Bolívia e o “Terceiro Período Healyista”
Terceiro Período Healyista
“Junto com os stalinistas, o POR apoiou a posição de ameaçar uma greve geral e ação militar em defesa de Torres!” (ênfase no original).
“O partido chegou ao levante de outubro … através de uma série de estágios. Na época dos protestos de abril de 1917, um setor dos Bolcheviques levantou a palavra de ordem ‘Abaixo o Governo Provisório!’. O Comitê Central imediatamente corrigiu os ultraesquerdistas. É claro que nós deveríamos popularizar a necessidade de derrubar o Governo Provisório; mas chamar os trabalhadores às ruas sob essa palavra de ordem – isso não pode ser feito, já que nós próprios somos uma minoria da classe trabalhadora. Se nós derrubássemos o Governo Provisório sob essas condições, nós não seríamos capazes de tomar o seu lugar, e consequentemente nós ajudaríamos a contrarrevolução. Nós devemos pacientemente explicar às massas o caráter antipopular desse governo antes que a hora da sua queda tenha chegado. Tal foi a posição do partido …
“Dois meses depois, Kornilov se levantou contra o Governo Provisório. Na luta contra Kornilov, os Bolcheviques ocuparam as posições da linha de frente. Lenin nesse momento estava escondido. Milhares de Bolcheviques estavam nas prisões. Os trabalhadores, os soldados, os marinheiros exigiam a libertação de seus líderes e dos Bolcheviques em geral. O Governo Provisório se recusou. Deveria o Comitê Central dos Bolcheviques ter feito um ultimato ao governo de Kerensky – liberte os Bolcheviques imediatamente e retire essa desgraçada acusação de serviço aos Hohenzollern – e, no caso da recusa de Kerensky, se recusarem a combater Kornilov? Assim provavelmente é como agiria o Comitê Central de Thaelmann-Remmele-Neumann. Mas não foi assim que agiu o Comitê Central dos Bolcheviques. Lenin escreveu na época: ‘Seria o mais profundo erro pensar que o proletariado revolucionário é capaz, por assim dizer, para «se vingar» dos SR e dos Mencheviques por seu apoio em esmagar os Bolcheviques, pelos assassinatos no front, e pelo desarmamento dos trabalhadores, de «se recusar» a apoiar aqueles contra a contrarrevolução. Tal forma de colocar a questão teria significado, acima de tudo, levar para o proletariado concepções de moralidade pequeno-burguesa (porque pelo bem da causa o proletariado sempre irá apoiar não apenas a pequeno-burguesia vacilante, mas também a grande burguesia); em segundo lugar – e este é o mais importante – teria sido uma tentativa pequeno-burguesa de «moralizar», de lançar uma sombra sobre a essência política da questão …’
“É precisamente esse ‘moralismo pequeno-burguês’ que Thaelmann e companhia se embrenham quando, em justificativa para seu próprio giro, eles começam a enumerar as incontáveis infâmias cometidas pelos líderes da socialdemocracia.”
— “Contra o Nacional Comunismo”, impresso em A Luta Contra o Fascismo na Alemanha.
“Alguém poderia dizer: ‘Para os Bolcheviques, o kornilovismo começa com Kornilov. Mas Kerensky não é um kornilovista? Ele não está esmagando os camponeses por meio de expedições punitivas? Ele não organiza locautes? Lenin não teve que ficar clandestino? E devemos aturar tudo isso?’”.
“… Eu não consigo pensar em sequer um Bolchevique imprudente o suficiente para defender esses argumentos. Mas caso tivesse existido, ele receberia uma resposta mais ou menos nos seguintes termos. ‘Nós acusamos Kerensky de preparar e facilitar a chegada de Kornilov ao poder. Mas isso nos desobriga do dever de agir para repelir o ataque de Kornilov? Nós acusamos o porteiro de deixar o portão entreaberto para o bandido. Mas devemos então encolher nossos ombros e deixar o portão ser escancarado?’. Uma vez que, graças à tolerância da socialdemocracia, o governo de Bruening foi capaz de afundar o proletariado até os joelhos no pântano de sua capitulação ao fascismo, vocês chegam à conclusão de que joelhos, barriga ou cabeça atolados no pântano são todos a mesma coisa? Não, existe uma diferença. Quem estiver atolado de joelhos no pântano ainda pode se reerguer e sair. Quem estiver atolado até a cabeça, para este não existe volta.”
“Será necessário apontar que Lenin estava se referindo ao apoio a partidos socialdemocratas e não a governos burgueses e certamente não a ditadores militares?”
O POR deve, através de críticas impiedosas à sua própria história, e rompendo com o programa e a liderança centristas que levaram a derrotas em 1953 e 1971, descobrir a estrada leninista para o poder (confira “Desastre centrista na Bolívia”). Eles não podem esperar nenhuma ajuda dos healyistas, que proclamam sua ortodoxia leninista e “continuidade” para encobrir o seu oportunismo sem limites, sectarismo cego e ignorância.