Parem já a liquidação do trabalho sindical!

Parem já a liquidação do trabalho sindical!
Romper com a má liderança de Robertson, Foster e Nelson!

Originalmente publicado como boletim da “Tendência Externa” da Tendência Espartaquista Internacional (ET-iSt), 25 de junho de 1983. Traduzido a partir de: http://bolshevik.org/ETB/ET_1983_TU_doc.html

“Exigir da burocracia sindical, que está caçando comunistas, que estes sejam acomodados benevolentemente e com o maior conforto para trabalhar, ameaçando assim os burocratas, e se eles não o fizerem os comunistas se recusarão a participar dos sindicatos, isto é, se recusarão a fazer trabalho revolucionário – isso é um completo absurdo.” – Problemas sindicais nos Estados Unidos, Leon Trotsky, 23 de setembro de 1933.

A renúncia dos representantes sindicais do Comitê de Ação Militante (CAM), apoiado pela Liga Espartaquista (SL) em Los Angeles e na Área da Baía de São Francisco representa um desvio qualitativo para longe da orientação da SL para a classe trabalhadora organizada. Há uma linha reta entre desistir da capacidade de luta dos trabalhadores organizados, viajar de avião durante a greve dos controladores de voo, apesar dos piquetes, e liquidar as colaterais sindicais. A liderança da SL está abandonando a posição leninista/trotskista de lutar por uma direção revolucionária dentro dos sindicatos com direções pelegas. As lições de Esquerdismo, doença infantil do comunismo estão sendo jogadas pela janela. As colaterais centradas nos sindicatos, baseadas em atrair trabalhadores para construir uma liderança alternativa, estão sendo transformadas. A orientação principal das cascas que restaram aponta para fora dos sindicatos. O trabalho sindical prosseguirá, mas apenas para prover uma base econômica para a SL e uma ocasional aparência ortodoxa para sua liderança.

A autoridade dos quadros da SL em LI, T1, T2, II e BI (vários setores industriais), acumulada em anos de suor, sangue e perseguição, está sendo pisoteada do dia para a noite; a liderança da SL sabe que os efeitos dessa liquidação são praticamente irreversíveis. Os líderes sindicais do CAM apoiado pela SL não podem simplesmente se virar para os seus apoiadores daqui a alguns meses e dizer que “cometeram um erro” ou que “os tempos mudaram”, retomando o trabalho do momento em que abandonaram os trabalhadores. Os membros do sindicato têm boa memória. Assim como piadas cínicas e perguntas ásperas se seguiram à saída de Waters e Edwards dos sindicatos, as renúncias em massa dos representantes sindicais do CAM já estão atraindo para eles a reputação de desertores. Ironicamente, um panfleto para a eleição sindical do CAM na Área da Baía de São Francisco em abril de 1983 dizia “Eleja lutadores e não desertores!”.

Os trabalhadores não confiam em desertores!

Não se leva as pessoas para a batalha para desertar. Entretanto, é exatamente isso que o CAM está fazendo. Depois de lutar e ganhar na Regional 11502 para reter as posições de representantes sindicais, o CAM agradeceu aos muitos dirigentes e membros do sindicato que os defenderam… e renunciou. Na Regional 9410, onde há seis meses cerca de mil membros protestaram em defesa de Kathy, exigindo o fim do processo contra ela e a saída dos burocratas, o CAM também está renunciando. Stan, membro do Comitê Militante apoiado pela SL corretamente propôs uma moção em uma assembleia, por uma paralisação de protesto contra as atividades nazistas em Oroville. A moção foi aprovada. Exigiu-se então que ele voltasse atrás, se autocriticasse duramente, não fosse para Oroville e ainda criticasse os portuários que foram e levaram cartazes chamando por autodefesas negras e operárias para esmagar os fascistas. Esse abstencionismo está alimentando um ressentimento difundido pelos burocratas, fazendo com que a direção tenha mais facilidade em desacreditá-lo.

Não se iludam, camaradas. Um membro do CAM ou do CM que fique de fora fazendo críticas, ou que realize ações-relâmpago para mostrar militância, não poderá ter a mesma efetividade ou respeito que um representante sindical eleito do CAM ou do CM, que trava batalhas diárias com a empresa e com os burocratas sindicais.

