Abuso Burocrático na Tendência Bolchevique Internacional

O Caso de Peter de Waal 

Abuso Burocrático na Tendência Bolchevique Internacional 
Aqui estão reproduzidos dois documentos que dizem respeito a casos de abuso burocrático cometidos em 1993 por Bill Logan e Adaire Hannah, líderes do Grupo Revolução Permanente da Nova Zelândia (PRG), seção da Tendência Bolchevique Internacional (IBT). O primeiro é uma postagem feita em um grupo de discussão na internet (alt.politics.socialism.trotsky) em dezembro de 1998. Ele relata, com citações, a forma como os membros e líderes da IBT lidaram com o ocorrido na época. O segundo é um trecho de uma polêmica entre a IBT e a Liga Comunista Internacional (organização internacional da Liga Espartaquista) na qual a IBT reconhece esse tipo de acontecimento sob uma interpretação “inofensiva” que está em clara contradição com as citações do primeiro documento. A tradução de ambos é uma realização do Reagrupamento Revolucionário.

Enquanto nós consideramos que a Tendência Bolchevique Internacional contribuiu para o avanço do programa trotskista em determinado período, nós não pretendemos repetir os erros e abusos burocráticos realizados ao longo da sua história e que no fim determinaram a sua transformação em uma organização burocrática engessada, com uma liderança permanente que coloca o controle sobre os próprios membros acima de quaisquer princípios organizativos ou políticos. É com esse propósito que traduzimos e republicamos estes documentos. A sua publicação não indica nenhuma responsabilidade pelos comentários feitos pelo autor da postagem, Philip Ferguson, nem pelos comentários secundários de Peter de Waal, assim como não indica qualquer confiança na crítica da Liga Espartaquista (ela própria envolvida em uma série de abusos burocráticos semelhantes).

A perseguição a Peter de Waal por parte de Logan e Hannah (também antigos líderes na Liga Espartaquista e que nunca romperam completamente com suas técnicas inescrupulosas) marcou o início da transformação do PRG, de um grupo de algumas dezenas de membros (então o maior grupo neozelandês reivindicando o trotskismo), nos quatro idosos semiativos que ele é hoje. O regime destrutivo mantido no PRG foi o principal responsável pela incapacidade do grupo de se desenvolver e poder contribuir para o renascimento da Quarta Internacional. Na tradução para o português foram realizadas apenas pequenas modificações na organização espacial do primeiro documento, com o objetivo de facilitar a sua leitura. 

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Documento 1 – Postagem em alt.politics.socialism.trotsky 

De: Philip Ferguson
Data: 17 de dezembro de 1998
Assunto: Peter West, Re: publique e seja condenado

Para Peter West,Peter: aqui estão algumas coisas que foram postadas em apst [alt.politics.socialism.trotsky] há algum tempo atrás por um antigo membro do PRG, lidando sobre como opera o regime de Logan. O ex-membro é um homem chamado Peter de Waal, que foi um de vários membros que Logan decidiu que constituíam um “núcleo menchevique” na organização. Na verdade, os movimentos contra esse “núcleo” eram parte da conduta de Logan para disciplinar a organização de uma forma que os membros entendessem que apenas aqueles que verdadeiramente o amassem e o vissem como o líder perdido do proletariado achariam espaço para permanecer no PRG.

Aqueles que recusassem tal obediência tinham que ser destruídos, tanto para se livrar deles como descrentes quanto para enviar uma mensagem clara para o restante dos membros. Essa é a metodologia na qual Alan Gibson e Barbara Duke foram treinados.

Eu retirei as referências aos nomes de uma série de outros membros do PRG que apoiaram o expurgo mas que desde então deixaram a cena. No final eu adicionei alguns comentários meus. Onde eventos ou pessoas precisaram de explicação, eu adicionei informação entre colchetes junto com as minhas iniciais [PF]. Outras coisas entre colchetes estavam no texto original. Onde os membros do PRG usam seus sobrenomes no texto, eu modifiquei por seus nomes de partido. 

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De: Peter de Waal

Citações do PRG – Aquilo que eles esperavam que nunca fosse aparecer” 

Aqui estão alguns exemplos do tipo de coisa que circulava no boletim internacional da IBT depois que eu deixei o PRG. Nas minhas postagens anteriores eu apenas aludi a esse tipo de coisa, aqui está a evidência! É bastante óbvio ao ler isso que essas pessoas são stalinistas não assumidos, sendo as palavras de Bill Logan e Harlan particularmente interessantes. Tudo isso me lembra de uma piada que ouvi certa vez – “nós vamos torturar você tão lentamente que você vai pensar que é uma profissão”. 

