Nota do Coletivo Lenin sobre o Racha

Resposta ao racha dos camaradas Leandro e Rodolfo
Nota sobre o racha no Coletivo Lênin 

Esta nota foi copiada do blog do Coletivo Lenin (coletivolenin.blogspot.com). Leia aqui a nossa resposta. 

No dia 23/06, dois militantes do setor estudantil, depois de meses de discussão onde tentamos evitar esse final, romperam com o CL. Eles ainda não escreveram a sua declaração de ruptura (que publicaremos no nosso blog e criticaremos) mas, como eles já estão falando sobre o racha com simpatizantes do CL, achamos melhor publicar nossa declaração sobre o fato.


Um racha sem motivo político com os fatos internacionais e nacionais recentes 

A primeira coisa que surpreende negativamente no racha é que ele não reflete nenhuma tendência da luta de classes. Para explicar melhor: em todos os rachas normais são provocados por algum acontecimento na luta de classes, que leva setores da organização a terem respostas políticas tão diferentes que não podem ser conciliadas.

Mesmo que tenha havido sim uma diferença política (os companheiros defenderam a dupla derrota na Líbia antes da invasão, negando que houvesse um movimento progressivo contra a ditadura de Khadafi no inicio dos protestos em fevereiro na Líbia), os próprios companheiros negam que esse tenha sido o motivo do racha.

Então, qual foi o motivo? 

O dogmatismo! 

Desde a nossa ruptura com a TBI, em novembro, o CL decidiu que iria fazer um balanço da tradição que a TBI reivindica, o espartaquismo, para determinar se existem elementos do próprio programa espartaquista que facilitaram a degeneração de todas as correntes que o reivindicam (LCI, IG e TBI). A nossa caracterização sobre a degeneração das correntes espartaquistas está na nossa declaração de ruptura com a TBI.

Como marxistas, sabemos que o ser determina a consciência. É impossível que uma seita que se recusa a intervir no movimento de massas, como a TBI, possa desenvolver e manter um programa correto para as lutas. Por isso, começamos a fazer um balanço do programa que tínhamos reivindicado até então. Chegamos á conclusão que as melhores contribuições do espartaquismo foi a intervenção no movimento negro nos EUA nos anos 60 e 70, e também o posicionamento correto contrário ao apoio à burocracia cubana, e até mesmo algumas posições defensistas que em alguns casos não eram stalinofílicas. Porém o auto-isolamento dessa corrente, o sua stalinofilia crescente desde o final dos anos 60 até o final dos anos 80 (onde substitui o papel da classe trabalhadora pela burocracia “anti-restauracionista” em incontáveis casos no leste europeu), a sua incapacidade de analisar a realidade imposta sem propor novas teorias (que como consequência levou ao pensamento absurdo e anti-marxista de que “programa gera teoria”); foram esses os principais fatores que levaram as três correntes espartaquistas dos dias de hoje à degeneração e a serem incapazes ou a se recusarem a intervir no movimento de massas e na luta de classes.

Porém, os companheiros que depois romperam se recusaram a aceitar qualquer crítica e qualquer modificação do programa, chamando de revisionistas e oportunistas todos os que propusessem isso.

Logicamente, isso acabou criando um clima insuportável na organização, já que qualquer discussão política era “aumentada” até virar um julgamento do “oportunismo” de quem divergia deles. 

E sectarismo… 

Isso por si só poderia ser resolvido. Mas acontece que o dogmatismo sempre vem acompanhado com o sectarismo. Em maio, na sua primeira contribuição ao nosso período de pré-congresso, os companheiros que romperam declararam que as diferenças políticas eram irreconciliáveis, e que só havia duas soluções possíveis: ou eles ficariam em minoria, e iam rachar, ou ganhariam a maioria, e expulsariam quem ficasse em minoria! 

Ou seja, eles deram o racha como fato consumado. Diante disso, tentamos organizar todos os temas da discussão para esclarecer o conjunto do CL sobre a natureza das divergências. Para nós, os companheiros poderiam ficar dentro do CL mesmo que em minoria, o que não aceitamos foi que eles defendessem a expulsão de membros da organização por causa da paranoia deles com o “oportunismo”. 

O papel do “Reagrupamento Revolucionário” 

Durante tudo isso, Sam Trachtenberg, que organiza o site Reagrupamento Revolucionário, e com quem tínhamos relações fraternais, entrou na campanha dos companheiros para rachar e destruir o CL, fazendo acusações pessoais totalmente sem fundamento (ele mora em Nova Iorque e nunca conheceu pessoalmente nenhum militante do CL).

Nisso, ele mostrou que aprendeu tudo com os burocratas da TBI, que tentaram rachar o CL sem motivos políticos em 2010, para ganhar militantes facilmente manipuláveis, como já denunciamos na nossa declaração de ruptura com a TBI. 

Diante do papel de Sam, declaramos desde já, nessa mesma nota, que rompemos as relações fraternais com ele. E aproveitamos para avisar a quem quiser discutir com ele: esse é o método de Sam Trachtenberg para fazer o “reagrupamento revolucionário”: rachar uma organização em cima de posições dogmáticas e sectárias, através de ataques pessoais, para criar uma “corrente internacional” com dois militantes num país e um em outro.

Com certeza ninguém vai reconstruir a Quarta Internacional assim! 

A luta continua! 

Depois que perceberam que suas posições foram rechaçadas, e que eles ficaram em minoria, eles romperam. Não sabemos ainda o que eles vão falar para “explicar” a sua derrota, já que não podem dizer que perderam o debate porque ninguém no CL aceitou o dogmatismo e o sectarismo deles.

Não vamos tapar o sol com a peneira: esse foi um dos piores problemas que o CL já sofreu. Como já dissemos, não queríamos que os companheiros rompessem. Apesar dos seus erros, eles são honestos e muito contribuíram para a construção do CL.

Mas essa derrota não vai fazer a gente desanimar! O CL continua nas suas trincheiras da luta de classes, construindo a FIST, o Movimento Hora de Lutar e a Oposição Classista. Ainda não tivemos como terminar o balanço do espartaquismo, mas em breve, todos verão a nossa avaliação e um novo programa está sendo construído para nossa organização.

Não vamos ficar isolados nacionalmente depois das péssimas experiências com a TBI e o “RR”. O balanço será usado para fundamentar nossas relações internacionais. Como leninistas marxistas-revolucionários, não acreditamos em uma organização que se limite a um só país, e paro nós o socialismo só pode ser construído a nível internacional.

Nesse momento, estamos retomando o fôlego para voltar com o nosso jornal, aumentar a nossa intervenção no movimento e nossas discussões com outras organizações revolucionárias. Sabemos que, dentro do movimento dos trabalhadores e no movimento estudantil, temos muitos militantes que simpatizam com o nosso árduo trabalho político (quem não tem sido em vão), nos apoiam e certamente vão rejeitar esse racha.
28 de junho de 2011