be no relief to the pain and suffering of the masses of Latin America so long as the means of production remain in the hands of a tiny minority, as Leon Trotsky, the great Russian revolutionary observed, more than 70 years ago:

“South and Central America will be able to tear themselves out of backwardness and enslavement only by uniting all their states into one powerful federation. But it is not the belated South American bourgeoisie, a thoroughly venal agency of foreign imperialism, who will be called upon to solve this task, but the young South American proletariat, the chosen leader of the oppressed masses. The slogan in the struggle against violence and intrigues of world imperialism and against the bloody work of native comprador cliques is therefore: the Soviet United States of South and Central America.”
—”War and the Fourth International,” 10 June 1934

Capitalism in a Deformed Workers’ State

China: Towards the Brink

First published by the (then-revolutionary) Internation Bolshevik Tendency on April 18, 2004

Millions of workers, poor peasants and other victims of the growth of capitalist social relations in China have been mobilizing on a massive scale. Their organizations are primitive and localized, but the numbers and intensity of the resistance are rising. In the spring of 2002, 50,000 oil workers from Daqing and 30,000 metal workers from Liaoyang in the industrial northeast rustbelt organized a series of street demonstrations, road blockages and sit-ins to protest cutbacks and layoffs. While these actions were carried out to defend individual state enterprises and the entitlements of laid-off workers, their logic points to the need for a broad offensive to eradicate the capitalist tumor that threatens to destroy the institutions of nationalized property and central planning created by the 1949 Chinese Revolution.

The expropriation of the Chinese ruling class and its imperialist patrons freed China from the domination of the world market. The new regime headed by Mao Zedong rapidly introduced measures that produced immediate and substantial improvements in living conditions, healthcare and education. The Chinese Communist Party (CCP) cadres were confident that they were laying the foundations of a new socialist China. However, the bureaucratic Soviet-model command economy introduced by the CCP did not—and could not—result in a society where the working class exercised direct political power, an essential precondition for genuine socialist development.

China is a “deformed workers’ state,” qualitatively similar to North Korea, Vietnam and Cuba. In these societies capitalism has been uprooted, but political power is monopolized by a privileged bureaucratic caste organized by the “Communist” Party. The exclusion of the producers from decision making prevents a collectivized economy from performing efficiently, especially after the rudimentary stages of industrialization have been achieved. Moreover, as Marx and Lenin repeatedly asserted, socialism is conceivable only on the basis of an international division of labor and the conquest of power by the workers in the advanced capitalist countries. The ideology of “socialism in one country” espoused by each nationally-limited Stalinist bureaucracy is an expression, at bottom, of their desire to reach an accommodation with world imperialism.

The scrofulous bureaucratic caste that heads the CCP has no necessary social function. It is solely concerned with attempting to preserve its own privileges and prerogatives. Its program is a mishmash of short-sighted improvisations and bits and pieces of policies borrowed from two fundamentally incompatible economic systems: competitive capitalism and central planning. As contradictions continue to accumulate, the CCP’s room for maneuver is shrinking. China’s bourgeoisie and its proletariat are both far stronger today than they were in 1949 when Mao Zedong’s peasant-based guerrilla army took power. The CCP bureaucracy is vastly weaker in terms of morale, self-confidence and social authority.

Soon after Mao’s death in 1976, Deng Xiaoping’s faction in the CCP took power promising to accelerate growth by introducing elements of market competition. While denounced as “capitalist roaders” by its rivals, Deng’s faction saw the use of capitalist methods as a means to strengthen, rather than liquidate, the party’s position within the workers’ state.

To this day many strategic, and potentially profitable, sectors of the Chinese economy remain closed to private investment. However, China is playing an increasingly important role in the world economy—annual foreign direct investment (FDI) rose from $1 billion in 1983 to $53 billion in 2002. Today China ranks sixth in total trade (the combined value of exports and imports) although much of this is made up of the in-house activity of foreign corporations that import machinery and other equipment and export finished products:

“Walk into any Wal-Mart and you won’t be surprised to see the shelves sagging with Chinese-made goods—everything from shoes and garments to toys and electronics. But the ubiquitous ‘Made in China’ label obscures an important point: Few of these products are made by indigenous Chinese companies. In fact, you would be hard-pressed to find a single homegrown Chinese firm that operates on a global scale and markets its own products abroad.
“That is because China’s export-led manufacturing boom is largely a creation of foreign direct investment (FDI), which effectively serves as a substitute for domestic entrepreneurship.”

—Y. Huang, T. Khanna, Foreign Policy, July/August 2003

The dramatic growth of the consumer-goods sector over the past quarter century, which has meant higher living standards for a significant minority of China’s population, has also sharpened social contradictions, thus undermining the stability of the regime. Capitalist development is severely distorted by the CCP’s ability to set the rules and by state control of energy, heavy industry and finance.

The thousands of newly-minted millionaires in the People’s Republic of China are anxious to be rid of the CCP and to dismantle what remains of centralized planning. This, however, cannot be achieved through a gradual accumulation of CCP “reforms.” The transition from a system of collectivized property to one where private property predominates requires a social counterrevolution. The bureaucracy cannot transform itself into a new bourgeoisie. While a section of CCP cadres could use their positions to carve out individual fortunes, many more would stand to lose everything from capitalist restoration.

The Bureaucracy & Corruption

The centralized monopoly of political power in a society increasingly oriented to the pursuit of private gain is a recipe for monumental corruption. Every enterprise in China today, even the largest ones, depends on the political favors it commands, or is thought to command. Nothing is more important than having political, administrative and financial connections. This is known as the guanxi system. The bureaucracy’s contradictory position as a mediator between workers and capitalists is expressed in its attitude toward guanxi. Personal enrichment is widely viewed as a legitimate reward of office, yet corruption is a crime punishable by execution, and the death penalty is imposed frequently, if inconsistently.

The guanxi system has enabled children of the top political leaders to amass considerable wealth. In the 1990s Deng Zhifang, former president Deng Xiaoping’s youngest son, got rich in real estate and finance, while Jiang Mianheng, eldest son of former president Jiang Zemin, made a fortune as Shanghai’s “King of IT.” Deng Sr. was well known for his aphorism “to get rich is glorious,” but there are limits, and some of the CCP “princelings” have occasionally had their wings clipped.

Officials who are prosecuted for corruption have either run afoul of higher-ups or have been exposed in the media. Uncovering corruption has become a standard weapon in intra-bureaucratic warfare, but it can be a dangerous game as sometimes the whistle blowers themselves end up in prison. Some forms of corruption (e.g., participation in organized crime, land privatizations, large-scale theft of state assets) are punished severely, while other, lesser infractions are routinely ignored (e.g., the private use of state-owned limousines, imposition of unofficial road tolls, awarding contracts and soft loans to cronies). Favoritism is accepted as part of the guanxi system.

One of the most spectacular cases of corruption took place in Shenyang, China’s fourth-largest city, in the northeast province of Liaoning. When revelations of the sale of positions, theft, smuggling, contract-rigging and murder first started bubbling to the surface in 1999, they were vigorously suppressed. Zhou Wei, a retired official who tried to report the corruption, was sentenced to two years in a labor camp, and Jiang Weiping, a journalist who wrote a series of exposés for Front-Line, a Hong Kong magazine, was jailed for nine years. When the government did eventually crack down, several better-connected suspects managed to escape punishment, including Bo Xilai, Liaoning’s governor, whose father happened to have a seat on the CCP’s ruling Political Bureau.

The official investigation uncovered a network of corrupt police, prosecutors, judges, legislators, customs officers, bankers and executives of private companies all working together in Shenyang. One senior official, Liu Yong, went so far as to arrange the murders of more than 30 people in order to free up real estate that he wanted to develop. The city’s executive deputy mayor, Ma Xiangdong, spent $4 million in public funds gambling in Macao and Las Vegas. Shenyang’s mayor, Mu Suixi, hid $6 million worth of gold bars and 150 Rolex watches in the walls of his two country homes, which he unwittingly furnished with a collection of fake antiques.

Corruption on this scale poses an obvious threat to the survival of the deformed workers’ state. The appropriation of huge quantities of state property by well-connected bureaucrats is the most frequent complaint made by ordinary Chinese citizens, who see corruption as a major factor in the collapse of state enterprises and the resulting mass unemployment. A call for the creation of a network of workplace committees to safeguard public property and root out corruption would have widespread appeal—and potentially revolutionary implications. To be effective such formations would have to be democratically elected in the offices and factories by rank-and-file workers and be completely independent of the CCP apparatus. Such committees could represent an important step in the mobilization of the Chinese proletariat against the rising tide of counterrevolution.

The People’s Liberation Army

For years the People’s Liberation Army (PLA) officer corps, an integral part of the bureaucracy, ran its own farms, textile factories and other operations. Deng Xiaoping’s decision to permit PLA enterprises to produce commodities for sale to the general public predictably resulted in widespread corruption and the growth of pro-capitalist sentiment within the officer corps. In State and Revolution, Lenin noted that the state, reduced to essentials, is an armed force that defends the interests of a particular social class, i.e., its property system. Any state is in imminent danger when elements of its military begin to develop an attachment to a different social system. The most overtly pro-capitalist wing of the CCP, represented in the late 1990s by Prime Minister Zhu Rongji, was comfortable with the PLA’s growing attachment to the market. But the majority of the bureaucracy was not and, in July 1998, the government demanded that the military divest itself of its business interests. In early 1999 the regime took a further step and centralized military procurement, thereby severing many of the threads connecting local military commanders and entrepreneurs.

The CCP is a profoundly heterogeneous formation containing many shades of political opinion, from outright pro-capitalists to orthodox “Marxism-Leninism-Mao Zedong Thought” leftovers from the disastrous Cultural Revolution of the 1960s. The party is cohered by two things: a fear that China will descend into social chaos if the bureaucracy loses its grip and a desire to preserve its personal security, political authority and privileges. The CCP leadership is well aware of the economic, social and political disaster that resulted from capitalist restoration in the Soviet bloc, culminating in the fragmentation of the former USSR, Czechoslovakia and Yugoslavia.

Those bureaucrats less well placed to get a share of the loot—a category that now includes most PLA officers—have serious reservations about continuing down the path of privatization and integration into the capitalist world market. The left wing of the bureaucracy—the more conservative elements who wish to preserve the existing social institutions—are concentrated in the declining northeast and the poorer and less developed western and central areas of the country. China’s booming southeast, where capitalist activity is centered, is home to the right wing of the bureaucracy, i.e., that section most willing to press economic “reform” all the way to capitalist restoration.

The intra-bureaucratic squabbles have so far been contained within the existing structures of the CCP. A middle faction of “pragmatists” has maintained a precarious balance between the conservatives and the pro-capitalist “reformers.” The pragmatists hope that continued private-sector growth and the further integration of China into the world market will somehow raise productivity and living standards enough to allow the bureaucracy to muddle through.

Until recently the most prominent conservative in the CCP was Premier Li Peng—the analogue of Egor Ligachev or Gennady Yanayev in the Soviet party prior to the August 1991 counterrevolution. The leading figure among the pro-capitalists in the CCP—the Boris Yeltsin analogue—was former Prime Minister Zhu Rongji. Deng Xiaoping’s successor, President Jiang Zemin, played the role of Mikhail Gorbachev, balancing between the two extremes.

China’s perestroika has been relatively successful in part because it has not been accompanied by glasnost, or democratization. Jiang held the CCP together by permitting capitalist development, while preserving state ownership in key economic sectors and jealously guarding the bureaucracy’s control of the media, the police, armed forces and all regulatory and juridical institutions. Jiang’s replacement, Hu Jintao, was selected because he is a pragmatist committed to keeping the CCP intact. But as insurance, Jiang has retained the position of chairman of the Central Military Committee, just as Deng Xiaoping did when he “retired.”

For the working class and poor peasantry the defense of the system of socialized property and state planning is a matter of life and death. While advocating the overthrow of the CCP through proletarian political revolution, Marxists unconditionally defend the Chinese deformed workers’ state against capitalist restoration, and are prepared to bloc militarily with Stalinist bureaucrats against counterrevolution.

In August 1991 many Soviet workers recognized the Yeltsinites as their enemies, but the only instruction from the conservative Stalinist bureaucrats of Yanayev’s Emergency Committee to the working class was to do nothing. A small revolutionary organization prepared to intervene before the counterrevolution gathered momentum could potentially have rallied enough pro-socialist workers to have tipped the balance. Yeltsin’s victory was not inevitable—the absence of revolutionary leadership conditioned the outcome.

A Chinese capitalist state will not be established with the speed and relative bloodlessness seen in Russia. Millions of working people in China who understand that their interests are counterposed to those of the “capitalist roaders” have already begun to act entirely independently of the bureaucracy. The rhythm of developments has been far slower and more uneven in China than in Russia in the late 1980s. There is still an opportunity for the development of the consciousness, program and organization necessary to successfully defend the collectivized property system and oust the CCP bureaucracy.

Ostensible Trotskyists & China

The program of proletarian political revolution was initially advanced by Leon Trotsky for the bureaucratized Soviet workers’ state in the 1930s. Most ostensibly Trotskyist organizations today which claim to uphold Trotsky’s perspective fail to do so in practice. The Spartacist League/U.S. (SL), for example, has oscillated wildly on China. In 1997 the SL gloomily announced that CCP plans to sell off a bunch of state-owned industries “would mean the liquidation of what remains of the planned, collectivized economy and the restoration of capitalism in China” (Workers Vanguard [WV], 3 October 1997, emphasis in original). A couple of years later, WV was still claiming: “the main force leading the drive for capitalist restoration today [in China] is the Stalinist regime itself” (WV, 11 June 1999). In 2000, the SL announced that China’s entry into the World Trade Organization (WTO) would effectively signal the end of the deformed workers’ state:

“WTO entry would mean eliminating what remains of the state monopoly of foreign trade, further subjecting the economy to the pressures of the world capitalist market. It would thus act as a battering ram to force through the CCP’s 1997 decision to privatize the bulk of state-owned industry.”

WV, 7 April 2000

This pessimistic prognosis has been proven wrong. China’s membership in the WTO represents a significant step toward integration into the world market and increases the pressure for capitalist restoration, but so far there has been no dramatic privatization of the state sector. The SL’s characterization of the Chinese Stalinists as the leading force for capitalist restoration recalled its refusal to bloc militarily with Yanayev’s Emergency Committee against the Yeltsinite riff-raff in August 1991. They criticized our position of military support to the Stalinist coupsters, who, the SL claimed, “were just as committed to capitalist restoration as Yeltsin” (“The International Bolshevik Tendency—What Is It?”).

The leaders of the Internationalist Group (IG—a 1996 split from the SL), who uphold the Spartacists’ 1991 position on the coup for reasons of personal prestige, criticized the SL for taking an essentially identical approach toward China. The SL responded by claiming that the IG were Stalinophiles who ascribed a revolutionary capacity to the bureaucracy. IG leader, Jan Norden, was denounced for having “endowed the geriatric Stalinist has-beens [in East Germany] with some kind of instinctive revolutionary appetites” and for promoting, “the illusion that a wing of the Beijing bureaucracy will itself take up the fight against capitalist counterrevolution” (WV, 11 June 1999). In fact, it is entirely possible that elements of the Stalinist apparatus would side with the workers against capitalist restoration. And revolutionaries would certainly seek to exploit contradictions within the bureaucracy to strengthen the position of workers mobilized for independent political action.

The SL criticisms of Stalinophilia are particularly odd coming as they do from a group which paraded around as the “Yuri Andropov Battalion” in the early 1980s, and which “hailed” Leonid Brezhnev’s intervention in Afghanistan. The SL’s Stalinophilia reached its height in January 1990 when James Robertson, the group’s founder/leader, tried to arrange a personal meeting to offer free advice to three top Stalinists in East Berlin: Soviet General B.V. Snetkov; Markus Wolf, a top East German intelligence officer; and Gregor Gysi, leader of the ruling party (see “Robertsonites in Wonderland,” 1917 No. 10).

The SL’s Stalinophilic zigs were accompanied by occasional Stalinophobic zags, as, for example, when WV denounced the Soviet termination of an imperialist provocation (the KAL 007 spy plane incident of 1983) as “worse than a barbaric atrocity” (see Trotskyist Bulletin No. 1). The IG represents the SL frozen in “zig” mode—they have never repudiated the approach to Gysi, Snetkov and Wolf, and would presumably endorse a similar attempt to brainstrust the leadership of the Chinese bureaucracy.

Unlike the IG, the SL’s approach is not frozen—SL cadres are at bottom not loyal to a particular political program, but rather to a leader, James Robertson, who can shift the group back and forth between different political positions at will. After several years of treating the Chinese Stalinists as simply capitalist-restorationists, the SL, perhaps chastened by the failure of its dire projections to materialize, has quietly changed its line and is once more discussing the possibility that serious resistance to capitalist restoration could split the CCP.

The SL’s failure to offer any explanation for its earlier Stalinophobic deviation has not deterred it from indignantly berating the unscrupulous reformists who lead the Committee for a Workers International (CWI) for adopting the same position:

“Commenting on the 16 th CCP Congress, the British-centered tendency led by Peter Taaffe wrote: ‘China is on the road to complete capitalist restoration, but the ruling clique are attempting to do this gradually and by maintaining their repressive authoritarian grip’ (Socialist, 22 November 2002). By labeling China’s government an ‘authoritarian’ capitalist-restorationist regime, the Taaffeites and their ilk can justify supporting imperialist-backed anti-Communist forces in China in the name of promoting ‘democracy,’ just as they supported Boris Yeltsin’s ‘democratic’ counterrevolution in the USSR in 1991.”

WV, 21 November 2003

The SL sagely intones:

“A capitalist counterrevolution in China (as in East Europe and the former USSR) would be accompanied by the collapse of Stalinist bonapartism and the political fracturing of the ruling Communist Party.”

Ibid.

But in August 1991, during the terminal political crisis of the Soviet Stalinist bureaucracy, the SL adopted the same attitude they now attack Taaffe for, and claimed that there was no difference between the Emergency Committee “conservatives” who wanted to preserve the Soviet Union and the Yeltsinite rabble who wanted to restore capitalism.

David North’s Socialist Equality Party, which also claims Trotsky’s political heritage, regularly features articles about China on its web site that studiously avoid the elementary question as to whether China is a bourgeois or deformed workers’ state. The Northites have a record of consistent Stalinophobia, having sided with Boris Yeltsin, Lech Walesa and virtually every other counterrevolutionary in the Soviet bloc. We expect that in any future showdown they will once again come out squarely on the side of “democratic” counterrevolution.

Other supposedly revolutionary groups are less coy. The British Workers Power group, for example, claims that the Chinese deformed workers’ state has already made a seamless (and unremarked) transition into a capitalist state. But serious bourgeois analysts know better:

“The biggest myth about China in the 1990s was that the country ceased to be socialist. Despite a self-proclaimed communist government, operating through a Politburo, a Central Committee and a national network of 50 million Party members, this myth became received opinion. It was repeated in newspapers and magazines, not to mention boardrooms, around the globe. The official credo of ‘socialism with Chinese characteristics’, propagandised daily by the official media, was taken by the outside world to be a Chinese formulation for the still politically difficult concept of capitalism…. The country in the 1990s was not a free market economy, it was a fundamentally socialist country undergoing some Chinese modifications.”

The China Dream, Joe Studwell

Chinese Stock Markets, Banks
& WTO Membership

Capitalism has made dangerous inroads in China to date, but it is still constrained within a social/political order antithetical to the free market. Unlike in a capitalist market economy, neither China’s stock markets nor its banks function to channel investment to enterprises that seem most likely to generate high rates of profit. In China, investment is controlled by the state apparatus, and the ultimate criterion is not profit maximization, but the maintenance of the position and control of the ruling bureaucracy. This is seen as positively perverse by bourgeois commentators:

“In the early 1990s, when China was registering double-digit growth rates, Beijing invested massively in the state sector. Most of the investments were not commercially viable, leaving the banking sector with a huge number of nonperforming loans—possibly totaling as much as 50 percent of bank assets.”

—Y. Huang, T. Khanna, Foreign Policy, July/August 2003

The capitalist stock market permits companies to raise capital through the sale of “shares” of existing assets and future profits. Share prices fluctuate according to potential profitability and any investor who controls a majority of a company’s shares can determine its decisions.

For a capitalist share market to operate properly, information about the profitability of competing investment opportunities must be widely accessible. This is why, even under conditions of strict press censorship, the financial press in capitalist countries is usually more or less unfettered. The markets have elaborate rules governing disclosure, accounting, auditing and reporting which, in theory, eliminate distortions due to differential access to information. While big players routinely ignore prohibitions on insider trading, violations on a sufficiently large scale are subject to sanctions because they can destabilize financial markets and thus threaten the interests of the capitalist class as a whole.

The Shanghai and Shenzhen share markets have been operating for two decades and today 60 million Chinese have trading accounts. Yet rather than funneling investment to profitable enterprises, the role of these exchanges is to provide financial support for the firms that are permitted to list their shares—most of which happen to be State Owned Enterprises (SOEs). The government not only decides which enterprises are permitted to list on the exchanges, but also what financial information is available. As a result, prices swing wildly on the basis of manipulated information, insider trading and swindles, much of which would be exposed by the financial press in a capitalist country. Shareholders can make or lose money as stock prices rise and fall, but they have the same relation to the firms they invest in that bettors at a racetrack have to the horses they wager on:

“In China…bureaucrats remain the gatekeepers, tightly controlling capital allocation and severely restricting the ability of private companies to obtain stock market listings and access the money they need to grow. Indeed, Beijing has used the financial markets mainly as a way of keeping the SOEs afloat. These policies have produced enormous distortions….”

Ibid.

The enormity of the distortions makes the Shanghai stock market roughly 800 times as volatile as the New York exchange, according to an article in the Summer 1998 issue of the Harvard China Review.

When it joined the World Trade Organization in December 2001, China agreed to allow imported commodities to be sold at world market prices. This promises to devastate the Chinese countryside, where the majority of the population still lives, as well as strategic industries such as steel. But despite its agreement on paper, Beijing has retained considerable leverage over its domestic economy. For example, foreign insurance companies, which were supposed to get access to the Chinese market within two years, are not permitted to operate without a government license, which the authorities grant at their discretion. Half of China’s telecommunications market is supposed to be opened to foreign ownership, but the terms are set by China’s regulatory body, which owns the largest fixed-line supplier and the two main cell phone companies. The regulations require three quarters of the capital to be put up by a domestic Chinese partner (Financial Times [London], 15 March 2002).

Foreign banks are now permitted to operate in China, under the terms of the agreement with the WTO, but the Chinese government has stipulated that each bank may only open one new branch per year. Given that the four big state banks already have a total of 130,000 branches across the country, it will be a while before foreign banks are able to compete effectively. These four banks, which account for two-thirds of all transactions, are wholly owned by the finance ministry. Most of China’s other banks and credit institutions are owned by government agencies, and all are tightly controlled by the central authorities who use them as a mechanism for financing new investment. In China, unlike in a capitalist country, investment is determined by the requirements of the ruling bureaucracy:

“The central government treat the banks as a ‘secondary budget,’ a convenient place to find funds with which to paper over problems of the past. Fixing sick state-owned enterprises is only the starting point. There are, in addition, high-tech zones to build, rivers to dam, and anything in China’s western region to be developed. State leaders expect the state banks to do their part.”

The Coming Collapse of China, Gordon G. Chang

A large proportion of bank loans go to the SOEs that still employ 55 percent of the urban workforce. The fact that most of them cannot pay their debts is irrelevant. Under capitalism, the banks, and the SOEs they keep afloat with subsidies and soft loans, would be forced into bankruptcy. But in the People’s Republic of China, state-owned enterprises can only go bankrupt by government decree.

SEZs & SOEs

One of the key “reforms” introduced after Mao’s death was the dissolution of collective farms into household enterprises. Today in rural China millions of families lease small plots from the state. While a few farmers have accumulated enough capital to launch larger-scale operations, many more have sunk into desperate poverty. Yet even the most successful Chinese farmers cannot compete with Western agribusiness. For example, corn was listed on the Chicago commodities exchange in September 2000 at $100 a ton. In China, it was selling for $175 (Minneapolis Star Tribune, 1 October 2000). Almost 20 percent of the rural workforce is already unemployed. More than a hundred million former peasants have been forced into street trading, prostitution and petty crime in the shantytowns surrounding China’s cities. The Chinese Ministry of Agriculture has projected that relaxing import controls as required by the WTO will cost at least another 20 million agricultural jobs.

In 1980 the government opened four Special Economic Zones (SEZs) for foreign investment in Guangdong, near Hong Kong. There are now about 12,000 SEZs, mostly concentrated on the southeast coast. They are essentially capitalist economic colonies in the deformed workers’ state, accounting for an eighth of China’s total manufacturing output and half its exports. The Chinese capitalists in Hong Kong and Taiwan who put up most of the initial investments have found the SEZs to be very profitable. China has some of the cheapest labor power in the world: wages are half the Mexican rate and one twentieth the American. Wages are held down because the CCP, which sets the rules, ruthlessly suppresses any attempt to create effective trade unions.

The huge State Owned Enterprises of the northeast, which are managed directly by the CCP, constitute the core of the collectivized economy established by the 1949 Revolution. In the 1980s, the SOEs accounted for virtually all of China’s non-agricultural production, but today their share has fallen to a mere 30 percent. However, they still constitute vital sectors of the economy (heavy industry, high-tech, armaments, energy and telecommunications), account for roughly 70 percent of total fixed assets, and pay a disproportionate share of the taxes that finance the state. The SOEs, through which the state guaranteed workers an “iron rice bowl”—jobs, food, healthcare, housing and pensions—remain critical to the bureaucracy’s hold on power, although without either the pressure of the market or democratic control by the producers, productivity has declined steadily, both in absolute terms and relative to foreign corporations.

The SOEs are seen by the bourgeois financial press as vestigial remnants of a failed system that should be dismantled as soon as possible. But the CCP bureaucracy, itself a “remnant” the imperialists would like to be rid of, takes a different view. Since the late 1990s, the CCP has been attempting to “rationalize” the SOEs by letting the least productive go to the wall, while encouraging others to emulate capitalist enterprises by entering into mergers, issuing shares and selling off the less viable parts of their operations.

In May 2003 President Hu Jintao announced that the SOEs, previously run by various ministries and municipalities, would henceforth be administered by a central State Assets Supervision and Administration Commission (SASAC). The goal is to create a few dozen internationally competitive State Owned Enterprises in strategic industries modeled on the Japanese zaibatsu and South Korean chaebols. While this will not resolve the fundamental contradiction of bureaucratic control over a collectivized economy, it may improve the SOEs’ performance in the short run.

The “rationalization” of the SOEs has meant slashing services for workers and retirees and dramatically shrinking the workforce. Since 1998, the SOEs have eliminated between 25 and 50 million jobs. This wholesale attack on working-class living standards has enraged millions. In China’s northeast rustbelt, where unemployment stands at 40 percent, instead of “cops and robbers,” children play “kill the boss.”

Western Big Development & the
National Question in Tibet and Xinjiang

The CCP has in recent years launched a “Western Big Development” project for the people living in Gansu, Guizhou, Ningxia, Qinghai, Shaanxi, Sichuan, Tibet, Yunnan and Xinjiang. These territories, which constitute more than half of China’s landmass and have a population of 300 million people, include the strategically crucial borderlands, key military installations, and the country’s most important oil and mineral deposits. Geographic isolation, political instability, primitive infrastructure, and poorly educated, dispersed populations make these regions unattractive for capitalist investment.

The project represents a massive expansion of the state sector including construction of roads, railways, airports and a $14 billion pipeline to ship natural gas 2,500 miles from Xinjiang to Shanghai. Xinjiang, China’s largest province, is one of its poorest and home to eight million Turkic-speaking Uighurs, among whom Islamist-nationalist discontent smolders. In early 1997 some 500 Uighurs were arrested during anti-Chinese disturbances in the city of Yining in western Xinjiang. Amnesty International reported that 30 Uighurs were sentenced to death in April 2001 for separatist and religious activities.

The government is actively promoting Han immigration into Xinjiang, which has two major exports, oil and cotton. The Han already run the oil industry and their new, large-scale cotton farms are outproducing the Uighurs’ small private plots. While Uighurs still outnumber Han, the latter will be the main beneficiaries of any future state-sponsored development.

The oppression of Uighurs gets little attention from the Western media, perhaps because 300 of the Taliban prisoners captured by U.S. forces in Afghanistan are Uighur. But despite Beijing’s craven attempts to sign on as a partner in America’s “war on terrorism,” the U.S. steadfastly refuses to acknowledge China’s concern about the existence of Islamic fundamentalism in Xinjiang, or hand over their Uighur prisoners. U.S. policymakers are presumably considering employing Islamist fanatics in Xinjiang for the same reason the CIA armed and trained Osama Bin Laden’s Afghan mujahedin two decades ago.

Unlike the Uighur, the plight of the Tibetans is close to the heart of pro-imperialist “democrats,” who tend to ignore the fact that in 1949 Tibet was an extremely backward, monk-ridden, feudalist society where the average life expectancy was 30. In the early 1950s, when it first came to power, the CCP sought a “united front” with Tibet’s theocrats and aristocratic parasites, and tried to curry favor with the cosseted teenage Dalai Lama and his retinue. This accord unraveled within a few years, and in 1959 a large-scale rebellion was put down by the PLA at the cost of tens of thousands of Tibetan lives. The Dalai Lama fled across the Himalayas to India. Beijing took direct control and proceeded to uproot the traditional social system by parceling out the lands of the nobility and the monasteries to the peasantry.

It is clear that the Tibetan people, who have their own language, culture and territory, resent Han domination. Like the Uighur, the Tibetans are entitled to their own national existence, but for socialists the defense of the national rights of oppressed peoples in China must be subordinate to the defense of the deformed workers’ state. The international campaign to “free Tibet” is one prong in the imperialist drive against China. This is not a new development: the CIA’s involvement in the 1959 uprising has long been a matter of public record, and a few years ago the Associated Press reported: “The Dalai Lama’s administration acknowledged today that it received $1.7 million a year in the 1960’s from the Central Intelligence Agency….” (New York Times, 2 October 1998). An annual subsidy of $180,000 was “earmarked for the Dalai Lama.”

Marxists recognize that reactionary ideologies and nationalist sentiments are rooted in the material inequality of class-divided society. Whenever possible, we would seek to erode the influence of social backwardness through education and economic incentives rather than repression. A Leninist regime would combat Han chauvinism by combining generous subsidies for development with real regional autonomy for national minorities, including the right to control local political institutions, to receive education and government services in the language of choice, freedom of political expression and freedom to travel. By agreeing that the Tibetans or Uighur have the right to control their own domestic affairs, a revolutionary government in China would signal its willingness to coexist with Tibet’s traditional ruling caste and Xinjiang’s mullahs as long as they retain popular support.

The Imperialist Noose

The imperialist noose around China’s neck has tightened considerably in the past few years. The restoration of China as a field for unfettered imperialist looting remains a key strategic priority of the U.S. One of the objectives of America’s recent neo-colonial wars has been to increase its leverage over the Chinese deformed workers’ state. China is increasingly dependent on imported oil, and the creation of a viable U.S. puppet state in Iraq would represent a real threat to Beijing.

U.S. military installations in Kyrgyzstan and Uzbekistan, established during the conquest of Afghanistan, have displaced Chinese influence in former Soviet Central Asia. In addition to its garrisons in Afghanistan, South Korea and Japan, the U.S. is currently negotiating with Vietnam and Thailand for naval and air facilities and is continuing to arm Taiwan. U.S. policy is currently focused on exerting economic pressure on China and checking its ability to project power abroad. At the same time, American missiles permanently target key Chinese installations, and the risk of aggressive military action against the Chinese deformed workers’ state on one pretext or another remains very real.

Falun Gong: Threat to CCP?

The CCP has always jealously guarded its monopoly on political organization. As Joe Studwell observed in The China Dream: “Chinese citizens cannot start a fishing club, a self-help group for alcoholics or a community newsletter without official sanction.” Any organization that connects people with others outside their own immediate locality is seen as a threat. The Chinese news media routinely fails to report on major industrial accidents, corruption scandals, strikes and demonstrations in order to avoid provoking a public outcry on a national scale.

But the CCP’s control has always been imperfect, and the advent of the internet has presented the regime with a new set of problems. The internet is credited with the rapid growth of Falun Gong, a sort of Chinese New Age meditation/exercise movement that developed out of public qigong/tai chi sessions. The government long viewed qigong/tai chi as a harmless source of exercise and social activity for the (mostly older) participants, and turned a blind eye to the anti-materialist philosophical underpinnings of many strands of the movement. The regime even sponsored a Qigong Research Association within which Falun Gong developed in the early 1990s under the leadership of Li Hongzhi. In 1994 Li split from the Association and moved to New York.

Falun Gong preaches “truthfulness, benevolence and forbearance,” while warning that people of mixed race will have difficulty finding a proper place in the afterlife. It also teaches that modern machines (such as computers and airplanes) were created by extraterrestrials disguised as human beings. Falun Gong devotees are taught that by practicing a series of five exercises they can develop a golden-colored spinning “falun” within their bodies which will enable them to absorb energy from different universes, while simultaneously attaining religious enlightenment and physical health. This nonsense has an obvious appeal in a society where an increasing number of people face a future without pensions or access to affordable medical care. It is hardly surprising that Falun Gong is particularly popular with older people, the unemployed and others who are not making it in the “new” China.

In 1999, after local authorities began to complain about the disruptive effects of Falun Gong gatherings, He Zouxiu, a theoretical physicist at the Chinese Academy of Sciences, wrote a highly publicized critique of their teachings. In response, 10,000 Falun Gong followers assembled on 25 April 1999 for a meditation session outside the Zhongnanhai compound in Beijing, home to China’s political elite. The demonstration caught the authorities entirely by surprise. While the CCP feels compelled to tolerate localized protests focused on immediate concerns, it absolutely forbids any organizational activity that it does not control. Following the April demonstration, Falun Gong exercises were prohibited and many of its leaders jailed. But Falun Gong survives. In at least five different provinces Falun Gong supporters have managed to hack into government television channels, enabling them to broadcast messages ranging from simple exhortations stating “Falun Gong is good!,” to programs of up to an hour proselytizing for the cult.

The Chinese Stalinists are too politically bankrupt to be able to effectively combat the primitive notions of Falun Gong. The CCP leadership no longer deals in ideas, only in repression. Falun Gong is doubtless supported by imperialists and freelance counterrevolutionaries, but, unlike Polish Solidarnosc, whose leadership functioned as a consciously pro-imperialist agency within the deformed workers’ state, Falun Gong advances no particular political or social program. Marxists take no responsibility for the CCP’s suppression of this particular brand of superstitious nonsense.

Falun Gong is clearly a pernicious opiate embraced by many Chinese desperate for a refuge from the insecurities and material deprivations of life in a crumbling workers’ state. There are, however, far more dangerous pro-capitalist forces in China, including those within the leadership of the Communist Party itself. The fact that Falun Gong was widely practiced within the PLA, and even within the upper echelons of the CCP, is evidence that the party whose cadres were once animated by “Marxism-Leninism-Mao Zedong Thought” is today committed to nothing more than maintaining its privileges and prerogatives.

China’s Proletariat: A History of Struggle

The working class has repeatedly thrown up its own organizations throughout the history of the People’s Republic of China. During the brief “Hundred Flowers” liberalization campaign in 1956-7, a series of workplace-based “grievance redress societies” that sprang up outside the control of the official All-China Federation of Trade Unions (ACFTU) led a wave of strikes. The high point of this movement was reached when half the workforce on the Guangzhou (Canton) docks mobilized against a pay cut. In the end, however, the CCP was able to crush the strikes and ship many working-class activists off to labor camps.

The intra-bureaucratic power struggle of the mid-1960s known as the “Cultural Revolution” had the unintended side effect of briefly creating openings for independent labor actions. There was a significant upsurge in working-class combativity in 1966-7, particularly in Shanghai where mass organizations embracing hundreds of thousands of workers were created. These formations played a role in deposing the CCP city administration and establishing the short-lived Shanghai People’s Commune. In early February 1967 the commune was launched with a rally attended by a million workers. Throughout its short life, the Shanghai Commune was effectively controlled by a faction of disaffected CCP cadres who proclaimed their intention of ruling on the basis of the principles outlined by Karl Marx in The Civil War in France, his classic study of the 1871 Paris Commune (although they ignored his injunction that leaders should be popularly elected and immediately recallable). After only three weeks, the commune was liquidated at the “request” of the Great Helmsman himself. The misplaced enthusiasm of Shanghai’s workers for a “commune” that was in fact only a tool for a faction of the ruling CCP demonstrated both the instability of the bureaucracy and the volatility of the working class.

In April 1976 another wave of workplace-based activity flared briefly in reaction to the ultra-Maoist policies of the “Gang of Four.” Deng Xiaoping was briefly deposed a second time for his role in these disturbances, but was soon back in power. Workers took advantage of a temporary easing of political repression as Deng’s “capitalist roaders” consolidated power to demand independent trade unions and denounce low wages, arbitrary management and other features of the new market “reforms.” A journal based in the Taiyuan Iron and Steel Works proposed that to really defend their interests, workers needed their own organizations with elected and recallable delegates. Such voices were quickly silenced, but the ideas they advocated live on.

In early April 1989, when student protesters occupied Tiananmen Square to demand democratic reforms, they were soon joined by delegations of workers from Beijing factories. By the end of the month, the Beijing Workers Autonomous Federation (WAF) had sprung up, based in rail, steel and aviation. Similar formations soon emerged in other major cities. Initially, these organizations focused on demanding the legalization of independent trade unions separate from the ACFTU; however, they soon began to raise issues of wages, living standards, bureaucratic privilege, income differentials and workplace democracy. Workers’ organizations in different cities began linking up and many sent representatives to the Beijing WAF, which had started to function as the leading center of the movement.

On 18 May 1989, one million people, mostly workers, demonstrated in Beijing. A week later a preparatory committee for a national “workers’ self-governing federation” was established. The CCP bureaucracy saw this as a serious threat to its rule. On 2 June 1989, the ACFTU, which had previously acceded to mass demands for a general strike, suddenly began to demand that the WAFs be outlawed. Two days later, army units loyal to the regime brutally attacked the demonstrators, killing hundreds. Thousands of workers who were charged with having participated in the autonomous workers’ movement were thrown in jail or executed.

While the WAFs were crushed by the repression, they provided the workers’ movement with a powerful demonstration of the potential for independent working-class political action. Between 1990 and 1994 three attempts to establish labor rights organizations were suppressed, and their organizers imprisoned. Only the ACFTU (labor arm of the CCP) is legal, and it is only allowed to put forward “reasonable demands,” “uphold [market] reform” and “restore the normal order of production as soon as possible” in the event of any labor disruptions.

Rising Tide of Workers’ Struggle

The upsurge in workers’ protests in recent years, fueled by massive unemployment, has already reached dimensions unprecedented since the 1949 Revolution. According to reports attributed to the Ministry of Public Security, the average number of daily protests more than doubled between 1998 and 2002. While most of these actions focus on immediate demands for the restoration of jobs, health care and unemployment benefits for workers in particular enterprises, demonstrators also frequently denounce the corrupt dealings of managers and local authorities.

The size and scope of the protest mobilizations is a real concern to the authorities. A CCP Central Committee study in 2001 reported: “In recent years some areas have, because of poor handling and multiple other reasons, experienced rising numbers of group incidents and their scale has been expanding, frequently involving a thousand or even ten thousand people” (New York Times, 2 June 2001). The report complained: “Protestors frequently seal off bridges and block roads, storm party and government offices, coercing party committees and government and there are even criminal acts such as attacking, trashing, looting and arson.” Even more worrisome was the fact that participation was “expanding from farmers and retired workers to include workers still on the job, individual business owners, decommissioned soldiers and even officials, teachers and students.”

Some of the militants involved in the 1989 labor upsurge have been playing a role in the current wave of workers’ struggles. Zhang Shanguang, who spent seven years in jail for his role in the 1989 WAF, was sentenced to another ten years in prison in 1998, ostensibly for supplying intelligence to Radio Free Asia, a U.S. propaganda outlet. His real crime, however, was organizing the Shupu County Association for the Rights of Laid-off Workers, which supported farmers’ protests against arbitrary taxation. Yue Tianxiang, a veteran labor activist who initiated the Shaoyang City Workers’ Mutual Aid Society in 1983 and was jailed for heading the Shaoyang Autonomous Workers’ Union in 1989, was sentenced to another ten years in prison in 1999 for his role in publishing the China Workers Monitor in Gansu province. In 1999, Xue Jifeng was locked up in a psychiatric hospital for having organized an independent union in Henan province. A 30 April 2002 Amnesty International brief recounted how Cao Maobing, a worker in a silk factory in Jiangsu province who tried to form an independent trade union and expose management corruption, was sent to a psychiatric hospital where he was forcibly subjected to drugs and electric shock “therapy.”

Various imperialist agencies, including the Hong Kong-based China Labor Bulletin (connected with Radio Free Asia) and the pro-capitalist China Democracy Party, are hypocritically promoting the struggles of the Chinese proletariat as a means of undermining the CCP. While most worker activists are well aware of the negative effects of capitalist market “reform,” many have illusions in the sugar-coated promises of the “democratic” agents of imperialism. Leaders of localized struggles victimized by Stalinist repression, who see no alternative to allying with pro-capitalist “reformers,” can easily end up acting as agents of capitalist reaction.

For Workers’ Political Revolution!

The triumph of counterrevolution in the Soviet bloc was the greatest defeat ever inflicted on the international workers’ movement. Today the question of whether the Chinese deformed workers’ state will suffer a similar fate is acutely posed. The accumulation of social tensions along ethnic, regional and, most importantly, class lines, make the status quo unsustainable. Yet, unlike Soviet workers during the perestroika period of the 1980s, tens of millions of Chinese working people are well aware that the growth of capitalist market relations threatens to tear their lives apart. While plebeian discontent is rising, China’s increasingly powerful bourgeoisie is also chafing under the restrictions on capitalist development imposed by the Stalinist bureaucracy. The imperialists and their ideologues look forward to the overthrow of the demoralized CCP and the transformation of China into a “normal” capitalist neo-colony, open to the ravages of “globalization” and the wholesale privatization of the means of production. The only alternative is a proletarian political revolution to topple the corrupt CCP, expropriate all capitalist property and establish institutions of genuine workers’ democratic rule.

A revolutionary organization with roots in the militant Chinese proletariat could rapidly win the allegiance of the hundreds of millions of working people who already perceive the growth of capitalism as a deadly danger. The Chinese working class has repeatedly demonstrated that it possesses both the social power and the will to resist the rise of a new capitalist social order. This is a critically important factor. In China today the central issue is the struggle to create the nucleus of a new, revolutionary workers’ party—a Trotskyist party—armed with an internationalist program of resolute struggle against the ravages of imperialism and committed to the unconditional defense, and the extension, of the gains of the Chinese Revolution. A Chinese workers’ political revolution would represent a far greater blow to the world imperialist order than the original “loss” of China in 1949. It could ignite a revolutionary wave across Japan, Korea and the rest of Asia, that could radically transform global social and political reality, opening the road to a socialist future for all of humanity.

 

Introduction to the Transitional Program

Originally published by the then-revolutionary International Bolshevik Tendency, as an introduction to its 1998 edition of the Transitional Program.

Leon Trotsky, co-leader of the October Revolution and founder of the Red Army, wrote the Transitional Program in March and April 1938 while living in exile in Mexico. It was adopted as the program of the Fourth International at its founding conference in September 1938.

Prior to finishing the draft, Trotsky participated in a series of discussions in late March 1938 with four leaders of the American Socialist Workers Party (SWP): James P. Cannon, Vincent Dunne, Rose Karsner and Max Shachtman. The SWP was the most substantial section of the fledgling Fourth International in terms of size, political capacity and mass influence. Trotskys discussions with the SWPers helped to clarify certain aspects of the program and to refine his ideas about how it should be presented. In a 15 April 1938 letter to Cannon, Trotsky wrote:

“Without your visit to Mexico, I could never have written the program draft because I learned during the discussions many important things which permitted me to be more explicit and concrete.[1]

The Transitional Program remains relevant today because it addresses the central task of our epoch: the mobilization of the working class for power. To be sure, the world has changed a great deal since 1938. Accordingly, in applying the program, revolutionaries must distinguish between those passages containing its core programmatic conceptions and the more descriptive passages that reflect the specific historical period in which it was written.

By 1938 the world order established at Versailles in 1919 was in shreds. The enormous social devastation of the Great Depression, the rise of fascism and other events preparing the way for a cataclysmic inter-imperialist bloodbath provided the context for the rather categorical (and even apocalyptic) tone of some passages in the Transitional Program. Trotsky wrote:

“The economic prerequisite for the proletarian revolution has already in general achieved the highest point of fruition that can be reached under capitalism. Mankinds productive forces stagnate. Already, new inventions and improvements fail to raise the level of material wealth.