Como quebrar um camarada

Logan BL30526 26/5/93 – Desenvolvimentos no PRG

Página 3

“Nós não estamos acostumados a esse tipo de discussão política no PRG, embora é claro, não seja historicamente incomum para um camarada desmoralizado deixar uma organização revolucionária em uma discussão conturbada que envolve uma combinação de problema disciplinar e acusações de burocratismo. Em geral o importante a fazer é ter inúmeras e longas sessões com a intenção de expor ao camarada que está se retirando (e aos outros membros) as motivações subjetivas envolvidas e a profunda inadequação geral de quem se retira. Nestes casos, é claro, onde você está lidando fundamentalmente com desmoralização pessoal, questões de personalidade e programa estão fundidas. Tais camaradas extraem o programa a partir das suas necessidades pessoais.”

“Nós preferiríamos que tais pessoas tivessem tão pouco a ver com política quanto possível por um tempo, e uma martelada pode às vezes aprofundar a desmoralização, o que é para o bem.”

“Porque não houve qualquer tipo de preparação, e porque nós nunca havíamos tido tal situação antes, o processo nessa instância foi inusitadamente gentil dentro da minha experiência, embora possa haver camaradas que apesar disso acharam que o processo não foi suficientemente gentil com Peter.”

“E também pode haver camaradas que esperavam que um toque mais leve com ele fosse mais provável de nos permitir usá-lo em exercícios de controle de danos em Auckland e na Ilha Sul. Minha visão pessoal é de que qualquer perspectiva de usá-lo em tais exercícios – e isso parece improvável – só poderia acontecer após um confronto agudo no qual ele ganhasse uma surra política completa.”

“No meio da segunda sessão da discussão, Peter disse que ele era incapaz de continuar a discussão – e ela estava bastante amena. Eu ainda esperava que nós fôssemos capazes de extrair mais informação de Peter e acreditava que ele deveria de qualquer maneira encarar a discussão, então eu promovi uma moção deixando claro que ele estava sob disciplina para permanecer na reunião. Essa moção foi aprovada com apenas Peter contra.” 

Ainda Logan:

Página 4

“Minha sensação pessoal é que os camaradas estão sendo um pouco críticos demais de mim, um pouco escrupulosos demais sobre a maneira apropriada com a qual a luta política é conduzida. Há uma visão de que isto é um ataque pessoal ao invés de político. Eu não tenho muito a dizer quanto a arrependimentos aqui.”

“Além do mais, o meu julgamento sobre ele é que deixando claro para ele que ele tem pouco a oferecer à política pode bem ajudá-lo a seguir a direção da aposentadoria.” 

Rory RT30527 27/5/93 [PF – Rory era parte do “núcleo menchevique”]

Página 1

“Minha experiência nessa organização é de que ela não é um lugar para clarificar diferenças, mas sim um lugar para desmantelar a oposição.”

De um recado para Sari: “A psicopatologia de Bill havia ficado impressa na organização”. Aparentemente Rory estava se referindo a uma conversa que ele teve com Bill, quando Bill candidamente perguntou como um terapeuta treinado a Rory da sua opinião sobre o PRG. 

Harlan (Líder da IBT na Alemanha) 

Documento datado em 16/6/93, cópias para todas as localidades exceto Londres – Jill e Garry em Londres eram apenas apoiadores na época e Bill não queria assustá-los.

Página 1

“Apesar de tudo, eu estou levemente alarmado que um número de camaradas internacionalmente parecem não ter entendido que o tom e jeito empregados por Bill e Adaire na reunião de 25 de maio foram apropriados para lidar com um membro de uma organização revolucionária que encobriu o roubo de materiais internos do PRG, caracterizou o líder da seção como não-bolchevique, e se recusou a travar uma luta política.”

“Isso não foi uma luta política ‘normal’; nem mesmo uma que pudesse levar a um racha sobre diferenças políticas reais. Peter colaborou com um inimigo da organização ao qual ele havia dado sua fidelidade, uma organização que encarna as necessidades históricas da classe trabalhadora internacional.” [PF – Eu acho que isso se refere a alguém dos Socialistas Internacionais que estava hospedado na casa de Logan e surrupiou um documento do PRG, sendo que Peter de Waal sabia disso e não disse nada, mas eu não tenho certeza]. 