Aparentemente, alguns membros do CAM perceberam isso. Em Los Angeles, um representante sindical se recusou a renunciar do seu cargo. O CAM exigiu então que ele se retirasse da colateral. Segue havendo oposição dentro do CAM a essa liquidação.

Declarem uma fração! Lutem para se livrar desse regime!

Camaradas, chegou a hora de agir contra a liderança histórica da SL/TEI (Tendência Espartaquista Internacional) antes que ela destrua totalmente o que construiu. Ela já decepou as seções canadense, australiana, britânica e alemã. Elas foram reduzidas a meros satélites da seção americana, comparáveis à relação da SLL (Liga Trabalhista Socialista) de Gerry Healy e as “seções” do seu Comitê Internacional. Agora Robertson e companhia estão destruindo o trabalho sindical, completando o processo de expurgar militantes sindicais de longa data como Waters, Edwards e Harlan. Chamamos os membros da SL/TEI para se livrarem desse regime para retornar à orientação correta anterior da SL.

Chamamos àqueles que ainda têm cargos na direção dos sindicatos, assim como outros quadros da SL, a declarar a formação de uma fração. Recusem a renunciar aos seus cargos e exijam que não haja mais renúncias até a próxima conferência nacional. Essa conferência tem a autoridade para interromper a destruição das colaterais sindicais e do trabalho internacional. Os quadros da SL devem insistir no seu direito de formar uma fração e continuar sendo membros do grupo. Se vocês são leais ao programa da tradição Espartaquista, é hora de se levantar e lutar, sabendo que a liderança da SL tentará imediatamente expulsá-los.

Alguns dos quadros mais experientes seguiram a liderança até o momento, esperando que os abusos organizativos arbitrários fossem cessar. Ainda é possível para os camaradas se organizarem e lutarem por um retorno à perspectiva proletária para a qual muitos foram inicialmente recrutados.

Alguns militantes sindicais de longa data talvez acreditem que podem provar sua lealdade e manterem-se membros da SL seguindo docilmente as ordens da liderança para queimarem nos sindicatos. Camaradas, não se iludam! Robertson e companhia têm um grande medo, como disse Foster, de que qualquer um que saia da SL e permaneça no sindicato estará na oposição dentro de um ano. No passado, eles eram primeiro expulsos da organização e depois retirados do seu sindicato. Entretanto, nem sempre isso funcionava. Num esforço de corrigir os problemas com esse procedimento, agora eles estão exigindo que os militantes sindicais se queimem nos sindicatos antes de serem expulsos da SL. Resistam à sua destruição política enquanto vocês ainda têm chance.

A tarefa crítica colocada, de pôr a SL de volta nos rumos políticos corretos e de salvar os militantes sindicais, não pode ser realizada concordando passivamente com a liderança – deve começar com uma decisão consciente de lutar. Camaradas que podem ter se perguntado como era estar no SWP nos anos 1950 e começo dos anos 1960, conforme ele se afastava pouco a pouco do trotskismo estão vivendo o começo do mesmo processo hoje na SL. Às vezes isso ocorre de formas que são difíceis de ver quando se está tão perto, mas as preparações claras para a completa liquidação do trabalho sindical de 15 anos em LI e de 10 anos em T2 deveria ser um alerta para todos os quadros da tendência, e fazer com que viessem lutar contra a perspectiva de liquidação do trabalho sindical.

Há uma alternativa ao suicídio

Howard Harlan se levantou contra a liderança quando ela exigiu que ele cometesse suicídio político no sindicato. Ele se retirou do Comitê Militante em vez de sair da direção do sindicato e jogar fora a autoridade e respeito pelo programa trotskista que foi ganho nos anos de trabalho no sindicato. A saída de Howard do MC marcou sua transformação de uma organização transitória em um grupo de divulgação que é majoritariamente abstencionista em questões sindicais.

Howard começou a publicar o Portuário Militante e foi reeleito duas vezes para a direção executiva, com base num programa classista, apesar da raivosa oposição tanto da burocracia sindical quando da SL. Hoje ele segue um polo classista solitário, mas com autoridade, num momento em que o sindicato enfrenta um teste crítico sobre o esquema antissindical do uso de fura-greves.

Em contraste, forçado a realizar giros bruscos e a autocriticar por escrito o seu instinto de luta, a autoridade de Stan no sindicato se corroeu. Somente aqueles que, como nós, valorizam seus quase 25 anos de trabalho comprometido, tempo esse empregado amplamente em defesa de um programa revolucionário, tomaram sua defesa ativamente no sindicato.