·     ·     ·

International relations present no better picture. Under the increasing tension of capitalist disintegration, imperialist antagonisms…must inevitably coalesce into a conflagration of world dimensions. The bourgeoisie, of course, is aware of the mortal danger to its domination represented by a new war. But that class is now immeasurably less capable of averting war than on the eve of 1914.”

Trotsky expected that World War II would end in a wave of revolutionary explosions just as World War I had. Moreover, he was by no means alone in anticipating this. On 25 August 1939, a few days before the outbreak of hostilities, the French ambassador told Hitler: as a result of the war, there would be only one real victor—Mr. Trotsky.[2]

World War II was a catastrophe that cost tens of millions of lives and wreaked unprecedented destruction. In its aftermath, potentially revolutionary situations arose in a number of European countries. In France and Italy these were defused, largely as a result of the treachery of the Moscow-loyal Communist Parties, whose cadres disarmed the partisans and propped up the post-war anti-fascist bourgeois regimes. Maurice Thorez, leader of the French Communist Party, advanced the slogan: One police, one army, one state! In Greece, the Kremlin tacitly supported the British Army, monarchists and Nazi collaborators in brutally crushing the leftist National Liberation Front (EAM).

The Nazi occupation of Western Europe generated intense hostility toward the indigenous bourgeoisie (who overwhelmingly collaborated with the fascists), but it also revived illusions in the anti-fascist imperialists. The Stalinists used the authority they accrued through their central role in the anti-Nazi resistance and their association with the victorious Red Army in pursuit of global reconciliation with imperialism. In 1943 Stalin went so far as to dissolve the Comintern in a demonstration of goodwill toward British and American imperialism. The New York Herald Tribune observed:

“So far as the present Russian government is concerned, there is no reason to suspect that the dissolution of the Comintern is merely a gesture. Instead, it appears far more probable that it is the climax of the process that began when Stalin won his duel with Trotsky for leadership in Russia—the organization of that country into a national state run on Communist lines, rather than a center of world revolution.[3]

By the end of the war, only the Fourth International laid claim to the heritage of the Leninist Comintern. Yet so many key Trotskyist cadres had been murdered during the war (by both Stalinists and Nazis) that the Fourth International had ceased to function as a coherent organization. Individuals and small groups of militants remained active and carried out some exemplary interventions, but the International was far too weak to take advantage of the post-war revolutionary opportunities.

The social-democratic organizations, which had ceased to operate during the Nazi occupation, were revived by the British and Americans as pro-capitalist counterweights to the influence of the Communists in the European labor movement. Having successfully contained the upheavals of 1945-46, Western European capitalism, with the support of the American colossus, went on to enjoy over 20 years of relative stability and prosperity. During this period, in stark contrast to the 1930s, the reformist leaders of the working class were able to win some limited but real material concessions from the bourgeoisie—concessions which had a conservatizing effect upon their base.

Post-War Expansion and the Transitional Program

The rather categorical nature of some of Trotskys formulations in his 1938 draft and their apparent refutation by subsequent developments have led some ostensible Marxists to draw the conclusion that the Transitional Program lost its relevance and applicability in the post-war period. Yet the system of revolutionary transitional demands that constitutes the core of the program did not flow from Trotskys conjunctural prognoses of 1938. The performance of the capitalist economy at a given historical moment conditions the framework within which the class struggle takes place, and thus the immediate political possibilities, but such conjunctural factors do not affect the revolutionary Marxist assessment of the objective historic necessity for human society to make the leap to socialism.

This necessity flows from the qualitative intensification of the global contradictions of capitalism in what Lenin and Trotsky called the imperialist stage of its development. Imperialism is characterized by attempts on the part of the most advanced countries to resolve the crisis tendencies inherent in the capitalist accumulation process through mechanisms which transfer wealth from weaker to stronger regions of the global economy and produce extremely uneven patterns of development. In addition to endless military adventures in the neo-colonies, inter-imperialist competition leads inexorably to world war.

There is clearly a sense in which the advent of the imperialist epoch marked the end of capitalisms historically progressive role in developing the forces of production, defined broadly as global human capacities. The intensified contradictions of the capitalist mode of production in the metropolitan imperialist regions set the stage for periodic military conflicts that destroy productive forces on a massive scale. Moreover, imperialism blocks the diffusion of advanced technologies to more backward regions, thereby retarding the development of labor productivity on a world scale. On the eve of the 21st century, capitalism has failed to completely uproot pre-capitalist economic forms in much of the Third World. It has succeeded in creating a reserve army of the unemployed and under-employed that comprises more than 30 percent of the global workforce. The inability of the market to promote qualitative growth in macro-economic productivity (even as it retains a remarkable capacity to stimulate the micro-productivity of individual enterprises) confirms the continuing validity of the long-standing Leninist-Trotskyist proposition that capitalism constitutes an obstacle to human progress.

It is with these considerations in mind that we should evaluate Trotskys comment in the Transitional Program regarding the stagnation of the productive forces in the inter-war period. This characterization was one-sided and therefore inaccurate to the extent that it failed to register the continuing potential for advances in technology and labor productivity at the level of the capitalist enterprise—although if there was ever a time in the 20th century that this appeared to be in doubt, it was certainly during the 1930s. Over the past 50 years, we have witnessed enormous growth in the productivity of that segment of the global workforce that remains involved in directly productive activity within capitalist industry, and a massive expansion of material wealth. In this sense the economic prerequisites for the creation of a planned economy stand at a far higher level today than in the 1930s.

In spite of the one-sided character of the formulation of the question in the Transitional Program, it would be unfair to impute to Trotsky the notion that capitalism, even in the epoch of its death agony, posed an absolute barrier to further advances in productive technique. In his last major programmatic document, the May 1940 Manifesto of the Fourth International on the Imperialist War and the Proletarian World Revolution, he remarked (albeit off-handedly) that, technology is infinitely more powerful now than at the end of the war of 1914-18….[4]

Despite the new material basis for renewed capital accumulation created by World War II, post-war capitalist expansion eliminated neither political and social crises nor real opportunities for the working class to struggle for power. The colonial and semi-colonial world witnessed a series of major upheavals, from mass struggles for national independence in Africa and Asia, to successful anti-capitalist social revolutions in China, Vietnam and Cuba. While potentially revolutionary situations were less common in the advanced capitalist countries in the post-war than the inter-war period, sharp class struggles continued to erupt in several European countries long after the working-class upsurges of the mid-1940s. The May—June 1968 events in France, Italys hot autumn in 1969, and the Portuguese crisis of 1974-75 were clearly all pre-revolutionary situations. A number of other major class battles of the 1960s and 1970s also demonstrated the potential vulnerability of the capitalist order even during a period which was generally characterized by rising working-class living standards and relatively dynamic economic growth. These included the Belgian general strike of 1961, the Chilean cordones industriales (workers councils) of 197273, Quebecs 1972 general strike and the 1974 showdown between the British miners and the Tory government. Many of the demands included in the Transitional Program were every bit as relevant in these struggles as they had been in comparable situations in the 1920s and 1930s.

The past two decades have seen falling real wages, declining living standards and growing social inequality and insecurity throughout the developed (i.e., imperialist) world. Working people are told to get used to the idea that life for their children will be harder than their own lives are today. In the Third World, hundreds of millions of human beings are consigned to short and brutal lives of hopeless and desperate poverty. Those lucky enough to get employment in low-wage newly industrializing neo-colonies are subject to conditions reminiscent of the horrors of the Industrial Revolution. Todays brave new world of instantaneous communication, flexible production and global financial markets is also one in which tens of thousands of children starve to death daily, and in which the destruction of the biosphere proceeds inexorably.

Can Capitalism Survive?

The tendency for capitalist economic rivalry to escalate into military conflict produced two world wars in the 20th century. These were not random events or natural disasters. They derive from an inner logic of capitalist competition, a logic that compels each bourgeoisie to continually attempt to improve its position at the expense of its rivals. In the Fourth Internationals 1940 manifesto, Trotsky posed the following alternatives for humanity:

“The question is whether, as a result of the present war, the entire world economy will be reconstructed on a planned scale, or whether the first attempt of this reconstruction will be crushed in a sanguinary convulsion, and imperialism will receive a new lease on life until the third world war, which can become the tomb of civilization.[5]

Imperialism did indeed receive a new lease on life after World War II. But todays sharpening economic competition between the major capitalist trading blocs reminds us that, sooner or later, a third inter-imperialist conflict is inevitable. Today, as in 1938, nothing short of the overthrow of the bourgeoisie can open a road out.

Contrary to the insistence of capitalist ideologues that communism is dead, and that Marx’s analysis of capitalism is no longer relevant, a growing number of studies by leftist scholars in recent years have demonstrated a remarkable conformity between the real dynamics of capital accumulation since World War II and Marx’s description of the laws of motion of the capitalist mode of production.[6] A long-term fall in the average rate of profit, associated with a rise in the organic composition of capital (the ratio of dead to living labor in production), was evident in a number of advanced capitalist countries up to at least the late 1970s. Just as Marx anticipated, the bourgeoisie responded to this profitability crisis with aggressive efforts to jack up the rate of exploitation of the labor force, and with attempts to resolve the internal contradiction by extending the external field of production [7] that is, through heightened inter-imperialist competition for markets and arenas of profitable investment.

The economic malaise of the past two decades is the direct result of a classical profitability crisis resulting from the contradiction between the labor-displacing imperatives of capitalist accumulation/competition and the structural necessity of capitalism to continuously measure material wealth in terms of abstract labor time (i.e., the contradictions of the law of value). The only medicine that the capitalist class can dispense to alleviate such a crisis, short of a new world war and the massive destruction of the dead labor embodied in capitalist means of production, is a relentless assault on working-class living standards and trade-union rights. The real history of the capitalist mode of production in recent decades strikingly confirms Marx’s fundamental insights that the accumulation of capital must give rise over time to ever greater class antagonisms, and that these heightened antagonisms present the working class with the opportunity and the challenge to end the rule of capital and inaugurate a new social order.

Marxists are not alone in viewing capitalism as an unstable and transitory moment in human history. The few bourgeois theorists who have thought seriously about the future of capitalism have tended to conclude that a profit-driven system cannot survive over the long term. In his 1942 opus, Capitalism, Socialism and Democracy, Joseph Schumpeter asked Can capitalism survive? and answered: No, I do not think it can. In an interview promoting his influential 1993 tome, Twenty-First Century Capitalism, Robert Heilbroner, a leading American bourgeois economist, asked:

“Why do none of our philosophers, not even [Adam] Smith or Schumpeter who are surely partisans of the order, foresee a long untroubled future for capitalism?

The obvious answer is the sheer difficulty of successfully maintaining capitalist order….

The crucial difficulty for maintaining economic order takes on many forms—the indeterminacy of the outlook for investment and for technology; the unequal distribution of incomes[;]…the technological displacement of labour and the technological impetus toward cartelization; the inflationary tendencies of a successful economy and the depressive tendencies of an unsuccessful one. Capitalisms uniqueness in history lies in its continuously self-generated change, but it is this very dynamism that is the systems chief enemy. The system will sooner or later give rise to unmanageable problems and will have to make way for a successor.[8]

The fundamental problem with capitalism is that everything is subordinated to the predatory struggle to maximize private profitto measure human wealth in terms of surplus labor appropriated even as capitalist production requires less and less living labor as a technical input to production. The full promise of labor-saving technology cannot be realized by a system governed by the logic of the class exploitation of living labor. To resolve these problems in a historically progressive manner, a successor system must provide humanity with the ability to consciously control its social environment and gear production to the satisfaction of human needs rather than to the perpetuation of class inequality.

The Role of the Conscious Factor

The capitalist class conquered political power after first establishing its economic domination. For the working class this process is reversed. A planned economy will not emerge semi-spontaneously from capitalist anarchy, as capitalism did from feudalism; it must be created through extending conscious human control over the production and distribution of the goods and services necessary for society to develop and reproduce itself. The revolutionary transformation of all existing social relations can only be initiated on the basis of a high level of political consciousness within the proletariat.

The centrality of the subjective factor in the struggle for socialism (i.e., a disciplined political vanguard of the proletariat) lies at the heart of Trotskyism:

“The new parties and the new International must be built upon a new foundation: that is the key with which to solve all other tasks. The tempo and the time of the new revolutionary construction and its consummation depend, obviously, upon the general course of the class struggle, the future victories and defeats of the proletariat. Marxists, however, are not fatalists. They do not unload upon the historical process those very tasks which the historical process has posed before them. The initiative of a conscious minority, a scientific program, bold and ceaseless agitation in the name of clearly formulated aims, merciless criticism of all ambiguitythose are some of the most important factors for the victory of the proletariat. Without a fused and steeled revolutionary party a socialist revolution is inconceivable.[9]

Trotsky, like Lenin, rejected as objectivist nonsense the notion that capitalism must inevitably or automatically collapse:

“There is no crisis that can be, by itself, fatal to capitalism. The oscillations of the business cycle only create a situation in which it will be easier, or more difficult, for the proletariat to overthrow capitalism. The transition from a bourgeois society to a socialist society presupposes the activity of living people who are the makers of their own history. They do not make history by accident, or according to their caprice, but under the influence of objectively determined causes. However, their own actions—their initiative, audacity, devotion, and likewise their stupidity and cowardice—are necessary links in the chain of historical development.

The crises of capitalism are not numbered, nor is it indicated in advance which one of these will be the last. But our entire epoch and, above all, the present crisis imperiously command the proletariat: Seize power! If, however, the party of the working class, in spite of favorable conditions, reveals itself incapable of leading the proletariat to the seizure of power, the life of society will continue necessarily upon capitalist foundations—until a new crisis, a new war, perhaps until the complete disintegration of European civilization.[10]

While the Fourth International was established to struggle to resolve the crisis of revolutionary leadership, Trotsky was acutely aware of the enormous difficulties it faced:

“…shall we succeed in preparing in time a party capable of leading the proletarian revolution? In order to answer this question correctly it is necessary to pose it correctly. Naturally, this or that uprising may end and surely will end in defeat owing to the immaturity of the revolutionary leadership. But it is not a question of a single uprising. It is a question of an entire revolutionary epoch.

The capitalist world has no way out, unless a prolonged death agony is so considered. It is necessary to prepare for long years, if not decades, of war, uprisings, brief interludes of truce, new wars, and new uprisings. A young revolutionary party must base itself on this perspective. History will provide it with enough opportunities and possibilities to test itself, to accumulate experience and to mature….[T]he great historical problem will not be solved in any case until a revolutionary party stands at the head of the proletariat. The question of tempos and time intervals is of enormous importance; but it alters neither the general historical perspective nor the direction of our policy.[11]

A rise in working-class militancy will often be met by court injunctions prohibiting mass pickets, plant seizures, hot-cargoing, sympathy strikes and any other effective tactics. If this proves insufficient, police pressure is stepped up: pickets and demonstrators are attacked, union assets seized and workers leaders detained. The mass media, which normally operates as the ideological police of the ruling class, works overtime to confuse, divide and demoralize the workers and their potential allies.

Such measures are often sufficient for the capitalists to reassert control, but sometimes repression can backfire and result in new layers of the population being drawn into struggle. A deep-going crisis in the bourgeois social order inevitably manifests itself in division and a loss of self-confidence in the ruling class, and in uncertainty, confusion and hesitation within the repressive apparatus itself. In such circumstances the capitalists often come to rely more heavily on fascists and gangs of strikebreakers and thugs recruited from the patriotic petty bourgeoisie, the lumpenproletariat and backward elements of the working class.

An effective leadership of the workers movement must anticipate such developments and be prepared to act swiftly and decisively to neutralize reactionary formations before they grow. While proper technical preparations for this sort of intervention are essential, the most important task is the continuing political mass mobilization of the working class as it awakens to its historic interests through the course of the struggle. The Transitional Program is an algebraic codification of the essential measures with which the proletarian vanguard can broaden the scope of struggle and counter the attacks of the class enemy in a pre-revolutionary or revolutionary situation:

“The basic conditions for the victory of the proletarian revolution have been established by historical experience and clarified theoretically: (1) the bourgeois impasse and resulting confusion of the ruling class; (2) the sharp dissatisfaction and striving towards decisive changes in the ranks of the petty bourgeoisie without whose support the big bourgeoisie cannot maintain itself; (3) the consciousness of the intolerable situation and readiness for revolutionary actions in the ranks of the proletariat; (4) a clear program and a firm leadership of the proletarian vanguardthese are the four conditions for the victory of the proletarian revolution.[12]

Program and Party Of a New Type

In the late 19th century, the leaders of the Second International anticipated that as the working class grew in social weight, internal cohesion and political maturity, it would gradually lose its connections to the peasantry and urban petty bourgeoisie and embrace the socialist project (the maximum component of the classical social-democratic program). In the meantime, they sought to draw the working class into a unitary party of the whole class by focusing on the minimum needs of working people within the framework of capitalism.

The social-patriotic capitulation of the Second International during World War I forced Lenin to conclude that a bribed layer of pro-capitalist labor aristocrats were actively promoting false consciousness within the proletariat. This dictated a decisive break from the conception of a party of the whole class in favor of a party of a new type—a revolutionary combat party capable of leading the working class in a fight for power. Lenins recognition of the necessity of organizing a party of the most advanced workers separately from the more backward layers was his single most important contribution to Marxism.

The Leninist party of a new type naturally required a new sort of program. The parties of the Second International claimed to be Marxist, and even revolutionary, but they considered the maximum program as something for the indefinite future. The Communist International (Comintern), by contrast, actively sought to address the immediate struggles of the class in ways that led to revolutionary modes of consciousness and action. The Comintern under Lenin explicitly advocated the use of transitional demands that would unite the proletariat across its sectional divisions while also prefiguring the economic, social and political content of the future workers state, thereby posing, at least implicitly, the necessity of socialist revolution.

The use of transitional demands does not imply an abandonment of struggles for more limited objectives. The Fourth International would not:

“…discard the program of the old minimal demands to the degree to which these have preserved at least part of their vital forcefulness. Indefatigably, it defends the democratic rights and social conquests of the workers. But it carries on this day-to-day work within the frame-work of the correct actual, that is, revolutionary perspective….The old minimal program is superseded by the transitional program, the task of which lies in systematic mobilization of the masses for the proletarian revolution.[13]

Reformists have no use for transitional demands because their activity does not go beyond the practical task of reforming bourgeois society; indeed, reformism seeks only to win reforms that are compatible with maintaining the conditions of bourgeois rule, in particular, rates of profit deemed to be reasonable by the capitalist class. By contrast, revolutionaries are not constrained to operate within the bounds established by the imperatives of capitalist profitability:

“If capitalism is incapable of satisfying the demands, inevitably arising from the calamities generated by itself, then let it perish. Realizability or unrealizability are in the given instance a question of the relationship of forces….[14]

Marxists have long observed that the greatest gains for working people tend to come as by-products of revolutionary struggle:

“If we say that we will only demand what they can give, the ruling class will give only one-tenth or none of what we demand. When we demand more and can impose our demands, the capitalists are compelled to give the maximum. The more extended and militant the spirit of the workers, the more is demanded and won. They are not sterile slogans; they are means of pressure on the bourgeoisie, and will give the greatest possible material results immediately.[15]

Reformists are not alone in their rejection of transitional demands. Sectarian ultra-lefts also have no use for them. Having already rhetorically embraced the most extreme formulas, they reject all tactical maneuvers, compromises or partial struggles, and content themselves with striking poses and issuing fearsomely radical-sounding declamations, while patiently waiting for the great day when the masses will seek them out.

Bourgeois Recess and Proletarian Strategic Retreat

In discussing the Transitional Program with the SWP/U.S. leaders, Trotsky noted that some of his followers seemed to have, the impression that some of my propositions or demands [in the draft program] were opportunistic, and others…were too revolutionary, not corresponding to the objective situation.[16]Pointing to the fact that the U.S. was in the grip of a social crisis without precedent, Trotsky proposed that the SWP should be more optimistic, more courageous, more aggressive in our strategy and tactics:

“What is the sense of the transitional program? We can call it a program of action, but for us, for our strategic conception, it is a transitional program—it is a help to the masses in overcoming the inherited ideas, methods, and forms and of adapting themselves to the exigencies of the objective situation. This transitional program must include the most simple demands. We cannot foresee and prescribe local and trade union demands adapted to the local situation of a factory, the development from this demand to the slogan for the creation of a workers soviet.

These are both extreme points, from the development of our transitional program to find the connecting links and lead the masses to the idea of revolutionary conquest of power. That is why some demands appear to be very opportunistic—because they are adapted to the actual mentality of the workers. That is why other demands appear too revolutionary—because they reflect more the objective situation than the actual mentality of the workers. It is our duty to make this gap between objective and subjective factors as short as possible. That is why I cannot overestimate the importance of the transitional program.[17]

Trotsky was well aware that there are downturns, as well as upturns, in the class struggle. He even raised the possibility that capitalism might emerge intact from the impending world war:

“You can raise the objection that we cannot predict the rhythm and tempo of the development and that possibly the bourgeoisie will find a political recess—that is not excluded—but then we will be obliged to realize a strategic retreat. But in the present situation we must be oriented for a strategic offensive, not a retreat.[18]

This is an interesting passage because, of course, the bourgeoisie did indeed find a political recess after World War II. Consequently, revolutionaries in the imperialist heartlands had little choice but to retreat from a perspective of imminent mass revolutionary struggle in order to prepare for the future through propagandistic activities: patiently recruiting and training a new generation of cadres, while sinking roots in the organizations of the working class. But, for Trotsky, such a reorientation would not involve abandoning the transitional program in favor of a reformist minimal/democratic program:

“…we proceed from the inevitability and imminence of the international proletarian revolution. This fundamental idea, which distinguishes the Fourth International from all other workers organizations, determines all our activities….This does not mean, however, that we do not take into account the conjunctural fluctuations in the economy as well as in politics, with the temporary ebbs and flows. If one proceeds only on the basis of the overall characterization of the epoch, and nothing more, ignoring its concrete stages, one can easily lapse into schematism, sectarianism, or quixotic fantasy. With every serious turn of events we adjust our basic tasks to the changed concrete circumstances of the given stage. Herein lies the art of tactics.[19]

Transitional Demands and the Communist Manifesto

It is often taken for granted by both Trotskys supporters and his detractors that the idea of transitional demands was first introduced in the 1938 draft. For example, in a footnote explaining Trotskys use of the term transitional demands during the first of the series of discussions he held with the SWP leaders in March 1938, the Pathfinder Press editors assert:

“One of Trotskys most important contributions to Marxist theory and practice was his development in 1938 of the concept of transitional demands and slogans, which became the central feature of the programmatic document he wrote in April for the [Fourth Internationals] founding conference.[20]

In fact, Trotsky specifically addressed this very misconception during these same discussions:

“This program is not a new invention of one man. It is derived from the long experience of the Bolsheviks. I want to emphasize that it is not one mans invention, that it comes from long collective experience of the revolutionaries. It is the application of old principles to this situation. It should not be considered as fixed like iron, but flexible to the situation.[21]

At its Fourth Congress in 1922, the Communist International passed a motion explicitly endorsing the concept of transitional demands. Most of the transitional demands included in the 1938 program had previously been adopted, in one form or another, in various resolutions of the first four congresses of the Communist International (see Transitional Demands: From the Comintern to the Fourth International, p 203).

The advocacy of transitional measures can be traced right back to the Communist Manifesto of 1848. The ten pretty generally applicable demands advanced in that document included the abolition of landed property and inheritance; a heavily progressive taxation system; confiscation of property of rebel capitalists; nationalization of transport and communication; Extension of factories…owned by the state; and Equal liability of all to labor. Marx and Engels raised these demands as a means to make despotic inroads on the rights of property, and on the conditions of bourgeois production. They were not advanced as a means of reforming capitalism, but rather as measures:

“…which appear economically insufficient and untenable, but which, in the course of the movement, outstrip themselves, necessitate further inroads upon the old social order, and are unavoidable as a means of entirely revolutionising the mode of production.[22]

In his 1938 essay commemorating Ninety Years of the Communist Manifesto, Trotsky commented:

“Calculated for a revolutionary epoch the Manifesto contains…ten demands, corresponding to the period of direct transition from capitalism to socialism. In their Preface of 1872, Marx and Engels declared these demands to be in part antiquated….The reformists seized upon this evaluation to interpret it in the sense that transitional revolutionary demands had forever ceded their place to the Social Democratic minimum program, which, as is well known, does not transcend the limits of bourgeois democracy. As a matter of fact, the authors of the Manifesto indicated quite precisely the main correction of their transitional program, namely, the working class cannot simply lay hold of the ready-made state machinery, and wield it for its own purposes. In other words the correction was directed against the fetishism of bourgeois democracy. Marx later counterposed to the capitalist state, the state of the Commune. This type subsequently assumed the much more graphic shape of soviets. There cannot be a revolutionary program today without soviets and without workers control. As for the rest, the ten demands of the Manifesto, which appeared archaic in an epoch of peaceful parliamentary activity, have today regained completely their true significance. The Social Democratic minimum program, on the other hand, has become hopelessly antiquated.[23]

Rosa Luxemburg made remarkably similar observations in December 1918, at the founding of the German Communist Party:

“We are faced with a position similar to that which was faced by Marx and Engels when they wrote the Communist Manifesto seventy years ago. As you all know, the Communist Manifesto dealt with socialism, with the realization of the aims of socialism, as the immediate task of the proletarian revolution. This was the idea represented by Marx and Engels in the revolution of 1848; it was thus, likewise, that they conceived the basis for proletarian action in the international field.[24]

The defeat of the 1848 revolutions compelled Marx and Engels to reassess their earlier projection of an imminent European socialist revolution. The adoption of the Erfurt Program in 1891 by the German Social Democratic Party made explicit the division between the minimum and maximum programs:

“The socialist program was thereby established upon an utterly different foundation, and in Germany the change took a peculiarly typical form. Down to the collapse of August 4, 1914, the German social democracy took its stand upon the Erfurt program, and by this program the so-called immediate minimal aims were placed in the foreground, while socialism was no more than a distant guiding star.[25]

In rejecting the minimum/maximum programmatic dichotomy, Luxemburg called for a return to the original conception of the Manifesto: It has become our urgent duty today to replace our program upon the foundations laid by Marx and Engels in 1848.[26] She forthrightly asserted:

“Our program is deliberately opposed to the leading principle of the Erfurt program; it is deliberately opposed to the separation of the immediate and so-called minimal demands formulated for the political and economic struggle, from the socialist goal regarded as the maximal program.[27]

Workers Control and Factory Committees

Many critical developments in Marxism have come as a direct result of the experience of mass working-class struggle. Prior to the Paris Commune of 1871, Marx and Engels had assumed that the conquest of political power by the working class was a matter of gaining control of the existing (capitalist) state apparatus. But the experience of the Commune demonstrated that, the working class cannot simply lay hold of the ready-made state machinery, and wield it for its own purposes.[28] The Commune was, in Marx’s words, the political form at last discovered under which to work out the economic emancipation of labour.[29]

Workers councils or soviets (which Trotsky saw as crowning the program of transitional demands) first appeared in the course of the Russian Revolution of 1905. Two other key transitional demands—workers control and factory committees—derived from the experience of the Russian Revolution of 1917. Like the soviets in 1905, they had not been advocated by any leftist party or theoretician, but arose from the logic of the class struggle itself.

After the Tsar was toppled in February 1917, factory committees sprouted up in many enterprises. They were organized as delegated bodies embracing workers from every department, from every union and also unorganized workers. Trotsky described these bodies as an example of the realization of the united front of the working class.[30] Initially concerned with issues of wages, conditions of employment and the length of the workday, as the factory committees gained authority and influence, they began to take up broader social questions. The more militant of them gradually established a veto over management decisions, and began to probe company accounts and check financial records. These are the main elements of a regime of workers control:

“Workers control through factory councils is conceivable only on the basis of sharp class struggle, not collaboration. But this really means dual power in the enterprises, in the trusts, in all the branches of industry, in the whole economy.

What state regime corresponds to workers control of production? It is obvious that the power is not yet in the hands of the proletariat….What we are talking about is workers control under the capitalist regime, under the power of the bourgeoisie. However, a bourgeoisie that feels it is firmly in the saddle will never tolerate dual power in its enterprises. Workers control, consequently, can be carried out only under the condition of an abrupt change in the relationship of forces unfavorable to the bourgeoisie and its state. Control can be imposed only by force upon the bourgeoisie, by a proletariat on the road to the moment of taking power from them…. [31]

Factory committees and workers control arise at moments of sharp social crisis, as the workers come to realize that to defend their interests they must go beyond simple trade unionism, and begin to challenge bourgeois property rights and management prerogatives.

Workers control is not a necessary stage in the development of revolutionary consciousness, but it can play an important role in certain circumstances:

“Under the influence of crisis, unemployment, and the predatory manipulations of the capitalists, the working class in its majority may turn out to be ready to fight for the abolition of business secrecy and for control over banks, commerce, and production before it has come to understand the necessity of the revolutionary conquest for power.

After taking the path of control of production, the proletariat will inevitably press forward in the direction of the seizure of power and of the means of production. Questions of credits, of raw materials, of markets, will immediately extend control beyond the confines of individual enterprises.[32]

Factory committees arose in both Germany and Italy following World War I, but in the absence of effective revolutionary leadership, the capitalists were able to regroup and reassert their authority:

“The contradictions, irreconcilable in their essence, of the regime of workers control will inevitably be sharpened to the degree that its sphere and its tasks are extended, and soon will become intolerable. A way out of these contradictions can be found either in the capture of power by the proletariat (Russia) or in the fascist counterrevolution, which establishes the naked dictatorship of capital (Italy).[33]

In What Next? Vital Questions for the German Proletariat, written in January 1932, Trotsky posed the question of workers control from a somewhat different angle:

“The campaign for workers control can develop, depending on the circumstances, not from the angle of production but from that of consumption. The promise of the Bruening government to lower the price of commodities simultaneously with the decrease in wages has not materialized. This question cannot but absorb the most backward strata of the proletariat, who are today very far from the thought of seizing power. Workers control over the outlays of industry and the profits of trade is the only real form of the struggle for lower prices. Under the conditions of general dissatisfaction, workers commissions with the participation of worker-housewives for the purpose of checking up on the increased cost of margarine can become very palpable beginnings of workers control over industry.[34]

The Transitional Program carefully distinguishes between workers control (a form of dual power) and the expropriation of the bourgeoisie. The former represents a school for the latter: On the basis of the experience of control, the proletariat will prepare itself for direct management of nationalized industry when the hour for that eventuality will strike. With the expropriation of the means of production, the essential economic content of the dictatorship of the proletariat is established.

Lenins Transitional Program of 1917

During the middle of 1917, under the rule of Kerenskys bourgeois Provisional Government, the economic situation in war-weary Russia deteriorated at an alarming rate. Lenin placed the blame for the impending catastrophe squarely on the bourgeoisie:

“The capitalists are deliberately and unremittingly sabotaging (damaging, stopping, disrupting, hampering) production, hoping that an unparalleled catastrophe may mean the collapse of the republic and democracy, and of the Soviets and proletarian and peasant associations generally, thus facilitating the return to a monarchy and the restoration of the unlimited power of the bourgeoisie and the landowners.

The danger of a great catastrophe and of famine is imminent. All the newspapers have written about this time and again….

·     ·     ·

Yet the slightest attention and thought will suffice to satisfy anyone that the ways of [combating] catastrophe and famine are available, that the measures required to combat them are clear, simple, perfectly feasible, and fully within reach of the peoples forces, and that these measures are not being adopted only because, exclusivelybecause, their realization would affect the fabulous profits of a handful of landowners and capitalists.[35]

Lenin did not call on Kerensky to pass a law against capitalist sabotage. Nor did he content himself with abstract reflections about how all problems would one day be solved by a future socialist revolution. Instead he addressed the burning issues of the moment with a series of concrete proposals to revive economic activity, counteract bourgeois sabotage and broaden the intervention of the masses in economic decision-making. The principal measures he advocated were:

“1. Amalgamation of all banks into a single bank and state control over its operations, or nationalization of the banks.

2. Nationalization of the syndicates, i.e., the largest, monopolistic capitalist associations (sugar, oil, coal, iron and steel, and other syndicates).

3. Abolition of commercial secrecy.

4. Compulsory syndication (i.e., compulsory amalgamation into associations) of industrialists, merchants and employers generally.

5. Compulsory organization of the population into consumers societies, or encouragement of such organization, and the exercise of control over it.[36]

Taken together these measures represented the same kind of despotic inroads on the rights of property advocated in the Communist Manifesto. Lenin was quite clear about the revolutionary implications of his proposals:

“There is no way of effectively [combating] financial disorganization and inevitable financial collapse except that of revolutionary rupture with the interests of capital and that of the organization of really democratic control, i.e., control from below, control by the workers and poorest peasants over the capitalists….[37]

Lenins program was a transitional one (although it does not seem that the term had yet been coined) because it connected the immediate problems faced by the workers movement to the question of proletarian state power.

Transitional Demands and the Left Opposition

In the statement of fundamental principles adopted at its first international gathering, in February 1933, the International Left Opposition (ILO) declared that it stood on the ground of the first four congresses of the Comintern.[38] Denouncing the sterile ultimatism of Third Period Stalinism, the ILO reiterated the importance of both the united-front tactic and of transitional demands. It called for:

“Recognition of the necessity to mobilize the masses under transitional slogans corresponding to the concrete situation in each country, and particularly under democratic slogans insofar as it is a question of struggle against feudal relations, national oppression, or different varieties of openly imperialist dictatorship….[39]

The next year, in the aftermath of an armed fascist attack on the French parliament, the French section of the ILO published a Program of Action for France drafted by Trotsky. It called for Abolition of Business Secrets, Workers and Peasants Control over Banks, Industry and Commerce, a shorter workweek with a pay raise at the expense of the magnates, Nationalization of Banks, Key Industries, Insurance Companies and Transportation and the institution of a Monopoly of Foreign Trade. It also advocated the Defense of the Soviet Union, the Disbanding of the police, Arming of the proletariat, arming of the poor peasants! and the preservation of public order by workers militias directed by a Workers and Peasants Commune.[40]

In March 1935, at a meeting of the CGT (the General Federation of Labor the largest union federation in France) Alexis Bardin[41] delivered a speech written for him by Trotsky that criticized the union leaderships utopian/reformist schemes for combating the ravages of the capitalist economic crisis. To the officials vague talk of using credit as an economic lever, the young militant counterposed ripping the banking system out of the hands of the capitalist exploiters in order to make it a lever of social transformation, that is of socialist construction. Starting from the CGT leaderships own pronouncement that 90 plutocrats own and control the economy of our country, Bardin proposed: The response should be clear: we must expropriate them, unseat them, to return to the plundered people what belongs to them.[42] At each point where the bureaucrats plan blurred the line between class struggle and class collaboration, Trotskys text sharpened the distinctions.

How to Utilize Transitional Demands

Bardins speech provides an example of how transitional demands should be used to connect the necessity of social revolution with the immediate practical concerns of an assembly of trade-union delegates. In a similar vein, during his discussion with the SWP leaders, Trotsky explained how to relate the demand for the opening of the capitalists books to other political issues:

“…you have millions of unemployed and the government claims it cannot pay more and the capitalists say that they cannot make more contributions—we want to have access to the bookkeeping of this society. The control of income should be organized through factory committees. Workers will say: We want our own statisticians who are devoted to the working class. If a branch of industry shows that it is really ruined, then we answer: We propose to expropriate you. We will direct better than you….This transitional demand is also a step for the workers control of production as the preparatory plan for the direction of industry. Everything must be controlled by the workers who will be the masters of society tomorrow. But to call for conquest of power—that seems to the American workers illegal, fantastic. But if you say: The capitalists refuse to pay for the unemployed and hide their real profits from the state and from the workers by dishonest bookkeeping, the workers will understand that formula. If we say to the farmer: The bank fools you. They have very big profits. And we propose to you that you create farmers committees to look into the bookkeeping of the bank, every farmer will understand that. We will say: The farmer can trust only himself; let him create committees to control agricultural credits—they will understand that. It presupposes a turbulent mood among the farmers; it cannot be accomplished every day. But to introduce this idea into the masses and into our own comrades, that’s absolutely necessary immediately.[43]

The masses cannot be mobilized for struggle around transitional demands every day, but the job of revolutionaries is to seek to introduce these ideas into the working class, even in periods of relative quiescence. The proletarian vanguard must seek to lead, not follow, popular opinion.

Trotsky sought to train the cadres of the Fourth International to address the particular manifestations of capitalist crisis and economic dislocationthatsfactory closures, wage cuts, layoffs, inflation, bank foreclosures, etc. in ways that pointed toward the necessity of proletarian revolution:

“Workers militia and workers control of production are only two sides of the same question. The worker is not a bookkeeper. When he asks for the books, he wants to change the situation, by control and then by direction. Naturally, our advancing slogans depends on the reaction we meet in the masses. When we see the reaction of the masses we [will] know what side of the question to emphasize. We will say, Roosevelt will help the unemployed by the war industry; but if we workers ran production, we would find another industry, not one for the dead but for the living. The question can become understandable even for an average worker who never participates in a political movement.[44]

Trotsky also proposed that the SWP seek to popularize the call for a sliding scale of wages and hours:

“Then we have the question, how to present the program to the workers? It is naturally very important. We must combine politics with mass psychology and pedagogy, build the bridge to their minds. Only experience can show us how to advance in this or that part of the country. For some time we must try to concentrate the attention of the workers on one slogan: sliding scale of wages and hours.

·     ·     ·

Naturally this is only one point. In the beginning this slogan is totally adequate for the situation. But the others can be added as the development proceeds….What is this slogan? In reality…[a sliding scale of wages and hours] is the system of work in socialist society. The total number of workers divided into the total number of hours. But if we present the whole socialist system it will appear to the average American as utopian, as something from Europe. We present it as a solution to this crisis which must assure their right to eat, drink, and live in decent apartments. It is the program of socialism, but in very popular and simple form.[45]

When asked, Can we actually realize this slogan?, Trotsky replied:

“It is easier to overthrow capitalism than to realize this demand under capitalism. Not one of our demands will be realized under capitalism. That is why we are calling them transitional demands. It creates a bridge to the mentality of the workers and then a material bridge to the socialist revolution. The whole question is how to mobilize the masses for struggle. The question of the division between the employed and unemployed comes up. We must find ways to overcome this division.[46]

Not a Complete Program

In his conversations with the SWP leadership, Trotsky noted that the Transitional Program was not comprehensive:

“The draft program is not a complete program. We can say that in this draft program there are things which are lacking and there are things which by their nature don’t belong to the program. Things which don’t belong to the program are the comments…. A complete program should have a theoretical expression of the modern capitalist society at its imperialist stage…. The beginning of the program is not complete. The first chapter is only a hint and not a complete expression. Also the end of the program is not complete because we don’t speak here about the social revolution, about the seizure of power by insurrection, the transformation of capitalist society into the dictatorship, the dictatorship into socialist society. This brings the reader only to the doorstep. It is a program for action from today until the beginning of the socialist revolution. And from the practical point of view what is now the most important is how can we guide the different strata of the proletariat in the direction of the social revolution.[47]

The program was incomplete in another sense as wellit did not address the specific social and historical circumstances that play an important role in the political life of each country. Trotsky expected each section of the Fourth International to use the international program as the basis for elaborating one tailored to the specific requirements of the local political terrain:

“The program is only the first approximation. It is too general in the sense in which it is presented to the international conference in the next period. It expresses the general tendency of development in the whole world….It is clear that the general characteristics of the world situation are common because they are all under the pressure of the imperialist economy, but every country has its peculiar conditions and real live politics must begin with these peculiar conditions in each country and even in each part of the country.[48]

Not only would the program have to be elaborated somewhat differently for each national section, but the demands advanced in each union would vary according to the specific situation confronting the workers it represented. The text of the Transitional Program notes that it would be impossible to enumerate here those separate, partial demands which time and again arise on the basis of concrete circumstances—national, local, professional.[49] This is not because revolutionaries are indifferent to such issues: The Bolshevik-Leninist stands in the front-line trenches of all kinds of struggles, even when they involve only the most modest material interests or democratic rights of the working class.[50]

To gain a hearing for their ideas, revolutionaries must do more than simply stand up and recite passages from the program. As Trotsky explained:

“It is necessary to interpret these fundamental ideas by breaking them up into more concrete and partial ones, dependent upon the course of events and the orientation of the thought of the masses.[51]

The program must be applied flexibly and adapted in accordance with concrete circumstances:

“The relative weight of the individual democratic and transitional demands in the proletariat’s struggle [in the colonial and neo-colonial countries], their mutual ties and their order of presentation, is determined by the peculiarities and specific conditions of each backward country and to a considerable extent—by the degree of its backwardness.[52]

Moreover, in the course of any serious struggle, the key demands and their relative emphasis can vary from one place to another and from one day (or even hour) to the next:

“During a transitional epoch, the workers movement does not have a systematic and well-balanced but a feverish and explosive character. Slogans as well as organizational forms should be subordinated to the indices of the movement.[53]

Programmatic Extensions Since 1938

The Transitional Program is essentially a distillation of the lessons of the Bolshevik Revolution—a program for the mobilization of the proletariat for power. As such it remains a document of profound relevance today. Yet it does not, and could not, provide permanent, engraved-in-stone answers to all questions for all time. The world has changed a great deal since 1938. The section on The Program of Transitional Demands in Fascist Countries is obviously less crucial than it was when Germany and Italy were under fascist rule. Similarly, the nominal decolonization, as well as the uneven industrialization and urbanization of much of the Third World has considerably changed the global framework within which the program of permanent revolution is advanced today as compared to 1938.

The post-war expansion of Soviet power into Eastern Europe was not anticipated by the founders of the Fourth International. Nor had they foreseen the creation of deformed workers states in Vietnam, Yugoslavia and China through the agency of peasant-based guerrilla armies led by insurrectionary Stalinists.

Undoubtably the most important change in world politics since 1938 has been the counter-revolutionary destruction of the degenerated Soviet workers state, an event that was anticipated in the Transitional Program:

“The political prognosis [for the USSR] has an alternative character: either the bureaucracy, becoming ever more the organ of the world bourgeoisie in the workers state, will overthrow the new forms of property and plunge the country back to capitalism; or the working class will crush the bureaucracy and open the way to socialism.[54]

In the former Soviet bloc Marxists today call for a social revolution to expropriate the emergent bourgeoisies and their imperialist patrons. In the remaining deformed workers states (Cuba, China, Vietnam and North Korea) revolutionaries must combine their defense of collectivized property with a perspective of proletarian political revolution to shatter the ruling bureaucracies and establish the direct political rule of the working class.

A variety of important political issues are not addressed in the Transitional Program. For example, while struggles for national liberation and the right of nations to self-determination are upheld, the program does not address the difficult problems posed when interpenetrated peoples claim a single piece of territory, as for example in Cyprus, Northern Ireland, Bosnia or Israel/ Palestine.

The dynamics and social function of racial, sexual and other forms of special oppression under capitalism are also barely touched on in the program. There is a call for the organization of working-class women, but no demands for free contraception, free and unrestricted access to abortion, free 24-hour childcare or equal access to all jobs. The defense of democratic rights for lesbians and gays is not mentioned, and neither is the necessity to oppose state interference in consensual sexual activities and other forms of victimless crimes. Other important social issues not specifically addressed in the 1938 text include healthcare, housing and education, and the rights of immigrants and political refugees.

Trotskyist Critics of the Transitional Program

One section of the 1938 program that is clearly in need of updating is the one dealing with opportunism and unprincipled revisionism. All the organizations mentioned have long-since disappeared, and in most cases their ecological niches have been occupied by various groupings misleadingly claiming some political affinity with Trotskyism. Naturally one of the common characteristics of these opportunist and unprincipled revisionists is their tendency to view the Transitional Program as an irrelevant relic from a bygone era.

An early, and influential, critic of the Fourth International and its program was Isaac Deutscher, Trotskys biographer. A former leader of the Polish section of the Left Opposition, Deutscher had opposed launching the new international in 1938. In The Prophet Outcast, the third volume of his monumental biography of Trotsky, Deutscher dismissed the Transitional Program with a single sentence:

“…the Draft Programme, which [Trotsky] wrote for the International, was not so much a statement of principles as an instruction on tactics, designed for a party up to its ears in trade union struggles and day-to-day politics and striving to gain practical leadership immediately.[55]

Deutscher’s differences with Trotsky involved fundamental questions of Marxist principle and revolutionary strategy. Rejecting the struggle to forge a world party of socialist revolution, Deutscher projected that, under the pressure of the broad scheme of revolutionary development, the Stalinist bureaucracy would eventually be compelled not only to acknowledge Trotsky’s greatness, but also to implement essential elements of his program.