Harlan continua: 

“Ele inicialmente mentiu sobre essa colaboração. Eu acho que seria útil dizer como o PRG teria lidado com o traidor Peter no contexto de uma insurreição proletária ou uma guerra civil entre forças proletárias revolucionárias e forças capitalistas. Uma organização revolucionária liderando uma luta desesperada como essa teria imediatamente se desfeito fisicamente do traidor depois de extrair informação dele por quaisquer meios que fossem necessários.”

“Na presente situação as tarefas do PRG eram se livrar de Peter de uma maneira que alcançasse dois propósitos:
 Um: torna-lo ideologicamente e emocionalmente incapaz de causar dano ao PRG;
 Dois: deixar claro para os membros do PRG o escopo completo da traição de Peter e a sua inutilidade para o marxismo revolucionário.”

“A conduta de Bill e Adaire esteve dentro dos parâmetros EXIGIDOS. Confusão entre as normas desejadas de diferenças, de luta intra-partidária e a democracia operária de um lado e meios extraordinários apropriados para lidar com um traidor moralmente fraco de outro causa preocupação sobre a presente habilidade de alguns camaradas da IBT de distinguir entre as normas bolcheviques de vida interna das medidas brutais às vezes necessárias que uma organização deve usar ao lidar com os Peters deste mundo que acidentalmente adentram em uma organização de combate revolucionária.”

“A postura (político-pessoalmente) agressiva e abusiva de Bill em relação a Peter durante a ruptura foi um dispositivo apropriado para tentar obter fosse 
 (a) uma maior elucidação política da percepção dele sobre o PRG enquanto um grupo distorcido por práticas organizativas típicas de um Healy;
 (b) um colapso emotivo em autodesprezo (bastante apropriado) que poderia ajudar no controle de dano;
 (c) a reação de um rato encurralado de violência física que teria sido útil ao PRG para causar descrédito a Peter em sua provável carreira futura de ‘especialista’ anti-PRG;
 (d) conseguir mais informação.”

Página 2

“A questão preocupante é que alguns membros do PRG ainda pensam que a liderança tática de Bill e Adaire foi ‘deficiente, uma vez que houve um padrão de conduta da parte desses dois camaradas envolvendo comportamento no tom e estilo que foi excessivamente inflamatório e foi, portanto, inapropriado para essa situação particular (!)’ [citado de Marcus Hayes do PRG, com ênfase de Harlan] e que a intervenção de Adaire na sessão foi ‘extremamente desprezível’.”

[PF – Isto acima se refere ao fato de que nesta bizarra reunião, Peter de Waal foi sujeito a tiradas mordazes de Logan e da maluca Hannah, e que no rompimento, Logan tentou incitar Peter de Waal a atacá-lo. Isso teria sido usado para destruir Peter de Waal politicamente aos olhos de membros do PRG e sujar o seu nome na esquerda. Alguns membros do PRG, incluindo um dos seus líderes – Marcus Hayes – acharam que esse procedimento estava um pouco fora de ordem, e Marcus, para seu crédito, subsequentemente disse ou escreveu que se Peter de Waal tivesse atingido Logan, então Logan teria que carregar um pouco da responsabilidade moral. Isso levou Harlan, o maníaco encarregado da operação alemã da IBT a ir até o fundo do poço com Marcus, como evidenciado no que você vai ler agora].

Harlan continua: 

“Desprezo extremo era o único ‘tom’ apropriado com o qual caracterizar Peter e sua conduta como um membro prestes a ser expulso de uma organização revolucionária. Peter havia feito um compromisso com o marxismo proletário revolucionário. Se ele pessoalmente tinha maturidade emocional o suficiente e capacidade de uma avaliação objetiva das exigências desse compromisso, já não vem ao caso. Fazer de Peter um exemplo apropriado e empurrá-lo para o suicídio político era o resultado desejável da reunião de 25 de maio.”

“Eu não acho que a caracterização de Peter feita por Bill como um ‘pedaço patético de material humano’ foi inapropriada ou desnecessariamente abusiva, eu apenas acho que ela foi pouco científica e insuficientemente insultante.”