A natureza dos sindicatos mudou?

Isso nos leva à justificativa “teórica” para o porquê de os dirigentes sindicais do CAM foram instruídos a renunciar. No Portuário Militante número 5 (4 de fevereiro de 1983), Howard disse o seguinte sobre o Comitê Militante e seus apoiadores em Workers Vanguard:

“Em vez de falar abertamente sobre sua reorientação e defendê-la politicamente, eles estão tentando camufla-la estendendo a sua oposição historicamente correta à burocracia sindical a uma condenação do sindicato por inteiro.”

Em um artigo recente intitulado “Doug Fraser: policial da empresa” (Workers Vanguard 330, 20 de maio de 1983), a SL sugere que:

“Pode-se comparar Fraser entrar para o conselho da Chrysler com os socialdemocratas alemães votarem pelos créditos de guerra em 4 de agosto de 1914. Naquele momento os socialdemocratas se tornaram não apenas vendidos, mas agentes diretos do Kaiser…”

Essa não é a primeira vez que a analogia sobre o 4 de agosto é levantada com referência ao UAW (Sindicatos dos Trabalhadores Automotivos). Tal referência implica, sem sombra de dúvida, a impressão de que houve uma mudança fundamental no caráter do sindicato.

Como nós já mencionamos, a publicação da SL nos portuários, no número 17 (14 de janeiro de 1983), caracterizou o conselho da direção do ILWU (Sindicato Internacional dos Portuários e Estivadores) como simplesmente um “covil de ladrões”.

No panfleto da Ação Militante de 16 de maio de 1983 para a Regional 11502 do CWA (Sindicato dos Trabalhadores de Comunicação), no qual explicavam suas renúncias, Britton e Delgadillo disseram:

“Espera-se que os representantes do sindicato desempenhem o papel de policiais do chão de fábrica, impondo a política da empresa e impedindo que os membros do sindicato se oponham a elas ou mesmo se defendam quando vitimados.”

Se o fato de Fraser, um burocrata sindical, ter entrado no conselho da Crhysler, mudou qualitativamente o sindicato, por que a liderança da SL sempre tentou construir uma fração no sindicato dos caminhoneiros mesmo depois que Fitzsimmons (com o apoio tácito de toda a burocracia da AFL-CIO) entrou no Conselho de Nixon para controle dos salários? Por que os apoiadores da SL mantiveram postos no conselho sindical e posição de representantes sindicais eleitos no ILWU quando Bridges estava no Conselho governamental dos portos, planejando e executando a política de “Mecanização e Modernização”, desenvolvendo um sistema de operadores qualificados e colaborando abertamente com os patrões para destruí a base dos empregados sindicalizados? É irônico que o mesmo comitê sindical que o Comitê Militante descreveu como “covil de ladrões”, de acordo com Workers Vanguard 331 (3 de junho de 1983) apenas “quase apoiou uma jogada da burocracia”. Não pode-se defender as duas coisas. Se vocês estão simplesmente desorientados, então admitam-no e abram suas portas para uma fração de ex-membros que estará feliz em ajuda-los a se encontrarem.

Será que o CWA virou, da noite para o dia, uma agência da CIA? Jane, Gary, Kathy (alguns sindicalistas da SL) eram apenas capangas da empresa todo esse tempo? O que mudou? Os representantes sindicais do CWA sempre foram indicados. Por uma década, os membros do CAM foram, na prática, eleitos por meio de petições que circulavam nos locais de trabalho, assinadas por um número significativo de seus companheiros trabalhadores, exigindo a sua indicação como representantes. Ou vocês pensam que os burocratas sindicais teriam indicado esses militantes voluntariamente? Quem vocês estão tentando enganar? Ou vocês se esqueceram da natureza dual da burocracia sindical? Os irmãos e irmãs que apoiaram os membros do CAM constituíam uma base de apoio muito mais forte que muitas bases eleitorais, e os burocratas sabiam disso.

Se um representante indicado só pode ser um capanga ou policial da empresa, por que os representantes e membros da Regional 11502 do CWA forçaram o retorno de membros do CAM que estavam:

“tentando defender os membros suspensos pela empresa por não compactuaram com a brutal aceleração e as novas cotas de produtividade.”
– Ação Militante, 16 de maio de 1983.