Deutschers projection has been definitively refuted by history. But his attitude toward the Fourth International and its founding program is echoed by a good many contemporary Trotskyists, including the International Socialist current (IS) headed by Tony Cliff centered around the British Socialist Workers Party. In his book entitled Trotskys Marxism, Duncan Hallas, a long-time IS leader, takes the opposite approach to Deutscher, suggesting that the Transitional Program was a product of Trotsky’s detachment from the class struggle:

“Inevitably, his enforced isolation from effective participation in the workers movement, in which he had once played so big a part, affected to some extent his understanding of the ever-changing course of the class struggle. Not even his vast experience and superb tactical reflexes could substitute entirely for the lack of feedback from the militants engaged in the day to day struggle that is possible only in a real communist party. As the period of isolation lengthened, this became more apparent. Compare his Transitional Programme of 1938 with its prototype, the Programme of Action for France (1934). In freshness, relevance, specificity and concreteness in relation to an actual struggle, the latter is clearly superior.[56] ”

It perhaps did not occur to comrade Hallas that the prototype could be more specific and concrete precisely because it addressed a particular concrete situation faced by French workers in 1934. The program of the Fourth International, on the other hand, had to deal with the general situation of the international working class for an entire historical period. It therefore had to be presented in a more abstract manner. But Hallas has a more fundamental objection:

“Whether or not it is possible to find slogans or demands that meet these exacting specifications [a bridge from present consciousness to recognition of the necessity for socialism] depends, very obviously, on circumstances. If at a given time today’s consciousness of wide layers is decidedly non-revolutionary, then it will not be transformed by slogans. Changes in actual conditions are needed. The problem at each stage is to find and advance those slogans which not only strike a chord in at least some sections of the working class…but which are also capable of leading to working class actions. Often they will not be transitional in terms of Trotsky’s very restricted definition.

Of course Trotsky cannot be held responsible for the tendency of most of his followers to fetishise the notion of transitional demands, and even the specific demands of the 1938 Programme—most obviously the sliding scale of wages. The emphasis he gave to this matter was, however, excessive and encouraged the belief that demands have some value independent of revolutionary organisation in the working class.[57]

Here we have an attempt to obscure the fact that revolutionary organizations are distinguished from centrist and left-reformist ones by their programi.e., what demands they fight for. The question of a groups size and influence in the working class will largely determine its ability to influence events, but has no bearing on the question of its fundamental political character. Trotsky had only a handful of supporters in Spain during that country’s civil war, while Andres Nin’s centrist Workers Party of Marxist Unification (POUM), which had broken with Trotsky precisely over his sectarian opposition to class-collaborationism, had thousands of members. To avoid isolation from the masses, the POUM leaders first blunted their criticisms of the popular front, and then ended up joining it—an act that Trotsky aptly described as a crime against the working class.

In an earlier series of articles on the history of the Fourth International, published in International Socialism between 1969 and 1973, Hallas, then Political Secretary of the British IS, argued that the Transitional Program was responsible for many of the problems of the Fourth International after World War II:

“Unfavorable circumstances played a part in the decline in the Fourth Internationalist movement. More important were the fundamental weaknesses of the 1938 programme, especially its quite wrong analysis of Stalinism.[58]

This refers to Trotskys rejection of the absurd notion, promoted by the Cliffites, that the economic system of the USSR was state capitalist, i.e., qualitatively the same as Britain, the U.S. and other imperialist countries. Another weakness, according to Hallas, was the assertion that capitalism remains subject to periodic economic crises stemming from the tendency of the rate of profit to fall. During the 1960s, the Cliffites decided that the capitalists had successfully overcome this problem by creating a permanent arms economy. Hallas cited Michael Kidron (a leading IS intellectual at the time) who explained how a leak of capital intensive goods would mean that the rate of growth of the organic composition of capital:

“…would be slower…[and] could even stop or be reversed. In such a case there would be no decline in the average rate of profit, no reason to expect increasingly severe slumps, and so on. Such a leak had been found in the permanent arms economy.

The consequences of this fact, the contradictions of neo-capitalism, its prospects and limits; those are the basic problems to be faced by Western revolutionaries today. The difficulty for orthodox Trotskyists is to accept that these are the problems. For if they are, Trotsky’s economic catastrophism must be rejected. And with it goes one of the two pillars upon which the FI was founded. The tiny grouplets of the FI expected to be swept forward in the tide of economic catastrophe, instead they found themselves stranded on the ebb tide produced by the 20 years of boom. Hence the irrelevance of the whole pretentious apparatus of World Leadership, World Congresses, International Executive Plenums, and all the rest of the paraphernalia borrowed from the Comintern.[59]

The impressionistic notion that capitalism was no longer subject to significant economic crises was widespread among petty-bourgeois New Leftists in the 1960s. But today the IS criticisms of those orthodox Trotskyists who argued that capitalism remained subject to periodic slumps can only be an embarrassment for those Cliffites who take Marxist theory at all seriously.

The permanent arms economy theory may now be out of fashion, but Cliffs attitude toward the Transitional Program has not changed. In 1993 he wrote:

“These transitional demands fitted a situation of general crisis, of capitalism in deep slump. But under conditions of a massive expansion of capitalism, as took place after the Second World War, these demands were at best meaningless, and at worst reactionary. To limit wage rises to the rise in the cost of living was a demand of the capitalists and against the aspirations of the workers who wanted to improve their living standards. And in conditions of more or less full employment, a sliding scale of hours is really meaningless.[60]

In fact it is Cliffs critique which is meaningless. Trotsky explicitly indicated that transitional demands are not put forward as structural reforms to the operations of capitalism. They are demands which, if raised skillfully at appropriate junctures and taken up by the mass of workers, challenge the whole logic of the profit system. A sliding scale of hours is not something that revolutionaries would make a focus of popular agitation year in and year out—it is a demand appropriate in situations of mass unemployment. The call for a sliding scale of wages, outside the context of a reduction in the workday, is only appropriate when inflation poses a threat to working-class living standards. It would make no sense in periods of deflation. Nor does the demand to index wages to inflation in any way preclude fighting for improvements in the wage scale.

Cliffs criticisms presume that any program advocated by socialists must be a minimal (i.e., reformist) one. He appears unable to comprehend the idea of raising demands that are directed not at reforming capitalism, but at transforming the consciousness of the exploited and oppressed. Accordingly, his critique proceeds from the erroneous view that the Transitional Program is simply a minimum program composed of impractical or at worst reactionary reforms.

“Similarly, other demands in Trotsky’s Transitional Programme, such as the establishment of workers defence guards, workers militia, and the arming of the proletariat, certainly did not fit a non-revolutionary situation. Sadly many Trotskyists dogmatically repeated these slogans.

The basic assumption behind Trotsky’s Transitional Demands was that the economic crisis was so deep that the struggle for even the smallest improvement in workers conditions would bring conflict with the capitalist system itself. When life disproved the assumption the ground fell from beneath the programme.[61]

Cliffs basic assumption seems to be that capitalism is here to stay and that the job of socialists is to celebrate the struggle for small improvements. Cliff breezily dismisses the arming of the proletariat and workers defense guards as slogans that do not fit a non-revolutionary situation. In place of such dogmatic revolutionary slogans the Cliffites limit themselves to advancing demands that reflect the existing (bourgeois) consciousness of the masses. The only inconsistency in the IS approach is their persistence in continuing to identify themselves as revolutionaries. After all, if the arming of the proletariat and the creation of a workers militia are no longer on the historical agenda, then neither is socialist revolution.

Alex Callinicos, currently the leading political theorist of the International Socialist tendency, is somewhat more guarded in his formulations, but he too rejects the Transitional Program. In a recent book he asserted that, after World War II, the attempt:

“…to immunize Trotsky’s theories from refutation carried with it the danger of transforming them into a set of dogmas. All too frequently this danger was realized. The Transitional Programme drafted by Trotsky and adopted at the First Congress of the FI in 1938 became an especial object of veneration. This document was thus named because it contained a set of transitional demands—for example, the indexation of wages to prices (the sliding scale of wages). These were intended to bridge the old division in the Second International before 1914 between the minimum programme of limited reforms attainable within a capitalist context and the maximum programme whose implementation would require the establishment of workers power. Trotsky argued that the economic crisis was so acute that the struggle for even the most modest improvement in working-class conditions would come into conflict with the capitalist system itself.[62]

Callinicos is not particularly concerned about finding a bridge between the minimal and maximal programs. Like Cliff, he dismisses transitional demands as useless, unless, at some hypothetical point in the future, capitalism were to completely exhaust all possibility of further growth. In the meantime, according to Callinicos, the job of socialists is to leaven the workers immediate demands with occasional references to the ultimate desirability of socialism.

In the final analysis all the criticisms of the Transitional Programs fetishism, dogmatism and catastrophism boil down to advocacy of a return to the minimum-maximum program of the Second International—that is to say, reformism now and socialism later (i.e., never). Trotsky was very familiar with this brand of socialism:

“The reformists have a good smell for what the audience wants….But that is not serious revolutionary activity. We must have the courage to be unpopular, to say you are fools, you are stupid, they betray you, and every once in a while with a scandal launch our ideas with a passion.[63]

Callinicos and Cliff regard this as just so much sectarianism, a charge that no one could level at the International Socialists, at least in terms of program. Their history is one of an endless series of political zig-zags driven by adaptations to the existing prejudices of the strata from which they hope to recruit. Often what seems smart (i.e., popular) today turns out to be an embarrassment tomorrow. A classic example of this was their initial support for British troops in Northern Ireland:

“The breathing space provided by the presence of British troops is short but vital. Those who call for the immediate withdrawal of the troops…are inviting a pogrom which will hit first and hardest at socialists.[64]

While the IS stock-in-trade is rank and file trade-union economism, their opportunist appetites sometimes find expression in political adaptation to non-proletarian elements as well. In recent years the revolutionary IS offered electoral support to several openly bourgeois candidates (e.g., South Koreas president Kim Dae Jung in the 1992 election, and Nelson Mandelas African National Congress in 1994).

The Cliffites have also long exhibited an unhealthy enthusiasm for the 1979 Islamic Revolution led by Irans arch-reactionary Ayatollah Khomeini. Reflecting on the significance of Khomeinis triumph almost a decade later, Callinicos argued that the Iranian left should have been:

“…demanding that the mullahs wage a revolutionary war against the US and its allies, that, as I wrote at the beginning of the war [with Iraq], they make Teheran the beacon of genuine revolution throughout the region—granting the right of self-determination to the Kurds, Arabs and other national minorities, establishing organs of popular power, fighting for the liberation of women from the Islamic yoke (Socialist Worker, 4 October 1980).[65]

The rather stark contrast between the Cliffites’ rejection of Trotsky’s transitional demands as meaningless and unrealizable and their willingness to call on the Iranian theocracy to carry out a genuinerevolution reveals that the flip-side of their craven opportunism is a breath-taking capacity for self-delusion.

We Must Tell the Workers the Truth

Although some critics of the Transitional Program characterize it as opportunist because it contains demands aimed at intersecting the immediate concerns of the working class, most criticisms boil down to the complaint that it is too far ahead of the present consciousness of the class. In discussion with his American supporters in 1938, Trotsky addressed this objection:

“The program must express the objective tasks of the working class rather than the backwardness of the workers. It must reflect society as it is and not the backwardness of the working class. It is an instrument to overcome and vanquish the backwardness.”

He expanded on this later in the discussion:

“We must tell the workers the truth, then we will win the best elements. Whether these best elements will be capable of guiding the working class, leading it to power, I don’t know. I hope that they will be able, but I cannot give the guarantee. But even in the worst case, if the working class doesn’t sufficiently mobilize its mind and its strength at present for the socialist revolution—even in the worst case, if this working class falls victim to fascism, the best elements will say, We were warned by this party; it was a good party. And a great tradition will remain in the working class.

This is the worst variant. That is why all the arguments that we cannot present such a program because the program doesn’t correspond to the mentality of the workers are false. They express only fear before the situation. Naturally if I close my eyes I can write a good rosy program that everybody will accept. But it will not correspond to the situation; and the program must correspond to the situation. I believe that this elementary argument is of the utmost importance. The mentality of the class of the proletariat is backward but the mentality is not such a substance as the factories, the mines, the railroads, but is more mobile and under the blows of the objective crisis, the millions of unemployed, it can change rapidly.[66]

Today, 60 years after the Transitional Program was written, the Bolshevik tradition which the Left Opposition carried forward remains just as relevant as ever. And that political tradition, codified in the founding programmatic document of the Fourth International, remains central to a historically progressive resolution of the crisis of proletarian leadership.

 

Notes:

 1. Leon Trotsky, Letter to James P. Cannon, Writings of Leon Trotsky (1937-38) (New York: Pathfinder Press, 1976), p 317

 2. Leon Trotsky, The Twin Stars: Hitler-Stalin, Writings of Leon Trotsky (1939-40) (New York: Pathfinder Press, 1973), p 122

 3. Herald Tribune (New York), 23 May 1943

 4. Leon Trotsky, Manifesto of the Fourth International on the Imperialist War and the Proletarian World Revolution, Writings of Leon Trotsky (1939-40) (New York: Pathfinder Press, 1973), p 184

 5. Leon Trotsky, The World Situation and Perspectives, Writings of Leon Trotsky (1939-40) (New York: Pathfinder Press, 1973), p 147

 6. See: Gerard Dumenil and Dominique Levy, The Economics of the Profit Rate: Competition, Crises and Historical Tendencies in Capitalism (Brookfield, Vermont: Elgar Publishing Co., 1993); Fred Moseley, The Falling Rate of Profit in the Postwar United States Economy (London: Macmillan, 1991); Anwar Shaikh and Ahmet Tonak, Measuring the Wealth of Nations: The Political Economy of National Accounts (Cambridge: Cambridge University Press, 1994); Murray E.G. Smith, Invisible Leviathan (Toronto: University of Toronto Press, 1994); Union for Radical Political Economics, Empirical Work in Marxian Crisis Theory, special double issue of Review of Radical Political Economics, Vol. 18 Nos. 12, 1986; Michael J. Webber and David L. Rigby, The Golden Age Illusion: Rethinking Postwar Capitalism (New York: Guildford Press, 1996)

 7. Karl Marx, Capital, Vol. 3 (London: Penguin Books, 1981), p 353

 8. Globe and Mail Magazine (Toronto), May 1993

 9. Leon Trotsky, Open Letter for the Fourth International, Writings of Leon Trotsky (1935-36) (New York: Pathfinder Press, 1977), p 27

10. Leon Trotsky, Once Again, Whither France? Leon Trotsky On France (New York: Monad Press, 1979), p 79

11. Leon Trotsky, Manifesto of the Fourth International on the Imperialist War and the Proletarian World Revolution, Writings of Leon Trotsky (1939-40) (New York: Pathfinder Press, 1973), pp 217-18

12. Ibid., pp 216-17

13. Leon Trotsky, The Transitional Program, Bolshevik Publications, 1998, p 37

14. Ibid., p 389

15. Leon Trotsky, The Political Backwardness of the American Workers, The Transitional Program for Socialist Revolution (New York: Pathfinder Press, 1974), p 129

16. Leon Trotsky, A Summary of Transitional Demands, The Transitional Program for Socialist Revolution (New York: Pathfinder Press, 1974), p 232

17. Ibid., p 235

18. Ibid., pp 235-36

19. Leon Trotsky, On the Question of Workers Self-Defense, Writings of Leon Trotsky (1939-40) (New York: Pathfinder Press, 1973), p 103

20. Writings of Leon Trotsky (1937-38) (New York: Pathfinder Press, 1976), note 290, p 488

21. Leon Trotsky, The Political Backwardness of the American Workers, The Transitional Program for Socialist Revolution (New York: Pathfinder Press, 1974), p 129

22. Karl Marx and Frederick Engels, Manifesto of the Communist Party, Karl Marx and Frederick Engels Selected Works in One Volume(New York: International Publishers, 1969), p 52

23. Leon Trotsky, Ninety Years of the Communist Manifesto, Writings of Leon Trotsky (1937-38) (New York: Pathfinder Press, 1976), pp 23-24

24. Rosa Luxemburg, Speech to the Founding Convention of the German Communist Party, Rosa Luxemburg Speaks (New York: Pathfinder Press, 1970), p 405

25. Ibid., pp 407-8

26. Ibid., p 408

27. Ibid., p 413

28. Karl Marx, The Civil War in France, Karl Marx and Frederick Engels Selected Works in One Volume (New York: International Publishers, 1969), p 288

29. Ibid., p 294

30. Leon Trotsky, Workers Control of Production, The Struggle Against Fascism in Germany (New York: Pathfinder Press, 1971), p 80

31. Ibid., p 78

32. Ibid., p 81

33. Ibid., p 82

34. Leon Trotsky, What Next? Vital Questions for the German Proletariat, The Struggle Against Fascism in Germany (New York: Pathfinder Press, 1971), pp 241-42

35. Vladimir I. Lenin, The Impending Catastrophe and How to Combat It, V.I. Lenin Selected Works in Three Volumes (Moscow: Progress Publishers, 1970), Vol. 2, pp 241-42

36. Ibid., p 246

37. Ibid., p 266

38. The International Left Opposition, Its Tasks and Methods, Documents of the Fourth International (New York: Pathfinder Press, 1973), p 23

39. Ibid., p 24

40. Leon Trotsky, A Program of Action for France, Writings of Leon Trotsky (1934-35) (New York: Pathfinder Press, 1971), pp 21-32

41. Alexis Bardin is mentioned by Jean van Heijenoort in his book With Trotsky in Exile (Harvard University Press, 1978), p 74:

“In Grenoble there was a young teacher, Alexis Bardin, who had strong Trotskyite sympathies; he even had two brothers in the Trotskyite group in Paris, one of whom, Boitel, played a leading role there. Alexis Bardin and his wife, Violette, were soon authorized by the Isère prefect to visit Trotsky and Natalia. Bardin, who was a member of the Socialist party, was involved in Grenobles political and trade union life. The conversations between Trotsky and him revolved around local politics. Trotsky was interested in the smallest details, enjoying the chance to immerse himself in practical day-to-day activities. Bardin was becoming more and more active in local affairs, and some of his speeches at trade union meetings were written by Trotsky.”

42. Leon Trotsky, From the CGTs Plan to the Conquest of Power, Writings of Leon Trotsky (1934-35) (New York: Pathfinder Press, 1971), p 223

43. Leon Trotsky, How to Fight for a Labor Party in the U.S., The Transitional Program for Socialist Revolution (New York: Pathfinder Press, 1974), pp 120-21

44. Ibid., pp 121-22

45. Leon Trotsky, The Political Backwardness of the American Workers, The Transitional Program for Socialist Revolution (New York: Pathfinder Press, 1974), pp 127-28

46. Ibid., pp 128-29

47. Leon Trotsky, Completing the Program and Putting It to Work, The Transitional Program for Socialist Revolution (New York: Pathfinder Press, 1974), p 138

48. Ibid., p 138

49. Leon Trotsky, The Transitional Program, Bolshevik Publications, 1998, p 38

50. Ibid., p 39

51. Ibid., p 50

52. Ibid., p 58

53. Ibid., p 40

54. Ibid., p 62

55. Isaac Deutscher, The Prophet Outcast (New York: Vintage Books, 1965), pp 425-26

56. Duncan Hallas, Trotsky’s Marxism (London: Bookmarks, 1979), pp 96-97

57. Ibid., p 104

58. International Socialism No. 60, July 1973

59. International Socialism No. 40, October/November 1969

60. Tony Cliff, Trotsky: The Darker the Night the Brighter the Star (London: Bookmarks, 1993),
p 300

61. Ibid., p 300

62. Alex Callinicos, Trotskyism (Minneapolis: University of Minnesota Press, 1990), p 40

63. Leon Trotsky, Completing the Program and Putting It to Work, The Transitional Program for Socialist Revolution (New York: Pathfinder Press, 1974), p 145

64. Socialist Worker, 11 September 1969

65. Socialist Worker Review, September 1988

66. Leon Trotsky, The Political Backwardness of the American Workers, The Transitional Program for Socialist Revolution (New York: Pathfinder Press, 1974), pp 126-27

Marksizm, feminizm i wyzwolenie kobiet

[Pierwszy taz wydrukowane w 19 numerze „1917” (1997), pisma wówczas rewolucyjnej Międzynarodowej Tendencji Bolszewickiej. Pierwotnie opublikowany jako plik pdf na http://www.bolshevik.org/1917/no19fem.pdf . Chociaż ten dokument jest mechaniczny w niektórych sekcjach, a my wcześniej krytykowaliśmy ślepotę wobec popularnego znaczenia “feminizmu” we wprowadzeniu do tego zbioru, dokument ten dostarcza informacyjnego przeglądu wybranych feministycznych prądów politycznych z drugiej połowy XX wieku]

Pomimo wszystkich międzynarodowych konferencji i “uniwersalnych deklaracji” na rzecz równości kobiet, życie większości kobiet na całym świecie jest ograniczone przez uprzedzenia i ucisk społeczny. Sposoby egzekwowania męskiej supremacji różnią się znacznie w zależności od społeczeństwa (i pomiędzy klasami społecznymi w każdym społeczeństwie), ale wszędzie mężczyźni uczą się uważać siebie za lepszych, a kobiety uczą się tego akceptować. Bardzo niewiele kobiet ma dostęp do władzy i przywilejów, z wyjątkiem powiązań z mężczyzną. Większość kobiet w płatnej sile roboczej dźwiga podwójny ciężar niewolnictwa domowego i płacowego. Według Organizacji Narodów Zjednoczonych kobiety wykonują dwie trzecie światowej pracy i produkują około 45 procent światowej żywności, ale otrzymują tylko dziesięć procent dochodu i posiadają tylko jeden procent nieruchomości (przytoczone przez Marilyn French. w The War Against Women, 1992).

Od samego początku ruch marksistowski propagował równouprawnienie kobiet i prawa kobiet, jednocześnie traktując ucisk kobiet (jak rasowe, narodowe i inne formy specjalnego ucisku) jako coś, czego nie można wykorzenić bez obalenia kapitalistycznego systemu społecznego, który go wspiera i podtrzymuje. Marksiści twierdzą, że wyzwolenie kobiet wiąże się z walką z kapitalizmem, ponieważ w ostatecznym rozrachunku ucisk seksualny służy materialnym interesom klasy rządzącej.

Chociaż marksiści i feministki często znajdują się po tej samej stronie w walce o prawa kobiet, mają dwa zasadniczo sprzeczne światopoglądy. Feminizm jest ideologią opartą na idei, że podstawowy podział w społeczeństwie ludzkim jest pomiędzy płciami, a nie między klasami społecznymi. Ideologowie feministyczni konsekwentnie postrzegają walkę o równouprawnienie kobiet jako oddzieloną od walki o socjalizm, które wielu odrzuca jako jedynie alternatywną formę “patriarchalnej” władzy.

“Jest to aksjomatem teorii płac, że kiedy duża liczba pracowników może być zatrudniona przy niższych stawkach wynagrodzenia niż te, które obowiązują w danym czasie, konkurencja tych osób za pracę skutkuje albo wyparciem wyższych płatnych pracowników, albo akceptacja niższych stawek przez tych pracowników. Z biegiem czasu presja ta ma tendencję do obniżania wszystkich poziomów płac i jeśli ten zwykły kurs nie zostanie powstrzymany przez bezpośrednie działanie, ostatecznie doprowadzi to do niższego poziomu zarobków dla wszystkich, co spowoduje zmniejszenie siły nabywczej i poziomu życia. Ze względu na ich nowe, wojenne przeszkolenie i umiejętności, kobiety są, jak nigdy dotąd, możliwe do wykorzystania przez pozbawionych skrupułów pracodawców jako obcinacze wynagrodzeń”

-U.S. Women’s Bureau Bulletin No. 224, 1948 (zacytowane przez Nancy Reeves in ‘‘Women at Work,’’ in American Labor in Mid-Passage, 1959)

To samo dotyczy dyskryminacji płacowej wobec imigrantów, młodzieży, mniejszości rasowych lub jakiegokolwiek innego sektora siły roboczej. Oprócz obniżenia poziomu płac, męski szowinizm – podobnie jak rasizm, nacjonalizm, homofobia i inne zacofane ideologie – zaciemnia mechanizmy kontroli społecznej i dzieli tych na samym dole, zapewniając w ten sposób przedmurze dla hierarchicznego i z natury opresyjnego systemu społecznego.

Marksistowska strategia zjednoczenia wszystkich wyzyskiwanych i uciskanych przez kapitalizm ostro przeciwstawia się reakcyjnej utopii uniwersalnego “siostrzeństwa”, jednoczącego kobiety z różnych klas. Chociaż prawdą jest, że ucisk kobiet jest zjawiskiem ponadklasowym , które dotyka wszystkich kobiet, a nie tylko tych, które są biedne lub pracują, stopień ucisku i jego konsekwencje są jakościowo różne dla członków różnych klas społecznych. Przywileje i materialne korzyści, jakich cieszą się kobiety klasy rządzącej, budzą ogromny interes w zachowaniu istniejącego porządku społecznego. Ich rozpieszczone istnienie jest opłacane przez nadmierną eksploatację ich “sióstr” w sweatshopach Trzeciego Świata. Jedynym sposobem na zbudowanie kobiecej jedności na różnych liniach klasowych jest podporządkowanie interesów kobiet ubogich, czarnych i pracujących kobiet tym, które należą do ich burżuazyjnych “sióstr”.

Początki feminizmu “drugiej fali”

Dzisiejsze feministki często określają siebie jako należących do “Drugiej Fali” – feministkami “pierwszej fali” były te, które walczyły o dostęp do szkolnictwa wyższego, równych praw własności i głosowania przed pierwszą wojną światową. Feminizm “drugiej fali” często jest datowany od publikacji The Feminine Mystique, bestsellera Betty Friedan z 1963 roku, który kontrastował ideologię kobiecości z rzeczywistością życia kobiet. W 1966 roku Friedan założyła Narodową Organizację Kobiet (NOW),  liberalną organizację praw kobiet, opartą na kobietach zawodowych i karierowiczach, zobowiązanych do “włączenia kobiet do pełnego uczestnictwa w głównym nurcie amerykańskiego społeczeństwa …”. NOW jest największą organizacją feministyczną w USA, ale jej atrakcyjność jest ograniczona przez jej rolę jako grupy nacisku i nieoficjalnych pomocników Partii Demokratycznej.

Kolejne, bardziej radykalne, napięcie współczesnego feminizmu wyłoniło się z amerykańskiego “Ruchu Wyzwolenia Kobiet” z końca lat 60. XX wieku. Wielu wybitnych przywódców ruchów kobiecych Nowej Lewicy było weteranami wcześniejszego Ruchu Praw Obywatelskich przeciwko rasowej segregacji w południowych stanach. Byli wśród tysięcy idealistycznej młodzieży, która wyjechała na południe, aby wziąć udział w “Summers Freedom” z połowy lat 60. i radykalizowała się poprzez zetknięcie się z brutalną rzeczywistością amerykańskiego kapitalizmu.

Pod koniec lat sześćdziesiątych wiele kobiet z Nowej Lewicy zaczęło narzekać, że retoryka obrońców, wyzwolenia, równości i solidarności u ich towarzyszy, ostro kontrastowała z ich doświadczeniami z “ruchu”. Te uczucia zostały wyartykułowane przez Marlene Dixon, młodą radykalną profesor socjologii:

“Młode kobiety coraz częściej buntowały się nie tylko przed biernością i zależnością w swoich relacjach, ale także przed poglądem, że muszą funkcjonować jako obiekty seksualne, zdefiniowane raczej w kategoriach czysto seksualnych, a nie ludzkich, i zmuszone do pakowania i sprzedawania siebie jako towarów. na rynku erotycznym. “

“Bardzo stereotypy wyrażające wiarę społeczeństwa w biologiczną niższość kobiet przypominają obrazy wykorzystywane do usprawiedliwiania ucisku czarnych. Charakter kobiet, podobnie jak u niewolników, przedstawiany jest jako zależny, niezdolny do rozumnej myśli, dziecinny w swojej prostocie i cieple, umęczony roli matki i mistyczny w roli partnera seksualnego. W swojej życzliwej formie, gorsza pozycja kobiet powoduje paternalizm; w swej złowrogiej formie, domowa tyrania, która może być niewiarygodnie brutalna “.

– “Why Women’s Liberation?”, “Ramparts” grudzień 1969

Gloria Steinem: Siostrzeństwo i CIA

W początkach Ruchu Wyzwolenia Kobiet wyłonił się podziały pomiędzy tymi, którzy widzieli walkę o równouprawnienie kobiet jako jeden z aspektów szerszej walki z wszelkim uciskiem, a tymi, którzy podkreślali kobiecą solidarność i konieczność pozostania organizacyjnie i politycznie “autonomicznym” od innych sił społecznych.

Podczas gdy wielu wczesnych przywódców “Drugiej Fali” miało początkowe polityczne doświadczenie w Ruchu na rzecz Praw Obywatelskich i Nowej Lewicy, inni mieli mniej honorową przeszłość. Gloria Steinem, oryginalna redaktorka czasopisma Ms., amerykańskiego pisma feministycznego, mającego największy nakład na rynku, współpracowała z CIA w latach 50. XX wieku. Brała udział w działaniach grupy frontowej, która finansowała Amerykanów uczestniczących w światowych festiwalach młodzieżowych w dużej mierze zdominowanych przez Związek Radziecki. “Według Sheila Tobias, nieświadomego uczestnika jednej z takich podróży (która później uczyła studiów kobiecych na Uniwersytecie Cornell) CIA:

”Było zainteresowane szpiegowaniem amerykańskich delegatów, aby dowiedzieć się, kto w Stanach Zjednoczonych był trockistą lub komunistą. Więc, jak się okazało, byliśmy frontem. ”

– Marcia Cohen, The Sisterhood 1988

Kiedy przeszłość Steine w końcu wyszła na światło dzienne, zdecydowała się ją przetasować:

“Kiedy w prasie wyszło na jaw finansowanie przez CIA grupy założonej Glorię w połowie lat pięćdziesiątych, przyznała, że ​​organizacja otrzymała fundusze od CIA, odmówiono bycia agentem CIA i zwolniła te helsińskie konferencje młodzieżowe „czas próby CIA”.”

–Ibid.

Tylko bardziej bojowe feministki, jak na przykład “Redstockings” z Bostonu (której przywódczyni Roxanne Dunbar była weteranką ruchu na rzecz praw obywatelskich) potępiły Steinem za konszachty z CIA. W przeważającej części kwestia jej związku z wiodącą agendą imperialistycznej kontr-rewolucji została zignorowana lub odrzucona jako nieistotna przez główne nurty feministyczne. To samo w sobie mówi wiele o polityce “siostrzeństwa”.

Radykalny feminizm i determinizm biologiczny

Inną feministką, która rozpoczęła karierę polityczną w Ruchu na rzecz Praw Obywatelskich, była Shulamith Firestone. W swojej książce z 1970 roku, The Dialectic of Sex, próbowała przedstawić teoretyczne podstawy dla radykalnego feminizmu, argumentując, że podporządkowanie kobiet było biologiczne, a nie socjologiczne, z pochodzenia. Podział płciowy ludzkości na “dwie odrębne klasy biologiczne” był, jak mówiła, źródłem wszystkich innych podziałów społecznych. Naśladując Marksa, napisała:

„Organizacja seksualnego rozrodu społeczeństwa zawsze dostarcza prawdziwych podstaw, począwszy od których możemy samodzielnie wypracować ostateczne wyjaśnienie całej nadbudowy instytucji ekonomicznych, prawnych i politycznych, a także religijnych, filozoficznych i innych idei w danym okresie  historycznym. “

Jeśli źródło ucisku kobiet leży w anatomii, rozumowała Firestone, to rozwiązanie musi leżeć w technologii – zwiększonej kontroli nad antykoncepcją i, ostatecznie, ciążypoza macicą. Firestone utrzymywała, że jej analiza była “materialistyczna”. Z pewnością był to materializm, ale z grubsza biologiczny. Chociaż przewidziała historyczne rozwiązanie problemu ucisku kobiet, proponowane rozwiązania były utopijne i ostatecznie apolityczne. Jej książka pozostała wpływowa – być może dlatego, że była jedną z pierwszych osób, które przyjęły radykalną feministyczną wizję, że biologia jest logicznym wnioskiem.

Nie popierając rozwiązań Firestone, Manifest Czerwonych Pończoch z 1970 r. zgodził się z twierdzeniem, że kobiety są klasą:

“Kobiety są klasą uciskaną …. Identyfikujemy agentów naszego ucisku jako mężczyzn. Męska supremacja jest najstarszą, najbardziej podstawową formą dominacji. Wszystkie inne formy wyzysku i ucisku (rasizm, kapitalizm, imperializm itd.) Są przedłużeniem męskiej supremacji: mężczyźni dominują nad kobietami, kilku mężczyzn dominuje nad resztą. Wszystkie struktury władzy w historii były zdominowane przez mężczyzn i zorientowane na mężczyzn. Mężczyźni kontrolowali wszystkie instytucje polityczne, gospodarcze i kulturalne i wspierali tę kontrolę siłą fizyczną. Wykorzystali swoją moc, aby utrzymać kobiety w gorszej pozycji. Wszyscy mężczyźni otrzymują ekonomiczne, seksualne i psychologiczne korzyści z męskiej supremacji. Wszyscy mężczyźni prześladują kobiety … Nie będziemy żądać tego, co jest “rewolucyjne” lub “reformistyczne”, tylko to, co jest dobre dla kobiet.”

– ”Redstocking Manifesto” w Sisterhood Is Powerful, 1970

Radykalne argumenty feministyczne są analogiczne do tych najbardziej reakcyjnych socjobiologów, którzy twierdzą, że nierówność społeczna jest “w naszych genach”, a zatem próby jej zwalczania są daremne. Radykalne feministki często opowiadają się za separatyzmem, a niektóre posuwają się do tego, by sugerować, że kobiety, które nadal śpią z “wrogiem”, muszą być traktowane podejrzliwie. W Lesbian Nation: the Feminist Solution (1973), Jill Johnson zapewniała, że:

“Seksualna satysfakcja kobiety niezależnie od mężczyzny jest sine qua non rewolucji feministycznej ….
“Dopóki wszystkie kobiety nie są lesbijkami, nie będzie prawdziwej rewolucji politycznej”.

Socjalizm a seksizm

W eseju z 1970 roku zatytułowanym “The Main Enemy” Christine Delphy zaprezentowała wersję radykalnego feminizmu opartego na zasadach marksistowskich, w której mężczyźni (nie kapitalizm) zostali uznani za głównego wroga (przedrukowany w Close to Home, 1984) ). Delphy zapewniała, że ​​bez niezależnej rewolucji kobiecej, nawet w postkapitalistycznym państwie robotniczym, mężczyźni nadal mieliby materialny interes w tym, by kobiety wykonywały większość domowych obowiązków.

Pogląd, że ucisk kobiet nadal będzie cechą życia w socjalizmie, wydawał się oczywisty dla tych nowolewicowychradykałów, którzy postrzegali gospodarczo zacofane, izolowane narodowo, zdeformowane państwa robotnicze Kuby, Chin, Północnego Wietnamu, Korei Północnej i Albanii jako działające socjalistyczne społeczeństwa. Podczas gdy kobiety osiągały bardzo ważne zdobycze wszędzie tam, gdzie obalono rządy kapitalistyczne (fakt dramatycznie podkreślony przez niszczycielski wpływ na kobiety kapitalistycznej kontr-rewolucji w byłym bloku radzieckim), pasożytnicza (i przeważająco męska) rządząca biurokracja w tych stalinowskich państwach policyjnych promowała „naturalną” rolę kobiety jako rozpłodnika, matki i gospodyni domowej. Lew Trocki wskazał w “Zdradzonej rewolucji”, że aparat stalinowski był przeszkodą w rozwoju socjalizmu i skrytykował “interes społeczny rządzącej warstwy w pogłębianiu prawa burżuazyjnego” w związku z jej próbami wzmocnienia ” rodziny socjalistycznej”.

Feministyczny pesymizm dotyczący perspektyw kobiet w socjalizmie (w przeciwieństwie do stalinizmu) odzwierciedla niezdolność do zrozumienia historycznego pochodzenia ucisku kobiet. Ujawnia także nieumiejętność docenienia ogromnych możliwości ponownego uporządkowania priorytetów społecznych i transformacji każdego aspektu relacji międzyludzkich, które otworzyłyby drogę do socjalizmu poprzez eliminację materialnego niedoboru. Rewolucyjne wywłaszczenie sił wytwórczych i ustanowienie globalnej gospodarki planowej zapewni, że najbardziej podstawowe warunki bytu (żywność, schronienie, zatrudnienie, podstawowa opieka zdrowotna i edukacja) mogą być zagwarantowane dla każdej osoby na świecie.

W ciągu kilku pokoleń uspołecznienie produkcji może pozwolić wszystkim obywatelom na jakość życia i pewną niezależność ekonomiczną, którą dziś cieszą się tylko elity. Dostęp do ośrodków wypoczynkowych, obozów letnich, obiektów sportowych, kulturalnych i edukacyjnych oraz innych instytucji, które obecnie są poza zasięgiem większości ludzi, ogromnie wzbogaciłby życie większości populacji. Gdy społeczeństwo ucieka przed tyranią rynku, która promuje jedynie działania, które przynoszą prywatny zysk, ludzie będą mieli coraz szerszy zakres możliwości wyboru sposobu organizacji swojego życia. Domowa siła robocza mogłaby zostać znacznie zmniejszona dzięki zapewnieniu opieki społecznej wysokiej jakości opieki nad dziećmi, restauracji i pralni. W końcu, gdy konkurencyjność, niepokój i niepewność życia w kapitalizmie oddalą się w daleką przeszłość, zachowania społeczne zostaną przekształcone.

Zapewnienie materialnych warunków dla satysfakcjonującego życia osobistego dla wszystkich, niemożliwego pod dyktatem maksymalizacji zysku, byłoby po prostu racjonalnym wyborem dla gospodarki planowej. Podobnie jak inwestowanie w publicznie dofinansowane programy szczepień i systemy ściekowe są korzystne dla wszystkich członków społeczeństwa, zapewnienie bezpiecznego i produktywnego istnienia dla każdej osoby poprawi jakość życia dla wszystkich, eliminując wiele przyczyn zachowań antyspołecznych, chorób psychicznych i nie tylko.

Można by się sprzeciwić, że nawet wśród elity, która już cieszy się materialną obfitością, mężczyźni prześladują kobiety. Marksiści uznają, że nawet jeśli ostatecznie odzwierciedla materialne interesy poszczególnych klas społecznych, ideologia ma również pewną względną autonomię. Ogólny stan kobiet jako nieopłacanych opiekunów i pracowników domowych może być uzasadniony wyłącznie w ramach seksistowskiego poglądu na świat, który negatywnie wpływa na wszystkie kobiety, w tym kobiety klasy kapitalistycznej.

Skutki tych idei i praktyk społecznych nie znikną natychmiast ani automatycznie, gdy warunki, które je wywołały, zostaną obalone. Konieczna będzie ideologiczna i kulturalna walka z dziedzictwem zacofania i ignorancji zapisanymi w przeszłości. Ale tam, gdzie społeczeństwo klasowe wzmacnia i promuje męską supremację, rasizm itp., na każdym kroku, w egalitarnym świecie, gdzie wszyscy mają zapewnioną wygodną i bezpieczną egzystencję, wykorzenienie uprzedzeń będzie ostatecznie możliwym do zrealizowania projektem.

Feminizm socjalistyczny: Efemeryczny dom w połowie drogi

Radykalny feminizm Firestone, Redstockings i Delphy reprezentował jedno skrzydło Ruchu Wyzwolenia Kobiet na początku lat 70. XX wieku. Na drugim końcu spektrum setki najlepszych bojowników dołączyły do ​​różnych pozornie marksistowsko-leninowskich organizacji. Ci, którzy polegli gdzieś pomiędzy, często określali siebie jako “feministki socjalistyczne”. Ten prąd, który ostatecznie okazał się efemerycznym domem na pół drogi, był wpływowy w latach 70., szczególnie w Wielkiej Brytanii. Odrzucając biologiczny determinizm radykalnego feminizmu, feministki socjalistyczne zastanawiały się nad opracowaniem modelu “podwójnych systemów”, który traktowałby kapitalizm i “patriarchat” jako odrębnych, ale równych wrogów. Celowość analizy “podwójnych systemów” była szeroko akceptowana przez socjalistyczne feministki, ale pojawiły się trudności w znalezieniu wiarygodnego wyjaśnienia, w jaki sposób owe dwa rzekomo dyskretne, ale równoległe systemy opresji weszły w interakcje. Kolejnym trudnym problemem było to, w jaki sposób analiza rasizmu, “ageizmu” i różnych innych form ucisku społecznego mogła zostać włączona do “podwójnego” modelu kapitalizmu / patriarchatu.

Czy socjalistyczne feministki nie mogą się zgodzić co do tego, jak dokładnie należy zdefiniować system “patriarchatu”, czy co go powoduje: męska brutalność? zazdrość? Zazdrość o macicę i wynikająca z tego męska obsesja zachowania ścisłej kontroli nad funkcjami reprodukcyjnymi kobiet? język? struktury psycho-seksualne? materialne przywileje? Lista jest obszerna, a różni teoretycy patriarchatu podkreślili lub połączyli wszystkie powyższe i więcej.

Aktywność polityczna socjalistycznych feministek, w takim stopniu, w jakim była, miała na ogół bardziej prorobotnicze przechylenie niż radykalne feministki, ale poza tym była zasadniczo podobna. Marksiści tradycyjnie faworyzowali tworzenie socjalistycznych organizacji kobiecych, związanych z klasą robotniczą i innymi ruchami uciskanych za pośrednictwem rewolucyjnej partii złożonej z najbardziej oddanych i świadomych bojowników ze wszystkich sektorów. Taki kobiecy ruch byłby “autonomiczny” od reformistów, kapitalistów i złych przywódców związków zawodowych, ale byłby organizacyjnie i politycznie powiązany z komunistyczną awangardą. Natomiast feministki socjalistyczne podzielają przekonanie radykalnych feministek, że tylko autonomiczny ruch kobiecy (tj. całkowicie odrębny od organizacji obejmujących mężczyzn) może prowadzić poważną walkę o wyzwolenie kobiet.

Ale to również stanowiło problem, gdy zastosowano go do prawdziwego świata. Niemożliwe jest wyobrażenie sobie jakiegokolwiek ruchu, który próbuje rzucić poważne wyzwanie kapitalistycznym rządom bez próby zmobilizowania poparcia każdego możliwego elementu wśród wyzyskiwanych i uciskanych. Wykluczenie połowy populacji od samego początku, po prostu na podstawie płci, gwarantowałoby porażkę. Co więcej, jeśli ktoś chce odróżnić przyjaciół od wrogów przede wszystkim ze względu na płeć, to jaką postawę należy przyjąć wobec kobiet, które dołączają do prawicowych ruchów, lub które zostają łamistrajkami czy glinami? A co z członkami samej klasy rządzącej? Nie wydawaliby się naturalnymi sojusznikami w walce o feministyczny socjalizm.

Niektóre radykalne feministki próbowały “rozwiązać” takie problemy, po prostu oświadczając, że kobiety, które zachowują się jak mężczyźni (tj. zachowują się w sposób chory), wcale nie są kobietami. Nie była to jednak opcja dla socjalistycznych feministek, które dążyły do ​​wypracowania bardziej naukowego światopoglądu. Dziesięć lat po upadku ruchu socjalistycznego, Lise Vogel, jedna z jego bardziej wnikliwychpostaci, opublikowała esej, który po raz pierwszy pojawił się w 1981 roku pod tytułem “Marksizm i feminizm: nieszczęśliwe małżeństwo, separacja próbna czy coś innego?”. Vogel tańczył wokół ciernistego pytania o to, jak traktować wrogów klasy żeńskiej, ale w wersji z 1995 roku ugryzła kulę:

“Socjalistyczne feministki utrzymują, wbrew niektórym opiniom po lewej stronie, że kobiety mogą być z powodzeniem zorganizowane, i podkreślają potrzebę organizacji, które obejmują kobiety ze wszystkich sektorów społeczeństwa …. Właśnie specyficzny charakter sytuacji kobiet wymaga ich oddzielnej organizacji. Tutaj feministki socjalistyczne często znajdują się w opozycji do wielu tradycji socjalistycznej teorii i praktyki. Teoria socjalistyczno-feministyczna podejmuje zasadnicze zadanie opracowania ram, które mogą kierować procesem organizowania kobiet z różnych klas i sektorów w autonomiczny ruch kobiecy. ”

– Lise Vogel, Women Questions: Essays for a Materialist Feminism , 1995

W ten sposób Vogel (jedna z „dzieci w czerwonych pieluchach” [tj. dzieci które miały rodziców-komunistów- przyp. tłum.], które 30 lat wcześniej pojechało na południe jako pracownik praw obywatelskich) przyznał, że niemożliwe jest pogodzenie “feminizmu” i “socjalizmu” – dwóch zasadniczo przeciwstawnych ideologii – łącznikiem.