Página 3

“Nós queremos que os traidores como Peter saiam em um estado desmoralizado tanto quanto nós possamos ajudar a chegar. Nós não temos interesse nem perspectiva de manter contato com Peter, ou de resolver nossas diferenças com ele uma vez que ele esteja fora da organização. Nem nós estamos interessados e recrutá-lo novamente em uma outra possível conjuntura” 

Peter de Waal escreveu sobre isso: 

“Bastante simples de fato – (1) destruir Peter, (2) deixar uma marca no restante dos camaradas. Notável é a crença de Harlan de que a IBT encarna as necessidades históricas da classe trabalhadora. Bill costumava delirar sobre a idéia de que, como um ex-membro da Liga Espartaquista, ele estava conectado pelo método organizativo e aprendizado ao SWP/EUA das origens e, portanto, a Trotsky, Lenin, numa linha de sangue ininterrupta de comunistas. Eu costumava me referir a isso como a teoria DST (Doença Sexualmente Transmissível) da consciência marxista – você tem que pegar por contato pessoal e você só consegue uma dose do escolhido, por exemplo, Bill. Com relação à referência de Harlan sobre o que eles teriam feito comigo num quadro de comunismo de guerra, ela revela mais sobre o funcionamento da cabeça de Harlan do que é relevante para a discussão. Eu suponho que os sentimentos de impotência que surgem da experiência de vida dele acham expressão em tais chamados por justiça com sangue.” 

Intimidação Física – Boyd – BABT 15/6/93 [PF – Esta é uma contribuição para a discussão feita por um membro da IBT na Área da Baía de São Francisco, que também estava enojado pelo método de Logan].

Página 2

“Pior do que simplesmente ficar bem próximo de Peter, Logan admite ter conscientemente piorado com ele ao usar um tom alto, irritado e insultante. O comportamento de Logan foi, por todos os relatos, calculado para reduzir a situação a um combate a socos. Logan admite estar ciente de que Peter estava a beira de um colapso e poderia ter lhe atingido. Logan até mesmo escreveu que não teria sido mal se Peter o tivesse atingido. Esse não é o tipo de atmosfera que nós queremos criar internamente.”

“Nós devemos manter nossos camaradas, em particular nossa liderança mais antiga, como eu recentemente me mantive, num padrão mais alto de comportamento. O Secretariado Internacional [da IBT] deixou o camarada Logan solto e fazendo isso criou um precedente. Em que extensão esse precedente se torna uma prática nós teremos que ver.” 

Intimidação Indireta – Boyd, 9 de junho de 1993
Página 5

“Por último e mais importante, a minha experiência é de que camaradas mais jovens (observadores nas discussões nervosas e ríspidas) podem ficar intimidados. Eu acho que Adaire e Bill, em particular, não veem a questão da intimidação indireta. Tem sido minha observação que os camaradas com menos estômago, camaradas que podem já ser inseguros em seus pensamentos e sentimentos, ao observarem o tratamento com Peter serão ainda menos propensos a se colocarem. Não importa que esse não tenha sido o padrão usual de discussão no PRG. Para alguns camaradas pode bastar um incidente como esses para intimidá-los. Talvez isso seja também uma preocupação não expressa dos camaradas que votaram por criticar Bill e Adaire.”

“Eu posso dizer que vocês estarão em uma ladeira bastante escorregadia se vocês decidirem que uma confrontação irritada e carregada de emoção é a aproximação geral que vocês querem ter.”

“Esse estilo passa a ser comunicado aos novos recrutas que ou adotam-no ou silenciosamente aceitam-no. É a estrada rumo ao método de ‘explosões’ da SL [Liga Espartaquista], típico de seitas. Não é a aproximação geral que nós queremos ter. EM GERAL nós queremos encorajar o estilo e método que o PRG tradicionalmente usou. Nesse momento eu realmente não temo a sua degeneração ao estilo Smith/Ryker, mas eu estou um pouco incomodado pelas defesas escritas de Bill e Adaire que pareceriam aconselhar tal coisa.”

Aqui Boyd corretamente afirma a razão para a maneira com a qual a reunião de 15 de maio de 1993 foi conduzida, para deixar uma marca no restante da organização. A seguir está uma declaração de Nicci, feita para Sari: “Nicci disse que ela queria conversar com Adaire sobre a intervenção dela contra Peter, mas ela não se sentia capaz já que ela se sentia intimidada por Adaire e não achava que Adaire iria escutar de qualquer forma.” [PF – Essas são duas pessoas que saíram como parte do expurgo do “núcleo menchevique”]. 