Percebendo que uma renúncia por inteiro dos representantes indicados como meros capangas não iria pegar, a liderança da SL mudou de foco no panfleto de renúncia do CAM da Área da Baía de São Francisco. Ela repentinamente resolveu que a participação dos representantes sindicais nos painéis de fiscalização da empresa (“factfinding”) forçava os representantes a cruzar a linha de classe. Mas essa participação estava no contrato nos últimos dois anos e meio, enquanto os apoiadores da SL foram representantes!

No boletim Ação Militante de São Francisco de 20 de fevereiro de 1981, o CAM afirmou:

“O novo procedimento de fiscalização tira a pouca proteção que nossos membros tinham sob o antigo contrato. Ele arranca dos representantes do sindicato qualquer poder de lutar por nossos membros”.

E também:

“Nenhum representante sindical do CAM vai participar dos painéis de fiscalização. Não seremos parte desse esquema de colaboração de classes para ferrar com os trabalhadores.”

Desde fevereiro de 1981, os representantes sindicais do CAM se recusaram com sucesso a participar do “factfinding”. Então perguntamos: o que mudou?

E a luta bem-sucedida de um apoiador de longa data da SL, que agora apoia a Tendência Externa, para manter seu posto na Regional 4304 do CWA em junho passado? Quando o representante distrital do CWA lançou um boletim anunciando demissões, esse militante escreveu nos boletins: “A hora de agir é enquanto ainda temos nossos empregos – Por uma greve nacional para barrar as demissões! – Se livrar de Democratas e Republicanos, construir um Partido dos Trabalhadores”. Ele foi imediatamente suspenso de seu posto sindical, mas uma mobilização dos membros da sua Regional e dos representantes de outras regionais forçou seu retorno.

Esses casos podem não ser eleições formais, mas ele são uma demonstração clara de apoio. São muito mais reais do que a declaração cínica de Britton e Delgadillo de que eles

“esperam concorrer na eleição para representante sindical pelos membros do sindicato…”
– Ação Militante, 16 de maio de 1983

Se a liderança da SL não sabe mais a diferença entre um representante sindical e um policial, os membros do CWA certamente sabem e estão dispostos a lutar para manter militantes em sues postos de liderança.

Nos perguntamos se a renúncia completa no CWA é o que explica a defesa fraca de Kathy I. Enquanto a campanha local foi razoavelmente efetiva, não foi feito esforço para repetir a campanha bem-sucedida de defesa de Jane M., feita em nível nacional. Onde estão os telegramas, petições e moções em defesa de Kathy dos representantes e membros em Cleveland, Nova Iorque, Chicago, Louisville, Portland, Los Angeles, Houston e outras regionais em que o CAM ainda tem apoiadores e que participaram da defesa de Jane M.? Certamente, se a liderança da SL ainda tivesse interesse em manter o posto de Kathy na direção do sindicato e a defesa do CAM, o apoio de mais de um quarto dos membros da Regional para uma mudança em toda a liderança local do CWA teria sido o estopim de uma campanha nacional para cancelar as suspensões.

A liderança da SL oferece outra “prova” para o novo papel dos sindicatos: as concessões dos burocratas aos patrões. Mas as concessões são uma extrapolação linear do sindicalismo. Se tudo que é exigido é uma fatia maior da torta, quando a torta diminui, exige-se menor. E quando supostamente não há torta alguma, paga-se por ela sozinho.

Nas colaterais da Costa Oeste, no começo da onda de fura-greves de 1976, dizíamos para os membros do sindicato que a lógica da posição dos burocratas de que “O que é bom para a empresa é bom para o sindicato”, era a de propor salários mais baixos, nenhum controle sobre a contratação, redução dos benefícios para os trabalhadores, etc. Nossa previsão se tornou realidade duramente em todo o movimento operário. Mas é por isso que nós lutávamos por liderança dos sindicatos com base no programa de transição na época e é por isso que nós estamos – e vocês deveriam estar – lutando por isso hoje.

Não é por acaso que, após ter desistido da capacidade dos trabalhadores organizados em transformar seus sindicatos em armas para a luta, a liderança da SL especula mais abertamente sobre a possibilidade de colocar sindicatos na Justiça, e o faz não só para seus próprios membros.