Podczas gdy marksiści wyszydzili konsekwencje socjalistyczno-feministycznego nawoływania kobiet do “jednoczenia się”, kolonialne feministki atakowały ich z innego kierunku jako “politycznie zidentyfikowanych polityków”. Catharine MacKinnon, wybitna amerykańska teoretyczka feminizmu i współpracowniczka Andrei Dworkin, położyła nacisk na fundamentalną sprzeczność polityczną socjalistycznego feminizmu:

„Próby stworzenia syntezy między marksizmem a feminizmem, zwanej socjalistyczno-feministyczą, nie rozpoznawały ani odrębnej integralności każdej teorii, ani głębi antagonizmu między nimi.”

Toward a Feminist Theory of the State, 1989

Socjalizm feministyczny rozpadł się jako ruch polityczny, ponieważ niespójność jego postulatów uniemożliwiła jego zwolennikom opracowanie albo programu, albo organizacji, zdolnej do zaangażowania się w poważną walkę społeczną. W realnym świecie nie ma po prostu przestrzeni politycznej między programem kobiecej solidarności ponad liniami klasowymi a proletariacką solidarnością między płciami. Na przykład feministki socjalistyczne zgodziłyby się, że pracujące kobiety ponoszą główny ciężar cięć w programach socjalnych. Prokapitalistyczne rządy każdego politycznego odcienia twierdzą, że państwo nie może już sobie pozwolić na pokrycie kosztów opieki nad dziećmi, osobami starszymi lub chorymi; zamiast tego mają one być odpowiedzialnością “rodziny”, tj. przede wszystkim kobiet. Więc kto byłby naturalnym okręgiem wyborczym do walki z tymi cięciami? Burżuazyjne kobiety ogólnie popierają rządową politykę oszczędnościową i wynikającą z tego redystrybucję bogactwa. Ich główną troską jest by nie przeciążyć prywatnego gromadzenia kapitału publicznym finansowaniem potrzeb społecznych. Z drugiej strony robotnicy są naturalnymi sojusznikami w walce z cięciami subsydiów dla przedszkoli, emerytur, medycyny itd., ponieważ są to programy, które przynoszą im korzyści.

Dzisiaj, wśród modnych lewicowych badaczy, analizowanie męskiej supremacji w ramach materialistycznej perspektywy jest passé; marksizm jest często odrzucany jako nieistotny, jego miejsce zajmuje “postmodernizm” Jacquesa Derridy, Julii Kristevy, Luce Irigaray, Michela Foucaulta i Jeana Baudrillarda. Chociaż postmoderniści czasami utożsamiają się szeroko z lewicą polityczną, to faktycznie stanowią powrót do reakcyjnego historycznego pesymizmu Fryderyka Nietzschego, którego Jurgen Habermas trafnie scharakteryzował jako “dialektyka kontr-oświecenia”. Pseudo-teoretyczne tło dla nowej marki apolitycznego lewicowego konserwatyzmu, który odrzuca ideę, kluczową zarówno dla Oświecenia, jak i dla marksizmu, że społeczeństwo może być przerobione na podstawie ludzkiego rozumu: upadły “humanistyczny” pogląd według post-strukturalistów i postmodernistów! Michèle Barrett, niegdyś wpływowa brytyjska przedstawicielka “feminizmu socjalistycznego”, jest przykładem tego “zstąpienia w dyskurs”. We wstępie do wznowienia swojej książki z 1980 roku “Women’s Oppression Today” napisała:

“Dyskurs postmodernizmu opiera się na wyraźnym i przekonywanym zaprzeczeniu tego rodzaju wielkich projektów politycznych, które z definicji są” socjalizmem “i” feminizmem “… Argumenty postmodernizmu już teraz stanowią, jak sądzę, kluczowa pozycję, wokół której prawdopodobne jest, że feministyczne prace teoretyczne w przyszłości będą się kręciły. Niewątpliwie to właśnie tam zaczęłaby się ta książka, gdybym dzisiaj ją pisała. “

“Feminizm kulturowy” i odrzucenie polityki

Wiele feministek w krajach imperialistycznych wycofało się w próbę ucieczki od seksizmu głównego nurtu społeczeństwa poprzez stworzenie kobiecej kontrkultury z udziałem teatru, muzyki, “herstory” i literatury. Rozwój feminizmu kulturowego pod koniec lat 70. XX w. znalazł odzwierciedlenie w rosnącej popularności pisarzy, którzy przeciwstawili rzekomo żeńskie wartości troski, dzielenia się i emocjonalnego ciepła z “męskimi” cechami chciwości, agresji, ego i pożądania. W przeciwieństwie do Ruchu Wyzwolenia Kobiet z lat 60. – który po raz pierwszy przeniósł wiele aspektów ucisku kobiet ze  sfery prywatnej do publicznej – kulturowo-feministyczne arcykapłanki lat 90. wzywają “Boginię” w celu przepakowania tradycyjne pojęcia kobiecej esencji, które sprzedają, mówią o “umacnianiu”.

Przemysł “herstory” stanowi przykład tej politycznej regresji. W 1970 roku, kiedy czołowy dziennik amerykańskiego ruchu kobiecego opublikował specjalny numer “Kobiety w historii”, jego okładka głosiła:

“Nasza historia została nam skradziona. Nasze bohaterki zginęły podczas porodu, od zapalenia otrzewnej [,] przepracowania [,] ucisku [,] od tłumionego gniewu. Nasi geniusze nigdy nie nauczyli się czytać ani pisać. ”

Women: A Journal of Liberation, wiosna 1970 r.

Współcześni “herstorycy”, jak Dale Spender, odrzucają to i twierdzą, że historycy-mężczyźni wypisali z historii ważne kobiety: artystów, pisarzy, naukowców i filozofów:

“kiedy twierdzimy, że przyczyną kobiecej nieobecności [w historycznym zapisie] nie są kobiety, ale mężczyźni, to nie jest tak, że kobiety nie wniosły wkładu, ale że mężczyźni „sfłaszowali zapisy”, rzeczywistość przechodzi niezwykłą zmianę” ”

– Women of Ideas and What Men Have Done to Them , 1982

Podczas gdy studiowanie wkładów kobiet w przeszłości może z pewnością inspirować tych, którzy są zaangażowani w walkę dzisiaj, próba upiększenia brzydkiej prawdy może jedynie podcinać potrzebę obalenia porządku społecznego odpowiedzialnego za utrwalenie kobiecego ucisku. Relegacja kobiet do “prywatnej” sfery domowej pracy oznaczała ich wyłączenie, w niemal wszystkich przypadkach, z okazji bycia ważnymi uczestnikami historycznych wydarzeń ich czasu. Nacisk na wykluczenie kobiet z książek historycznych służy jedynie do trywializowania skali urazu.

Kulturowe feministki głoszą raczej abstynencję, niż zaangażowanie w działalność polityczną, z tego powodu, że musi ona nieuchronnie obejmować wchodzenie w męską domenę:

“Tokenizm – który jest powszechnie określany jako równe prawa i który przynosi symboliczne zwycięstwa – odwraca i dokonuje zwarcia ginergii, tak że żeńska moc, ocynkowana pod zwodniczymi hasłami siostrzeństwa, zostaje połknięta przez Bractwo. Ta metoda wampiryzowania Kobiecej Jaźni skazuje kobiety na złudzenia częściowego sukcesu ….

“W ten sposób tokenizm podstępnie niszczy siostrzeństwo, ponieważ zniekształca wojowniczy aspekt amazońskiej więzi, zarówno przez powiększanie go, jak i minimalizowanie go. Wzmacnia to znaczenie “walki” do tego stopnia, że ​​pochłania ona transcendentne istnienie siostry, redukując ją do kopii koleżeństwa. Jednocześnie minimalizuje on aspekt amazońskiej wojowniczki, zawężając go, przekierowując i skracając walkę. ”

Mary Daly, Gyn / Ecology, 1978

Samo pojęcie ucisku, a także potrzeba walki z nim, są wyśmiewane jako “męskie” pojęcia, poza które trzeba wyjść:

“Chodzi o nie o to, aby ocalić społeczeństwo ani nie skupić się na ucieczce (która patrzy wstecz), ale aby uwolnić Wiosnę bycia … Nieprzerwany, możemy swobodnie znaleźć naszą własną zgodność, usłyszeć naszą własną harmonię, harmonię sfer. ”

-Ibid.

Ta reakcyjna baśń jest feministycznym powtórzeniem politycznej demoralizacji, która pchnęła tysiące drobnomieszczan z pokolenia wyżu demograficznego z Nowej Lewicy ku New Age.

W miarę jak materialny postęp kobiet utknął w martwym punkcie, feministyczni celebransi bierności i politycznego abstencjonizmu obiecują zbawienie w świecie innym niż ten, w którym występuje prawdziwe cierpienie. Istnieje pewna logika do tego, ponieważ jeśli ucisk kobiet wynika z wiecznej i niezmiennej dysproporcji pomiędzy naturą płci, nie ma powodów, by oczekiwać jakiejkolwiek znaczącej zmiany, cokolwiek robicie. Dlatego zamiast uczestniczyć w walce o przekształcenie instytucji i stosunków społecznych, które determinują świadomość, feministki New Age zachęcają kobiety do osobistej duchowej podróży do wewnętrznej przestrzeni. Mary Daly radzi, że drogę do spełnienia psychicznego można znaleźć poprzez dyskusje z innymi kobietami, w których język jest “przechwycone”, a męskie “znaczenia” podważone :

“Łamanie więzów / prętów fallokracji wymaga przełamania do promiennej mocy słów, tak, że wypuszczając słowa, możemy uwolnić nasze Jaźnie”.

Pure Lust, 1984

Wyobrażając sobie, że podjęły się odważnej feministycznej refleksji nad całym biegiem ludzkiej egzystencji, feministki kulturowe w rzeczywistości odzwierciedlają jedynie konserwatywne trendy popularne obecnie wśród burżuazyjnej inteligencji. Nowy feminizm obejmuje wiele kluczowych cech “postmodernizmu”, w tym idealistyczną koncentrację na języku i “dyskursie” oraz umniejszanie znaczenia działalności politycznej i gospodarczej.

“Praca dla kobiet”

Nawet te feministki, które nie zrezygnowały całkowicie z działalności politycznej, porzuciły retorykę antykapitalistyczną wczesnych lat siedemdziesiątych. Wiele z nich prowadzi działalność w klinikach aborcyjnych, centrach kryzysowych i schroniskach dla kobiet. Takie usługi są z pewnością korzystne dla tych kobiet, które mają do nich dostęp, i umożliwiają dostarczenie im satysfakcji z robienia czegoś “praktycznego”. Jednak zajmują się jedynie skutkami, a nie korzeniami ucisku kobiet.

Niektóre feministki są również zaangażowane w kampanie mające na celu zwiększenie reprezentacji kobiet na nietradycyjnych stanowiskach w branżach wykwalifikowanych, zawodach i zarządzaniu przedsiębiorstwem. Mimo że stworzyło to szanse dla nielicznych i pomogło przełamać pewne stereotypy, miało to niewielki wpływ na warunki, z którymi boryka się większość kobiet, które utknęły w tradycyjnie “kobiecym” zatrudnieniu.

W ostatnich latach znacznie zmniejszyła się różnica między płacami kobiet i mężczyzn w USA: w latach 1955-1991 wynagrodzenia kobiet pracujących w pełnym wymiarze godzin wzrosły z 64% do 70% zarobków mężczyzn. Ale jest to w dużej mierze wynikiem spadku płac mężczyzn ze względu na kurczenie się uzwiązkowionych zawodów. Marksiści popierają walkę kobiet o równą płacę i równy dostęp do wszystkich kategorii pracy, jednocześnie uznając, że odporność uprzedzenia płciowego w kapitalistycznym procesie pracy uniemożliwi kobietom osiągnięcie prawdziwej równości.

W większości przypadków nie ma obiektywnej podstawy do określenia pracy jako “męskiej” lub “kobiecej”. Jedynym ważnym rozróżnieniem płci pod względem zdolności do pracy jest to, że mężczyźni są średnio silniejsi fizycznie niż kobiety . Jednak wśród mężczyzn prace wymagające siły fizycznej nie są szczególnie wysoko wynagradzane – umiejętności, zręczność, zdolności umysłowe i organizacyjne liczą się znacznie więcej. Kierownictwo, lekarze i piloci linii lotniczych to przede wszystkim mężczyźni, podczas gdy sekretarze, pielęgniarki i stewardesa to zazwyczaj kobiety, ma to wiele wspólnego z panującymi seksistowskimi postawami społecznymi i nie ma nic wspólnego z żadną rozbieżnością umiejętności. W swoim eseju z 1959 roku Nancy Reeves stanowiła uderzający przykład arbitralnego charakteru pracy “męskiej” i “żeńskiej”:

” Na [amerykańskim] Środkowym Zachodzie, zbieracze kukurydzy są tradycyjnie kobietami, a przycinaczami są prawie zawsze mężczyźni. Na Dalekim Zachodzie jest odwrotnie. “

Męsko-supremacjonistyczne odchylenie w społeczeństwie kapitalistycznym jest tak wszechobecne i tak elastyczne, że ​nawet gdy kobiety zyskują dostęp do wcześniej całkowicie męskich zawodów, wkrótce pojawiają się nowe bariery, jawne i ukryte:

“W 1973 roku przyznano kobietom jedynie 8 procent dyplomów prawnych w USA. Do 1990 roku odsetek ten wzrósł do 42 procent. Jest to spora feminizacja prestiżowego zawodu. Kobiety są jednak nadreprezentowane wśród mniej dobrze płatnych miejsc pracy, takich jak miejsca pracy w klinikach prawnych, i wydają się nie osiągać najwyższej pozycji nawet w najbardziej lukratywnym obszarze dużych firm prawniczych. ”

– Joyce P. Jacobsen, The Economics of Gender, 1994

To samo zjawisko można zaobserwować w biznesie:

” Studia uniwersytetów Columbia i Stanford na uniwersytetach kobiet MBA [Master of Business Administration- magistrów administracji biznesowej] pokazują, że płace początkowe są podobne między płciami, ale w ciągu siedmiu lat za drzwiami kobiety są 40 procent w tyle za mężczyznami “.

–Ibid.

Nawet wśród bibliotekarzy, jednego z niewielu zawodów “kobiecych”, nieproporcjonalnie wysoki odsetek najważniejszych stanowisk (wyższe stanowiska administracyjne w dużych bibliotekach naukowych) mają mężczyźni. Jacobsen zauważa, że ​​jest:

“Trudno znaleźć przykład prawdziwie zintegrowanego zawodu, w którym odsetek kobiet ściśle pasuje do ich reprezentacji wśród siły roboczej, gdzie tempo zmian stosunku płci jest niewielkie, a kobiety nie są spychane do gett”.

Zawody, które zmieniły się w czasie z domeny jednej płci do drugiej, stanowią kolejne wskazanie systemowej natury problemu. Jednym z niewielu miejsc pracy, które przeniosło się z “żeńskiego” na “męski”, są dzieci. W 1910 r. położne dostarczyły połowę wszystkich dzieci w USA, ale w 1970 r. liczba ta spadła do mniej niż jednego procenta. Kiedy poród stał się czymś, co miało miejsce w szpitalach pod nadzorem lekarzy (głównie mężczyzn), status i wynagrodzenie za tę pracę wzrosły dramatycznie.

I odwrotnie, gdy praca zmienia się z mężczyzn na kobiety, wynikiem jest spadek zarówno statusu, jak i pieniędzy:

“Chociaż przed II wojną światową prawie nie było kobiet-kasjerów, ponad 90% kasjerek było kobietami w 1980 roku. Tymczasem, możliwości płacowe i możliwości awansu zawodowego gwałtownie spadły. Z reguły zawody urzędnicze dotyczyły przede wszystkim mężczyzn, gdy po raz pierwszy powstały w dużej liczbie, ponieważ rewolucja przemysłowa spowodowała większe zapotrzebowanie na przetwórców papieru: wszystkie te zawody są obecnie zdominowane przez kobiety i ogólnie uważa się je za kobiece getto pracy “.

–Ibid.

Jednym z najbardziej spektakularnych przykładów kobiety włamującej się do tradycyjnie męskiej kategorii pracy była wstąpienie Margaret Thatcher na urząd premiera Wielkiej Brytanii. Nie ma wątpliwości, że “Żelazna dama” znalazła się na szczycie, pokonując swoich męskich konkurentów, ale dobrze wiadomo również, że pod jej rządami brytyjscy pracownicy i ubodzy (którymi są oczywiście nieproporcjonalnie kobiety) napotykane ataki bezprecedensowego okrucieństwa. Sukces Thatcher może podważyć różne męskie hipotezy i zainspirował garstkę ambitnych Brytyjczyków, by sięgnąć po szczyt, ale prawdziwa lekcja, która tkwi w jej karierze, jest taka, że podstawa ucisku społecznego leży w wewnętrznej logice systemu kapitalistycznego, a nie w płci tych, którzy operują jego dźwigniami.

Anty-pornograficzne feministki

Jedną z najbardziej bezpośrednio politycznych (i najbardziej reakcyjnych) inicjatyw podejmowanych przez radykalne feministki w ostatnich latach jest kampania zakazująca materiałów o charakterze seksualnym (patrz “Pornography, Capitalim and Censorship”,1917 nr 13). Pomimo sporadycznych zrzeczeń, że nie podzielają pruderii prawicowych obrońców wartości rodzinnych, feministki anty-pornograficzne dobrowolnie połączyły siły z bigotami, którzy chcą kryminalizować aborcję, prześladować homoseksualistów i zabronić nauczania ewolucji i edukacji seksualnej w szkołach. W wielu jurysdykcjach, w których organy ścigania odgrywały rolę “prokobiecą” w obronie państwowej cenzury, głównym celem ataków anty-pornograficznych była populacja gejowska i lesbijska.

Feministki popierające cenzurę argumentują, że ucisk kobiet jest wytworem niezmiennej męskiej tożsamości, skupionej na brutalności seksualnej z natury. Andrea Dworkin, królowa amerykańskich pro-cenzorskich feministek, twierdzi, że “seks i morderstwo są zespolone w męskiej świadomości, tak że jeden bez immanentnej możliwości drugiego jest nie do pomyślenia i niemożliwy” (“Taking Action”,  w Take Back the Night, 1980). W związku z tym pornografia powinna zostać zakazana jako przejaw tej “męskiej świadomości”.

Poza feministkami pro-cenzorskimi istnieją feministki “promacierzyńskie”, które wyróżnia obsesja na punkcie rozwoju nowych technologii reprodukcyjnych. “Feministyczna Niędzynarodowa Sieć Oporu Wobec Inżynierii Reprodukcyjnej i Genetycznej”, zapoczątkowana w 1984 r., utrzymuje, że główną kwestią dla kobiet jest kampania przeciwko rozwojowi sztucznej inseminacji i zapłodnienia in vitro. Tam, gdzie Shulamith Firestone wyobrażała sobie, że postęp w technologii reprodukcyjnej utoruje drogę kobiecemu wyzwoleniu, ci paranoicy widzą w nim potencjalne miejsce nowego rodzaju zniewolenia:

“Tak jak odwracamy się od rozważenia następstw wojny nuklearnej, odwracamy się od widzenia przyszłości, w której dzieci nie rodzą się ani nie rodzą, ani nie są kobietami, które zmuszone są nosić tylko synów i mordować córki-płody. Chińskie i indyjskie kobiety już krążą tą ścieżką. Stawką jest przyszłość kobiet jako grupy i musimy upewnić się, że dokładnie przeanalizowaliśmy wszystkie możliwości, zanim poprzemy technologię, która może oznaczać śmierć kobiety “.

– Robyn Rowland, w Man-Made Women, 1987

Podobnie jak ich “anty-pornograficzne” siostry, Rowland i inni adwokaci “pro-macierzyństwa” nie byli zbytnio wstrząśnięci przed pójściem do łóżka z tradycyjną prawicą: “feministki mogą musieć rozważyć sojusz z dziwnymi przyjaciółmi od poduszki: być może prawicowymi kobietami”(Ibid.). “Przyjaciel od poduszki” Rowland to wyrazisty rasista Enoch Powell. W 1985 r., Kiedy Powell przedstawił swoją (nieudaną) “ustawę o ochronie nienarodzonych dzieci”, aby zakazać badań nad zarodkami i poważnie ograniczyć zapłodnienie in vitro, Rowland wypowiedziała się na konferencji prasowej popierając go (patrz ‘‘Breeding Conspiracies and the New Reproductive Technologies’ Marge Berger, w Trouble and Strife, Summer 1986).

“Backlash” Susan Faludi

Środek ciężkości środowiska feministycznego przesunął się w prawo od lat 70. XX wieku, ale wiele feministek nadal utożsamia się z lewicą, a wielu ostro sprzeciwiało się krucjacie anty-porno i różnym innym przejawom dostosywania się do prawicy. Jedna z najbardziej wpływowych książek feministycznych z lat 90., “Backlash: The Undeclared War Against Women” Susan Faludi (1991), dokumentuje dekadę “prorodzinnej” reakcji i pyta:

“Jeśli kobiety są teraz tak równe, dlaczego są bardziej skłonne do bycia biednymi, szczególnie na emeryturze? … Dlaczego przeciętna pracująca kobieta, zarówno w Wielkiej Brytanii, jak i USA, nadal zarabia niewiele ponad dwie trzecie tego, co mężczyźni robią dla tej samej pracy? . . .

“Jeśli kobiety są tak” wolne “, dlaczego ich wolności reprodukcyjne są dziś bardziej zagrożone niż dziesięć lat wcześniej? Dlaczego kobiety, które chcą odłożyć poród, teraz mają mniej opcji niż 10 lat temu?”

Nie są to pytania, na które zwracają uwagę kapitalistyczne media, jak podkreśla Faludi. Jej książka zawiera wiele przykładów tego, jak “produkowana jest opinia publiczna” i jak manipulowana, aby odizolować kobiety, które odważą się dążyć do równości społecznej.

Faludi krytykuje feministki, które odrzucają aktywność polityczną na rzecz dążenau do “rozwoju osobistego” i wyraźnie popiera perspektywę zbiorowego działania. Nie jest ona jednak w stanie wyjaśnić pochodzenia reakcyjnych zmian, które potępia, ani zaproponować programu, który miałby im się oprzeć. Zamiast tego przedstawia reakcję jako godną pożałowania, ale być może nieuniknioną, część jakiegoś wielkiego cyklu egzystencji:

“Reakcja na prawa kobiet nie jest niczym nowym. Jest to zjawisko powracające: powraca za każdym razem, gdy kobiety zaczynają piąć się w kierunku równości, pozornie nieuniknionym wczesnym przymrozkiem do krótkich kwiatostanów feminizmu. “Postęp w zakresie praw kobiet w naszej kulturze, w przeciwieństwie do innych form „postępu”, zawsze był dziwnie odwracalny” – zauważyła badaczka literatury amerykańskiej Ann Douglas.”

Korzyści zdobyte przez kobiety w latach sześćdziesiątych i siedemdziesiątych były bezpośrednim wynikiem walki politycznej. Jednak koncesje udzielane pod naciskiem masowych mobilizacji politycznych podlegają odwróceniu, gdy powstaje odmienna konfiguracja sił społecznych. Walka o równouprawnienie kobiet, podobnie jak walka z rasizmem i innymi formami ucisku społecznego, nigdy nie może być ostatecznie zwycięska w ramach społeczeństwa kapitalistycznego, ponieważ utrzymywanie przywilejów i nierówności jest nieuchronną konsekwencją przewagi prywatnej własności środków. produkcji.

Najbardziej rażącą wadą książki Faludi jest jej tendencja do traktowania sprzeciwu wobec praw kobiet w odosobnieniu. Kampania przeciwko prawom kobiet w Ameryce jest tylko jednym frontem w wszechstronnej reakcyjnej napaści. Techniki propagandowe, które Faludi tak dobrze opisuje, były również rutynowo stosowane przeciwko innym celom, którymi kierowała się klasa rządząca – od odbiorców pomocy społecznej, przez związkowców, po Saddama Husajna.

W przypisie do jej opisu międzynarodowego oporu wobec antyaborcyjnych fanatyków “Operation Rescue”, Faludi zauważa: “Nowa Zelandia odnotowała starcia w 1989 r. przed kliniką w Wellington, kiedy przybyła ekipa Rescue, aby zastać 30 kobiet, które już tam były i zamierzały umożliwić kobietom wejście. “W przeciwieństwie do informacji Faludi, obrońcy kliniki w tym dniu obejmowali zarówno mężczyzn, jak i kobiety (w tym niektórych naszych nowozelandzkich towarzyszy). Nasi kibice odegrali ważną rolę w organizacji stałej obrony kliniki Parkview poprzez “Choice” – bojową, nie wykluczającą “sieć szybkiego reagowania”, otwartą dla wszystkich osób gotowych bronić prawa do aborcji. Jedną z lekcji tej pracy było znaczenie rysowania linii politycznie, a nie na podstawie płci, w walce o prawa kobiet.

Wyzwolenie kobiet przez rewolucję socjalistyczną!

Relegacja kobiet do rodziny historycznie pozwalała na odrzucenie wielu kwestii praw kobiet jako jedynie “osobistych”. Ruch Wyzwolenia Kobiet z końca lat 60. XX w. przyniósł rozprzestrzenianie się grup podnoszących świadomość, które badały różne sposoby, w jakie kobiety uwewnętrzniły swoje prześladowanie jako osobiste obawy i stopień, w jakim społeczeństwo traktuje podporządkowanie kobiet jako „naturalny” warunek istnienia.

Prawne i instytucjonalne ograniczenia dostępu do aborcji, kontroli urodzeń, opieki zdrowotnej, opieki nad dziećmi i zatrudnienia są wyraźnie jawnie “politycznymi” kwestiami. Ale ucisk kobiet obejmuje również głęboko zakorzenione postawy psychologiczne i społeczne oraz domniemania wynikające z tysięcy lat panowania mężczyzn. Dziewczyny uczą się na wczesnym etapie życia, że ​​nie mogą aspirować do wszystkiego, co mogą zrobić chłopcy. Mizoginistyczne założenia są tak głęboko zakorzenione w naszej kulturze, że wiele aspektów ucisku kobiet jest praktycznie niewidocznych, nawet dla ludzi zaangażowanych w walkę o wyzwolenie kobiet. Na przykład, gdy feministki proponowały wprowadzenie języka neutralnego pod względem płci (np. Użycie przewodniczącego “zamiast” “przewodniczący” lub “Pani” zamiast “Pani” i “Pani”). “) niektóre lewicowe publikacje marksistowskie okazały się bardziej oporne niż główna prasa burżuazyjna.

Życie wielu kobiet jest skarłowaciałe i zdeformowane przez molestowanie seksualne, gwałt i przemoc domową z rąk mężczyzn. Chociaż ma to miejsce między osobami, takie patologiczne zachowania, podobnie jak inne przejawy ucisku kobiet, są problemami społecznymi. Nie można ich wyeliminować, dopóki system społeczny, który produkuje i na pewnym poziomie zachęca do nich, nie zostanie zastąpiony przez system, który stwarza materialne warunki do powstania kultury nasyconej zasadniczo odmiennymi wartościami.

Wyzwolenia kobiet nie można osiągnąć na arenie własnego życia osobistego. Nie wystarczy podzielenie pracy domowej w sposób bardziej sprawiedliwy w rodzinie – konieczne jest, aby opieka nad dziećmi, sprzątanie domu, przygotowanie posiłków itp. zostały przekształcone z odpowiedzialności indywidualnej w społeczną. Ale nie jest to możliwe bez całkowitej rekonstrukcji społeczeństwa – zastąpienia kapitalistycznej anarchii socjalistyczną planową gospodarką zarządzaną przez samych wytwórców.

Podobnie jak wyzwolenie kobiet jest nierozerwalnie związane z wynikiem walki klasowej, tak samo los jakiejkolwiek rewolucji społecznej zależy od uczestnictwa i wsparcia ubogich i pracujących kobiet. Jak zauważył Karol Marks w liście z 12 grudnia 1868 r. do Ludwiga Kugelmanna: “Każdy, kto zna historię, wie również, że bez kobiecego fermentu wielkie rewolucje społeczne są niemożliwe”. Rewolucjoniści muszą aktywnie uczestniczyć w walkach społecznych, aby bronić i rozwijać równość kobiet. Konieczne jest również promowanie rozwoju kobiecych przywódców w ruchu socjalistycznym. Bo tylko poprzez udział w walce o przemianę świata, kobiety mogą otworzyć drogę do własnej emancypacji i stworzyć materialne warunki do eliminacji głodu, wyzysku, ubóstwa i skutków tysięcy lat męskiej supremacji. To jest cel, o który warto walczyć.

We need a workers’ solution to the ‘national’ divide!

British Troops out of Ireland, Now!
We need a workers’ solution to the ‘national’ divide!

Originally published in ‘Marxist Bulletin’ No. 3, August 1997.
http://www.bolshevik.org/mb/3ireland.htm

Tony Blair’s election on May 1st, together with the election of a Fianna Fail-dominated coalition government in the Irish Republic in June, has produced a flurry of activity by British, Irish and American politicians to revive the ‘peace process’ that foundered in February 1996, when the Docklands bombing signalled the end of the IRA’s 17-month long ceasefire. The Major government, desperate to cling onto power until the last possible moment with a parliamentary majority shrinking to non-existence, became chronically dependent on Unionist votes in Westminster to prop it up, and so was unable and unwilling to even maintain a semblance of ‘even-handedness’ in its dealings with the various Northern Ireland parties. This was a significant factor in the unravelling of the ‘peace process’. However, now that there is a British government with a huge parliamentary majority, in no way dependent on Loyalist bigots for its survival, once again the conditions appear to exist for the British ruling class to try to negotiate some sort of settlement of the Irish conflict.

Yet the collapse of the previous ‘peace process’ under the Major government has left a much more volatile political situation in the North than was the case in 1994. At that time there was a massive wave of pacifistic sentiment in both communities, that despite the reactionary and illusory nature of the ‘peace process’ itself, provided a brief opportunity for a socialist intervention to sharpen a struggle on class, instead of national/communal, lines.

Now this sentiment is much less noticeable. The popular reaction to the IRA’s July reinstatement of the ceasefire has been very muted, unlike the euphoria of August 1994. As Major’s previous debacle wound to its end, the popular pacifistic mood was replaced by an ugly sectarian polarisation, with each side accusing the other of ‘betraying’ the hopes for peace.

The see-sawing of the Blair government during this year’s marching season – first forcing the loyalist march at Drumcree down the local Catholic community’s throat with brutal RUC force, then reversing its stance and angering loyalists by failing to provide ‘security’ for other sectarian loyalist marches in Catholic areas – is likely to continue. Despite Mowlem’s attempts to keep the ‘peace train’ running and satisfy both sides, the Blairites’ attempts to ‘reconcile’ the republicans and loyalists to a mutually agreeable ‘settlement’ is unlikely to suceed. In the absence of a joint Protestant–Catholic revolutionary class struggle, one or the other nationalism will prevail in any ‘settlement’. The contradictions of this situation could easily explode into a Bosnia-style communal conflict, and blow Blair’s ‘peace process’ sky high.

British rulers want out

A ‘settlement’ is what the British ruling class transparently wants – a settlement that will allow them to divest themselves of this costly and unruly problem bequeathed to them by previous generations of British imperialist exploiters, who made much more out of Northern Ireland’s once-strategic industries than is possible today.

When the British state engineered the partition of Ireland in the 1920s, it managed to retain the bulk of the island’s heavy industries, leaving the citizens of the newly-born ‘Irish Free State’ with a predominantly backward, agricultural economy. Now, with the decay and obsolescence of the engineering and shipbuilding industries that once dominated the province, Northern Ireland has for decades been seen as a liability on the British state’s balance sheet – something to be disposed of with as little trouble as is possible. With the rise of European imperialist investment in the Irish Republic, Eire has gradually acquired much more importance, especially on the European stage.

The British ruling class fears only one consequence if it were to leave the six counties – the prospect of a war between Protestant and Catholic communities that could be a de-stabilising force in the rest of these islands. These days, the British state cares little for the Protestants, who are now of much less importance both strategically and economically than in the very different circumstances of decades ago.

Britain’s rulers basically want ‘order’. They would for the most part be quite happy to hand over Northern Ireland to the Irish bourgeoisie, and even allow their historic Protestant allies to be crushed – if they thought this was likely to work. But they fear that the Southern Ireland capitalist state is not strong enough to maintain ‘order’ in such an eventuality. So, the troops stay, and the search for some kind of ‘negotiated settlement’ with the protagonists goes on.

Poisonous divisions

Socialists have a different set of aims in seeking to address the questions posed by the situation in Northern Ireland. We seek to fight for the interests of the working class. We especially fight to overcome the kinds of divisions in the working class that are so prevalent in Ireland – divisions where workers, instead of understanding that the boss class of all nationalities is their enemy, instead believe that their deadliest enemies are the bosses and workers of another community.

In situations such as Ireland, where such hatreds are the legacy of centuries of oppression of one community by the other, socialists must fight against all kinds of nationally- and communally-based forms of oppression. We must be the best fighters against the systematic, vicious discrimination that has been traditionally practised by the British/Orange state machine and employers in Northern Ireland. We must recognise that the working class movement in Northern Ireland has been poisoned and corrupted almost beyond belief by anti-Catholic Orange bigotry, in order to struggle to change it.

Socialists in Britain particularly have an obligation to hammer into the consciousness of British workers the historic responsibility of our ‘own’ British ruling class for the oppression of the Irish Catholic population in the North, and for colonial rule in the whole of Ireland before that. That the British Labour Party has for many decades supported British rule in Northern Ireland, and was in fact instrumental in sending in the army in 1969 and in many other atrocities since, is something that brings shame on the British labour movement.

Our commitment to ‘Troops Out’

In voting to include the demand for the immediate withdrawal of British troops from Ireland in our policy statements, our party made an important break from the rotten ‘traditions’ of labourism. The class battles of the 1980s, such as the miners Great Strike of 1984–5, Wapping and the Poll Tax, led to the disillusionment of many militant workers with treacherous labourism. The British state tested out many techniques of repression in the six counties that were later used against the working class at home. This key lesson has been learned by many of the working class militants who founded the SLP, and no doubt was the key reason why conference voted overwhelmingly to overturn (with the agreement of the podium) the weak-kneed, mealy-mouthed call for a ‘commitment to withdraw’ over the lifetime of one parliament, in favour of an amendment to the Ireland resolution raising the unequivocal demand for the immediate withdrawal of troops.

A capitalist ‘peace’ process

Yet as we pointed out in the last SLP Marxist Bulletin, despite this advance, some of the propaganda our party has produced on the question of Ireland has been badly flawed. We criticised the softness on the so-called ‘peace process’ in articles by comrade Patrick Sikorski in Socialist News (see ‘On Bourgeois “Peace Talks” and “Nationalist” Bombs, MB 2). Softness and confusion about these talks, and particularly a belief that if only they were ‘fair’ and Sinn Fein were admitted to them on an equal basis to the other northern Irish parties they could lead to real progress towards peace and socialism, is only too common on the left wing of the British labour movement.

But this is an illusion – the common denominator of all the forces involved in this ‘peace process’, including Sinn Fein and the IRA themselves, is some kind of ‘solution’ within the framework of capitalism. Nowadays, in the shadow of the collapse of the Soviet and East European bureaucratised workers’ states, Sinn Fein, which at various times in the past used to talk vaguely about some sort of ‘socialism’, no longer does so. It is much more explicit than for many years that its aim is a reunified Irish capitalist republic.

Indeed, logically and geographically, the best and simplest solution to the partition of Ireland would appear to be what our policy papers say it should be a united Ireland. Simple. In fact, so simple one can be forgiven for asking: ‘If this solution is so simple, why hasn’t it already been done?’ And the answer to this question is also obvious. The reason Ireland has not been united is because there is a formidable obstacle – over a million Protestants, close to two-thirds of the population of Northern Ireland, are at this point overwhelmingly determined not to take part in any such ‘unity’.

The most important difficulty faced by anyone who wants to address the real problems of how to achieve peace and socialism in Ireland is how to overcome this obstacle. It is not good enough, as many on the British left have done over the years, to look at this problem through rose-tinted (or perhaps green-tinted) spectacles and hope or pretend it will go away. It will not.

The problem that many on the British left will not face up to is that any attempt to unite Ireland without a solution to this problem being found will inevitably lead to a conflict similar to that in Bosnia over the last few years. The Protestants will not be coerced – it they are threatened with forcible incorporation into the Irish Republic they will fight. A communal war would be the result, which would be a massive defeat for the working class of both communities. What is more, it is a war the Protestants could, as things stand at present, quite likely win, driving large sections of the Catholic people out of their communities.

This scenario is not far-fetched at all – rather it is something that socialists who are serious about fighting oppression in Ireland must formulate a programme to avoid, in favour of a working class solution to the ‘national’ problem.

No forced reunification

The starting point of such a solution flows inevitably from this analysis – socialists must demand the immediate, unconditional withdrawal of British troops from Ireland, but we must at the same time oppose the forcible reunification of Ireland.

Socialists in Ireland must fight every concrete measure of oppression of the Catholic population in the North, against discrimination in education, jobs, housing, as well as against the sectarian state machine. But at the same time we must make it abundantly clear that we do not seek to coerce Protestant workers into a united Ireland against their will.

It is one of the ironies of politics that those British and Irish leftists who close their eyes to this problem and advocate ‘self-determination for the Irish people as a whole’ irrespective of the wishes of the Protestants, actually act to retard the possibility of real, working class unity between Protestant and Catholic. This class-based unity is the only progressive way a united Ireland is ever likely to be achieved. Empty slogans about self-determination, which do not recognise that the self-determination of one community threatens the self-determination of the other, simply reinforce the fears of Protestant workers that if they break with ‘their’ Orange bosses and politicians, they will end up as an oppressed minority in a Catholic-dominated capitalist state.

Rather than demand the Protestants’ inclusion in a united Ireland as an end in itself, we should argue that the matter of where the Protestants fall be open to negotiation between workers representatives of both communities, with the possibility of Protestant workers remaining separate with their own workers state from an Irish workers state for as long as they want, possibly as part of a socialist federation with other parts of the British Isles. This is not so unlikely as it sounds, since the likely situation is that any mass socialist workers upsurge in Northern Ireland would be a part of something wider in the rest of these islands. An approach that does not involve coercion is most likely to lead to the rational solution of Irish unity on a voluntary basis, under socialism.

Civil rights and guns

As socialists and internationalists, we must seek to elaborate a strategy that can unite the working class in Ireland, both Protestant and Catholic, for class struggle against capitalism itself. In doing so we must address the basic economic facts of capitalist decay, which in Northern Ireland have a particularly malignant character because they are intertwined with the sectarian divisions in our class. At the same time, in a society where, infinitely more than on the island of Great Britain, the entire body politic is awash with guns, we must not be afraid to tackle head-on questions related to armed power, in relation to the state machine and the paramilitary organisations of both communities. For socialists to avoid either of these aspects would be fatal, in different ways.

In refusing to address the questions of armed power, and seeking to concentrate on ‘economic’ questions, we would be powerless. Any serious attempt to wage ‘economic’ struggle would inevitably come into confrontation with gangs of armed strikebreakers and anti-socialist assassins.

On the other hand, for socialists to shun ‘economic’ questions and simply concentrate on organising a military struggle against the British state and the reactionary paramilitary organisations would be to fall into a kind of ‘socialist’ guerillaism. Such a course would lead to socialists being isolated from mass struggles and being seen as military adventurists and elitists. Rather, we should seek to connect the struggles that can unite workers on ‘economic’ questions to the wider question of the need for the workers to arm themselves, to defend their class unity and class interests against armed enemies of the working class and socialism, not all of whom are to be found in the Loyalist ‘camp’.

In particular, we need a programme of ‘economic’ demands that can overcome the widespread fear among Protestant workers that calls for ‘equality’ for Catholics in jobs, housing, and so on would mean worse housing and greater unemployment among Protestants. Protestant workers are not some kind of privileged elite. They ‘enjoy’ a level of privilege so great that they have a lower standard of living than most workers on the island of Great Britain!

Rights for all Irish workers

We need to attack anti-Catholic discrimination by posing demands for equality in the context of a struggle for more for workers of both communities – jobs for all, work-sharing on full pay, shorter working weeks for all, better wages for all, and so on. We need to raise demands for the secularisation of political and social life – against the influence of both the Protestant and Catholic churches. We should demand full rights for women – free abortion, contraception, divorce, and the abolition of anti-gay laws and other such repressive measures against sexual expression. All these demands cut against the reactionary forces in both communities and contain within them a potential to push forward working-class unity.

At the same time we need to advocate a solution to the ‘military’ question. In recent years there have been repeated cases of Protestant workers taking strike action, even at such traditional bastions of sectarianism as Harland and Wolff’s, to express their disgust at sectarian killings, including those of Catholics by Orange gunmen.

Socialists in Ireland should try to take this further by advocating the formation of integrated military groupings, containing both Protestant and Catholic workers, to defend potential victims of such attacks in both communities when the need arises. Formed concurrently and as part of struggle for the kind of ‘economic’ demands described above, such anti-sectarian armed groups could themselves form part of the solution to the ‘military’ problem. They pose the possibility of working class state power instead of the power of the British state and the sectarian armed groupings. It is true that the Loyalist paramilitary gangs are the most vicious and most guilty of such crimes, but it is also true that some Republicans are quite capable of carrying out sectarian crimes themselves.

If a socialist party such as our own looked as if it was leading a real struggle for workers power, we would attract many of the best elements from the Republican movement, but there are also die-hard pro-capitalist elements in that movement who are capable of being a threat to the workers movement, and socialists in Ireland would need our own forces to defend the working class against them also.

Overall, as socialists and internationalists, we have a responsibility to not merely act as an opposition to the criminal actions of British imperialism (which is essential) but also to put forward socialist solutions to this complex national question. Many activists in the labour movement in both Britain and Ireland, who are antagonistic to British rule in Ireland and sympathetic to the struggle against oppression, are nevertheless sceptical about the simplistic ‘solutions’ (‘United Ireland’, etc.) offered by much of the ‘far left’. The SLP, which has the potential to win many such activists to a genuinely socialist programme and perspective, should seek to go further than has been done in the past and develop its understanding towards such a goal. The editorial collective of this bulletin believe that the perspective outlined here offers a way forward, and commends it to the SLP membership as the basis of a genuinely revolutionary strategy for socialism in Ireland and the British Isles as a whole.

Stalinowcy/Solidarność/MFW atakują robotników: Polska beczka prochu

W tym roku minęło 30 lat od pierwszych „wolnych wyborów” w powojennej Polsce 4 czerwca 1989 r., w których sukces odniosła antykomunistyczna opozycja wobec stalinowskiej PZPR- wydarzenie które wyznacza początek restauracji kapitalizmu w tym kraju jak i szeregu innych kontrrewolucji w pozostałych krajach Europy Wschodniej i w samym ZSRR. Doprowadziło to do społecznej katastrofy- ogromnej inflacji, masowego bezrobocia, drakońskiej restrykcji prawa do aborcji, brutalnego ucisku kobiet i mniejszości seksualnych, klerykalizacji życia publicznego, rosnącego antysemityzmu i odrodzenia się faszyzmu, a dziś- autorytarnego, reakcyjnego reżimu Kaczyńskiego-Morawieckiego-Ziobry, który za nic ma normy nawet burżuazyjnej demokracji parlamentarnej ustanowionej w 1989-90.

Historia potwierdziła tezę Trockiego, że “albo biurokrata zje państwo robotnicze, albo robotnicy pozbędą się biurokraty”, niestety w sensie negatywnym. Zadała też kłam w gruncie rzeczy antymarksistowskim teoriom o biurokacji jako odrębnej klasie panującej (jaką w Polsce obecnie wyznaje np. Pracownicza Demokracja). Poza wyjątkami jak ZSRR w 1991 r., gdzie doszło do zbrojnej konfrontacji i nieudanego biurokratycznego puczu Janajewa, niemal we wszystkich krajach bloku wschodniego stalinowcy, a wraz z nimi zdezorientowana i zdemoralizowana przez nich klasa robotnicza, oddali władzę walkowerem. „Jeśli armia kapituluje przed wrogiem w krytycznej sytuacji bez walki, to ta kapitulacja całkowicie zastępuje„ decydującą bitwę ”w polityce, podobnie jak w wojnie” (L. Trocki, „Trzecia Międzynarodówka po Leninie”).