Questões de Segurança 
“Moções na Reunião do PRG – terça-feira, 8 de junho de 1993”

“A executiva de 7 de junho votou por maioria recomendar o seguinte ao PRG: ‘Que nós notemos que atenção insuficiente foi dada pela executiva para as implicações de segurança de ter Glenn hospedado na casa de Bill enquanto ele estava em Wellington. Em vista da centralidade da casa de Bill para certos aspectos da nossa organização, ela requeria um nível de cuidado que atrapalharia muito, ou a instalação de uma trava na gaveta de estudo de Bill, para tornar o lugar seguro para alguém como Glenn. Adaire objetou a Glenn ser instalado com Bill em uma reunião informal dos membros da executiva, e Bill garantiu aos camaradas que estaria tudo bem, então ele deve assumir responsabilidade principal por isso. As precauções discutidas entre os membros da executiva (tendo a ver com segurança do computador), e outras precauções que foram tomadas, provaram ser inadequadas.’ ” 

Mais de Bill Logan no seu maldito BL30526 26/5/93 – Desenvolvimentos no PRG
Página 4

“Primeiro há o ponto de Adaire, que precede a reunião. Ela tinha avisado que Glenn era um desgraçado hábil e experiente e que não deveria ter permissão de entrar na minha casa. Em retrospectiva, é difícil discutir contra isso.” 

Documento de Harlan datado de 16/6/93

“Mas o aspecto mais alarmante desse incidente é a facilidade com a qual uma pessoa hostil teve acesso a materiais internos impressos lidando com questões pessoais. Frouxidão na segurança não se limita ao PRG. Depois que Smith foi posto em suspensão sem acesso à vida política interna da IBT, ele aparentemente teve acesso ao arquivo do computador até a intervenção de Jensen em questões de segurança técnica na Área da Baía. Eu suspeito que alguns dos materiais impressos no ‘documento histórico’ do CWG [1] são de data posterior à suspensão de Smith.” 

Sari: 

“Glenn foi convidado por Bill para usar a sua escrivaninha enquanto estava hospedado com ele. Ele viu o documento de 7 de maio sobre a escrivaninha e o leu. Ele disse a Peter naquela noite sobre o conteúdo e que eles tinham a intenção de ‘acabar com Peter’. No dia seguinte Glenn retornou à casa de Bill para recolher suas coisas e pegou uma cópia do documento de 7 de maio e a trouxe de volta para Peter antes de partir para Auckland.” [PF – Glenn é o homem dos Socialistas Internacionais que se hospedou na casa de Logan]. 

De David Wincop DW30604 “Táticas a Respeito de Peter” 30/06/93
Página 1

“Marcus diz que ‘se Peter tivesse atingido Bill, então Bill teria que dividir um tipo de responsabilidade em menor escala pela violência’. Eu tenho a impressão de que essa declaração precisa ser completamente contraposta e que Marcus deveria retirá-la. Se uma mulher vestida sensualmente, que dança de maneira sacana é estuprada em seguida (como representado por Jodie Foster na história baseada em fatos reais “Acusados”), isso significa que ela ‘teria que dividir um tipo de responsabilidade em menor escala pela violência’? É claro que não. Se Peter tivesse atingido Bill então a única pessoa responsável teria sido Peter.”

Bill como uma mulher sensual e Peter como um estuprador??!! Sexo = violência? Conversa de cachorro doido! David está hoje em exposição na seção de Londres da IBT. 

A vingança do núcleo menchevique
Sari: 

“Quando Peter saiu, permitiram que eu voltasse já que eles queriam refutar a percepção mantida em comum de que eles estavam realizando um ‘expurgo’. Eles foram a extremos para manter Nicci na organização e quando Spike saiu eles não disseram a ninguém por muito tempo que ele tinha saído. Aparentemente Spike tinha concordado em continuar com essa farsa, já que o PRG ainda parece ter algum tipo de influência moral sobre ele e ele ainda é amigo de alguns deles. Eu acho que ele se sente culpado a respeito de trabalhar numa estrutura que é devotada a jogar trabalhadores nas ruas. Infelizmente para eles, Rory saiu três semanas depois de Peter, depois de algumas discussões amargas sobre a estrutura e métodos do PRG e particularmente o seu comportamento com Peter.” 