“apesar da degeneração progressiva dos sindicatos e de seus vínculos cada vez mais estreitos com o Estado imperialista, o trabalho neles não só não perdeu sua importância, como é ainda maior para todo partido revolucionário. Trata-se essencialmente de lutar para ganhar influência sobre a classe operária.”
– Leon Trotsky, “Os sindicatos na era da decadência imperialista”

A SL está argumentando que quantidade se transformou em qualidade? A declaração de Al Nelson para Jensen de que toda uma Regional do ILWU era racista parece indicar que os sindicatos mudaram tanto que a descrição de Trotsky não se aplica mais. A SL acredita que o ILWU, CWA, UAW (na verdade, todos os sindicatos dos EUA) simplesmente se tornaram sindicatos patronais? Se for esse o caso, eles não o demonstraram.

No período macarthista, quando os sindicatos eram muito mais fechados para a esquerda do que são hoje, quando trotskistas e stalinistas estavam sendo agredidos fisicamente e sendo escorraçados do chão da fábrica se fossem trabalhar, a liderança do SWP fez de tudo para manter um pé nos sindicatos. Entretanto, hoje, quando sindicalistas trotskistas se enfrentam com burocratas na Regional 9410 basicamente de igual para igual, a SL abandona suas posições. Robertson e companhia estão cometendo uma traição consciente.

Acreditamos que a “reavaliação” de perspectivas da SL de construir um polo alternativo para a luta de classes nos sindicatos é, na melhor das hipóteses, impressionista e a-histórica; na pior das hipóteses, é um desvio gigantesco do leninismo/trotskismo na direção de procurar uma vanguarda em algum lugar que não na classe trabalhadora. Acreditamos que a observação presente no Boletim Marxista número 9 (parte III), publicado pela SL, seja tão verdadeira hoje como era em 1969:

“Qualquer definição de ‘propaganda’ que exclua esse elemento de buscar oferecer uma liderança revolucionária real em algumas situações-chave é mera desculpa para algum apetite estranho…”
– “Memorando sobre a transformação da Liga Espartaquista”

O mesmo vale para outra afirmação também presente nesse documento:

“Para uma organização do nosso tamanho e tarefas, deveríamos buscar ter 30 ou 40 por cento dos nossos membros ativos em trabalho sindical.”
– “Memorando sindical”

As LLNO não são substituição para as colaterais sindicais!

Claramente a SL está colocando suas fichas das Ligas de Luta Negra e Operária (LLNO). Não é por acaso que as LLNO estejam sendo anunciadas ao mesmo tempo que as colaterais, como as conhecemos, estão sendo liquidadas. As LLNOs estão sendo propostas como substitutas das colaterais sindicais como as principais organizações transitórias da SL/EUA. A tática das LLNO é correta; mas é errada se for oposta a, e construída sobre o cadáver das colaterais sindicais.

Desde a mobilização antinazista de 27 de junho em Chicago, a SL fez um giro agudo para o trabalho com a população negra. Os resultados foram mistos. Por um lado, houve o sucesso estrondoso de 27 de dezembro em Washington DC, onde pela primeira vez em décadas um amplo número de negros se mobilizaram com as bandeiras de uma organização de esquerda e predominantemente caucasiana. Por outro lado, a atração de novos membros para a SL foi insignificante apesar das projeções feitas depois desse evento. De fato, nos perguntamos por que a SL não organizou um contingente em Norfolk, lar da Brigada Nat Turner, centrada no movimento operário, com a demanda “Por um dia de greve geral para defender o fim da segregação no acesso às escolas”.

Há pelo menos duas razões para o fracasso em recrutar e manter novos membros em um número significativo. Primeiro, os contínuos expurgos e ondas de medo que os acompanham fazem com que a organização não pareça atrativa para novos recrutas e mesmo para os antigos membros para se lançarem pelo país pela causa da revolução. Imagine alguém que pensou ter entrado para a Brigada Nat Turner descobrindo que na verdade tinha entrado para a Brigada Yuri Andropov!

Segundo, a pegada da SL nas LLNOs parece uma variante trotskista da estratégia de “organização comunitária” do Partido Pantera Negra, do PL (Partido Trabalhista Progressista), do RCP/RU (Partido Comunista Revolucionário/União Revolucionária), etc. contra o qual a SL já polemizou tão duramente. Sem a estrutura dos sindicatos ou o núcleo da sua direção nas colaterais, o efeito das manifestações antinazistas e contra a KKK, embora poderoso, tende a se dissipar de volta à comunidade amorfa. Isso é uma lição básica do trabalho entre os desempregados, que foi aprendida por Cannon das experiências da CLA (Liga Comunista da América) nos anos 1930.