Ale to, że wbrew dewastacji ostatnich 30 lat polskiej „wolności” kapitalizm polski wciąż stoi pewnie na nogach nie jest winą tylko ich. Wszystkie istniejące w Polsce lewicowe organizacje odwołujące się w mniejszym lub większym stopniu do dziedzictwa Lwa Trockiego są częścią problemu. Brytyjska Militant Tendency, prekursorka CWI do której należy dzisiaj Alternatywa Socjalistyczna, w 1981 r. zajęła stronę Solidarności, która już wtedy przyjęła program restauracji kapitalizmu i miała powiązania z zachodnimi imperialistami i koścołem katolickim (patrz broszura „Solidarność: próba ogniowa dla trockistów”, której tłumaczenie jest dostępne na stronie Przegrupowania Rewolucyjnego) przeciw reżimowi Jaruzelskiego, który niestety był jedyną siłą jaka stała wtedy na drodze nieudanej kontrrewolucji; później w 1991 r. jej kadry w Moskwie udzieliły wsparcia dla zwolenników herszta „demokratycznej” kontrrewolucji Jelcyna przeciw Janajewowi. Pracownicza Demokracja jest częścią międzynarodowej tendencji założonej przez Tony’ego Cliffa, który ze swoją teorią „kapitalizmu państwowego” otwarcie odrzucił stanowisko bezwarunkowej militarnej obrony zdegenerowanych i zdeformowanych państw robotniczych. Brytyjska cliffowska Socjalistyczna Partia Robotnicza jeszcze bardziej skapitulowała przed każdą siłą, jaka walczyła ze stalinistami, nieważne jak reakcyjna by nie była, a w sierpniu 1991 r. ogłosiła: „Komunizm upadł. Każdy socjalista powinien się z tego faktu cieszyć”. (Socialist Worker, 31 sierpnia 1991 r.)

Nie są to kwestie interesujące wyłącznie dla historyków. “Tradycje wszystkich zmarłych pokoleń ciążą jak zmora na umysłach żywych”- co pokazują choćby działacze KOD i inni „obrońcy demokracji” z pokolenia Solidarności, którzy w walce z PiS chcą przeżyć drugą młodość i „walkę z komuną”. Młodzi ludzie, którzy nie pamiętają tych czasów a są przeciwni zarówno PiS jak i PO z lewicowych/lewicujących pozycji, muszą wiedzieć, że rząd PiS jest naturalną konsekwencją “wielkiego zwycięstwa demokracji”, solidarnościowej kontrrewolucji 1989 r. I zadać sobie pytanie- czy należy ufać organizacjom, które zajęły wtedy niewłaściwą stronę barykady, że dziś zapewnią odpowiednie przywództwo pracownikom i uciskanym? “Ci, którzy nie są w stanie obronić istniejących pozycji nie są w stanie zdobyć nowych”. Niniejszy artykuł pochodzi z “1917”, pisma wówczas rewolucyjnej i trockistowskiej Międzynarodowej Tendencji Bolszewickiej, nr 7, zima 1990.

(„1917”, nr 7, zima 1990)

19 sierpnia, polski reżim stalinowski przekazał odpowiedzialność rządową swoim notorycznym wrogom z Solidarności, inaugurując pierwszy niestalinowski rząd w bloku radzieckim od początku zimnej wojny. Wydarzenie było powitane we wszystkich imperialistycznych stolicach jako początek końca „komunizmu” w Europie Wschodniej. W wywiadzie z 22 sierpnia z włoską gazetą Il Messaggero,  Lech Wałęsa szczerze opisał głównie zadania nowego rządu jako zabranie kraju: „z komunistycznego systemu posiadania do kapitalizmu. Nikt jeszcze wcześniej nie przeszedł drogi jaka prowadzi z socjalizmu do kapitalizmu. I zabieramy się by zrobić właśnie to, powrócić do sytuacji przedwojennej gdy Polska była krajem kapitalistycznym” (New York Times, 24 sierpnia).

Ale droga do restauracji kapitalizmu nie będzie gładka. Robotnicy posmakowali rynkowej „racjonalizacji” w sierpniu gdy reżim Jaruzelskiego, w swoim ostatnim znaczącym akcie przed abdykacją, zniósł kontrolę cen żywności. Koszt mleka, mięsa i sera natychmiast wzrósł nawet o 500%. Od Gdańska na północy po Kraków na południe, robotnicy odpowiedzieli strajkami ostrzegawczymi i alarmami strajkowymi. Tylko powściągliwa ręka kierownictwa Solidarności, które wciąż cieszy się ogromnym autorytetem między polskimi robotnikami jak na razie zapobiegła społecznej eksplozji. Ale autorytet organizacji oddanej narzuceniu kapitalistycznego zaciskania pasa nie może wytrwać długo.

Popieranie przez Solidarność przywrócenia kapitalizmu nie jest nowe. Na swoim krajowym kongresie w 1981 r., przyjęła ona program którzy otwarcie zadeklarował: „Konieczne jest usunąć biurokratyczne bariery które uniemożliwiają działanie rynku.” Co zmieniło się w polskim równaniu od 1981 to fakt wzięcia w objęcia przez stalinowską biurokrację „wolnego rynku” jako rozwiązania dla wyraźnie nieuleczalnego kryzysu gospodarczego Polski. Gospodarka Polski dziś jest katastrofą. Dług zagraniczny 39 milionów dolarowych jest pięciokrotnie większy od całkowitych rocznych dochodów w twardej gotówce. W ciągu ostatniej dekady, rzeczywisty dochód na głowę spadł o ćwierć, a dziś inflacja sięga 1000 %.

Biurokracja radziecka, która w ogóle wyniosła Polską Zjednoczoną Partię Robotniczą (PZPR) do władzy i pozostaje jest ostatecznym gwarantem, sama jest zakochana w „cudach rynkowych”. Będąc mniej chętny niż kiedykolwiek by ręczyć za polską gospodarkę, Kreml dał Jaruzelskiemu zielone światło by sprywatyzować środki produkcji i porzucić scentralizowane planowanie gospodarcze. Lecz wszyscy wiedzą, że Solidarność jest o wiele lepiej usytuowana by poprowadzić Polskę w kierunku kapitalistycznym niż dogłębnie zdyskredytowany reżim stalinowski. Gdy polscy wyborcy masowo odrzucili PZPR na rzecz Solidarności w wyborach w zeszłym czerwcu, ustawiona została scena dla rundy parlamentarnych walk, które skończyły się wyznaczeniem wieloletniego działacza katolickiego, Tadeusza Mazowieckiego, jako premiera rządu koalicyjnego pod wodzą Solidarności.

Dziś Jacek Kuroń, Adam Michnik, i inne prominentne figury Solidarności, uwięzieni gdy PZPR narzuciła stan wojenny w 1981 r., siedzą obok swoich byłych strażników więziennych w parlamencie, podczas gdy ministrowie PZPR siedzą w gabinecie Solidarności. Ale zbliżenie stalinowsko-solidarnościowe jest głęboko niestabilne, i już zaostrza napięcia wewnątrz i między każdą warstwą polskiego społeczeństwa. W PZPR, podziały między przewodnim skrzydłem „reform” Jaruzelskiego-Kiszczaka-Rakowskiego a bardziej konserwatywnymi czy „twardogłowymi” elementami biurokracji pogłębiają się. Konserwatyści, skupieni w pośrednich i niższych szeregach partyjnej biurokracji, mają swoją bazę w dziesiątkach tysięcy kierowników którzy mają klienckie posady w fabrykach przeznaczonych do zamknięcia. Cieszą się też znacznym poparciem wewnątrz państwowego aparatu bezpieczeństwa.

„Reformy” rynkowe koniecznie nastawią robotników w Solidarności przeciwko ich dotychczasowym chłopskim sojusznikom w Solidarności Rolników Indywidualnych, którzy  skorzystają kosztem robotników z deregulacji cen rolnych. Co najważniejsze, podwyżki cen, bezrobocie, przyspieszenia tempa pracy i cięcia usług społecznych jakie muszą towarzyszyć wprowadzeniem gospodarki zorientowanej na rynek, wbiją klin między szychami Solidarności wokół Lecha Wałęsy a proletariacką bazę organizacji. Pomimo ich złudzeń co do kościoła katolickiego i zachodniej „demokracji”, polscy robotnicy wkrótce odkryją że są głównymi celami gospodarczej restrukturyzacji popieranej przez nieświętą trójcę PZPR, Solidarności i Międzynarodowego Funduszu Walutowego (MFW).

O odrodzenie marksizmu polskiego!

Dziesięć lat klerykalno-nacjonalistycznego fałszywego przywództwa Solidarności zostawiło polską klasę robotniczą politycznie rozbrojoną w obliczu tego ataku. Podczas gdy chaos się pogłębia, a dawniej stałe punkty na polskiej mapie politycznej zaczynają się rozkładać, stanie się coraz jaśniejszym sekcjom polskiego proletariatu że żadna zorganizowana siła w kraju nie reprezentuje dziś jego interesów klasowych. To daje sposobność rewolucjonistom by wskazać, że jest w polskiej historii tradycja inna niż ta sprzedajnej i skorumpowanej stalinowskiej biurokracji, której pretensje do miana komunizmu polscy robotnicy biorą dziś za pewnik; bądź faszyzującego międzywojennego dyktatora, Józefa Piłsudskiego, którego dziedzictwo robotnicy biorą w objęcia jako jedyną alternatywę dla „komunizmu” którzy poznali i znienawidzili. Polską rewolucyjną tradycję socjalistyczną reprezentują bohaterskie figury Róży Luksemburg i Leona Jogichesa, którzy założyli Socjaldemokrację Królestwa Polskiego i Litwy (SDKPiL), i walczyli po stronie polskich robotników przeciwko caratowi podczas rewolucji roku 1905. SKDPiL aktywnie wsparła bolszewicką rewolucję robotniczą 1917 r., i utworzyła rdzeń pierwotnej polskiej sekcji Międzynarodówki Komunistycznej gdy Lenin i Trocki stali na czele państwa radzieckiego.

Partia oparta na rewolucyjnej tradycji polskiego proletariatu byłaby gotowa odrzucić dług wobec zachodnich bankierów, jednocześnie bezwarunkowo broniąc kolektywizacji środków produkcji. Byłaby za zniesieniem „prawa” do wyzysku siły roboczej w mieście lub na wsi. Dążyłaby do powiązania walk polskich robotników z ich klasowymi braćmi i siostrami w ZSSR, którzy niedawno zamknęli kopalnie na zachodniej Syberii i Ukrainie by zaprotestować przeciw próbom narzucenia dyscypliny rynkowej swojego rządu.

Organizacja marksistowska w Polsce agresywnie promowałaby walkę o wyzwolenie kobiet i potępiłaby wszelkie próby ograniczenia lub zakazania aborcji przez hierarchię duchowną. Opowiadałaby się także za zdławieniem faszyzujących antysemickich nacjonalistów z Konfederacji Polski Niepodległej (KPN) i potępiłaby zjadliwie antysemickie prowokacje kardynała Glempa. Partia taka koniecznie przyjęłaby imię i program Lwa Trockiego, który dążył do ocalenia rewolucyjnych tradycji bolszewizmu z rąk ich stalinowskich fałszerzy. Obecna niedola polskiej klasy robotniczej demonstruje, że nie może być zamiennika dla partii bolszewicko-leninowskiej.

Fala strajkowa roku 1988: punkt zwrotny

Obecny rozdział polskiego dramatu rozpoczął się od dwóch fal strajków wiosną i latem 1988 roku. Letnia erupcja rozpoczęła się w południowym regionie górniczym Polski na Górnym Śląsku i wkrótce rozprzestrzeniła się na bałtyckie miasta portowe Szczecin i Gdańsk, główne warownie Solidarności . Dekrety rządowe podwyżki cen detalicznych zapewniły natychmiastową iskrę zapalną do przerwania pracy; wkrótce jednak stało się jasne, że kierownictwo Solidarności, przy poparciu większości strajkujących robotników, zamierzało wykorzystać wybuch niezadowolenia do celów politycznych, a nie tylko ekonomicznych. Strategia Wałęsy, którą głosił od początku strajków, miała na celu wywarcie nacisku na rząd Jaruzelskiego w celu zalegalizowania Solidarności, zakazanej od 1981 roku.

Po dwutygodniowym wstrzymaniu strategia przyniosła rezultaty. Szereg pośrednich kontaktów między przywódcami Solidarności i szefami partii komunistycznej, pośredniczonych przez Kościół katolicki, szybko doprowadził do spotkania Lecha Wałęsy z generałem Czesławem Kiszczakiem, ministrem spraw wewnętrznych i głównym żandarmem, który osobiście podpisał rozkaz aresztowania Wałęsy w 1981 r. Wałęsa otrzymał od Kiszczaka zobowiązanie do zainicjowania serii „okrągłostołowych” dyskusji między reżimem a „wszystkimi ważnymi siłami społecznymi” (tj. Solidarnością) w celu rozwiązania kryzysu politycznego i gospodarczego w Polsce.

Z tym zwycięstwem w kieszeni Wałęsa popędził do doków i zagłębia węglowego, by przekonać strajkujących do powrotu do pracy. Napotkał gorzki sprzeciw ze strony bardziej nieprzejednanych robotników, którzy uważali za głupie odwoływać strajki w zamian za zwykłe obietnice. Ale przewodniczący Solidarności zwyciężył. W zamian za współpracę Wałęsy z zakończeniem strajków Jaruzelski i jego kohorty zademonstrowali swoją zdolność do ograniczenia twardogłowych z PZPR, którzy próbowali sabotować proponowane petraktacje.

Kiedy rozmowy zakończyły się w kwietniu zeszłego roku, Solidarność odzyskała status prawny i zyskała również prawo kandydowania do parlamentu jako pierwsza bona fide obopozycja w najnowszej historii bloku radzieckiego. W Sejmie (parlamencie) zezwolono na ubieganie się o 161 na 460 miejsc. Pozostałe miejsca były zarezerwowane dla PZPR i jego rzekomych sojuszników. Reżim zgodził się także na ożywienie dawno nieistniejącego Senatu i zezwolenie Solidarności na kandydowanie na wszystkie jego 100 miejsc. Senat ma prawo zawetowania ustaw zainicjowanych w Sejmie. Kiedy liczono głosy po czerwcowych wyborach, Solidarność zdobyła przytłaczający mandat, przyjmując wszystkie miejsca, które kwestionowała w Sejmie i wszystkie oprócz jednego w Senacie.

Solidarność tworzy rząd

Od tamtej pory wydarzenia rozwijały się z szybkością, która zaskoczyła zarówno zwycięzców, jak i przegranych. Do kryzysu rządowego w połowie sierpnia przywódcy Solidarności realizowali strategię stopniową. Porozumienia przy okrągłym stole z kwietnia miały na celu umożliwienie Solidarności jedynie ograniczonej roli legislacyjnej, przy jednoczesnym zapewnieniu, że większość parlamentarna, rząd i prezydencja pozostaną w rękach PZPR. Solidarność nie miała być w stanie wygrać większości parlamentarnej i utworzyć rządu do wyborów zaplanowanych na 1993 rok.

To powolne podejście nie było jednak zgodne z nastrojami politycznymi, które ogarnęły kraj po wyborach. Głosowanie było powszechnie postrzegane jako głośne odrzucenie Jaruzelskiego i PZPR. Wraz z wydłużaniem się kolejek po chleb i gwałtownym strajkiem przeciwko podwyżkom cen, wkrótce okazało się, że tylko gruntowna zmiana rządu może zapobiec politycznemu wstrząsowi. W tym momencie Zjednoczone Stronnictwo Ludowe i Stronnictwo Demokratyczne (tradycyjni „sojusznicy” PZPR) zmieniły stronę, dając Solidarności większość w Sejmie. W ramach tej umowy Solidarność zgodziła się pozostawić aparat przymusu państwa (wojsko i milicja) w rękach PZPR i zezwolić generałowi Jaruzelskiemu na utrzymanie urzędu prezydenta z uprawnieniami do zawetowania ustawodawstwa i rozwiązania parlamentu.

W tym „historycznym kompromisie” między dawnymi antagonistami znalazło się kilka rozważań. Doświadczenie stanu wojennego ochłodziło żar Wałęsy do bezpośredniej konfrontacji z reżimem. Ta niechęć była podzielana przez większość zwolenników Solidarności, którzy byli wystarczająco starzy, by pamiętać klęskę z 1981 r. Strajki z 1988 r. mie zdołały osiągnąć zasięgu walk, które doprowadziły do ​​narodzin Solidarności osiem lat wcześniej, ponieważ aktywny udział był w dużej mierze ograniczony do robotników w późnych latach nastolatków i wczesnych dwudziestolatków, którzy byli niedotknięci wcześniejszą klęską.

Ale strajki z 1988 r., przeprowadzone pod hasłem „nie ma wolności bez Solidarności”, pokazały, trwającą lojalność robotników wobec Wałęsy, a także ich zdolność do zakłócania schorowanej gospodarki. Solidarność nie była wystarczająco silna, aby kwestionować władzę państwową, ale PZPR nie mogła sprawić, by gospodarka działała. Ten impas zmusił obie strony do porozumienia, ponieważ Jaruzelski niechętnie doszedł do wniosku, że nie można już skutecznie rządzić krajem bez udziału opozycji.

Solidarność i Kreml

Porozumienie stalinowsko-solidarnościowe było również kształtowane przez zmiany polityczne w Związku Radzieckim od czasu dojścia do władzy Gorbaczowa. Reżim PZPR został narzucony Polsce przez Stalina po II wojnie światowej w odpowiedzi na zainicjowaną przez USA zimną wojnę. I jako antagoniści w zimnej wojnie – z Solidarnością jako orędownikiem „demokracji”, „wolnych związków zawodowych” i katolickiego antykomunizmu, w przeciwieństwie do Jaruzelskiego jako obrońcy politycznego i gospodarczego status quo – te dwie siły stanęły naprzeciw siebie w grudniu 1981 roku.

Ale dziś Kreml jest rządzony przez zwolennika pokoju klasowego, który jednostronnie oświadczył, że zimna wojna się skończyła, i dał dowód swojej szczerości, wycofując poparcie dla walk wyzwoleńczych Trzeciego Świata, wycofując wojska i rakiety z Europy Wschodniej, i obiecując zwolnienie rządzonych przez Rosję republik bałtyckich z planowania gospodarczego i monopolu handlu zagranicznego. Wałęsa nie był do końca nieusprawiedliwiony gdy zauważył, że wielkim nieszczęściem „Solidarności” było to, że „Breżniew zmarł dwa lata za późno”. Amerykański imperializm i jego sojusznicy nie przepuszczali ambicji odzyskania Europy Wschodniej; ale nie chcą też skorzystać z wyciągniętej ręki Gorbaczowa. Po pewnych wahaniach i wewnętrznych kłótniach, mocarstwa zachodnie, w tym Stany Zjednoczone, zdają się teraz kłaść mniejszy nacisk na postawę Reagana maksymalnego nacisku militarnego na Związek Radziecki i Europę Wschodnią na rzecz zachodnioniemieckiej strategii Ostpolitik – odzyskania ziemie na wschód od Łaby poprzez stopniową penetrację gospodarczą. I nie trudno zrozumieć, dlaczego Polska, która historycznie była najsłabszym ogniwem w moskiewskim łańcuchu stanów buforowych Układu Warszawskiego, powinna polecić się jako wrażliwy punkt wejścia dla tego znaku i doprowadzenia dolara „na wschód”. Stalin kiedyś zażartował, że narzucenie swojej marki „komunizmu” na Polskę było jak nałożenie siodła na krowę. Polska jest jedynym krajem w bloku radzieckim, w którym rolnictwo nigdy nie było szeroko skolektywizowane. Ponadto ostro antykomunistyczny kościół katolicki zachował specjalny status, z kapelanami w armii i prawem do nauczania religii w szkołach.

Przez prawie dwadzieścia lat PZPR próbowała uniknąć konsekwencji powtarzających się niepowodzeń gospodarczych, zastawiając kraj kredytobiorcom z Wall Street i frankfurckiej giełdy. Nic więc dziwnego, że polscy staliniści dziś znajdują się w „awangardzie” władców Układu Warszawskiego pogrążającym się w chaosie wolnorynkowym.

PZPR: zaloty wobec kułaków, duchownych i MFW

Pomimo zbliżenia między polskim stalinizmem i Solidarnością, PZPR jest nadal niezbędna dla Kremla jako gwarant przynależności Polski do Układu Warszawskiego. Przynajmniej na razie mocarstwa kapitalistyczne wydają się być zadowolone że pozwolą Polsce pozostać w rosyjskiej orbicie wojskowej, dopóki „reformy” gospodarcze i polityczne będą postępować w szybkim tempie. Wałęsa dołączył do Busha, Kohla i Thatcher, zapewniając Gorbaczowa, że ​​nie ma zamiaru wykorzystywać obecnego kryzysu dla przewagi militarnej. Gorbaczow, którego łatwowierność dotycząca dobrych intencji imperializmu wydaje się bezgraniczna, wydaje się akceptować te zapewnienia według wartości nominalnej. W związku z kwestią czasowej lojalności wojskowej Polski różnice polityczne między stalinistami a Solidarnością stały się coraz trudniejsze do dostrzeżenia w ostatnich latach.

Solidarność została częściowo zainspirowana wyniesieniem kardynała Karola Wojtyły na papieża i zawsze ściśle współpracowała z tym wędrownym apostołem reakcji. Ale Jaruzelski i polscy staliniści okazali się niemal tak samo zainteresowani zacieśnieniem Stolicy Apostolskiej. W październiku ubiegłego roku polski rząd zaoferował Watykanowi pełną swobodę działania w Polsce, jeśli papież zgodzi się uczynić Warszawę pierwszym reżimem w Europie Wschodniej oficjalnie uznanym przez Kościół.

Od 1981 r. Solidarność opowiada się za przystąpieniem do Międzynarodowego Funduszu Walutowego, głównej agencji finansowej światowego imperializmu. W 1986 r. Polska, z inicjatywy Jaruzelskiego, zrobiła dokładnie to. Dziś zarówno Solidarność, jak i staliniści zgadzają się, że jedynym wyjściem z obecnego kryzysu gospodarczego kraju jest pożyczenie jeszcze więcej pieniędzy z Zachodu.

PZPR dołączyła również do Solidarności w promowaniu szerszej roli kapitalistów wiejskich. Prywatni rolnicy w Polsce, którzy kontrolują 75 procent gruntów ornych, zawsze byli zmorą stalinowskich planistów gospodarczych. Podczas gdy reżim nigdy nie próbował poważnie skolektywizować rolnictwa, był w stanie, we wczesnych latach, chronić klasę robotniczą przed ostrzejszymi skutkami „wolnej przedsiębiorczości” wiejskiej, sprawując kontrolę państwa nad handlem między wsią a miastami. Państwo podjęło próbę zapewnienia, że ​​podstawowe artykuły żywnościowe pozostaną przystępne, ustalając ceny, które zapłaciłby prywatnym rolnikom. Jednak niskie ceny nie stanowiły zachęty do zwiększenia produkcji. Próbując zwiększyć produkcję rolną bez wywołania oporu w klasie robotniczej poprzez podwyżki cen, stalinowscy rządzący zaczęli dostarczać chłopom ogromne dotacje, płacąc rolnikom więcej za produkty rolne niż wymagało od konsumentów. Z kolei subsydia cenowe finansowane były z pożyczek z zachodnich banków.

To krótkowzroczne dostosowanie do wymagań antysocjalistycznych drobnych właścicieli przyczyniło się znacząco do obecnego impasu gospodarczego polskiej gospodarki. Podczas gdy wiejski standard życia wzrastał szybciej niż w jakimkolwiek innym sektorze polskiego społeczeństwa, chłopi nigdy nie zaakceptowali reżimu stalinowskiego. Obawiając się uzależnienia od państwa w zakresie dostaw nasion, nawozów i maszyn, wykazali swoje niezadowolenie poprzez ograniczenie produkcji i odmowę inwestowania w poprawę kapitału.

Starania PZPR o obniżenie dopłat do żywności, dostosowując ceny do kosztów, były główną przyczyną fali strajkowej, która doprowadziła do powstania Solidarności w 1980 r. W swoim programie z 1981 r. Solidarność zaproponowała rozwiązanie tego problemu poprzez całkowite wyeliminowanie kontroli cen, pozostawienie robotników całkowicie na łasce bogatych chłopów. W sierpniu tego roku reżim Jaruzelskiego przyjął ten punkt z platformy Solidarności, znosząc kontrole cen żywności i pozwalając rolnikom na pobieranie jakichkolwiek opłat jakie cyrkulacja by zniosła.

Pozostaje kwestia polskiej infrastruktury przemysłowej: kopalń węgla, stoczni i fabryk, które wciąż pozostają w rękach państwa. Aby uczynić Polskę „prosperującym przedsiębiorstwem” dla międzynarodowej burżuazji, skolektywizowana własność musi zostać przekazana w prywatne ręce, co Solidarność od dawna popiera. Dzisiaj czołowa frakcja stalinowska wydaje się być gotowa do takiego kroku.

Niespełna dwa tygodnie po legalizacji Solidarności George Bush przedstawił pakiet pomocy gospodarczej specjalnie zaprojektowany, aby zachęcić prywatne inwestycje zagraniczne do polskiej gospodarki. Niemal natychmiast Barbara Piasecka Johnson, dziedziczka majątku farmaceutycznego  Johnson & Johnson polskiego pochodzenia, podpisała list intencyjny w sprawie zakupu 55 procent udziałów w Stoczni Lenina za 100 milionów dolarów. Obecnie przebywa w Polsce z legionem korporacyjnych lokajów, aby sfinalizować transakcję. Ta propozycja całkowitej sprzedaży ważnego majątku państwowego amerykańskiej kapitalistce jest przedstawiana jako jedyna nadzieja na uniemożliwienie rządowi kontynuowania planów zamknięcia stoczni w dniu 1 stycznia 1990 r. Zamknięcie to jest zgodne z Polityka PZPR polegająca na wycofywaniu przemysłu ciężkiego na rzecz lekkich, zorientowanych na konsumenta przedsiębiorstw, takich jak elektronika, usługi bankowe, przetwórstwo spożywcze i turystyka.

Historia z New York Times z 31 lipca wskazuje, jaką formę własności rozważają stalinowcy dla tych branż. Informuje, że Mieczysław Rakowski, nowy szef PZPR:

    „Wydaje się, że przekonał generała Jaruzelskiego, a przez niego Moskwę, że aby pozostać realną siłą, partia musi wykuć świeżą społeczność wśród menedżerów i pracowników przemysłów o obiecującej przyszłości”. Rakowski jest liderem ruchu wewnątrz partii na rzecz przeniesienia własności firm państwowych w tych sektorach na swoich nominowanych przez partię kierowników, co wydaje się być wysiłkiem, aby zrekompensować im utratę bezpieczeństwa i korzyści oraz zachować ich lojalność w nadchodzącej walce z Solidarnością. ”(podkreślenie dodane)
— „Uwłaszczenie nomenklatury”

Ta polityka przekształcania przedsiębiorstw państwowych w prywatną własność sekcji elit partyjnych, zwana „uwłaszczeniem nomenklatury”, nie rozpoczęła się dzień po triumfie wyborczym Solidarności; była ona realizowana przez polskich stalinistów przez ostatnie kilka lat i jest ściśle związana z próbami reżimu zwiększenia roli „wolnej przedsiębiorczości”. W 1986 r. Jaruzelski próbował wprowadzić własną odsłonę pierestrojki pod etykietą „odnowienia narodowego”. W rezultacie prywatne firmy w Polsce są prawnie uprawnione do równego traktowania z przedsiębiorstwami państwowymi. Ograniczenia dotyczące spółek akcyjnych z udziałem kapitału zagranicznego zostały wyeliminowane, a poszczególni przedsiębiorcy mają prawo do zatrudniania tyle siły roboczej, ile mogą.

Ale pomimo tych rozległych zmian prawnych, niewiele się zmieniło w praktyce. Zarządzający potężnymi monopolami państwowymi i planiści w centralnych ministerstwach byli wystarczająco silni, by marginalizować nowe prywatne firmy (które stanowiły mniej niż pięć procent gospodarki). Wersja pierestrojki Jaruzelskiego okazała się kolosalną porażką. Stworzenie garstki prywatnych przedsiębiorstw w biurokratycznie regulowanej gospodarce, z ponurym i niechętnym do współpracy proletariatem, tylko przyczyniło się do upadku.

Obecnie w Polsce istnieje około 100 prywatnych przedsiębiorstw akcyjnych z zagranicznymi kapitalistami, z których większość jest dość mała. Jednak w ramach PZPR obcokrajowcy nie byli w stanie prowadzić interesów w Polsce bez napotykania na masywne ograniczenia rządowe. Relacja w East European Reporter z jesieni 1988 r. wyjaśnia, w jaki sposób niektórzy z rzekomych strażników własności państwowej wykorzystywali swoje stanowiska, aby zostać raczkującymi przedsiębiorcami:

    „Polonijna firma podlega szantażowi od momentu jej powstania. Otrzymuje pozwolenie tylko, jeśli służba bezpieczeństwa nie ma zastrzeżeń wobec zagranicznych właścicieli lub ich polskich pełnomocników …. Tak więc zagraniczni właściciele często wolą oddać stanowisko pełnomocnika lub innego wysoko płatnego biura komuś, kto jest rekomendowany przez milicję. Innymi słowy zatrudniają osoby, które mają kontakty w tych instytucjach, od których zależą te firmy. ”

Wielu emerytowanych członków aparatu bezpieczeństwa, z pełnymi emeryturami państwowymi, zapoczątkowało małe przedsiębiorstwa: „Ci ludzie w jakiś sposób nie mają żadnych problemów z uzyskaniem ustępstw w sprawie korzystania z lokali i innych spraw, które dla normalnego polskiego prywatnego przedsiębiorcy zajęłyby więcej niż połowa jego energii i czasu. Proces„ uwłaszczenia ”nabrał rozpędu w lutym 1989 r., kiedy rozpoczęły się dyskusje przy okrągłym stole z Solidarnością. Sejm kontrolowany przez stalinistów uchwalił krajowy plan konsolidacji, zezwalający zarządom przedsiębiorstw na „eksperymentowanie” z prywatną własnością. Zazwyczaj kierownicy przedsiębiorstw państwowych, którzy często kończyli jako główni udziałowcy nowych prywatnych firm, przekazują lukratywne zamówienia od „przedsiębiorstwa ludowego”. W innych przypadkach „nowa” firma współdzieli przestrzeń, narzędzia a nawet personel z państwowym przedsiębiorstwem. Wariantem jest to, że sama spółka państwowa jest prywatyzowana, oferując akcje, z których wiele jest odbieranych przez istniejące kierownictwo ze znaczną zniżką.

PZPR: Samo-likwidująca się biurokracja?

W grudniu 1981 r. pomiędzy Solidarnością a państwem polskim militarnie poparliśmy reżim Jaruzelskiego przeciwko wyraźnie kapitalistycznemu przywództwu Solidarności z przywróceniem (patrz nasza broszura „Solidarność: próba ogniowa dla trockistów” [dostępna w tłumaczeniu polskim na stronie Przegrupowania Rewolucyjnego- przyp. tłum.]). W tej konfrontacji Jaruzelski działał jako obrońca status quo, które obejmowało państwową własność środków produkcji. Ale trajektoria polskich stalinistów w ciągu ośmiu lat stanowi nowe i nieuniknione pytania: czy reżim, który wprowadził kraj do MFW, dał wolną rękę prywatnym rolnikom w ustalaniu cen żywności, a teraz proponuje sprzedaż całych sektorów przemysłu państwowego fragmentarycznie dla zagranicznych kapitalistów, zamieniając inne przedsiębiorstwa w prywatną własność swoich członków, nadal może być uważany za obrońcę proletariackich form własności? Czy stalinowska biurokracja, która do tej pory opierała się na państwowej własności środków produkcji, może stopniowo przekształcić się w „nową burżuazję”, rządzącą w połączeniu z elementami kapitału rodzimego i zagranicznego? Te pytania mają głębokie znaczenie nie tylko dla Polski, ale dla kryzysu, który ogarnia cały niekapitalistyczny świat.

Odpowiadając na te pytania, należy najpierw rozważyć wewnętrzny skład biurokracji. Chociaż perspektywa prywatyzacji może rzeczywiście być atrakcyjna dla wielu kierowników fabryk i dyrektorów przedsiębiorstw państwowych, które odnoszą większe sukcesy, ta warstwa menedżerska nie stanowi najwyższego szczebla biurokracji. Trzon rządzącej kasty stalinowskiej składa się z warstwy aparatczyków partyjnych, którzy posiadają moc kierowania gospodarką jako całością, w tym mianowania i odwoływania menedżerów przedsiębiorstw i biurokratów niższego szczebla. Ta kontrola nad podejmowaniem decyzji gospodarczych i personelem stanowi główne źródło przywilejów stalinowskich, a zatem ich tożsamość jako grupy rządzącej. Nie mogą przekształcić gospodarki w prywatnych właścicieli, nie rezygnując z możliwości dawania klienckich posad i (dez)organizowania produkcji. Jest wysoce nieprawdopodobne, aby polscy staliniści, jako kasta, okazali się pierwszą grupą rządzącą w historii, która chętnie przewodzi własnej likwidacji.

Staliniści ustąpili pola Solidarności w ramach obronnej adaptacji do narastających nacisków wewnętrznych i zewnętrznych. Według Economist (12 sierpnia), „Pan Rakowski, premier Polski, powiedział ostatnio swojej partii, że musi oddać 40% swojej władzy, aby utrzymać pozostałe 60%. ”„ Kierownictwo PZPR może sobie wyobrazić, że zgadzając się na podział władzy z Wałęsą i prywatyzację bardziej rentownego przemysłu państwowego może w jakiś sposób umocnić swoją pozycję zarówno wobec własnych twardogłowych, jak i Solidarności. Jednak próba utrzymania coraz słabszej władzy PZPR przez pokonanie Solidarności w jej własnej grze restauratorskiej jest skazana na porażkę.

Solidarność nie może po prostu przejąć istniejącego aparatu państwowego – w szczególności „uzbrojonych grup ludzi”, które pozostają pod kontrolą Jaruzelskiego – i wykorzystać je do obrony systemu własności prywatnej w środkach produkcji. Aby skonsolidować kontr-rewolucję społeczną, którą proponują, Wałęsa i inni muszą zapewnić, że ich zaufani ludzie posiadają wszystkie kluczowe dźwignie władzy, szczególnie w armii i policji. Solidarność musi przełamać władzę PZPR:

    „Solidarność powiedziała, że ​​głównym celem legislacyjnym będzie demontaż tak zwanego systemu nomenklatury, w ramach którego partia komunistyczna zachowała prawo do wypełnienia praktycznie wszystkich pozycji politycznych, gospodarczych i społecznych narodu, od szefów władz lokalnych przez dowódcy armii do dyrektorów szpitali i szkół. ”Pan Geremek [przywódca parlamentarny Solidarności] powiedział: „Główny problem jest kwestią zasad, a jeśli ma powstać otwarty rząd, musi nastąpić koniec komunistycznego monopolu”.”
    —New York Times, 18 sierpnia

Staliniści nie mogą po prostu wynegocjować zakończenia swojej władzy w gospodarce i aparacie państwowym. Nie ma wątpliwości, że duża część biurokracji, w tym większość „uwłaszczonych”, chce realizować program Solidarności. Rzeczywiście, wielu indywidualnych członków PUWP już uciekło do Wałęsy. Inne elementy partii i aparatu państwowego, które mogą stracić wszystko, jeśli polityczny i gospodarczy monopol PZPR zostanie zerwany, z chęci zachowania własnych przywilejów w pewnym momencie spróbują oprzeć się proponowanym reformom. „Zadanie obrony proletariackich form własności nie może być pozostawione żadnemu skrzydłu skorumpowanej i zdyskredytowanej biurokracji PZPR. Jak Trocki zauważył 50 lat temu, materialne interesy pasożyta nie stanowią wystarczającej podstawy do obrony gospodarza (tj. skolektywizowanej własności). Polscy staliniści są całkowicie zdemoralizowani i pozbawieni nawet najsłabszej iskry moralnego, politycznego lub społecznego celu. W kampanii prowadzącej do czerwcowych wyborów tradycyjna komunistyczna czerwień została zastąpiona na plakatach kampanii PZPR bladym i anemicznym błękitem; kandydaci z PZPR nie działali pod własną nazwą, ale wybrali bardziej neutralne brzmienie „Listy narodowej”. Nawet sierp i młot zastąpiono symbolem bardziej pasującym do miękkiej linii partii: papierem toaletowym- rzadkim towarem,  którym kandydaci próbowali przekupić wyborców.

Ugłaskując swoich wrogów, stalinowscy biurokraci stali się niemal nie do odróżnienia od nich pod względem agendy społecznej i gospodarczej. Podważyło to ich zdolność do skutecznego oporu w przyszłości. Wszelki opór, jaki elementy PZPR mogą ostatecznie zaoferować Solidarności, będzie motywowany strachem przed utratą przywilejów biurokratycznych. Jednak zdolność PZPR do wpływania na wydarzenia kurczy się, gdy demoralizowany aparat rozpada się.

Solidarność: Wróg polskich robotników

Jednak dziś w Polsce stalinowcy nie są jedynymi w opałach. Dopóki PZPR monopolizował władzę polityczną, był zmuszony wziąć na siebie winę za sytuację gospodarczą kraju. W oczach mas Solidarność będzie odtąd współodpowiedzialna za katastrofalną sytuację gospodarczą. Wałęsa i reszta kierownictwa Solidarności wie o tym, a także wiedzą, że nowy rządowy program restauracji kapitalistycznej nie będzie popularny wśród robotników. Podczas majowej kampanii wyborczej kandydaci Solidarności celowo unikali wszelkich kwestii polityki gospodarczej.

Aby uniknąć osobistej odpowiedzialności za antyrobotnicze środki które leżą na drodze kapitalistycznej restauracji, Wałęsa odwrócił koronę urzędu tyłem dłoni. Wie, że aby mieć szansę na sprzedaż oszczędności narzuconych przez MFW w przyszłości, musi pozostać „czysty” w oczach robotników. Odmawiając przyjęcia bezpośredniej odpowiedzialności za władzę Solidarności, Wałęsa jest mądrzejszy niż zwolennicy różnych teorii „kapitalizmu państwowego”, którzy utrzymują, że nie ma zasadniczej różnicy między społeczeństwami na zachód i na wschód od Łaby. Elektryk ze Stoczni im. Lenina doskonale zdaje sobie sprawę z różnicy.

Pomimo swojej renomy wśród papieży i prezydentów, i mimo jego Nagrody Nobla, Wałęsa wie, że jego autorytet wywodzi się w ostatecznym rozrachunku od robotników, których pokierował przeciwko reżimowi w 1980 r., którzy wciąż stanowią trzon bazy społecznej Solidarności. Wie też, że zalecana przez MFW terapia szokowa proponowana przez rząd Mazowieckiego nie może być z powodzeniem narzucona klasie robotniczej wyłącznie poprzez papieskie inkantacje lub frazesy „demokratycznej” retoryki. Oznacza to atak na standard życia robotników o wiele bardziej masowy niż cokolwiek, co do tej pory ponieśli z rąk zbankrutowanego stalinowskiego reżimu, a to będzie wymagało represji na dużą skalę, które mogłyby osiągnąć poziom białego terroru.

Michael Mandelbaum z amerykańskiej Rady ds. Stosunków Zagranicznych bez ogródek podsumował dylemat nowego premiera: „Po pierwsze, będzie musiał dźgnąć swoich przeciwników, a następnie będzie musiał dźgnąć swoich zwolenników” (New York Times , 25 sierpnia). Oprócz ścigania nomenklatury stalinowskiej „będzie musiał zamknąć nieefektywne, nadnaturalne przedsiębiorstwa państwowe, takie jak stocznie gdańskie, w których zrodziła się Solidarność, niektóre kopalnie i huty, a to zrani jego podstawowy elektorat. ”„ Jeśli Solidarność z powodzeniem przeprowadzi kontr-rewolucję społeczną, którą popiera, polscy robotnicy dowiedzą się, że skolektywizowana własność reprezentuje realne zdobycze- prawo do pełnego zatrudnienia, edukacji, tanich mieszkań i bezpłatnej opieki medycznej.

Wałęsa ocenił, że: „Dla połowy polskich firm nic nie trzeba robić. Po prostu zmień organizację i możesz zarabiać pieniądze natychmiast. Jedna czwarta wymaga dodania pewnego kapitału, a jedna czwarta musi zostać rozwiązana ”(New York Times, 7 lipca). Wszyscy oczekują, że ci pracownicy obecnie zatrudnieni w przedsiębiorstwach, które Wałęsa proponuje rozwiązać, jak również inni pracujący ludzie, których poziom życia gwałtownie spadnie, gdy będą obserwować, jak garstka piratów się bogaci, prawdopodobnie wybuchną w gniewie. Po spotkaniu z Bushem w lipcu, Wałęsa niepokoił się: „Siedzę na beczce prochu i mam wątpliwości, czy będziemy w stanie to zrobić.” Wojna domowa mogłaby wyniknąć, powiedział, gdyby reformy wymagane od Polski przyniosły bezrobocie i zmniejszone dochody ”(New York Times, 12 lipca). W każdym takim przyszłym konflikcie rewolucjoniści muszą militarnie blokować się z dowolną kombinacją sił – w tym częściami stalinowskiego aparatu – które opierają się atakowi na klasę robotniczą i demontażowi systemu skolektywizowanej własności.

Imperialistyczni sympatycy i płatnicy Solidarności są całkiem świadomi pułapek, które czekają na każdy rząd dążący do ponownego nałożenia kapitalizmu na polską klasę robotniczą. Odkąd Solidarność uzyskała większość rządową, w burżuazyjnych kręgach politycznych wiele się mówiło o ogromnej zachodniej pomocy gospodarczej, nawet „nowym planie Marshalla” dla Polski. George Bush zaczął od zaoferowania marnego 161 milionów dolarów – zwykłej kropli w morzu potrzeb. Pod presją Kongresowych Demokratów mówi teraz o zwiększeniu pomocy USA, a także przekazywaniu większych kwot do Polski za pośrednictwem Międzynarodowego Funduszu Walutowego. Europejska Wspólnota Gospodarcza zadeklarowała dodatkowe 660 milionów USD dla Polski i Węgier, z możliwością dalszej pomocy w przyszłości dla złagodzenia przejścia do gospodarki rynkowej. Francja obiecała podobną kwotę, a Niemcy Zachodnie obiecały 1 miliard dolarów. Jednak dotychczasowa pomoc znacznie odbiega od 10 miliardów dolarów, o które prosiła Solidarność.

Niechęć potencjalnych nabywców Polski nie jest nieuzasadniona. Międzynarodowa burżuazja wie, że kapitalistyczna Polska jest w jej długoterminowych interesach, ale nie są filantropami. Mają dość rozsądku biznesowego, by zdawać sobie sprawę, że każdy rząd, który musi podjąć się rozbicia stalinowskiego aparatu państwowego i opanowania nieuniknionego oporu milionów robotników, jest ryzykowną krótkoterminową inwestycją. Według słów bezimiennego urzędnika wyższego szczebla Departamentu Stanu cytowanego w New York Times z 14 września: „Sytuacja gospodarcza wciąż jest tam bagnem. Związki rządowe starają się być bardziej bojowe niż Solidarność, uderzając w duże podwyżki płac. Nadal nie jest jasne, czy twardogłowi w partii komunistycznej są pogodzeni z nowym rządem i chcą, żeby mu się to udało. ”Polski proletariat daje imperialistom dobry powód do nerwowości. Od czasu czerwcowych wyborów wzrosła aktywność strajkowa, a w klasie robotniczej narasta nastrój sceptycyzmu wobec przywódców Solidarności. Podczas gdy Wałęsa apeluje o sześciomiesięczne moratorium na strajki, a rząd próbuje sprzedać polskich robotników o potrzebie więcej pracy i zarabiania mniej, stalinowskie związki, początkowo stworzone przez Jaruzelskiego, by konkurować z Solidarnością, przyjmują bardziej wojowniczą linię przeciw rządowym środkom oszczędnościowym, dzięki czemu zyskały pewną wiarygodność. Jednocześnie „Solidarność Walcząca”, prawicowy rozłam z Solidarności, który obejmuje członków faszyzującej KPN, również rośnie w siłę.

W ostatecznym rozrachunku jedyną siłą zdolną do obrony skolektywizowanej własności przed Solidarnością, zachodnimi bankierami i stalinowską biurokracją zamierzającą oddać sklep, jest polski proletariat, kierowany przez świadomą awangardę bolszewicką. Tylko popierając wyraźne i zdecydowane zerwanie z reakcyjną klerykalistyczną ideologią i przywództwem Solidarności, polscy marksiści mogą rozpocząć niezbędną polityczną reorientację klasy robotniczej. Aby koordynować walki z dyktowanymi przez MFW atakami, polscy robotnicy muszą tworzyć rady demokratycznie wybranych przedstawicieli z każdej fabryki, połączonych w sieć krajową. W takich ciałach rewolucjoniści staraliby się zmobilizować proletariat do walki rewolucyjnej, aby pokonać zarówno kapitalistycznych restauratorów Solidarności, jak i zdyskredytowanych stalinowskich pasożytów. Tylko na tej podstawie można uzyskać entuzjazm niezbędny do odmłodzenia centralnie planowanej gospodarki pod demokratyczną kontrolą pracowników.