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Desde essa época, 1993, o PRG mal recrutou alguém. Eles diminuíram ao invés de crescer em números. Todo esse episódio e o comportamento de Logan e Hannah mostraram conclusivamente que eles não haviam mudado dos dias em que estavam realizando operações da Liga Espartaquista na Austrália e na Grã-Bretanha como um par de sociopatas. Logan foi expulso pelos espartaquistas por ser um sociopata e lhe faltar a mais rudimentar decência humana. A Liga Espartaquista na verdade produziu três volumes lidando com o seu julgamento interno e o seu comportamento sociopata na Austrália e na Grã-Bretanha. Quando ele voltou para a Nova Zelândia, eles doaram cópias para todas as bibliotecas públicas para avisar a todos na esquerda sobre ele.

O episódio do núcleo menchevique dá um pequeno relance para dentro da natureza de uma organização totalmente doente e deformada, liderada por um par – Logan e Hannah maluca – que nenhuma organização de esquerda saudável deixaria chegarem a um quilômetro de distância.

A IBT está se desintegrando – a maior parte da IBT na América do Norte se levantou e saiu, uma massa na Alemanha foi embora, a operação britânica tem sido um fracasso sem reservas nos últimos três ou quatro anos desde que os filhotes de Logan estão lá, e na Nova Zelândia a tentativa de se expandir para Auckland viu a maioria das pessoas que se mudaram para lá os deixarem. O PRG não produziu nenhuma edição do seu “jornal” mortalmente maçante “O Bolchevique” nos últimos dois anos. A última edição foram algumas folhas A4 mal fotocopiadas grampeadas em um canto. A IBT não produziu o seu jornal soporífico e antiquado supostamente “trimensal” desde janeiro deste ano.

Toda pessoa envolvida em política de esquerda nesse país tem suas histórias favoritas sobre a psicopatologia chamada “PRG”, mas uma das minhas favoritas mais recentes é essa. Na última Conferência Estudantil Socialista em Wellington, Adaire Hannah fez o seu típico discurso, delirando a meio metro do chão (ela realmente é, como um ex-membro do PRG a descreveu, “o estereótipo de professora de escola solteirona de meia-idade vinda do inferno”. Outras pessoas simplesmente a chamam de “Hannah maluca” ou “Adaire, a louca”).

De qualquer forma, depois de certa sessão, os líderes do PRG mandaram seus membros circularem na hora do intervalo para espreitar as conversas das pessoas – esse tipo de ação de louco é o que a escola de Logan-Hannah considera um “procedimento organizativo bolchevique” inteligente. Um dos seus inocentes membros de base estava cumprindo as suas tarefas de espionagem, espreitando e ouvindo uma conversa que incluía uma mulher na qual o PRG estava de olho. Justo quando o coitado estava escutando, essa mulher começou a falar sobre Adaire Hannah ser maluca! O que o PRG acha que é algum tipo de tática inteligente (ficar escutando às escondidas) acabou resultando no típico pesadelo do espião – ouvir algo que ele preferia realmente não ter ouvido.

Um dos aspectos mais perturbadores do regime de Logan – e que é evidência ainda mais conclusiva do quão pouco ele mudou – é a maneira com a qual ele tenta inculcar lealdade. Isso parece consistir de dois truques:

Um é que ele é o líder perdido do proletariado que herdou o manto de Lenin (através de Trotsky, Cannon e Robertson). O segundo é se fazendo de vítima. A forma como isso funciona é que ele se apresenta como o pobre e velho Bill, ele é gay, ele foi realmente maltratado pelos espartaquistas, ninguém o entende ou o ama, até mesmo o seu amante cometeu suicídio há um tempo atrás. Assim todo mundo deve supostamente se agrupar em torno do pobre e velho Bill e ajudar a protegê-lo desse mundo cruel. Então as pessoas ficam psicologicamente presas a ele com essa particular porcaria de jogo mental. Conforme o tempo passou, qualquer pessoa saudável saiu do PRG e eles estão começando a decair para o núcleo duro de pessoas que sempre vão continuar com a patologia.

Por último, ao CPGB, se vocês querem um debate com o MB [Boletim Marxista, publicação britânica da IBT], vocês devem entender que Gibson e Duke não fariam ou escreveriam nada para vocês sem tudo ter sido acertado (quando não escrito) pelo maestro.

Às vezes, você sabe, grupos na esquerda só tem políticas ruins. Algumas outras vezes eles são casos diretos de psicose. O de Logan é o último.