Diana nos disse jocosamente, quando tentamos convencer Kathy a não renunciar de seu posto como representante sindical, que “a questão chave não é estar nos sindicatos, vocês têm a mentalidade estreita de burocratas sindicais”. Há momentos em que um pequeno grupo de propaganda poderia, de forma legítima, decidir focar em um trabalho diferente do trabalho sindical para se construir. Mas a SL/EUA está liquidando suas colaterais em um momento em que não há grandes possibilidades de reagrupamento que poderiam oferecer justificativa realista para tal. Movimentos para a esquerda da SDS (Estudantes por uma Sociedade Democrática), PL no período em que rejeitou o nacionalismo, do Partido Pantera Negra antes da sua divisão – cada um desses representou setores dos estudantes, da esquerda ou da população negra em movimento, com que uma pequena organização trotskista poderia tentar se reagrupar. Hoje, infelizmente, não há exemplos similares.

Há movimentações significativas relacionadas ou comparáveis na comunidade negra e nos sindicatos industriais integrados. Em ambos os casos, tais movimentações foram principalmente eleitorais e apenas ocasionalmente ultrapassaram esses limites. Negros empobrecidos, com raiva e em desespero se registram, em números de dezenas de milhares, para votar no Partido Democrata sob a égide do enganador Jesse Jackson, se rebelam ocasionalmente como em Miami, ou se voltam para as mobilizações antifascistas lideradas pela esquerda. Centenas de milhares de trabalhadores integrados em cidade após cidade aparecem, quando convocados pelos sindicatos, em marchas para demonstrar sua raiva contra os planos econômicos de Reagan. Líderes burocráticos buscam desesperadamente canalizar essa raiva para fazê-los apoiar o Partido Democrata, e tentam isolar as ocasionais greves militantes – que desafiam a sua colaboração de classes – como a greve da Chrysler canadense ou a recente greve derrotada de sete meses do sindicato dos automotivos contra a Caterpillar.

Vendas volumosas de Workers Vanguard nos protestos sindicais, o apoio eleitoral, por muitos anos, de membros dos sindicatos, além da defesa ativa dos militantes classistas quando perseguidos (para não mencionar o recrutamento constante, ainda que lento, de apoiadores firmes para as colaterais) não têm a mesma característica dramática e importância política imediata das mobilizações negras e operárias contra o fascismo. Entretanto, como somos marxistas, sabemos que concentrados nas fábricas e envolvidos na produção, os trabalhadores têm o poder e a maior capacidade de adquirirem consciência de classe.

Num momento em que os fascistas estejam na ofensiva, tentando dividir a classe trabalhadora dos EUA em linhas raciais, é criticamente importante que os revolucionários sigam integrados aos sindicatos industriais e busquem, construindo lideranças alternativas em torno do programa de transição, transformar os sindicatos em “instrumentos do movimento revolucionário do proletariado”, como Trotsky defendeu em “Os sindicatos na época de decadência imperialista”.

Como dissemos na “Declaração de uma tendência externa da TEI”:

“O levante tão esperado e inevitável dos trabalhadores americanos virá, e quando isso acontecer, vai se expressar nas únicas organizações da classe trabalhadora nos EUA, os sindicatos. Sem uma correção política e organizativa rápida, a SL/EUA não estará em posição de aproveitar dele, perdendo assim a oportunidade de construir o núcleo de um partido dos trabalhadores bolchevique”.

Camaradas, a SL/EUA está na beira do precipício. A hora de agir é agora. No ILWU, quando Harry Bridges lançava os trabalhadores à destruição, os trabalhadores diziam constantemente que ele não queria um sindicato sem si mesmo. Num movimento para manter o controle burocrático, os capangas de Bridges removeram-no forçosamente. Se James Robertson tiver a síndrome de Harry Bridges e não quiser ver a SL/TEI sobreviver à liderança do seu fundador, então propomos removê-lo. Mas não defendemos deixar seus capangas dirigirem e arruinarem o espetáculo. Tirem-nos do Comitê Central, tomem o jornal, as chaves, o dinheiro e o prédio de seu controle, e deixe-os retornar à base e se reabilitarem dedicando alguns anos de trabalho honesto a serviço da revolução.

TENDÊNCIA EXTERNA DA T.E.I.