Ale rewolucyjne przywództwo oddane takiej perspektywie nie może zostać skonstruowane przez bezkształtnych pseudo-lewicowców, którzy spędzili większość ostatnich dziesięciu lat, dostosowując się, przepraszając i wlekąc się otwarcie w ogonie prokapitalistów z Solidarności. Tylko ci, którzy opowiadają się za wyraźnym i zdecydowanym zerwaniem z przywództwem i programem ulubionego „związku” imperializmu, mają polityczną zdolność do kierowania robotnikami w walce o to, by system kapitalistycznego niewolnictwa płacowego nie wrócił do Polski.

„Solidarność”: próba ogniowa dla trockistów


„Solidarność”: próba ogniowa dla trockistów

Broszura opublikowana przez Tendencję Bolszewicką w 1988
Tłumaczenie z: http://bolshevik.org/Pamphlets/Solidarnosc/solidarnosc.html

Spis treści

I. Polska 1981 r.: klucz dla trockistowskiego przegrupowania
II. Odrobina polskiej historii
III. Geneza „Solidarności”
IV. Zjazd 1981 r.: „Solidarność” przekracza Rubikon
V. Marksizm i „ruchy masowe”
VI. Ku przepaści
VII. Rewolucja czy kontrrewolucja?
Załącznik: Program „Solidarności” z 1981*

*- program „Solidarności” cytowany jest za:
http://ofop.eu/sites/ofop.eu/files/biblioteka-pliki/f1_83-124.pdf
(dostęp: 17.08.18)

Polska 1981: klucz dla trockistowskiego przegrupowania

„Jest jasnym że nie może być mowy o budowaniu nowej Międzynarodówki przez organizacje które mają dogłębnie odmienne i nawet przeciwne sobie podstawy pryncypiów.”- Lew Trocki, 31 sierpnia 1933 [1]

W decydującej konfrontacji grudnia 1981 między polskim reżimem stalinowskim a „Solidarnością”, międzynarodowa tendencja Spartakusowska (mSt) była praktycznie samotna wśród rzekomo trockistowskich organizacji w trzymaniu strony Jaruzelskiego i rządu polskiego. Reszta- od Zjednoczonego Sekretariatu Ernesta Mandela po Międzynarodowy Komitet Gerry’ego Healy’ego i po Socjalistyczną Partię Robotniczą pod przewodnictwem Jacka Barnesa- ustawiła się, z różnymi stopniami entuzjazmu, za Lechem Wałęsą i „Solidarnością”.

Sprzeciwiając się Wałęsie i spółce, spartakusowcy skłaniali się miejscami do zastępowania wnikliwej analizy wulgarnym  sloganotwórstwem. Jeszcze gorsze było prostalinowskie odchylenie widoczne w cynicznym wewnętrznym stanowisku mSt mówiącym o jej chęci „wzięcia odpowiedzialności z góry za wszelkie idiotyzmy i zbrodnie” jakich radzieckie siły interwencyjne w Polsce mogłyby się dopuścić. Mimo tych błędów, które wynikły z procesu mocno już zaawansowanej wewnętrznej politycznej degeneracji, i pomimo faktu że od tego momentu zerwaliśmy zupełnie z robertsonowcami [James Robertson- przywódca Ligi Spartakusowskiej- przyp. tłum.], uznajemy że mSt stała po właściwej stronie polskich barykad w 1981.

Te barykady nadal stanowią krytycznie ważną linię demarkacyjną między socjaldemokracją a centryzmem z jednej strony, i prawdziwym trockizmem z drugiej. Zgoda w tej kwestii pozostaje sine qua non trockistowskiego przegrupowania w tym okresie.

Z naszego doświadczenia wnioskujemy, że „trockistowskimi” trębaczami „Solidarności” nie kieruje ani jeden spójny argument. Jednak z melanżu sprzecznych wyjaśnień wyłania się kilka odmiennych motywów. Wielu przyzna że przywództwo i ideologia „Solidarności” były reakcyjne. Przeciwko temu jednak apologeci „Solidarności” wskazują, że narodziła się jako ruch robotniczy, wykorzystywała tradycyjne metody proletariackiej walki klasowej, i miała poparcie przytłaczającej większości klasy robotniczej Polski. Czy to nie obiektywny charakter klasowy ruchu- pytają apologeci- jest ostatecznym kryterium zgodnie z którym marksiści muszą go oceniać, niezależnie od jego ideologicznych form?My twierdzimy, że nie.

O ile klasowy skład ruchu społecznego jest ważny w politycznym określeniu jego charakteru, nie wystarczy on w każdym przypadku. Trockistowska taktyka wobec związków zawodowych opiera się na założeniu że te drugie są narzędziami, nieważne jak niewystarczającymi, za pomocą którym robotnicy walczą o poprawę swojego bytu ekonomicznego w społeczeństwie kapitalistycznym. Normalną metodą prowadzenia tej walki jest wycofanie swojej siły roboczej- strajkowanie. Ogólnie rzecz biorąc awangarda marksistowska popiera strajki. Ale czy ktokolwiek by zaprzeczył, że w pewnych okolicznościach strajki mogą być reakcyjne? Przykładem który przychodzi na myśl jest strajk Rady Robotników Ulster z 1974. Celem tego poszczególnego strajku było zachowanie protestanckiego panowania w Irlandii Północnej i dlatego należało się mu sprzeciwić.

Jest wiele wyobrażalnych sytuacji historycznych w których bezpośrednie nastroje i cele klasy robotniczej stają w sprzeczności z jej długoterminowymi interesami. Kryzys polski z 1981 stanowi taki wypadek. Państwowa własność środków produkcji, która cechuje zdeformowane państwa robotnicze, stanowi historyczną zdobycz dla klasy robotniczej, zdobycz której trzeba bronić przed wszystkimi dążeniami do restauracji kapitalizmu. Do września 1981 „Solidarność”, w swojej ideologii, międzynarodowych koneksjach i programie politycznym, wyraźnie stała się ruchem mającym na celu przywrócenie kapitalistycznej własności w Polsce. Kryzys państwa polskiego z grudnia 1981 mógł zostać rozwiązany tylko przez dojście „Solidarności” do władzy lub do jej stłumienia. Jak bolesne by nie było zająć stronę stalinowskich pasożytów przeciwko większości polskiej klasy robotniczej, nieprzyjemną prawdą jest to że staliniści, w grudniu 1981, byli jedyną siłą w polskim społeczeństwie która stała na drodze ku restauracji kapitalizmu.

Trockizm a defensizm radziecki

Dla trockistów, „Solidarność” może być zanalizowana tylko w ramach naszego stanowiska w „kwestii rosyjskiej” i jego programowych implikacji. Marksiści określają naturę klasową danego państwa poprzez jego treść społeczną, to jest przez charakter stosunków własnościowych jakich broni- nie przez jego formy polityczne. Trocki zauważył w 1939:

„Chociaż ekonomika nie określa polityki ani bezpośrednio ani natychmiastowy, lecz tylko w ostatnim rozrachunku, tym niemniej jednak ekonomika określa politykę. Marksiści przyznają dokładnie to w przeciwieństwie do burżuazyjnych profesorów i ich uczniów. Analizując i odsłaniając rosnącą polityczną niezależność biurokracji od proletariatu nigdy nie straciliśmy z oczu obiektywnych granic społecznych tej „niezależności”; mianowicie, znacjonalizowanej własności uzupełnionej przez monopol na handel zagraniczny.” [2]

Państwo utworzone przez rewolucję bolszewicką było pierwszym na świecie które skolektywizowało środki produkcji i ustanowiło monopol handlu zagranicznego. Te historyczne dokonania pozostają dziś w ZSRR, i zostały powtórzone od czasu II wojny światowej przez zdeformowane rewolucje społeczne które zlikwidowały kapitalizm w Europie Wschodniej, Chinach, na Kubie i w Indochinach.

Stłumienie kapitalistycznego rynku jako regulatora działalności gospodarczej dogłębnie przemienia każde społeczeństwo. Ustanowienie gospodarki planowej- nawet gdy dokonane z góry stalinowskim dekretem- stanowi ważny postęp dla klasy robotniczej. Stalinowskie reżimy zwykle próbują skonsolidować i uprawomocnić swoje rządy przez polepszenie warunków życia dla robotników. W Europie Wschodniej oznaczało to pełne zatrudnienie, stabilne (i często dotowane) ceny żywności, gwarantowaną opiekę lekarską, tani transport i mieszkania, i ogólne polepszenie w standardzie życia (i mobilności społecznej) ludności pracującej. Robotnicy w tych społeczeństwach naturalnie przypisują pozytywną wartość takim zdobyczom społecznym i skłaniali się ku sprzeciwowi wobec wszelkich prób ich erodowania.

Lecz tym zdobyczom społecznym zagraża absolutny monopol na życie polityczne którego zazdrośnie strzeże stalinowska kasta rządząca. W społeczeństwie w którym wszelki aspekt życia gospodarczego jest kierowany politycznie- od ustanowienia stopy płac i godzin pracy po ceny towarów- masa ludności nie ma skutecznych środków wpływu na wszelkie decyzje. By chronić swoje chwiejne rządy, biurokraci muszą zdławić wszelki przejaw niezależnego życia politycznego- a nawet kulturalnego. Kaftan bezpieczeństwa nałożony na kreatywny potencjał ludności alienuje wielu najlepszych i najbystrzejszych i, w słowach Trockiego, tworzy społeczeństwo naznaczone „szarą etykietką obojętności”.

Rolą trockistowskich organizacji w zdeformowanych i zdegenerowanych państwach robotniczych jest zmobilizowanie proletariatu przeciwko biurokracji w rewolucji politycznej celem zdruzgotania stalinowskiego aparatu i ustanowienia bezpośrednich rządów robotników. Warunkiem wstępnym dla przewodzenia proletariatowi i jego sojusznikom w rewolucji politycznej jest najbardziej nieprzejednana obrona istniejących zdobyczy. Jak zauważył Trocki w kwietniu 1940: „Jest obowiązkiem rewolucjonistów bronić wszelkiej zdobyczy klasy robotniczej nawet choć może być ona zniekształcona pod naciskiem wrogich sił. Ci którzy nie mogą obronić starych pozycji nigdy nie zdobędą nowych.” [3]

W związku z tym ważnym jest przypomnienie dokonanej przez Trockiego analizy sprzecznej roli aparatu stalinowskiego w zdegenerowanych/zdeformowanych państwach robotniczych. W 1933 Trocki napisał że aparat stalinowski:

„(…) pełni podwójną rolę: dziś, gdy nie ma już przywództwa marksistowskiego, i na razie nie ma żadnego na horyzoncie, broni ona dyktatury proletariackiej swoimi metodami: lecz te metody są takie, że ułatwiają zwycięstwo wroga jutro. Komukolwiek nie udało się zrozumieć tej podwójnej roli stalinizmu w ZSRR ten nie zrozumiał nic.” [4]

W miejsce dialektycznego rozumienia stalinowskiej biurokracji Trockiego, ci „trockiści” którzy stanęliby po stronie klerykalnego, prokapitalistycznego przywództwa Wałęsy przeciwko stalinowskiemu aparatowi policyjnemu w grudniu 1981 wysuwają twierdzenie, że „stalinizm jest na wskroś kontrrewolucyjny”. To błędne sformułowanie (pierwotnie wysunięte przez większość amerykańskiej Socjalistycznej Partii Robotniczej przeciwko likwidatorskiej opozycji Cochran-Clarke w latach 1952-53) przyćmiewa fakt, że pomimo antyrobotniczej i kontrrewolucyjnej polityki na ogół realizowanej przez stalinowskie biurokracje, okresowo są one zmuszone do podjęcia działań mających na celu obronę systemu upaństwowionej własności z których te biorą swoje przywileje.

Jak wyglądałaby kontrrewolucja?

Lenin zauważył że, z punktu widzenia zachowania władzy bolszewickiej, armie białogwardyjskie były o wiele mniej groźne niż tanie towary jakie te przynosiły w swoich taborach. Bolszewicy ustanowili monopol państwowy w handlu zagranicznym by ochronić państwo robotnicze przed byciem podkopanym przez wyższą produktywność pracy świata kapitalistycznego. Wyłomy w tym monopolu stanowią prawdziwe zagrożenie dla dalszego istnienia robotniczych form własności.

W Związku Radzieckim za Nowej Polityki Ekonomicznej (NEP) lat 20. miał miejsce także rozwój wewnętrznych tendencji restauracyjnych, uosobionych przez kułaka i „nepmana”. Główną przewagą centrystowskiego stalinowskiego reżimu biurokratycznego w stosunku do kułaków była stosunkowa atomizacja polityczna tych drugich. Ale byłoby błędem wyobrażać sobie, że kontrrewolucja społeczna w Europie Wschodniej wymagałaby koniecznie spójnej organizacji „awangardowej”. Przytłaczająca przewaga gospodarcza Zachodu zapewniłaby imperialistyczną penetrację w razie upadku czy zniszczenia aparatów państwowych które broniły znacjonalizowanej własności.

Trocki i inni marksiści często przeciwstawiali sobie rozwój rewolucji proletariackich i burżuazyjnych. Klasa kapitalistyczna rozwijała materialne i kulturalne warunki dla swojego panowania w porach społeczeństwa feudalnego. Zdobycie władzy politycznej było ostatnim aktem rewolucji burżuazyjnej. Proletariat, klasa która w kapitalizmie jest wywłaszczona i wyzyskiwana, nie może rozwinąć swojego sposobu stosunków produkcyjnych wewnątrz społeczeństwa burżuazyjnego właśnie dlatego ponieważ własność proletariacka zasadza się na całkowitym wywłaszczeniu burżuazji i kolektywizacji środków produkcji.

Zanim może wywłaszczyć burżuazję ekonomicznie klasa robotnicza musi najpierw ustanowić swoje panowanie polityczne. Gospodarka planowa- charakterystyczna cecha ekonomiczna klasy robotniczej- wymaga kolektywizacji zatomizowanych majątków poszczególnych burżuazyjych właścicieli. Wywłaszczenie kluczowych sektorów kapitalistycznej gospodarki ma miejsce w stosunkowo skompresowanych ramach czasowych- jako że burżuazja nie dąży do współpracy przy rozwiązaniu jej samej. Jest bardzo prawdopodobne, że cofnięcie własności państwowej do własności prywatnej byłoby o wiele bardziej przeciągniętym procesem:

„W pierwszych miesiącach władzy radzieckiej proletariat rządził na bazie gospodarki burżuazyjnej (…) Jeśli burżuazyjna kontrrewolucja zwycięży w ZSRR, nowy rząd przez długi okres musiałby się opierać na upaństwowionej gospodarce. Ale co oznacza ten typ tymczasowego konfliktu między gospodarką a państwem? Oznacza on rewolucję bądź kontrrewolucję.” [5]

Ponad czterdzieści lat przed powstaniem „Solidarności” Trocki przewidział przebieg kapitalistycznej restauracji w gospodarce planowej w następstwie zwycięskiego przejęcia władzy przez kontrrewolucyjne kierownictwo:

„Naczelnym zadaniem nowej władzy byłoby przywrócenie prywatnej własności w środkach produkcji. Po pierwsze, byłoby konieczne stworzyć warunki dla rozwoju silnych farmerów ze słabych kołchozów, i dla przekształcenia silnych kołchozów w spółdzielnie wytwórców typu burżuazyjnego- w rolne spółki akcyjne. W sferze przemysłu denacjonalizacja zaczęłaby się od przemysłu lekkiego i wytwarzającego żywność. Zasada planowania byłaby zamieniona na czas okresu przejściowego w szereg kompromisów między władzą państwową a pojedynczymi „korporacjami”- potencjalnymi właścicielami, to znaczy, wśród radzieckich kapitanów przemysłu, emigracyjnych byłych właścicieli i zagranicznych kapitalistów. Niezależnie od tego że radziecka biurokracja zaszła daleko w przygotowaniu burżuazyjnej restauracji, nowy reżim musiałby wprowadzić w kwestii form własności i metod przemysłu nie reformę, lecz rewolucję społeczną.” [6]

Oprócz przywrócenia kapitalistycznych stosunków w rolnictwie (już dalece zaawansowanego w Polsce), drobnej produkcji towarowej i handlu detalicznym, „demokratyczny” rząd restauracji kapitalistycznej dążyłby także do wzmocnienia więzów z kapitalistycznym rynkiem światowym. Wszystkie te środki zostały zaproponowane jako kluczowe kroki w utworzeniu „nowej struktury gospodarczej” nakreślonym w programie „Solidarności” z 1981.

II. Odrobina polskiej historii

W Polsce „kwestia rosyjska” jest dosłownie związana z kwestią narodową. Polska jako państwo narodowe- uciskane, dzielone i czasem wchłaniane- walczyła o niezależny byt państwowy od niemal tysiąca lat. Polski nacjonalizm, zawile spleciony z Kościołem Rzymskokatolickim był skierowany przeciwko Rosjanom przez dobry kawał tego tysiąclecia. Sentymenty antyrosyjskie, antyradzieckie i antykomunistyczne, które są powszechne w Polsce, były wyraźnie odzwierciedlone w programie i działalności przywództwa „Solidarności”. Ironia jest w tym taka, że, gdyby kapitalistyczni restauratorzy „Solidarności” zdołali zebrać masy pod sztandarem polskiej „niepodległości” w zwycięskiej konfrontacji ze stalinistami, skutkiem byłaby przemiana Polski w nędzną półkolonię zachodniego kapitału finansowego.

W następstwie I wojny światowej i rewolucji bolszewickiej, Polska pojawiła się ponownie na mapie Europie jako niezależna władza państwowa po raz pierwszy od ponad wieku. Wraz z porażką Armii Czerwonej u bram Warszawy w sierpniu 1920 Polska, pod przywództwem marszałka Piłsudskiego, zdołała zaanektować znaczny kawałek nieruchomości w część Ukrainy, Białorusi i Litwy. Stalin na krótko odzyskał to terytorium (i nieco więcej) wskutek paktu Hitler-Stalin. Hitler następnie wchłonął zupełnie Polskę jako „zdobycz wojenną” w toku swojego feralnego pędu na wschód. Pod koniec wojny, gdy armia radziecka odparła nazistów, Stalin poważnie brał pod uwagę wchłonięcie Polski jak siedemnastej „socjalistycznej republiki rad”. Tylko szansa zawarcia układu ze światowym imperializmem w Jałcie przekonała go by pozwolić na ponowne pojawienie się odrębnego państwa narodowego. Lecz Polska z 1945 roku była o 22 procent mniejsza niż Polska z 1939. To, wraz z nieporadnym rosyjskim nacjonalizmem zwierzchników z Kremla, zagwarantowało przetrwanie narodowej wrogości do Sowietów, która w końcu rozkwitła jako kult Piłsudskiego w szczytowym momencie „Solidarności”.

Fizyczne położenie Polski i bliskość ZSRR jest faktem często przeoczanym przez tych samozwańczych radziecko-defensistowskich „trockistów” którzy szukaliby wymówki wyraźnie proimperialistyczne zakusy kierownictwa „Solidarności”. Polska to nie Finlandia. W realnym świecie, Polska ma ogromne znaczenie strategiczne w obronie ZSRR i zachowaniu skolektywizowanej własności w Europie Wschodniej. Była to główna droga lądowa użyta dla inwazji na Rosję zarówno przez Napoleona jak i Hitlera. Jeśli czołgi NATO pewnego dnia wyruszą by „wycofać komunizm” z ZSRR, też przyjdą poprzez Polskę. Gdyby Polska miała opuścić Układ Warszawski, NRD- główny sojusznik wojskowy Sowietów- byłoby odizolowane. Wszystkie prosocjalistyczne, antystalinowskie elementy w Polsce muszą odpowiedzieć na to pytanie wprost. Muszą powiedzieć: „Robotnicy rosyjscy! Jesteśmy waszymi braćmi- również jesteśmy komunistami! Walczymy z wrogiem naszym i waszym: partyjnymi biurokratami! Przyjdźcie nam z pomocą!”  Taki apel nie został nigdy poczyniony przez żaden element w „Solidarności”. Wałęsa i reszta klerykalnego przywództwa „Solidarności” wypatrywała zbawienia nie na wschodzie lecz na zachodzie.

Chłopstwo

W okresie bezpośrednio po wojnie Rosjanie, którzy mieli za sobą radziecką kolektywizację za Stalina, skłaniali się w Polsce ku natychmiastowej redystrybucji ziemi średnim i drobnym chłopom a potem gwałtownej kolektywizacji. Miały miejsce prowadzone bez przekonania próby przymusowej kolektywizacji (potem porzuconej) w okresie praktycznej wojny domowej między 1944 a 1947. Dziś więcej niż trzy czwarte ziemi uprawnej w Polsce jest w rękach drobnych chłopskich posiadaczy. Według spisu powszechnego z 1970 jakieś 57 procent prywatnych rolników posiadało mniej niż pięć hektarów. Ta warstwa jest często zwana „chłoporobotnikami” ponieważ jej dochód tylko częściowo pochodził z ziemi. Istnienie tej warstwy zapewnia stałe przenikanie się proletariatu i chłopstwa- czynnik który obrazowo pokazała obrona Solidarności Rolników Indywidualnych przez związek w 1981.

Jean-Yves Potel relacjonuje komentarz Wiesława Kęcika, „członka KOR odpowiedzialnego za sektor rolniczy” skierowany do francuskiego związkowca który jest zdumiony poparciem „Solidarności” dla chłopskich żądań indywidualnych tytułów własności do ziemi:

„Ziemia jest ich narzędziem. Ale rząd ma prawo przejąć każdy skrawek ziemi który leży odłogiem lub jest wystawiony na sprzedaż. Istnieje ciągła groźba „kolektywizacji”. Ponadto gdy chłop „źle uprawia swoją ziemię”, to mogą ją zabrać (…) Zażądać gwarancji indywidualnej własności jest, w pewnym sensie, zażądać gwarancji zatrudnienia i kontroli nad swoją pracą.” [7]

Kęcik dalej mówi, że chłopi „boją się że państwo przejmie ich ziemię. Więc wydają wszystkie swoje oszczędności. Te domy mają wszelkie wygody: centralne ogrzewanie, bieżącą wodę i toalety.” Niechęć chłopskiego posiadacza do inwestowania w mechanizację czy inne ulepszenia swoich gospodarstw znaczy w słowach Potela że: „Widać było raczej dekapitalizację prywatnego rolnictwa niż akumulację kapitału.” [8]

Daremne próby ugłaskania małorolnych, którzy stanowią bazę Kościoła Katolickiego i stanowią naturalny elektorat nurtów prokapitalistycznych, przyniosły dodatkową „korzyść” w postaci okaleczenia polskiego rolnictwa. Daniel Singer komentuje:

„Ekonomiczne wady tego systemu hybrydowego są oczywiste: z 30 procentami całkowitej siły roboczej nadal zatrudnionej w rolnictwie, Polska jest importerem netto żywności. Także i politycznie ten stan rzeczy jest poważną przeszkodą dla rządzących krajem. Planiści muszą uwzględniać reakcję chłopów jak i kaprysy natury. Kierownictwo partyjne musi liczyć się z faktem, że rządzi kraj w którym ponad jedna czwarta ludności to prywatni posiadacze.” [9]

Kościół

Gdy armia radziecka szła przez Europę Wschodnią w latach 1944-45, kraje przez nią wyzwalane były gospodarkami głównie rolnymi i opartymi na chłopach (za wyjątkiem Czechosłowacji). Nawet część Niemiec zajęta przez nich była głównie terytorium ziemskich junkrów ze wschodnich Prus. W każdym kraju staliniści, z których większość przyjechała w pociągu bagażowym armii radzieckiej, ostatecznie zabrali się za odtwarzanie politycznych i społecznych warunków ZSRR. Wiązało się to z programem forsownego uprzemysłowienia, przymusowej kolektywizacji rolnictwa i zduszenia wszelkich form sprzeciwu wobec nowych reżimów.

W „A History of the People’s Democracies” [„Historia demokracji ludowych”], Francois Fejto opisuje sytuację kościoła we wczesnych latach rządów stalinowskich:

„W momencie śmierci Stalina, większość przywódców Kościoła Katolickiego była w więzieniu (…) W Polsce kilku biskupów zostało aresztowanych w latach 1951-52, wbrew porozumieniu z 1950 między państwem a Kościołem, i jesienią 1953 prymas, abp Wyszyński, został umieszczony w areszcie domowym w klasztorze (…) Tysiące księży i opornych mnichów zostało uwięzionych lub internowanych w krajach wschodnich (…)

„Między 1945 a 1952 wszystkie demokracje ludowe zerwały stosunki dyplomatyczne z Watykanem, wydaliły nuncjuszy papieskich i potępiły istniejące konkordaty. Prasa katolicka została zredukowana do minimum. Tylko w Polsce edukacja religijna pozostała teoretycznie obowiązkowa, ale nawet i tam władze znalazły tysiąc jeden sposobów by obejść prawo.” [10]

Wrogość Moskwy do hierarchii duchownej była związana z nad wyraz antykomunistycznymi postawami Watykanu w poprzednim okresie. Pod okupacją nazistowską masa polskich duchownych wyrażała profaszystowskie sympatie:

„większość katolickiego duchowieństwa była mniej przychylna „Wiciom” (quasi-lewicowej organizacji młodzieży chłopskiej) niż faszystowskiej i antysemickiej sofisterii księży-posłów którzy dominowali w Sejmie. Dobrym przykładem był dobrze znany opat Trzeciak, który wykorzystywał katolicką gazetę codzienną „Mały Dziennik” by usprawiedliwiać rasistowską politykę Hitlera opierając się na papieskich encyklikach.” [11]

W ciągu 35 lat od przejęcia przez Sowietów Polski, Polska Zjednoczona Partia Robotnicza (PZPR) nigdy na poważnie nie rzuciła wyzwania panowaniu religijnej reakcji. Nawet w najgorszym okresie prześladowań Kościół nadal rósł i zdobywał wpływy. Niezdolny do zneutralizowania wpływów duchownych, w okresie post-stalinowskim reżim zmienił swój kurs. W 1956 Gomułka porzucił próby kolektywizacji rolnictwa i jednocześnie przywrócił nauczanie religii w szkołach i katolickich kapelanów w więzieniach i szpitalach. Zwrócił także cotygodniowy „Tygodnik Powszechny” (który został przejęty w 1953 za odmowę umieszczenia nekrologu Stalina na pierwszej stronie) pierwotnej redakcji. Stosunki kościół-państwo miały swoje przypływy i odpływy w ciągu ostatnich 30 lat, lecz na ogół staliniści ugłaskiwali Episkopat nieudanie usiłując usankcjonować swoje rządy.

Zakazując wszelkiej innej formy społecznego lub politycznego sprzeciwu, staliniści ustanowili moralny autorytet Kościoła w praktycznie wszystkich sektorach polskiego społeczeństwa. Antyklerykalne tradycje znacznych sektorów inteligencji i ruchu robotniczego z okresu przedwojennego zniknęły. Jeden z antykomunistów z zadowoleniem zauważył:

„w innych krajach rządzonych przez komunistów, gdzie Kościołowi brakowało dojścia do młodzieży czy, z powodów historycznych został odizolowanych od wielkich sektorów społeczeństwa, rosnący wstręt do komunizmu, jego zepsuciu, autorytaryzmu i, przede wszystkim, jego systematycznego kłamania, stopniowo przerodziła się w cyniczny konformizm lub rezygnację, po której następowało wewnętrzne wycofanie. W Polsce, ponieważ większość ludzi utożsamiała się z tradycyjnymi kościelnymi wartościami patriotyzmu i uczciwości, jego autorytet moralny wśród ludności wzrastał szybko.” [12]

„Autorytet” moralny zdobyty przez episkopat przełożył się na znaczącą czasową siłę przebicia poprzez „Solidarność”. Kościół Rzymskokatolicki w Polsce nie jest instytucją klasowo neutralną. Jest oddany zachowaniu kapitalistycznego porządku światowego na arenie międzynarodowej, zniszczeniu ateistycznego marksizmu i zachowaniu najświętszej ze wszystkich świętości- własności prywatnej. Są to fakty które nie znikną gdy zignoruje się msze w fabrykach, flagi papieskie, Matki Boskie i procesje religijne.

Były wewnątrz hierarchii różnice zdań co do tego, jak wykorzystać swoje wpływy. Kardynał Glemp, podążając tradycją kardynała Wyszyńskiego, był skupiony przede wszystkim na zwiększeniu jej kontroli nad edukacją i dostępem do środków masowego przekazu. W tym celu Kościół dążył do pozowania na mediatora między „Solidarnością” a reżimem, jednocześnie korzystając z każdej okazji do głoszenia wiary wśród miejskiej klasy robotniczej. Nowo zainstalowany polski papież miał bardziej interwencjonistyczne zapędy. Oliver MacDonald opisuje orientację Jana Pawła II:

„Dalece mniej zdenerwowany ruchem ludowym niż Wyszyński, papież był zainteresowany współpracą i hegemonizowaniem jego świeckich sił. W porównaniu z Wyszyńskim stonował tradycyjny polski nacjonalizm i zamiast tego zachęcał ruch do patrzenia na zachodnie państwa burżuazyjne jako na swój dom.” [13]

Polityczny wpływ antyrobotniczej hierarchii katolickiej dobitnie pokazała tryumfalna podróż papieża do Polski latem 1979- wydarzenie które powszechnie wiązano z wybuchem w Gdańsku następnego lata. W „The Road to Gdansk” [„Droga do Gdańska”] Daniel Singer dostarczył następującego opisu:

„Gdy polski papież, Jan Paweł II, odwiedził swoją ojczyznę w 1979, zbierając ogromne i entuzjastyczne tłumy, dominując na scenie politycznej, przemawiając niczym duchowy pan kraju, jego apoteozę można było interpretować jako ostrą krytykę w 35. roku jej istnienia. Jego tryumf był certyfikatem ideologicznego i politycznego bankructwa rzekomo komunistycznego reżimu. Osąd może się wydać surowy; w końcu Polska była pobożnym katolickim krajem także i przed wojną. Bezsprzecznie. Ale w tym czasie istniał także antyklerykalny trend wśród socjalistów, komunistów i postępowej inteligencji którzy wszyscy sprzeciwiali się kościłowi jako instytucji wspierającej obszarników, błogosławiącej kapitalistę, flirtującej z antysemityzmem i żyjącej w grzechu z Piłsudskim i jego pułkownikami. Potęga Kościoła opierała się  wtedy na zacofaniu narodu trzymanego w mrokach i na wsparciu możnych. Nawet bezpośrednio po wojnie Kościół Katolicki nadal wyglądał i działał jak obrońca własności i przywileju przeciwko wszelkiej postępwej reformie. Następnie, jeśli mogę tak powiedzieć, reżimowi udało się nadać mu nowe dziewictwo.

„Zrobił to, krótko mówiąc, nie będąc zdolnym do dostarczenia alternatywy i plamiąc przez swój fałszywy i despotyczny reżim samo imię socjalizmu.” [14]

Tragedią polskiej klasy robotniczej jest to, że dekady stalinowskich represji politycznych, złamanych obietnic reform, ostentacyjnego skorumpowania i karygodnego złego zarządzania gospodarczego wpędziły miliony proletariuszy w ramiona klerykalno-nacjonalistycznej reakcji. Stalin miał zlekceważyć Watykan jako ważny czynnik w światowej polityce pytając jak wiele dywizji papież mógł wystawić. Być może największą zbrodnią polskiego stalinizmu jest to, że dostarczył papieżowi „dywizji”.

III. Geneza „Solidarności”

W Europie i Ameryce lata 70. przyniosły dramatyczne cofnięcie się radykalnej fali roku 1968. W Europie Zachodniej zdemoralizowana dawna Nowa Lewica znalazła dom w socjaldemokracjach, podczas gdy w Ameryce jej odpowiednicy wstąpili do Partii Demokratycznej. W obu przypadkach warstwy te ciążyły ku polityce biurokracji związkowej. Jednak w Polsce jedyną potężną niezależną od państwa instytucją społeczną był Kościół Katolicki.

Jan Kott, emigrant z opozycji roku 1968 który powrócił do Polski w 1979, zarejestrował reakcyjny dryf w przejściowej dekadzie:

„Trzy nazwiska były namiętnie podkreślane: Dmowski [przywódca prawicowej Narodowej Demokracji], Piłsudski i Daszyński [przywódca Polskiej Partii Socjalistycznej Piłsudskiego]. Przez jakiś czas po prostu nie mogłem pojąć co się stało. Przecierałem oczy. Co to przypominało? W której emigracji londyńskiej, w jakiej anachronistycznej Warszawie się znalazłem? Przed wojną… ale przed którą wojną, drugą? Nie, przed pierwszą!” [15]

Przykładem ewolucji krytyków reżimów w latach 70. stali się tacy ludzie jak Jacek Kuroń i Adam Michnik. Michnik, podobno „gorliwy marksista we wczesnej młodości” napisał książkę zatytułowaną, znacząco, „Kościół. Lewica. Dialog” opublikowaną w 1977 we Francji. Czesław Miłosz w przedmowie do zbioru esejów Michnika z 1985 roku opisuje tą książkę jako „decydujący zwrot w politycznym klimacie jego kraju” ponieważ Michnik proponował teraz sojusz między kościołem a decydentami w walce o „wolność”.

Do połowy lat 70. Kuroń także przebył całkiem spory dystans od ogólnie lewicowej krytyki stalinizmu wysuniętej w jego słynnym „Liście otwartym” z 1965 do PZPR. W owym czasie Kuroń, i jego współmyśliciel Karol Modzelewski wzywali do utworzenia milicji robotniczej jako wyłącznej władzy politycznej i ekonomicznej. Skarżyli się że „biurokratyczna  i reakcyjna dyktatura faworyzuje tradycyjną prawicę polityczną” i ostrzegali przed „politycznie prawicowymi ugrupowaniami i nurtami przewodzonymi przez hierarchię kościelną, trzymającymi się starych frazesów reakcyjnej ideologii.” [16] Dzień po rozprowadzeniu „Listu otwartego” zostali aresztowani i oskarżeni o wzywanie do „obalenia przemocą” państwa. Gdy zostali skazani, Kuroń i Modzelewski wraz ze swoimi zwolennikami na sali sądowej zaśpiewali „Międzynarodówkę”.

Ale parę lat później Kuroń śpiewał inną piosnkę. Odkrył że „ruch katolicki walczy o przywrócenie wolności sumienia i ludzkiej godności.” Zaproponował, żeby Polska „dążyła do statusu podobnego do Finlandii: demokracji parlamentarnej z ograniczoną niezależnością na polu polityki zagranicznej tam gdzie bezpośrednio dotyka to interesów ZSRR.”[17] Ta fuzja burżuazyjnego „pluralizmu”, polskiego nacjonalizmu i męsko-szowinistycznego katolicyzmu miała stać się centralną osią programu „Solidarności”.

W 1976 Kuroń i Michnik założyli KOR (Komitet Obrony Robotników), socjaldemokratyczne ugrupowanie dysydenckich intelektualistów i działaczy politycznych. KOR zrodził się jako komitet obrony bojowników prześladowanych za sprzeciw wobec podwyżek cen w 1976. Wkrótce zaczął demaskować i nagłaśniać szeroki wachlarz biurokratycznych okrucieństw. Kolebką politycznego programu „Solidarność” były „latające uniwersytety” zorganizowane przez KOR, gdzie dysydenccy intelektualiści wykorzystywali kościoły jako sale szkolne do udzielania wykładów na tematy zakazane przez państwo. W Krakowie ówczesny arcybiskup Wojtyła (teraz papież Jan Paweł II) był entuzjastycznym zwolennikiem tego przedsięwzięcia.

Do 1979 sympatycy KOR zaczęli wydawać cotygodniową na poły podziemną gazetę, „Robotnik”, o szacowanym nakładzie dziesięciu do dwudziestu tysięcy. Kadry KOR miały odgrywać kluczowe role jako wpływowi doradcy w życiu „Solidarności”. Jeden młody gdański robotnik powiedział usłyszawszy Michnika: „Niektórzy z nas, włącznie ze mną, mieli wątpliwości co do intencji, środków i pochodzenia KOR. Teraz wiem że „Solidarność” wyszła z KOR. Oni powiedzieli to wcześniej, teraz to my to mówimy.” [18] Robotnica w wywiadzie z Alainem Touraine trafnie zhermetyzowała genezę „Solidarności”: „KOR dał nam do myślenia, papież dał nam odwagi.” [19]

Poparcie KOR dla demokracji parlamentarnej, tak jak jego poparcie dla zwiększonej „wolności” rynkowej, miało znaczny urok dla robotników poddanych trzem dekadom stalinowskiej represji politycznej i niekompetencji. Spotkała się także z pełną sympatii odpowiedzią z Białego Domu. Timothy Garton Ash wyjaśnia:

„Na początku roku 1977 najbardziej aktywni młodzi członkowie KOR zostali aresztowani, a materiały zebrane na potrzeby procesu. Potem, w lipcu 1977, wszystkim całkiem niespodziewanie uzyskali amnestię(…) Przed 1977 rokiem Gierek był już w rozpaczliwych tarapatach finansowych, podczas gdy „proces helsiński” szedł pełną parą a administracja Cartera poczyniła najwyraźniejsze „sprzężenie” pomiędzy komponentami ekonomicznymi i prawno-ludzkimi detente’y. Tego roku zarówno kanclerz Schmidt jak i prezydent Carter odwiedzili Warszawę. Na konferencji prasowej Carter głośno chwalił polski rejestr w prawach człowieka i tolerancji religijnej, w następnym oddechu ogłaszając kolejne 200 milionów dolarów amerykańskich kredytów. „Sprzężenie” nie mogło być bardziej wyraźne.” [20]

Ekonomiczna katastrofa Gierka

„Solidarność” przyszła na świat w kwietniu 1980 jako odpowiedź polskich robotników na głęboki kryzys gospodarczy wywołany przez stalinowski reżim. Do końca lat 70. stało się jasne, że usiłowania reżimu Gierka stworzenia napędzonego eksportem wzrostu poprzez oddanie gospodarki w hipotekę zachodnim bankom było kolo9salną porażką. Dochody z eksportu, które miały podnieść  krajową konsumpcję i standardy życiowe, były zamiast tego wykorzystane do spłacania nagromadzonych długów.

Polska gospodarka kuśtykała od stalinowskiej polityki zjednywania chłopskich rolników. Mały rozmiar ich gospodarstw uczynił mechanizację niewykonalną. Jednocześnie niechęć małorolnych do reżimu oznaczała, że próby zachęcania ich do nabywania więcej ziemi i kupowania traktorów miały nieistotne rezultaty. Jedynym sposobem by ci drobnokapitalistyczni rolnicy mogli zostać nakłonieni by wytwarzać więcej było zwiększenie cen im płaconych. Ale to groziło konfrontacją z klasą robotniczą, która historycznie sprzeciwiała się podwyższonym cenom żywności. „Rozwiązaniem” biurokratów był wyszukany system dotacji państwowych który pochłaniał wciąż rosnącą część dostępnej nadwyżki społecznej. W ciągu lat 70. krajowa produkcja żywności stała w miejscu; ale dochody chłopów (i dotacje państwowe) nadal rosły. Do 1977, szacowano że dotacja liczyła 70 procent ceny detalicznej żywności w sklepach.

W 1980, po tym jak imperialistyczni finansiści w końcu przykręcili kurek z kredytem dla reżimu, Gierek był zmuszony podnieść ceny mięsa. To zdetonowało potężną falę oporu klasy robotniczej, tak jak poprzednie zapowiadane podwyżki cen w 1970 i 1976. Ale kryzys reżimu był o wiele poważniejszy w 1980 niż wcześniej. Tym razem masa robotników, w tym większość tych którzy należeli do PZPR- jakieś 10 procent proletariatu przemysłowego- straciła wiarę we wszystkie skrzydła rządzącej elity. Wcześniejsze zrywy nie stworzyły nowych struktur organizacyjnych, podczas gdy fala strajkowa sierpnia 1980, która błyskawicznie rozprzestrzeniła się z Gdańska po kraju, dała początek „Solidarności”, pierwszemu niezależnemu związkowi zawodowemu w zbiurokratyzowanym państwie robotniczym.

Porozumienie gdańskie z 1980

Układy gdańskie i szczeciński odzwierciedlały stosunek sił istniejący jesienią roku 1980. Adam Michnik spostrzegł: „Dla obu stron ten kompromis był małżeństwem z rozsądku, nie miłości.” [21] Aparat stalinowski zezwolił na stworzenie prawdziwie „samorządnego” związku zawodowego. W zamian za to „Solidarność” zgodziła się respektować stalinowską zasadę „przywódczej roli” PZPR i  respektować społeczną własność środków produkcji. O ile byśmy sprzeciwiali się klauzuli o „przywódczej roli” i wezwaniu do „dostępu dla mediów masowych przez organizacje religijne w toku ich aktywności religijnych”, strajk sierpniowy jak i większość warunków ugody były z pewnością godne poparcia. Trockiści mogli tylko być zadowoleni ze wzmocnienia pozycji polskich robotników wobec stalinowskich biurokratów i ich aparatu policyjnego. Jednocześnie koniecznym było wystąpić stanwczo przeciwko coraz bardziej prozachodniemu i klerykalnemu odchyleniu przywództwa związku.

Ale sierpniowe porozumienie gdańskie mogło stanowić tylko tymczasowe rozwiązanie konfliktu. W okresie podupadającej produkcji z szybującym długiem międzynarodowym, utopijnym było spodziewać się że „polityka” która miała być wyłączną domeną PZPR mogła być na dłuższą metę oderwana od ekonomiki. W ciągu zimy i wiosny 1980-81 sam sukces „Solidarności” oznaczał że była ona koniecznie zmuszona do postawienia odpowiedzi na poziomie gospodarki jako całości.

Biorąc pod uwagę klerykalno-nacjonalistyczny charakter przywództwa związkowego, nie jest wielce zadziwiającym że ich „reformy” nie miały za przesłanki obrony upaństwowionej własności w środkach produkcji.

Kryzys bydgoski: „Solidarność” na krawędzi

Krytyczna konfrontacja między „Solidarnością” a reżimem nadeszła późnym marcem 1981. Problemem była legalizacja „Solidarności Rolników Indywidualnych”- kułackiego „związku” zapoczątkowanego by utrzymać kolosalny haracz jaki stanowiły dotacje państwowe udzielane niewydolnym prywatnym wytwórcom rolnym. Hierarchia katolicka, która historycznie opierała się na polskim chłopstwie, była zdeterminowana uzyskać uznanie [przez rząd] Solidarności Rolników Indywidualnych, i interweniowała bezpośrednio z rządem w kilku przypadkach.

19 marca 1981 200 milicjantów wtargnęło do prefektury w Bydgoszczy, i pobiło Jana Rulewskiego, miejscowego przywódcy „Solidarności” który spotykał się z grupą członków „Solidarności Rolników Indywidualnych”. Doprowadziło to do jednogodzinnego strajku ostrzegawczego 27 marca milionów robotników z „Solidarności”. Przywództwo „Solidarności” zagroziło wszczęciem nieograniczonego strajku generalnego 30 marca jeśli żądania nie zostały spełnione. Stojąc w obliczu robiącemu wrażenie i zdecydowanemu pokazowi siły robotników Polski (w tym znacznej części szeregów PZPR), reżim ustąpił i zgodził się uznać Solidarność Rolników Indywidualnych.

„Solidarność” wygrała rundę w Bydgoszczy, ale chęć kierownictwa by osiągnąć porozumienie z rządem- na co naciskał episkopat- wywołało niezadowolenie między elementami jej bazy która uważała, że można było wymusić więcej ustępstw. W tym przypadku Wałęsa zadziałał jako agent hierarchii wewnątrz przywództwa „Solidarności”, i ostatecznie dopiął swego. Zdaniem Wałęsy: „Co zdarzyło się naprawdę to to, że groził nam rozłam; zwłaszcza oderwanie się od Kościoła. W takich chwilach trzeba się wycofać.” [22] Ale nie wszyscy byli zadowoleni z rezultatów. Oliver MacDonald wyjaśnił że w następstwie Bydgoszczy:

„Masy dążyły do dryfowania w innych kierunkach gdy kryzys gospodarczy dawał się odczuwać coraz mocniej i gdy „Solidarność” nie wydawała się silna na tyle by rozwiązać ich problemy. Niektórzy zaczęli tęsknić za silnym rządem jakiegokolwiek rodzaju, inni wszczynali dzikie strajki na własną rękę, poza kontrolą kierownictwa „Solidarności”. Co się tyczy działaczy ruchu, zaczęli oni szukać bardziej radykalnych politycznych odpowiedzi na kryzys, wychodząc poza czysto trade-unionistyczne perspektywy.” [23]

IV. Zjazd z 1981- „Solidarność” przekracza Rubikon

Gdy Tymczasowa Komisja Koordynacyjna (TKK) „Solidarności” wyszła z podziemia w 1985, jej program gospodarczy zawierał następujące żądania:

„- Obok państwowej własności w gospodarce krajowej powinno być miejsce dla szerokiego zakresu prywatnej własności który powinien objąć przemysł (…) Uczciwa konkurencja powinna zadecydować jaki rodzaj własności będzie dominował na różnych polach gospodarki krajowej.