Saudações,
Philip Ferguson 

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Documento 2 – Polêmica entre a Liga Comunista Internacional (ICL) e a Tendência Bolchevique Internacional (IBT) 

Trecho extraído de  http://www.bolshevik.org/TB/TB5html.html 

ICL: 

Um relato do Grupo Revolução Permanente (publicado como parte da coleção do documento de Riker/Smith reimpresso em Odeie o Trotskismo, Odeie a Liga Espartaquista número 8) dá evidência de que Logan continua usando seus velhos truques. Esse relato positivamente descreve uma sessão de “autocrítica comunista” em que “esperava-se de todos os camaradas comentarem aberta e francamente sobre as características boas e más dos outros camaradas”. No fim deste tormento – que durou três dias – a dirigente organizativa, que tinha um bebê pequeno, se retirou do grupo por não mostrar suficiente “vigor e consistência”. Tais “métodos” foram usados por anos para quebrar críticos e moldar capachos sem cérebro em organizações stalinistas, e eles também foram adotados pelos moralistas da Nova Esquerda. Mas eles são antitéticos ao treinamento de quadros leninistas críticos. E olhe quem está nos chamando de “seita”! (Parágrafo 58) 

IBT: 

O exercício de “autocrítica comunista” no começo de 1993 foi perfeitamente inócuo. A organização estava necessitando de ajustes na divisão do trabalho, e um resultado do exercício foi a eleição de um novo encarregado da parte organizativa. Tendo passado alguns anos nessa posição exigente, a organizadora do PRG estava interessada em mudar seu posto na organização. Não houve nenhuma questão de qualquer perda de autoridade política.

Além de tais ajustes organizativos normais, também foi necessário resolver o fato de que o funcionamento político de alguns camaradas tinha começado a escorregar. Havia vários outros sintomas de desmoralização política e expressões de insatisfação os quais precisavam ser trabalhados. Estes variavam desde críticas à operação do grupo como um todo e o desempenho de vários membros (particularmente os camaradas de liderança) até colocar em questão a base programática fundamental do movimento marxista.

Inicialmente a executiva do PRG tinha a intenção de expor suas preocupações com o funcionamento de vários camaradas como pontos pessoais na reunião regular da seção de Wellington. Mas foi em seguida proposto que os pontos essenciais poderiam ser feitos igualmente bem se, ao invés de simplesmente focar nas deficiências de alguns, a discussão fosse expandida para incluir o funcionamento e desenvolvimento político do grupo como um todo, desde a liderança até o mais recente membro recrutado.

O exercício, que foi sempre projetado como um evento de “ocasião única” tomou espaço em três reuniões de seção. Enquanto alguns camaradas (incluindo alguns camaradas de liderança) o acharam um pouco desconfortável em alguns pontos, todos, incluindo os (agora não mais) camaradas que tinham sido a fonte inicial de preocupação, sentiram que ele foi uma experiência positiva e que havia ajudado a limpar a atmosfera.

Comentando sobre as alegações da SL [Liga Espartaquista] de que essas reuniões foram para “quebrar críticos” e “moldar capachos sem cérebro”, o camarada Marcus Hayes sublinhou:

“Eu não vejo objeção em princípio, e a única questão para mim é: o evento real foi na prática abusivo e nocivo? É uma questão inteiramente condicional…”

“Implicações baseadas sobre o que o exercício poderia ter sido em outras circunstâncias, ou no que essas coisas podem às vezes se transformar, etc., etc., de fato presumem circunstâncias diferentes daquelas que nós tínhamos de fato, isto é, algo diferente de um regime saudável.”

Ao projetar a sua própria vida interna sobre nós, os autores da SL conjuram o cenário de um verdadeiro pesadelo. A convicção deles de que deve necessariamente ter sido uma sessão de tortura psicológica abusiva é presumivelmente baseada na própria experiência deles. Num padrão similar, muitos ex-comunistas concluíram que o centralismo democrático de Lenin levava inexoravelmente ao gulag [campo de concentração] de Stalin.Mas em política a verdade é sempre concreta. 

Notas da tradução

[1] O documento aqui mencionado se chama “Bureaucratic Centralism in the International Bolshevik Tendency”. Foi publicado em 1993 pelo Communist Workers Group (CWG) dos EUA e também consiste em uma denúncia dos métodos burocráticos utilizados por dirigentes da IBT contra vozes críticas dentro da organização. Ele está disponível em inglês em: rr4i.org (Apêndice 3 da carta de ruptura de Samuel Trachtenberg com a IBT).