„- Obok banków centralnych powinny być banki  depozytowe, działające jako niezależne przedsiębiorstwa i odnoszące zyski przez pożyczanie na procent.

„- Obok rynku dóbr i usług, powinien być rynek papierów wartościowych, pozwalający każdemu kupować akcje i obligacje, by stał się jednym ze źródeł kapitału dla rozwoju przedsiębiorstw.

„- (…) Ceny należy pozwolić ustalić rynkowi.

„- W przypadku nierentownych przedsiębiorstw, należy mocno trzymać się zasady bankructwa i niewypłacalności 

„- Prywatny kapitał zagraniczny powinien mieć prawnie zagwarantowane warunki bezpiecznego inwestowania w Polsce, także w formie, między innymi, wspólnych prywatno-państwowych spółek kapitałowych.” [24]

Obok „zarządu robotniczego” mamy „robotniczą” giełdę, „robotnicze” prywatne banki, prywatne inwestycje zagraniczne, i, oczywiście, „robotnicze” bankructwo i kolejki bezrobotnych. Większość socjalistów nie miałoby problemu zidentyfikować te żądania jako wezwanie do przywrócenia gospodarki napędzanej konkurencją na rynku- tj. kapitalizmu. Ale postulaty z 1985 były w istocie te same co zorientowane na rynek propozycje przyjęte przez kongres „Solidarności” cztery lata wcześniej.

Zjazd Krajowy z 1981: demokratyczny i autorytatywny 

Do jej zjazdu krajowego we wrześniu-październiku 1981, charakter „Solidarności” był historycznie nieokreślony. Z jednej strony, „Solidarność” była wytworem zrywu masy polskiej klasy robotniczej- w tym jednej trzeciej szeregowych członków rządzącej PZPR. Z drugiej strony była zdominowana przez grupę ludzi związanych z Kościołem Katolickim i lubujących się w „demokratycznych” imperialistach. (Zimą 1980 Wałęsa powitał wybór Reagana jako „dobry znak” dla Polski). Wałęsa i jego kolesie byli powszechnie uznawani jako przywódcy ruchu, lecz nie mieli mechanizmu narzucenia swojej woli, ani wszelkiego jasnego mandatu od swojej bazy.

Ta anomalna sytuacja została rozwiązana przez zjazd delegatów związku. Było to skrajnie demokratyczne, w pełni reprezentatywny i tym samym niekwestionowanie autorytatywne zgromadzenie. Lawrence Weschler donosi:

„Licząc zaledwie rok, „Solidarność” nie tylko zdobyła członkostwo około dziesięciu milionów, lecz, poprzez skomplikowany, zdecentralizowany proces, udało się jej nawet uwzględnić całe dziesięć milionów w szeregu oddolnych głosowań, miejscowych prawyborów i regionalnych zjazdów które w końcu wybrały przedstawicieli którzy zgromadzili się w sali.” [25]

Delegaci zostali swobodnie wybrani na miejscowych i regionalnych zjazdach. Na zjeździe zachęcano do otwartej debaty, i każdy delegat miał wolność do zabrania głosu w każdej kwestii. Po wstępnej sześciodniowej sesji, która rozpatrzyła wachlarz różnych propozycji, delegaci powrócili do swoich okręgów celem konsultacji i odebrania instrukcji.

Timothy Carton Ash opowiedział o rozważaniach jakie zaowocowały końcowym programem:

„W przerwie między dwiema turami [zjazdu], ponad setka delegatów zorganizowanych w trzynaście grup roboczych spędziły kilka tysięcy godzin dyskutując nad ostatecznym szkicem programu zawierającym osiem „rozdziałów” i trzydzieśce siedem „tez”. Druga tura Zjazdu następnie debatowała i głosowała nad każdym pojedynczym rozdziałem, włączając liczne poprawki zaproponowane na sali.” [26]

Jak skomentował Touraine: „skrupulatna formalna demokracja była gwarantem prawomocności ruchu i postawiły decyzje Zjazdu poza wszelką możliwą dyskusję.” [27]

Program gospodarczy „Solidarności”: restauratorski dokument

Ten dogłębnie demokratyczny proces poskutkował polityczną wykrystalizowaniem się „Solidarności” jako prokapitalistycznego ruchu politycznego. O ile bez wątpienia obejmowała masę polskiej klasy robotniczej, „Solidarnść” nie była już po prostu związkiem robotniczym. Jej program głosił: „Jesteśmy organizacją łączącą cechy związku zawodowego i wielkiego ruchu społecznego.” W rzeczy samej większość niemal 900 delegatów na zjazd nie była robotnikami.

Program ostatecznie przyjęty w październiku 1981 dostarcza najdokładniejszą możliwą miarę politycznego charakteru tego ruchu społecznego. Jest to dokument którego nie można zbyć jako „niewystarczający”, „częściowy” czy „sprzeczny” jak chcieliby to niektórzy obrońcy. Wiele z żądań wysuniętych w programie „Solidarności” (który przedrukowaliśmy jako załącznik do tej broszury) dotyczy kwestii o marginalnym znaczeniu; wezwanie do odpowiedniego ogrzewania i żywności dla osób starszych czy ochrony środowiska same w sobie nie budzą sprzeciwu. Ale są też politycznie bez znaczenia. Istotą dokumentu jest propozycja radykalnej rozbiórki polskiej gospodarki na rzecz „nowego systemu gospodarczego i społecznego” w którym siły rynkowe miałyby najwyższą władzę.

Proponujemy przeanalizować kilka kluczowych sekcji programu. Dokument składa się z ośmiu sekcji i zawiera trzydzieści siedem tez. Wiele z tych tez ma podpunkty. Dla wygody odniesienia wskażemy położenie cytowanego materiału następująco: sekcja (oznaczona cyfrą rzymską); numer tezy i numer podpunktu (jeśli jest). Tak więc „III.1.1” odnosi się do sekcji trzeciej, tezy pierwszej, podpunktu pierwszego.

„Struktura organizacyjna gospodarki służąca systemowi nakazowemu musi zostać rozbita. Konieczne jest rozdzielenie organów administracji gospodarczej od władzy politycznej.”
– III.1.1

„Biurokratyczne bariery, uniemożliwiające działanie rynku, muszą zostać zniesione. Centralne organy administracji gospodarczej nie mogą narzucać przedsiębiorstwom rejonów i sfer działania, ani wyznaczać im dostawców i odbiorców. Przedsiębiorstwa będą mogły swobodnie działać w obrocie wewnętrznym, z wyjątkiem dziedzin wymagających koncesji.
Działalność w sferze handlu zagranicznego również winna być bezpośrednio dostępna każdemu przedsiębiorstwu.(…) Ceny większości towarów powinny być określone poprzez popyt i podaż.”
– III.1.3

Wezwanie do „zniesieniu biurokratycznych barier uniemożliwiających działanie rynku” nie jest programem reformy systemu znacjonalizowanej własności. Podział między polityką a gospodarką jest właśnie cechą charakterystyczną gospodarki rynkowej; w skolektywizowanej, planowej gospodarce te dwie rzeczy są połączone. Usunąć bariery dla swobodnego działanie rynku oznacza demontaż centralnego planowania. To propozycja fundamentalnej przemiany stosunków własności- tj. kontrrewolucji społecznej.

Zdanie „działalność w sferze handlu zagranicznego również winna być bezpośrednio dostępna każdemu przedsiębiorstwu” oznacza to co mówi: państwowy monopol na handel zagraniczny ma zostać zniesiony. Ta propozycja demontażu monopolu handlu zagranicznego, który Trocki zastrzegł jako istotne następstwo upaństwowionej własności jest powtórzona w III.3.2:

„Należy wykorzystać zbędne zapasy materiałów, maszyn i urządzeń poprzez ułatwienie ich sprzedaży za granicą i odsprzedaż prywatnym zakładom produkcyjnym w kraju. Konieczne jest zniesienie ograniczeń, które utrudniają obecnie działanie tym zakładom.”

Jest to gołe żądanie ustanowienia rynku środków produkcji i usunięciu ograniczeń prawa przedsiębiorstw do sprzedaży środków produkcji na międzynarodowym rynku kapitalistycznym- innymi słowy, destrukcji robotniczych form własności.

Bezrobocie, nędza, regionalne dysproporcje: „reforma” „Solidarności”

„Głównym sposobem przywracania równowagi rynkowej musi być wzrost \produkcji i podaży towarów. Przywracanie równowagi rynkowej w krótkim czasie nie będzie jednak możliwe tą drogą. Niezbędne jest także zmniejszenie popytu rynkowego.”
-III.4.

Jest to antycypacja obniżonych standardów życia jako jednego z „kosztów społecznych” przywrócenia równowagi rynkowej. Obok bezrobocia i ograniczonych standardów życiowych, program przewiduje ogromne dysproporcje między przedsiębiorstwami i regionami jako część „nowego porządku gospodarczego”

„Z reformą gospodarczą łączy się niebezpieczeństwo dużych nierówności płacowych i socjalnych między zakładami pracy i między regionami. Musimy stworzyć warunki dla ich łagodzenia.

W tym celu dążyć będziemy do:

Przejmowania przez autentyczne samorządy terytorialne urządzeń socjalnych zakładów pracy i rozwijania przez nie działalności socjalnej pozostającej dotychczas w gestii przedsiębiorstw.

Utworzenia pozostających pod kontrolą społeczną krajowych funduszów socjalnych, umożliwiających przepływ środków w celu łagodzenia różnic międzyregionalnych.”
-III.8

Twórcy „nowego porządku społecznego i gospodarczego” zarysowanego w programie „Solidarności” z 1981 wiedzieli, że napędzana rynkiem gospodarka wiązałaby się z realnymi kosztami dla klasy robotniczej, w tym bezrobociem i wzrostem regionalnych dysproporcji. Dlatego przyczepili nieco retoryki o zadbaniu o ofiary w stylu burżuazyjnych polityków którzy obiecują „sieć bezpieczeństwa” łapiącą tych którzy wypadają przez szpary wolnorynkowego wyzysku.

W gospodarce planowej nie ma potrzeby dla pomocy dla bezrobotnych, ani dla specjalnego funduszu dla przeciwdziałania dysproporcjom na poziomie regionów i fabryk; te są potrzebne tylko wtedy, gdy prawo wartości określa produkcję. W gospodarce planowej robotnicy nie są nagradzani przez zyskowność swojego danego przedsiębiorstwa. Nie ma strukturalnego bezrobocia. Ci którzy napisali pakiet „reformy” gospodarczej „Solidarności” wiedzieli o czym mówili mimo alibi swoich „trockistowskich” cheerleaderek.

Poddanie się kułakom

„Należy zasadniczo zwiększyć udział gospodarki chłopskiej w przydziałach środków produkcji, a szczególnie maszyn i narzędzi rolniczych, nawozów, środków ochrony roślin i pasz, zwłaszcza wysokobiałkowych. Pozwoli to na zwiększenie produkcji żywności, gdyż gospodarka chłopska jest efektywniejsza od gospodarki uspołecznionej.”
– III.3.4

Oto mamy wyraźnie prokapitalistyczne żądanie które lewicowi apologeci „Solidarności” na ogół ignorują. Polscy drobni chłopscy rolnicy nie są wydajni- ich niski poziom produktywności jest pętem dla gospodarki. Warstwa kułacka, której reforma „Solidarności” miała przynieść korzyści, jest znacznie bardziej wydajna niż małorolni. Jean Yves-Potel opisuje takiego osobnika, „wielkiego posiadacza ziemskiego”:

„Mężczyzna był w wieku około 40 lat. Jego żona nie pracowała, a on zatrudniał robotnika. Jego dom był wielki i nowy, zbudowany w stylu domu francuskiego lekarza. Pokoje były udekorowane d przesady, i w złym guście. Oto był nuworysz popisujący się swoimi pieniędzmi. Oprowadził ich po salonie: wykładziny od ściany do ściany i dobrze wyposażony barek- szampan, likiery, aperitify(…) Na zewnątrz trawnik był bez skazy. Garaż był również dobrze wyposażony, z małą ciężarówką i eleganckim mercedesem. Zabrał swoich gości na obchód po szklarniach. Były dobrze utrzymane: zgodnie z porą roku mieściły kwiaty lub warzywa.

Ogrodnik zorientowany na rynek był przychylnie nastawiony do związku chłopskiego, i rzeczywiście już do niego wstąpił. Andre zapytał wiceprzewodniczącego związku, którzy przyszedł z nimi: „Czy tacy członkowie nie stanowią wam problemów?”

„Wszyscy chłopi mają prawo do wstąpienia do związku.””[28]

„Solidarność Rolników Indywidualnych” był nieuchronnie politycznym narzędziem dla tej jednostki i innych jej podobnych.  Warstwa ta wywierała na wsi wpływ niewspółmierny do jej liczby. Wsparci przez miliony drobnokapitalistycznych rolników, blisko związani z hierarchią duchowną, kułacy stanowili integralny składnik bazy społecznej dla restauracjonizmu w Polsce. Program „Solidarności” proponował przekierowanie zasobów ze skolektywizowanych gospodarstw by przyspieszyć rozwój tej warstwy. Jak nam wiadomo żaden z legionu „trockistowskich” adwokatów Wałęsy, którzy pojmują „Solidarność” jako ruch o właściwie „socjalistycznej” dynamice nie był do tej pory w stanie wyjaśnić jak korzenie się przed kułakami miało promować interesy polskich robotników.

Projekt samorządności „Solidarności”

„Należy zbudować nową strukturę organizacyjną gospodarki. Podstawową jednostką organizacyjną gospodarki powinno stać się przedsiębiorstwo społeczne (…) Prowadzić będzie samodzielną działalność na zasadach rachunku ekonomicznego. Państwo powinno wpływać na jego działalność za pośrednictwem przepisów i środków ekonomicznych – cen, podatków, oprocentowania kredytów, kursów walutowych itp.”
– III.1.2

Jej lewicowi apologeci często wskazują na żądanie robotniczego „samorządu” w gospodarce przez „Solidarność” jako na postępową, prorobotniczą stronę jej programu. Lecz dla każdego komu znane są podstawowe zasady socjalizmu jasnym powinno być że ta propozycja nie ma nic wspólnego z walką klasy robotniczej o wyrwanie kontroli nad planowaniem gospodarczym z rąk biurokracji. „Samorząd” opracowany przez „Solidarność” oznaczał „uwolnienie” każdego przedsiębiorstwa od centralnego planu. Każda fabryka byłaby niezależna, a centralne władze mogłyby wpływać na produkcję jedynie pośrednio. Każde przedsiębiorstwo określałoby swoją działalność w zgodzie z „rachunkiem ekonomicznym”- to znaczy, zysku i straty. Ustanowiłoby to zasadnicze warunki wstępne przejścia na system kapitalistycznej własności prywatnej.

Nie trzeba być trockistą by zrozumieć znaczenie „samorządności” proponowanej przez „Solidarnosć”. Garton Ash podsumował ją następująco: „”Społeczne przedsiębiorstwo” „działałoby niezależnie na podstawie rachunku ekonomicznego” (tj. przynoszenia zysku).” [29] Lawrence Weschler zauważył:

„Są różne projekty samorządu, ale zasadnicza idea brzmi mnie więcej tak: przedsiębiorstwo (fabryka, wydawnictwo, linia lotnicza czy cokolwiek innego) byłoby wspólną własnością robotników którzy nim kierują. (Dziś należy ono do państwa, które z kolei rzekomo- ale tylko rzekomo- należy do robotników.) Robotnicy wybieraliby radę przedstawicielską, podlegającej stałemu przeglądowi jak i możliwości odwołania, i rada wyznaczałaby kierownika, który byłby odpowiedzialny jedynie przed radą. Państwo wywierałoby swój wpływ przez instrumenty ekonomiczne (podatki, cła, kredyty inwestycyjne itd.) czy prawa normatywne (regulacje, standardy zanieczyszczenia itd.), ale poza tym nie mieszałoby się i pozwalało swobodnej grze rynku zracjonalizować gospodarkę.” [30]

Mienszewicy i socjal-rewolucjoniści w Związku Radzieckim nie wzywali otwarcie to zwrócenia środków produkcji burżuazji- chcieli jedynie zrobić trochę więcej miejsca dla sił rynkowych. Gdy centralnie administrowana gospodarka jest rozbita na autonomiczne jednostki których wzajemnym oddziaływaniem kieruje „rachunek ekonomiczny”, skolektywizowana własność istnieje już tylko z nazwy. Pisząc w 1928, Trocki antycypował istotę samorządu „Solidarności” jako krytyczny moment w przejściu z powrotem na gospodarkę rynkową.

„Trusty i pojedyncze fabryki zaczną żyć niezależnym życiem. Nie pozostanie ani ślad po planowych początkach, tak obecnie słabych. Walka ekonomiczna robotników przybierze zakres ograniczony tylko przez stosunek sił. Państwowa własność środków produkcji najpierw zostanie przemieniona w prawną fikcję, a później nawet i ta zostanie zmieciona.” [31]

Spotkaliśmy się z kilkoma „głębokimi myślicielami” pośród hord rzekomo „radziecko-defensistowskich” pseudotrockistów którzy starają się znaleźć wymówkę dla otwarcie prokapitalistycznego programu „Solidarności” wskazując na zorientowaną na rynek „pierestrojkę” przetaczającą się obecnie przez blok radziecki. Są gotowi przyznać, że Wałęsa i spółka byli kontrrewolucyjni i prokapitalistyczni, ale twierdzą, że staliniści nie są lepsi.

Trockiści sprzeciwiają się propozycjom „socjalizmu rynkowego” Gorbaczowa właśnie dlatego, że wzmocnią wewnętrzne siły restauracjonistyczne. Ale koniecznym jest rozróżnienie między propozycjami wysuwanymi przez ludzi takich jak Wałęsa którzy są związani z imperialistami ideologicznie i praktycznie, a tymi wysuwanymi przez stalinowskich biurokratów których przywileje wywodzą się z ich roli jako dozorców upaństwowionej własności. Biurokracja rodzi i promuje nurty restauracjonistyczne, ale nie może, jako całość, wziąć w objęcia kapitalizmu nie znosząc swojej własnej funkcji społecznej i likwidując samej siebie. Wałęsa, hierarchia duchowna, prywatni rolnicy i proimperialistyczni „socjaliści” z KOR nie mają podobnego przywiązania do zasady planowania. [32]

Solidarność odrzuca listek figowy socjalizmu

Żeby nie było wątpliwości co do kierunku ekonomicznych propozycji „Solidarności”, pouczającym jest zwrócić uwagę na reakcję zjazdu na to, co może być jedynymi dwoma przypadkami kiedy słowo „socjalizm” zostało w ogóle wspomniane. Timothy Garton Ash zauważa:

„Słowo „socjalizm” nie pojawia się w programie. Pierwszy szkic intelektualistów uznał dług wobec „socjalistycznej myśli społecznej” obok chrześcijańskiej etyki, tradycji narodowych i polityki demokratycznej: w toku demokratycznej debaty porzucono przymiotnik „socjalistyczne.””[33]

Za drugim razem profesor Edward Lipiński, założyciel KOR przez długi czas kojarzony z przedwojenną Polską Partią Socjalistyczną (PPS) Piłsudskiego, ogłosił rozwiązanie KOR i potępił rząd za zdradzenie „socjalistycznych ideałów” jego młodości. Zaproponowano wniosek dziękujący KOR za wkład w „Solidarność”, ale kontrrezolucja z inicjatywy niejakiego Niezgódzkiego odrzuciła nawet to marginesowe odniesienie. Touraine wyjaśnia:

„Wniosek Niezgódzkiego był wyraźnym wyrazem nacjonalizmu wrogiego wobec KOR, i został poczytany jako taki przez wszystkich, zwłaszcza ponieważ było powszechnie wiadomym, że Mazowsze [matecznik Niezgódzkiego] było miejscem wielu ostrych sporów między „prawdziwymi Polakami” a bojownikami będącymi blisko KOR.” [34]

Polska Partia Socjalistyczna, której tradycje Lipiński nostalgicznie przywołał, była socjaldemokratyczną, polsko-nacjonalistyczną formacją, którą prawdziwi założyciele polskiego marksizmu, Róża Luksemburg i Leon Jogiches, zwalczali przez większość swojego życia. Ale nawet ta odmiana „socjalizmu” była widocznie nie do przyjęcia dla większości delegatów zjazdu. Epizody takie jak ten zadają kłam twierdzeniom dotyczącym istnienia jakiejkolwiek istotnej lewicowej opozycji wewnątrz „Solidarności”. Jedyna dostrzegalna opozycja wobec Wałęsy i jego doradców z KOR jaka miała wyłonić się na tym zjeździe wyszła wyraźnie z prawa.

Program polityczny: burżuazyjny pluralizm i „demokracja”

Zjazd „Solidarności” nie był zajęty wyłącznie gospodarką. Ponad sto lat temu Marks i Engels ogłosili że walka proletariatu o swoje wyzwolenie jest przede wszystkim walką polityczną. Nie mniej polityczną, powinniśmy  pamiętać, jest walka kontrrewolucji przeciw historycznym osiągnięciom klasy robotniczej. Siły reakcji rzadko dążą do swoich celów wyłącznie pod sztandarem własności prywatnej środków produkcji. W każdym społeczeństwie w którym większość nie posiada fabryk, banków czy majątków ziemskich powab takiego sloganu jest, co zrozumiałe, ograniczony. Dlatego burżuazja zwykle maskuje swoje zamiary frazesami o bardziej powszechnym oddźwięku. Zawołania Boga, Rodziny, Kościoła i Narodu są potężną bronią w ideologicznym arsenale reakcji nawet i dziś. Lepiej odpowiadającymi czasom świeckim są jednakże abstrakcyjne komunały o Wolności, Demokracji, Pluralizmie i Prawach Człowieka z którymi imperialiści prowadzą swoją globalną, antykomunistyczną krucjatę.

Jesteśmy nieprzejednanymi wrogami monopolu stalinowskiej biurokracji na życie polityczne zdegenerowanych i zdeformowanych państw robotniczych. Jednakże gdy „wolność” i „demokracja” przywoływane są przeciwko reżimom stalinowskim, jesteśmy zobowiązani nie mniej niż w krajach kapitalistycznych zastosować podstawowe marksistowskie kryteria polityczne i zapytać: demokracja dla kogo? Wolność do czego? W zdeformowanych i zdegenerowanych państwach robotniczych, trockiści walczą o demokrację robotniczą– prawo wszystkich grup i tendencji klasy robotniczej do wyrażania swoich poglądów w dążeniu do wspólnych cel klasy. Nie obejmuje ona „wolności” dla kapitalistycznej prasy do szerzenia umyślnych kłamstw czy „wolności” białych gwardii, czarnych sotni czy ich współczesnych uczniów do wywoływania pogromów. Marksiści nie uznają „prawa” CIA i innych agencji państwa kapitalistycznego do tworzenia „czarnej propagandy” i inicjowania politycznych intryg na wschód od Łaby. Demokracja, gdy jest oderwana od jej treści klasowej, jest niezmiennie bronią w ręku wroga klasowego. Lecz to właśnie taką ponadklasową definicję demokracji „Solidarność” wpisała w swój program polityczny.

Sekcja VI programu przyjętego przez zjazd „Solidarności” zarysowała propozycję „Samorządnej Rzeczypospolitej”. Teza 19 jest zatytułowana: „Pluralizm światopoglądowy, społeczny, polityczny i kulturalny powinien być podstawą demokracji w samorządnej Rzeczypospolitej”. Podpunkt pierwszy ogłosił:

„(…) będziemy dążyć zarówno do przebudowy struktury państwa, jak i do tworzenia i wspierania niezależnych i samorządnych instytucji we wszystkich sferach życia społecznego. (…) Pluralizm, demokratyzację państwa i możliwość pełnego korzystania z wolności konstytucyjnych traktujemy jako podstawową gwarancję, że trud i wyrzeczenia ludzi pracy nie zostaną po raz kolejny zmarnowane.”

Podpunkt czwarty wyraził propozycję burżuazyjnego pluralizmu:

„Uważamy, że zasady pluralizmu muszą odnosić się do życia polityczne-

Związek nasz będzie popierał i chronił inicjatywy obywatelskie, których celem jest przedstawienie społeczeństwu różnych programów politycznych, gospodarczych i społecznych oraz organizowanie się w celu wprowadzenia tych programów w życie.”

Wielu fałszywych trockistów promuje pogląd, że takie „demokratyczne” formuły przypominają program Trockiego dla rewolucji politycznej w Związku Radzieckim. „Zjednoczony Sekretariat Czwartej Międzynarodówki” Ernesta Mandela nawet twierdzi, że państwa robotnicze najlepiej zabezpieczą się przed kontrrewolucją i/lub biurokratyczną degeneracją gwarantując prawa burżuazyjnych partii do organizowania się! W 1927, w środku walki z biurokratyczną degeneracją rewolucji rosyjskiej, Trocki wyraźnie odrzucił takie bezklasowe kryteria demokracji w państwie robotniczym:

„Mienszewicy myślą, że głównym źródłem bonapartystowskiego zagrożenia jest sam ustrój dyktatury proletariatu, że jest fundamentalnym błędem liczyć na międzynarodową rewolucję, że właściwą polityką koniecznie byłoby porzucenie politycznych i gospodarczych restrykcji wobec burżuazji, i że wybawienie przed Termidorem i bonapartyzmem leży w demokracji, tj. w burżuazyjnym ustroju parlamentarnym. (…)

„Demokracja parlamentarna jest dla nas tylko jedną z form kapitalistycznego panowania.” [35]

W „Programie przejściowym” z 1938 Trocki powrócił do kwestii charakteru klasowego demokracji w państwie robotniczym:

„Radom trzeba przywrócić nie tylko ich swobodną demokratyczną formę, lecz także ich klasową treść. Tak jak przedtem do rad nie dopuszczano burżuazji i kułactwa, tak teraz z rad musi zostać przepędzona biurokracja i nowa arystokracja. W radach jest miejsce tylko dla przedstawicieli robotników, chłopów, czerwonoarmistów.” [36]

KPN: zbrodnicza reakcja zyskuje na popularności

Znaczenie „demokratycznego” credo „Solidarności” zdaje się bardziej konkretne gdy weźmiemy pod uwagę niektóre z organizacji i indywiduów jakie znalazły schronienie pod jej „pluralistycznym” parasolem. Choć przywództwo „Solidarności” samo nie udzielało poparcia antysemityzmowi tak blisko powiązanemu z tradycjami nacjonalistycznymi Polski, nie można tego samego powiedzieć o Konfederacji Polski Niepodległej (KPN). Oliver MacDonald opisuje KPN jako należącą do „nurtu endecji- reakcyjnego katolickiego antykomunistycznego nacjonalizmu o antysemickim i mocno autorytarnym charakterze.” Żywiła ona nadzieję likwidacji komunistów i ustanowienia nowego autorytarnego reżimu będącego ucieleśnieniem „prawdziwego polskiego etnicznego ducha.” [37]

Przywódcą KPN był niejaki Leszek Moczulski, którego kariera potwierdza prognozę Trockiego że elementy biurokracji znalazłyby się po obu stronach barykady w razie drugiej wojny domowej w Związku Radzieckim. Moczulski nie czekał na nadejście wojny domowej. Odegrawszy czołową rolę we wstrętnej antysemickiej czystce w PZPR w 1968, rozstał się z polskim stalinizmem by zająć  bardziej znaczne stanowisko w KPN, i następnie został uwięziony przez reżim.

Ten sam zjazd „Solidarności” który umyślnie wstrzymał się od wszelkiej wzmianki socjalizmu przegłosował rezolucję  wzywającą do uwolnienia Moczulskiego i innych więźniów KPN. Nie jest to wielce zadziwiające jako że ta ultranacjonalistyczna, piłsudczykowska partia uczestniczyła w obradach. Garton Ash podaje, że na zjeździe KPN „zdobywała coraz głośniejsze poparcie. Znużonych autocenzurą „Solidarności” i spoglądających w widoczną próżnię władzy, wielu robotników przyciągnął jasny, wyraźny program KPN.” [38] W takich sytuacjach zdeterminowana mniejszość z określonym programem może szybko stać się czynnikiem o ogromnym znaczeniu.

„Demokratyczna” rubryka „Solidarności” była w rzeczy samej bardzo elastyczna. Najwidoczniej na tyle elastyczna by objąć otwartych zwolenników białego terroru. Kwestia praw demokratycznych dla kontrrewolucjonistów z KPN jest częścią większego pytania postawionego przez „Solidarność”-  jak odpowiedzieć na sytuacje, w których demokratyczne prawa klasy robotniczej do organizowania się kolidują z zachowaniem skolektywizowanej własności. Dla trockistów jest to proste: istnieje hierarchia zasad. Obrona skolektywizowanej własności bierze górę nad „prawami demokratycznymi” prokapitalistycznych nurtów do organizowania się.

„Solidarność” a AFL-CIA

Do innych szermierzy „demokracji wolnego świata” jakich zaproszono do udziału w zjeździe zaliczali się antykomunistyczni przedstawiciele ALF-CIO Lane Kirkland i Irving Brown. Kirkland, oprócz przewodzenia ALF-CIO, jest także dyrektorem robotniczego frontu CIA, „Amerykańskiego Instytutu ws. Rozwoju Wolnej Pracy”, który nadzoruje rozbijanie lewicowych związków w Ameryce Łacińskiej. Jest także członkiem „Komitetu do spraw Obecnego Zagrożenia”, antyradzieckiego reaganowskiego think-tanku.

A co się tyczy Irvinga Browna, Wałęsa nie musiał konsultować się z rewelacjami Philipa Agee’a dotyczącymi działalności CIA w powojennej Europie by uznać wkład Browna. Ostatnie rozprawy w sprawie afery Iran-Contras z dumą przytoczyły I’m Glad the CIA is Immoral [„Cieszę się że CIA jest niemoralne”- artykuł w „The Sunday Evening Post”] Toma Bradena, które wyjaśniło że gdy Brownowi wyczerpały się fundusze z ILGWU za ustanowienie Fource Ovriere we Francji, zwrócono się do CIA. Tak to zaczęło się potajemne dotowanie „wolnych” (tj. antykomunistycznych) związków zadowowych.

Zaproszenie przez „Solidarność” Kirklanda i Browna (i lekceważenie stalinowskich związków) stawia hasło „wolnych związków zawodowych” we właściwym zimnowojennym kontekście. Potwierdza to wiele prowokacyjnych, antyradzieckich deklaracji wygłoszonych przez zjazd. Zaadresował on otwarty list do Polaków mieszkających za granicą, który według Alaina Touraine’a „w sposób oczywisty skierowany był do tych którzy mieszkają w tym co jest teraz częścią Związku Radzieckiego”. Apel ten orzekł: „”Solidarność” jest nie tylko związkiem zawodowym, lecz także ruchem społecznym myślących obywateli pragnących działać na rzecz niepodległości Polski”. Zjazd skierował także „Wiadomość do wszystkich robotników Europy Wschodniej”, mówiąc „robotnikom Albanii, Bułgarii, Węgier, Rumunii, Czechosłowacji, NRD i wszystkich narodów Związku Radzieckiego” że jego celem jest walka o lepsze życie dla wszystkich ludzi pracy. „Popieramy tych spośród was którzy zdecydowali się wybrać trudną drogę walki o wolny ruch związkowy. Wierzymy że w niedalekiej przeszłości nasi przedstawiciele będą mogli się spotkać by wymienić się naszymi doświadczeniami jako związkowców.” [39]

Oczywiście jak to w naturze, „wolne” związki zawodowe nie są za darmo. Dotacja dla „Solidarności” z AFL-CIO- 300 000 dolarów i jej pierwsza prasa drukarska- nie była tajemnicą. Tamara Deutscher trafnie zauważyła:

„Prasy drukarskie były darem przesłanym przez zachodnich związkowców którzy także udzielili Polakom wsparcia finansowego. Wśród głównych darczyńców był zarówno [brytyjski] TUC [Kongres Związków Zawodowych- przyp. Tłum.] i AFL-CIO. Nie sposób powstrzymać się od przypomnienia, że w 1926 roku to Wszechrosyjska Centralna Rada Związków Zawodowych zaoferowała strajkującym robotnikom w Brytanii ponad ćwierć miliona rubli pomocy solidarnościowej. Ale oferta została odrzucona ponieważ Rada Generalna TUC bała się odium, które mogłoby się wiązać z przyjęciem „radzieckiego złota.”” [40]

„Solidarność” nie odczuwała podobnych skrupułów co do brania pieniędzy od imperialistów i ich robotniczych pachołków. W sierpniu 1987 gdy amerykański Kongres zagłosował nad przekazaniem  miliona dolarów „Solidarności”, Wałęsa raz jeszcze przyjął je z uśmiechem.

V. Marksizm a „ruchy masowe”

Różne niby trockistowskie nurty bronią „Solidarności” jednocześnie przyznając że jej program był antykapitalistyczny a ważne sektory jej przywództwa były świadomie restauracjonistyczne. W 1982 brytyjska grupa Workers Power [Władza Robotnicza] wyliczyła cechy charakterystyczne „dominujących w „Solidarności” tendencji” następująco:

„a) Podporządkowanie hierarchii katolickiej która walczyła o wprowadzenie swojego własnego antyrobotniczego programu w ciągu kryzysu(…)

b) Złudzenia co do zbankrutowanej polityki polskiego nacjonalizmu(…) charakter polskiej ideologii nacjonalistycznej należy określić jako przemożnie reakcyjny (…)

c) Ma program dla polskiej gospodarki który mógłby wzmocnić siły restauracji kapitalistycznej (…)

d) Szkodliwe złudzenia wobec zachodniego imperializmu (…)

e) Jej strategia ataku pozostawiła centralne dźwignie władzy stalinowskiej nienaruszone, lecz zamiast tego miała nadzieję naruszyć tą władzę poprzez jej punkty najmniejszego oporu(…)” [41]

Wbrew tym kontrrewolucyjnym cechom charakterystycznym (za wyjątkiem punktu „e” który ma jakość bardziej krytyki taktycznej), Workers Power wnioskuje że jest konieczne „solidaryzować się z „Solidarnością” ponieważ:

„Istnienie masowej bazy, często stawiającej żądania w sprzeczności z celami i intencjami przywódców „Solidarności”, jasno ujawnia że, wbrew swojemu przywództwu, „Solidarność” nie była organizacją kontrrewolucyjną sama w sobie. Była, i jeśli przetrwa, mogłaby nadal być, dynamicznym ruchem, pełnym sprzeczności lecz posiadającym potencjał rozwiązania ich w kierunku rewolucji politycznej, biorąc pod uwagę interwencję rewolucjonistą wewnątrz niej.” [42]

Obowiązkiem rewolucjonistów jest mówić prawdę- nie przypisywać „rewolucyjną” dynamikę reakcyjnym ruchom politycznym. Podążając za kierownictwem „Solidarności”, masa polskich robotników działała wbrew swoim własnym klasowym interesom dziejowym. W zdeformowanym państwie robotniczym ruch masowy zhegemonizowany przez zwolenników restauracji kapitalizmu nie może mieć żadnej postępowej dynamiki- niezależnie od rozmiaru jego poparcia. Leniniści nie idealizują mas. Polemika Trockiego przeciwko Victorowi Serge w kwestii degeneracji reżimu radzieckiego w latach 20. jest potężnym aktem oskarżenia tych, którzy jak Workers Power klękają przed ołtarzem „masowej bazy”.

„Victor Serge ujawnił mimochodem co doprowadziło do upadku partii bolszewickiej: nadmierny centralizm (…) Więcej ufności w masy, więcej swobody! Wszystko to jest poza czasem i przestrzenią. Ale masy nie są w żadnym razie identyczne: są masy rewolucyjne, są masy pasywne, są masy reakcyjne. Te same masy w różnym czasie pobudzają inne nastroje i cele. Tylko z tego powodu nieodzowna jest scentralizowana organizacja awangardy (…) Obdarzyć masy cechami świętości i ograniczyć swój program do bezkształtnej „demokracji” to rozpuścić się w klasie takiej jaka jest, zmienić się z awangardy w ariergardę i poprzez to porzucić rewolucyjne zadania. Z drugiej strony, jeśli dyktatura proletariatu oznacza w ogóle cokolwiek, to oznacza to że awangarda klasy jest uzbrojona w zasoby państwa celem odpędzenia niebezpieczeństw, w tym tych pochodzących z zacofanych warstw samego proletariatu.” [43]

Polska a Iran

W „The Summer Before the Frost” [„Lato przed mrozem”] Potel opisuje rolę religii w Gdańsku w okresie przed rozprawą [z „Solidarnością”- przyp. tłum.]:

„O godzinie piątej każdego wieczora, od 2000 do 3 000 robotników zgromadziło się wokół bramy stoczni by wziąć udział w obrzędzie religijnym. W każdą niedziele ogromny tłum zbierał się by odbyć mszę. Medytacja, prostota. Wokół prowizorycznego ołtarza śpiewali stare hymny, wzywając Boga by dał im więcej siły. Z obu stron bramy strajkujący i ich rodziny modliły się za zwycięstwo i poparcie z całej Polski. Codziennie nabożeństwo było święte. Było ono publicznym pokazem wolności religijnej jaka była częścią żądań robotników. Ludzie chodzili tam w sposób oczywisty.” [44]

Potel komentuje: „Przypominało to potęgę szyickiej hierarchii w Iranie i siłę Islamu”. Nie jest przypadkiem że wielu z tych samych lewicowców którzy pozdrowili „Solidarność” Wałęsy wcześniej wykryli podobną obiektywnie „rewolucyjną” dynamikę w masowych mobilizacjach Chomeiniego. Zarówno w Iranie jak i w Polsce były masowe ruchy, obejmujące przytłaczającą większość proletariatu, zdominowane przez świadomie kontrrewolucyjne przywództwa. Nie oznacza to że każda warstwa mas (a tym bardziej każda jednostka) zaangażowanych w tych ruchach była świadoma tego, dokąd prowadziło ich kierownictwo. W Iranie lewica ochoczo wzięła udział w mobilizacjach pod przywództwem mułłów. A jednak fałszywa strategia politycznego podporządkowania Chomeiniemu i jego fanatykom mogła skończyć się tylko katastrofą dla tych lewicowców, którzy ją przyjęli.

Irańscy rewolucjoniści powinni byli brać udział w masywnej fali strajkowej przeciwko szachowi z perspektywą utworzenia bieguna twardej proletariackiej opozycji do reakcyjnych mułłów. W Iranie centryści byli sparaliżowani zakresem „ruchu masowego”, i wlekli się za kontrrewolucyjnymi mobilizacjami mułłów. Skandując „Allah akbar” wraz ze zwiedzionymi plebejskimi masami, lewica obiektywnie pomogła zwycięstwu teokratycznej reakcji która wkrótce miała się zwrócić przeciwko ruchowi robotniczemu.

Dziesięć milionów polskich robotników nie może się mylić?

Ostatniej wiosny otrzymaliśmy list od Władzy Robotniczej która ogłosiła (w stosunku do Polski) że: „Odrzucamy stanowisko, że masowy ruch oparty na proletariacie mógł kiedykolwiek stać się siłą kapitalistycznej restauracji.” [45] Uzbrojona w tą centrystowską koncepcję polityki, Władza Robotnicza poparła ruch Chomeiniego w Iranie w 1978-79- w końcu także miał on masę klasy robotniczej za sobą!

Doktryna że robotnicy w zdeformowanych i zdegenerowanych państwach robotniczych są w swojej zbiorowości odporni na fałszywą świadomość to workeryzm, a nie marksizm. Zakłada ona że restauracja kapitalistyczna w tych państwach może mieć miejsce tylko poprzez zewnętrzny podbój militarny. Tragedią Polski jest to, że skorumpowana i antysocjalistyczna biurokracja PZPR zdołała podkopać lojalność robotników wobec systemu upaństwowionej własności. Jeśli Władza Robotnicza odrzuca możliwość pojawienia się powszechnych reakcyjnych postaw w państwie stalinowskim, jak może wytłumaczyć (początkowo) ciepłe powitanie z jakim się spotkały armie Hitlera na Ukrainie w 1941? Czy ogromną popularność Kościoła Rzymskokatolickiego w dzisiejszej Polsce?

Marksiści określają charakter polityczny masowych ruchów społecznych na podstawie ich przywództwa, składu społecznego, trajektorii  programu politycznego- nie poprzez złudzenia czy subiektywne intencje ich plebejskiej bazy. Ale wyjątkowa alchemia rewizjonistycznego „trockizmu” polega właśnie na tym: wszelki popularny ruch społeczny przeciwko stalinowskim biurokracjom w Europie Wschodniej jest przemieniony w siłę na rzecz proletariackiej rewolucji politycznej. Kluczowa kwestia- za czy przeciwko upaństwowionej własności- jest powszechnie ignorowana. Lecz w przypadku polskiej „Solidarności”, miała ona fundamentalne znaczenie. W miesiącach następujących po wrześniowym zjeździe, wydarzenia pchnęły „Solidarność” na kurs kolizyjny z polskim reżimem, w którym stawką było nic innego jak władza państwowa.

V. Ku przepaści

W październiku 1981 niedobory żywności wywołały szereg dzikich strajków w całej Polsce. Gdy staliniści zaoferowali „mieszaną komisję” przedstawicieli rządowych i związkowych by omówić problem, „Solidarność” zgodziła się, ale ostrzegła jeśli nie dokona się do 22 października zadowalający postęp, związek rozpocząłby krajowy strajk. Obie strony spotkały się 15 października, a czołowy negocjator „Solidarności” Grzegorz Pałka zaproponował utworzenie Społecznej Rady Gospodarki Narodowej. Rada ta, mająca być mianowana przez „Solidarność” „we współpracy z przedstawicielami ze świata sztuki, nauki i kościoła” miała „współpracować” z rządem „w określaniu polityki i rozwoju gospodarczego”. „Tygodnik Solidarność” (30 października 1981) scharakteryzował tę propozycję jako „przełamanie kryzysu ufności w stosunki rząd-społeczeństwo poprzez ustanowienie instytucji gwarantujących kontrolę społeczeństwa nad rządową polityką gospodarczą.” Równie ważne było żądanie Pałki żeby „rada była w stanie komunikować się ze społeczeństwem poprzez środki masowego przekazu, to znaczy prasę, radio i telewizję.” [46] „Solidarność” proponowała zinstytucjonalizowanie dwuwładzy w gospodarce jednocześnie pozbywając się głównego pozostałego atutu reżimu- jego monopolu na informację. PZPR kategorycznie odrzuciła tę propozycję.

20 października w Katowicach milicja użyła gazu łzawiącego przeciwko tłumowi liczącemu kilka tysięcy. Incydent został wywołany gdy funkcjonariusze w cywilu spróbowali zaaresztować sprzedawcę który „miał zwykłe stoisko na Rynku, sprzedające zdjęcia marszałka Piłsudskiego i grobów w Katyniu, znaczki KPN i książeczkę pod tytułem „Pod sowieckim zaborem”, jak i zwykłe publikacje związkowe.” [47] W tym wypadku bojownicy „Solidarności” próbowali rozładować napięcie i osłonili milicję przed wściekłymi protestującymi. Następnego dnia we Wrocławiu milicja zaaresztowała trzech członków „Solidarności” którzy przemawiali z vana.

W odpowiedzi na te konfrontacje, jak i odrzucenia jego wcześniejszych żądań, kierownictwo „Solidarności” wezwało do krajowego jednogodzinnego strajku ostrzegawczego 28 października. Rezolucja ostrzegała, że jeśli rząd nie przeszedłby do „przyznania odpowiednich uprawnień społecznej radzie gospodarki narodowej i związkowym komisjom kontroli społecznej” do końca miesiąca:

„(…) związek będzie zmuszony przygotować i przeprowadzić aktywny strajk w wybranych sektorach gospodarki. Datę i zakres strajku określi KK [Komisja Krajowa „Solidarności”]. Jednocześnie KK wzywa wszystkie regiony i zakłady do zakończenia trwających akcji protestacyjnych i przyłączenia się do akcji ogólnokrajowej.” [48]

Niektórzy z obrońców „Solidarności” wskazują na próby rozbrojenia różnych dzikich strajków przez przywództwo krajowe jako dowód że Wałęsa był sprzedajnym biurokratą w zmowie ze stalinistami przeciwko bojowo nastawionej bazie. Z pewnością były ogromne napięcia wewnątrz „Solidarności” na każdym poziomie, które odzwierciedlały żarliwe polemiki; ale były to taktyczne różnice zdań. Przywództwo „Solidarności” było zjednoczone w uznaniu, że wybuch niekontrolowanych strajków naruszał jego pozycję w walce z władzami. 27 października prezydium „Solidarności” wydało oświadczenie potępiające spontaniczne lokalne akcje strajkowe:

„Prezydium KK ocenia obecną sytuację gospodarczą i społeczną kraju jako krytyczną. Z jednej strony, wiele problemów jest nierozwiązanych; jest wiele nieprawidłowości i prowokacji, które wywołują powszechne oburzenie. Z drugiej strony, akcje protestacyjne przybrały żywiołowy, niezorganizowany charakter. Grozi to dezintegracją związku i utratą publicznego poparcia.

***

„(…) Nikt nie może odebrać nam prawa do strajku, i nigdy na to nie pozwolimy. Ale to my musimy programować użycie tej broni, i musimy robić to w rozważny, planowy sposób.

Z siłą całego związku musimy zająć się w najbliższej przyszłości tymi sprawami które są najważniejsze dla całego narodu: żywnością, reformą gospodarczą, społeczną kontrolą nad gospodarką i dostępem do środków masowego przekazu. Być może w tych sprawach będziemy musieli użyć naszej ostatecznej broni. W sytuacji ogólnego chaosu będzie to broń nieskuteczna.

Na następnej sesji KK Prezydium przedstawi propozycję wewnątrzwiązkowego ograniczenia prawa do strajku i ustanowienia środków dyscyplinowania przez związek tych, którzy są winni osłabiania jedności i dyscypliny związku.” [49]

Niektórzy rzekomi trockiści, którzy zajęli stanowisko w obronie „Solidarności” przekonywali że, do jesieni 1981, powszechne poparcie zmalało do tego stopnia że nie istniało realne zagrożenie dla reżimu. Jest pełno dowodów, że szeregi wykazywały rosnącą niecierpliwość z nadchodzącej niezdolności przywództwa do rozwiązania impasu. Lecz odpowiedź na wezwanie do strajku z 28 października pokazuje że kierownictwo, pod przywództwem Wałęsy, wciąż cieszyło się z ogromnym poparciem społecznym- zwłaszcza gdy podejmowali inicjatywę przeciwko reżimowi.

„W tych ostatnich miesiącach wyrażano dwa sprzeczne poglądy co do opinii publicznej. Kilku zewnętrznych obserwatorów, i polskich urzędników, sugeruje że rosnący odsetek społeczeństwa był coraz bardzie niezadowolony z powracających strajków, rozczarowany nieszczerymi waśniami działaczy „Solidarności”, którzy, jak jest sugerowane dalej, byli bardziej „radykalni” niż szeregowi członkowie. Działacze „Solidarności” mówią, że wręcz przeciwnie, to szeregowi członkowie byli o wiele bardziej „radykalni” niż oni (…) Prawda jest taka, że oba zestawy postaw były obecne w teraz zdezorientowanym i fizycznie wyczerpanym społeczeństwie. Radykalizacja i niezadowolenie były dwoma obliczami tego samego kłopotu: co staje się desperacją u jednego staje się rozpaczą u drugiego.

Ich zachowanie podlegać jednak mogło tylko jednej interpretacji. Frekwencja dla jednogodzinnego strajku generalnego 28 października była tak masywna jak dla ostatniej takiej manifestacji, 27 marca, kilka miesięcy wcześniej. Raz jeszcze Polska wystroiła się w barwy narodowe jak kraj idący na wojnę (…) Jeśli miała miejsce erozja popularności „Solidarności” była to erozja Mount Everest. Ciężko jest pomyśleć o jakimkolwiek innym związku czy ruchu społecznym na świecie który mógł rozporządzać tak masywnym, zdyscyplinowanym, dobrowolnym, powszechnym poparciem.

Nic dziwnego, że przywódcy związkowi byli zbyt pewni siebie! I będąc takimi dali kiepski przykład jedności i dyscypliny swoim członkom.” [50]

Strajk ostrzegawczy 28 października nie oznaczał końca działalności strajkowej. Żądanie stalinowskiego Sejmu z końca października aby zaprzestać strajków zostało zignorowane:

„Strajki nadal miały miejsce w Żyrardowie, Zielonej Górze, Tarnobrzegu i Sosnowcu. Z interwencji Wałęsy 120 000 robotników w Tarnobrzegu zawiesiło swój strajk 1 listopada. 9 listopada zostało osiągnięte porozumienie z 200 000 strajkujących robotników w Zielonej Górze, ale alarm strajkowy trwał nadal.” [51]

4 listopada, na żądanie kardynała Glempa, Wałęsa i Jaruzelski spotkali się w Warszawie i przedyskutowali możliwości sformowania Frontu Porozumienia Narodowego. Dalsze spotkania odbyły się w następujących tygodniach, ale ostatecznie spełzły na niczym z powodu odmowy  przez rząd udzielenia „Solidarności” prawa weta wszelkich decyzji podjętych przez taką wspólną komisję, i żądania aby Rada Społeczna zaproponowana przez Pałkę 15 października miała nieograniczony dostęp do media.

22 listopada milicja przerwała spotkanie około sześćdziesięciu działaczy „Solidarności” w mieszkaniu Kuronia zwołane w celu powołania organizacji znanej jako „Kluby Samorządnej Rzeczypospolitej: Wolność, Sprawiedliwość, Niepodległość”. Deklaracja wydana przez „Kluby” twierdziła że w istniejącym kryzysie polskiego społeczeństwa:

„(…) Jest koniecznym utworzyć formacje ideologiczno-polityczne. Te są zalążkiem przyszłych partii politycznych w demokratycznym państwie. W tej chwili jesteśmy zadania, że jedyna droga zachowania jedności wiedzie poprzez trzeźwą dyskusję nad politycznymi różnicami zdań, publiczne porozumienia i otwarcie sformułowane programy. Tylko w ten sposób możliwym jest zaimplementować, w duchu jedności, podstawowe cele społeczne ogłoszone w programie „Solidarności” i, jednocześnie, skonstruować demokratyczne i tym samym także zróżnicowane społeczeństwo.” [52]

Deklaracja powtórzyła kontrrewolucyjny postulat KOR „ustroju demokracji parlamentarnej” i zapewniła że państwo powinno zagwarantować „prawo do, i rozwój prywatnej własności”. Utożsamiała się z „tradycjami Polskiej Partii Socjalistycznej i polskiego ruchu chłopskiego” i prowokacyjnie oddała cześć przywódcom tych ruchów (np. Piłsudskiemu) „którzy poprowadzili walkę o niepodległość i suwerenność w momencie najgorszego zagrożenia dla odrodzonej Polski gdy armie bolszewickiej Rosji dotarły w pobliże Warszawy”. Ta próba zorganizowana wyraźnie prokapitalistycznej partii socjaldemokratycznej została potępiona przez stalinistów jako próba „propagowania i obrony działalności wymierzonej przeciwko fundamentom ustroju politycznego naszego państwa.” [53]

Ruch samorządności: kwestia władzy

Podczas gdy trwały negocjacje między przywódcami „Solidarności” a rządem, ruch samorządności był aktywny u podstaw związku. W listopadzie, jak mówi Raina:

„Już od tygodni Sieć odbywała referenda i organizowała siłę roboczą celem wybrania niezależnych rad robotniczych czy komitetów fabrycznych upoważnionych do kontrolowania czy wpływania na proces decyzyjny w przedsiębiorstwach. Kampania Sieci przeciwko dawnemu i teraz już nie istniejącemu systemu samorządności partii była tak efektywna że tysiące członków partii (robotników) zwróciły swoje legitymacje partyjne. Na przykład, w zakładach Cegielskiego w Poznaniu ponad 800 członków partii, połowa całej załogi, odeszła z partii do połowy listopada. Rezygnacje były tak powszechne że w wielu przedsiębiorstwach podstawowe komórki partyjne przestały w ogóle istnieć. Nie bez goryczy oficjalne źródła skarżyły się, że w dwudziestu jeden z czterdziestu dziewięciu województw Polski Sieć „Solidarności” żądała „usunięcie organizacji partyjnych z przedsiębiorstw przemysłowych.””[54]

Projekt samorządności „Solidarności” legł u podstaw jej propozycji „reformowania” polskiej gospodarki. Ale w gospodarce planowej, gdzie polityka i ekonomika są nierozerwalnie złączone, wszelka „reforma” samorządności musiałaby mieć poważne polityczne implikacje. Wywiady Alana Touraine’a z czołowymi działaczami „Solidarnościami” obrazowo zilustrowały związek między ekonomicznymi a politycznymi aspektami samorządności. Technik z Warszawy narysował następujący wykres:

Touraine podsumowuje:

„Porozumienie gdańskie, powiedział on, uwolniło związki zawodowe, i od tamtej pory, a zwłaszcza od wiosny 1981 roku, główną troską związku była samorządność, innymi słowy, wyzwolenie przedsiębiorstwa. Ale natura polskiej gospodarki oznaczała, że każde działanie na poziomie fabrycznym nieuchronnie pociągało za sobą działanie na ogólnym poziomie gospodarczym, ponieważ autonomia poszczególnego przedsiębiorstwa zakładała ogólną reformę gospodarczą, koniec centralnie administrowanej gospodarki i jej zastąpenia racjonalną strukturą cenową i ustrojem wolnorynkowym. Wreszcie, gdy tylko przebuduje ustrój polityczny, „Solidarność” musi dążyć do przywrócenia prawdziwej niepodległości kraju.” [55]

Gdy jesień ustąpiła miejsca zimie, napięcia wewnątrz kierownictwa „Solidarności” nasiliły się. Społeczeństwem polskim targał głęboki kryzys społeczny który musiał zostać rozwiązany tak czy inaczej. Przywództwo „Solidarności” podzieliło się na „bojowników” którzy myśleli, że czas był odpowiedni dla konfrontacji- przede wszystkim poprzez „aktywne strajki” dla przejęcia pojedynczych fabryk- i Wałęsę i jego „umiarkowanych” (wspartych przez hierarchię duchowną) którzy myśleli, że na chwiejącym się reżimie można było wymusić dalsze ustępstwa poprzez negocjację i manewrowanie.

Złożone interakcje między „radykałami” forsującymi aktywne strajki i sformowanie bojówki „Solidarności”, i „umiarkowanymi” pod przywództwem Wałęsy którzy myśleli że były ustępstwa do wyrwania z rąk reżimu są naszkicowane w „Solidarity on the Eve” [Solidarność w przededniu] Zbigniewa Kowalewskiego. Kowalewski był podobno pod wpływem Zjednoczonego Sekretariatu. Dziś służy on za „lewicową twarz” „Solidarności” na wygnaniu. [56] (Jego relacja, która pierwotnie pojawiła się w numerze „Labour Focus on Eastern Europe” z wiosny 1982, jest przedrukowana w „The Solidarity Sourcebook”.)

Kowalewski relacjonuje jak w listopadzie-grudniu 1981, on i miejscowi przywódcy w Łodzi próbowali zainicjować szereg „aktywnych strajków” Te „aktywne strajki” były taktyką ofensywną mającą na celu przejęcie kontroli w zakładach i odebranie ich centralnym władzom jako pierwszy moment w walce o władzę państwową. Kowalewski wyjaśnia, że taktyka aktywnego strajku powstała aby przechytrzyć kierownictwo Wałęsy w mobilizowaniu szeregów do konfrontacji z reżimem stalinowskim:

„Wtedy w Łodzi zadecydowali o działaniu w celu pozbawienia biurokracji jej władzy gospodarczej i zainstalowania ustroju samorządności robotniczej środkami rewolucyjnymi. Zaplanowano, że pierwszy aktywny strajk zacząłby się w naszym regionie 21 grudnia- to znaczy, że klasa robotnicza przejęłaby kontrolę nad produkcją i dystrybucją. Jednocześnie miano ustanowić straże robotnicze w przedsiębiorstwach.

***

Wśród regionalnego przywództwa „Solidarności” wierzono, że wezwanie do aktywnego strajku generalnego nie byłoby zaaprobowane przez większość krajowego kierownictwa związkowego. Zdecydowane więc że jeśli Andrzej Słowik spotka się ze sprzeciwem powinien zażądać zielonego światła od komitetu krajowego dla aktywnego strajku w swoim regionie. Wydawało się prawdopodobnym że Łódź wtedy wciągnęłaby inne regiony w aktywny strajk, i że to zmieniłoby prędzej czy później równowagę sił w komitecie krajowym.

Strategia i taktyka walki zaproponowana przez „Solidarność” w celu rozwiązania kwestii władzy mogłyby zostać przyjęte przez cały związek. Aktywny strajk pozwoliłby masom, wtedy szukającym radykalnych form działania, przejść do ofensywy. Ustanowienie robotniczej władzy gospodarczej pozwoliłoby na nagromadzenie wystarczających sił by rozwiązać kwestię władzy politycznej.” [57]

Te rzekomo trockistowskie grupy, które próbują bronić „Solidarności” często przedstawiają „ruch samorządności” (a zwłaszcza grupę KZ-KFS która odłączyła się d Sieci jesienią 1981) jako ucieleśnienie lewicowej proletariackiej opozycji zarówno wobec stalinistów jak i klerykalnego kierownictwa Wałęsy. Jest t bezzasadne. O ile jest krytyczny wobec taktyki przywództwa Wałęsy, i rynkowych planów technokratycznych „ekspertów” Sieci, wystarczająco jasno wynika z relacji Kowalewskiego że nie miał zasadniczych różnic zdań z propozycją „samorządności” przyjętą przez zjazd. Na przykład z aprobatą zauważa: „zjazd jasno wyraził swój zamiar kontynuowania walki o prawdziwy samorząd robotniczy popierając walkę robotników nawet gdy wychodzą poza te prawa” (tj. prawa przyjęte przez zdominowany przez stalinistów Sejm). Popiera także decyzję zjazdu „że organy samorządu powinny kontrolować przedsiębiorstwo, że kierownik jest tylko po to wprowadzać ich decyzje.” [58]

Płonące taśmy z Radomia

„Konfrontacja jest nieunikniona i będzie miała miejsce. Chciałem przejść do tej konfrontacji w sposób naturalny, gdy praktycznie wszystkie grupy społeczne będą za nami. Jednak się przeliczyłem (…) Myślałem, że posuniemy się dalej i wtedy byśmy obalili ten parlament, te rady i tak dalej. Okazuje się że nie będziemy poruszać się tą drogą dalej. Więc obieramy drogę błyskawicznego manewru.

Wreszcie, zdajmy sobie sprawę że obalamy ten system. Zdajmy sobie w końcu z tego sprawę. Jeśli zgodzimy się mieć prywatnych sklepikarzy, wykupywać gospodarstwa państwowe i zapewnić całkowitą samorządność, ten ustrój przestanie istnieć (…)

Głośno nie mówić: konfrontacja nieunikniona, takie rozmowy to tylko przechytrzenie kto kogo, jak kogo, a my się sami przechytrzamy. My mamy mówić: kochamy was, kochamy socjalizm i partię, oczywiście, Związek Radziecki, a przez fakty dokonane robić robotę i czekać.

Ludziom trzeba do pewnego stopnia zaufać i powiedzieć, w co za grę gramy. Trzeba im powiedzieć,  że gramy o tak wysoką stawkę, że zmieniamy realia w ogóle i że ta gra może skończyć się w jeden sposób. Żadna zmiana ustroju nie będzie miała miejsca bez wymiany ciosów (…)”

— Lech Wałęsa, uwagi do zgromadzenia kierownictwa krajowego „Solidarności”, 3-4 grudnia 1981

W dniach jakie nastąpiły po zebraniu w Radomiu, władze stalinowskie wielokrotnie puściły fragmenty rzekomo potajemnego spotkania przywództwa „Solidarności” w krajowym radiu i telewizji. Do 13 grudnia 1981 cały kraj usłyszał jak Wałęsa przyznał się, że jego poza grania na zwłokę i pojednywania była taktyką. Gdy Wałęsę zapytano o prawdziwość nagrań, odpowiedział jedynie że jego słowa zostały wyrwane z kontekstu. „New York Times” doniósł, że „pan Wałęsa był szczególnie zakłopotany; miliony usłyszały go jak mówi że wierzył cały czas w nieuchronność konfrontacji i potajemnie działał w jej kierunku (przyznanie się niepotwierdzone faktami lecz widocznie mające na celu przywrócenie jego wiarygodności u bojowników „Solidarności”).” [60] W najgorszym razie uwagi Wałęsy pokazują, że był zmuszany do konfrontacyjnej pozy przez dominację „bojowników” w przywództwie krajowym.

Zbigniew Bujak był wśród tych na spotkaniu radomskim którzy sprzeciwiali się strategii czekania i oszukiwania. Zaproponował aby rada społeczna jakiej zażądała „Solidarność” była „czymś jakby tymczasowym rządem krajowym. Rząd trzeba w końcu obalić, obnażyć i pozbawić wszelkiej wiarygodności”. Zaproponował też, aby bojówka „Solidarności” (którą Grzegorz Pałka chciał ustanowić w skali krajowej) „oswobodziła” radio i telewizję. Jan Rulewski oświadczył: „Walczymy o ustanowienie rządu tymczasowego który ustabilizowałby kraj dopóki nie odbędą się wybory(…)” [61]

Przeddzień destrukcji „Solidarności”

11 i 12 grudnia, Komitet Krajowy „Solidarności” odbył to co miało być jego ostatnim zebraniem. Jedyną decyzją, jaką podjęto było zwołanie krajowego referendum na następujące cztery pytania:

„1. Czy jesteś za głosowaniem nad wotum zaufania dla generała Jaruzelskiego?
2. Czy jesteś za ustanowieniem rządu tymczasowego i wolnymi wyborami?
3. Czy jesteś za udzieleniem militarnych gwarancji Związkowi Radzieckiemu w Polsce?
4.Czy polska partia komunistyczna może być narzędziem takich gwarancji w imieniu całego społeczeństwa?” [62]

Kowalewski dostarczył najbardziej wyczerpującej relacji z końcowych rozważań przywództwa:

„Ostatnie spotkanie komitetu krajowego, które odbyło się 12 grudnia, ujawniło zbieżność poglądów między Łodzią a innymi regionami. Przedstawiciele regionu krakowskiego przedstawili następujący program działania dla „Solidarności”:

a) Komitet krajowy (…) zaprojektuje szereg ustaw i innych środków legislacyjnych związanych z reformą gospodarczą. Proponowany model gospodarczy powinien zostać poddany pod referendum w przedsiębiorstwach, tak by poparcie społeczeństwa mogło być uzyskane najszybciej jak to możliwe.

b) Podczas strajku generalnego, związek zacznie wdrażać reformę gospodarczą(…)

c) Związek powinien odwołać strajk gdy gospodarka będzie funkcjonować na każdym poziomie zgodnie z nowymi zasadami.

d) Cele te można osiągnąć tylko jeśli związek ma dostęp do środków masowego przekazu. Komitet krajowy ogłosi aktywny strajk w radiu, telewizji, prasie, drukarniach i sektorze dystrybucji prasy, tak by te środki przekazu zaczęły służyć społeczeństwo.” [63]

Ten „program działania” reprezentował myślenie osób związanych z KZ-KFS. Oprócz fabryk, proponowali oni przejąć prasę, radio i telewizję poprzez „aktywne strajki” jednocześnie organizując straż obronną „Solidarności” by zająć się armią i milicją. Radykałowie nie byli jedynymi z planem działania:

„Nurt umiarkowany zalecał inny rodzaj taktyki. Jego główny rzecznik, Jan Rulewski, sekretarz regionu bydgoskiego, przekonywał że społeczeństwo i państwo weszły w okres konfrontacji który zintensyfikował się od sierpnia 1981. „Wskazuje to na ogólną konfrontację”- mówił- „która powinna znaleźć punkt kulminacyjny w strajku generalnym, aktywnym strajku.” Kryzys państwa musiał znaleźć „rozwiązanie polityczne” patrząc na doświadczenie demokracji parlamentarnych.

***

Zamysł był taki, że referendalne wotum nieufności wobec ustroju zmusiłoby „Solidarność” do ogłoszenia strajku generalnego. Jeśli rząd wtedy nie zaakceptowałby rozwiązania politycznego, byłoby koniecznym utworzyć rząd tymczasowy niezależnych ekspertów których zadaniem byłoby zorganizować wolne wyboru do Sejmu i innych ciał przedstawicielskich, tym samym zapewniając powszechną supremację.” [64]

Mamy tu spektrum opinii wewnątrz „Solidarności” w przededniu zamachu Jaruzelskiego. „Radykałowie” chcieli zainicjować bezpośrednie starcie podczas gdy „umiarkowani” chcieli najpierw przeprowadzić referendalne wotum nieufności wobec reżimu, a w jego następstwie strajk generalny. W końcu:

„Komitet krajowy nie opowiedział się za żadną z proponowanych taktyk. Był rad zwołać referendum w sprawie ustroju i formy rządów (…) Debata pozostała otwarta co do sposobu w którym problem władzy należało rozwiązać (…) było widoczne że ktokolwiek podjąłby inicjatywę i uderzył pierwszy miałby przewagę w razie konfrontacji.” [65]

VII. Rewolucja czy kontrrewolucja?

Pseudotrockistowskie formacje jakie stanęły po stronie „Solidarności” zrobiły to z głęboko zakorzenionego stalinofobicznego odruchu. Centryści z „Władzy Robotniczej”, którzy swobodnie przyznają że kierownictwo „Solidarności” było restauracjonistyczne, bronią go przed stalinowskim kontrprzewrotem na tej podstawie, że Wałęsa i spółka nie mogli skutecznie przejąć władzy:

„(…) wbrew całej demagogicznej pianie Rulewskiego nie ma dowodu że namawiał do, czy że „Solidarność” przygotowywała zbrojne powstanie w przededniu zamachu stanu Jaruzelskiego (…) „radykałowie” spodziewali się, że referendum obroni ich i ich ideę dzielenia władzy przed stalinistami. To prawda, do grudnia, czołowi bojownicy namawiali do sformowania robotniczych straż obronnych (na przykład Bujak i Pałka)(…) Lecz sporadyczna natura oporu wobec stanu wojennego podkreśla że nie było konkretnych i rozwiniętych planów dla „Solidarności” dla zorganizowania się celem przejęcia władzy politycznej (…)” [66]

Jest to groteskowy przykład łamania logiki przez centrystów. „Władza Robotnicza” broni kontrrewolucyjnego przywództwa „Solidarności” przeciw stalinistom ponieważ nie było poważnego zagrożenia. Ale powodem dla którego „Solidarność” nie stanowiła zagrożenia było to, jak wykazał Kowalewski, że Jaruzelski uderzył zanim Bujak i spółka mogli „zorganizować się celem przejęcia władzy politycznej”!

Dla trockistów nie ma znaczenia kto zadał pierwszy cios. Naszą postawę wobec tych, którzy walczą o władzę państwową w zdeformowanym państwie robotniczym nie określa ich taktyczna kompetencja czy stopień przygotowania, lecz ich program polityczny. Wszystkie skrzydła „Solidarności”- radykalne i umiarkowany- były oddane kapitalistyczno-restauracjonistycznej „reformie” gospodarczej.

PZPR rozpadała się i była niezdolna do skonsolidowania przywództwa z jakimkolwiek powszechnym poparciem. Doznała masowych dezercji z jej szeregów do „Solidarności”. Gospodarka była na skraju upadku a społeczeństwo polskie tkwiło w boleściach poważnego kryzysu społecznego. Konfrontacja między „Solidarnością” a reżimem była, cytując Lecha Wałęsę, „nieunikniona”. Kadra 19 500 księży, obok 40 000 pełnoetatowych funkcjonariuszy „Solidarności”, mogła łatwo wejść w próżnię wytworzoną przez udane obalenie PZPR.

Wałęsa i spółka nie przejawiali szczególnej finezji w sztuce insurekcji- ale zagrożenie jakie stanowili było bardzo realne, zwłaszcza biorąc pod uwagę aktywne poparcie jakiego mogli rozsądnie oczekiwać od świata imperialistycznego. Przywództwo „Solidarności” nie doceniło solidności wojska; ale dopóki nie zostało wciągnięte do gry, nikt nie mógł pewien jak poborowi by zareagowali. „Solidarność” cieszyła się poparciem przeważającej masy polskiej ludności. Kowalewski zauważa że przywództwo związkowe „padło ofiarą złudzenia że ta siła wystarczyłaby do zneutralizowania armii.” [67] Nie była to zupełnie fantazja. W milicji, „organizacja „Solidarności”, pomimo zwolnienia jej przywódców i nieuznawania przez sądy, miała około 40 000  niedoszłych członków z całych ok. 150 000”. [68] W rzeczy samej, założenie że nie należało liczyć na wojsko polskie w żadnej konfrontacji z „Solidarnością” było powszechnie przyjmowane. Raina donosi: „Ogół społeczeństwa podzielało pogląd wyrażone przez „Słowo Powszechne”. W swoim numerze z 12 października [1981], oznaczającym Dzień Wojska Polskiego, katolicki dziennik zauważył że „nikt nie mógł liczyć na wykorzystanie wojska polskiego przeciwko chcącym reform polskim robotnikom.” [69]

Amerykańska Rewolucja Liga Robotnicza (RWL) broni „Solidarności”- choć z nieco innym uzasadnieniem. Jak nam wiadomo RWL nie wydała wyczerpującego oświadczenia w sprawie „Solidarności”. Jednakże, jedna z bywałych i autorytatywnych kadr RWL powiedziała nam, że w grudniu 1981 nie stanęliby ani po stronie Jaruzelskiego, ani Wałęsy, lecz po prostu wezwaliby do robotniczej rewolucji politycznej! W polemice przeciwko Hugo Oehlerowi w lipcu 1939, Trocki wyśmiał tych którzy „rozwiązują” trudne problemy polityczne hipotetycznie rzutując istnienie najbardziej abstrakcyjnie pożądanych okoliczności. Trocki nie żywił nic oprócz pogardy do tych:

„zadowolonych z logicznej dedukcji ze zwycięskiej rewolucji rzekomo już osiągniętej. Ale dla rewolucjonistów sedno problemu tkwi właśnie w tym, jak utorować drogę dla rewolucji, jak uczynić podejście do rewolucji łatwiejszym dla mas, jak przybliżyć się do rewolucji, jak zapewnić jej tryumf. „Jeśli robotnicy przeprowadzą(…)” zwycięską rewolucję, wszystko oczywiście będzie w porządku. Ale teraz nie ma zwycięskiej rewolucji; jest natomiast zwycięska reakcja.” [70]

Węgry 1956 kontra Polska 1981

Kryzys polityczny reżimu stalinowskiego w Polsce w 1981 był niepodobny do jakiejkolwiek innej poprzedniej politycznej konfrontacji między wschodnioeuropejskimi robotnikami a ich biurokratycznymi władcami. Był to pierwszy raz, kiedy którakolwiek taka rewolta miała znaczne bezpośrednie powiązana z agencjami zachodniego imperializmu. Polscy robotnicy byli tak odstręczeni od reżimu że znaczne ich sektory wyglądały ratunku z rąk obskuranckiej hierarchii katolickiej, a nawet przedstawicieli imperialistycznego „wolnego świata”. To krytyczne wyróżnienie jest rutynowo ignorowane przez tych rzekomych trockistów którzy bez zająknięcia porównują wydarzenia polskie z robotniczym powstaniem na Węgrzech w 1956.

Charakteryzujemy węgierski zryw z 1956 jako próbę proletariackiej rewolucji politycznej. To prawda, że reżim pod przywództwem Imre Nagy’ego wykazywał znaczny skręt w prawo, wprowadzając do rządu burżuazyjnych polityków z okresu „frontu ludowego” późnych lat 40. W obliczu radzieckiej inwazji, Nagy nawet ogłosił wycofanie się Węgier z Układu Warszawskiego, i apelował do ONZ o obronę węgierskiej neutralności.

Obecność wspólnych żądań i wspólnych sił społecznych tylko służy podkreśleniu kontrastu między Budapesztem w 1956 a Warszawą dwadzieścia pięć lat później. Na Węgrzech masa uczestników była wyraźnie przeciwna wszelkim dążeniom do restauracji kapitalizmu. Hierarchia duchowna, pod wodzą kardynała Mindszenty’ego, miała stosunkowo niskie poparcie i, jak inne nader prawicowe siły, była traktowana z wrogością przez robotników i masę inteligencji.

O ile Nagy szedł w prawo wraz z powolną utratą kontroli pośród anarchii jaka nastąpiła po radzieckiej interwencji w październiku, rady robotnicze- zorganizowane zupełnie niezależnie od robotników- skonsolidowały się wokół perspektywy „niepodległych, socjalistycznych Węgier”. Radom tym przewodziły, zazwyczaj, byłe kadry partii komunistycznej które zbuntowały się przeciwko stalinizmowi.

Gdy armia radziecka najechała Węgry po raz drugi 4 listopada, reżim Nagy’ego natychmiast upadł i Nagy oraz jego bliscy zwolennicy uciekli do ambasady jugosłowiańskiej. Lecz rady robotnicze pozostały ważnym czynnikiem politycznym i Janos Kadar, który przewodził reżimowi narzuconemu przez Moskwę, był zmuszony spotkać się z ich kierownictwem by spróbować wynegocjować koniec trwającego miesiąc strajku generalnego jakim robotnicy węgierscy powitali radziecką inwazję.

W środku strajku generalnego miała miejsca próba połączenia rad robotniczych w jedno autorytatywne ciało centralne. Jakieś pięćdziesiąt delegatów, reprezentujących różne dzielnicy i większe fabryki w i wokół Budapesztu, jak i paru delegatów z prowincji, spotkało się by zainicjować Centralną Radę Robotniczą Wielkiego Budapesztu. Jego wstępna deklaracja zaczynała się od słów:

„Dziś, 14 listopada 1956, delegaci z dzielnicowych rad robotniczych uformowali Centralną Radę Robotniczą Wielkiego Budapesztu. Centralnej Radzie Robotniczej została udzielona władza negocjowania w imieniu robotników wszystkich fabryk w Budapeszcie, i decydowania o kontynuowaniu strajku lub powrocie do pracy. Deklarujemy niezachwianą lojalność zasadom socjalizmu. Uznajemy środki produkcji za własność zbiorową którą jesteśmy gotowi bronić w każdym razie.”

Deklaracja zawierała osiem żądań, w tym powrót Nagy’ego jako szefa rządu, usunięcie radzieckich wojsk, uwolnienie tych których uwięzionych za stawianie oporu radzieckiej inwazji, i „zniesienie systemu jednopartyjnego i uznanie tylko tych partii które opierają się na socjalizmie.” [71] Partia trockistowska mogłaby walczyć wewnątrz rad o rząd oparty na radach, w opozycji do Nagy’ego.

W żadnym momencie ewolucji „Solidarności”, od związku zawodowego do krajowego ruchu politycznego walczącego o „pluralizm”, nie jest możliwym wskazać jakiekolwiek znaczące siły zorganizowane wokół perspektywy obrony upaństwowionej własności. Na Węgrzech główny bohater- ruch rad robotniczych- otwarcie zadeklarował wierność „zasadom socjalizmu”. Wszelka próba utożsamienia prosocjalistycznych węgierskich rad robotniczych z 1956 z otwarcie restauracjonistycznym programem „Solidarności” w 1981 jest dogłębnie kłamliwa.

Program rewolucji politycznej

Trockiści odmawiają „prawa” robotników oddania z powrotem Polski kapitalizmowi. Podobnie demokratyczne prawo narodów do samookreślenia (np. Polski wobec ZSRR) jest podporządkowane obronie skolektywizowanych form własności. Nie pokładamy też wiary w działanie jakiegoś automatycznego „procesu rewolucyjnego” który zagwarantuje że ostatecznie wszystko będzie w porządku. Program partii robotniczej (lub wielu partii robotniczych) ma krytyczne znaczenie dla rezultatu. Aby być godnym poparcia, wszelkie alternatywne kierownictwo w państwie robotniczym musi być oddane zachowaniu gospodarki planowej, monopolu handlu zagranicznego, itp. W Polsce po prostu tak nie było.

Opozycja trockistowska wewnątrz „Solidarności” podniosłaby program który by zawierał:

  1. Natychmiastowe wydalenie KPN i stłumienie antysemickich, piłsudczykowskich i wszelkich innych prokapitalistycznych nurtów;
  2. Aktywne utożsamienie się z Różą Luksemburg i bohaterskimi tradycjami komunizmu polskiego;
  3. Obronę zasady centralnego planowania i scentralizowanej kontroli nad gospodarką pod demokracją robotniczą; obronę państwowego monopolu na handel zagraniczny- odrzucenie konkurencyjnych propozycji „samorządności” i „równowagi rynkowej” przyjęte przez zjazd „Solidarności”;
  4. Rozdział kościoła od państwa- żadnego uprzywilejowanego dostępu hierarchii katolickiej do szkół czy mediów; agresywna kampania na rzecz wyzwolenia kobiet- w tym prawa do rozwodu, darmowej aborcji na żądanie i darmowego dostępu do antykoncepcji; aktywne rekrutowanie kobiet do kierownictwa politycznego i przedsiębiorstw państwowych;
  5. Aktywna solidarność ze strajkującymi związkowcami PATCO represjonowanych przez Reagana podczas zjazdu „Solidarności”; poparcie militarne dla salwadorskich lewicowych powstańców i wszystkich innych w walce z imperializmem na świecie;
  6. Bezwarunkowa obrona Polski, ZSRR i innych niekapitalistycznych państw przeciwko imperializmowi i nurtami restauracjonistycznymi;
  7. Zerwanie koneksji z proimperialistycznymi biurokratami z AFL-CIO, i odrzucenie prowokacyjnego, antykomunistycznego zaproszenia dla powiązanych z CIA związkowców Irvinga Browna i Lane Kirklanda;
  8. Zerwanie wszelkich więzów z kułacką „Solidarnością” Rolników Indywidualnych; o organizację ubogich chłopów i robotników rolnych; wyraźne poparcie dla uspołecznionego rolnictwa; o natychmiastowy koniec z wszelkimi państwowymi dotacjami dla kapitalistów wiejskich; zniesienie „prawa” wynajmowania siły roboczej w rolnictwie i o masywny program ekonomicznych zachęt celem promowania dobrowolnej kolektywizacji pojedynczych gospodarstw; oraz
  9. O utworzenie ogólnokrajowej sieci rad robotniczych dla mobilizacji proletariatu dla obalenia stalinowskiej dyktatury przez polityczną rewolucję, aby ożywić gospodarkę centralnie planowaną administrowaną bezpośrednio przez rady robotnicze.

Tragicznym faktem jest to, że żadna frakcja wewnątrz „Solidarności” nie popierała ani jednego z tych punktów programowych. O ile było wiele gorących debat i mnóstwo dokumentów i rezolucji, jest prostym faktem że wszystkie znaczące nurty w „Solidarności” były oddane implementacji „reformy rynkowej”. Trockistowska organizacja w Polsce w 1981, z bazą w klasie robotniczej, stoczyłaby walkę o pozbycie się prokapitalistycznego przywództwa ze związku. Ale nie było takiego nurtu w „Solidarności”.

Do jesieni 1981 „Solidarność” stała się ruchem kapitalistyczno-restauracjonistycznym z zarówno mocą społeczną jak i kierownictwem subiektywnie oddanym obaleniu zdyskredytowanego i zdemoralizowanego reżimu stalinowskiego. Wzywać do obrony „Solidarności” było wzywaniem do obrony jej kontrrewolucyjnej kadry. Udzielamy militarnego poparcia dla prewencyjnego uderzenia stalinistów przeciwko kierownictwu „Solidarności”.

Nie dajemy stalinistom czeku in blanko do ograniczania demokratycznych praw robotników do organizowania się, spotykania się celem dyskutowania  o polityce, i rekonstruowania się politycznie. Wiemy że nurty kapitalistyczno-restauracjonistyczne mogą zostać zdecydowanie pokonane tylko przez robotniczą rewolucję polityczną która zniszczy rządy stalinowskich pasożytów. Ale nie utożsamiamy obrony praw politycznych polskich robotników z obroną „Solidarności”.

Cenimy sobie i dążymy do zachowania i rozszerzenia politycznej przestrzeni wywalczonej przez ruch robotniczy poprzez strajk z sierpnia 1980 który zrodził „Solidarność”. Ogólnie rzecz biorąc sprzeciwiamy się stalinowskiemu tłumieniu dysydentów ideologicznych, nawet tych prokapitalistycznych. Rewolucjoniści bronią także istnienia związków niezależnych od państwa nawet w zdrowych państwach robotniczych.

Lecz tym co oddziela trockistów od shachtmanowców (tj. „demokratyczno-socjalistycznych” antykomunistów) jest to, że w ostatecznym rachunku nie stawiamy „praw demokratycznych” ponad obroną proletariackich form własności. W Polsce w grudniu 1981 należało wybrać jedno z dwóch, i powtarzamy za Trockim że:

„Nie możemy ani na chwilę stracić z oczu faktu, że kwestia obalenia biurokracji radzieckiej jest dla nas podporządkowana zachowaniu państwowej własności w środkach produkcji w ZSRR; że kwestia zachowania państwowej własności w środkach produkcji w ZSRR jest dla nas podporządkowana kwestii światowej rewolucji proletariackiej.” [72]

Rozprawa Jaruzelskiego z 13 grudnia 1981 nie zrobiła nic by rozwiązać sprzeczności które dały początek kryzysowi w polskim społeczeństwie, ale zatrzymała niebezpieczną mobilizację restauracjonistyczną. Nie mamy złudzeń w zdolność stalinistów do obrony, a tym bardziej rozwoju, znacjonalizowanej własności w Polsce czy gdziekolwiek indziej. W istocie, jedyną gwarancją przeciwko burżuazyjnej restauracji jest zwycięstwo robotniczej rewolucji politycznej która zniszczy rządy biurokratycznych pasożytów.

Jesteśmy za zdławieniem kontrrewolucji przez świadomy klasowo ruch robotniczy. Ale trockiści nie mogą przyjąć postawy neutralności w starciu między ruchem na rzecz restauracji kapitalistycznej a stalinowskim aparatem państwowym. W środku stalinowskich procesów pokazowych w 1937 Trocki przewidywał że:

„Jeśli proletariat przegoni radziecką biurokrację na czas, wtedy jeszcze zastanie upaństwowione  środki produkcji i podstawowe elementy gospodarki planowej po swoim zwycięstwie. Oznacza to, że nie będzie musiał zaczynać od początku. To ogromna korzyść!” [73]

Przypisy

  1. Trotsky, Leon; “On the Conference of Left Socialist and Communist Organizations…”, Writings of Leon Trotsky (LTW) 1933-34, 1971, p. 62
  2. Trotsky; In Defense of Marxism, 1970, p. 119
  3. Ibid., p. 178
  4. Trotsky; “The Class Nature of the Soviet State,” LTW 1933-34, p. 116
  5. Trotsky; “Not a Workers’ and Not a Bourgeois State?”, LTW 1937-38, 1976, p. 63-4
  6. Trotsky; The Revolution Betrayed, 1972, p. 253
  7. Potel, Jean-Yves; The Summer Before the Frost, 1982, p. 180
  8. Potel, p. 186
  9. Singer, Daniel; The Road to Gdansk, 1981, pp. 189-90
  10. Fejto, Francois; A History of the People’s Democracies, 1974, pp. 438-9
  11. Potel, p.91
  12. Cviic, Christopher; in Poland: Genesis of a Revolution, A. Brumberg ed., 1983. p. 99
  13. MacDonald, Oliver; “The Polish Vortex” in New Left Review, No. 139, May-June 1983, p. 28
  14. Singer, pp. 190-1
  15. Ascherson, Neil; The Polish August, 1981, p. 95
  16. “Open Letter to Members of…the United Polish Workers Party…” in Revolutionary Marxist Students In Poland Speak Out, 1968, pp. 86-7
  17. zacytowane w Workers Vanguard, No. 263, 5 September 1980
  18. Touraine, p. 113
  19. Touraine, Alain; Solidarity: The Analysis of a Social Movement, 1984, p.159
  20. Garton Ash, Timothy; The Polish Revolution. 1983. p. 19
  21. Michnik, Adam; Letters From Prison, 1985, p. 124
  22. The Book of Lech Walesa, 1982, pp. 192-3, cited in MacDonald
  23. MacDonald, p. 36
  24. Uncensored Poland News Bulletin, 14 November 1985
  25. Weschler, Lawrence; The Passion of Poland, 1984, p.60
  26. Garton Ash, p. 222
  27. Touraine, p. 142
  28. Potel, pp. 186-7
  29. Carton Ash, p. 227
  30. Weschler, p. 68
  31. Trotsky; Third International After Lenin, 1936, p. 300
  32. Workers Vanguard z 8 stycznia 1982 doniosła o artykule w La Canard Echaine, francuskim magazynie satyrycznym, w numerze z 16 grudnia 1981, który twierdził że w połowie października 1981 Lech Wałęsa spotkał się potajemnie w Paryżu z koterią wysoko postawionych kierowników korporacyjnych, którzy przylecieli dwie godziny wcześniej wyczarterowanym samolotem. Obecni byli:

    „(…) Philip Caldwell, prezes Forda; Robert Tirby, prezes Westinghouse; Dawid Lewis, to samo dla General Dynamics; Henry Heinz, reprezentujący grupę żywnościową/rolniczą o tej samej nazwie, oraz Thomas Watson, gruba ryba z IBM. Oraz ważna osobistość z T.W.A. i kilku potentatów o tylko nieco mniejszej wadze, prezesi bankowości i ubezpieczeń(…)Cały ten tłum dla Lecha Wałęsy, uważanego za istną głowę gabinetu cieni. Zapoznania są szybkie i zaczyna się dyskusja. Działa system jednoczesnego tłumaczenia, dowód że po amerykańskiej stronie, w każdym razie, wywiad nie był całkowicie improwizowany.” Według tego doniesienia, wśród pytań zadanych Wałęsie przez tych kapitanów przemysłu i finansów były: „Czy jesteście gotowi oddać swoje wolne soboty?”, „Czy polscy robotnicy wiedzą jak pracować i są gotowi do tego?”, „Czy to koniec ideologii marksistowsko-leninowskiej w Polsce?”, „Czy chce pan by partia komunistyczna pozostała u władzy?”

  33. Garton Ash, p. 225
  34. Touraine, p. 144
  35. Trotsky; The Challenge of the Left Opposition 1926-27, 1980, p. 492
  36. Trotsky; The Transitional Program for Socialist Revolution, 1973, p. 105
  37. MacDonald, pp. 28-9
  38. Garton Ash, p. 216
  39. Touraine, p. 140
  40. New Left Review, No. 125, January-February 1981, p. 65
  41. Workers Power; “Revolution and Counter-revolution in Poland,” July 1982, pp. 10-11
  42. Ibid., pp. 11-12
  43. Trotsky; “The Moralists and Sycophants Against Marxism,” Their Morals and Ours, 1969, pp. 44-5
  44. Potel, pp. 82-3
  45. Workers Power to Bolshevik Tendency, 2 April 1987
  46. Raina, Peter, Poland 1981, 1985, pp. 423, 430-1
  47. Garton Ash, p. 249
  48. Raina, p. 431
  49. Ibid., pp. 432-3
  50. Garton Ash, p. 250
  51. Raina, p. 435
  52. Ibid., p. 446
  53. Ibid., pp. 448, 450, 452
  54. Ibid., p. 453
  55. Touraine, p. 88
  56. Poglądy polityczne Kowalewskiego są otwarcie „trzecioobozowe”- termin ukuty przez Maxa Shachtmana (który przewodził rozłamowi z ruchem trockistowskim w 1940) by opisać swoje stanowisko neutralności w konfliktach między imperializmem a ZSRR. W numerze z września-października 1986 Against the Current, amerykańskiej publikacji shachtmanowskiej, Kowalewski z aprobatą cytuje Hala Drapera (wiodącego członka Niezależnej Ligi Socjalistycznej Shachtmana) wzywającego w 1951 do „demokratycznej rewolucji w systemie skolektywizowanym.” W tym artykule Kowalewski ruga tych, którzy „nadal wierzą w nawet rzekomą wyższość „realnego socjalizmu” i „zdobyczy proletariackiej” jakie są rzekomo w nim zawarte.” Jest pewna wewnętrzna spójność w stanowiskach Kowalewskiego- co jest więcej niż można powiedzieć o większości „trockistowskich” zwolenników „Solidarności”. Jego zaprzeczenie tego że jest cokolwiek do obrony w skolektywizowanych gospodarka jest w zgodzie z jego dalszym głoszeniem zorientowanego na rynek schematu samorządności przedstawionemu na zjeździe „Solidarności”.
  57. Kowalewski, Zbigniew; “Solidarity on the Eve,” in The Solidarity Sourcebook, 1982, Persky and Flam eds., p. 237
  58. Ibid., pp. 230, 232
  59. Washington Post, 20 December 1981
  60. New York Times, 13 December 1981
  61. Washington Post, 20 December 1981
  62. Washington Post, 20 December 1981
  63. Kowalewski, p. 238
  64. Ibid., pp. 238-9
  65. Ibid., p. 240
  66. Workers Power, p. 6
  67. Kowalewski, p. 239
  68. Garton Ash, p. 237
  69. Garton Ash, p. 237
  70. LTW 1939-40, 1973, p. 50
  71. Nagy, Balazs; “Budapest 1956: The Central Workers Council,” Eyewitness in Hungary, 1981, Bill Lomax ed., pp. 177-8
  72. Trotsky, In Defense of Marxism, 1970, p. 21
  73. LTW 1937-38, 1976, p. 69
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